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Feito ponto

Dizem que quando uma porta se fecha, abre-se uma janela. No meu
caso, o destino fechou um museu e abriu uma estação. Chego com destino ao
Museu Municipal de Descalvado e, por quinze minutos, dou com a cara na
porta. Que sorte! A poucos passos dali está a Estação Ferroviária, onde
encontro Dona Clorinda, que me recebe abertamente, embora com um olho em
mim, outro no bordado que traz nas mãos a pontear.
Sem que eu precise perguntar ela começa falar: eu gosto mesmo é de
bordar. Ela conta que esse, que está quase terminando, é para o bisneto. Logo
me convida a entrar e mostra todos os bordados que tem ali, feitos de muitos
pontos e histórias, com afeto para filhos, netos e bisnetos.
Mas foi bem antes disso que ela aprendeu a bordar. Aos oitos anos de
idade, no Lar dos Meninos, aprendeu o ponto cruz que levou pela cruzada da
sua vida. Hoje, criados cinco filhos e um neto, aos sessenta e dois anos de
idade, já aposentada continua a trabalhar: em casa a gente põe muita minhoca
na cabeça!
Dona Clorinda é funcionária pública na Estação, onde agora funciona a
Escola Municipal de Música, desde a inauguração do lugar, há dezoito anos. Da
estação que já foi lugar de muitas passagens ela guarda na memória algumas
recordações estáticas, outras que balançam cheirando à saudade. Onde antes
tinha apito do trem hoje tem flauta, bateria e crianças num vai e vem.

Texto: Ana Luiza Bruno e Michelle Magrini

https://youtu.be/wVpd6FCboiM

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