A este instrumento de comunicação geral, aceito por todos os com-
ponentes de uma coletividade para assegurar a compreensão da fala, de- nomina-se LÍNGUA-COMUM, ou coiné. Mas, dentro da ampla coesão da língua, cabem vários aspectos, que se influem mutuamente, determinados não só pela situação cultural, ou psicológica, dos que usam dela, senão também pela ação de fatores geo- gráficos, ou sociais.
DIALETO E LÍNGUA ESPECIAL
Os aspectos regionais de uma língua, que apresentam entre si coinci-
dência de traços lingüísticos fundamentais, constituem os DIALETOS.
Paralelamente a eles, sublinhem-se os aspectos grupais, nascidos por
imposição da solidariedade que congrega os indivíduos da mesma esfera social, enlaçados por interesses comuns, ou pelas exigências da mesma profissão; eis as LÍNGUAS ESPECIAIS.
Aqui, é necessário distinguir três modalidades: calão , gíria e língua
profissional.
C a l ã o , G í r i a e L í n g u a P r o f is s io n a l
CALÃO é a língua especial das classes que vivem à margem da socieda-
de, de caráter acentuadamente esotérico, artificialmente “fabricada” — diz Dauzat — para se poderem compreender entre si os indivíduos de certo grupo, sem serem entendidos pelos não iniciados. Inspirada na dissimulação dos malfeitores, cria um conjunto de con- venções que a estremam da língua-comum a que pertence, posto que nesta se desenvolva e emaranhe. Estão neste caso o argot dos franceses; a germanía dos espanhóis; o fur- besco dos italianos; o cant dos ingleses; o slang dos americanos; o Rotwelsch dos alemães; o dieventael dos holandeses; o afinskoe dos russos, etc.