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Planejamento e gestão em saúde: histórico e tendências

DEBATE DEBATE
com base numa visão comunicativa

Planning and management in health: historical and tendencies


based on a communicative view

Francisco Javier Uribe Rivera 1


Elizabeth Artmann 1

Abstract This article aims to present a condensed Resumo Este artigo tem por objetivos apresentar
overview of major trends in Brazil, establish a uma visão condensada das principais tendências
general taxonomy of models of health manage- no Brasil, estabelecer uma taxonomia geral dos
ment and planning, based on the international modelos de planejamento e gestão em saúde, tendo
scene and support the proposal for a communica- como base o cenário internacional e fundamen-
tive planning. In a context of democratization, tar a proposta de um planejamento comunicati-
argues for a pluralistic conception and concludes vo. Em um contexto de democratização, argumen-
that the various currents, albeit with different ta a favor de uma concepção pluralista e conclui
perspectives and referrals theoretical and meth- que as diversas correntes, embora com diferentes
odological dialogue in a process of mutual exchange perspectivas e encaminhamentos teórico-metodo-
and learning. lógicos, dialogam num processo de troca mútua e
Key words Health planning, Communicative de aprendizagem.
action, Public health Palavras-chave Planejamento em saúde, Agir
comunicativo, Saúde pública

1
Departamento de
Administração
e Planejamento, Escola
Nacional de Saúde Pública,
Fiocruz. Rua Leopoldo
Bulhões 1.480/sala 7,
Manguinhos. 21041-210
Rio de Janeiro RJ.
uribe@ensp.ficoruz.br
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Rivera FJU, Artmann E

Introdução desconsideração dos aspectos políticos e macro-


institucionais envolvidos nos processos de for-
O planejamento admite uma primeira distinção, mulação de políticas e planos contribuíram para
dependendo de seu lugar dentro de um sistema invalidar parcialmente a proposta do CENDES.
social1-3: como substituto do mercado ou forma Como alternativa para uma visão do planeja-
de regulação global da economia, de caráter im- mento como a busca da maximização de recur-
perativo nas sociedades socialistas e com caráter sos econômicos abstratos, surge o conjunto de
indicativo, no capitalismo, na medida em que o vertentes do planejamento estratégico, articula-
Estado indica rumos, estimula ou desestimula das pela concepção do planejamento como pro-
formas de investimento e prioridades, através de cesso interativo, que obriga a considerar os vári-
instrumentos de política econômica, ancorado os atores envolvidos e a viabilidade política dos
na teoria de Keynes4. planos6-8.
Ambas as formas de planejamento estão A partir da crítica ao planejamento como re-
marcadas por dilemas que geram crises e fracas- sultante de um único ator, o Estado, desponta
sos relativos. No caso do planejamento socialis- uma visão mais plural, segundo a qual a dinâmi-
ta, verifica-se uma contradição básica entre pla- ca estatal e de intervenção social pressupõe situ-
no e descentralização. É o predomínio da centra- ações de compartilhamento de poder, que susci-
lização a causa fundamental da crise deste mode- tam a necessidade de planejar em situações de
lo de planejamento. A crise do planejamento im- conflito e cooperação entre os atores. Situações
perativo corresponde à crise de um paradigma de exceção (regimes autoritários) exacerbaram o
normativo, economicista e tecnocrático, típico conflito e a relação de desconfiança reforçou con-
duma visão do planejamento como instrumento textos estratégicos. Com a democratização, vol-
do Estado em situações de concentração de po- ta-se a garantir a institucionalização e legitima-
der. No caso do planejamento indicativo, o pro- ção dos espaços de participação da sociedade, na
blema básico é o confronto entre plano e merca- interface entre a sociedade civil, a política e o po-
do, com a possibilidade real de uma superação der administrativo. Num contexto em que vári-
do plano pela lógica do mercado, que responde os projetos de sociedade/atores se encontram em
mais a interesses particulares do que a interesses confronto constante, além do reconhecimento do
gerais da sociedade. conflito e sua tematização, é preciso fortalecer a
Na América Latina, o planejamento econô- capacidade de escuta do outro e de interação e
mico e social recebe a influência dessas duas for- negociação. Por isso, afirmamos que uma con-
mas. Um maior dirigismo estatal com planeja- cepção pluralista e comunicativa do planejamento
mento é visto como a racionalidade necessária a apresenta maior aplicabilidade.
uma política substitutiva a serviço do crescimen- Este artigo tem por objetivos apresentar uma
to e do desenvolvimento. Esta noção, inicialmente visão condensada das principais tendências no Bra-
compreendida como mero crescimento econô- sil, estabelecer uma taxonomia geral dos modelos
mico, evolui em função de vários determinantes de planejamento e gestão em saúde, tendo como
históricos para uma concepção integrada, que base o cenário internacional, e fundamentar a pro-
incorpora o social. É nesse contexto que surge o posta de um planejamento comunicativo.
método CENDES/OPAS (Centro de Desarrollo/
Organização Pan-Americana da Saúde) de pro-
gramação em saúde5, principal marco metodo- Principais tendências
lógico do planejamento de saúde. Criticado por de planejamento/gestão em saúde no Brasil
seu formalismo economicista e complexidade, o
método se torna o representante de um tipo de Paim e Teixeira9 buscam identificar as inflexões que
planejamento normativo, preso a um referencial marcaram a produção de conhecimento em polí-
de eficiência econômica e marcado pela omissão tica, planejamento e gestão no Brasil, consideran-
dos aspectos políticos inerentes ao processo de do as diversas conjunturas políticas e acadêmicas,
planejamento1-3. Este método foi concebido para e concluem que esta produção é marcada pelos
operar em um contexto caracterizado por um desafios que exigem não só conhecimento técni-
grande controle do Estado e por um grau avan- co-científico, mas também militância sociopolíti-
çado de integração sistêmica, condições que não ca. Alguns autores10 adotaram uma periodização
se verificam em um setor saúde com uma forte que contempla diferentes fases em que os temas
representação do privado e com altas doses de são incorporados segundo se apresentam novos
fragmentação. A fraqueza do setor público e a desafios na trajetória política, fortemente marca-
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da pela Reforma Sanitária e suas diferentes fases tante aporte tem sido feito por pesquisadores que
de implementação. Outros autores3,11 assinalam a buscam aplicar o referencial da psicossociologia
existência de quatro correntes de planejamento/ à gestão organizacional e ao desenvolvimento das
gestão em saúde, que não deixam de estar marca- capacidades de liderança37;
das pelos desafios prático-teóricos e diversidade (3) A corrente da Vigilância à Saúde, repre-
de influências teórico-metodológicas: sentada por um grupo heterogêneo do ponto de
(1) A gestão estratégica do Laboratório de vista geográfico e institucional, postula um mo-
Planejamento (LAPA) da Faculdade de Medicina delo de vigilância à saúde que propõe pensar numa
de Campinas defende um modelo de gestão cole- inversão do modelo assistencial38-40. Este modelo
giada e democrática, com as seguintes premis- combate a velha atomização dos programas ver-
sas: forte autonomia, colegiados de gestão, co- ticais da Saúde Pública e defende a necessidade de
municação lateral e ênfase na avaliação para au- integração horizontal dos seus vários componen-
mentar a responsabilidade. Propõe a utilização tes. Em grande parte, esta possibilidade de coor-
de uma “caixa de ferramentas”, que inclui o pen- denação se apoia na aplicação do PES no proces-
samento estratégico de Testa, o planejamento es- samento de problemas transversais. A Vigilância
tratégico-situacional (PES) de Matus, elementos à Saúde se caracterizaria por este tipo de integra-
da qualidade total, da análise institucional, entre ção, mas também pela busca de uma atuação
outros. Esta corrente critica o modelo piramidal intersetorial, na linha da promoção à saúde, que
da proposta de hierarquização de serviços em seria o paradigma básico da vigilância, alternati-
prol do modelo do círculo, que enfatiza a coor- vo ao paradigma flexneriano da clínica. Contem-
denação horizontal entre todos os níveis da rede plaria como um dos seus alicerces assistenciais a
e a centralidade da rede básica de atendimen- rede básica de atendimento e primordialmente o
to12,13. Mais recentemente, incorpora, a partir da modelo de médico de família. Uma das princi-
Saúde Mental, os conceitos de acolhimento e vín- pais contribuições da escola é a proposta de sis-
culo, ligados à política de humanização14. Cres- temas de microrregionalização solidária, como
centemente preocupada com os microprocessos célula de um sistema regionalizado que avance
de trabalho assistencial, a escola introduziu no- na possibilidade de constituir sistemas integra-
vos instrumentos de análise, como os fluxogra- dos de saúde por oposição aos sistemas frag-
mas analisadores15. É importante citar, ainda, os mentados. A este respeito, é importante destacar
aportes relacionados ao conceito de clínica am- a contribuição de Mendes41 no planejamento e
pliada ou do sujeito16, que integraria o melhor montagem de redes de atenção à saúde;
da clínica não degradada, um olhar voltado para (4) A escola da ação programática da Facul-
a subjetividade dos usuários e outro para seu o dade de Medicina da USP destaca-se pela ênfase
contexto social e de Mehry sobre o processo de a formas multidisciplinares de trabalho em equi-
trabalho médico, que utiliza tecnologias leves, pe. Sustenta a necessidade de uma abertura pro-
leve-duras e duras15, destacando-se a importân- gramática por grupos humanos amplos, para
cia do componente relacional da tecnologia leve; além de um recorte por patologias. Enseja assim
(2) O planejamento estratégico comunicati- condições para uma abordagem mais integrada
vo, representado por núcleos da ENSP/Fiocruz, e coordenada do atendimento. Atribui, tal como
com base na teoria do agir comunicativo (TAC) na escola da vigilância, uma importância crucial
de Habermas17, resgata aspectos comunicativos ao uso inteligente da epidemiologia clínica e soci-
do planejamento estratégico-situacional18-23, mas al, como disciplina útil na possibilidade de pro-
não se limita a ele. Incorpora um enfoque de pla- gramação das práticas de serviços, incluindo os
nejamento/gestão estratégica de hospitais24-28 e clínicos. Alguns autores42-44, da mesma forma que
desenvolve uma reflexão sobre componentes de a corrente da ENSP, mostram uma preocupação
uma gestão pela escuta, como a liderança, práti- importante pelo ramo da filosofia da linguagem
cas de argumentação, negociação, dimensão cul- dentro da vertente comunicativa de Habermas.
tural, redes de conversação21,26,29-31, com alguma Considera que a busca da integração entre servi-
influência da escola da organização que aprende ços básicos e hospitalares depende basicamente
e da filosofia da linguagem aplicada à gestão or- do estabelecimento de processos comunicativos.
ganizacional32-36. Representa uma crítica ao pa- Esta escola tem se diferenciado, ainda, pelas re-
radigma estratégico. Também é necessário des- flexões sobre o processo de trabalho em saúde. É
tacar que a contribuição da ENSP/Fiocruz não se relevante a análise de Schraiber44 sobre as carac-
limita ao grupo do “planejamento estratégico terísticas do trabalho médico, enquanto um du-
comunicativo” referido por Mehry3. Um impor- plo técnico e humano: um saber e uma forma de
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intervenção tecnológica e uma forma de intera- fruto de uma análise da alta gerência, a partir
ção ou de agir comunicativo. dum cálculo de síntese, baseado na intuição, na
É importante destacar a contribuição especí- experiência e na necessidade imediata da ação. O
fica do Instituto de Medicina Social da UERJ, que planejamento, como cálculo analítico, seria um
se refere ao desenvolvimento de um laboratório desdobramento operacional da estratégia. O pe-
de integralidade, que produziu um grande volu- rigo desta visão é recair numa concepção autori-
me de trabalhos sobre o tema inseridos na área tária e centralizadora da estratégia, que se opõe a
de gestão de redes em Saúde45. uma visão de planejamento comunicativo, na
qual a estratégia é fruto da negociação entre ato-
res plurais.
Enfoques metodológicos de planejamento: Este autor permite, porém, ressaltar a impor-
panorama internacional tância de funções cruciais do planejamento, como
de comunicação e de controle de resultados, e de
Inicialmente, identificam-se dois grandes mode- funções dos planejadores, dentre elas, a função de
los: o primeiro, o planejamento baseado no en- analistas estratégicos e de catalisadores da for-
foque problema-solução, correspondente ao pla- mação das estratégias e planos. No processo de
nejamento estratégico-situacional e ao enfoque aprendizagem, os planejadores teriam uma fun-
de planejamento da qualidade total, e, um se- ção importante, difundindo teorias, enfoques e
gundo, o planejamento estratégico a partir de métodos, apropriados pelos agentes organizaci-
cenários, no qual se destaca o modelo da pros- onais e utilizados nos cálculos estratégicos e ope-
pectiva estratégica de Godet46. No primeiro, te- racionais, realizados ao interior de processos de
mos um modelo de planejamento que vai do pre- negociação e de tomada de decisão da assim cha-
sente para o futuro. No segundo, um enfoque mada gestão do cotidiano, que redundam em es-
que transita do futuro para o presente. tratégias emergentes. Este último conceito, dife-
Embora existam similaridades entre os ins- rente do conceito de estratégia pretendida pela
trumentos do PES e da qualidade total na expli- cúpula, chama a atenção para a possibilidade de
cação dos problemas, esses enfoques são bas- um processo participativo e real de formação da
tante diferentes. Em um contraponto entre os estratégia, não dissociada do operacional, que si-
dois, Rivera47 assinala que o método da qualida- tua o planejamento como instrumento de apren-
de total difere do PES pela ausência de análise dizagem. Seriam padrões que surgem em deter-
estratégica dos atores do plano e pela falta do minados setores da organização, no processo de
cálculo de cenários. busca de soluções e se tornam modelos. No en-
A gestão pública por resultados48 defende a tanto, para que aconteça uma inflexão estratégica
necessidade de explorar os dois enfoques, corres- importante que ultrapasse o incrementalismo, é
pondendo a um modelo misto. O PES se diferen- necessário que este processo de aprendizagem se
cia da prospectiva de Godet, mas também con- apoie em teorias, métodos e enfoques que indu-
templa no momento normativo uma análise de zam a pensar globalmente a organização, incluin-
cenários, embora simplificada. Apresenta, ainda, do a necessidade de uma boa análise do ambiente
forte correlação com a gestão pública por resul- externo, de uma formulação coletiva de priorida-
tados, pois é desenhado para a administração des e de uma definição de um esquema de perten-
pública centrada na avaliação por resultados. ça a redes amplas. Haveria também a necessidade
Outro enfoque importante no campo corpo- de articulação de uma estratégia pretendida pros-
rativo é de Porter49, com adaptações para o cam- pectiva que reagisse às estratégias emergentes de
po da saúde24. Apoia-se na análise estratégica das maneira construtiva no sentido de influenciá-las
vantagens comparativas dos vários segmentos de e de ser influenciada por elas. Antecipação é fun-
produção. Embora a categoria segmento seja o damental especialmente em contextos de mudan-
ponto de partida, permite problematizar e tem ça veloz.
um conteúdo prospectivo que corresponde à aná- Os tipos ideais de organizações de Mintz-
lise do valor ou do grau de atratividade dos seg- berg51 ajudam a pensar o contexto organizacio-
mentos em função da análise do ambiente exter- nal da saúde onde há forte predominância da
no específico a cada um deles, ao lado da análise autonomia dos centros operadores devido a um
da outra variável representada pelos fatores-cha- saber especializado, o que exige comunicação in-
ve de sucesso (FCS) de cada atividade. tensiva com a finalidade de prover formas de
Mintzberg50 estabelece uma diferenciação en- autoconhecimento e insumos para a formulação
tre estratégia e planejamento. A estratégia seria o coletiva de uma visão estratégica. A função de
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catalisador dos planejadores (estimulando pro- zir consenso e sustenta que “[...] o plano só tem
cessos de aprendizagem coletiva) e a função de sentido na medida em que proporciona uma lin-
comunicação dos planos e dos processos de for- guagem e uma estrutura comunicativa na qual o
mulação dos mesmos se destacam neste proces- povo debate sua história e seu futuro6”. Para
so específico50. Matus52, o plano é uma aposta argumentativa,
Há nesta fundamentação de um planejamen- cuja confiabilidade depende de um exame apura-
to mais informal, exigente em comunicação e em do das condições de vulnerabilidade dos argu-
reconhecimento mútuo, elementos da proposta mentos implícitos na definição do modelo de ex-
da escola da organização que aprende34. Esta as- plicação causal dos problemas, do plano norma-
sume o planejamento como instrumento de tivo de operações e do modelo de análise estraté-
aprendizagem e, especificamente, o planejamen- gica do momento normativo. Para o autor, o pla-
to de cenários como um diálogo, que permitiria no é ainda um conjunto de atos de fala ou um
trazer à tona e discutir os modelos mentais que conjunto de módulos comunicacionais, em que
presidem as narrativas de futuro, facilitando a cada ato de fala comporta critérios de validação
obtenção de consenso a partir dos pressupostos característicos, que devem ser considerados nos
básicos da construção de futuros. processos argumentativos que visam ao resgate
de pretensões específicas. Por fim, o autor, anali-
sando os tipos de liderança, estabelece uma liga-
O planejamento comunicativo ção clara entre o modelo maquiavélico de lide-
rança e a racionalidade estratégica e o modelo de
O planejamento comunicativo representa um Ghandi e a racionalidade do acordo comunicati-
contraponto aos enfoques de planejamento es- vo, fazendo eco à tipologia da teoria da ação ha-
tratégico em saúde, tendo por referência a teoria bermasiana e reafirmando a dimensão comuni-
do agir comunicativo (TAC) de Jurgen Haber- cativa dos processos de condução.
mas17 e se insere no campo da filosofia da lingua- O PES, enquanto uma análise situacional de
gem, dentro de uma perspectiva pragmática ba- problemas, comporta uma tendência para o es-
seada em grande parte na teoria dos atos de fala tabelecimento de nexos ou transversalidades, que
de Austin32 e Searle33. A partir da identificação de ajuda a costurar redes53. Em função disso, a es-
limitações destes enfoques estratégicos, dentre as cola da vigilância à saúde defende o uso do PES,
quais se destacam a visão instrumental e quanti- de modo a superar a visão arcaica de programas
tativa do poder, a sobrevalorização das situações verticais e promover um sistema em rede, que
do conflito implicando uma visão reificada do articule a promoção.
outro, a ausência de maior aprofundamento ana- Austin32 e Searle33 questionam a visão repre-
lítico da dimensão da cultura, o insuficiente trata- sentacional e passiva da linguagem, restrita à no-
mento da estratégia de negociação cooperativa e meação de objetos de um mundo ontológico, e
uma discussão ainda instrumental do fenômeno propõem uma visão pragmática, segundo a qual
da liderança11,21, buscou-se desconstruir o plane- os atos de fala são formas de ação que criam no-
jamento estratégico e propor uma versão mais vas realidades no mundo. Ambos os autores es-
comunicativa conduzida pela busca do entendi- tabelecem uma taxonomia dos atos de fala, em
mento e pela preocupação com a legitimidade dos que podemos citar as declarações, as afirmações,
planos. Estas áreas definem desafios metodológi- as petições e os compromissos, dentre outros.
cos importantes e se transformam em questões No campo da gestão organizacional, Flores35
norteadoras e protocolos de pesquisa e investiga- e Echeverria36 se apropriam da teoria dos atos de
ção. Com base em Habermas, busca-se explorar fala desses autores, aplicando-a diretamente a
os elementos comunicativos, os quais, embora uma nova compreensão linguística das organi-
presentes na obra de Matus e Testa, encontram- zações. Matus7 aplica-a na compreensão do pla-
se ainda insuficientemente aprofundadas18-23,26. no como compromissos de ação. Estes autores
Na perspectiva de fundamentar um modelo realizam uma mediação entre uma metateoria -
comunicativo, é importante salientar que autores o agir comunicativo - e a gestão organizacional,
tradicionais do planejamento estratégico como considerando as ligações entre Habermas e a prag-
Testa6 e Matus7,8,52 se preocuparam em inserir ele- mática de Austin e Searle. Flores35 é um dos pri-
mentos comunicativos no planejamento, a partir meiros autores a entender as organizações como
dos aportes de Habermas, Toulmin, Austin, Sear- redes de conversações. Esta compreensão supõe
le e Flores, entre outros. Testa atribui à comunica- que a organização responde, em última análise, a
ção, com base em Habermas, a função de produ- uma petição ou demanda social do ambiente ex-
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terno e que, internamente, ela se configura como fala que operam como pretensões de validade ou
uma rede predominantemente de petições e com- proferimentos que podem ser aceitos ou não, o
promissos, apoiada nas afirmações e declarações. agir comunicativo seria uma forma de produção
Estas últimas fundam ou criam as organizações. linguística de consensos naturais (acríticos) ou
Os nós desta rede corresponderiam a especiali- argumentativos (discursivos) sobre pretensões.
zações em determinados compromissos com Diferentemente da coordenação viabilizada pelo
conversações nitidamente recorrentes. agir comunicativo, o agir estratégico seria uma
Para Rivera20, a teoria social habermasiana forma de coordenação da ação de mais de um
aplicada ao campo das organizações refere uma agente, com base em seus interesses particulares
visão dual de sociedade, configurada por duas condicionados pelas esferas do poder e do mer-
perspectivas de análise relacionadas dialeticamen- cado. Este agir pode se ancorar indiretamente em
te: o mundo da vida e o sistema. Esta visão opera atos de fala, utilizando-se de argumentos empí-
como pano de fundo para o entendimento do ricos e coercitivos, mas não seria uma coordena-
fenômeno organizacional a partir de uma metá- ção baseada no entendimento. Este conceito de
fora múltipla, que incorpora elementos do enfo- coordenação da ação de natureza comunicativa
que sistêmico e contingencial, assim como elemen- se revela um instrumento poderoso para com-
tos do paradigma da ação, que acentua o lado da preensão da lógica da coordenação de serviços
organização como construção social de atores, de de saúde, dentro da imagem-objetivo dos siste-
natureza dialógica. Dentro deste marco interpre- mas integrados de saúde31.
tativo que destaca o múltiplo, a própria metáfora Lima31,57 analisa a coordenação de serviços de
da cultura destaca-se como uma compreensão saúde a partir de um modelo construído a partir
importante da organização e, neste caso, é vista da lógica do agir comunicativo e baseado na in-
como dimensão fundamental do conceito de terrelação entre interdependência, coordenação e
mundo da vida da teoria social de Habermas, ou integração, cujo eixo estruturante é uma rede di-
seja, como o conjunto de configurações simbóli- nâmica de conversações que se estabelece entre os
cas da tradição organizacional que serve de base distintos atores que interagem no sistema. A ideia
ou de pré-compreensão para os processos de per- de rede de conversações35,36 como operadora da
cepção e intervenção organizacionais30. atividade de coordenar interdependências e pro-
Na busca de respostas às lacunas observadas mover integração fornece uma oportunidade de
nos enfoques de planejamento, apontam-se de- análise a partir das conversações que se estabele-
senvolvimentos específicos sobre a negociação cem nas distintas dimensões de integração do sis-
cooperativa e o diálogo21, utilizando como refe- tema. O autor rastreia as redes de conversações
rências “o modelo de negociação baseado em prin- que se estabelecem a partir de determinados rom-
cípios”, de Fisher, Ury e Patton54, de Harvard, e os pimentos (quiebres) na experiência analisada de
protocolos de diálogo, de indagação e argumen- um SAMU (serviço de atendimento móvel de ur-
tação, apresentados por Senge34. As contribuições gência) regional, identificando os atos de fala pre-
de autores como Thévenet55 e Schein56 nas refle- dominantes nestas redes: juízos, afirmações, de-
xões sobre métodos de ausculta cultural, passível clarações, ofertas, promessas e os principais gru-
de ser utilizada em pesquisas desenvolvidas em pos de atores envolvidos nos fluxos de conversa-
organizações profissionais51, permitem discutir as ção catalogados, assim como as possibilidades de
relações entre cultura, gestão e mudança organi- encaminhamento positivo dos rompimentos em
zacional, no contexto da saúde. O campo da lide- termos de compromissos.
rança, instância facilitadora da aprendizagem co- A partir de Searle33, Flores35 e Echeverria36
letiva, também se mostra promissor21,29. assumem que os atos de fala em geral corres-
O enfoque habermasiano representa uma pondem a formas de compromisso social, na
proposta profícua para entendermos como os medida em que os sujeitos que proferem estes
agentes sociais coordenam a ação e se organizam atos se obrigam a determinados compromissos.
como sociedade. A coordenação enquanto fenô- Por exemplo, quem faz uma promessa, assume
meno linguístico corresponde ao reconhecimen- os compromissos da sinceridade, da consistên-
to feito por Habermas de uma forma de ação cia e da responsabilidade. Quem faz afirmações,
social, o agir comunicativo, que representa uma por outro lado, obriga-se a apresentar evidênci-
alternativa ao agir estratégico e que permitiria a as ou testemunhas que avalizem a descrição de
coordenação dos agentes sociais através do en- situações de fatos.
tendimento linguisticamente mediado. Entenden- Esta concepção da linguagem como compro-
do a linguagem como um conjunto de atos de misso social foi explorada por Rivera e Artmann29
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para fundamentar uma nova compreensão do Neste sentido, o acolhimento é uma conversa que
fenômeno da liderança, apoiada em boa medida objetiva também a distribuição do paciente pelos
em reflexões prévias de Flores. Nesta moldura, a vários pontos de atenção. Na medida em os dife-
liderança surge como um juízo estabelecido pela rentes saberes são insuficientes, há a necessidade de
comunidade acerca do grau de cumprimento dos equipes e de uma interconexão entre os serviços. O
compromissos sociais inerentes aos atos de fala conceito de acolhimento como rede conversacio-
da liderança e aos seus atos derivados. Assim, uma nal corresponde à possibilidade de interconexão
liderança inconsistente e pouco responsável no entre saberes, categorias profissionais e pontos de
plano dos seus atos compromissários tende a atenção em saúde, que condensam conversações
perder níveis de confiança e a se enfraquecer, consi- especializadas ou recorrentes e diferenciadas. O aco-
derando que a responsabilidade, a consistência e lhimento não se refere apenas à relação profissio-
a sinceridade são os critérios de validade dos com- nal-usuário, mas se refere ao acolhimento entre
promissos. Esta linha de análise representa outra profissionais e serviços, como dinâmica de víncu-
vertente de aplicação do paradigma da linguagem los dialógicos entre profissionais e instâncias dife-
à gestão organizacional, que pode oferecer possi- rentes, mas interdependentes.
bilidades importantes no campo da pesquisa. Artmann e Rivera30 desenvolvem uma discus-
No Brasil, diversos autores16,30,44,58 destacam são sobre a política de humanização na sua rela-
a importância que assume a comunicação no ção com uma cultura da comunicação, assumida
desenvolvimento de cuidados de saúde de natu- como premissa para o sucesso dessa política. Os
reza mais integral, de uma cultura de humaniza- autores sustentam que é possível falar em huma-
ção que permeie as políticas e cuidados de saúde nização, apesar das dificuldades para sua implan-
e, dentro da perspectiva da humanização do cui- tação como política. Isto se deve ao desenvolvi-
dado, de um sistema de acolhimento dos pacien- mento de um padrão cultural nas organizações
tes marcado por um relacionamento ético e por profissionais de saúde com traços emergentes de
uma perspectiva receptiva e integradora. uma cultura que preza o trabalho em equipes e
Campos16 propõe uma clínica ampliada, que em redes solidárias, e um modelo de gestão mais
articularia o melhor da clínica não degradada, o colegiado e participativo que dê conta da articula-
resgate da subjetividade do usuário e seu sofri- ção entre os diferentes saberes em pauta. A refle-
mento com a preocupação com o contexto social xão é de que enfoques e modelos de gestão comu-
do sujeito doente. Esta clínica seria uma conju- nicativa seriam capazes de reforçar o desenvolvi-
gação de saber tecnológico e agir comunicativo e mento de coletivos participativos, em que se pro-
incorporaria um enfoque de educação em saúde blematize a qualidade do atendimento à saúde.
ou de promoção voltado para aumentar a capa- Estes autores, entre outros, contribuem para
cidade de autonomia dos sujeitos que adoecem. estabelecer uma sólida vinculação entre políticas e
Peduzzi43 trabalha especificamente a questão práticas de saúde e agir comunicativo. Já autores
do desenvolvimento de equipes multiprofissio- como Fleury e Ouverney59 aplicam o paradigma
nais de saúde como condição de possibilidade de das redes à organização de sistemas regionais de
um atendimento integral, a ser verificado já no saúde, referindo-se à necessidade de um consen-
acolhimento primário do paciente. Para a auto- so comunicativo para a ação coordenada e inter-
ra, esta equipe deveria assumir, a partir de Ha- dependente dos serviços. Para eles, as redes se ca-
bermas, a feição de uma equipe-interação, arti- racterizam como sistemas não hierárquicos, es-
culada pela comunicação, com um nível de reco- sencialmente cooperativos, intensivos em infor-
nhecimento expressivo entre os participantes e mação e comunicação, em que se destaca a per-
com a possibilidade de refletir e definir um pro- manente busca de reconhecimento do outro.
jeto assistencial comum. Destacam-se, ainda, estudos que apontam
Teixeira58 entende o sistema de acolhimento para a possibilidade de um entendimento comu-
como uma rede de conversações. O conceito chave nicativo do enfoque démarche estratégica, refor-
do autor é o de acolhimento-dialogado, que pos- çando o objetivo fundamental da perspectiva de
sui uma dimensão primária de aceitação moral de colaboração em redes estabelecidas através de
uma demanda do paciente e a dimensão de um parcerias entre hospitais e outros serviços26-28.
diálogo voltado para o reconhecimento das neces- Uma contribuição importante para a pers-
sidades trazidas pelo paciente e das formas de in- pectiva da negociação se refere à produção sobre
tervenção, que implicam eventualmente o encami- a escuta36, tida como uma capacidade básica da
nhamento do paciente para o nível de complexida- aprendizagem, ligada em primeiro lugar à dimen-
de tecnológico mais adequado dentro do sistema. são da indagação. Escutar e saber indagar são
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capacidades extremamente importantes para um a perspectiva de Ayres42 e Schraiber44 da chama-


modelo de negociação, junto à dimensão da ar- da ação programática em Saúde e o enfoque do
gumentação ou fala propositiva. planejamento comunicativo da ENSP; (b) o res-
A teoria da argumentação pode ser trabalha- gate do planejamento situacional por parte da
da a partir de autores como Toulmin60, responsá- Vigilância de Saúde na construção das transver-
vel pela elaboração de um modelo de análise críti- salidades típicas de um enfoque de trabalho a
ca dos argumentos, tendo como base uma lógica partir de problemas e na fundamentação da pro-
informal, prática, e o modelo da jurisprudência e moção correspondente a um modelo de gestão
Perelman61, representante da escola da nova retó- de redes, que, como assinalado, baseia-se na co-
rica, com uma contribuição decisiva no tocante operação e no intercâmbio comunicativo; (c) o
ao desenvolvimento de técnicas discursivas. acolhimento-diálogo de Teixeira57, lido numa
Este desafio de aprofundar modelos de ne- perspectiva de reforçar modelos de gestão co-
gociação é coerente a partir da perspectiva do municativa30 e (d) o resgate comunicativo do pla-
planejamento em organizações profissionais51 e nejamento e da concepção linguística das organi-
em contextos políticos de compartilhamento do zações de Flores por parte de Cecilio12.
poder. Por último, salientamos as várias comple- Podemos concluir, portanto, que as diversas
mentaridades entre as diferentes escolas de pla- correntes, embora com diferentes perspectivas e
nejamento identificadas, dentre as quais pode- encaminhamentos teórico-metodológicos, dialo-
mos destacar: (a) um componente comunicati- gam num processo de troca mútua e de aprendi-
vo comum entre a clínica ampliada de Campos16, zagem.

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