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E INTEGRAL II
autor
ANDRÉ BROCHI
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2015
Conselho editorial regiane burger; roberto paes; gladis linhares
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.
isbn: 978-85-5548-137-6
cdd 515
1. Funções Vetoriais 5
3. Integrais Múltiplas 73
B D
A
C
Figura 1.1
6• capítulo 1
representada é um vetor. Por exemplo, para reprentar escalares, utilizamos a,
b, c, etc. Para representar vetores, fazemos a, b, c. Quando a indicação do vetor
se dá pelos seus pontos de origem e terminal, A e B, por exemplo, então a repre-
sentação toma a forma AB.
Da mesma forma que conseguimos realizar operações com escalares, tam-
bém é possível realizar algumas delas com os vetores. A seguir, apresentaremos
situações em que as operações com vetores podem ser aplicadas, além de defi-
nir tais operações.
Considere uma partícula que se desloca do ponto A até o ponto B. Podemos
representar esse deslocamento através do vetor AB, que tem origem em A e ter-
mina em B, como mostra a figura 1.2. A magnitude desse vetor representa a
distância percorrida pela partícula.
Figura 1.2
No entanto, se, antes de chegar ao ponto B, essa partícula passa pelo ponto
C, então o trajeto pode ser mostrado pelos vetores AC e CB , como na figura 1.3.
Figura 1.3
capítulo 1 •7
Vimos que uma partícula que parte de A, passa por C e chega a B tem deslo-
camento representado pelo vetor AB, como mostrado na figura 1.4. Podemos,
então, escrever:
AB = AC + CB
y
B
7
6
C
5
2
A
1
0
–1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 x
–1
Figura 1.4
8• capítulo 1
Compare as figuras 1.4 e 1.5 e veja que há pares de vetores paralelos e o tri-
ângulo ABC é congruente e está na mesma posição que o triângulo A’B’C’.
Vetores que possuem mesma direção, sentido e magnitude são considera-
dos vetores iguais. Portanto, se representarmos todos os vetores com origem
no ponto (0,0), teremos facilitada a representação vetorial e tornaremos os cál-
culos vetoriais muito mais rápidos e eficientes. Se considerarmos que todos os
vetores com os quais trabalharemos terão origem em (0,0), então podemos re-
presentá-los somente por suas extremidades (pontos terminais).
y
B
7
6
C B
5
4
C
3
2
A
1
0
A x
–1 0 1 2 3 4 5 6 7 8
–1
Figura 1.5
Podemos representar os vetores AC, CB e AB , respectivamente, como:
u = (1,3), v = (4, 2) e w = (5,5) .
Veja, na figura 1.6, os vetores u, v e w e seus respectivos vetores equivalen-
tes AC, CB e AB .
capítulo 1 •9
y
B
7
6
C (5,5)
5
4
(1,3)
3
(4,2)
2
A
1
0
–1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 x
–1
Figura 1.6
10 • capítulo 1
Considerando, portanto, a representação de um vetor apenas por sua extre-
midade, a soma de dois vetores u = ( x1 , y 1 ) e v = ( x 2 , y 2 ) é dada por
u + v = ( x1 , y 1 ) + ( x 2 , y 2 )
= ( x1 + x 2 , y 1 + y 2 )
u u+v
v
Figura 1.8
Exemplo 1.1
Determine, algebricamente, a soma dos u = ( −2,6) e v = (3, −4) . Em seguida,
represente graficamente u, v e u + v.
A soma é dada por:
u + v = ( −2,6) + (3, −4)
= ( −2 + 3,6 + ( −4))
= (1, 2)
A representação gráfica dos vetores e de sua soma é mostrada na figura 1.9.
capítulo 1 • 11
y
6
u
u+v
0
–4 –2 0 2 4 6 x
–2
–4 v
Figura 1.9
Outra operação elementar que pode ser realizada com vetores é a multipli-
cação por escalar. Dado um vetor u = ( x1 , y 1 ) e um escalar real a, a multiplica-
ção au é dada por:
au = (ax1 , ay 1 ).
Vê-se claramente que multiplicar o vetor por uma escalar implica em mul-
tiplicar suas coordenadas por esse escalar. Mas, graficamente, qual é o efeito
disso? Uma coisa é certa: sempre que multiplicamos um vetor por um escalar
não nulo, o resultado é um outro vetor de mesma direção. O sentido do vetor
resultante depende do valor de a. Veja:
• Se a > 0, então au tem o mesmo sentido de u.
• Se a < 0, então au tem sentido oposto ao de u.
12 • capítulo 1
Além disso:
• Se |a| = 1, então au tem módulo igual ao de u.
• Se 0 < |a| < 1, então au tem módulo menor que o de u.
• Se |a| > 1, então au tem módulo maior que o de u.
Exemplo 1.2
A figura 1.10 apresenta o vetor u = (3, 2) e o seu produto com cada um dos
1
escalares 2 e − .
2
• 2u = 2(3, 2) = (2 ⋅ 3, 2 ⋅ 2) = (6, 4) ;
1
• − u = − (3, 2) = − ⋅ 3, − ⋅ 2 = − , −1 .
1 1 1 3
2 2 2 2 2
y
6
5
4 2u
3
2 u
1
0
–2 –1 0 1 2 3 4 5 6 x
–1
1
– u
2 –2
Figura 1.10
capítulo 1 • 13
Observe que o vetor 2u tem mesma direção e mesmo sentido que u e seu
1
módulo é o dobro. Já o vetor − u tem a mesma direção, mas sentido contrário
2
e seu módulo é igual à metade do módulo de u.
Se multiplicarmos um vetor qualquer u pelo inverso de seu módulo,
obteremos o seu versor, que é um vetor unitário (tem módulo igual a 1) que pos-
sui a mesma direção e sentido de u. O versor do vetor u é, portanto, dado por:
u
.
u
Exemplo 1.3
Dado o vetor u = (4, 3), determine:
a) um vetor unitário que tenha a mesma direção e o mesmo sentido de u;
b) um vetor unitário que tenha a mesma direção e sentido oposto ao de u;
c) um vetor de módulo igual a 3 e que tenha mesma direção e sentido que
u.
Todos os vetores solicitados nos itens acima podem ser obtidos a partir do
versor de u. Para responder ao item (a), basta calcular o seu versor, que é:
u (4,3) (4,3) 4 3
= 2 2 = = , .
u 4 +3 5 5 5
No item (b), o vetor solicitado é exatamente o oposto do versor de u. Então
basta multiplicar o versor obtido em (a) por –1. O resultado é:
u 4 3 4 3
( −1) = ( −1) , = − , − .
u 5 5 5 5
No item (c), para se obter o vetor solicitado, temos que multiplicar o versor
de u por 3, como mostrado a seguir:
u 4 3 12 9
3 = 3 , = , .
u 5 5 5 5
Se escolhermos dois vetores não nulos e não paralelos u = ( x1 , y 1 ) e v = ( x 2 , y 2 ),
podemos escrever qualquer vetor do 2 como combinação linear desses dois
14 • capítulo 1
vetores, isto é, qualquer que seja o vetor w = ( x, y ), existem os escalares a e b
tais que:
w = au + bv .
Dizemos, então, que o conjunto de vetores u e v constitui uma base do 2.
Veja como escrever um vetor com combinação linear dos vetores de uma base
no exemplo seguinte.
Exemplo 1.4
Escreva o vetor w = ( −1, 2) como combinação linear dos vetores u = (0,3) e
v = (2, −5), que constituem uma base do plano 2.
Precisamos determinar os escalares a e b tais que:
w = au + bv , (1.2)
ou seja,
(–1,2) = a(0,3) + b(2,–5).
Daí, obtemos:
( −1, 2) = a(0,3) + b(2, −5)
( −1, 2) = (0,3a) + (2b, −5b)
( −1, 2) = (2b,3a − 5b),
1 1
a=− e b= − .
6 2
Dizemos que esses valores, nessa ordem, são as coordenadas do vetor w em
relação à base {u, v}.
Para definirmos uma função vetorial (como veremos mais adiante) é preciso
considerar os vetores do plano escritos em relação a uma base. E há uma que
torna extremamente fácil essa representação. Ela é denominada base canônica
do 2 e é composta pelos vetores:
i = (1, 0) e j = (0,1) .
capítulo 1 • 15
Se considerarmos um vetor qualquer do 2, como w = ( x, y ), suas coordena-
das em relação à base canônica serão os próprios valores x e y.
Exemplo 1.5
Vamos representar o vetor u = (2,3) a partir dos vetores da base canônica do
2.
3
3j u
1
j
0 i 2i
–1 0 1 2 3 x
Figura 1.11
16 • capítulo 1
em que q é o ângulo formado pelos vetores u e v , com 0 ≤ θ ≤ π.
O produto escalar u × v também pode ser calculado somente a partir das co-
ordenadas dos vetores u e v :
u × v = x1 ⋅ x 2 + y 1 ⋅ y 2. (1.4)
π
Considerando que cos = 0 e comparando as fórmulas (1.3) e (1.4), pode-
2
π
mos concluir que, se os vetores u e v formarem entre si um ângulo igual (90°),
2
então u × v = 0, o que implica em dizer que x1 ⋅ x 2 + y 1 ⋅ y 2 = 0. Da mesma forma,
se u × v = 0, então os vetores são ortogonais entre si.
Exemplo 1.6
Dados os vetores u = ( −2,1) e v = (3,6) , vamos calcular o produto escalar u ⋅ v
e verificar que eles formam entre si um ângulo reto.
Como temos as coordenadas dos vetores u e v , então podemos obter o pro-
duto escalar aplicando a fórmula (1.4):
u × v = −2 ⋅ 3 + 1 ⋅ 6 = 0.
Veja, na figura 1.12, a representação dos vetores u e v e observe que eles for-
mam entre si um ângulo reto.
y
7
6
u
2
v
1
0
–3 –2 –1 0 1 2 3 4 5 x
–1
Figura 1.12
capítulo 1 • 17
Um vetor pode também ser representado de forma tridimensional, isto
é, no espaço ou no 3. Nesse caso, sua representação contará com mais uma
coordenada. As operações de soma entre vetores e multiplicação de vetor por
escalar são feitas de forma análoga, como veremos no próximo exemplo. Para
calcular seu módulo, a fórmula é semelhante à apresentada em (1.1). Dado um
vetor u = ( x, y, z), o seu módulo é dado por:
u = x 2 + y 2 + z2 . (1.3)
Exemplo 1.5
Considere os vetores u = (1, 2,3) e v = ( −2, −1,1) , cujas representações gráfi-
cas estão na figura 1.13.
5 z
4
u
3
3
v y
1 2
–4 1
–3
–2 00
–1
–1 0
1
–2 2 x
–2 3
–3 4
–4
–5 –1
Figura 1.13
• u = 12 + 22 + 32 = 14
• v = ( −2)2 + ( −1)2 + 12 = 6
18 • capítulo 1
A soma de vetores tridimensionais ocorre de forma semelhante ao caso bidi-
mensional. Dados dois vetores, u = ( x1 , y 1 , z1 ) e v = ( x 2 , y 2 , z2 ), a soma é dada por:
u + v = ( x1 , y 1 , z1 ) + ( x 2 , y 2 , z2 )
= ( x1 + x 2 , y 1 + y 2 , z1 + z2 )
A soma dos vetores u = (1, 2,3) e v = ( −2, −1,1) é dada por:
u + v = (1, 2,3) + ( −2, −1,1)
= ( −1,1, 4)
–5 z
u+v
–4
u
–3
–2
3 y
v –1 2
–4 1
–3
–2 0
–1 0
–1 0
1
–2 2
3 x
–1
–3 4
–4
–5 –2
Figura 1.14
A figura 1.14 mostra o vetor soma u + v e os vetores u e v. Note que, no caso
da representação gráfica da soma de vetores tridimensionais, também vale a re-
gra do paralelogramo, considerando que os três vetores estão no mesmo plano.
capítulo 1 • 19
Aqui também valem as mesmas considerações quanto ao valor do escalar
que multiplica o vetor:
• Se a > 0, então au tem o mesmo sentido de u.
• Se a < 0, então au tem sentido oposto ao de u.
• Se |a| = 1, então au tem módulo igual ao de u.
• Se 0 < |a| < 1, então au tem módulo menor que o de u.
• Se |a| > 1, então au tem módulo maior que o de u.
1 1 3
A figura 1.15 mostra os vetores u = (1, 2,3) e u = ,1, .
2 2 2
5 z
4
u
3
2 1 u
2
3
y
1 2
–4 1
–3
–2
–1 00
–1 0
1
–2 2 x
–1 3
–3 4
–4
–5 –2
Figura 1.15
{
A base canônica do 3 é o conjunto de vetores i , j, k em que: }
i = (1, 0, 0), j = (0,1, 0) e k = (0, 0,1).
20 • capítulo 1
Considere que, se uma partícula movimenta-se no espaço, então suas coor-
denadas pelo menos uma delas estão variando com o tempo. Então, podemos
definir cada uma delas como uma função do tempo:
Vamos chamar de r (t ) uma função que associa, a cada valor real t, uma tri-
pla ordenada (f(t), g(t), h(t)). Como os “valores” que a função r (t ) assume são
pontos do espaço, então, podemos escrevê-la na forma vetorial como:
r (t ) = x(t ) i + y (t ) j + z(t )k, t ∈.
Nesse caso, a função r (t ) é denominada função vetorial ou função a valores
vetoriais.
Exemplo 1.6
Uma partícula movimenta-se em forma de círculo de acordo com a função:
r (t ) = (cos t ) i + (sen t ) j + 0k, 0 ≤ t ≤ 2π.
Como a função que define a coordenada z é fixa e igual a zero, então con-
cluímos que a partícula desloca-se apenas no plano xy. A figura 1.16 mostra a
trajetória dessa partícula, que é um círculo de raio igual a 1.
0
–1 0 1 x
–1
Figura 1.16
capítulo 1 • 21
Agora vamos inserir uma função variável para a coordenada z. Considere a
função
r (t ) = (cos t ) i + (sen t ) j + tk, 0 ≤ t ≤ 2π.
2 6
4
2
–5 0
–4
–2 –2 0
0
–4 2
4
–3 6
–2
Figura 1.17
Exemplo 1.7
Se quisermos uma curva semelhante à do exemplo anterior, mas cuja pro-
jeção no plano seja um círculo de raio igual a 2, por exemplo, e que “suba” de
forma mais lenta, podemos fazer as seguintes alterações na função dada:
Essas são apenas sugestões para se obter uma outra função nas condições
desejadas.
Então, podemos obter uma função na forma:
t
r (t ) = (2 cos t ) i + (2sen t ) j + k, 0 ≤ t ≤ 4π.
2
22 • capítulo 1
6
2
4
2
–4 0
–2 –2 00
–4 2
4
–2
Figura 1.18
Compare os gráficos das figuras 1.17 e 1.18 para verificar o efeito, na repre-
sentação gráfica, das alterações feitas na função. O intervalo de variação da va-
riável t foi alterado para que tivéssemos dois gráficos com a mesma amplitude
em relação ao eixo z.
Exemplo 1.8
Podemos ter diversas formas de expressões na definição das coordenadas,
e não somente funções trigonométricas. Veja, por exemplo, na figura 1.19, a
representação gráfica da função
r ( t ) = − t i + t 3 j + t 2 k , − 4 ≤ t ≤ 4.
A projeção do gráfico da função r (t ) sobre o plano xy é mostrada pela linha
preta pontilhada.
Para obter um ponto qualquer da função, basta atribuir um valor arbitrário
à variável t e, a partir dele, calcular os valores de x, y e z. Considere, por exemplo,
t = 2. Então,
x = –2; y =23 = 8 e z = 22 = 4.
capítulo 1 • 23
Portanto, o ponto (–2,8,4) é um dos pontos da função r (t ) .
z
7
3
7
2 6
5 y
4
1 3
–6 2
–4 1
–3
–2 –1 00
–2 –1 0
–3 1
–4 –1 2
–5 3
4
–6 5 x
–2 6
7
8
–3
–4
Figura 1.19
CONEXÃO
No endereço www.geogebra.org você encontra o aplicativo Geogebra, que, entre diver-
sas possibilidades, possui recursos para confeccionar gráficos de duas ou três dimen-
sões. Basta digitar a expressão que define a função, indicar a variável e seu campo de
variação, que o aplicativo mostra tanto a sua representação bidimensional como tridi-
mensional. É uma ferramenta extremamente útil para auxiliá-lo no estudo do Cálculo
Diferencial e Integral.
24 • capítulo 1
1.2 Equações paramétricas, derivadas e
integrais de funções vetoriais
Para cada valor t, conseguimos calcular os valores de x(t), y(t) e z(t), isto é,
obtemos um ponto da função r (t ) . Vamos, então, considerar o caso em que a
função r (t ) tem a forma de uma reta no espaço. Para obter um ponto dessa reta,
atribuímos um valor t0 específico de t, obtendo
Portanto, o ponto (x0, y0, z0) é um ponto da reta (função) r (t ) .
Quando estudamos as funções que são representadas no plano, podemos
obtê-la a partir de um ponto qualquer pertencente a ela e o seu coeficiente an-
gular m. No caso de uma reta no espaço, é possível determiná-la conhecendo
um de seus pontos e um vetor paralelo a ela.
Vamos considerar uma reta que passa pelo ponto (x0, y0, z0) e é paralela ao
vetor v = mi + nj + pk . Então, existe um escalar a que faz com que av seja um
vetor sobre a reta r(t). Dessa forma, podemos escrever a função r (t ) na forma:
r (t ) = ( x 0 , y 0 , z0 ) + av . (1.4)
Como v = mi + nj + pk e (x, y, z) é um ponto genérico da função r (t ) , então
podemos reescrever a função a expressa em (1.4) na forma:
( x, y, z) = ( x 0 , y 0 , z0 ) + a(mi + nj + pk ) . (1.5)
capítulo 1 • 25
Desenvolvendo a expressão em (1.5), teremos:
Exemplo 1.9
Vamos obter as equações paramétricas da reta que passa pelo ponto (2,1,–3)
e é paralela ao vetor v = ( −1, 4, −5) .
(
( x, y, z) = (2,1, −3) + a ( −1) i + 4 j + ( −5) k . )
Desenvolvendo a equação obtida, podemos escrever as equações
paramétricas:
x = 2 − a , y = 1 + 4a , z = −3 − 5a , − ∞ < a < ∞.
z
4
2 x
5
y 4
1 3
4 2
3 2 0 1
1 00 –1
–1 –2 –3
–2–1 –4 –5
–3
–4 –2
–5
–3
–4
Figura 1.20
26 • capítulo 1
Limites, continuidade, derivadas e integrais de uma função vetorial
r (t ) = x(t ) i + y (t ) j + z(t )k, t ∈, (1.7)
se quisermos determinar o limite lim r (t ) , este é obtido calculando-se o
t →t0
limite de cada uma das suas funções componentes quando t → t0. Portanto,
podemos escrever:
lim r (t ) = lim x(t ) i + lim y (t ) j + lim z(t ) k (1.8)
t →t0 t →t0 t →t0 t →t0
Vê-se que é uma forma de cálculo semelhante à que você utilizou no Cálculo
Diferencial e Integral I.
Exemplo 1.10
O limite da função r (t ) = t 2 i + (t − 1) j + et k quando t → 0 é dado por:
( ) (
) (
lim r (t ) = lim t 2 i + lim(t − 1) j + lim et k
t →0 t →0
t →0
t →0
)
= 0 i + (0 − 1) j + e k
2 0
= 0i − j + k
O resultado indica que, à medida que o parâmetro t se aproxima de zero, a
curva (função) aproxima-se de 0 em relação ao eixo x, de –1 em relação ao eixo
y e de 1 em relação ao eixo z. A figura 1.21 mostra a representação gráfica da
função r (t ).
capítulo 1 • 27
z
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
y
1 x
876 8
543 0 7
210 1 2 3 4 5 6
–7–6–5–4–3–2–1
–1 0–1–2–3–4–5
–9–8 –6–7–8
–2 –9
–3
Figura 1.21
Com relação à continuidade, dizemos que a função r (t ) será contínua em
t = t0 se as suas funções componentes forem contínuas em t = t0 . Isso equivale
a dizer que
lim r (t ) = r (t 0 ).
t →0
f ( x + h) − f ( x )
f ( x ) = lim (1.9)
h→0 h
sempre que esse limite existe, e que ela representa a taxa de variação instan-
tânea da função f(x) para qualquer x de seu domínio.
Considerando a definição de derivada apresentada em (1.9), podemos con-
cluir que a derivada da função vetorial r (t ) é:
r ( t + h) − r ( t )
r (t ) = lim (1.10)
h→0 h
28 • capítulo 1
r ( t + h) − r ( t )
r ( x ) = lim
h→0 h
x ( t + h ) i + y ( t + h ) j + z ( t + h )k − x ( t ) i + y ( t ) j + z ( t ) k
= lim
h→0 h
x ( t + h ) i − x ( t ) i + y ( t + h ) j − y ( t ) j + z( t + h )k − z( t )k
= lim
h→0 h
[ x ( t + h ) − x ( t ) ] i + [ y ( t + h ) − y ( t ) ] j + [ z( t + h ) − z( t ) ] k
= lim
h→0 h
Agora, considerando a igualdade em (1.8), podemos concluir:
r = lim
[ x ( t + h) − x ( t ) ] i
+ lim
[ y ( t + h) − y ( t ) ] j
+ lim
[ z( t + h ) − z( t ) ] k
h→0 h h→0 h h→0 h
Portanto, a derivada da função vetorial r é dada por:
r = x (t ) + y (t ) + z (t ) (1.11)
Sendo c uma constante real e u e v funções escalares (ou reais) de uma vari-
ável x, temos:
d
• (sen u) = (cos u)u'
dx
d
• (cos u) = ( −sen u)u '
dx
d
• (tg u) = (sec2 u)u'
dx
d
• (csc u) = ( − csc u ⋅ cotg u)u '
dx
d
• (sec u) = (sec u ⋅ tg u)u '
dx
capítulo 1 • 29
d
• (cotg u) = ( − csc2 u)u'
dx
d u'
• (arc sen u) =
dx 1 − u2
d − u'
• (arc cos u) =
dx 1 − u2
d 1
• (arc tg u) =
dx 1 + u2
d − u'
• (arc csc u) =
dx u u2 − 1
d u'
• (arc sec u) =
dx u u2 − 1
d − u'
• (arc cotg u) =
dx 1 + u2
d u
• (a ) = (a u ⋅ ln a)u'
dx
d u
• (e ) = (eu )u'
dx
d u'
• (log a u) =
dx u ⋅ ln a
d u'
• (ln u) =
dx u
Exemplo 1.11
Vamos determinar a derivada da função vetorial
r (t ) = (sen t ) i + (cos t ) j + (6et )k.
r (t ) = (cos t ) i + ( −sen t ) j + (6et )k .
30 • capítulo 1
A integral indefinida da função vetorial r (t ) é dada por
∫ r (t ) dt = R(t ) + C,
em que R (t ) é uma primitiva de r (t ) e C é a constante de integração.
Podemos, portanto, concluir que a integral indefinida da função vetorial
r (t ) = x(t ) i + y (t ) j + z(t )k , para t ∈, é dada por
∫ r (t ) dt = (∫ x(t ) dt ) i + (∫ y(t ) dt ) j + (∫ z(t ) dt ) k .
(1.12)
• ∫ k dx = kx + C
x n +1
• ∫ x n dx = + C, para todo n real diferente de – 1.
n +1
• ∫ sen x dx = − cos x + C
• ∫ cosx dx = sen x + C
• ∫ sec2 x dx = tg x + C
• ∫ csc2 x dx = −cotg x + C
1
• ∫ 1 + x2 dx = −cotg x + C
capítulo 1 • 31
1
• ∫ 1 − x2
dx = arc sen x + C
1
• ∫ 1 − x2
dx = −arc cos x + C
1
• ∫ dx = arc tg x + C
1 + x2
1
• ∫x x2 − 1
dx = −arc csc x + C
1
• ∫x x2 − 1
dx = arc sec x + C
1
• ∫ 1 + x2 dx = − arc cotg x + C
• ∫ a x ⋅ ln a dx =a x + C
• ∫ ex dx = ex + C
1
• ∫ x ⋅ ln a dx = log a x + C
1
• ∫ x dx = ln x + C
Exemplo 1.12
Calcule a integral indefinida da função
r (t ) = (t 2 − 1) i + (2t + 1) j + (cos t )k .
Tomando C = C1 i + C2 j + C3 k , podemos, então, concluir que:
t3
∫ r (t ) dt = 3 − t i + ( t 2 + t ) j + (sen t ) k + C .
32 • capítulo 1
Na resolução de integrais de funções vetoriais, também podem ser utilizadas
as técnicas de integração abordadas no livro de Cálculo Diferencial e Integral I, tais
como integral por substituição, integral por partes e integral por frações parciais.
Se a função r (t ) = x(t ) i + y (t ) j + z(t )k for integrável no intervalo [a, b], então a
sua integral definida, nesse intervalo, será dada por:
b
( b
∫a r (t ) dt = ∫a x(t ) dt ) i + (∫ y(t) dt) j + (∫ z(t) dt) k.
a
b b
a
(1.13)
Exemplo 1.13
Vamos retomar a função r (t ) = (t 2 − 1) i + (2t + 1) j + (cos t )k do exemplo ante-
rior para calcular o valor de sua integral definida de t = 0 a t = π.
Temos:
0
π
( π
0
) (
π
0
π
) (
∫ r (t ) dt = ∫ (t 2 − 1) dt i + ∫ (2t + 1) dt j + ∫ (cos t ) dt k
0 )
π
t3 π π
= − t i + t 2 + t 0 j + [sen t ]0 k
3 0
π3 03
= − π − − 0 i + π2 + π − (02 + 0) j + [sen π − sen π ] k
3 3
π 3 − 3π
= i + π 2 + π j + 0 k
3
r ( t ) = x ( t ) i + y ( t ) j + z ( t )k ,
e se r (t ) é derivável em todos os pontos de seu domínio, a curva que define
a sua trajetória é considerada lisa se dr / dt for contínua e diferente de zero.
Isso equivale a dizer que as derivadas primeiras x (t ), y (t ) e z (t ) de suas fun-
ções componentes existem e não são todas iguais a zeros, concomitantemente.
capítulo 1 • 33
Se a função r (t ) é o vetor posição dessa partícula, que se movimenta no es-
paço, então seu vetor velocidade é dado por:
v (t ) = r (t ) . (1.14)
O vetor v (t ) é tangente à curva r (t ). Além disso, a magnitude de v (t ) é o mó-
dulo da velocidade da partícula.
O versor de v (t ), que é um vetor unitário com mesma direção e sentido de
v (t ), indica a direção do movimento da partícula. Esse vetor é denominado ve-
tor tangente unitário e é dado por:
v
T= . (1.15)
v
Da mesma forma que v (t ) é a derivada de r (t ) pelo fato de a velocidade ser a
taxa de variação da posição em relação ao tempo, podemos concluir que o vetor
aceleração a(t ) é dado por:
a( t ) = v ( t ) , (1.16)
se v'(t ) existir, pelo fato de a aceleração ser definida como a taxa de variação
da velocidade (em relação ao tempo).
Exemplo 1.14
Uma partícula inicia seu movimento no ponto (0,1,0) e tem vetor posição
dado por
t
r (t ) = (sen t ) i + (cos t ) j + k .
2
34 • capítulo 1
z
7
2
4
1y 3
2
–4 –3 1
0
–2 –1 –1 0
–2 0 –1
–3 –2 –3 x
–4 –4
–5
Figura 1.22
O seu vetor velocidade v (t ) é dado por:
v (t ) = r (t )
1
= (cos t ) i + ( −sen t ) j + k.
2
capítulo 1 • 35
O vetor aceleração dessa partícula será dado por:
a(t ) = v (t )
= ( − sen t ) i + ( −cos t ) j + 0k.
Exemplo 1.15
Vamos considerar a partícula do exemplo anterior para determinar sua cur-
vatura e o vetor normal N.
v
T= .
v
36 • capítulo 1
Então,
1
(cos t ) i + ( −sen t ) j + k
2
T=
2
(cos t )2 + ( −sen t )2 +
1
2
1 1
= (cos t ) i + ( −sen t ) j + 2 k
1
cos2 t + sen2 t +
4
1 1
= (cos t ) i + ( −sen t ) j + 2 k
1
1+
4
2 5 1
= (cos t ) i + ( −sen t ) j + k
5 2
2 5 2 5 5
= cos t i + − sen t j + k.
5 5 5
capítulo 1 • 37
4
Portanto, sua curvatura é igual a unidades de comprimento por unidade
5
de tempo.
A equação (1.18), que define o vetor normal N , permite-nos escrever:
T (t )
N=
T (t )
2 5 2 5
− 5 sen t i + − 5 cos t j + 0k
=
2 5 2 5
− 5 sen t i + − 5 cos t j + 0k
2 5 2 5
− 5 sen t i + − 5 cos t j + 0k
=
2 2
2 5 2 5
− 5 sen t + − 5 cos t + 02
2 5 2 5
−
5 sen t i + − 5 cos t j + 0k
=
4 4
sen2 t + coss2 t
5 5
2 5 2 5
− 5 sen t i + − 5 cos t j + 0k
=
4
5
(sen2 t + cos2 t )
2 5 2 5
− 5 sen t i + − 5 cos t j + 0k
=
4
5
5 2 5 2 5
= − sen t i + − cos t j + 0k
2 5 5
= ( −5 sen t ) i + ( −5 cos t ) j + 0k
= − (sen t ) i + (cos t ) j + 0k.
38 • capítulo 1
1.4 Coordenadas polares
Até o momento, todas as representações gráficas de vetores ou de funções
foram feitas utilizando-se coordenadas cartesianas do tipo (x,y) ou (x,y,z), res-
pectivamente, no 2 e no 3. Mas uma outra forma, que muitas vezes torna a re-
presentação mais simples, ocorre através da utilização de coordenadas polares.
Para defini-las, primeiro precisamos fixar uma origem, que é um ponto deno-
minado polo, e iremos representá-lo por O. A partir desse ponto, determinamos
uma semirreta orientada, chamada de eixo polar. Assim, para cada ponto P do
plano, definimos um par de coordenadas (r,θ) em que r é a distância do ponto O
ao ponto P e θ é a medida do ângulo formado entre o segmento OP e o eixo polar.
P
r
O θ
eixo polar
Figura 1.23
Exemplo 1.16
Vamos determinar as coordenadas polares do ponto 1, 3 . ( )
2
P
1 r
0 O θ
0 b 1
Figura 1.24
capítulo 1 • 39
Na figura 1.24, temos a representação do ponto P utilizando suas coordena-
das cartesianas e a indicação das coordenadas polares (r, θ). Para determinar
a coordenada polar r, podemos utilizar o teorema de Pitágoras, como a seguir:
( 3)
2
r 2 = 12 + ⇒ r = 2.
Exemplo 1.17
Obtenha todas as coordenadas polares do ponto π , representado na fi-
2,
3
gura 1.25.
2
P
1 r
0 O
–1 0 1
–1
Figura 1.25
40 • capítulo 1
π 2π
O ponto P = 2, também pode ser representado por P = −2, − , quan-
3 3
do invertemos o sentido do segmento orientado que une os pontos P e O e, nes-
se caso, a medida do ângulo entre a reta suporte desse segmento e o eixo x é
representada considerando-se o sentido horário (negativo).
π
O ângulo de medida θ = possui infinitos ângulos equivalentes, que são:
3
π π π
± 2π, ± 4π, ± 6π, ...
3 3 3
2π
De forma semelhante, para o ângulo de medida θ = − , temos as seguintes
3
medidas equivalentes:
2π 2π 2π
− ± 2π, − ± 4π, − ± 6π, ...
3 3 3
π
Portanto, considerando a representação do ponto P na forma 2, , pode-
3
mos estabelecer como equivalentes as representações:
π
2, ± 2nπ , para n ∈ .
3
π
Quanto à representação na forma −2, , temos as seguintes representa-
3
ções para o ponto P:
2π
−2, − ± 2nπ , para n ∈ .
3
capítulo 1 • 41
Exemplo 1.18
A equação do círculo de raio igual a 4, com centro em (0,0), representada
com coordenadas cartesianas, é:
x2 + y2 = 4. (1.19)
r 2 cos2 θ + r 2 sen2 θ = 4
r 2 (cos2 θ + sen2 θ ) = 4
r2 = 4
Exemplo 1.19
Agora, vamos converter uma equação polar para a forma cartesiana. A
equação
5
r= ,
3 sen θ + 2 cos θ
que está na forma polar, pode ser escrita na forma cartesiana considerando-se
as substituições:
x = r cos θ e y = r sen θ.
42 • capítulo 1
5
r=
3 sen θ + 2 cos θ
r (3 sen θ + 2 cos θ ) = 5
3r sen θ + 2r cos θ = 5
3 x + 2 y = 5.
capítulo 1 • 43
44 • capítulo 1
2
Funções de Várias
Variáveis e Suas
Derivadas
As aplicações de funções reais (ou escalares) que dependem de apenas uma
variável são inúmeras. No Cálculo Diferencial e Integral I, estudamos exclu-
sivamente esse tipo de função. Vimos aplicações de seus limites, derivadas e
integrais. No entanto, há outras incontáveis aplicações em que necessitamos
do auxílio de funções que dependem de duas ou mais variáveis. Podemos citar
diversos exemplos na Física, Química, Engenharia, Computação, Biologia, Ci-
ências Econômicas, Contábeis ou Sociais, entre tantas outras áreas. A seguir,
alguns exemplos que serão apenas citados, com o intuito apenas de dar uma
noção da gama de aplicações do assunto que veremos neste capítulo.
A lei de Gay-Lussac ou lei de um gás ideal confinado é dada pela equação
PV = kT (1.1)
kT kT PV
P ( T, V ) = , V (P, T ) = e T(P, V ) = .
V P k
46 • capítulo 2
No estudo de circuitos elétricos, a potência instantânea P desenvolvida por
um dispositivo de dois terminais é o produto da diferença de potencial U entre
os terminais e a corrente elétrica I que passa através do dispositivo. Podemos
escrever a potência P em função das variáveis U e I da seguinte forma:
P(I,U) = I · U,
capítulo 2 • 47
2.1 Funções de várias variáveis
Definição:
Uma função f; n → , que relaciona cada valor real w de um conjunto D ∈ com um
n-upla ordenada (x1, x2,..., xn) ∈n é denominada uma função de várias variáveis.
Podemos representá-la na forma:
w = f ( x1, x2 ,..., xn )
Exemplo 2.1
A representação gráfica da função
z=x–y+2
é um plano que está representado na figura 2.1. Para uma melhor visualiza-
ção, foram consideradas as seguintes variações para x e y:
−2 ≤ x ≤ 2 e − 2 ≤ y ≤ 2.
48 • capítulo 2
Na verdade, da forma como a função foi apresentada, não há restrições para
os valores de x e de y, o que torna o plano ilimitado.
Para determinar pontos dessa função (ou do plano), podemos seguir as su-
gestões abaixo:
6 z
3
–4
–4 2 –3
–3 –2
–2 1 –1
–1
0
00 1
1 2
2 3
–1 4
3 5
4 –2
5 y
6 –3
x
Figura 2.1
capítulo 2 • 49
6 z
(1, –1, 4) 4
3
–4
–4 2 –3
–3 –2
–2 1 –1
–1
0
00 1
1 2
2 3
–1 4
3 5
4 –2
5 y
6 –3
x
Figura 2.2
Exemplo 2.2
A função
z = x2 + 2y2
50 • capítulo 2
z
5
–5 3
–4 4
2
–3 3 y
–2 2
1
1
–1 00
–1 0
–2
–1 1
–3
–4 2
–2 x
3
Figura 2.3
Exemplo 2.3
A função
y2
z = x2 +
4
tem representação gráfica apresentada na figura 2.4
z
7
3
6
2 5
4 y
3
–7 –6 1 2
–5 –4 0 1
–3 –2 –1 0
–1 0
–2
–3 1 2 x
–4 –1 3 4 5
–5 6
–6 –2
–7
–3
–4
Figura 2.4
capítulo 2 • 51
A expressão
y2
x2 +
4
que aparece no interior de uma raiz quadrada não pode assumir valor nega-
tivo. Portanto, devemos ter valores x e y tais que
y2
x2 + ≥ 0.
4
y2
z = x2 +
4
y2
D = ( x, y ) ∈R 2 / x 2 + ≥ 0 .
4
Exemplo 2.4
A função
z = 1 + sen x + cos y
tem como domínio todo o plano xy. Como a variação tanto da função seno
como da função cosseno ocorre somente no intervalo [1, 1], então podemos
concluir que a variável z assume qualquer valor real no intervalo [–1, 3].
O gráfico desta função é apresentado sob duas perspectivas diferentes nas
figuras 2.5 e 2.6.
52 • capítulo 2
z
8
7
6
5
4
3 6
5 y
2 4
–6 3
–5 1 2
–4 1
–3
–2 00
–1
–1
–3 –10 1
–3 2
–4 3
–5 –2 4
–6 5 x
–7 –3 6
–8 7
8
–4
Figura 2.5
z
8
1
–8 –7 –6 –5 –4 –3 –2 –1 0 1 2 3 x4 5 6
0
–6–5–4–3–2–1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 y
–1
–2
–3
–4
Figura 2.6
capítulo 2 • 53
Os conceitos de limite e continuidade são facilmente estendidos para as
funções de várias variáveis. Para limites, utilizaremos a seguinte notação
L= lim f ( x1 , x 2 ,..., x n )
(x1 ,x2 ,...,xn )→(a1 ,a2 ,...,an )
Exemplo 2.5
Calcule o limite
1 1
L= lim −1+ .
( x , y )→(2,3) x 2 y
Exemplo 2.6
O limite
y2
L= lim
( x , y )→( −1,2) x + 1
1 1
+ = ∞ ou –=–∞
0 0
54 • capítulo 2
tendem ao infinito. Portanto, podemos escrever
y2
L= lim =∞
( x , y )→( −1,2) x + 1
Exemplo 2.7
O limite
x2 y3
L= lim
( x , y )→(1,0) x 3 y + xy
não pode ser calculado diretamente, pois, se atribuirmos valor 0 (zero) para
y, a função assumirá a forma indeterminada 0/0. No entanto, é possível fatorar
as expressões do numerador e denominador e realizar uma simplificação algé-
brica que permitirá o cálculo do limite de forma fácil. Veja a seguir.
x2 y3
L= lim
( x , y )→(1,0) x 3 y + xy
x2 y3
= lim
( x , y )→(1,0) xy ( x 2 + 1))
xy 2
= lim
( x , y )→(1,0) x 2 + 1
0 ⋅ 02
=
02 + 1
=0
Uma função f(x, y) é contínua em um ponto (x0, y0) se, e somente se, existe o limite
lim f( x, y )
( x , y )→ ( x 0 , y 0 )
capítulo 2 • 55
Exemplo 2.8
Podemos dizer que a função
1 1
f ( x, y ) = −1+
x2 y
1 1
L= lim −1+
( x , y )→(2,3) x 2 y
Exemplo 2.9
A função
x2 y3
f ( x, y ) =
x 3 y + xy
x2 y3
L= lim
( x , y )→(1,0) x 3 y + xy
Se um ponto (x0, y0) pertence aos domínios de duas funções f(x,y) e g(x, y) e se ambas são
contínuas nesse ponto, então:
• h(x, y) = f(x, y) ± g(x, y) é contínua em (x0, y0);
• h(x, y) = f(x, y) g(x, y) é contínua em (x0, y0);
f( x, y )
• h( x, y ) = é contínua em (x0, y0) se g(x0, y0) ≠ 0.
g( x, y )
56 • capítulo 2
2.2 Diferenciação parcial
O processo de diferenciação (ou derivação) de funções de várias variáveis pode
ser realizado considerando-se as já conhecidas regras de derivação de funções
a uma variável. Basta aplicar essas regras a uma das variáveis independentes,
mantendo fixas as demais. Esse método é denominado diferenciação parcial.
Inicialmente, vamos considerar funções com apenas duas variáveis inde-
pendentes para mostrar como o realizar a diferenciação parcial, pois, para fun-
ções com mais variáveis, não há alterações significativas nesse processo.
Exemplo 2.10
Considere a função
f ( x, y ) = x 2 + y 2 − x + y .
∂f ( x , y ) ∂ 2
= (x + y2 − x + y )
∂x ∂x
∂ ∂ ∂ ∂
= ( x 2 ) + ( y 2 ) − ( x ) + ( y ).
∂x ∂x ∂x ∂x
∂f ( x , y ) ∂ 2 ∂ ∂ ∂
= ( x ) + ( y2 ) − (x ) + ( y )
∂x ∂x ∂x ∂x ∂x
= 2x + 0 − 1 + 0
= 2x − 1
capítulo 2 • 57
Nesse caso, as derivadas nulas serão
∂ 2 ∂
∂x
( x ) e
∂x
(x )
A notação que geralmente utilizamos para indicar uma derivada parcial, por exemplo, de
uma função f em relação a x, é
∂f ( x , y ) .
∂x
Podemos também indicá-la utilizando a letra “d ” no lugar do símbolo “d”, ou seja, na forma
df ( x, y ) .
dx
Contudo, a utilização desse símbolo serve para dar ênfase ao fato de que se trata de
uma derivação parcial.
De forma geral, para uma função f de duas variáveis, definimos as suas deri-
vadas parciais como mostrado a seguir.
58 • capítulo 2
coordenada x. De forma análoga, a derivada parcial em relação a y reflete a taxa
de variação instantânea de f(x, y) em relação somente à coordenada y.
Para uma compreensão mais clara do que isso significa, veja o exemplo
seguinte.
Exemplo 2.11
Considere, novamente, a função do Exemplo 2.10. Vimos que
∂f ( x , y ) ∂f ( x , y )
= 2x − 1 e = 2y + 1
∂x ∂y
∂f (1, −1)
= 2 ⋅1 − 1 = 1 .
∂x
Esse resultado indica que, nesse ponto, a taxa de variação instantânea da fun-
ção f(x, y) em relação a x é igual a 1. Isso equivale a dizer que o coeficiente angular
da reta tangente à superfície f(x, y) no ponto (1, –1) e paralela ao plano yz é igual a
1. Veja, na figura 2.7, a representação do gráfico da função f(x, y) e da reta tangen-
te a ele no ponto (1, –1), bem como do plano em que a reta tangente está situada.
z
4
1 2
–2
–2 –1 –1 0 0 y
–3 (1, –1, 0)0
1
2
3
Figura 2.7
capítulo 2 • 59
A seguir, você vê a generalização da definição de derivada parcial para fun-
ções de várias variáveis.
é a derivada parcial de f(x1, x2, ..., xn) em relação à variável xk, desde que esse limite
exista.
Para indicar a derivada parcial de uma função f(x1, x2, ..., xn) em relação a uma variável xk,
estamos (e vamos continuar) utilizando a notação
∂f ( x1, x2 ,..., xn )
.
∂xk
Contudo, há outras notações que surgem em diversos livros e textos envolvendo o es-
tudo de derivadas parciais. Todas as representações a seguir são equivalentes:
∂f ( x1, x2 ,..., xn ) ∂f
=
∂x k ∂x k
= fx ( x1, x2 ,..., xn )
k
= fk ( x1, x2 ,..., xn )
= Dx f ( x1, x2 ,..., xn )
k
= Dk f ( x1, x2 ,..., xn )
Exemplo 2.12
Encontre as derivadas parciais da função
x
f ( x, y, z) = x3 y 2 z + 3 y − x ln y +
z
em relação a cada uma das variáveis x, y e z.
60 • capítulo 2
os termos em que estiverem presentes y e z, aplicaremos as regras de derivação
que envolvem constantes. Teremos, então:
∂f ( x , y , z ) ∂ 3 2 x
= x y z + 3 y − x ln y +
∂x ∂x z
∂ ∂ ∂ ∂ x
= ( x3 y 2 z ) + (3 y ) − ( x ln y ) +
∂x ∂x ∂x ∂x z
1
= (3x 2 y 2 z ) + 0 − ( ln y ) +
z
1
= 3x 2 y 2 z − ln y +
z
∂f ( x , y , z ) ∂ 3 2 x
= x y z + 3 y − x ln y +
∂y ∂y z
∂ 3 2
=
∂y
( x y z) + ∂∂y (3 y ) − ∂∂y ( x ln y ) + ∂∂y xz
1
= (2 x3 yz ) + 3 − x ⋅ + 0
y
x
= 2 x3 yz + 3 −
y
∂f ( x , y , z ) ∂ 3 2 x
= x y z + 3 y − x ln y +
∂z ∂z z
∂ ∂ ∂ ∂ x
= ( x3 y 2 z ) + (3 y ) − ( x ln y ) +
∂z ∂z ∂z ∂z z
x
= ( x3 y 2 ) + 0 − 0 + − 2
z
x
= x3 y 2 − 2
z
capítulo 2 • 61
Exemplo 2.13
A resistência elétrica R (em ohms) de um circuito elétrico é dada por
E
R=
I
em que I é a corrente elétrica (em ampères) e E é a força eletromotriz (em
volts). Podemos denotar a função R como
R (E, I).
∂R (E, I) ∂R (E, I)
e .
∂E ∂I
Temos, portanto
∂R (E, I) 1
=
∂E I
e
∂R (E, I) E
=− 2
∂I I
∂R (10, 220) 1
= = 0,1 (1.2)
∂E 10
e
∂R (E, I) 220
= − 2 = −2, 20 . (1.3)
∂I 10
62 • capítulo 2
é igual a 10 (e a força eletromotriz é fixada em 220 volts), é igual a –2,20, o que
equivale a dizer que a resistência elétrica diminui 2,20 ohms para um aumento
infinitesimalmente pequeno da corrente elétrica.
Mais uma aplicação a seguir.
Exemplo 2.14
O volume f de um cone é dado por
π y2
f ( x, y ) = 9x2 − y 2
12
em que x é o comprimento, em centímetros, da sua geratriz (segmento que
une o vértice do cone a qualquer ponto da circunferência que delimita sua base)
e y é a medida, em centímetros, do diâmetro de sua base.
d) Mantido o diâmetro fixo (constante) e igual a 16 cm, com a geratriz va-
riando, determine a taxa de variação do volume do cone em relação à medida da
geratriz, no momento em que esta mede 8 cm.
e) Agora, mantendo fixa a medida da geratriz, com o diâmetro variando,
calcule a taxa de variação do volume em relação à medida do diâmetro, quando
este vale 16 cm.
A figura 2.8 apresenta o cone, considerando os valores x = 8 cm e y = 16 cm.
4
10
8
2 6
4
–10 2
–8
–6
–4
–2–2 00
0
–4 2
–6 4
6
–8 –2 8
–4
–6
Figura 2.8
capítulo 2 • 63
Para determinar o que se pede no item (a), devemos, num primeiro momen-
to, calcular a derivada parcial da função f em relação a x. Vejamos:
∂f ( x , y ) ∂ π y 2
= 9x2 − y 2 .
∂x ∂x 12
∂f ( x , y ) π y 2 ∂
∂x
= ⋅
12 ∂x
( 9x2 − y 2 . )
E para realizar o cálculo da derivada, será necessário aplicar a regra da ca-
deia (para função a uma variável) no cálculo de
∂f ( x , y ) π y 2 ∂
∂x
= ⋅
12 ∂x
( 9x2 − y 2 . )
Então, podemos realizar os cálculos da seguinte maneira:
∂f ( x , y ) π y 2 ∂
∂x
= ⋅
12 ∂x
( 9x 2 − y 2 )
1
π y2 ∂
= ⋅ (9 x 2 − y 2 ) 2
12 ∂x
1
π y2 1
⋅ (9 x 2 − y 2 ) 2 (18x )
−
=
12 2
3π xy 2
=
4 9x2 − y 2
64 • capítulo 2
Com relação ao que se pede no item (b), temos de começar calculando a
derivada parcial da função f em relação a y:
∂f ( x , y ) ∂ π y 2
= 9x2 − y 2
∂y ∂y 12
∂f ( x , y ) ∂ π y 2
∂y
=
∂y 12
⋅ ( ) ∂∂y (
9x2 − y 2 + ) π y2
9x2 − y 2
12
=
∂ π y2
∂y 12
⋅ ( ) ∂∂y (
9x2 − y 2 + ) π y2
9x2 − y 2
12
∂ π y2 ∂ 1
π y2
= ⋅ 9 x 2 − y 2 + (9 x 2 − y 2 ) 2
∂ y 12 ∂y 12
1
2π y 1 π y2
⋅ 9 x 2 − y 2 + (9 x 2 − y 2 ) 2 ( −2 y )
−
=
12 2 12
π y π y3
= ⋅ 9x2 − y 2 −
6 12 9 x 2 − y 2
capítulo 2 • 65
2.3 Regra de cadeia
No estudo de funções de uma variável, vimos que há situações em que uma fun-
ção f poderia ser escrita em relação a uma variável t que também era uma fun-
ção de outra variável x. E, nesse caso, a derivada de f em relação a x é dada pela
regra da cadeia da seguinte forma:
dy dy dt
= ⋅ .
dx dt dx
O Exemplo 2.14 apresenta a aplicação dessa regra para função a uma variável.
Mas, como devemos proceder quando temos de aplicá-la para o cálculo de de-
rivadas parciais de funções com duas ou mais variáveis? É o que veremos nesta
seção.
A seguir serão apresentadas duas versões da regra da cadeia: uma para fun-
ções a duas variáveis e outra para funções a três variáveis.
dz ∂f dx ∂f dy
= ⋅ + ⋅
dx ∂x dt ∂y dt
Exemplo 2.15
Seja z = f(x, y) uma função de duas variáveis dada por
z = f(x, y) = x2 y + 2x – y,
em que x = cos t e y = t – 5.
2
66 • capítulo 2
Agora, precisamos realizar as substituições x = cos t e y = t2 – 5:
dz
= 2 (cos t )( t 2 − 5) + 2 ( −sen t ) + (cos2 t ) − 1 2t
dx
= −2t 2 sen t cos t + 5 sen t cos2 t − 2 sen t + 2t cos2 t − 2t
Exemplo 2.16
Seja w = f(x, y, z) uma função de duas variáveis dada por
f(x, y, z) = 2xy + z,
em que x = In t, y = et e z = t2.
A derivada de w em relação a t é dada por:
dw ∂f dx ∂f dy ∂f dz
= ⋅ + ⋅ + ⋅
dx ∂x dt ∂y dt ∂z dt
∂(2 xy + z ) d (ln t ) ∂ (2 xy + z ) d (et ) ∂ (2 xy + z ) d ( t 2 )
= ⋅ + ⋅ + ⋅
∂x dt ∂y dt ∂z dt
1
= 2 y + 2 xet + 1 ⋅ 2t
t
capítulo 2 • 67
2.4 Derivadas de ordem superior
No estudo de funções de uma variável, vimos que há diversos casos em que,
além da derivada (primeira) de uma função, também possuem importantes
aplicações as derivadas de ordem superior (derivada segunda, derivada tercei-
ra, etc.). Um exemplo típico diz respeito à aceleração de uma partícula em mo-
vimento que é dada pela derivada segunda da sua função posição.
Nesta seção, veremos como determinar derivadas parciais de ordem supe-
rior para funções a duas variáveis. Para funções a três ou mais variáveis, o pro-
cedimento é o mesmo, basta realizar com as demais variáveis o processo que
foi aplicado às duas primeiras. Para quem sabe determinar a derivada primeira,
não haverá dificuldades para determinar derivadas de ordem superior. Os pro-
cedimentos serão explicados através do próximo exemplo.
Exemplo 2.17
Determine as derivadas parciais de segunda ordem da função
∂f ( x , y ) ∂ ∂
= ( 5 x 3 y ) − (3 x 2 y 4 )
∂x ∂x ∂x
= 15x 2 y − 6 xy 4
e
∂f ( x , y ) ∂ ∂
= (5 x 3 y ) − (3 x 2 y 4 )
∂y ∂y ∂y
= 5x 3 − 12 x 2 y 3
Agora, cada uma das derivadas parciais obtidas pode ser derivada novamen-
te em relação a x e a y.
Considerando a função derivada
∂f ( x , y )
= 15x 2 y − 6 xy 4 ,
∂x
68 • capítulo 2
temos:
∂ ∂f ( x , y ) ∂
= (15x 2 y − 6 xy 4 )
∂x ∂x ∂x
∂ ∂
= (15x 2 y ) − (6 xy 4 )
∂x ∂x
= 30 xy − 6 y 4
e
∂ ∂f ( x , y ) ∂
= (15x 2 y − 6 xy 4 )
∂y ∂x ∂y
∂ ∂
= (15x 2 y ) − (6 xy 4 )
∂y ∂y
= 15x 2 − 24xy 3
Agora, considerando a derivada
∂f ( x , y )
= 5x3 − 12 x 2 y 3 ,
∂y
temos:
∂ ∂f ( x , y ) ∂
= (5x3 − 12 x 2 y 3 )
∂x ∂y ∂x
∂
=
∂x
(5x3 ) − ∂∂x (12x2 y3 )
= 15x 2 − 24xy 3
e
∂ ∂f ( x , y ) ∂
= (5x3 − 12 x 2 y 3 )
∂y ∂y ∂y
∂ ∂
=
∂y
( 5x 3 ) − (12 x 2 y 3 )
∂y
= 0 − 36 x 2 y 2
= −36 x 2 y 2
capítulo 2 • 69
∂ ∂f ( x , y )
= 15x 2 − 24xy 3 ,
∂y ∂x
∂ ∂f ( x , y )
= 15x 2 − 24xy 3 ,
∂x ∂y
∂ ∂f ( x , y )
= −36 x y .
2 2
∂y ∂y
∂2 f ∂ ∂f ( x , y )
• , fyy ou f22 são equivalentes a ;
∂y 2
∂y ∂y
∂2 f ∂ ∂f ( x , y )
• , f ou f21 são equivalentes a ;
∂x∂y yx ∂y ∂y
∂2 f ∂ ∂f ( x , y )
• , fxy ou f12 são equivalentes a ;
∂y∂x ∂y ∂y
∂2 f ∂2 f
As derivadas e são chamadas de derivadas parciais mistas de f.
∂x∂y ∂y∂x
∂ ∂ ∂f ( x , y )
∂x ∂x ∂x
∂3 f
.
∂x 3
70 • capítulo 2
∂2 f
Para determiná-la, basta derivar a função em relação a x novamente.
∂x 2
Veja:
∂3 f ∂ ∂ 2 f
=
∂x3 ∂x ∂x 2
∂
=
∂x
(30xy − 6 y 4 )
∂ ∂
= (30 xy ) − (6 y 4 )
∂x ∂x
= 30 y − 0
= 30 y
∂ ∂ ∂f ( x , y )
∂y ∂x ∂x
∂2 f
Para determiná-la, basta derivada a função em relação a y:
∂x 2
∂3 f ∂ ∂2 f
=
∂y∂x 2 ∂y ∂x 2
∂
=
∂y
(30xy − 6 y 4 )
∂ ∂
= (30 xy ) − (6 y 4 )
∂y ∂y
= 30 x − 24 y 3
No próximo capítulo, estudaremos as integrais para funções a mais de uma
variável.
capítulo 2 • 71
72 • capítulo 2
3
Integrais Múltiplas
A integração, tida como um processo inverso ao da derivação, já foi vista no Cál-
culo Diferencial e Integral de funções a uma variável. As regras e os métodos de
integração que você conhece continuarão a ser utilizados neste capítulo, mas
em integrais de funções a duas ou mais variáveis.
O objetivo deste capítulo é estender a noção de integral definida para funções
de duas ou mais variáveis de forma intuitiva até chegar às integrais múltiplas.
Não nos preocuparemos com demonstrações (algumas já realizadas para as fun-
ções de uma variável), mas vamos procurar compreender cada método a partir do
conhecimento construído no estudo do Cálculo Diferencial e Integral I.
74 • capítulo 3
3.1 Integrais duplas e áreas
No capítulo anterior, estudamos as derivadas parciais de funções a duas ou
mais variáveis. Você certamente se lembra de que, para calcular uma deriva-
da parcial em relação a determinada variável, é necessário aplicar as regras de
derivação (as mesmas utilizadas para funções a uma variável) considerando as
demais variáveis como constantes.
No cálculo de integrais de funções a duas ou mais variáveis, procederemos
de forma análoga: integramos uma função em relação a determinada variável,
fixando as demais. Veja um exemplo que mostra um dos tipos de cálculos com
os quais iremos trabalhar neste capítulo.
Exemplo 3.1
Considere a função
f ( x, y ) = 3 x 2 y 5 .
capítulo 3 • 75
Outra observação a respeito da resolução dessa integral refere-se às cons-
tantes de integração C1 e C. Como a expressão 3y5C1(y) é constante, então foi
realizada a substituição:
C(y) = 3y5C1(y)
76 • capítulo 3
y
f(x)
x
a b
Figura 3.1
f (x, y)
a c
b
d
x y
Figura 3.2
capítulo 3 • 77
De forma geral, para uma função f(x, y) ≥ 0 numa região R, o volume do sóli-
do que é limitado superiormente por e inferiormente pelo plano xy é dado pela
integral dupla de f sobre a região R, que é simbolizada por:
∫∫ f ( x, y ) dx dy . (3.1)
R
Vamos tomar, inicialmente, uma função f(x, y) bem simples para que possa-
mos obter o volume de um sólido utilizando integral dupla e comparar o resul-
tado com o obtido sem a utilização do processo de integração.
Exemplo 3.2
Considere a função
f(x, y) = 4.
Essa função tem representação gráfica da por uma superfície plana, para-
lela ao eixo xy e que intercepta o eixo z no valor 3. Vamos determinar o volume
do sólido limitado por esta função, pelo plano xy, na região em que 2 ≤ x ≤ 5 e
1 ≤ y ≤ 3.
O sólido em questão é um prisma de base retangular com área igual a 6 e de
altura igual a 3. Seu volume é, portanto, igual a 6 · 4 = 24.
z
00
1 0 1
2
2 3
3 4 5
4 6
5
6
y
x
Figura 3.3
78 • capítulo 3
Agora, porém, vamos obter seu volume utilizando integral dupla. A base su-
perior desse prisma pode ser interpretada como uma superfície gerada pela fun-
ção f(x, y), considerando 2 ≤ x ≤ 5 e 1 ≤ y ≤ 3. Podemos, então, utilizar a integral
descrita em (3.2) para calcular o seu volume, tomando a = 2, b = 5, c = 1 e d = 3:
3 5 3 5
∫1 ∫2 4 dx dy = ∫
1 2 ∫ 4 dx dy
= ∫ ∫ 4 dx dy
3 5
1 2
3 5
= ∫ 4x + C1 2 dy
1
= ∫ 20 + C1 − (8 + C1 ) dy
3
1
3
= ∫ 12 dy
1
3
= 12 y + C2 1
= 36 + C2 − (12 + C2 )
= 24
∫∫ dx dy = A,
R
Exemplo 3.3
Utilizando derivadas duplas, determine a área da região representada na fi-
gura 3.4.
capítulo 3 • 79
y
3
f(x) = 4 – x2
2
–2 –1 1 2 x
Figura 3.4
2 4− x2
A=∫ ∫ dy dx .
−2 0
dy dx = ∫ ∫ dy dx
2 4− x2 2 4− x2
A=∫
−2 ∫0 −2 0
2 2
[ y ]04− x
2
=∫ dx = ∫ 4 − x 2 − 0 dx
−2 −2
2
2 x3
= ∫ 4 − x 2 dx = 4x −
−2 3 −2
23 ( −2)3
= 4(2) − − 4( −2) −
3 3
8 8 32
= 8 − − −8 + =
3 3 3
80 • capítulo 3
Podemos também utilizar as integrais duplas para calcular áreas de regiões
delimitadas por duas funções no plano. Veja como no próximo exemplo.
Exemplo 3.4
Vamos calcular, utilizando uma integral dupla, a área da região (fecha-
da) delimitada pelas funções:
y1 = x + 2 e y2 = x2.
y
y2 = x2
5
y1 = x + 2
–2 –1 1 2 x
–1
Figura 3.5
capítulo 3 • 81
Pela análise da Figura 3.5, é possível concluir que, no intervalo –1 < x < 2,
temos y1 < y2. Portanto, os limites de integração em relação à variável y serão,
nessa ordem, y2 = x2 e y1 = x + 2.
Vamos, então, ao cálculo da integral que nos levará à determinação da área
que desejamos:
2 x +2
A=∫
−1 ∫x 2
dy dx
x +2
= ∫ ∫ 2 dy dx
2
x
−1
2
=∫
−1
[ y ]xx +2
2 dx
2
= ∫ x + 2 − x 2 dx
−1
2
x2 x3
= + 2x −
2 3 −1
23 ( −1) ( −1)3
2
22
= + 2⋅2 − − + 2 ( −1) −
2 3 2 3
8 1 1
=6− − +2−
3 2 3
9
=
2
∫∫ f ( x, y ) dx dy.
R
∫∫ c dx dy = c ⋅ A.
R
82 • capítulo 3
Compare a propriedade (II) com os cálculos realizados no Exemplo 3.2.
(III) ∫∫ c ⋅ f ( x, y ) dx dy = c ⋅ ∫∫ f ( x, y ) dx dy ;
R R
Na próxima seção, veremos como realizar cálculos com integrais triplas utili-
zando coordenadas polares.
θ1
θ2
r1 r2 x
Figura 3.6
capítulo 3 • 83
Conforme visto na seção 1.3, a transformação de coordenadas cartesianas para
coordenadas polares ocorre de acordo com as igualdades:
y = r cos θ (3.3)
e
x = r sen θ (3.4)
θ2 r2
∫∫ f ( x, y ) dx dy = ∫θ ∫r f (r cos θ, r sen θ) rdr dθ
1 1
(3.5)
R
Exemplo 3.5
Calcule a área da região R indicada na figura 3.7, delimitada por dois setores
circulares.
2
R
1 2 3 x
Figura 3.7
84 • capítulo 3
f (x) = 4 − x2 e g(x) = 9 − x2 .
Mas, não é tarefa fácil resolver esse tipo de integral em que os limites de in-
tegração de uma das variáveis é expressa na forma de raiz de polinômios. Veja
como é possível transformar essa integral em outra com coordenadas polares,
facilitando o processo de integração.
3 9 − x2
A=∫
0∫
dy dx
4− x2
π
= ∫ 2 ∫ r dr dθ
3
0 2
π 3
r2
= ∫ 2 dθ
0
2 2
π
5
= ∫ 2 dθ
0 2
π
5θ 2
=
2 0
5π
=
4
Exemplo 3.6
Vamos, agora, considerar a região R do exemplo anterior para obter o volu-
me do sólido cuja base é a própria região R, com paredes ortogonais ao eixo x e
altura igual a 4. A figura 3.8 mostra a representação desse sólido.
Como já calculamos a área da região R, basta multiplicar seu valor por 4,
que é a altura do sólido em relação ao eixo z.
capítulo 3 • 85
A integral dupla que fornece o volume V desse sólido é
3 9 − x2
V=∫
0∫
4 dy dx .
4− x2
π
Na forma polar, vamos considerar que r varia de 2 a 3 e θ, de 0 a . Lembre-
2
se, também, de que dx dy = rdrdθ. Então:
5 z
3 9 − x2
V=∫ ∫ 4 dy dx 4
0 4− x2
π
3
= ∫ 2 ∫ 4r dr dθ 3
0 2
(∫ )
π
3 2 5
=∫ 2 4r dr dθ 4
0 2 y
3
π 1 2
3
=∫ 2 2r 2 dθ 1
0 2 0
π 0
0
=∫ 2 10 dθ
1
0
π 2
=[10θ 02 ] 3
= 5π 4 x
5
Figura 3.8
Exemplo 3.7
Calcule a integral
∫∫ x dx dy
R
86 • capítulo 3
y
2 R r=3
1 r = 3cos(θ)
1 2 3 x
Figura 3.9
∫ ( ) (
= 2 9 cos θ − 9 cos4 θ dθ
0
)
π π
∫
= 9 2 cos θ dθ − 9 2 cos4 θ dθ
0 0 ∫
∫ 0
2 cos4 θ dθ
capítulo 3 • 87
requer um procedimento algébrico não tão elementar quanto à resolução
da primeira. Vamos utilizar a identidade trigonométrica
1 cos 2θ
cos2 θ = + . (3.6)
2 2
cos4 θ = (cos2 θ )
2
2
1 cos 2θ
= +
2 2
1 cos 2θ cos2 2θ
= + +
4 2 4
1 cos 2θ cos2 2θ
cos4 θ = + +
4 2 4
1 cos 4θ
+
1 cos 2θ 2 2
= + +
4 2 4
1 cos 2θ 1 + cos 4θ
= + +
4 2 8
3 + 4 cos 2θ + cos 4θ
=
8
88 • capítulo 3
π π
9 1 2
= 9[sen θ ] 2
0
− 3θ + 2 sen 2θ + sen 4θ
8 4 0
π 9 π 1 1
= 9 sen − sen 0 − 3 + 2 sen π + sen 2π − 3 ⋅ 0 + 2 sen 2 ⋅ 0 + sen 4 ⋅ 0
2
8 2 4 4
9 π
= 9 − 3 + 0 + 0 − (0 + 0 + 0)
8 2
27π
=9−
16
117π
=
16
Exemplo 3.8
Calcule o volume V do sólido da Figura 3.10. Sua base superior é paralela
ao plano xy e tem altura (em relação ao eixo z) igual a 2. A região R é dada pelas
π π
coordenadas polares ( r 2 cos θ, r sen θ ), com ≤ θ ≤ e 1 ≤ r ≤ 2. A figura 3.11
6 3
mostra o mesmo sólido, mas sob uma perspectiva diferente, para que se tenha
uma ideia melhor de seu formato.
z
z
3
3
2
2 3
y
1 2
1
1
1 2 3
00 0 0
y 0
0
1
1
2 2
x
3 3
x
Figura 3.11
Figura 3.10
capítulo 3 • 89
Para determinar o volume V desse sólido, vamos calcular a integral dupla:
π
2
2∫ ∫ 3
π dr dθ .
1
6
2π
= 2∫ dθ
1 6
2
π
= 2 θ
6 1
2π π
=2 −
6 6
π
= unidades cúbicas.
3
90 • capítulo 3
Começamos resolvendo a integral
∫ f ( x, y, z) dx
Exemplo 3.9
Vamos calcular o volume V do sólido apresentado no Exemplo 3.2 (veja a
figura 3.3) utilizando uma integral tripla. Esse volume já foi obtido através da
integral dupla
3 5
∫ ∫ 4 dx dy ,
1 2
4 3 5
∫0 ∫1 ∫2 dx dy dz .
Podemos resolvê-la da seguinte forma:
4 3 5
∫ ∫2 dx dy dz
4 3 5
∫0 ∫1 ∫2 dx dy dz = ∫
0 1
4 3
=∫ ∫ [ x ]2 dy dz
5
0 1
= ∫ ∫ 3 dy dz
4 3
0 1
4
= ∫ [3y ]1 dz
3
0
4
=∫ 6 dz
0
= [6z ]0
4
= 24
capítulo 3 • 91
A seguir, veja um exemplo em que iremos calcular o volume, também
utilizando uma integral tripla, do volume de um sólido limitado por duas
superfícies.
Exemplo 3.10
Calcule o volume do sólido limitado pelas superfícies
z = 3 − 2x2 − y 2 e z = x2 + 2 y 2 .
Essa projeção do sólido no plano xy nos leva a concluir que a variável x deve-
rá ser integrada de –1 a 1.
Para determinar os limites de integração da variável y, devemos isolá-la a
partir da equação
x2 + y2 = 1.
x2 + y 2 = 1
y 2 = 1 − x2
y = ± 1 − x2
92 • capítulo 3
interna à curva de interseção de ambas, o que nos leva a concluir que a variável
z deverá ser integrada de z = x2 + y2 a z = 3 – 2x2 – y2.
Determinados todos os limites de integração, podemos escrever a integral
tripla que fornece o volume V do sólido na forma:
1 1− x2 3 −2 x2 − y 2
V=∫
−1 ∫− ∫x + 2 y dz dy dz.
1− x2 2 2
z
4
z = x2 +2y2
2
1 y
1
z = 3 – 2x2 – y2
–2
–1 0
0
0
–1 1 x
x2 + y 2 = 1 2
–2
Figura 3.12
A seguir, a resolução detalhada desta integral. Note que se trata de uma re-
solução muito extensa, mas que servirá para utilizarmos vários procedimentos
de integração.
capítulo 3 • 93
1 1− x2 3 −2 x2 − y 2
V=∫
−1 ∫− ∫x + 2 y dz dy dx
1− x2 2 2
=∫
1 1− x2 3 − 2 x2 − y 2 dz dy dx
−1 ∫− 1− x2 ∫x2 + 2 y 2
1 1− x2
[z ]3x−+22x y− y
2 2
=∫
−1 ∫−
2 2 dy dx
1− x2
1− x2
3 − 2 x 2 − y 2 − ( x 2 + 2 y 2 ) dy dx
1
=∫
−1 ∫− 1− x2
1 1− x2
=∫
−1 ∫−
3 − 3x 2 − 3 y 2 dy dx
1− x2
1 1− x2
= ∫ 3 y − 3x 2 y − y 3 − 1− x2
dx
−1
= ∫ (3 − 3x 2 ) y − y 3
1 1− x2
dx
−1 − 1− x2
1
( ) − (3 − 3x )(− )( ) dx
3 3
= ∫ (3 − 3x 2 ) 1 − x 2 − 1 − x2 2 1 − x2 − − 1 − x2
−1
− 2 ( 1 − x ) dx
1 3
= ∫ 2 (3 − 3 x 2 ) 1 − x 2 2
−1
1 1 3
= 2∫ 3(1 − x 2 )(1 − x 2 ) 2 − (1 − x 2 ) 2 dx
−1
1 3 3
= 2∫ 3(1 − x 2 ) 2 − (1 − x 2 ) 2 dx
−1
3
(1 − x2 )2
1
= 4∫ dx
−1
x = sen θ
3
na integral ∫( 1 − x2 2 ) dx.
94 • capítulo 3
3 3
∫ (1 − x2 )2 dx = ∫ (1 − sen2 θ ) 2 cos θ dθ
3
= ∫ (cos2 θ ) 2 cos θ dθ
= ∫ cos3θ cos θ dθ
= ∫ cos4θ dθ
1
cos2 θ = (1 + cos 2θ).
2
∫ cos4θ dθ = ∫ (cos2θ)(cos2θ) dθ
1 1
=∫ (1 + cos2θ) (1 + cos2θ) dθ
2 2
1
(1 + cos2θ)2 dθ
4∫
=
1
= ∫ (1 + 2cos2θ + cos2 2θ ) dθ
4
1 1
= ∫ 1 + 2cos2θ + (1 + cos4 4θ ) dθ
4 2
1 3 cos 4θ
= ∫ + 2cos2θ + dθ
4 2 2
3θ sen 2θ sen 4θ
= + + +C
8 4 32
capítulo 3 • 95
3
(1 − x2 )2
1
V = 4∫ dx
−1
π
= 4∫ 2 cos4 θ
π dx
−
2
π
3θ sen 2θ sen 4θ 2
= 4 + +
8 4 32 − π
2
π 3 − π
3 π π sen ( − π ) sen ( −2π )
sen sen 2 2
= 4 2 + + − + +
8 4 32 8 4 32
3π −3π
= 4 + 0 + 0 − + 0 + 0
16 16
3π
=
2
96 • capítulo 3
Todavia, quando nos referimos a coordenadas cilíndricas, incluímos um
terceiro elemento, que é a variável z. Um ponto (x, y, z) representado em coorde-
nadas cartesianas será apresentado na forma
(r cos θ, r sen θ, z)
na forma cilíndrica.
A figura 3.12 mostra um sólido (cilindro) que pode ser facilmente re-
presentado por coordenadas cilíndricas. Nela, consideramos 0 ≤ r ≤ 2 ,
0 ≤ θ ≤ 2 π e 0 ≤ z ≤ 3.
5 z
2
–3
–3 –2
–2 1
–1 –1
00
1 0 1
2
2 3
3 –1
y
x
–2
Figura 3.13
A seguir, um exemplo que mostra como converter uma integral com coorde-
nadas cartesianas em outra com coordenadas cilíndricas.
Exemplo 3.11
Considere a integral da função f(x, y) = x3 + xy2 calculada sobre o sólido abai-
xo da superfície z = 1 – x2 – y2, no primeiro octante (aquela região do espaço xyz
em que x ≥ 0, y ≥ 0 e z ≥ 0). A variação de x que iremos considerar será de 0 a 1.
Vamos ver como calculá-la utilizando a transformação para coordenadas ci-
líndricas. Precisamos obter uma função
f(r, θ , z)
capítulo 3 • 97
Além disso, lembre-se de que (como já vimos na seção 3.2), na transforma-
ção de coordenadas cartesianas para coordenadas polares, temos a inclusão da
variável r na integral, como você pode ver a seguir:
z = 1 − x2 − y 2
= 1 − ( x2 + y 2 )
= ∫∫∫ r 4cosθ dr dθ dz
S
98 • capítulo 3
π
1 1− r 2
∫∫∫ r 4 cosθ dr dθ dz =
∫0 ∫02 ∫0 r 4cosθ dz dθ dr
S
=r
π
1
= ∫ ∫ 2 (1 − r 2 ) r 4cosθ dθ dr
0 0
π
1
= ∫ ∫ 2 ( r 4 − r 6 ) cosθ dθ dr
0 0
π
= ∫ ( r 4 − r 6 )senθ 2 dr
1
0 0
= ∫ ( r 4 − r 6 ) dr
1
0
1
r5 r7
= −
5 7 0
15 17
= −
5 7
2
=
35
ρ = x 2 + y 2 + z2 .
capítulo 3 • 99
A coordenada φ é a medida do ângulo formado entre o segmento que une os
pontos (0,0,0) e P e a sua projeção no plano xy. Portanto,
z
cos ϕ = .
ρ
z = ρ cos ϕ . (3.10)
ρ y
φ
θ
Figura 3.14
100 • capítulo 3
A transformação de uma integral tripla, expressa em coordenadas cartesia-
nas, para uma integral tripla com variáveis esféricas se dá através da igualdade:
Figura 3.15
Exemplo 3.12
Vamos considerar a região limitada pela esfera x2 + y2 + z2 = 9 no primeiro
octante. Como o raio desta esfera é igual a 3, e os ângulos ficam limitados ao
primeiro octante, em coordenadas esféricas, teremos as seguintes variações:
π π
0 ≤ ρ ≤ 3, 0 ≤ θ < e 0≤ϕ≤ .
2 2
capítulo 3 • 101
Calcule, então, sobre essa esfera, a integral
π π
3
∫0 ∫02 ∫02 2eρρ2 sen ϕ dϕ dθ dρ.
A seguir, a resolução:
3
π π π π
3
∫∫ ∫2 2 eρρ2
0 0 0
sen ϕ dϕ dθ dρ = ∫ ∫ 2 ∫ 2 sen ϕ dϕ dθ eρρ2 dρ
0
0 0
5e3 π
= −π
2
≅ 154,6
102 • capítulo 3
4
Integrais de Linha e
Campos Vetoriais
4.1 Integrais de linha de campos escalares
Nesta seção, por um momento, faremos uma pausa em nossos estudos de inte-
grais duplas e triplas para falar de um tipo de integral simples, que é a integral
de linha. Mais adiante, faremos a conexão desse tipo de integral com as inte-
grais duplas e triplas através do Teorema de Green.
E, inicialmente, definiremos a integral de linha de campos escalares para,
depois, abordá-la em campos vetoriais.
Convém, agora, uma breve revisão sobre curvas, pois elas terão importância
fundamental no estudo das integrais de linha, que são integrais calculadas so-
bre uma curva.
No Cálculo, costumamos representar uma curva através de equações ou de
parametrizações. Há uma preferência por curvas na forma parametrizada, pois,
nesse tipo de representação, os pontos da curva são fornecidos por funções, o
que permite a aplicação de diversos métodos do Cálculo Diferencial e Integral.
Uma curva parametrizada pode ser definida através de uma função em re-
lação a uma variável t, em que cada as coordenadas de cada um de seus pontos
são dados por funções de t. Considere, portanto, uma função γ(t), definida em
um intervalo [a, b], que é o seu domínio, e que tem imagem no 2 ou no 3. Em
símbolos:
2 (ou 3).
104 • capítulo 4
Exemplo 4.1
A parametrização da circunferência de raio igual a 2, no plano xy, pode ser
dada, na forma paramétrica, por:
em que x(t) = 2 cos t e y(t) = sen t, para 0 ≤ t ≤ 2π. A Figura 4.1 apresenta a
curva gerada por essa equação.
0
–3 –2 –1 0 1 2 3 x
–1
–2
Figura 4.1
Exemplo 4.2
A função
γ(t) = (x(t), y(t), z(t)),
em que x(t) = 2 cos t, y(t) = sen t e z(t) = t para 0 ≤ t ≤ 2π gera a hélice repre-
sentada na Figura 4.2. Sua projeção ortogonal sobre o plano xy é exatamente a
circunferência do exemplo anterior. Podemos também representar essa curva
nas formas:
(2 cos t, 2 sen t , t ), 0 ≤ t ≤ 2π
capítulo 4 • 105
ou
x(t ) = 2 cos t
y (t ) = 2 sen t , 0 ≤ t ≤ 2π
z( t ) = t
2π
3π/2
–π/2 –4
–3
–4 –3 –2
–2 –1 –1
00 0 1
1 2 3 4 5
2
3 y
4
5 –π/2
x
Figura 4.2
em que x(t) = 2 sen t, y(t) = e cos t e z(t) = t para 0 ≤ t ≤ 2π. Sua representação
gráfica é mostrada na figura 4.3. Observe que ela apenas foi deslocada, pois par-
te do ponto (0,2,0), e não do ponto (2,0,0) como no caso anterior, o sentido de
deslocamento (se a interpretamos, por exemplo, como o deslocamento numa
partícula em função do tempo t) é oposto ao caso anterior.
106 • capítulo 4
z
2π
3π/2
–π/2 –4
–3
–4 –3 –2
–2 –1 –1
00 0 1
1 2 3 4 5
2
3 y
4
5 –π/2
x
Figura 4.3
Exemplo 4.3
Podemos definir uma certa reta no plano xy como uma curva parametrizada
na forma
γ(t) = (x(t), y(t)),
em que x(t) e y(t) = 2 + 3t para – ∞ < t < ∞. Isso equivale a dizer que essa curva
é composta por todos os pontos
capítulo 4 • 107
A representação gráfica dessa curva está na Figura 4.4. Observe que se trata
da representação de uma função do primeiro grau. Como x(t) = t, podemos es-
crever que
y(t) = 2 + 3x(t)
ou, simplesmente
y = 2 +3x.
em que x(t) = 5t3 e y(t) = 2 + 15 t3 para –∞ < t < ∞, pois, se x(t) = 5 t3, podemos
escrever
x
t=3
5
y
3
0
–3 –2 –1 0 1 2 3 x
–1
Figura 4.4
108 • capítulo 4
Em suma, podemos ter diferentes parametrizações para uma mesma curva.
Isso é um fato que deverá ser considerado mais adiante, pois tornar a parame-
trização de uma curva mais complexa, pode tornar nosso trabalho muito mais
difícil. Portanto, devemos ter uma certa preocupação com a forma como ire-
mos parametrizar as curvas.
Outro conceito que precisamos revisar é o de reta tangente a uma curva.
A reta tangente a curva γ(t) = (x(t), y(t)), do 2, num ponto específico em que
t = t0 é dada por todos os pontos X tais que:
em que:
λ é um escalar real;
X(λ) é um ponto genérico da reta X ;
X(t0) é um ponto específico da reta X e
λγ'(t0) ≠ 0 é a derivada da função γ para um valor específico t0.
Lembre-se de que a derivada de uma curva num ponto define o vetor tan-
gente à curva nesse ponto.
Vamos retomar a curva do Exemplo 4.2 para mostrar como podemos obter
uma reta tangente a ela, num ponto.
Exemplo 4.4
Considere a curva
capítulo 4 • 109
A derivada da função γ(t) é dada por:
γ ( π) = ( −2 sen π, 2 cos π , 1)
= (0, −2,1)
2π
3π/2 γ(t) v (π) = γ’ (π)
X (π)
–π/2
–4
–4 –3 –3
–2 –1 0 –1 –2
00 1 2
1 1 1 3 4
2 5
5
y
x
–π/2
Figura 4.5
110 • capítulo 4
O comprimento de uma curva γ(t) (do plano ou do espaço) para a ≤ t ≤ b é
definida como:
b
( γ ) = ∫ 1 dt = ∫ γ (t ) dt . (4.2)
a
γ
Exemplo 4.5
Vamos determinar o comprimento da curva
Portanto,
γ (t ) = ( −2 sen t )2 + ( 2 cos t )2 + 12
= 4 sen2 t + 4 cos2 t + 12
= 4 (sen2 t + cos2 t ) + 1
= 5
( γ ) = ∫ 1 dt
γ
2π
=∫ γ (t ) dt
0
2π
=∫ 5 dt
0
2π
= 5
0
= 2π 5
capítulo 4 • 111
No exemplo que acabamos de ver, podemos considerar que integramos a
função f(x, y,z) = 1 sobre a curva γ(t) = (2 cos t, 2 sen t, t), no intervalo 0 ≤ t ≤ 2π.
Isso significa dizer que calculamos a integral de linha da função f sobre a curva γ.
De modo geral, para uma função f(x, y, z), a integral de linha dessa função
sobre a curva γ(t), nas condições já apresentadas, é representada por:
∫ f ( x, y, z) ds .
γ
b
∫a f ( x(t ), y(t ), z(t )) γ (t ) dt . (4.3)
Exemplo 4.6
Um exemplo de aplicação da integral de linha na Física diz respeito ao cál-
culo da massa M a partir da densidade δ(x, y, z), que é massa por unidade de
comprimento. Vamos calcular a massa de um arame que posiciona-se na in-
tersecção do cilindro x2 + z2 = 4 com o plano x + y = 2 e que tem densidade dada
1
por δ( x, y, z) = . A massa desse arame é a integral de linha da densidade
z2 +4
dada calculada sobre a curva γ(t) que ainda iremos obter.
112 • capítulo 4
4 z
–3 1 –4
–2 –2
–2 –2
–1
00
2 1 0 1
3 2
3
x 4
–1
y
–2
–3
Figura 4.6
Como a variável y não aparece na equação do cilindro, vamos obter a sua pa-
rametrização a partir da equação do plano, considerando as parametrizações já
realizadas para x e z, já que o que desejamos é a intersecção de ambos. Como x
+ y = 2 e x(t) = 2 cos t, então podemos escrever:
Portanto, temos:
γ (t ) = ( x(t ), y (t ), z(t ))
= (2 cos t, 2 − 2 cos t, 2 sen t )
capítulo 4 • 113
O módulo de γ'(t) será dado por:
= 4 (sen2 t + 1)
= 2 sen2 t + 1
= [ t ]0
2π
= 2π
Na próxima seção veremos as integrais de linhas em campos vetoriais.
114 • capítulo 4
4.2 Integrais de linha para campos vetoriais e
operadores diferenciais
Exemplo 4.7
Considere uma aplicação F: 2 → 2 dada por
F ( x , y ) = (2 x , − y ) .
capítulo 4 • 115
v = (2, −3). Ou uma partícula que está no ponto (1,3) sofre a ação de uma força
representada pelo vetor v = (2, −3). Na Figura 4.7, há uma representação dessa
aplicação para o ponto específico (1,3).
y
4
(1,3)
3
0
–1 0 1 2 3 4 x
–1
Figura 4.7
Exemplo 4.8
Considere o campo de vetores definido por
F ( x, y ) = (0, x ).
116 • capítulo 4
y
6
5
(1, 4)
4
3
(–1, 3)
2
1 (0, 1)
0
–5 –4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4 5 x
–1
(–3, 2)
–2
(3, –2)
–3
–4
–5
–6
Figura 4.8
Exemplo 4.9
O campo escalar definido pela aplicação
F ( x, y ) = ( − y , x )
tem como imagem vetores que são perpendiculares aos vetores radiais.
Vetores radiais associados a um ponto são vetores que têm origem no ponto
(0,0) e extremidade no ponto considerado. Mas como podemos concluir isso?
Considere que o campo de vetores radiais é definido por
r ( x, y ) = ( x, y ).
capítulo 4 • 117
Se tomarmos um vetor u = ( − y, x ) do campo vetorial F e um vetor v = ( x, y ) do
campo r , o produto escalar entre eles, simbolizado por u, v , é dado por:
u, v = ( − y, x ),( x, y ) = − y ⋅ x + x ⋅ y = 0 .
Lembre-se de que, se o produto escalar entre dois vetores é igual a zero, en-
tão eles são perpendiculares entre si. A figura 4.9 mostra o vetor radial v = (2,3)
e o vetor u = ( −3, 2) do campo F associados ao mesmo ponto (2,3).
y
6
4
(2, 3)
3
1
0
–2 –1 0 1 2 3 4 5 x
–1
Figura 4.9
118 • capítulo 4
às curvas de nível da função (são curvas para as quais o valor da função é cons-
tante) e fornece a direção de maior variação da função. Ele é considerado um
operador diferencial.
Podemos também definir o gradiente de uma função no espaço, isto é, uma
função f: 3 → . Nesse caso, seu gradiente será dado por
∂f ∂f ∂f
∇f ( x, y, z ) = ( x, y, z ), ( x, y, z ), ( x, y, z )
∂x ∂y ∂z
∂f ∂f ∂f
= ( x, y, z ) i + ( x, y, z ) j + ( x, y, z ) k.
∂x ∂y ∂z
Exemplo 4.10
Determine o gradiente da função f(x, y) = –x2 – y + 4.
O gradiente será dado por:
∂f ∂f
∇f ( x, y ) = ( x, y ), ( x, y )
∂x ∂y
∂ ∂
= ( − x 2 − y + 4), ( − x 2 − y + 4)
∂x ∂y
= ( −2 x, −1)
= −2 xi − j
capítulo 4 • 119
z
6
(1, –1, 4) 4
–3 1
–2
–1 0 –2 –3 –4 5
–2 –1 –1
0
A 0 y
1
-1 2
3
4 x
Figura 4.10
∂ R ∂ Q ∂P ∂R ∂Q ∂P
rot F = − i + − j+ − k.
∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y
120 • capítulo 4
Quando o campo F é definido no plano, como
F ( x, y ) = ( P( x, y ), Q( x, y ))
∂Q ∂P
rot F = − k.
∂x ∂y
Isso nos leva a concluir que o rotacional de um campo plano é um vetor per-
pendicular a esse plano.
Vamos a um exemplo de cálculo do rotacional.
Exemplo 4.11
Vamos calcular o rotacional do campo definido (no Exemplo 4.8) por
F ( x, y ) = (0, x ).
Já vimos que ele é composto por vetores paralelos ao eixo y e que aumentam
de módulo à medida que se afastam desse eixo. Além disso, esses vetores têm
sentido para cima nos quadrantes em que x é positivo e para baixo nos quadran-
tes em que x é negativo. Nos pontos sobre o eixo y, os vetores associados são
nulos. Para calcular o seu rotacional, vamos tomar:
P(x, y) = 0 e Q(x, y) = x,
Portanto,
∂Q ∂P
rot F = − k = (1 − 0) k = k.
∂x ∂y
capítulo 4 • 121
Exemplo 4.12
Vamos, agora, considerar o campo de vetores radiais r ( x, y ) = ( x, y ) apresen-
tado no Exemplo 4.9. Temos:
P(x, y) = x e Q(x, y) = y.
Então:
∂P ∂Q
=0 e =0.
∂y ∂x
Logo,
rot F = 0k.
Na seção 4.1, definimos uma integral de linha de função escalar como sen-
do, de certa forma, a integral da componente tangencial da função sobre uma
curva γ(t). Agora estamos falando em campos vetoriais e não escalares, mas a
definição de integral de linha é semelhante.
Considere um campo vetorial F e uma curva γ(t) diferenciável. A integral de
linha de F sobre γ é dada por
∫a F ( γ (t )), γ (t )
b
dt (4.4)
em que F ( γ (t )), γ (t ) é o produto escalar entre o campo vetorial F ( γ (t )) e
a derivada da curva γ(t).
Uma notação bastante utilizada para essa integral é
∫ F dr
γ
Exemplo 4.13
Considere o campo vetorial de vetores radiais r ( x, y ) = ( x, y ). Vamos calcular
a integral de linha desse campo sobre a curva
γ(t) = (t, 3t2)
para 0 ≤ t ≤ 3.
122 • capítulo 4
Como o campo vetorial é definido em relação às variáveis x e y e iremos cal-
cular a integral em relação a t, então temos que escrever esse campo vetorial
considerando que ele será integrado sobre a curva em que a variável x corres-
ponde a t e a variável y corresponde a 3t2. Portanto, vamos considerar
r (t ) = ( t,3t 2 ) .
= ∫ ( t ⋅ 1 + 3t 2 ⋅ 6t ) dt
3
0
= ∫ ( t + 18t 3 ) dt
3
0
3
t 2 9t 4
= +
2 2 0
= 369
Exemplo 4.14
Considere um campo vetorial de forças definido por F ( x, y ) = (0, x ). Vamos
calcular a integral de linha desse campo sobre a curva
γ(x, y): x2 + y2 = 4,
capítulo 4 • 123
Observe que estamos considerando o sentido anti-horário em nossa integração no Exem-
plo 4.14. Precisamos definir o sentido em nossa integral, pois, se o invertermos, o resultado
será o oposto do que iremos obter. Para compreender melhor, considere que essa integral
nos fornecerá o trabalho realizado por esse campo de forças na trajetória definida pela cur-
va γ(t). Se considerarmos a mesma trajetória, mas com sentido contrário, o resultado para o
trabalho também será o oposto (sinal trocado) ao obtido anteriormente.
Temos, então
γ(t) = (2 cos t, 2 sen t).
Daí,
γ'(t) = (2 cos t, 2 sen t).
F ( γ (t )) = (0, 2 cos t ).
Logo,
124 • capítulo 4
2π 2π
∫0 F ( γ (t )), γ (t ) dt = 4∫ cos2 t dt
0
2 π 1 + cos 2t
= 4∫ dt
0 2
2π
= 2∫
0
(1 + cos2t ) dt
2π
sen 2t
= 2 t +
2 0
sen 2 (2π )
= 2 2 π +
2
= 4π
b
Além da notação ∫ F dr = ∫ F ( γ ( t )) , γ ’ ( t ) dt que utilizamos, até o momento, para integral
a
γ
de linha de campo vetorial, também costuma-se ser representá-la em função das compo-
nentes P e Q do campo vetorial, das seguintes formas:
b b
∫a (P, Q ) , ( x’, y ’) dt ou ∫a Px ’ dt + Qy ’ dt .
Se o campo vetorial tiver uma terceira componente R, então essas formas serão:
b b
∫a (P, Q, R) , ( x’, y ’, z ’) dt ou ∫a Px ’ dt + Qy ’ dt + Rz ’ dt.
capítulo 4 • 125
∫ F dr ≠ ∫ F dr .
γ1 γ2
Dizemos que um campo vetorial F definido em um domínio D é conservativo se para quais-
B
quer dois pontos A e B desse domínio se o trabalho ∫ F dr para deslocar uma partícula de
A
A a B seja igual para todos os caminhos possíveis. Dizemos, então que a integral de linha
B
∫A F dr independe do caminho.
Em outras palavras, podemos dizer que um campo F é conservativo se, e somente se,
existe uma função f tal que o gradiente de f seja igual a F ou, em símbolos,
∇f = F . (4.5)
Se a condição em (4.5) é satisfeita, então a função f é denominada função potencial de F .
Encontrada a função potencial f de um campo vetorial conservativo F , en-
tão todas as integrais de trabalho no domínio de F podem ser calculadas por:
B B
∫A F dr = ∫A ∇f dr = f (B) − f ( A ). (4.6)
Exemplo 4.15
Considere o campo vetorial
F = (2 yz ) i + (2 xz ) j + (2 xy ) k .
Vamos determinar sua função potencial f. Como devemos ter ∇f = F e
∂f ∂f ∂f
∇f ( x, y, z ) = ( x, y, z ), ( x, y, z ), ( x, y, z )
∂x ∂y ∂z
∂f ∂f ∂f
= ( x, y, z ) i + ( x, y, z ) j + ( x, y, z ) k,
∂x ∂y ∂z
126 • capítulo 4
∂f ∂f ∂f
( x, y, z ) = 2 yz, ( x, y, z ) = 2xz e ( x, y, z ) = 2xy .
∂x ∂y ∂z
f(x, y, z) = 2xyz.
∂R ∂Q ∂P ∂R ∂Q ∂P
• ∂y = ∂z ; • = ; • ∂x = ∂y .
∂z ∂x
capítulo 4 • 127
Exemplo 4.16
Dado o campo vetorial F = (e y + 2z ) i + ( xe y + 2z ) j + (2 xe y + 2z ) k , vamos mostrar
que ele é conservativo. Em seguida, iremos obter sua função potencial.
Considerando
P ( x, y, z ) = e y + 2z , Q ( x, y, z ) = xe y + 2z e R ( x, y, z ) = 2 xe y + 2z ,
temos
∂P ∂P ∂Q ∂Q ∂R ∂R
= e y + 2z ; = 2e y + 2z ; = e y + 2z ; = 2 xe y + 2z ; = 2e y + 2z ; = 2 xe y + 2z
∂y ∂z ∂x ∂z ∂x ∂y
∂R ∂Q ∂P ∂R ∂Q ∂P
= ; = e = .
∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y
Portanto, F é um campo conservativo, o que equivale a dizer que existe uma
função f tal que ∇f = F. Para determinar a função potencial f, devemos conside-
rar as seguintes igualdades
∂f ∂f ∂f
= e y + 2z , = xe y + 2z e = 2 xe y + 2z .
∂x ∂y ∂z
∂f
Fixando y e z, calculamos a integral da equação = e y + 2z, para determinar
∂x
f:
∫ e y +2z dx = xe y +2z + C .
Temos de considerar que a constante de integração C é uma função de y e
z, pois a integração foi feita em x. Portanto, vamos reescrever esse resultado na
forma:
∫ e y +2z dx = xe y +2z + g ( y, z) .
Portanto, podemos escrever:
f ( x, y, z ) = xe y +2z + g ( y, z) .
128 • capítulo 4
∂f ∂f
Como já vimos que tem F dr de ser igual a xey + 2z e calculando na
∂y ∂y
equação acima, temos
∂f
= xe y + 2z ,
∂y
Se F é um campo conservativo e considerando a independência de cami-
nho, podemos concluir que, para uma curva fechada C, temos:
∫C F dr = 0.
Uma integral sobre uma curva fechada costuma ser representada por:
∫ F dr.
C
Uma curva fechada é uma curva em que o ponto inicial coincide com o ponto final. Ela é
denominada curva fechada simples se ela não intercepta a si própria, exceto nos pontos
inicial e final.
capítulo 4 • 129
Teorema de Green
Considere C uma curva fechada simples no plano xy, orientada no sentido anti-horário. Cha-
memos de R a região delimitada por essa curva. Se tomarmos componentes contínuas P e
∂P ∂Q
Q de duas variáveis, x e y, e com derivadas parciais e contínuas em R e C, então
∂y ∂x
∂Q ∂P
∫ P ( x, y ) dx + Q ( x, y ) dy = ∫∫ ∂x − ∂y dx dy.
C R
Vamos ver, nos dois exemplos a seguir, como utilizar o Teorema de Green
para calcular integrais de linha sobre curva fechada simples.
Exemplo 4.17
Vamos utilizar o Teorema de Green para resolver a integral de linha
∫ ( 2 + 3 y )dx + ( y 2 − 2x )dy em que C é curva que define um triângulo OAB, con-
x
C
siderada no sentido anti-horário, em que O = (0,0), A = (2,0) e B = (2,2). A curva C
está representada na Figura 4.11.
y
3
B
2
1
0 O A
–1 0 1 2 3 x
–1
Figura 4.11
Tomando
P ( x, y ) = ( x 2 + 3 y ) e Q ( x, y ) = ( y 2 − 2 x ),
temos:
∂P ∂Q
=3 e = −2.
∂y ∂x
130 • capítulo 4
Portanto,
∫ ( x2 + 3 y )dx + ( y 2 − 2x )dy = ∫∫ ( −2 − 3) dx dy
C R
= ∫∫ ( −5) dx dy
R
= −5∫∫ dx dy
R
Como a área da região R é igual a 1, então a integral acima será dada por:
Exemplo 4.18
Vamos calcular a integral de linha ∫ x3 ydx + xy 2dy em que C é uma curva
C
definida em sentido anti-horário da região R delimitada pela parábola y = x2 e
pela reta y = x.
Tomando P ( x, y ) = − x 2 y e Q ( x, y ) = xy 2 , temos:
∂P ∂Q
= − x2 e = y 2.
∂y ∂x
∂Q ∂P
∫ x3 ydx + xy 2dy = ∫∫ ∂x − ∂y dx dy
C R
= ∫∫ ( y 2 + x 2 ) dx dy
R
Para finalizar o cálculo desta integral, precisamos, antes, fazer uma análise
da região R para determinar os limites de integração. A figura 4.12 mostra a
representação da região R. Observe que a variação de x é de 0 a 1 e de y será de
x2 a x.
capítulo 4 • 131
y
2
1 2 x
Figura 4.12
∫ x3 ydx + xy 2dy = ∫∫ ( y 2 + x2 ) dx dy
C R
=∫
0
1
(∫ x
x2 )
( y 2 + x2 ) dy dx
1 y3
x
= ∫ + yx 2 dx
0
3 x2
3
x
( x2 )
3
1x
= ∫ + x⋅x −
2 + x ⋅ x dx
2 2
0 3 3
x2
1 4x 3 x6
=∫ − − x 4 dx
0 3 3
1
x 4 x7 x5
= − −
3 21 5 0
1 1 1
= − −
3 21 5
3
=
35
132 • capítulo 4
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOULOS, P. Cálculo Diferencial e Integral. Vol. 2. São Paulo: Makron Books, 2000.
FINNEY, R. L.; WEIR, M. D. e GIORDANO, F. R. Cálculo. Vol. 2. São Paulo: Addison Wesley, 2009.
LEITHOLD, L. O cálculo com geometria analítica. Vol. 2. São Paulo: Harbra, 1994.
MORETTIN, P. A.; HAZZAN, S. e BUSSAB, W. O. Cálculo: funções de uma e várias variáveis. São
Paulo: Saraiva, 2006.
MUNEM, M. A. e FOULIS, D. J. Cálculo. Vol. 2. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.
SIMMONS, G. F. Cálculo com geometria analítica. Vol. 2. São Paulo: Makron Books, 2008.
capítulo 4 • 133
ANOTAÇÕES
134 • capítulo 4
ANOTAÇÕES
capítulo 4 • 135
ANOTAÇÕES
136 • capítulo 4