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MATERIAIS DE

CONSTRUÇÃO II
A Estrutura Interna do Concreto

Professora: Eng. Civil Mayara Custódio, Msc.


Prof. Eng. Civil Mayara Custódio, Msc.
Definições
Macroestrutura:
Estruturas visíveis à vista
humana;
 Olho humano – 1/5 de milésimo
(200µm).

Microestrutura:
Estruturas vistas com auxílio
de microscópios;
 Microscópio eletrônico:
Concreto – Aumento da ordem
de 100 a 150 vezes.
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Estrutura de Concretos
Concreto
Estrutura Heterogênea
Complexa
Composição depende de Inúmeros Fatores

Macroestrutura  Microestrutura
Agregados
Agregados Pasta
Pasta Vazios + Água
Zona de Transição

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Estrutura de Concretos
 Macroestrutura:
Agregados
Pasta de cimento

Microestrutura:

Interface agregados / pasta =


“ZONA DE TRANSIÇÃO”

Espessura = ± 1 / 20 mm
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Estrutura de Concretos
 Microestrutura:
Estudo através de microscopia ótica e eletrônica.
 Aumentos de até 900.000 x em imagens tridimensionais.
 Espetroscopia por energia dispersiva por feixes de raios X
(permite identificar qualitativa e quantitativamente a
composição de uma região da amostra).

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Estrutura do Concreto
Importância do estudo da microestrutura:
Entendimento do comportamento do concreto:
 Previsão e otimização das propriedades.
Análise de patologias do concreto:
 Possível prevenção de patologias;
 Contribuições para durabilidade de estruturas.
Desenvolvimento de novos materiais e estudo
das consequências nas propriedades do concreto;
A análise microscópica pode ser considerada um
ensaio não-destrutivo e eficiente.
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Estrutura do Concreto
Âmbito Macroscópico:
Considerado um material bifásico.
 Agregados;
 Pasta endurecida (matriz de cimento porosa).

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Estrutura do Concreto
 Âmbito Microscópico:
Estrutura bastante complexa.

 Heterogeneidade relacionada a:
Porosidade;
Quantidade de água;
Tempo de hidratação (idade)...

 Zona de transição:
Região entre as partículas de agregado graúdo e a pasta;
Considerada como a terceira fase do concreto;
É a fase mais fraca do concreto e mais complexa.

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Estrutura do Concreto
 Três fases:
Agregado;
Pasta;
Zona de transição;

 OBS.: Cada fase é de natureza multifásica:


Agregado: Composição mineralógica, microfissuras,
vazios;
Pasta e Zona de transição: diferentes fases sólidas,
poros, microfissuras...
 Estão sujeitas a modificações com o tempo, umidade e
temperatura.

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Fase 1 - Agregado
 Representam 80 a 90 % do volume do concreto.
É responsável pelas seguintes propriedades do
concreto:
Massa unitária;
Módulo de elasticidade;
Estabilidade dimensional.

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Fase 1 - Agregado
Fatores relacionados aos agregados que
influenciam as propriedades do concreto:
Porosidade;
Forma
 Arredondada, chatas, alongadas, angulares...
Textura
 Lisa ou rugosa.
OBS.: Têm influência na resistência e na
durabilidade de concretos.

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Fase 1 - Agregado
Porosidade:
Se o grão do agregado absorve muita água, pode faltar
água na região de aderência com a pasta.

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Fase 1 - Agregado
Rugosidade:
Aumenta superfície específica (SE) e a aderência com a
pasta, mas dificulta a trabalhabilidade do concreto.

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Fase 1 - Agregado
Forma dos grãos:
Grãos lamelares ou em formato de agulha prejudicam a
trabalhabilidade do concreto.

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Grãos Agregados
lamelares mais rugosos

Maior quantidade de vazios Maior S.E.

Maior aderência com


Maior consumo de a pasta (dificulta a
pasta de cimento trabalhabilidade)

Exige mais água


Custo elevado
Maior consumo de cimento
Alto calor de hidratação (para manter a mesma a/c)

Alta retração térmica

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Fase II – Pasta endurecida
 Composição:

SÓLIDOS VAZIOS / POROS ÁGUA

 Estágios da hidratação do cimento:


Estágio I: Em contato com a água, ocorre uma rápida
dissolução dos grãos do cimento. Sobem as
concentrações de álcalis solúveis, Ca2+, SO42- e íons
OH em solução, resultando em um pH de 12 a 13.

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Fase II – Pasta endurecida
 Estágios da hidratação do cimento:
Estagio II: Os íons Ca2+, SO42- e íons OH reagem com os
silicatos e aluminatos para formar gel de C-S-H e etringita,
formando com o gesso uma barreira em torno dos grãos de
cimento não hidratados, retardando novas hidratações,
permitindo um período de trabalhabilidade durante o qual o
concreto deve ser lançado e assentado.

Estágio III:A concentração de íons Ca2+ continua a aumentar,


reiniciando lentamente a hidratação dos grãos de cimento
atrás da barreira. Com a supersaturação de Ca2+, seguida da
precipitação de Ca(OH)2 ocorre uma rápida hidratação dos
grãos de cimento gerando gel de C-S-H e etringita. A
formação de gel de C-S-H e o intertravamento das partículas
promovem a pega e o endurecimento.
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Fase II – Pasta endurecida

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SÓLIDOS
 Silicatode cálcio
hidratado (C-S-H)
Estrutura fibrilar
 Hidróxido de cálcio ou
Portlandita (CH)
Estrutura prismática
 Sulfoaluminatos de
cálcio ou Etringita
Estrutura acular
 Grãos anidros;

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Fase II – Pasta endurecida
 1. Estruturas Fibrilares: C-S-H
Cristais de C3S e C2S hidratados:

 50 % a 60% do volume da pasta.


 São as estruturas C-S-H.
Obs.: C=CaO, S=SiO2, H=H2O.
 Uniões através de ligações de van der Waals.
 Excelente resistência mecânica e química.
 Não tem forma física bem definida.
 É o composto mais importante para a resistência da pasta.
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Fase II – Pasta endurecida
A morfologia dos
cristais depende
das condições de
cura do concreto.

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Fase II – Pasta endurecida
 2. Estruturas Prismáticas: C-H (Portlandita)
Hidróxido de cálcio – Ca(OH)2
Tende a formar cristais grandes, sob a forma de
prismas hexagonais
Representa 20 a 25% do volume de sólidos
Responsáveis pelo pH elevado da pasta (pH ≅ 13)
 Reduzem a acidez do concreto!
Cristais porosos com baixa resistência mecânica
É bastante solúvel em água
É quimicamente muito reativo

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Fase II – Pasta endurecida
Estruturas Prismáticas: C-H (Portlandita)

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Fase II – Pasta endurecida
 3. Estruturas Aculares: Etringitas
Sulfoaluminatos de cálcio
Produto da hidratação dos aluminatos
Cristais grandes e volumosos formados por C3A + gesso
hidratados

São os primeiros cristais da pasta a se formar


Cristais muito porosos com baixa resistência mecânica
Representam 15 a 20 % do volume de sólidos
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Fase II – Pasta endurecida

- Formam-se nas primeiras


horas de hidratação;
- Agulhas se intertravam e
prendem muita água;
- Prejudicam a trabalhabilidade

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Fase II – Pasta endurecida
4.Vazios ou poros

Espaço interlamelar no C-S-H


 5 a 25 Angstrons

Vazios capilares
 10nm – 5 µm

Ar aprisionado / incorporado


 3 a 200 µm

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Fase II – Pasta endurecida
4.Vazios ou poros

Espaço interlamelar no C-S-H


Maior quantidade de vazios e
maiores diâmetros médios:
 5 a 25 Angstrons
- Maior porosidade;
- Maior permeabilidade;
Vazios capilares
- Menor resistências mecânica;
 10nm – 5 µm
- Menor resistência química;
- Maior retração;
- Maior
Ar aprisionado fluência.
/ incorporado
 3 a 200 µm

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1Å=10-10m
Fase II – Pasta endurecida 1µm=10-6m

4.Vazios ou poros
Espaço interlamelar das estruturas C-S-H:
 Estruturas C-S-H formam lamelas muito próximas 5 a
25Å (1 Å= 10-10m)
 28% da porosidade capilar no C-S-H;
 Poros muito pequenos para afetar a resistência mecânica
ou a permeabilidade.
 Água é retida por pontes de hidrogênio;
 Quando a água sai destes espaços, a retração é
significativa.

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Fase II – Pasta endurecida
 4.Vazios ou poros
Vazios Capilares:
 Poros onde a água de amassamento fica aprisionada.
 20 a 22% do peso de cimento em água reage quimicamente
(“água estequeométrica”). Toda a água além disto é utilizada
apenas para garantir a trabalhabilidade do concreto.
 A água excedente sobra e fica aprisionada dentro dos poros
capilares.
 Em concretos comuns (a/c entre 0,40 a 0,65 – boa plasticidade),
sobra cerca de 50 a 70% da água utilizada.
 Vazios > 50 nm = macroporos – prejudiciais à resistência e à
impermeabilidade do concreto;
 Vazios < 50 nm = microporos – importantes para a retração
e fluência das peças de concreto.
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Fase II – Pasta endurecida

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Fase II – Pasta endurecida

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Fase II – Pasta endurecida
4.Vazios ou poros
Ar aprisionado / Incorporado:
 Ar aprisionado: Pequenas bolhas de ar (±5mm) que
ficam aprisionadas durante a mistura na betoneira.
 Ar incorporado: Bolhas de 50 a 200 µm (1µm=10-6m),
que favorecem a trabalhabilidade, aumentam o
abatimento sem adição extra de água (não altera a
relação a/c).
 Incorporadas através de aditivos IAR (incorporadores de ar).
 Pode ser utilizada para melhorar a resistência do concreto ao
fenômeno gelo-degelo.

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Fase II – Pasta endurecida
4.Vazios ou poros
Ar aprisionado / Incorporado:
 Ar aprisionado: Pequenas bolhas de ar (±5mm) que
ficam aprisionadas durante a mistura na betoneira.
 Ar incorporado: Bolhas de 50 a 200 µm (1µm=10-6m),
que favorecem a trabalhabilidade, aumentam o
abatimento sem adição extra de água (não altera a
relação a/c).
 Incorporadas através de aditivos IAR (incorporadores de ar).
 Pode ser utilizada para melhorar a resistência do concreto ao
fenômeno gelo-degelo.

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Fase II – Pasta endurecida

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Fase II – Pasta endurecida
4. Água
Na pasta recém endurecida, existe muita água,
tanto livre (líquida) quanto quimicamente
combinada.
 Estas “águas” são mais ou menos fáceis de sair do
concreto, a pasta, que é inicialmente saturada, sofre uma
perda contínua da água até o equilíbrio com a umidade
do meio ambiente.
 Sob forte calor, 100 % da água da pasta endurecida pode
sair.

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Fase II – Pasta endurecida
 4. Água

 Água capilar:
Presente no interior dos poros capilares.
Pode ser dividida em água retida:
 em grandes capilares (> 500Å) – água livre (sua saída causa pouca
retração do concreto)
 em pequenos capilares (< 500Å) – retida por tensão capilar (sua saída
pode causar retração significativa)

 Água adsorvida:
Aderida às superfícies sólidas, sob atração elétrica (pontes de
hidrogênio).
A sua saída acontece sob umidades relativas < 30%.
A sua saída é a principal causa da retração.

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Fase II – Pasta endurecida
 4. Água
 Água interlamelar:
Presente entre as lâminas de C-S-H
Saída causa forte retração, mas só acontece sob umidades do ar
inferior a 11%

 Água quimicamente combinada:


Moléculas de H2O combinadas aos silicatos e aluminatos formando
cristais sólidos
Parte integrante de vários produtos hidratados do cimento.
Varia de 200 a 250g/kg cimento anidro (para 100 % de hidratação)
Não é perdida na secagem
A 500ºC, se inicia a saída da água dos cristais Ca(OH)2
A 900ºC, sai a água das estruturas C-S-H

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Fase II – Pasta endurecida
4. Água

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Fase II – Pasta endurecida

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Fase II – Pasta endurecida

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Fase II – Pasta endurecida

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Fase III – Zona de Transição
A ZT é a interface entre o agregado e a pasta.
Tem espessura de aproximadamente 1/20 mm.
É o “elo” mais frágil do concreto.
As rupturas em concretos comuns se iniciam na zona de
transição.

 Baixa resistência mecânica da ZT:


Concentração de “etringita” - cristais grandes, porosos c/
baixa resistência mecânica.
Filme de água - aumenta a/c (exsudação interna).
Os cristais de hidróxido de cálcio se posicionam
paralelamente à superfície do agregado, favorecendo a
existência de planos de clivagem. (Paulon, V.; 1991)

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Fase III – Zona de Transição

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Fase III – Zona de Transição

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Fase III – Zona de Transição

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Fase III – Zona de Transição
 Exsudação é a tendência da água de amassamento vir
à superfície do concreto recém lançado, devido ao sua
densidade (1g/cm³) ser menor que a dos agregados
(≈2,4g/cm³) e a do cimento (≈3,1g/cm³).
Este fenômeno faz com que o fator a/c da superfície fique
maior, reduzindo a resistência mecânica na região.

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Fase III – Zona de Transição

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Fase III – Zona de Transição
Exsudação interna:

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Fase III – Zona de Transição
Zona de transição em CARs:
Baixas relações a/c e a utilização de algumas
adições pozolânicas podem melhorar a ZT.

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