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CapiTuLo I DirEITO ADMINISTRATIVO E ADMINISTRAGAO PUBLICA yee no século XVI na obra “O Principe’, de Maquiavel, indicando, no entanto, as formadas pelas cidades-estado. scutem os pensadores sobre © momento em que apareceu o Estado, ou sea, qual a cronol6gica: 0 Estado ou a sociedade.Informa-nos DALMO DALLARI que para 10 Estado, como a sociedade, sempre existiu; ainda que minima pudesse ser, teria /organizaclo social nos grupos humanos. Outra doutrina dé a sociedade em si pre- gsobre aformacio do Estado: este teria decorrido de necessidade ou conveniéncias de 9. Uma terceira corrente de pensamento ainda retarda 0 nascimento do Estado, que 6 passaria a existir com caracteristicas bem definidas. tem seu estudo aprofundado na Teoria Geral do Estado, af, portanto, devendo Odque € importante para o presente estudo € 0 fato, atuakmente indiscutvel, # um ente personalizado, apresentando-se nao apenas exteriormente, nas re- is, Como internamente, neste caso como pessoa juridica de direito piblico, direitos e contrairobrigagSes na ordem juridica. ‘Cédigo Civil (Lei n® 10.406, de 10/1/2002), com vigor a partir de janeiro de iou o elenco de pessoas juridicas de direito pablico, mencionando entre elas as ‘por serem federativas, representam cada compartimento interno do Estado fe~ 0: Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municfpios (art. 41, I a Il). vem do latin sta" com sentido de “star ime" 5 Teoria Geraldo Emad p45. revogad, a elagSo era previa no art. 14, 1 Magu pe Duro ADwosstRATNo Diversamente, porém, do que ocortia sob a égide do Cédigo anterior, o Cédigo vigente al expressamente aos Territérios, pondo fim 8 controversia sobre o assunto e confirmando- como pessoas juridicas de direito piblico, conforme jé registrava a doutrina dominan cembora sem autonomia politica e sem integrar a federacio, como se infere do art. 18 da que a eles nfo alude. Cuida-se, com efeito, de mera pessoa administrativa descentrali (para alguns com a natureza de autarquia territorial), integrante da Unio e regulada por complementar federal (art. 18, § 28, CF), Em nosso regime federativo, por consequéncia, todos os componentes da federagio terializam o Estado, cada um deles atuando dentro dos limites de competéncia tragados pe Constituigio. A evolugho da ue se baseia na regra de que ao mesmo tempo em que o Estado cria o direito deve sujetar ale. A férmula do rule of law prosperou de tal forma que no mundo jurfdico ocidental fi instituigfo acabou culminando no surgimento do Estado de dieito, ng suindada a verdadeiro postulado fundamental. 2. Poderes e Fungées Compie-se 0 Estado de Poderes, segmentos estruturais em que se divide o poder gerall abstrato decorrente de sua soberania. Os Poderes de Estado, como estruturas intemnas de nadas & execugio de certas fungSes, foram concebidos por Montesquieu em sua cléssicao pregando o grande filésofo, com notivel sensbilidade politica para a época (século XVI), q entre eles deveria haver necessério equilibro, de forma a ser evitada a supremacia de qual deles sobre outro (Os Poderes de Estado figuram de forma expressa em nossa Constituiio: Sto Poderes dependentes e harménicas entre si, o Legislaivo, 0 Executvo ¢ o judicidvio (ar. 28), ‘A cada um dos Poderes de Estado foi atribuida determinada fungio. Assim, a0 Legislaivo foi cometida a fungio normativa (ou legslativa); ao Executivo, a fungio admi trativa;e, a0 Judiciéri, a fungao jursdicional Entretanto, ndo hi exclusividade no exere‘cio das fungSes pelos Poderes. Hi, sim, ponderiincia. As linhas definidoras das fungSes exercidas pelos Poderes tém cariter pol c figuram na Constituigio. Alids, € nesse sentido que se hi de entender a independénciae harmonia entre eles: se, de um lado, possuem sua propria estrutura, nfo se subordinando} qualquer outro, devem objetivar, ainda, os fins colimados pela Constituigo. Por essa razio & que os Poderes estatais, embora tenham suas fungées normais (fing picas), desempenham também fungSes que materialmente deveriam pertencer a Poder dives (ungoes apices), sempre, € Sbvio, que a Constituigdo o autorze. MICHEL TEMER, “ements de Dcto Cnsincon!”, Saraiva, 5, 1989, p10, que cit outon ep 5. MANOEL GONCALVES FERREIRA FILHO, em sci interne et, intl As Oger do Eat [Dito nfrma qu a expresto “Estado de ret” ft canada na Aleman acest) em oben de WE pueda em 1813, Stn snda, a evolu gue teve ota prt da ntipudade (RDA 168 pp 11-17 6 Det Bp der Lot, Pars, 1748 2 :00s SwTos Comvauso Fuso Dincio Administra ¢ Adi a Pil © Legislativo, por exemplo, além da fungio normativa, exerce a fungéo jurisdicional © Senado processa ¢ julga o Presidente da Repablica nos crimes de responsabilidade 52,1, CF) ou os Ministros do Supremo Tribunal Federal pelos mesmos crimes (art. 52, I, ). Exerce também a fungio administrativa quando organiza seus ervigos internos (ars. 51, 52, XIll, CP) (O Judiciério, afora sua fungSo tipica (Fungo jurisdicional), pratica atos no exercicio de io normativa, como na elaboracéo dos regimentos internos dos Tribunais (at. 96, I, “a, J, de funcio administrativa, quando organiza os seus servigos (art. 96,1, “a",“b", “ear. U1,*2","b* etc.) Por fim, © Poder Executivo, a0 qual incumbe precipuamente a fungio administrativa, penha também fungio atipica normativa, quando produz, por exemplo, normas gerais € atas através de seu poder regulamentar (art. 84, IV, CF),’ ou, ainda, quando edita medidas vsérias (art. 62, CF) ou leis delegadas (art. 68, CF). Quanto 8 funglo jurisdicional, o sist. onsticucional pétrio vigente nao deu margem a que pudesse ser exercida pelo Executive funcio jurisdicional tipica, assim considerada aquela por intermédio da qual conflitos de leresses sio resolvidos com o cunho de definitividade (res indica ), € praticamente monopo- Ja pelo Judictatio, e s6 em casos excepcionais, como visto, ¢ expressamente mencionados \Constituiglo, € ela desempenhada pelo Lezislativo? Em relagio a tibicidade oy atibicidade das fungdes, pode suceder que determinada fung0 enquadre, em certo momento, como tipica e o direito positivo venha a converté-la em att- 9, € vice-versa. Exemplo elucidativo ocorreu com a edigio da Lei n° 11.441, de 04.01.2007, slterou o Cédigo de Processo Civil. Inventério, separacio consensual e divércio conser sempre constitufram fingdo jurisdicional aca, porque, a despeito de retratarem fungio istrativa,tinham que ser processados e finalizados pelo juiz, ainda que inexistisse litigio eos interessados. A citada lei, no entanto, passou a admitir que o inventério ea parttha [fquando os interessados sio capazes e concordes), bem como a separago consensual e 0 divér- fio consensual (quando nao ha flhos menores ou incapazes) possam ser realizados por simples Feri piblictem Oficio de Notas comum, servindo o titulo para o registro piblico adequado ars. 982 ¢ 1.124-A, do CPC, com a alteracio da Lei n® 11.441/2007). Com tal inovagio, © administrativa tipica Jue era funcdo jurisdicional atipica passou a caracterizar-se como fin 3. Funcao Administrativa Nao constitui tarefa muito fécil delinear os contomos do que se considera fungio ad. hinistrativa. Os estudiosos tém divergido sobre 0 tema. Todos, no entanto, fazem referéncia 1 Sate a do Poder Executvo, vide FABRICIO MOTTA, Fino Nor Pics Dl Rey, 2007, pp. 143/14 © at. 205 da Constinto anteroy reeindo-e 20 contenciso admis, insinuava a posiidade de 0 Executivo desempenhar fnganjurteiconal. Com a Carta vigente,enretant, qu bana agela norma, reste superada adcimto DIOGODE FIGUEIREDO MOREIRA NETO ("Cem Adio. 25) adie qucoxecanocsr so 2 defeated, Ons dcr do hse rent Pa ot deere eter a i ea soceies Je deco no mea v exes Ja fan peal a, ot sim ra qe fra aks meee Maxuat vs Das Anwowstearno Jest pos Santos Camas a0 pensamento de OTTO MAYER, que, ao final do século passado, defendia a autonomia Direito Administrativo em face do Direito Constitucional, e afirmava: “A adminisratva é E da ordem juridica”, A visio do grande ju atividade do Estado para realizar seus fins, debaix alemfo mostrava que a fungio administrativa haveria de ter duas faces: a primeira rela ap seito da fungio (aspecto subjetivo); a segunda relativa aos efeitos da fungS0 no mut jurtdico (aspecto objetivo formal). Para a identificagio da funcio administrativa, os autores se tém valido de crtérios det ordens: 12) subjetio (owonginico), que dé realee ao sujeito ou agente da funcio; 28) objetivo material, pelo qual se examina o conteddo da atividade; € disciplina , que explica a funcio pelo regime jurd ico em que se situa a a Nenhum critério € suficiente, se tomado isoladamente. Devem eles combinar-se suscitar o preciso contorno da fungao administrativa Na pritica, a fungio administrativa tem sido considerada de carSter residual, sendo, aquela que nio representa a formulagio da regra legal nem a composigio de lidesin concreg Mais tecnicamence pode dizer-se que fungio administrativa € aquela exercida pelo Est ‘ou por seus delegados, subjacentemente & ordem constitucional e legal, sob regime de dite pablico, com vistas a aleancar os fins colimados pela ordem juridica." Enquanto 0 ponto central da fungio legislativa consiste na criagiio do direito novo f noun) e o da fungio jurisdicional descansa na composicio de litigios, na fungo adminis tiva o grande alvo é, de fato, a gestdo dos interesses coletivos na sua mais variada dimen cconsequéncia das numerosas tarefas a que se deve propor o Estado moderno, Como tal gest implica normalmente a prética de vatios atos e atividades alvejando determinada meta 10 socorre-se, com frequéncia, de processos administrativos como instrumé Administra para concretizar a fungio administrativa." Exatamente pela ilimitada projego de seus misteres 6 dst gvemo eaminisracio,” e fungio administrativa e fungo politica, caracterizando-se esta pot ter subordinagio juridica direta, ao contrrio daquela, sempre sujeita a regrasjurfdicas superion ‘Nao custa, por fim, relembrar que, a despeito da reconhecida diversidade dos crié ‘dentificadotes da fungio administrativa, como mencionamos acima, € 0 critério material tem merecido justo realce entre os estudiosos; cuida-se de examinar o contetido em si da vidade, independentemente do Poder de onde provenha. Em virtude dessa consideracio 6 cconstituem funcdo materialmente administrativa agividades desenvolvidas no Poder Judlicit que alguns autores t@ 10 DIOGO DE FIGUEIREDO MOREIRA NETO ( nna 11 O cameo em por bs o frmad Adiarat' nop, se, deal none de vin publics a repel 12. BITENOOURT NETO, Eurco,Devud Precadimewo Eqatsooe Vinca de Senaos Publics Dlpas no Be Frum, 2008p 13. HELY LOPES MEIRELLES,“Dirto Administrativo Baio" p60 14 DIOGO DE FIGUEIREDO MOREIRA NETO, Cus p21 Jose pos Sayr0s Canvatno Fito Capt Administra Pile de que sfo exemplos decisdes em procestos de jurisdigfo voluntéria o poder de poleia do juiz nas audiéncias, ou no Poder Legislativo, como as denominadas “les de efeitos concretos’, atos legislativos que, ao invés de tragarem normas gerais ¢ abstatas, interfere na Grbita jurtdica de pessoas determinadias, como, por exemplo, lei que concede pensio vitalcia vidva de ex- -presidente.'° Em relagao a elas a ideia € sempre residuat onde nao ha criagao de direito novo ou solugo de confitos de interesses na via propria udicial) a fungo exercida, sob o aspecto material, € a administrativa 4. Federacio Desde a Constituigiode 1891, quando passou a ser repablica, o Brasil tem adotado 0 regi me da federagio como forma de Estado. Hoje tal forma tem previsio expressa na Constituigio Federal (arts. Ie 18) A federagio, como forma de Estado, foi instituida pela primeira ver nos Estados Unidos, aps a luta empreendida para a libertagio das colénias inglesas do jugo britinico (século XVII). © federalismo americano decorreu de processo de agregagda,tornando-se unidos, num $6 Estado, os estados soberanos, que antes se uniam através de confederagao (federalismo cen tnpeto) No Brasil, porém, resultou de processo de segregagia uma vez que durante o Império era adotado o regime unitério, com apenas um ‘nico poser politico (federalism centixgo ‘Como bem observa CELSO RIBEIRO BASTOS, a federagio, como forma de Estado, aginosa jé inventada pelo homem para permit a conjugacdo das vantagen ia com aquelas outras defluentes da existencia de um poder central De fato, se de tum lado nfo se rechaca 0 poder central e soberano, de outro rec mas partes componentes sapacidade politica derivada do processo de descentralizacio. 4.1. Caracteristicas A descentralizagdo politica é a caracteristica fundamental do regime federativo. Significa we, além do poder central, outros circulos de poder so conferidos a suas repartigées. No 3rasl, hd trés cfrculos de poder, todos dotados de a nomia, 0 que permite as entidade Jomponentes a escolha de seus proprios dirigentes. Compiem a federagio brasileira a Uniio Federal, os Estados, os Municipios ¢ o Distrito Federal (art. 18, CF). Afigura-se fundamental o sistema de repartgdo de 1s, porquanto € com base be tele que se dimensiona © poder politico dos entes do Estado Federal. Assim, pertencem & Jnido as matérias de predominante interesse nacional; ao Estado, as de interesse regional; e © Municipio, as de interesse local. Na verdade, o critério ontolégico do sistema funda-se na rrevaléncia do iteresse da entidade federativa. 5) EDUARDO GARCIA DE ENTERRIA e TOMAS-RAMON FERNANDEZ, "Cuno de Densho Adin Civitas Ede, Made ob I, 10%, 2000p. 4 5 “Comenros&Consiigho do Bra wel, 1 Eoque também destaca GUILHERME PENA DE MORAES ( p31, rit Cmsiacol Lamen Juris, 208, EEE 6 ee Masa ve Drsrro Apsanasrrariv0 (Outras caracteristicas sio a participagio da vontade dos Estados na vontade naci representados no Senado Federal (art. 46, CF), € 0 poder de autoconstituigio, confer de forma expressa aos Estados de modo a permitir sejam regidos também por suas p Constituigées (art. 25, CF). Os Municipios, por sua ver, saram bastante fortalecidos na: vigente. Embora nio se thes tivesse permitido ter uma Constituiglo sob 0 aspecto f admitiu-se fossem regidos por lei orginica, de efeitos assemelhados aos que decorrem. Constituigoes (art. 29, CF).!* 4.2. Autonomia: Cay Je de Autoadministr: ‘A Constituigio Federal deixou registrado expressamente que os entes que compdem federacio brasileira sio dotados de autonomia ‘Autonomia, no seu sentido técnico-politco, significa tera entidade integrante da fede ‘glo capacidade de auto-onganizago, autogoverno e autoadministragio.” No primeiro caso, entidade pode criar seu diploma constitutivo; no segundo, pode organizar seu governo ¢ ele seus drigentes; no terceiro, pode ela organizar seus préprios servigos. dha cis unica que apbesenta’sekevkicla pars 0 tete selative 4:Adminictral Pablica. Dotadas de autonomia e, pois, da capacidade de autoadministraglo, as entidades derativas terio, por via de consequéncia, as suas proprias Administragbes, ou sea, sua pr6y ‘organizagio e seus proprios servigos, inconfundiveis com o de outras entidades. Poder-se-4, asim, considerar a Administragio Publica num sentido geral, consider todos os aparelhos administrativos de todas as entidades federativas, ¢ num sentido ex fico, abrangendo cada pessoa da federagSo tomada isoladamente, 5. Direito Administrativo 5.1, Breve introducao © estudo desse ramo do Direito reclama, de inicio, a distinglo entre o ‘Administrativo, de um lado, e as normas e prinefpios que nele se inserem, de outro. No hhoje consideradas como pertencentes a esse ramo sempre existiram, inclusive ao tempo que a figura do Estado ainda nao se havia constituido com a fisionomia atual. Com efei mesmo que despidos de qualquer sistematizagio, os ordenamentos mais antigos exibiam mas que pretendiam regular, conquanto timidamente, a relaglo juridica entre o Poder e integrantes das sociedades de modo geral. (© Direito Administrative, contudo, como sistema juridico de normas e prinefpios, mente veio a lume com a instituigio do Estado de Direito, ou seja, quando o Poder criador 8 MICHEL TEMER,“Eimenor de Det Costitcinal” 9.6466. O autor sponta ind elementos net { manutengio de fedcraio: 8 niles condineional © a exiténca de Sepio incumbido do conte ‘onutiuctinaidae dase 19 WILSON ACCIOLI, “Instuites de Dreto Consttucina" 105. zanvoun, Farin, (Capitulo | - Direito Administrative Administragio Piblica assou também a respeiti-lo. O fenémeno nasce com os movimentos constitucio {ujo inicio se dew no final do século XVIII. Através do novo sistema, o Estado passava Grpios espectficos para o exercicio da administragdo publica e, por via de consequéncia, rio 0 desenvolvimento do quadro normativo disciplinador das relagbes interas da traglo ¢ das relagbes entre esta e os administrados. Por isso, pode considerar-se qu partir do século XIX que o mundo juridico abriu os olhos para esse novo ramo juridico, 0 NNo perfodo anterior o regime vigorante era o das monarquias absolutas, em que todos do Estado desaguavam nas méos do monarca, tornando frégeis as relagées entre 0 160s séditos. O brocardo da época era o célebre “Etat c'est moi’ para indicar a concen- o dos poderes exclusivamente sob o manto real” Com a teoria da separagio de poderes da por MONTESQUIEU, o Estado, distribuindo seu proprio poder politico, permitiu em sua figura se reunisse, a0 mesmo tempo, o sujeito ativo e passivo do controle paiblico. ambiente, foi possi | criar normas proprias para a execucio desse controle. i. Conceito {Com o desenvolvimento do quadro de prinefpios e normas voltados @ atuago do Estado, Diteto Administrativo se tornou "mo autnomo dentre as matérias juridicas. Como assina: IVEDEL, agora a comunidade jurdica no mais se defrontava com normas derrogatérias direto privado, mas, ao contrério, surgiam normas diretamente vocacionadas & solugio de mtuaislitgios oriundos das relagSes entre o Estado e os administrados, formando um bloco ero do adotado para o direito privado.”” Entretanto, o Direito Administrativo, como novo ramo auténomo, propiciou nos patses Be adotaram diversos citérios como foco de seu objeto e conceito. Na Franga, prevaleceu idea de que o objeto desse Dito consistia nas leis reguladoras da Administraglo. No di- toitaliano, a corrente dominante o limitava aos atos do Poder Executivo.”” Outros crtérios gm ainda apontados como foco do Direito Administrativo, como o crtério de regulagSo dos inferiores do Estado e o dos servigos pablicos. A medida, porém, que esse ramo juridico desenvolvia, verificou-se que sua abrangénecia se irradiava para um fmbito maior, de forma jalcancaro Estado internamente e a coletividade a que se destina Muitos sio os conceitos encontrados nos autores modernos de Direito Administrativo. levam em conta apenas as atividades administrativas em si mesmas; outros preferem elevo aos fins desejados pelo Estado. Em nosso entender, porém, o Direito Administrativo, Dafoe oriinaram outros portulads despre, como "the king can dono wor do sstema ing ma fare do ste anes. A mins super Jo abot se ream a rag ati legs hae vgn ("0 aaa are orga dele}, ono deere no ito proc extrangso da dpi on 6 ema, vie OSWALDO ARANHA BANDEIRA DE MELLO, Pru 4, 1979, vl Le MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO, Drei Amite Aas, 17¥ 2004 2 Dewcho Admansato, Bs, jr. Amar, Mat 1980, p49 rad. 6% BS Ne Frings pontanse as obs de DUCROCQ, BATBIE « GIANQUINTO, TM, ZANOBINI ¢ MEL (ide Doo Adniniento Brest, HELY LOPES MEIRELLES, 2 200, p. 38-9), 1 “eine peat pcs pat Manat ne Dato Apwowstean atoos Sunes Cena ad e-em dois tp com a evolugdo que o vem impulsionando contemporaneamente, hi de focar fandamentais de relagdes juridicas: uma, de cardter intemo, que existe entre as pessoas adi nistrativas e entre os Grgios que as compsem; outra, de cariter exten, que se forma entre Estado e a coletividade em geral Desse modo, sem abdicar dos conceitos dos estudio arece-nos se possa conceit © Direito Administrativo como sendoo conjunto de mormas e princpios que, visando sempre es juridicas entre as pessoas e dros do Estadi De fato, tanto é 0 Direito Administrativo que regula, por exemplo, a relagio entre Administracio Direta e as pessoas da respectiva Administrago Inditera, como também a el compete diseiplinar a relagdo entre o Estado e os particulares participants de uma licitagi cou entre o Estado e a coletividade, quando se concretiza 0 exereicio do poder de policia. Nao custa, aofinal deste tépico, lembrar que, como ensina DIEZ, o Diteito Administrati 4 que se trata de di que aind apresenta trés caracteristicas principais: 18) consticui um dire ciplina recente com sistematizag se encontra em continua transformagio; ¢ 38) € um m formasio, nao se tendo, até ‘momento, conclufdo todo o seu ciclo de abrangénci 5.3. Relagdes com outros ramos jurfdicos estudo modemo do Direito no mais comporta a anilise isolada ¢ estanque de u ramo jutidico. Na verdade, o Direito é um s6; sio as relagGes jurdicas que podem ter diferent bivel indicar algumas linhas em que o Die natureza. Assim, embora de forma sucinta, é \lministrativo se tangencia com outras disciplinas jurdicas. ‘08 pontos de contato entre as disciplinas, vale entanto, antes de serem indicadk pena relembrar um assunto sempre comentado: a antiga classficagio romana, que admit como os dois grandes ramos jurtdicos, oDireto Puiblico e oDireto Privado. Tal clasificagio ed 0s estudiosos. O fundam hoje superada, como registram praticamente t cesté em q todo ramo juridico contém, de algum modo, normas de ambos os campos; significa, portant que nenhuma disciplina se afigura inflexivel quanto & natureza das normas que a integra © € fundamento de que, em cada Diteito, outro. E sob e dominam as normas de um ramo sobre as aspecto no hé diivida de q 0 Direito Adm do Direito Puiblico, tal como ocorre com o Direi watros. No cat nstitucional, o Direito Penal, o Direito Processual, o Direito Eleitoral Direito Civil e 0 Direito Comercial (@ po do Diteito Privado ficam, em ciltima in Empresarial, se assim se prefert) intimidade do Direito Administrativo & com o Diveito C E nfo poderia ser de outra maneira. £ 0 Direito Constitucional que alinhava as bases ¢ + Com {YAGUES LASO, alguns Derecho Adonai, Montevide, 1974, vo. MANUEL MARIA DIEZ n Capitulo I - Dieta Administrative e Admins Piblica 0s do Direito Administrativo: este €, na verdade, o lado dinamico daquele. Na ttuigho se encontram os principios da Administracio Publica (ar. 37), as normas sobre ores piblicos (arts. 39 a 41) ¢ as competéncias do Poder Executivo (arts. 84 e 85). Si0 fa, na Lei Maior os institutos da desapropriagdo (arts. 5°, XXIV, 182, § 4°, 184 € 243), das concessies e permissbes de servigos pablicos (art. 175), dos contratos ad- stivos¢ licitagGes (arts. 37, XXIe 22, XVI) e da responsabilidade extracontratual do tado (art. 37, § 6°), entre outros. Com © Direito Processual © Diteito Administrativo se relaciona pela circunstancia de fem ambos os ramos a figura do procesct embora incidam alguns prineipios proprios em lisciplina, existem inevitaveis pontos de ligagio entre os processos administrativos e ju- Como exemplo, lembre-se que o direto ao contraditério e & ampla defesa incide tanto como noutra categoria (art. 5°, LV, CF). Por outro lado, nos processos administrativos natureza acusatGria sio aplicdveis alguns postulados e normas do proceso penal.** No que respeito a0 processo civil, este prevé algumas normas que consideram especificamente 0 fado como parte da relagio processual e que, por isso, Ihe outorgam algumas prerrogativas pats. 188 ¢ 475, do Cod. Proc. Civil. A clagio com o Direto Penal se consuma através de vérios elos de ligagio. Um deles é a 10 Cédigo Penal, dos erimes contra a Administragdo Pblica (arts. 312 2 326, Céd. tral) ea definicio dos sujeitos passivos desses delitos (art. 327, caput € § 18, C. Penal). A se dé também no caso de normas penais em branco, aquelas cujo contetido pode bmpletarse com normas administrativas Também com o Direito Triburdrio ha matérias conexas ¢ relacionadas. Uma delas € a courorga ao Poder Pablico o exercicio do poder de policia, atividade tipicamente ad ninstraiva e é remunerada por taxas (art. 145, Il, CF e arts. 77 ¢ 78, do Céd. Triburério facional). De outro Angulo, tem-se que as normas de arrecadagio tributéria se inserem jntro do Direito Administratvo. EO Direizo do Trabalho & outra dsciplina que apresenta alguns pontos de contato com 0 Direito Administrativo. Primeiramente, porque as normas reguladoras da fungi fiscalzadora relagSes de trabalho esto integradas no Direito Administrativo. Depois, é de se reconhe- Ger que ao Estado-Administragio € permitido o recrutamento de servidores pelo regime trab Iisa apicando-se preponderantemente a essa relago jurdica as normas da Consolidagio das gisdo Trabalho ~ CLT. Existem, ainda, relagdes entre o Direito Administrativo e os Direitos Civil e Comerci ou Empresarial). Diga-se, als, que sio intensas essasrelagées. A guisa de exemplo, todavia, le anotar que a teoria civilista dos atos e negScios jurdicos e a teoria geral dos contratos se supletivamente aos atos e contratos administrativos (vide, por exemplo, o art 54, da Let 8.666/93 ~ 0 Estaruto dos Contratos e Licitagées). Numa outra vertente, destaque-se que 0 do pode criar empresas pablicas esociedades de economia mista para a exploragao de atic ‘lade econdmica (art. 173, § 1%, CF). A nova Lei de Faléncias (Lei n® 11-101, de 9.2.2005), seu turno, exclui do regime falimentar aquelas entidades administrativas ‘Nomesto sentido, ODETE MEDAUAR, Dito Adinstnatve Mader» RT, 2004 p. 2. 0 eee “9

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