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O Papel da Gestiio de Recursos Humanos nas Organizacées BREWSTER, C. (1997 ) A profisso de gerir pessoas ¢ talentos, Selecezo de Palestras do 18° Congresso Europeu de Recursos Humanos, Lisboa- Portugal, pp. 7-13 TEIXEIRA, C. ( 1995), Gestdo de recursos Humanos- que significado? Revista Portuguesa de Gestiio, n° III-IV, Lisboa, ISCTE, pp. 5-10 e TEREIMA , C . (1445) pee a fokujurve_obt (eels + Gestéo dos Recursos Humanos ; da ewan ureue> ~ 7 LoYoa heel ocGHEAS peed go Joe — que significado? Claudio Teixeira* 1. A Associagdo Portuguesa de Gestores ¢ Técnicos de Recursos Humanos escolheu como tema central do seu XXVI Encontro Nacional: «Da Gestio de Pessoal & Gestio das Pessoas». Embora os sub- temas indicados para as varias sessdes do Encontro niic-90s permitam concluir 0 que se quer dizer exac- {amente com aquela expressfo, cla tem pelo menos omérito de suscitara questdo do significado da ges- Go dos recursos humanos, ¢ de uma forma mais, directa do que seria fazé-lo discutindo a razao de ser de designagses diferentes tais como «gestio de pes- soaly € «gestio dos recursos humanos». Todavia, uns discussdo destas designagdes ~ ¢ que se fez recentemente no Reino Unidot® ~ leva também necessariamente a considerar qual o sentido da « «gestio dos recursos humanos» a uma «antigay «gestio de pessoal» quer quando esas designagdes so consideradas equivalentes. A ind ferenca quanto ao uso de uma ou outra, tanto pouerd querer dizer que, em termos priticos ou de Resto, isso € irrelevante, como também poderd sig- nificar que nao h4 evolucao nenhuma no exercicio da «funcao pessoal», apesar das mudangas de nome. A «antiga gestao de pessoal» ~ se por scntiga» ertendermos um (ratamento doiinante- mente juridico-administrativo das questdes Ge pes- manter-se-ia e nem se vislumbratia qualquer para mudar. Nao sabemos em que medida isso se verifica em Portugal. Em meados dos anos 70. 2 * Professor Avril da ISCTE Associagao Profissional (que se chamava «Asso- ciagdo Portuguesa de Directores ¢ Chefes de Pes- soal») mudou de nome — para um mais «técnica» ou «neutroy «Gestores € Técnicos de Recursos Huma- nos» —, mas a sua revista mantém o titulo (@ semelhanga da congénere francesa). Al renovaco de contedido ¢, a0 mesmo tempo#i renga perante a etiqueta? z Maas, hoje em dia, em Portugal niio deixa de ser signifi- ‘cativo (apesar de desconhecida.a importincia estatistica do fenémeno) que em algumas empresas a funcao pes- soal tena recentemente descido de estatuto e pasado a limitarse a0 tratamento juridico-administrativo do processamento de salétios,ficheiro de pessoal e cum- primento tanto quanto possivel minimo de diplomas legais ou convengées colectivas. O «pessoal» ou os saecursos humanos» passam categoria de niimeros tratéveis informaticamente, a gestio dos recursos huma- nos € reduzida & expresso mais simples numérica computorizada. Isto, 20 mesmo tempo que 0 discurso oficial falade «criar vantagens competitivas através das pessoas, Voltemos & expressio «Da gestio de pessoal a ges- to das pessoas». E dbvio que, com ela, se prvtende dizer que fazer gestio de pessoal nao é 0 mesmo que fazer «gestio das pessoas». Mais: aparentemente, é desejével que se evolua da agestio de pessoab> & «ges- Udo das pessoas». Nesta diferenciagao ou alternativa, o que € que evocam ou que conomagdes tm quer uma, quera outra? Revista Portuguesa de GESTAO Quanto a «gestao de pessoal»: —Por um lado, ela parece evocar a gestio de algo «colectivon —«o pessoal» ~, a gesto de categorias pro- fissionais ou mesmo, mais tecnicamente, de perfis de qualificagao, uma gestdo que é traduaivel em nimeros = gestiio do volume de emprego, por exemplo — em summa, uma gestfo niio personalizada, que néo tem por referencial dominante o individuo, a «pessoa»; — por outro lado, «gest de pessoal» evocaré uma ges- tdo que € exercida por «especialistas» que tratam juridica ou tecnicamente de questdes, tais como recru- tamento e selecgio, categorias © qualificagées pro- fissionais, planos de formacao, etc. Quanto a «gestao das pessoas»: Esta expressiio desde logo suscitaa ideia de gestio per- sonalizada, centrada no individuo, nomeadamente dando importincia & sua carreira na empresa ou mais amplamente na sua vida profissional, chama a atengo para a nogdo de «gestio dos colaboradores», e conse- quentemente implica que a gestdo dos recursos hurna- 1nos no seja exercida s6 por especialistas responsdveis da fungo pessoal, mas seja algo com que tém a ver os que desempenham fungdes de gestio, enquadramento ce supecvisao. 2. Apés este curto apontamento sobre as conotaydes suscitadas pelas expressdes «gestio de pessoal» e «pes- to das pessoas», ¢ na sequéncia da referéncia feita no inicio deste artigo & maior, menor ou mesmo nila rele- vancia da diferenga de designagdes entre «gestio de pessoal» ¢ «gestio dos recursos humanos» (é esta Ultima que usarei daqui em diante), proponho estrutu- rar uma reflexio sobre o significado da gestéio dos recursos hurmanos que possa situar a sua variedade de ‘orientagies e préticas tendo em conta duas dimensdes fundamentais; ado exereicio, ou seja, quem desempe- nha fungao ou exerce a actividade de gestdo dos recur- sos humanos; ado seu referencial, ov por outras pala~ vras, 0 objecto dessa actividade. Trata-se de uma tentativa de tipologia® que tem, evidentemente, como limitagao o facto de no decomrer de uma analise empt- rica prévia que discriminasse claramente as dimensoes © 05 polos nela utilizados. Assim, quanto ao exercicio da fungao pessoal. poderia mos considerar dois polos: fungao «especializada» ¢ fungdo «partilhada», corespondendo & primeira ao exercicio exclusivo ou dominante de especialistas de recursos humanos ¢ a segunda, & participagao forte ou mesmo dominante dos gestores, quadros, técnicos € supervisores. Gest dos Recursos Humanos Fungo «Especalizdas Traamento judi adeniscaivo Mio-de-obra | | Fungo «Parithada Fi Quanto & outra dimensdo, ado referencial, emos num pélo os recursos humanos como «mii : seu tratamento juridico-administrativo eno outro {Go e 0 desenvolvimento do potencial humano:. "We A figura 1 & um primeiro esquema desta tentativa de tipologia. 2.1. Gestio dos recursos humanos como fungio sespecializada». Sem pretensées de definicao exaustiva, pode caracterizar-se a gestio dos recursos humanos como procura, aplicagio e desenvolvimento do potencial humano de uma organizagao com vista a esta atin- git os seus fins e objectivos. As actividades da fungdo pessoal, tendo em conta estes trés conjuntos — procura, aplicacao, desenvolvimento — podem sintetizar-se nos seguintes termos: ~A «procura» implica: + identficagao das necessicades quantitativas e qualita- tivas em recursos humaros, que decorrem da estraté- gia ou do planeamento da emoresa/organizagao ¢ da ‘evolugio «demogrifican do seu efectivo: + identificagaio do potencial humane disponivel, nomea- damente em termos de competéncias: e Revista Portuguesa de GESTAO + andlise da organizagdo ¢ dos sistemas de trabalho. a Gqual poder, ou no, uslizar métodos de «anilise de fangBesw mas que é uma base indispensdvel quer para a identificagao de necessidades acima referidas quer reparar as accdes de recrutamento e seleceai para 9% «+ recrutamento ¢ selecrao. A «aplicagio» consiste. por exemplo: «na afectagdo das pessoas as actividades de trabalho, {quer em termes de «postos de trabalho» individuais {querem termos de equipase de conjuntos ou familias de fungoes; «+ noassegurarde condigdes de trabalhoe bem-estar,em termos ergonémicos, de saide ocupacional, ede segu- ranga; + cin uma remuneragio que seja equitativa interna e externamente e constitua factor de estimulo 20 desen- volvimento. —0 «desenvolvimento» incluiré + avaliagiio do desempenho, inclufda aqui neste conjunto, apesar de na esmagadora maioria dos casos do ser praticada com objectivos de desenvolvimento € ser utilizada como instrumento de sangio (por exemplo, apenas como base para aumentos salariais «por métito); + snohilidade funcional e gestio de careiras protissic- ‘nay tendo em conta os potencias individuais ea evo- lugdo da actividade da empresa e dos tipos de com- peténcias comespondentes: + comunicagao e panicipacio: + formago, nos seus varios tipos e niveis: + desenho das fungdes («jab design, de que depende tum contetido do trabalho. factor de desenvolvimento do potencial humano. como mais frente se acentuar. Este sumario incompleto nao pretende que os ts con- juntos de actividades da fungao pessoal (procura. api custo, desenvolvimento} sejam ngidamente distintos: som efeito, por exemplo. a gestio de remuneracces ber- corte 05 trés conjuntos. Além disso. 0 enquadramento iuridico taboral abrange-os tamiém, Convém ainda sselarecer que a «procura. anlicacio € desenvoivi- ‘mento» tém como perspectiva dominance subjacente a de uma gestio do fluxo de recursos humanas, mais proxima das conotagoes de «gestio de pessoab» que das de «gestio das pessoas». As actividades atrés sumariamente indicadas so nor- malmente atribuidas a responséveis e especialistas da fungao pessoal, quando esta esté formalizada, o que é raro nas pequenas e mesmo médias empresas. 2.2. Gestio dos recursos humanos como fungio «

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