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PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
São Luís
2010
Governadora do Estado do Maranhão Edição:
Roseana Sarney Murad Universidade Estadual do Maranhão - UEMA
Núcleo de Tecnologias para Educação - UemaNet
Reitor da uema
Prof. José Augusto Silva Oliveira Coordenador do UemaNet
Prof. Antonio Roberto Coelho Serra
Vice-reitor da Uema Coordenadora Pedagógica:
Prof. Gustavo Pereira da Costa Maria de Fátima Serra Rios
Pró-reitor de Graduação
Responsável pela Produção de Material Didático UemaNet:
Prof. Porfírio Candanedo Guerra
Cristiane Costa Peixoto
Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação
Prof. Walter Canales Sant’ana Revisão:
Liliane Moreira Lima
Pró-reitora de Extensão e Assuntos Estudantis Lucirene Ferreira Lopes
Profª. Grete Soares Pflueger
Diagramação:
Assessor Chefe da Reitoria Josimar de Jesus Costa Almeida
Prof. Raimundo de Oliveira Rocha Filho Luis Macartney Serejo dos Santos
Tonho Lemos Martins
Diretora do Centro de Educação, Ciências Exatas e Naturais - CECEN
Profª. Andréa de Araújo
Capa:
Luciana Vasconcelos
Colaborador Financeiro
Luiz Antonio Martins Wosiak
CDD : 370.15
UNIDADE 1
UNIDADE 2
EMENTA
OBJETIVOS
Prezado(a) estudante,
Mas, lembre-se: você não está sozinho nessa jornada, pois fará
parte de uma ampla rede colaborativa e poderá interagir conosco
sempre que desejar, acessando nossa Plataforma Virtual de
Aprendizagem (MOODLE) ou utilizando as demais mídias disponíveis
para nossos alunos e professores.
EQUIPE DA UAB/UEPG
APRESENTAÇÃO
Prezado(a) estudante,
Lembramos que você não está sozinho nesta caminhada, pois uma
ampla rede de profissionais estará a disposição para interagir com
você.
Equipe UemaNet
PALAVRAS DAS PROFESSORAS
Prezado(a) estudante,
Bom proveito!
1
ObjetivoS dESTA unidade:
Prezado cursista,
24 FILOSOFIA
É com esse intuito que, ao iniciarmos o estudo desta unidade –
A relação Psicologia e Educação: aspectos históricos, campos
de contribuição e a diversidade de enfoques - visamos trazer a
você, futuro professor, conteúdos importantes para seus estudos
e reflexões.
A
psicologia começou a ser construída a partir de perguntas
que os homens começaram a fazer acerca de si próprios:
Como nos constituímos humanos? Recebemos nossas
características humanas ao nascer? Ou as adquirimos mediante
nossas experiências? O que nos difere dos animais? Por que algumas
pessoas se comportam desta maneira e outras daquela?
Contribuições de Descartes
28 FILOSOFIA
Embora entendesse que a mente influenciava o corpo e o corpo
influenciava a mente, Descartes abriu caminho para a dualidade
entre o mundo físico e o mundo psicológico, o que veio a permitir
estudos de um e de outro que passaram, pouco a pouco, a se apoiar
em observações objetivas e não mais nas especulações metafísicas
e abstratas.
30 FILOSOFIA
Estas contribuições viriam influenciar a
Psicologia, particularmente aquelas formulações
teóricas que partiram do pressuposto de que o
ser humano ao nascer já traz certas capacidades
inatas.
A ciência psicológica
32 FILOSOFIA
outras palavras, a pergunta básica que guiou a elaboração de todo
o pensamento na Psicologia reside na questão.
34 FILOSOFIA
com o mundo (mudanças cognitivas, afetivas, comportamentais,
sociais, morais etc.). Para dar conta de conhecer o sujeito e
seu processo constitutivo, desenvolveu campos de investigação
específicos, com objetos de estudo mais delimitados, como é o
caso da Psicologia da Educação.
Responda:
a) Podemos dizer que a Psicologia remonta aos antigos
filósofos? Por quê?
b) Quando, como e onde a Psicologia se constituiu como
um estudo de caráter científico?
c) Que tipo de perguntas os homens fizeram desde os
seus primórdios e que estão na base do conhecimento
de psicologia?
d) Wundt é considerado o fundador da Psicologia
Científica. Faça uma síntese sobre ele e suas ideias.
36 FILOSOFIA
Campos de contribuição
da Psicologia na Educação
N
inguém nega a presença das variáveis psicológicas no fenômeno
educativo. Para constatá-las, basta observarmos que muitos
fenômenos educacionais são, ao mesmo tempo, fenômenos
interacionais/relacionais, pois supõem sempre interações/relações
entre sujeitos e entre sujeito e objeto do conhecimento. Aí está,
portanto, a dimensão psicológica da Educação.
SUJEITO SUJEITO
SUJEITO OBJETO DO CONHECIMENTO
38 FILOSOFIA
Podemos, então, definir Psicologia da Educação, tal como Goulart
(1987, p.14):
Em se tratando da Psicologia da Educação, os
campos de maior interesse que nos auxiliam na
compreensão dos problemas relacionados às pessoas
sob a ação educativa são os conhecimentos sobre
“A Psicologia da Educação
os processos de desenvolvimento e aprendizagem. compreende, pois, a
utilização de conclusões
obtidas em diversas áreas
Segundo Coll Salvador (1999, p.13): da ciência psicológica sobre
assuntos que interessam
especificamente à educação
A psicologia da educação está situada em um espaço e à investigação de
problemas relacionados
intermediário, por um lado, entre as exigências às pessoas sob a ação
epistemológicas da psicologia científica, com suas educativa.”
coordenadas teóricas, conceituais e metodológicas,
e por outro, entre as exigências de uma ação
prática, inserida em algumas coordenadas sociais,
políticas, econômicas e culturais que lhe dão
sentido.
40 FILOSOFIA
Esta visão do desenvolvimento difere substancialmente de uma
visão centrada exclusivamente na sequência biológica, que entende
que as mudanças que ocorrem nos sujeitos seriam universais e
pré-programáveis do ponto de vista orgânico. Pelo contrário,
compreendemos o desenvolvimento como um processo mediado
social e culturalmente, o qual possui componentes biológicos,
mas inclui uma dinâmica e processos que se realizam de fora para
dentro, vinculando-se à interação e à atividade conjunta com
outras pessoas (COLL SALVADOR, 1999).
PSICOLOGIA DO PSICOLOGIA DA
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO APRENDIZAGEM DESENVOLVIMENTO
DESENVOLVIMENTO APRENDIZAGEM
42 FILOSOFIA
A diversidade de enfoques da Psicologia
na Educação e o uso do critério
epistemológico para sua análise
A
Psicologia não se constitui um campo de conhecimento
homogêneo e unificado. Pelo contrário, é uma área
caracterizada pela multiplicidade de enfoques teóricos
e por diferentes ângulos na maneira de olhar o humano, sendo
necessário refletir um pouco mais detidamente sobre essa questão,
a fim de evitarmos modismos e/ou estereótipos que frequentemente
circulam em meio a propostas educacionais e entre os professores.
44 FILOSOFIA
de estudo sejam diferentes. Da mesma maneira,
Wallon e Vygotsky comungam da base filosófica do
Materialismo Histórico, enquanto Skinner apresenta
uma teoria empirista e positivista, ao supor que o
ambiente modela o homem por meio da experiência.
Já Piaget produziu uma teoria construtivista, pois
defende que nem o ambiente nem o organismo
sozinhos promovem o desenvolvimento humano, mas
sim um processo construtivo em que se faz constante
a inter-relação entre organismo e meio.
RELAÇÃO EPISTEMOLÓGICA
S O
Sujeito congnoscente Objeto do conhecimento
Fatores internos Fatores externos
TEORIA INTERACIONISTA
S O
46 FILOSOFIA
As teorias que enfatizam fatores externos ao sujeito (concepções
objetivistas) consideram o primado do objeto (realidade) sobre o
sujeito. Nessas teorias ou concepções o homem é visto como um ser
determinado pelas condições ambientais, modelado totalmente
pelo meio, um ser passivo cujas condutas são condicionadas pelas
Na Psicologia da Educação
suas experiências. temos duas vertentes
subjetivistas.
Notamos, então, que no subjetivismo há sempre a prioridade Uma tem caráter mais
filosófico, idealista, e se
dos fatores internos, enquanto no objetivismo, centralidade funda no Humanismo e na
Fenomenologia, entendendo
nos externos. o homem como fonte de
todos os atos, cuja liberdade
está na sua consciência.
As teorias interacionistas partem do pressuposto de que os
A outra é inatista e tem
fatores internos ao sujeito e a realidade do objeto, tanto como o duas origens:
homem e a sociedade, se influenciam mutuamente. Essa interação a)na Teologia, que entende
traz mudanças para ambos. O interacionismo diverge então do que o homem, ao nascer, já
traz uma forma definitiva
subjetivismo porque este não considera o papel do ambiente determinada pelo Criador;
sobre o sujeito. Da mesma maneira diverge do objetivismo pela b)na Embriologia, cujas
descobertas revelaram
desconsideração deste quanto ao papel do sujeito e de suas sequências invariáveis no
desenvolvimento humano.
estruturas biológicas.
SÍNTESE
Nesta unidade, você estudou a respeito da construção da Psicologia
e suas relações com a Educação. Constatou que mesmo antes de
a Psicologia se constituir como ciência, os filósofos já faziam
questionamentos acerca da natureza e da conduta humana.
Mas, somente no Século XIX, Wundt possibilitou à Psicologia ser
reconhecida como ciência. Para isso, foi necessária a formulação
de teorias e de métodos de investigação científicos.
48 FILOSOFIA
Tomando por base o critério epistemológico e das
relações homem-sociedade, responda qual a ideia
principal que caracteriza:
a) as concepções subjetivistas;
b) as concepções objetivistas;
c) as concepções interacionistas.
2
O Desenvolvimento e a Objetivos dESTA unidade:
Caracterizar
Aprendizagem: teorias que enfatizam o as implicações
pedagógicas da teoria
sujeito e teorias que enfatizam o objeto comportamentalista no
trabalho docente;
Explicitar os principais
conceitos teóricos da
Psicologia Humanista na
relação professor/aluno;
Esperamos que você faça uma boa leitura das seções que se
seguem.
52 FILOSOFIA
O Comportamentalismo na
Psicologia, sua ênfase no mundo
exterior ao sujeito e suas
IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS
N
esta seção trazemos a você as principais ideias do
Comportamentalismo. As teorias comportamentais
constituem o que chamamos de Objetivismo em Psicologia da
Educação. Essas teorias partem do pressuposto geral condutivista
de que o ambiente determina o comportamento humano. Esse
pressuposto é bem claro nas palavras de Watson, pioneiro do
comportamentalismo norte-americano:
54 FILOSOFIA
Na verdade, Skinner baseou-se inicialmente nos experimentos
do russo Pavlov com animais, que explicou o processo de
condicionamento respondente, em que a aprendizagem se dá pela
associação de um reflexo do organismo a um estímulo neutro, cuja
repetição evoca a mesma resposta do organismo.
56 FILOSOFIA
Operante, desenvolvida por Skinner (1904-1990), um professor da
Universidade de Harvard.
58 FILOSOFIA
Assim, na perspectiva ambientalista a aprendizagem é a modificação
do comportamento observável em função da experiência,
considerando-se importante analisar rigorosamente a relação
entre os estímulos presentes e as contingências do meio sobre a
conduta humana, de modo a permitir a previsão e o controle do
comportamento (GUERRA, 1998).
Na perspectiva do
condicionamento operante,
Implicações educacionais a aprendizagem é definida
como uma mudança no
comportamento observável,
A abordagem skinneriana do ensino compreende uma tecnologia ou seja, uma modificação
nas respostas dadas pelo
educacional condizente e com objetivos comportamentais indivíduo.
claramente definidos.
60 FILOSOFIA
Você conhece as críticas ao Comportamentalismo na Educação?
Acessado em 23/09/2008.
62 FILOSOFIA
A Psicologia Humanista de Carl
Rogers: uma concepção idealista do sujeito
e suas implicações educacionais
A
abordagem humanista na Psicologia tem vários
representantes: Neill, Maslow, Erich Fromm, entre outros.
Contudo, estudaremos aqui a abordagem não-diretiva de
Carl Rogers, em face da grande repercussão que sua psicologia
teve na educação brasileira a partir dos anos de 1960, cujo ideário
pedagógico buscava combater a pedagogia tradicional, tendo
contribuído para deslocar o eixo de uma educação centrada no
professor para uma educação centrada no aluno.
64 FILOSOFIA
Esse respeito provém da confiança na pessoa, retratada nas
seguintes orientações rogerianas enumeradas por Faria (1987,
p.15-16):
Vejamos algumas:
O uso de contratos
Ela supõe que o próprio aluno avalie até que ponto alcançou os
objetivos que foram estabelecidos no contrato de trabalho com o
professor e se houve, realmente, uma aprendizagem significativa.
Os critérios para a autoavaliação podem ser variados, mas é
importante que sejam decididos em conjunto, na classe, e façam
parte do contrato de trabalho. Essa estratégia vai ao encontro do
que se denomina, no campo da Didática, de avaliação formativa.
66 FILOSOFIA
O método de investigação de Suchman
A instrução programada
68 FILOSOFIA
concepção rogeriana, a pessoa como entidade social e o momento
histórico vivenciado. Dessa forma, podemos notar que Rogers não
levou em conta que a interação professor-aluno dá-se sempre no
interior de um contexto mais amplo e não pode ser vista de modo
descolado da realidade social.
70 FILOSOFIA
A ênfase nos fatores biológicos:
o inatismo na psicologia e suas implicações
educacionais
A
s teorias que colocam a ênfase nos fatores internos biológicos
constituem concepções inatistas e são a segunda vertente
do subjetivismo em Psicologia. Nestas concepções, fatores
biológicos, como a hereditariedade e a maturação orgânica, são os
principais responsáveis pela aprendizagem e pelo desenvolvimento
das capacidades humanas.
72 FILOSOFIA
A partir dos testes de inteligência, a psicologia métrica difundiu-se,
passando a avaliar outras dimensões humanas. Proliferaram-se
testes de personalidade, aptidões verbais, prontidão, ajustamento
social, entre outros. Com os testes era possível ter um critério
objetivo e numérico para classificar as pessoas.
SÍNTESE
Nesta unidade você estudou as concepções objetivistas, que
enfatizam o objeto (realidade), por entenderem que o indivíduo é
determinado pelo meio ambiente, e que são representadas pelas
teorias comportamentais, cujo expoente foi Skinner.
74 FILOSOFIA
É necessário, contudo, que você compreenda que essas abordagens
são produtos sociais, historicamente determinados, sendo
importante superá-las, mas não ignorá-las, uma vez que estão
enraizadas nos ideários e práticas pedagógicas, bem como nas
representações dos educadores sobre o aluno, o meio e o papel
que cabe à escola e à educação.
CONTRIBUIÇÕES CRÍTICAS