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Este trabalho teve como objetivo avaliar os riscos químicos aos quais
estão expostos os frentistas, trabalhadores de postos revendedores de
combustíveis (PRC’s), na cidade de Campina Grande- PB, utilizando
como metodologia a pesquisa bibliiográfica e exploratória. Na
aquisição dos dados foi priorizada a identificação dos problemas
relacionados à saúde física dos frentistas devido aos riscos, que ficam
expostos principalmente ao benzeno, gerados por informação
deficiente ou inexistente sobre os perigos inerentes aos agentes tóxicos,
a fiscalização inadequada e ausência ou uso indevido de equipamentos
de proteção individual (EPI’s). A convivência com estes riscos pode
provocar alterações comportamentais e fisiológicas comprometendo
seriamente a saúde do trabalhador. Os resultado obtidos indicaram o
desconhecimento dos riscos e a constatação da não observância à
legislação especifica, dessa forma foi possível observar aspectos que
deverão ser abordados para conscientização dos empregadores e
empregados quanto à disponibilidade e uso de EPI.
1. Introdução
A obrigatoriedade das empresas no cumprimento das leis relativas à Saúde e Segurança no
Trabalho trouxe a preocupação em evitar acidentes ou doenças ocupacionais e oferecer um
ambiente de trabalho saudável aos funcionários. As inovações tecnológicas e a disseminação
de informações sobre prevenção destes riscos tornam-se decisivas para melhorar a qualidade
de vida no ambiente de trabalho.
A exposição ao benzeno em ambientes de trabalho, muitas vezes, está acompanhada do não
cumprimento das normas de segurança do trabalho, da legislação de saúde vigente, de
informação deficiente ou inexistente sobre os riscos inerentes ao agente tóxico, fiscalização
inadequada, e ausência ou uso indevido de equipamentos de proteção individual EPI’s. O
benzeno presente na gasolina é um dos principais contaminantes, que afeta diretamente a
saúde dos trabalhadores de postos revendedores de combustíveis (PRC’s). Trata-se de uma
substância cancerígena, capaz de provocar alterações comportamentais e fisiológicas
comprometendo seriamente a saúde do trabalhador.
O objetivo deste trabalho foi identificar através os aspectos que deverão ser abordados para
conscientização dos empregadores e empregados quanto à disponibilidade e uso de EPI, como
forma de minimizar os danos à saúde dos frentistas. De acordo com a norma regulamentadora
NR – 6 – Equipamento de Proteção Individual, foi utilizada como base legal neste processo de
conscientização, proporcionando assim maior segurança aos trabalhadores e cumprimento da
legislação trabalhista.
2. Metodologia
Este trabalho utilizou como metodologia uma pesquisa bibliográfica e exploratória, uma vez
que foram realizados um aprofundamento nas bases de dados de PRC’s do município de
Campina Grande-PB mediante uma aplicação de questionários com os frentistas.
Os questionários foram aplicados, com 94 frentistas nos postos de abastecimento da cidade de
Campina Grande, dos entrevistados seis eram do sexo feminino e o restante do sexo
masculino e todos maiores de 18 anos. As perguntas versavam sobre dados pessoais, atividade
profissional e a prática do uso de EPI’s de acordo com a Norma Regulamentadora 06 (NR-6)
e questionamentos específicas sobre a exposição do Benzeno presente na gasolina. O método
proporcionou a obtenção de dados para fundamentar o estudo e servir de ferramenta para a
descrição do perfil comportamental dos trabalhadores dos postos de combustíveis. ç
3. Referencial Teórico
Historicamente, a segurança e saúde no trabalho são temas que preocupam a humanidade.
Segundo Engels (1985), com a Revolução Industrial as condições de trabalho poderiam ser
qualificadas como condições sub-humanas, ou seja, ambientes sem higiene, insalubres e
perigosos, onde o número de acidentes de trabalho cresceu consideravelmente. Em meados do
século XIX verificou-se uma maior consciência sobre os efeitos das más condições de
trabalho, sendo adotadas medidas de proteção sobre situações de trabalho penosas ou mais
sujeitas a riscos graves (formação das corporações do trabalho, nos países europeus).
No início do século XX, com o advento do Taylorismo, apareceram as primeiras noções de
higiene e segurança do trabalho. Pode-se perceber através dos relatos anteriores que assuntos
relacionados à saúde e segurança no trabalho são tratados há algum tempo.
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XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
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XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
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Pode ser feita pelas vias cutâneas, inalatórias e oral. O contato com a pele pode produzir
lesões irritativas, geralmente devidas à ação desengordurante dos hidrocarbonetos.
A exposição excessiva aos vapores de gasolina provoca depressão central, distúrbios
respiratórios com traqueobronquite exsudativa, edema pulmonar e pneumite, estado de coma e
morte por insuficiência respiratória. Os principais sinais e sintomas da intoxicação consistem
em incoordenação, hiperexitabilidade, distúrbios visuais, confusão mental, cefaléia e náuseas.
Nos contatos prolongados, mesmo com doses pequenas de gasolina, deve-se tomar em
consideração seu teor em benzeno, pelos possíveis efeitos sanguíneos por eles determinado e
a presença de aditivos (pigmentos, fosfatos tricresilico, chumbo, tetraetila) que podem ser
responsáveis por quadros tóxicos de importância. Quando o individuo permanece com altas
concentrações de vapores de gasolina, a irritação da mucosa ocular e respiratória costuma
proceder aos distúrbios neurológicos, servindo como sinal de alarme.
Os principais sintomas de acordo com o local de absorção são: Toxidez aguda: irritação das
vias aéreas superiores com sensação de ardência; a inalação causa tonteiras, irritação dos
olhos nariz e garganta; irritação e ressecamento da pele; irritação com congestão da
conjuntiva; por ingestão, pode provocar irritação na mucosa digestiva e pode ser aspirado para
os pulmões causando pneumonia química. Toxidez Crônica: irritação crônica das vias aéreas
superiores; dermatite pelo contato prolongado com a pele; conjuntivite crônica.
Segundo um laudo da PETROBRÁS aponta que toxidez da gasolina pode causar de quinze a
vinte lesões orgânicas, que se desdobram em mais de dez. Assim um frentista pode
desenvolver uma gastrite, que provoca náuseas, úlcera estomacais e anemias, entre outras
doenças.
3.2 Doenças Causadas Pelos Principais Agentes Tóxicos da Gasolina
A intoxicação ocupacional pelo benzeno, chamada de benzenismo, é um conjunto de sintomas
decorrentes da exposição ao benzeno em trabalhadores que exerceram ou exercem suas
atividades em empresas que produzam, transformam, distribuam, transportem, manuseiem ou
consumam o produto. Os sintomas mais freqüentes são cansaço, dores musculares,
sonolência, tontura, e sinais infecciosos de repetição.
O monóxido de carbono é classificado como asfixiante sistêmico, as intoxicações graves por
esse gás se caracterizam por: confusão mental, inconsciência e parada das funções cerebrais.
Nos envenenamentos crônicos, há perturbações mentais, cardíacas, renais e hepáticas.
A pessoa atingida pelos óxidos de nitrogênio, imediatamente sente ardência nos olhos, no
nariz e nas mucosas em geral, provocando lesões celulares. Em caso de intoxicação grave,
instalam-se edema pulmonar, hemorragias alveolares, e insuficiência respiratória, causando
morte. Se a exposição for aguda teremos doenças respiratórias de vários tipos: inflamação
passageira das mucosas das vias respiratórias, traqueatites e bronquites crônicas, enfisema
pulmonar, espessamento da barreira alvéolo-capilar e broncopeneumonias químicas ou
infecciosas.
A respeito do dióxido de enxofre, sabe-se que este preconiza infecções respiratórias. A
infecção aguda por dióxido de enxofre simplesmente queima as vias respiratórias, desde a
boca e nariz até os alvéolos. A destruição é marcada por inflamação, hemorragia e necrose
dos tecidos. Essa substancia pode levar à ardência nos olhos , nariz e garganta.
Já os hidrocarbonetos por serem irritantes, e por agirem pela medula óssea provocam anemia
e leucopenia. Na industria petroquímica existe o risco de leucemia. Os hidrocarbonetos
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70
60
50
40
30
20
10
0
Óculos de S egurança Más cara F acial Luvas de S egurança
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Analisou-se também o aspecto de desconforto ao utilizar os EPI’s. Dos frentistas 49% sentem
desconforto quando utilizam os equipamentos, 30% consideram os EPI’s confortáveis e 21%
não souberam responder.
Na figura 2 pode ser observado o resultado desta questão.
50
45
40
35
30 Confortável
25 Desconfortável
20 Não Souberam
15
10
5
0
60
50
40
30
20
10
0
Dor de Náus eas A lteraç ões Irritaç ão ou
c abeç a no s ono c oc eira nos
olhos
S E MP R E MUITA S V E ZE S À S V E ZE S P O UC A S V E ZE S NUNC A
Figura 3 – Sintomas
Percebe-se que 37% dos entrevistados afirmam que já sentiram dor de cabeça devido à
exposição a gasolina, enquanto que 21% apresentou náuseas durante o horário de
trabalho,21% dos frentistas perceberam alterações no sono e 30% já apresentaram irritação ou
coceira nos olhos.
A análise diante dos aspectos legais assume uma dimensão crítica do perigo do benzeno
frente aos empregados dos postos de gasolina. Os sinais e sintomas observados através das
queixas dos trabalhadores expostos ao benzeno são fundamentais para detectar os efeitos
precoces de exposição.
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4. Conclusão
Com base nas informações coletadas na pesquisa fica evidente a necessidade de capacitação
dos funcionários em relação ao uso de EPI e dos empregadores em oferecer os EPI’s
adequados aos frentistas.
Apesar da obrigatoriedade do uso de EPI em atividades que apresentam riscos, o objetivo
principal dos empregadores das empresas devem ser a garantia da saúde do trabalhador. A
qualidade de vida no trabalho, em seu âmbito mais simplificado deve ser oferecida boas
condições para a realização do trabalho.
O cumprimento de obrigatoriedade do uso de EPI’s de acordo com a norma regulamentadora
NR – 6 – Equipamento de Proteção Individual, é de responsabilidade do empregador, que
além de disponibilizar estes equipamentos deve informar os trabalhadores do risco que a
profissão os expõem.
Referências
ANFAVEA - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. Produtos Químicos:
Recomendações da Indústria Automobilística Brasileira sobre Ficha de Informações de Segurança, Rótulo de
Segurança, Rótulo de Risco e Ficha de Emergência. 2ª Edição. 2002. 116p.
BRASIL. NR 6 – Equipamento de Proteção Individual – EPI. Disponível em:
http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_06_.pdf, acessado em 15 de nov. de 2008.
ENGELS, F. A situação da Classe trabalhadora na Inglaterra. São Paulo: Global, 1985
FREITAS, A, Policani; SUETT, WB. Modelo para avaliação de riscos em ambientes de trabalho: um enfoque
em postos revendedores de combustíveis automotivos. In: CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA DE
PRODUÇÃO, XXVI, Fortaleza, 2006.
LARINI, L. Toxicologia. 3. ed. São Paulo: Manoli, 1997.
MENDES, R. Patologia do Trabalho. 3. ed. São Paulo: Atheneu,1995.
RODRIGUES, C. L. P. Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho. 2003
SHARTSMAN, S. Intoxicações Agudas. 3. ed. São Paulo: Sarvier, 1995.