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EDITORA
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
Apresentação
Marcos Nicolau .............................................................07
A criação do Projeto Para Ler o Digital: a reconfigura-
Do códice ao leitor digital: ção do livro na cibercultura, no segundo semestre de 2010
a reconfiguração do livro na cibercultura trouxe consigo, não apenas a produção de eBooks e ePubs
Rennam Virginio e Filipe Almeida .................................. 08 que foram sendo publicados na página do eLivre – livros ele-
trônicos livres (http://www.insite.pro.br/Livros.html), criada
O livro digital e a interdependência
para esse propósito, mas, também a elaboração de artigos
dos fatores da midiatização
científicos apresentados em encontros da área.
Rennam Virginio ......................................................... 32
A presente obra é uma coletânea de todos esses
Livros digitais no meio editorial paraibano artigos produzidos no decorrer de três anos, por alunos
Marriett Albuquerque ................................................... 52 graduandos do DEMID/UFPB, que atuam como pesquisa-
A Reconfiguração do Livro Didático em Versão Digital: dores PIBIC e PIVIC, e por um mestrando do PPGC/UFPB.
Uma Ideia de Sustentabilidade Os trabalhos contaram com a nossa colaboração, como
Filipe Almeida ............................................................. 65 co-autor, e foram apresentados em Congressos do INTER-
COM Regional ou Nacional, pelos próprios alunos.
Livro Digital: Percalços e Artimanhas Esse conjunto de textos compõe uma pesquisa que
de um Mercado em Reconfiguração tem a importância de demonstrar como se deu, não apenas a
Rennam Virginio .......................................................... 81 evolução dos livros, desde a sua concepção como códex, pas-
O Livro Digital e as Novas Necessidades sando pelo avanço da tipografia há pouco mais de 500 anos.
de Produção e Leitura Mostra, também, o desenvolvimento dos eBooks e dos ePubs
Fabrícia Guedes, Filipe Almeida e Marriett Albuquerque ..... 100 desde suas concepções, assim como os aspectos e as ques-
tões que envolvem o mercado dos livros digitais. Constitui,
Livros Digitais no Brasil:
por isso, um trabalho bem fundamentado que está subsidian-
Analisando as Causas do Insucesso
do inúmeras outras pesquisas - tanto Trabalhos e Conclusão
Rennam Virginio ......................................................... 118
de Curso (TCC), quanto Dissertações de mestrado.
A ascensão do livro digital
e a autonomia do autor na cibercultura Marcos Nicolau
Filipe Almeida ............................................................ 137 Professor do DEMID e do PPGC
O suporte digital apresenta uma diferença considerável O que estamos vendo é um retorno a experiências an-
em relação aos hipertextos anteriores à informática: a teriores, com o aproveitamento das inovações sociais e
pesquisa nos índices, o uso dos instrumentos de orienta- tecnológicas do digital, principalmente no que se refere
ção, de passagem de um nó a outro, fazem-se nele com às possibilidades de produção de conteúdo, de compar-
grande rapidez, da ordem de segundos. Por outro lado, tilhamento de informação e de criação de redes sociais.
a digitalização permite associar na mesma mídia e mixar Os e-readers emulam, com a e-ink7, muito bem o papel
finalmente os sons, as imagens animadas e os textos. e a tinta. Alguns não tem iluminação interna e tornam-
Segundo essa primeira abordagem, o hipertexto digital -se muito confortáveis para a leitura. O que está em
seria, portanto, definido como uma coleção de informa- jogo aqui é usar a tecnologia digital e as redes sem
ções multimodais disposta em rede para a navegação fio para proporcionar portabilidade da biblioteca e uma
rápida e ‘intuitiva’. (LEVY, 1996, p.44) leitura próxima da do livro impresso (sem firulas, links
desnecessários, ou interatividade exagerada). O leitor
nem sempre quer ser “interator”. Ele quer ler como se
Os recursos que os eBooks oferecem, facilitam a in-
lê um livro em papel. A relação material é importante
teração com o conteúdo, além de permitir uma grande
aqui: ler um produto acabado em uma postura corporal
portabilidade: um único dispositivo pode carregar milha- similar àquela da leitura dos livros jornais e revistas
res de títulos, e ter - através de uma conexão com Inter- impressas. (LEMOS, 2011)8
net - acesso imediato a outros milhares de títulos disponí- 5
Disponível em:http://ipsilon.publico.pt/livros/texto.aspx?id=295029
veis gratuitamente ou a venda em sites de todo o mundo. Acesso em: 05/11/2011
“É possível carregar vários títulos (centenas e até milha- 6
Disponível em: http://andrelemos.info/2011/10/flica/
Acesso em: 01/11/2011
res) em um único dispositivo de leitura que cada vez mais 7
Também conhecido como “papel eletrônico” ou “tinta eletrônica”, é
estão baratos, leves e com melhor autonomia de bateria uma tecnologia que mimetiza o papel impresso em um display.
e capacidade de armazenamento”. (HORIE, 2011, p.16)
8
Disponível em: http://andrelemos.info/2011/10/flica/
Acesso em: 01/11/2011
Destacamos o fator tecnológico por este exercer O fator tecnológico apresenta, portanto, uma con-
uma função de destaque no processo de midiatização, traditória relação do fator tecnológico com os outros fa-
atuando em constante relação com os fatores humanoló- tores do processo de midiatização aqui destacados e que
gicos e mercadológicos – que serão conceituados e exem- serão discutidos detalhadamente mais adiante.
plificados na sequência do presente artigo -, embora essa
relação não se configure de forma harmônica.
A indústria é quem movimenta este fator, produzin-
do os aparatos tecnológicos necessários para a realização
das tecnomediações. Entretanto, esta mesma indústria
produz softwares e hardwares que acabam possibilitan-
Marriett ALBUQUERQUE2
Introdução
3
Noticia de O Estado de S. Paulo, versão eletrônica, em 20 de maio
de 2011, no link http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,na- 4
http://g1.globo.com/economia/noticia/2011/05/brasil-ficou-atraen-
-amazon-ebook-vende-mais-que-livro-de-papel,721630,0.htm Aces- te-para-fabricacao-de-tablets-diz-ministro-da-fazenda.html Acesso
so em 22/05/2011. em 15/12/2011.
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,na-amazon-
-ebook-vende-mais-que-livro-de-papel,721630,0.htm Filipe ALMEIDA2
http://g1.globo.com/economia/noticia/2011/05/brasil-fi-
cou-atraente-para-fabricacao-de-tablets-diz-ministro-da-fa-
zenda.html Resumo
http://www.ebrary.com/corp/index.jsp
A mesma portabilidade que originou o livro impresso tam-
bém está presente no livro digital, com uma grande di-
ferença: ao invés de um, o leitor digital carrega consigo
dezenas ou centenas de livros no mesmo suporte do ta-
manho de um livro tradicional. É no contexto dessa inova-
ção tecnológica que se vislumbra uma nova era para o li-
vro didático, reconfigurando uma prática educacional que
poderá contribuir com a inclusão digital e com um modelo
de sustentabilidade para a indústria editorial brasileira.
Procuramos demonstrar neste artigo, porém, que, no viés
1
Trabalho apresentado na Divisão Temática Comunicação Multimídia,
da Intercom Júnior – VII Jornada de Iniciação Científica em Comuni-
cação, evento componente do XXXV Congresso Brasileiro de Ciências
da Comunicação
2
Graduando em Comunicação em Mídias Digitais pela UFPB. Inte-
grante do Projeto Para Ler o Digital. Email: filipekjp@gmail.com
1
Trabalho apresentado no IJ 5 – Comunicação Multimídia do XIV Con-
gresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste realizado de
14 a 16 de junho de 2012.
2
Graduando em Comunicação em Mídias Digitais pela UFPB. Bolsista
do Programa de Iniciação Científica (PIBIC/UFPB) pelo projeto Para
Ler o Digital. Email: rennam.virginio@hotmail.com
3
Disponível em: www.youtube.com - Acesso em: 27/03/2012
4
Disponível em: www.myspace.com - Acesso em: 27/03/2012
Fonte: http://www.simplissimo.com.br/autores-livres/
que cada um agrega, não encontramos muitas diferenças,
apenas uma divisão do público entre leitores das versões
As redes sociais para os leitores de livros digitais: digitais e leitores das versões impressas.
uma nova ferramenta de interação
1
Trabalho apresentado no IJ06 – Interfaces Comunicacionais do XV
O livro tem como características básicas, o fato de
Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste realizado
de 12 a 14 de junho de 2013. ser um suporte manual de conteúdos, passível de ser
2
Graduanda no curso de Comunicação em Mídias Digitais da UFPB. transportado e lido, página a página pelo seu usuário, per-
Bolsista do Programa de Iniciação Científica (PIVIC) da UFPB/CNPq.
Integrante do Projeto Para Ler o Digital. Email: fabriciakguedes@ mitindo destaques e anotações em trechos, para posterior
gmail.com uso. E tem sido assim durante mais de quinhentos anos,
3
Graduanda no curso de Comunicação em Mídias Digitais da UFPB.
desde que Johannes Gutenberg criou a prensa tipográfica
Bolsista do Programa de Iniciação Científica (PIBIC) da UFPB/CNPq.
Integrante do Projeto Para Ler o Digital. Email: kmd.albuquerque@ para reprodução mecânica de textos. Embora tenha se ori-
gmail.com ginado do códice, com seu ajuntamento de páginas presas
4
Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGC/
UFPB). Integrante do Grupo de Pesquisa em Processos e Linguagens
pelo dorso há mais de dois mil anos, é com os recursos de
Midiáticas - Gmid/PPGC e do Projeto Para Ler o Digital. Email: fili- impressão que o livro ganha produção em série e permite
pekjp@gmail.com
novas necessidades de uso, além das observadas neste LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999.
artigo, surjam, de forma a tornar cada vez mais prática a LOGAN, Robert. Que é Informação? A propagação na bios-
relação dos usuários de livro eletrônico. fera, na simbolosfera, na tecnosfera e na econosfera. Rio de
Janeiro: Editora Contraponto - PUC/Rio, 2012.
Porém, o importante é que entramos em uma era de
PARRY, Roger. A ascensão da mídia: a história dos meios de
democratização do conhecimento, em que a produção, a
comunicação de Gilgamesh ao Google. Rio de Janeiro: Elsevier,
difusão e o acesso ao saber estão cada vez mais disponí- 2012.
veis, em um processo irreversível. Do mesmo modo que PAULINO, Suzana Ferreira. Livro tradicional x Livro eletrônico:
os celulares estão chegando ao alcance das classes mais a revolução do livro ou uma ruptura definitiva? In: Revista
pobres, os conteúdos midiáticos também, afinal o próprio Hipertextus. n° 3, junho, 2009. Disponível em: http://www.
hipertextus.net/volume3/Suzana-Ferreira-PAULINO.pdf. Aces-
celular é fonte de acesso a esses conteúdos, inclusive no so em: 10/04/2013.
formato ePub, o livro digital próprio para este aparato tec-
nológico pessoal.
Nesse contexto, tanto a permanência do livro im-
presso proveniente do mercado editorial, quanto a am-
pliação de uso do livro digital somarão forças para que
o desenvolvimento social e cultural esteja ao alcance de
toda a sociedade. Afinal, conforme diz Parry (2012, p.
60): “Como tipo de mídia, o livro encontra-se em exce-
lente forma, e vai escrevendo um novo capítulo de sua
história nesta era dos meios de comunicação digital”.
Referências
Rennam VIRGINIO2
Introdução
7
Disponível em: http://www.amazon.com.br/s/
ref=amb_link_366167302_33?ie=UTF8&rh=i%3Adigital-
-text%2Cn%3A5475882011&pf_rd_m=A1ZZFT5FULY4LN&pf_rd_
s=left-4&pf_rd_r=09SFY7Y8T3C73SRT53TT&pf_rd_t=101&pf_rd_
p=1514834982&pf_rd_i=6311441011 - Acesso em: 25/04/2013
uma simples atividade cultural de aquisição do conheci- DARNTON, Robert. A questão dos livros: passado, presente e
futuro. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
mento, e sim, uma estratégia fundamental de capacitação
e instrumentação dos cidadãos para conviver numa ciber- GHAZIRI, Samir. A leitura na tela do computador. São Pau-
lo: Baraúna, 2009.
democracia. E publicar livros não é mais uma prerrogativa
GUEDES, Fabrícia; ALBUQUERQUE, Marriett; ALMEIDA, Filipe;
dos editores que, por muito tempo, dominaram a indústria
NICOLAU, Marcos. O livro digital e as novas necessidades
do livro, mas uma prática acessível aos cidadãos/autores de produção e leitura. Trabalho apresentado no DT 1 – Jor-
espalhados por todas as partes do mundo. nalismo do XV Congresso de Ciências da Comunicação na Re-
Assim como, não é mais o mercado editorial quem gião Nordeste. Mossoró, junho/2013.
dita o que deve ou não ser publicado pelos seus critérios LEMOS, André. Ciber-cultura-remix. 2005. Disponível em:
mercadológicos: são os próprios leitores que poderão fa- http://www.hrenatoh.net/curso/textos/andrelemos_remix.pdf.
Acesso em: 22/07/2013.
zer deste ou daquele livro um “best seller” pelo comparti-
lhamento e não pela prospecção de vendas das editoras. LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999.
Além do que, um livro pode ter valor de conteúdo signifi- NICOLAU, Marcos. O ciclo das autonomias: do texto, do supor-
te e do autor. In: Revista Temática. Ano VI, n. 12, dez/2010.
cativo para um pequeno grupo de leitores e mesmo assim
Disponível em: http://www.insite.pro.br/2010/Dezembro/
garantir sua existência editorial. apropriacao_autonomia_comunicacional.pdf.
Enfim, em tempos de cibercultura, o embate entre PARRY, Roger. A ascensão da mídia: a historia dos meios de co-
os autores de obras digitais e a indústria do livro ainda municação de Gilgamesh ao Gogle. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
está longe de terminar, porém, já é possível vislumbrar os VIRGINIO, Rennam; NICOLAU, Marcos. Livro digital: percalços
ganhadores: todos nós, leitores e produtores de conteú- e artimanhas de um mercado em reconfiguração. In: Congres-
dos para as mídias digitais interativas. so de Ciências da Comunicação na Região Nordeste, 14,
2012. Recife, PE. Anais.