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ISSN 1517-5545 Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cog) 2000, Vol. 2, n° 1, 79-101 Formas de trabalho na psicoterapia infantil: mudangas ocorridas e novas direcées Jaide A.G. Regra Universidade de Mogi das Cruzes Resumo Este estudo se propds a descrever as mudangas ovorridas no atendimento de eriangas durante os Ultimos tinta anos. Demonstrando os euidados no atendimento de criangas e a procura de varidveis ‘eoniroladoras do comportamento da queixa, além da necessidade de orientagaia dos pais, eviden os problemas que merecem andlise. Os provedimentos empregados para @ anilise funcional sto ilustrados com um caso sobre 0 comportamento de bitra da crianga ¢ o recusar-se a it & escola e como 05 desdlobramentos do atendimento exigiram mudangas das pessoas envolvidas, na escola & na casa, Reforgam-se, a cada paso, os comportamentos adaptativos da criauga. Faltava, ainda, analisar 0 comportamento verbal da crianga. Asmetiforas e seu estudo em situago controlada de contarhistéria, diante de material apresentado pelo terapenta e questées formuladas é ‘ caminho, Baseando-se na seqiiéncia de personagens e suas ages, se descortina um caminho de aplicagao e pesquisa ainda a desvendar. O terapeuta avalia seu trabalho pela adaptagao da crianga, ‘mudanga de seu relato ¢ observagio da familia, quando pertinente. Palavras-chave: atendimento de eriangas, recusa de ir & escola, fobia escolar, anise de metiforas. Summary Methods for working in child psychotherapy: changes occurred and new directions. Thi: study aimed at describing changes in child therapy that have occurred in the last thirty years. It shows how to be careful in child attendance, the search for the controlling variables ofthe problem behavior, as well as the relevance of parent orientation, representing aspects that need further analysis. Procedures for the functional analysis are illustrated with the ease ofa little child whose problem behavior was a refusal 0 go to school. The process of therapy involved changes in behavior of both parents and teachers. The child adaptive behavior is reinforced step by step. The child verbal behavior also had to be analyzed and this task was accomplished through metaphors and story-telling in a controlled situation, with material and questions presented by the therapist. Based on the characters of the story and theiraetions, research and application are made. A change in child behavior, becoming more adaptive, and the observation of parents, when needed, provide a way that makes it possible for the therapist to examine his own work. Key words: child attendance, refusal to go to school, school phobia, metaphor analysis. Nas iltimas trés décadas, ocorreram grandes mudangas nas formas de intervengao durante 0 processo terapéutico. A anélise expe- rimental do comportamento deu origem a prin- cipios de comportamento que favoreceram uma melhor compreensao das varidveis que contro- Jam 0 comportamento. Em decorréncia desses trabalhos, inicialmente, surgem novas maneiras de compreensio do proceso terapéutico. Afir- mages como as de Bijou (1966) valorizam a atengdo social, como uma conseqtiéneia infali- vel ¢ reforgadora do comportamento inade- quado da crianga, o que o levoua coneluir quea mudanga sistematica dessas contingéncias sociais deveria ter valor terapéutico. A terapia comportamental (denominada nna época de “modificagéo de comportamento”) se converteria numa questilo de efetuar modifi- Jaide A.G, Regra cages nas contingéncias ambientais de modo que os membros da comunidade da crianga atentassem preferencialmente a0 comporta- ‘mento nido-andmalo, através de procedimentos aplicados no ambiente natural da crianga (Baer e Wolf, 1970). Os primeiros trabalhos (Azrin e Linds- ley, 1956; Ayllon e Michael,1959; Wolpe, 1961; Williams, 1965; Patterson,!965) tinham como principal objetivo evidenciar que os principios demonstrados através da andlise experimental do comportamento animal teriam, os mesmos resultados com seres humanos. A relevancia dada 4 avaliacio preconi- zava a ulilizagao de delineamentos que fizes- sem uso de uma linha de base miiltipla, onde se registra a freqiéncia de dois ou mais comporta- mentos; introduz-se um procedimento para cada comportamento, em momentos diferentes, © entlo, observa-se 0 efeito da variivel sobre cada um dos comportamentos, Embora essa avaliagio continue altamente relevante, o traba- thar com os eventos privados passou a requerer também outras formas de avaliagao. Ao traba- Iho anterior foram acrescentados outros tipos de interveng’o, fundamentados na anélise do comportamento complexo, envolvendo o comportamento verbal, formagio de conceitos e regras que possam dificultar uma adaptagao mais adequada do individuo, Formas de avalia- fo mais adequadas, relacionadas ao comporta- ‘mento verbal, ainda so incipientes, e fazem parte das inovagdes metodolégicas, tio neces- sérias ao avango desta dea de estudo. ‘Na clinica, os trabalhos pioneiros eram feitos, na maioria das vezes, através da mde ou professora, elaborando-se uma lista de compor- tamentos inadequados, como parte da queixa, a fim de identificar os estimulos antecedentes consegilentes para cada comportamento. Utili- ~zava-se da andlise funcional baseada na contin- géncia de trés termos: o estimulo antecedente, o 80 comportamento € 0 estimulo conseqtiente. O comportamento era descrito operacionalmente pelo terapeuta, ou a mae era levada a fazé-lo. Solicitava-se também uma lista de comporta- mentos adequados com seus respectivos ante- cedentes e conseqiientes, Um breve relato de caso atendido em cli- nica, pelo autor, em 1972, pode ser ilustrativo, Crianga de seis anos e nove meses, fre- qtientando a primeira série priméria, com quei- xa de “fobia escolar”. Até entdo era uma otima aluna e tinha notas muito boas na escola. O pro- blema teve inicio quinze dias antes da consulta, quando a crianga comesou a usar éculos de grau. Dizia ndo querer ir 4 aula porque algumas: criangas faziam gozagdes por causa dos dculos. Desenvolveu um padrao de comportamento lento, no conseguindo acabar as tarefas em classe, ea professora chamava sua atencao, dizendo que estava no “mundo da (ua”. Na primeira semana, a crianga chorava e/ou vomi- tava diariamente na escola, Apés esta semana, nijo mais foi a aula por seis dias consecutivos, Como este comportamento é mais comum em criangas “no seguidoras de regras”, procu- rou-se investigar os padrdes de comportamento anteriores a queixa, Foi identificado que a crianga apresentava comportamentos de “Birra”, o que em muitos casos, envolve o “nao seguir regras”. A hipdtese de estarmos lidando com uma crianga que nao atendia adequa- damente aos limites impostos foi confirmada, sendo relatado que a mie cedia as “Birras” da crianga, transformando o “Nao” em “Sim”. Considerou-se, entio, necessirio traba- thar primeiramente os comportamentos da mie da crianga, nos contextos em que ocorria um “Nao”, pois a “Birra” poderia fazer parte da ‘mesina classe de resposta de“nao seguirregras” que estava ocorrendo na escola. Outras classes de respostas que ocorriam na escola foram também identificadas. Formas de trabalho na psicoterapia Infantil: mudancas ocorridas e novas diregoes: Nas tabelas abaixo, temos 0 levanta- mento de dados através da Entrevista com a mie e com a professora, contendo os comporta~ mentos adequados ¢ inadequados da crianga, seguidos pelos respectivos antecedentes € consegiientes ambientais, em casa ena escola. Tabela 1. Comportamento de “Birra” emitido ei casa, pela crianga, com especificagaa dos antece- lentes ¢ consequlentes do comportamento Comportamento Antectones | Gs cianea | Cmsenientes tcianga ehorfinsite [le cate om mus era:"bin", [paca cansepeir mula oftses tua. hie” para “Sia"}.—|foreamene 9 vo) Ao analisar os dados da Entrevista com a mée, identificamos que o choro da crianga ccorria, aproximadamente, trés vezes ao dia, diante de situagdes em que a mie dizia “Nao” 4 crianga, A mie tinha dificuldades em lidar com limites, e a0 ver a erianga com “Birra”, costumava retirar os limites e permitia que a crianga fizesse ou obtivesse o que havia sido negado, antes da Bitra, para se ver livre da incémoda situagao. ‘A analise do comportamento nos leva a concluir que © comportamento de “Birra” da crianga se caracteriza como comportamento de fuga, pois remove a condigo aversiva, que ¢ 0 impedimento através do “Nao”. E também um comportamento reforgado positivamente, O comportamento da mae, de ceder no momento da “Birra”, se caracteriza como um comporta- mento de fuga, pois remove a condigdo aver- siva, a “Birra”, 81 Se a crianga tem dificuldades em lidar com limites em casa, pode desenvolver um padrio de comportamento em que escolhe fazer apenas 0 que gosta, passando @ eriar problemas quando tem que fazer alguma coisa que nto goste muito, como por exemplo, cumprir uma obrigagao. Esse padrio de comportamento poderd ser emitido em outros contextos em que ocorra 0 “Nao”, ou uma regra eujo cum primento no seja muito agradivel. Ne escola, se a professora tepetir 0 padrao de compar- tamento da mie, cedendo as “Birras” ou per- mitindo 0 “ndo seguimento das regras”, ent, em amibas as situagdes, casa e escola, o estimulo verbal “Nio” passaria a ter a mesma fungio (por generalizagio ou transferéncia de fungdes equivatentes). Na Tabela 2, esto sistematizados os dados sobre os comportamentos emitidos em casa que esto relacionados com a recusa em ir a escola Tabela 2, Comportamentos emitidos em casa (celacionados com arecusade ira escola), com espe- cificagdo dos antecedentes © conseqiientes do comportamento. Antecedents ce Consegientes Crianga toncando calé|"Nao yuero ir aula”. ica Lo para ir ascola. te porque deve ir {clorgameato posites) itieabrapae comers, (reorgamtoatopositiva} Siang oman cal Chora ia naka pra i 3 sel rian toad cate ont, prs irascata com para tanta. lua dé vemédio & nostase mit pr opi conversa ce ing sor i sca. (game neat la esau da ci paves: ia aul) Jaide A.G, Regra ‘A andlise dos comportamentos da crianga, que estio sistematizados na Tabela 2, auxiliam na compreensio sobre 0 que esté ocorrendo com a crianga, Ao levantarse pela ‘manha, a erianga emite uma longa cadeia de comportamentos, relacionada aos preparos para ir 4 escola. Neste contexto, a aproximagao do horitio de ir 4 escola parece favorecer a emissio de comportamentos de recusa de ir & escola, A andlise desses comportamentos nos leva a coneluir que 0 comportamento verbal da crianga “Nao quero ir a aula” é reforgado posi- tivamente pelo excesso de atengao, dada pela mie, que aceita a recusa da erianga, mostran- do-se permissiva; pode ser também identifi- cado como comportamento de esquiva, se realmente a crianga estiver evitando o contato com algo desagradavel na escola. O comportamento de chorar também ¢ seguido de reforgamento positive e pode aumentar de freqiiéncia. © comportamento de vomitar pode participar da sobreposic’a respondente/ope- rante eestar sob controle de miltiplas varkdveis, Inicialmente, 0 comportamento de vomitar poderia estar sob controle de estimulos aversi- vos, na escola, em decorréneia das brigas com ‘os colegas, por causa dos éculos novos; outra condigdo aversiva poderia ser a mudanga na interagdo com a professora, que passou a chamara atengao da crianga, quando esta ficava distraida. © aumento na complexidade das tarefas, que fazem parte do programa escolar, pode ser um outro fator que se sobrepée. ‘Quando a mae permite a crianga permanecer em casa, ocorreria a esquiva dos estimulos aver- sivos da escola, além desse comportamento estar sendo reforgado positivamente, ‘Tabela 3. Comportamentos emitidos na escola com especifieagio de antecedentes © conseqiientes do ‘comportamento, Antecedentes nen Consenentes Inst pare fre Choa Prot? agraaeleve a a tarts, ncianga para desentar na sla daira \Celorcamenta pas in ung do asquiva da taela} asa senteae fonit, Prt telefon pare endear ae que ad ake Iho eleva xanga para tax. (rolorgamento nage inn ela rena do lestimula aversion elortamenta posi) ‘nstugao ara farer|Crianga ola para aProl* chama a ate atarea escolar. |janla coda rang refuamenta psa) natu yara faze hianga faa tarela. |Prot* naa fate aad a trea escola fz (extingaa) Na Tabela 3, podemos observar os comportamentos emitidos na escola, rela- cionados as dificuldades de permanecer em classe. Frente 4 instrugio para fazer a tarefa, a crianga chora e a professora a agrada e a leva para desenhar na sala da diretora, Podemos hipotetizar que 0 choro ocorreu, inicialmente, quando a crianga brigou com os colegas, por causa dos éculos. Uma ve7 que este compor- tamento foi reforgado positivamente (e também negativamente por evitar a situagao aversiva), ele aumentou de freqtiéneia, Formas de trabalho na psicoterapia infantil: mudangas ocorridas e novas diresdes: O comportamento de vomitar em classe parecia estar sendo mantido pela remogio dos estimulos aversivos, tendo, assim, a caracteris- tica de um comportamento de fuga, pois era reforgado negativamente por esta remogao do estimulo aversivo, Posteriormente, poderia também estar sendo reforgado positivamente, pelo excesso de atengao liberada em cada ocorréncia desse comportamento. Outra informagdo relevante, através da Entrevista com a professora, se refere ao tipo de interagdo professoralerianga, A professora chama a atengdo da erianga quando esta “nao faz” a tarefa e “olha para a janela”, reforgando positivamente o comportamento de “distrair~ " enquanto que “nada faz” quando a crianga “faz” a tarefa e “permanece concentrada”, usando 0 procedimento de extingio para o comportamento de “permanecer concentrada”. Desta forma, prevé-se que 0 comportamento de “distrair-se” aumentaré de fregiiéneia e 0 comportamento de “concenirar-se” diminuiré de fireqiiéncia. E foi o que, de fato, ovorret. A Tabela 4 mostra os antecedentes dos comportamentos emitidos pela crianga quando no vai a escola, ¢ os conseqiientes que se seguem Seguindo as informagies contidas na ‘Tabela 4, podemos observar que, se a crianga for & aula deverd acordar as sete horas da manhd, mas, se informar a recusa em ira escola na noite anterior, podera levantar as 10 horas na manha seguinte, Em termos do custo da resposta, recusar-se a ir a escola oferece mais ganhos do que ir a aula e se transforma numa outra varidvel controladora do comportamento, que se sobrepde as demais. Quando a recusa em ir a escola ocorre as sete horas, no café da manha, depois de ter-se levantado, ¢ permitido que a crianga falte & s 83 aula, a me também falta ao trabalho, e mae e crianga passam o dia juntas, o que também é uma situagdo altamente reforgadora para a crianga. ‘Tabela 4, Comportamentos emitidos em casa (quando a crianca nao vai é escola), com especi- ficacdo clos antecedentes e conseqiientes. Comportamentos ‘Antecettentes ta trianga Conseqjientes angajuns ade isa a mae que néo/Nae da conselhn a oct, antes deli a esula, Mae nao chama a iia, rang para levntr ls 7 horas, ao dia seginte,erianete-| hanta is 10 ores, ine junto, sa eu vag te tanvaitraala ivsa & née que ai naan a eit, antes no cia soguinte e da id escolaequrticay com a me em casa sitar. Jeonselhes rings 20 longo do dia Ginga atow es [hana ovints prince a manka tal cla, levatou sf hrincat com os wins. 10 horas e toma} ale. Ginga faltou eliga a Asie TV & tare | cla, levantow as no fag, 10 bares termina de alnogay Giana fatoud es|thama as vieinhos|Bxinca um longo pe cla, levantow as] ara brincar. 10 ras, anon rioda vom os vizinhos. Quando a crianga se recusa a ira escola e permanece em casa, além de ficar com a mae, brinca o dia todo com os vizinhos e nao precisa fazer ligtio de case. Como vemos, todos comportamentos de recusa em it 4 escola sio reforgados positivamente em casa, € também cumprem a funcao de evitara condigdo aversiva da escola, se houver. valde A.G, Regra Continuando a anélise dos dados, foi levantada a hipétese de que 0 comportamento de “Birra” estava sendo reforgado nos dife- rentes ambientes (casa € escola), sendo consi- derado que a crianga aprendew um padrao de resposta de “fazer aquilo que deseja”, mesmo quando nao ¢ permitido, O comportamento de “Birra” estaria sendo mantido por esquiva (2 crianga evita fazer o que nilo quer) ¢ ela & reforgada por emitir comportamentos ineom- pativeis com seguir regras. Foram levantadas hipateses de que, ao colocar os dculos novos, a crianga no soube lidar com as gozagdes dos colegas, por inabilidades sociais. Ao ter difi- culdades em seguir regras, passou ando atender as regras da escola e obteve mais reforgadores desta forma, Ac passar do pré-priméio para a primeira série, aumentou também a comple- xidade do contetido académico, com maior custo de resposta para fazer as tarefus em classe e em casa. Ao ficar em casa, provavelmente obtinha maior niimero de reforgos do que quando ia 4 aula, Os comportamentos de recusa em ir para a escola eram mantidos por esquiva, uma vez que evitava fazer coisas que nao gostava, ¢ também por reforgamento positivo, pois recebiam muita atengdo da mae, Perma- necer em casa no horario de aula se tornou um novo contexto, onde emitia comportamentos seguidos de reforcadores positives poderosos Na situagio clinica, optou-se por traba- thar com a mae, primeiro com a “Birra”, para avaliar como ela seguiria as orientagdes dadas. Estarfamos também preparando a crianga para seguir regras, 0 que aumentaria a probabilidade le emitir os comportamentos, que faziam parte do procedimento Il, a ser introduzido, para smudar 0 comportamento “de recusa em ir a escola. O terapeuta teria mais tempo para obter novos dados para elaboragdo de um procedi- 84 mento com menor risco de falhar, dada a emergéucia da situagfio. Comoa mie executava todas as instrugdes ¢ efetuava todos os registros solicitados pelo terapeuta, os problemas puderam ser resolvidos mais rapidamente. O atendimento constou de oito sessées de orien taco da mie que ocorriam duas vezes por semana, duas enirevistas com a professora € dois atendimentos da crianga. Procedimentos basicos Linha de base histérica Foi registrada, através de relato verbal da mae, uma linha de base histérica dos tiltimos quatorze dias, quando iniciou 0 problema, anterior & data da consulta, Linha de base miltipla Refere-se a0 registro concomitante da linha de base de dois comportamentos, para em seguitda introduzir-se 0 procedimento | ditecio- ‘nado para 0 comportamento I (Birra em casa) enquanto continua-se © registro do comporta- mento II (recusa em ir & escola), em Tinha de base, sem que nenhum procedimento seja intro- duzido para este comportamento. Esse controle metodolégico pretende jidentificar se cada um dos comportamentos. esti sob controle de varidveis diferentes, e se a mudanga da varidvel que controla o comporta~ mento | apenas altera o comportamento |. Este delineamento favorece a identificagio das possiveis varidveis controladoras dos comporta~ mentos considerados como alvo de musdangas. Linha de base T Foi solicitado @ mae para fazer um registro da fregiiéncia do comportamento de Birra da erianga por quatro dias, registranda Formas de trabalho na psicoterapia infantil: mudancas ocorridas e novas diregoes: ‘no momento em que ocorre, Nao se pretendia ter uma linha de base estivel, 0 que é dificil de se atingir em clinica: em primeiro lugar, porque o tempo requerido pode ser muito longo para se encontrar uma estabilidade; em segundo lugar, porque, mesmo com tempo longo, varidveis que nao esto sob controle do terapeuta podem manter a variabilidade do comportamento, Com o registro efetuado durante quatro dias, teriamos apenas alguns dados sobre a freqiiéneia aproximada, antes de introduzir 0 procedimento 1 para 0 compor- tamento de Birra. Linha de base IL Durante onze dias foi registrada a fre- aliéncia de ir A escola. Procedimento I Enquanto continua o registro do compor- tamento de “recusa de ir 4 escola”, foi introdu- Zido 0 provedimento | As Birras ocorriam na presenga de wm “Nao”. A mie foi orientada a nfo mudar 0 “Nao” para “Sim”, em todas as ocorréncias de “Birra”. Apenas diria “Nao” para o que real- mente nfo fosse possivel conceder permissao ¢ explicaria rapidamente os motivos da recusa para a crianga, Desta forma, o comportamento de “Birra” nao seria reforgado positivamente, a mesmo tempo que comportamentos de esquiva poderiam ser bloqueados. A mae deveria também estar atenta aos compor- tamentos adequados da crianga que deveriam ser fortemente reforgados. Com isto, é previsto que a probabilidade de ocorréneia futura se reduzira para o comportamento de “Birra” ¢ aumentard para os comportamentos adequados da crianga, 85 Tabela 5. Descreve o Procedimento 1, elaborado para mudar 0 comportamento de Birra da erianga, alterando as contingéncias ambientais, através da Orientagao da mae. Comportamento Antecedents | a canga Conseqientes Fentezestinlaver-\Cianga chore in| pemnece camo al "ha ite para conseguir No” eulic rap Joque quer. ——_‘amente os mativs io porque no pote bie “Aaa” somente paraas coisas que nda sao realmente poss eis, \xngzo Frente estinulover|Crianga aceita ole elogia a eine hal "hao" ao” sem chara eau wt um rela nsoinsise. Yor natural adequa} is Frente a estiulas|Acriangaenite come tia refocader \Variatos. jjortamentos ade-natural adequado, uns. Procedimento II 0 procedimento If refere-se um “paco- te” terapéutico, envolvendo varios compor- tamentos, varios contextos e varios procedi- mentos. Isto porque o comportamento II (recusa de ir aula) pode englobar duas ou mais classes de respostas com varios membros em cada classe. Embora no possamos precisar e descre- yer todos os membros da classe, nem especi- ficar os critérios utilizados para denominar cada classe ou mesmo identificar como cada classe foi formada na histéria de vida da crianga, mesmo assim, considera-se que o levantamento de hipéteses sobre as classes de respostas seja itil para a andlise do comportamento. Esta utilidade estaria no fato de que a anilise pode Jaide A.G. Regra favorecer a identificagao de possiveis varidveis que controlam o comportamento e desta forma, auxiliar na elaboragzio de procedimentos que possam produzir as mudangas desejadas. Podemos supor que alguns dos compor- tamentos fagam parte de uma classe de resposta funcional, em que os diferentes comportamen- tos apresentam a mesma fungio no ambiente, No caso da crianga, femos duas classes de res- postas: a classe I, com cada membro da classe sendo mantido por reforgamento positive ¢ a classe I, com cada membro da classe sendo mantido por esquiva ou eliminago de estimu. los aversivos. Intervengao feita através da orientacao da mie No décimo primeiro dia de linha de base do comportamento I (recusa de ir & aula), foi introduzido o “pacote” terapéutico. Para o comportamento de recusar-se a ir & escola, a mie disse a crianga que ela poderia escolher entre “ir” ou Quando a erianga diz: “Nao quero ir & escola” é recomendavel criar uma situagdo no permissiva, porém, sem confionto direto que possa gerar briga, Uma maneira de fazer isso, sem confronto, é estabelecendo um “trato” com a crianga, no qual ela possa escother entre “it” “no ir", desde que sejam especificadas as conseqilncias para cada condigo. A formagio de “autocontrole” ea “formagao de responsabi- lidade” requerem que a crianga aprenda a prever as conseqiiéncias de seu préprio comporta- “ie”, entio sera capaz de “nao ir” & escola. mento: Se escolher “ir prever a conseqiléneia de seu comportamento nesta condigio; Se escolher “ndo ir’, entio sera capaz de prever a conseqiiéncia de seu comportamento nesta outra condigio. 86 ‘Tabela 6, Procedimento I espeeificanda as mudan- gas de comportamento da mae que passaram a Seguir-se aos comportamentos da crianea emitidos em casa ¢ relacionados com a recusa de ir a escola. Comportamentes Anacedetes | anna Conseqientes sianga tomandolCinga diz Wanted: "ood ecole até prairaescla, queroir& escala”.Jrglca as conseqinia para cade conic: Seescole “nai }. develevantaras Thora ering ter ia eat {ao ira brincarcom os ‘iis, nom combi ‘ues, em assiticT) se esol “i pata ie jogsfitosatavs de vas abla: a. uma tia pla prulessrana esol: cata, ita pla mae em casa tabelas espenficavas labaixa. ae oui sem exageros Crianga tomando| inca vont, cal da man para ira oso Crianga tomando|Cingachora. ale para ira esce| ore para @ anti Ie perquata o que esti lsentinda © dé pouca ateneo. Desta forma, ao escolher “ndo it” & escola, a crianga deverd experienciar a condigdo I levantando as sete horas, vendo a mde sait para trabathar, nao brincanda com os vizinhos, nfo pegando seus brinquedos e nio ligando a TV. ‘Nao haverd um punidor para 0 qual direcionar sua raiva, pois foi ela mesma que escolheu esta condigao, Agora, é 0 seu comportamento de escolha que determina as consegtiéncias de seu comportamento, Formas de trabatho na psicoterapia infantil: mudangas ocorridas ¢ novas direges ‘Tabela 7: Procedimento Il especificando as mucian- ¢as de comportamento da professora na escola, com descrigio dos comportamentos da crianga, os ante- cedentes € 0s comportamentos conseqtienes. Comportamento Anaceienes | yet Consegientes strain pare aera Chora aa Inanece an case extingdo ) Petessore caida da [sian som ecessa. ans este se quer ipa as usec classe, avatando as sensi: 1. sor aa casa pie ais letuna quae a mi ea nosed cas nosis port gr lnaecio om case; 2 far em class | cebe as eoesenidacis pestis da me, porter pemanaids om casa registro daplessua oom mia quanta de tals ets Tose parafzr a Pesmanase aha paral Peofessora ignore &| Ginga sented f-[Yonita nda tart. A Tabela 7 mostra a descrigdo detalhada do Procedimento II, relacionado com os comportamentos que ocorrem na escola, especificando a Orientagio dada professo- ra, de modg a alterar seus comportamentos em classe, frente aos comportamentos da crianga Como vemos na Tabela 7, com relagao a0 comportamento de chorar em classe, a professore foi orientada a dar atengdo redu- zida a esse comportamento e manter a crianga em sala (no levé-la para ir desenher com a diretora), Com relagfio ao comporte- mento de vomitar, além de reduzir a atengzo para este comportamento, a professora é orientada a pedir para a crianga escolher: Se quer ficar na classe até o final (avaliando as conseqiléncias positivas dessa escotha); ou Se quer que telefone para a mie vir busei-la (avaliando as conseqiiéncias negativas dessa escolha). Procurou-se alterar as contingéneias, de modo que 0s comportamentos adequados fossem reforcados positivamente e os compor- tara janet, [registra no quadro a} és oe lontidee de taefe| _‘tamentos inadequados nfio fossem reforgados ¢ te cone cnsepso] as esquivas pudessem ser bloquendas. er aaqele eid A professora foi orientada a preencher Se a varie! convoladra ocmutnatndente| —-

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