A Antropologia é, por excelência, a área de debate sobre o conceito de
cultura. Segundo Edward Tylor, cultura é todo complexo que inclui
conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade. Kluckhohn, por sua vez, enfatiza que é uma a herança social que o indivíduo adquire de seu grupo, que ainda pode ser considerada parte do ambiente que o próprio homem criou.
Em virtude de sua abrangência e complexidade, o conceito de cultura
frequentemente sofre “abusos”, em especial quando é fundamentado em determinações biológicas, como a relação entre sexo e personalidade e a idéia de instinto, refutadas por Margareth Mead, e geográficas, como o pensamento de que a cultura está sujeita aos limites de seu habitat, questionado por Keesing.
Até o fim do século XIX, os cientistas estudiosos da cultura, escreviam
sobre sociedades não européias ou orientais apenas através de relatos de viajantes, sem entrar em contato direto com elas. Essa postura metodológica tinha como parâmetro somente a visão do pesquisador e excluía a do sujeito pesquisado, produzindo sérias distorções analíticas, fomentando o etnocentrismo. Foi no século XX que surgiram as bases metodológicas para a ciência antropológica atual, fundamentada no trabalho de campo. De acordo com este método, o pesquisador deve ir ao local e investigar os costumes, as regras, as relações entre os indivíduos. No decorrer do trabalho de campo, devem ser consideradas duas ordens de transformação do antropólogo: transformar o exótico em familiar e o familiar em exótico; busca-se a compreensão da cultura estudada em seu contexto de origem e há a reflexão sobre as regras de sua própria sociedade.
No mundo contemporâneo, o processo de globalização, que tem
acelerado sobremaneira o intercâmbio cultural, nos desafia a desenvolver a capacidade de lidar com os diversos hábitos, costumes, crenças das sociedades ao redor, a gigantesca diversidade cultural. Assim, impõe-se o multiculturalismo, baseado na coexistência entre culturas, evitando sua hierarquização e valorizando suas diferenças.