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Glhares Palayras-chave Ye Comunidade Paria; Cras coleta tx TEATRO E COMUNIDADE: INTERSECOES EM CONTINUA CONSTRUCAO Hugo Cruz Programador cultural, encenador, professor na Escola Superior de Misia Artes do Esp. lo — Instituto Politécnico do Porto (Portugal) na érea de “Ieatro e Comunidade, cofundador e diretorartstico da PELE, iwestigador do Instituto de rudos de Literatura Tradicional ~ Universidade Nova de Lisboa, consultor artistco no ambito do espago piblico de varias estruturas artisticas nacionaiseintemacionais. Organizador do livre Artee comunidad (2015) editado pela Fundagio Calouste Gulbenkian Resumo; Este attigo propoe-se apresentar diferentes perspectivas para a definigio do campo de agio € pensamento do Teatro ¢ Comunidade destacando os pontos convergentes ¢ divergentes que dai emergem. E salen procura cone do o caso concreto da PELE, estrutura artistica do sul da Eur iar 0 equilbrio entre agio ¢ reflexio neste dominio, recorrendo-se ao exemplo do seu (Portugal), que uikimo especticulo MAPA_o jogo da cartografia. © texto termina com um ensaio ~ sintese de aspectos fandamentais para o Teatro e Comunidade. ‘Teatro e Comunidade: contornos de possiveis definigaes o tentar identificar 0 campo de agio ¢ de pensamento do Teatro e Commu abe-se caminho para uma stea hibri- da, de cruzamento em constante evo lusio que, exactamente” por estas caracteristica, deve ser contextualizada e profundamente reflect da. A opsio por esta designagao, que tradura inter- sesao entre o ‘Teatro ea Comunidade, traz.consigo premissas inerentes, nomeadamente, quando con frontada com a designasio mais vulgarmente usa dade Teatro Comunitirio. Desde logo, a opsio por ‘Teatro e Comunidade, pretende destacar o dislogo © 0 espago de construgio que contempla 0 encon- tro entre os dois conceitos-realidades, assumindo- -se como o terreno por exceléncia das priticas artisticas comunitirias, Por outro lado, a designa- «a0 de Teatro Comunitério acaba por se perspect- var como um pleonasmo se atentarmos ds origens do Teatro e & sua vocagio profundamente comu- nitéria. Na Antiga Grécia o fazer teatral fancionava também como um momento de conffonto junto da comunidade com os seus dilemas essenciais, entre contetidas teatrais e reais, es- sendo a ligag treita e constan ‘A poética contaminava-se pela inspirasio do real, assim como o real necessitava do postico para se pensar e agir de outra forma, no: meadamente no contexto de funcionamento mais alargado da Polis Esta caracteristica profundamen- te comunitiria integrada no Teatro era inclusiva- mente reforgada pela participagio dos cidadios * Nese antigo manteve ea gia do porugué europe (NE) comuns nos especticulos que se foi perdendo ao longo dos tempos e com as novas formas de fazer Teatro. Quando se fala actualmente de Teatro ¢ Comunidade fala-se também de uma revisitaga0 das origens do Teatro eda propria democracia, que procura encontrar novos sentidos nos momentos e contextos politicos, sociais ¢ culturais de agora. E exactamente porque as cidades ¢ os seus cidadios procuram novas formas de funcionamento para a vida colectiva, que o Teatro ¢ Comunidade se tem expandido e ganho forga, particularmente nas tt mas décadasem todo o Mundo. No mesmo sentido, no presente, a procura da definigio e da esséncia do conceito de comunida- de assume uma forte centraidade, em comparay ‘com os anos 80, por exemplo, Numa época marca dapele indefinisio, pela procura de novos paradig- mas,a esfera piblica necessita de ser teforsada pelo exercicio da cidadania e participasio, perante uma esfera privada enfraquecida, No entanto, esta espécie de sofreguidio pelo cencontro de novas respostas no deve dar lugar a visbes pateznalistas ¢ de missio, aribuindo exclu- sivamente a estas priticas © papel de solugio para todos os “males” Este é um perigo para o qual se deve estar alerta sob pena de instrumentalizagao deste tipo de projetos. E necessério ter presente que a privasio ¢ a exclusio social, sé podem ser resolvidas pela luta contra as condigées estrutu- rais que as causam e nio por projetos artisticos “benevolentes’ com este enguadramento que se percep- ciona esta interagdo, como uma proposta de visio de arte aberta, em constante construsio, orginica, polissémica que rejeita conceitos fechados ecrista- lizados de Teatro e de Comunidade Num mundo guiado pela inovagao e pela mo bilidade, mas, a0 mesmo tempo, pela valorizagio das especificidades locais, faz ainda mais sentido perspectivar o cruzamento entre a criagio teatral e avivéncia comunitéria como um espago privlegia- do de experimentag2o com contomos que se ajus tam ¢ definem a todo o momento, nas dimensoes deespaco e de tempo. Quando se fala aqui de ‘Teatro, independen- temente da existéncia das mais diversas elegitimas delinigdes, perspectivase umm Teatro intimamente conectado com o social eo politico. Como defer de Ranciére (2005), esta relagio € to visceral que aparece antes da prépria arte eantes mesmo da arte tentar negar esta ligagéo. Existe sempre um motor, ‘mais ou menos explicito, que impele a arte trans- formasio do real. Neste sentido, Bishop defende ‘mais genericamente que “arte e social nio sio para estar reconciliados ou em colapso, mas sustidos em continua tensio” (2011, p. 6). A autora clari- fica a fragildade da eterna discussio que apse as visdes da ‘arte pea arte” eda ‘arte com motivagies de intervensio social fortalecendo a visio de que so premissas que se interpenetram em vez de se anularem no sentido mais amplo e profundo dos fandamentos da esttica Ao longo dos tempos, os olhares sobre Teatro ¢ Comunidade tém vindo a evoluir, permitindo a iinclusio de novos elementos de acordo com as épocas ¢ as suas idiossincrasias, Mais recentemen- te, os anos 60 ¢ 70, trouxeram contributes funda- mentais para as priticas artisticas comunitirias, nomeadamente, através da disseminasio dos pro ceossos de criagio colectiva Destacam-se vétios autores que, de for ‘ma investida, tém investigado a rea do Teatro Comunidade, © investigador holandés Eugene Erven, com uma perspectiva mundial deste tipo de priticas, considera que ‘no mundo inteiro, aca- démicos, politicos e mesmo os préprios pratican- tes consideram extremamente dificil classficar ‘Teatro Comunitirio. Os artistas que fazem Teatro Comunitirio partiham também elementos meto- doligicos significativos estratégias de organizagio, « preocupagoes complexas,tais como, aeficacia do seu trabalho, questbes sobre a ética de artistas de classe-média que trabalham com grupos periféri- cos, e sobre estética e status do Teatro Comunitario como uma forma de arte distinta’ (2001, p. 243). Nesta definigao,identificam-se elementos comuns ‘em varias geografias do Mundo que fazem as pr ticas em Teatro ¢ Comunidade convergizem em G@lhares gogia das Artes da Cen: diversos aspectos, independentemente do sew local de origem, Muitos destes elementos sio reforgados pela norte-americana Cohen-Cruz que opta pela designagio de ‘performance baseada na comunida de Na sua perspectiva, estas performances funcio. rnam como ‘respostaa um assunto ou circunstincia colectivamente significativos. £ uma colaboragao centre um artista ou um grupo de artistas ¢ uma co- ‘munidade' na qual a itima é a fonte principal do texto, possivelmente também dos actores,e defini- tivamente de grande parte do puiblico. Ou seja, 0 centro da performance baseada na comunidade nao €o artista individualmente, mas sim a comunida- de constituida através de uma identidade primaria partilhada, baseada no local’ (COHEN-CRUZ,, 2005, p.2). ‘Mais recentemente, destaca-se a definicio da organizagao Acta Community ‘Theatre que actualiza ¢ sedimenta os clementos centrais do ‘Teatro e Comunidade perspectivando-o como uma “actividade teatral que enwolve: participantes nao ptofissionais eprofissionais como facilitadoresa tra balharem em conjunto; uma criagio original com base nas histérias das comunidades; espectéculo ctiado e representado pelos membros nao profis: sionais da comunidade e uma criacao teatral com relevancia e impacto social’ (ACTA, 2013, p.4). olhar proveniente da América Latina, espe- cificamente do Brasil, contextualiza estas priticas a partir da incontornavel referéncia do Teatro do Oprimido de Augusto Boal. As premissas base do ‘Teatro do Oprimido destacam 2 relevancia da cria- tica no desenvolvimento humano, a demo- cratizagao dos meios de produsio teatral eo acesso generalizado & cultura pelas comunidades. Este meétodo estrutura um conjunto de exercicios, jogos cas teatrais que contribuem para desmecani- zagio fisica ¢ intelectual estimulando o ensaio de novas alternativas para problemas reais. O objecti- vo basilar passa por provacarareflexao sobre situa- 458s coneretas com base nas relagoes de poder que caracterizam as relagdes humanas (BOAL, 1977). Numa linha préxima, no contexto argentino, perspectiva-se o Teatro de Vizinhos como “um tea- tro que se define por aqueles que o integram (...) «que nio espartilha a partiipagao enao limita 0 pi- blico,a maior parte das vezes as apresentagdes sio no espago publica e tem como base dois prineipios fandamentais de que a arte ¢ inerente a condiggo humana e de que é um direito de todos” (SCHE! 2015, p.92). Esta autora reforsa a dimensio da participa- sie e cidadania como conecitos centais noTeatzo © Comunidade. A ideia de que os processos de tiagio sio momentos por exceléncia de desen- vyolvimento do empoderamento, eminentemente geradores de individuos e comunidades mais em- poderadas ¢, por iss, com maiores possibilidades dle assuimirem os seus proprios destnos. Estas pré- ticas nao devem prescindir antes pelo contro, de se assumirem como manifestagoes artisticas que tem come base a ideia de que a arte é um diceito dle todos os cidadios, podendo fancionar como plataforma para o exercicio de cidadania que pro- ccura mudangas e outras respostas para os impasses da realidade, $6 a arte como autodeterminagio criativa e como processo que gera criacio, & capaz de libertar o Homem e de o conduzie rumo a uma sociedade alternativa (BEUYS, 2011). Como sintese e considerando os diferentes olhares enunciados com as diferentes variéveis ‘em questio, incontomaveis nesta srea, define-se 9 ‘Teatro e Comunidade, como um campo proprio deagio epensamento que privilegiaa participasio num processo de criasio artistica coletivo inspira do pelas culturas, identidades, histérias tradigoes de pessoas e lugares que, atisticamente trabalha- clas, sustentam 0 desenho de uma dramaturgia que permite uma projecgio alternativa no futuro, Deste processo artistico e comunitirio espera-se 1 Agpssapelo cance de peromnatrjieads pels presen de vio clements des lnguagem nas pits artisiea commits oma, a primazia de espagosdeapesentago atematves eo pena er quase sempre onlviduo endo uma personage como acontece conn ot qualidade estética e uma vivéncia colectiva com significado e significativa num confronto cons trutivo entre o tradicional e o contemporineo” (CRUZ, 2015, p. $6), Ecomestas bases que se assste hojea um mo- Vimento profundamente inspirador que acomp nha os dilemas da atualidade. Possam o(s) teatro(s) e a(s) comunidade(s) estar a altura deste desafio com poténcia de futuro, Experiéncias em Teatro e Comunidade: ‘ocaso da PELE! Seguindo oenquadramento feito anteriormen- te, destaca-se a apresentagio do caso concreto da PELE, como uma experiéncia contimuada ¢ estut urada de Teatro ¢ Comunidade no sul da Europa, tamente em Portugal. A PELE é um colectivo artistico do Porto, criado em 2007. Desde a sua origem que investe ¢ pesquisa a afirmagio do ‘Teatro enquanto espaso privilegiado de dislogo ¢ criaga0 colectiva, orientando os processos criti vos pela premissa central de criar condigées para que individuos e comunidades se assumam como o centro da criagie, Procura, desta forma, potenciar rOCeSsOs «) de empodes Ihando o equilirio,fgil mas essencial, entre ética, se traduzem como oportunidades nto individual e colectivo, traba- estética e ef a, Defende uma visio integrada e holistica que assume também a ciagio artstica, pe las suas caracterstcas implicitas e explicit como umaalavanca para o desenvolvimento comunitétio, contribuindo paraa coesio sociale territorial Detuma forma geral,interessa conhecer os ob jectivos da PELE como um exemplo, entre varios, de concretizagio da ligasio entre a reflexio te6rica a pritica no dominio do Teatro e Comunidade. incipais ob- jectivos: (i) a promagio de projectos artistcos que permitam © desenvolvimento individual e colec: Sinteticamente, a PELE tem coms tivo, a integrasao ea afirmasio da cidadania, con cebendo e produzindo projectos com linguagens as ¢ contextos distintas em comunidades especi de exclusio social; (i) potenciar a criagio, experi- mentagio ¢ inovasio artisticas, produzindo novos espectaculos de teatro no contexto das comunida- des com as quais colabora; (ll) fomentar a forma do junto da populacéo em geral, artistas e técnicos, no sentido de envolver os parceiros do processo criativo de competéncias téenicas que lhes permi- tam prosseguir com projects prOprios e auténo- _mos nas respectivas comunidades ou instituiges; (iv) incrementar a consultoria externa a estruturas artisticas,sociais, nas areas da educacao e sade, com vista a0 apoio na elaboragio, implementagio ¢ avaliagio de projectos no ambito da sua acsio; (¥) combater a centralizagio cultural, levando a atte, pecticulos, mas como processos de criagdo, a0 seio de contextos desfavo 10 86 sob a forma de recidos excluidos. Nos altimos oito anos, a PEI E realizou pro jectos em prisses, escolas, bairros socials, lares de acolhimento de criangas ¢ jovens, em comuni dades rurais ¢ urbanas envolvendo associagies culturais desportivas, colectividades e centros sociais, Propés o envolvimento em processos criativos a criangas, jovens, adultos, idosos, recs 405, beneficdrios de RSI (Rendimento Social de abrigo, vitimas de vielén- In 0), pessoas éstica, pessoas portadoras de deficiéncia, cia d toxicodependentes em contextos. de projectos com apresentagses finais no espago publica, fes tivais, teatros municipais e nacionais e contextos Neste trajeto, tornou-se cada vez mais clara a necessidade de cruzar diferentes comunidades da cidade, numa log espacial compartimentada e espartilhada e que se -a que contrariassea organizagio teflecte numa cidade menos coesa e indefinida do. ponto de vista identitério, E neste contexto que 2 Espasa de Cont Soil e Calta Dispnitel em: wnewapeleorg gogia das Artes da Cen: surge um dos tltimos projetos desenvolvidos pela PELE: MAPA_o jogo da cartografia’ (© MAPA procurou discutir a cidade dando vor activa aos seus moradores. Cada um dos gru- pos envolvides provenientes de diferentes zonas da cidade teve a oportunidade de identiicar aspectos a mudar na sua propria comunidade ea propor so Jugaes que concretizassem essas mudansas. A par tir desta discussio, que aconteceu grupo a grupo, {oi desenhada a dramaturgia e 0 texto do especti- culo, numa ldgica colaborativa. Muito préximo do gue defende Boch & Bochm (2003), 0 teatro comunitério relecte os principios de empodera- mento pessoal, grupal ¢ comunitirio, confronta ‘os pattcipantes com uma postura nio-directiva ¢ reflexiva com a oportunidade de participasio em todas as fases do processo, aprofundando os inte- resses € competéncias de cada um, convergindo para uma dramaturgia comum. A ideia central do projeto passou por recuperar o universo do Teatzo “Antigo, trazendo as tribos a Agora para que se dis- cutisse a Palis, Os virios grupos da cidade chega- vam a Agora atraidos pela maior lotaria de todos fs tempos, mesmo no sabendo qual o prémio, Neste clima de histeria colectiva, a personagem “Porto’, inspirado numa estitua que representa a cidade com elementos de um soldado, procura chamar & razdo os habitantes para 0 caos em que esta se toon e para a urgéncia de se epensar 0 MAPA desta Pélis. Perante a situagao instalada, os deuses decidiram aprisionar "Invicta alma daci- dade, que s6 ser libertada perante a reorganizagio do espago-cidade, com todas as suas implicagies. Este especticulo bascou-se em elementos centrais do Teatro Antigo actualizados nos conceitos de cidadania e partcipagdo dos tempos atuais. Este MAPA envolveu cerca de 150 intervenientes pro- fundamente empenhados na reinvengio da cidade com todos os encontros e desencontros que um proceso implica. O especticulo espelhou de for ‘ma orginica um encontro com o passado numa actualizagao postica e real do hoje com destaque para as dimens6es estética e politica e para a sua relagio intrinseca. O MAPA “traduziu-se numa ex- plosio de cidadania genuina e empenhada, numa polifonia de sentimentos, ora desencontrados ora alinhados pelo mesmo tom, que logo evocaram, de ‘maneira espontinea, a dinamica dos grandes coros da comédia de Aristéfanes. Toda a pandplia de im- pulsos cénicos li se podia encontrar: a cor, o movi ‘mento das massas, 0 canto, a convocatéria publica, as tens6es, a alegria purgatoria da celebragio final. (LEAO, 2015, p. 19). Aspectos sintese em Teatro e Comunidade Na sequéncia do enquadramento do campo designado Teatro e Comunidade, da apresentagao cdeum caso concreto de um colectivo em Portugal aque desenvolve trabalho neste imbito ¢, mais con- cretamente, do seu ultimo projeto ensaiase, na terceira parte deste artigo uma possivel sintese que retina os aspectos fumndamentais que caracterizam 3. OMAPAteveosevinicioem ance de 2014eresla do takalhodesenvaido econssldado no Ports pla PELE. nas kimosseteanes Ese trabalho elect sna rig contin de Grupos de Teatro Comantcio (Grape AGE, Grope Acar Lagat, Grop de Ttro CComunisro EmComuns-Lonelo do Ouro Grupo de Teatro Communit da Vita - Cento Histo e Grupo de Teato de Suds do Port). te projet consti se a pate dams dae 3 ae do procesto centiica dempeament: [fae concep" -o momento da chaps 2 um gas do primi contacto ereconheciento2fase prado" momento da propria, de ier deur “hg gualgue” um “ugarnono Jie —‘interpretagio’ ~ momento fal da consrugio de um MAPA ques concretia também nest expeticla O desenho deste MAPA provocou o dispar de ones aifiase o reconhecer os outes em ns, procuros rect um enconzo ene eiferetes povosgbes (eons eit, ecdental e cent), povos de uma mesina edad, nur desenho de um mapa de ee mais humane. (ps// swwapeleorg/#lmap/cluns) Docamsentiio Cidade de Corps Ito reiluado por Pcs Posi a patie do proceso de construsio de [MAPA _o jogo da etapa daponive em wnneapee org 4 levitra va ft da cidade do Porto nea te sido adi nem conqustada a longo da sus ist, end parte dolema incite bras da cidade Atiga Mi Nobre Serie Leal Cidade avis, estas priticas, Este exerci uma integrasio de virios contributes que cruzam acgio e reflexio, ou sea no pretende ser um guio de como se fiver trabalho nesta rea, mas antes pelo contritio, stua:se como um estimulo a0 seu desenvolvimento e consolidasio. ‘Ao perspectivar as priticas artistcas comu- nitérias é inevitivel no destacar a sua profunda ligagao ao lugar. Ou seja,o lugar com um sentido que se constréi a partir do encontro entre espa 50 ¢ tempo, com todos os significados, historias © pessoas associadas a ele e que sustentam a constru. ao de dramaturgias com as quais os participantes se sentem profundamente identifcados, Olhar 0 lugar de outra forma, assumindo um outro ponto de vista, permite recentrar a nossa relagio com a arquitectura e a dinimica humana de determina- do lugar. E nesta mudanga de perspectiva que se pode construir um lugar de estranhamento pro posto pelo poético que permite vislumbrar outras realidades possiveis. Ao falar do lugar que inspira & incontornivel nio salientar a selevincia do espago publico nas priticas artisticas comunitirias. O es. paso pico como arena central do exeretcio da ia ¢ do desenvolvimento estético que se concretizam na construgio destes processos e das suas apresentagbes. Do ponto de vista simbélico, 0 espago publico permite ensaiar outras cidades den tro da cidade real, De destacar também a importincia de se pro moverem neste Ambito de trabalho a organizagio de grupos heterogéneos ¢ transversais que incluam pessoas de diferentes idades, géneros, profissdes, niveis sécioeconémicos que cruam realidades diversas, mas que se encontram num mesmo ter- ritorio, Esta pritica contraria a ideia dominante de organizagio social segmentada e engavetada que ‘io apresenta-se como evita encontros entre pessoas diferentes e com di: Em Teatro ¢ Comunidade, os processos cath vos devem assentar na criagio colectiva com todos 0s seus pressupostos associados e que se reflectem em relacées colaborativas, na participagio da co munidade em todasas fases do processo,nacriagio de condigses de participagao activa, no evitamento de situagdes de selecsio e de participagio imposta, com visia a0 desenvolvimento do empoderamen to de todos os paticipantes. ‘A dramaturgia deve ser baseada nas pessoas, historias e caracteristicas locals, garantindo a iden tficago dos partcipantes.Asua progressio dentro dos temas identificados, pode inclu a criagio de textos originais ou o recurso. textos teatrais jé exis tentes que criem pontes, a montante, com o univer soaabordar. E muito importante ter em consideragao que este tipo de priticas gera impacts a virios niveis (individual, colectivo, institucional) e que essas di: ferentes camadas, bem como a relacio entre elas, nnio devem ser negadas mas pelo contritio, poten- ciadas. Outra dimensio conectada com o ponto anterior éa possbilidade de se criarem condiges pata a autonomia e continuidade dos grupos nas suas comunidades, ajudando-os a encontrar a sua propria linha de agao. im conclusio, é fundamental nas priticas ar tisticas comunitérias procurar um constante equi brio entre as dimensies éticae esttica,garantindo usio de processos que efectivamente pos sam propor outros caminhos no que é a vivéncia individual e colectiva. E no espago entre 0 poético eoredl,o factual e oimaginado, local eo universal que o Teatro pode e deve criar es acon Abstract: This article presents different perspectives to define the field ofaction and thought about ‘Theatre and Community, highlighting the similarities and the differences that emerge from there. In PELE, artistic structure of southern Et in this field, we can find the exam essay-synthesis ofkey issues fort Keywords: Theatre; Community Participation; C ope (Portugal), which seeks to achieve a balance between action and reflection le of the last show MAP_The Cartography Game. The text ends with an Theatre and Comma lective Creation. hares | Pedagoeia das Artes da Cen 30 Refeéncat ACTA. Coast Chang Bonds Commanty Theatr Brit Aca Comms Thess 2013 DBEUYS Joseph Cade home um ata Par: TNos 203, DISHOP Cate Papa and Spectacle Where We Now? Lee for eat Tin Lingo Fo New Ye Cooper Union. 2001 BOIL, August Tics atime Tate Poplar Coin Tea Cena 197.2239. BOEEIM, Amon BOEH4 Esher Communty Thea ara Mean of Enpowementin Soci Work: cae styf wore com ty these oul ef Sal Werk 3 (3). Mega, 2008p 283 300 \COHEN-CRUT, Ja aa Acts Como bated Peomanc the hed States Lon Rtgs erty Pras 2005, CRUZ, Hugo (Coord), Arte ecomumidade Lisbou Fundagio Clouse Gubbenian PELE e Dyes, 2015, ERVEN, Eugene van, Comma Theatre Gabel Peapects London: Routledge 2001 LLEAO, Deli. © Mapa e singular ene note Inv CRUZ, Hogo (Coord) Mape_ooge dacarlegai (dcnko em polars) Porto: PELE, 2018, [RANCIERE.Jseques Eats Plt: a pant do snl Pot Dafne Estos, 2005 SCHER, Eth Tet oman argentino: 1983-2014 pai, tabs Iho e alors In: Arte ¢ Comiaiade Litho: Pundasio Clouse Gabbebian PELE ¢ Dg, 2015,

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