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Introdução
O presente trabalho faz parte de um estudo mais amplo, realizado para elaboração
de uma dissertação de mestrado, que tem como título “Uma contribuição para o ensino
de Geometria utilizando origami e caleidoscópio”, na qual desenvolvemos uma
seqüência didática, seguindo a metodologia de ensino resolução de problemas, fazendo
uso do origami e do caleidoscópio, visando oferecer a oportunidade de aprendizado de
alguns conceitos importantes, relacionados à Geometria. Essa seqüência foi aplicada a
alunos do segundo semestre do curso de Licenciatura em Matemática, de uma
Universidade do interior do Rio Grande do Sul, durante os meses de agosto e setembro
do ano de 2006.
O trabalho aqui apresentado restringiu-se ao origami modular e a sua utilização na
construção de poliedros, assim como algumas sugestões de conteúdos matemáticos que
podem ser explorados com esse material no ensino de Geometria.
Mattos (2001) e Kasahara (2005), nas quais encontramos subsídios para realizar todas
as construções, assim como o embasamento matemático necessário para justificar tais
construções.
Considerando que neste artigo iremos focar apenas parte de nossa pesquisa, a
seguir trataremos da construção de poliedros com o origami modular, trazendo
sugestões de como utilizá-lo em sala de aula, além de apresentar alguns conteúdos que
podem ser estudados com o seu uso.
O origami modular
Origami é uma arte, tradicionalmente japonesa, que se caracteriza por
confeccionar figuras fazendo dobras no papel. A construção de um origami, na sua
forma mais habitual, não envolve o uso de cortes nem colagem, partindo, na maioria das
vezes, de um pedaço de papel quadrado com uma de suas faces colorida. O resultado
final depende do corte do papel utilizado e da confecção de dobras perfeitas, exigindo
paciência e concentração do executor ao seguir os passos indicados para cada figura.
O origami distingue-se pela quantia de peças de papel utilizadas em sua
confecção. O tradicional utiliza apenas uma peça de papel, e o modular se baseia na
construção de módulos ou unidades (quase sempre iguais), formando figuras ao serem
encaixados. É nos poliedros que se tem a principal fonte de inspiração do origami
modular.
Construção dos poliedros com origami modular
Aqui apresentamos os diagramas para a construção de alguns dos módulos
(origami modular) que, ligados uns aos outros, dão forma aos poliedros. Os diagramas
foram retirados de livros de origami (os quais fazemos referência em cada construção),
e por nós adaptados, a fim de facilitar o entendimento.
proporção áurea
tamanho do quadrado
para construção do
módulo decagonal
módulo octogonal
módulo hexagonal
módulo pentagonal
módulo triangular e
quadrangular
peça de conexão
Sugerimos aqui alguns valores para os lados dos quadrados. Eles são
aproximações e podem ser substituídos desde que se mantenham as proporções
indicadas. Essas proporções são válidas somente para os módulos descritos neste
trabalho.
Assim, para a construção dos módulos, pode-se partir de quadrados com lados
medindo:
Peça de conexão
Esta peça serve para unir um módulo ao outro, pois a construção do origami não
pode envolver o uso de cola.
Considerações
Mediante observações extraídas das atividades já realizadas no desenvolvimento
de nossa pesquisa, notamos que o trabalho com origami deve ser iniciado partindo-se
de dobras mais simples No presente caso, iniciaríamos com a construção de polígonos,
para depois introduzir o origami modular. Assim, o executor estaria mais familiarizado
com os diagramas e dobras, sentindo-se mais seguro para realizar as construções que
incluem mais elementos.
A estética dos primeiros modelos nem sempre é boa, mas à medida que se vai
repetindo o mesmo procedimento, o trabalho adquire melhor qualidade e os alunos
sentem-se orgulhosos em exibir suas construções.
Dentro do estudo de conceitos matemáticos com o origami notamos que um dos
momentos em que os alunos demonstram maior facilidade de compreensão é quando
tratamos da noção de eixo de simetria rotacional dos poliedros. Destaca-se tanto a
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atenção quanto o interesse deles, que alguns estudantes chegam a generalizar uma
maneira de encontrar esses eixos.
Inicialmente, eles imaginaram eixos que se cruzavam por uma de suas faces e,
também, pela face oposta a essa. Depois, contaram quantas faces tinha o sólido e
dividiram este valor pela metade. Os outros eixos de simetria foram encontrados
ligando-se as arestas opostas do poliedro; então, dividiram o número de arestas pela
metade. O mesmo procedimento foi feito com os vértices. O total de eixos de simetria
foi encontrado fazendo-se a soma desses valores.
Exemplo: CUBO
6 faces – 3 eixos passando, cada um, pelo centro de duas faces opostas. (fig.13)
12 arestas – 6 eixos passando, cada um, pelo centro de duas arestas opostas. (fig.14)
8 vértices – 4 eixos passando, cada um, por dois vértices opostos. (fig.15)
Com relação aos planos de simetria dos poliedros, os alunos sentiram alguma
dificuldade, não conseguindo estabelecer relações que pudessem ajudá-los nesse
cálculo. Foi necessário riscar nos sólidos os locais por onde passava cada plano, o que
foi uma tarefa demorada, cansativa e difícil de ser executada em poliedros com muitas
faces, fato esse que os desestimulou a encontrarem, por exemplo, os planos de simetria
do dodecaedro e icosaedro. Percebemos, assim, que o material desenvolvido não foi
muito eficaz para o aprendizado deste conceito.
Entretanto, mesmo diante de algumas dificuldades, e do caráter trabalhoso de se
construírem os sólidos com origami, os alunos demonstraram muito interesse em
trabalhar com os poliedros dessa maneira diferente, ficando, muitas vezes, surpresos
(eles mesmos!) com a sua capacidade de concentração e paciência para realizar tal
tarefa, pois no início do trabalho não se sentiam capazes de fazê-lo.
Finalmente, apesar das limitações, reputamos por válido nosso trabalho se
considerarmos que nossa intenção foi a de apresentar conceitos geométricos de uma
maneira diferente da tradicional, oferecendo aos professores interessados em
transformar a sua prática instrumentos de baixo custo e fácil execução, e aos alunos,
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materiais que podem ser manipulados e que geram bonitos visuais, razão pela qual
despertam o interesse e prendem a atenção dos estudantes.
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