CAPOEIRA, PROFISSIONALIZAÇÃO, ORGANIZAÇÃO SOCIAL E INTERNACIONALIZAÇÃO
A partir da década de 30 dá-se a legitimação, no Brasil, de duas tendências da
capoeira – a Regional e a Angola –, tendo início o processo de profissionalização de seus praticantes. Este processo configurou um campo de tensões entre os capoeiras com formação na sabedoria popular e os profissionais com formação acadêmica, em torno de um mercado de trabalho em permanente expansão. A inserção dos capoeiras no mercado de trabalho pode acontecer de diferentes maneiras e em diferentes lugares: nas escolas, nas academias, nas universidades, em projetos sociais, e em espaços de lazer e entretenimento. O que implica em uma diversidade de perspectivas e interesses que podem ou não estar em conflito. Existem, entretanto, questões gerais que permeiam todo o campo, como os debates em torno da criação de legislação para a regulamentação da profissão dos capoeiras e a demanda por benefícios para os mestres de capoeira em situação de desamparo social. Nesse processo a organização e a participação de todos os segmentos da capoeira são fundamentais para que o capoeira seja respeitado e valorizado como profissional. É importante também que as formas tradicionais de organização dos capoeiras sejam consideradas na formalização dos coletivos, como associações, cooperativas, entre outros. A partir dos anos 70 a capoeira passou por um processo de internacionalização que proporcionou aos mestres a ampliação do seu campo de atuação profissional e a divulgação internacional da cultura brasileira e da língua portuguesa. O reconhecimento internacional trouxe novos desafios: dificuldades de adaptação, de aprendizado da língua e cultura local e de legalização de suas atividades nos países em que se estabeleceram ou para os quais se deslocaram. A profissionalização e a internacionalização da capoeira são questões interligadas que demandam a necessidade de organização social e interlocução entre os grupos dos diversos segmentos e o Estado.
Questões para debate:
1. Por que é importante a regulamentação da profissão do capoeira? 2. Quais os critérios que podem balizar a regulamentação da profissão? 3. Como tem sido a participação dos capoeiras e como ampliar essa participação nas conferências e fóruns municipais, estaduais e federais de cultura? 4. É importante manter o tradicionalismo dos rituais das rodas de capoeira no exterior, ou é possível que haja uma flexibilização destas práticas? 5. Devemos candidatar a roda de capoeira a Patrimônio da Humanidade? Quais os benefícios que esse registro proporcionará? 6. Quais são os principais problemas enfrentados pelos capoeiras para entrar e se manter em outros países? Quais são as soluções possíveis para resolver estes problemas? 7. Quais são as principais dificuldades enfrentadas pelos grupos de capoeira quando não estão formalizados?