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A doutrina do Juízo Final de Deus testifica contra todas as formas de relativismo. É por
isso que o liberalismo secular rejeita esta doutrina cristã. O conservadorismo secular
também. A doutrina do Juízo Final de Deus anuncia que certas ideias são eternamente
verdadeiras e, portanto, que outras ideias são eternamente falsas. Deus irá impor
sanções negativas irreversíveis contra aquelas pessoas que acreditam em
determinadas doutrinas teologicamente incorretas, como a negação das seguintes
verdades: “Quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, porém, desobedece ao Filho
não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus”. (Jo 3.36) “Respondeu-lhe
Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”.
(Jo 14.6) A doutrina do Juízo Final faz com que os transgressores do pacto fiquem sem
escapatória. Não há saídas. Não haverá acordos judiciais no Dia do Juízo.
O homem moderno prefere declarar uma doutrina oficial de relativismo. Ele declara essa
doutrina com autoridade. “Tudo muda, nada é permanente”. Esta é uma visão revisada
da doutrina de Heráclito de que, na história, tudo flui. “A mudança é a essência da
realidade”. Mas isso significa um mundo sem significância final, um mundo sem
julgamentos fixos. Isso significa o triunfo do relativismo. O homem pagão moderno imita
o pagão da antiguidade e prefere o relativismo em vez do Juízo Final de Deus. O
relativismo é o transgressor do pacto dizendo para si mesmo em seu próprio “juízo final”:
“Inocente!”.
“Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes
sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. E
por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está
no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando
uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar
o argueiro do olho do teu irmão”. (Mateus 7.1-5)
O que Ele queria não era afirmar a necessidade moral de não julgar lascas nos olhos
dos outros. O que ele queria mostrar é que críticos precisam julgar com precisão a
condição visual dos próprios olhos como um passo preliminar para julgar a condição
visual dos outros. Mas muitos cristãos são cegos quanto a isso. Eles livremente julgam
o status judicial de não cristãos, mas depois relegam questões morais e doutrinárias a
um status periférico na Igreja. Este é um posicionamento esquizofrênico, mas é popular.
Todo cristão quer ficar na sua zona de conforto moral, teológico e estético ao mesmo
tempo em que exerce juízo contra os antinomistas a sua esquerda e os legalistas a sua
direita, cuja autoridade ele rejeita. Mas a seguinte pergunta epistemológica é inevitável:
Qual é o padrão? Católicos Romanos expulsaram a Igreja Ortodoxa em 1054. O Leste
respondeu da mesma maneira. Os Protestantes deixaram o Catolicismo Romano no
século dezesseis. Mais anátemas mutuas por toda parte.
A epístola lida com a importância de exercer juízo: dentro da Igreja e contra o mundo.
Paulo pressionou a Igreja a se posicionar contra uma pessoa que havia cometido incesto
(capítulo 5). Ele também mandou que eles evitassem ir a tribunais seculares para
resolver disputas com outros cristãos (capítulo 6). Em nenhum dos dois casos, ele
manda que evitassem julgamentos.
Ray Sutton costumava dizer que a melhor maneira para um pastor novo dividir a
congregação é começar seu ministério na Igreja com uma série de sermões sobre I
Coríntios. Não tenho dúvidas de que a constatação de Sutton é correta. Ele recomenda
começar com um dos Evangelhos. Isso é sábio se o objetivo do pastor for evitar divisões
na congregação. Mas não estou persuadido de que este é sempre o objetivo correto.
Algumas congregações precisam se dividir rápido pelo poder divisor da mensagem
bíblica de julgamento. A unidade que Paulo proclama no capítulo 12 só poderia existir
pela imposição de excomunhão no capítulo 5.
Sutton também recomenda que a Ceia seja semanal, mas ele diz que isso também
causa divisão: o meio eclesiástico de impor as sanções de Deus. As sanções que Deus
trás por meio do sacramento da Ceia do Senhor não podem ser evitadas. Paulo, no
capítulo 11, avisa sobre o perigo de tomar a Ceia em pecado: Sede meus imitadores,
como também eu de Cristo. “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma
deste pão e beba deste cálice. Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe
para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor. Por causa disto há
entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem. Porque, se nós nos
julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados”. (I Co 11.1-31) As sanções de Deus
são verdadeiras. É importante julgar a si mesmo como meio de evita-las.