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Apuramento do Resultado

Autores
José Carreira e Manuel Andrino

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 1

Apuramento do resultado

Apuramento do resultado
 Estrutura e apuramento do resultado do período
 Lançamentos de regularização e de apuramento de resultados
 Políticas contabilísticas, alterações de estimativas contabilísticas e erros
(NCRF 4)
 Acontecimentos após a data do balanço (NCRF 24)
 Apuramento e contabilização do imposto sobre o rendimento

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Estrutura e apuramento do resultado do período

Resultado antes 
de depreciações, 
gastos de 
financiamento e 
impostos
Resultado 
operacional

Gastos/reversões  Resultado 
de depreciação e  antes de 
amortização Resultado 
impostos
líquido do 
Juros e rendimentos similares obtidos período
Juros e gastos similares suportados

Imposto sobre o rendimento do período

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Lançamentos de regularização

Lançamentos de regularização:
 Apuramento do custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas
(inventário intermitente)
 Apuramento da variação da produção (inventário intermitente)
 Depreciações/amortizações dos ativos fixos tangíveis e ativos intangíveis
 Perdas por imparidade/reversões (investimentos financeiros, propriedades
de investimento, ativos fixos tangíveis, ativos intangíveis, dívidas a receber,
inventários)
 Revalorizações (ativos fixos tangíveis/ativos intangíveis)
 Perdas/ganhos por reduções/ganhos do justo valor (instrumentos
financeiros, investimentos financeiros, propriedades de investimento, ativos
biológicos)

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Lançamentos de regularização

Lançamentos de regularização:
 Provisões (constituição, reforço, reversão)
 Remunerações a liquidar (encargos com férias)
 Devedores/credores por acréscimos de rendimentos/gastos
 Diferimentos (gastos/rendimentos a reconhecer)
 Registo das variações nos capitais próprios das subsidiárias e associadas
(aplicação do método da equivalência patrimonial)
 Cálculo do imposto sobre o rendimento do período (imposto estimado e
imposto diferido)

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NCRF 4 – Políticas contabilísticas, 
alterações nas estimativas 
contabilísticas e erros

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Aspetos gerais

A NCRF 4 trata da:
 Alteração de políticas contabilísticas
 Alteração nas estimativas
 Correção de erros
Para quê ?
Para melhorar
 a relevância
 a fiabilidade e
 a comparabilidade
da informação financeira

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Aspetos gerais

Políticas contabilísticas:

 São princípios, bases, convenções, regras e práticas específicos aplicados


por uma entidade na preparação e apresentação das DFs.

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Aspetos gerais

Alteração nas estimativas:

 Alteração na quantia escriturada dum ativo ou dum passivo ou da quantia


do consumo periódico dum ativo em resultado de nova informação

 Não são correção de erros

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Aspetos gerais

Correção de erros:

 Erros são omissões e declarações incorretas nas DFs de períodos anteriores

 Resultam de não se ter em conta ou fazer‐se uso indevido de informação


fiável

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Aspetos gerais

A Materialidade dos valores envolvidos é fundamental
Materialidade
 Omissões e declarações incorretas que possam influenciar as decisões
económicas dos utentes
Depende de:
 valores envolvidos
 natureza
 circunstâncias
Utentes com razoável conhecimento das atividades económicas e
contabilidade

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Aspetos gerais

Aplicação retrospetiva:
Consiste em aplicar a nova política contabilística a transações, outros
acontecimentos e condições, como se essa política tivesse sido sempre
aplicada.

Aplicação prospetiva:
A aplicação da alteração e o reconhecimento dos seus efeitos vale para o
período presente e futuro

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Políticas Contabilísticas

Aplicação de uma política contabilística:

 As que resultem duma Norma (NCRF) ou Interpretação (NI)


 Na ausência de normativo as que melhor contribuam para a apresentação
de informação relevante e fiável (juízo de valor do órgão de gestão)
 Regra geral, devem ser aplicadas consistentemente para transações
semelhantes;
 Excecionalmente pode aplicar políticas diferentes quando uma Norma ou
Interpretação permita ou exija para um determinado item diferentes
políticas;

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Políticas Contabilísticas

Alterações nas políticas contabilísticas:

 Uma entidade não deve, regra geral, alterar as suas políticas contabilísticas
(para haver comparabilidade da informação financeira no tempo);
 Uma política contabilística só deve ser alterada, se:
- For exigida por uma Norma ou Interpretação (alteração normativa); ou
- Resultar no facto das DFs proporcionarem informação fiável e mais
relevante sobre os efeitos das transações, na posição financeira,
desempenho ou fluxos de caixa (juízo de valor do órgão de gestão).

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Políticas Contabilísticas

Alteração normativa nas políticas contabilísticas:


 Se a Norma ou interpretação tiver disposições transitórias específicas:
– Adoção das disposições transitórias específicas.
 Se a Norma ou interpretação não tiver disposições transitórias:
– Adoção da aplicação retrospetiva da norma ou interpretação.
– Contudo, caso seja impraticável determinar os efeitos específicos de
um período ou o efeito acumulado da alteração, a entidade deve
aplicar a nova política contabilística aos valores contabilísticos dos
ativos e passivos no início do período mais antigo para o qual seja
praticável a aplicação retrospetiva.

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Políticas Contabilísticas

Alteração normativa nas políticas contabilísticas:


(alterações SNC 2016)
 Todas as NCRF incluem um parágrafo relativamente ao regime transitório:
Regime transitório:
 Tratamento prospetivo:
“No período que se inicie em ou após 1 de janeiro de 2016, aquando da utilização
desta Norma, as entidades devem aplicar as novas políticas contabilísticas alteradas
pelo Aviso nº 8256/2015, de 29 de julho, sem reexpressar os saldos existentes no
início desse período, e divulgar no Anexo as quantias que não sejam comparáveis”.
(Declaração de retificação nº 918/2015, DR, 2ª Série, de 19 de outubro ao Aviso nº 8256/2015,
de 29 de julho)

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Políticas Contabilísticas

Alteração não normativa nas políticas contabilísticas:


 Adoção da aplicação retrospetiva:
– Consiste em aplicar a nova política contabilística a transações, outros
acontecimentos e condições, como se essa política tivesse sido
sempre aplicada.
 Adoção da nova política contabilística aos valores contabilísticos dos ativos
e passivos no início do período anterior mais antigo para o qual seja
praticável a aplicação retrospetiva, caso seja impraticável determinar os
efeitos específicos de um período ou os efeitos acumulados da alteração.

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Políticas Contabilísticas

Divulgação (no Anexo)


 Quando a aplicação inicial de uma Norma ou Interpretação, tiver efeitos no
período corrente ou em qualquer período anterior, deve‐se divulgar:
- O título da Norma ou Interpretação;
- A natureza da alteração na política contabilística; e
- A quantia do ajustamento relacionado com períodos anteriores aos
apresentados (se for praticável).

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Políticas Contabilísticas

Divulgação (no Anexo)


 Quando uma alteração voluntária tiver efeitos no período corrente ou em
qualquer período anterior, ou puder ter efeitos em períodos futuros, deve‐
se divulgar:
- A natureza da alteração na política contabilística;
- As razões da aplicação na nova política proporcionar informação viável e mais
relevante; e
- A quantia do ajustamento para o período corrente e cada período anterior (se
for praticável)

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Alterações nas Estimativas Contabilísticas

Alterações nas estimativas contabilísticas:


 Face às incertezas inerentes à atividade empresarial, muitos itens não
podem ser mensurados com precisão, podendo apenas ser estimados
 O uso de estimativas razoáveis é uma parte essencial da preparação de DFs,
não diminuindo a sua fiabilidade. São exemplos:
- Débitos incobráveis de contas a receber;
- Obsolescência de inventários;
- Justo valor dos ativos/passivos financeiros;
- A vida útil de ativos depreciáveis; e
- Obrigações respeitantes a garantias.

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Alterações nas Estimativas Contabilísticas

Alterações nas estimativas contabilísticas:


 Uma estimativa pode necessitar de revisão, se:
- Ocorrerem alterações nas circunstâncias em que a estimativa se baseou; ou
- Em consequência de nova informação ou de mais experiência.
 A revisão de uma estimativa não se relaciona com períodos anteriores e não
é a correção de um erro
 Uma alteração na base de mensuração aplicada, é uma alteração numa
política contabilística
 Quando for difícil distinguir entre uma alteração numa política
contabilística e uma alteração da estimativa contabilística, a alteração deve
ser tratada como alteração numa estimativa contabilística

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Alterações nas Estimativas Contabilísticas

Alterações nas estimativas contabilísticas:


 Se uma alteração numa estimativa contabilística:
- Dá origem a alterações em ativos e passivos, ou se relacione com um
item do capital próprio:
 Reconhecida pelo ajustamento da quantia escriturada do item de capital
próprio, ativo ou passivo relacionado com o período da alteração
- Caso contrário:
 Reconhecida prospetivamente em resultados no período da alteração e
períodos futuros

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Alterações nas Estimativas Contabilísticas

Divulgações (no Anexo)

 A natureza e a quantia da alteração que tenha efeito no período corrente ou


se espera que tenha em períodos futuros
 Se a quantia do efeito em períodos futuros não for conhecida, uma
entidade deve divulgar esse facto

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Erros

Erros:
 As DFs não estão em conformidade com as NCRF se contiverem erros
materiais (ou mesmo imateriais desde que feitos intencionalmente
fraude) para alcançar uma determinada posição financeira, desempenho
ou fluxos de caixa de uma entidade
Natureza dos erros:
 matemáticos
 má aplicação de políticas contabilísticas
 faltas de cuidado ou interpretações incorretas de factos
 fraudes

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Erros

Erros de períodos anteriores:


 A correção de erros materiais de períodos anteriores, deve ser feita
retrospetivamente ao primeiro conjunto de DFs aprovadas após a sua
descoberta, como se o erro nunca tivesse ocorrido:
- Reexpressando as quantias comparativas para os períodos anteriores
apresentados em que tenha ocorrido o erro; ou
- Se o erro ocorreu antes do período anterior mais antigo apresentado,
reexpressando os saldos de abertura dos ativos, passivos e capital próprio
para o período mais antigo apresentado
 A correção de um erro de um período anterior é excluída dos resultados do
período em que o erro é descoberto

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Erros

Erros do período:
 Se descobertos antes de as DFs serem autorizadas para emissão (erros
potenciais):
– são corrigidos no próprio período
 Se descobertos em período posterior (erros materiais):
– são corrigidos na informação comparativa apresentada nas DFs desse
período posterior

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Erros

Divulgações de erros de períodos anteriores (no Anexo)


 A natureza de um erro de um período anterior;
 A quantia da correção para cada período anterior apresentado;
 A quantia da correção no início do período anterior mais antigo
apresentado;
 Se a reexpressão for impraticável, as circunstância que levaram à existência
dessa condição e uma descrição de como e desde quando o erro foi
corrigido.

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Exemplo prático
Alterações nas Políticas Contabilísticas

Exemplo 1 – Alterações nas políticas contabilísticas:


A empresa ABC, SA, que se dedica à venda de automóveis usados, aplicava o
custo médio ponderado como fórmula de custeio. Após análise da situação
concluiu‐se que esta política não fazia sentido, dado que o valor de cada
automóvel bem como as suas características eram extremamente variáveis, pelo
que decidiu alterar a fórmula de custeio para o custo específico.
Marca/modelo Custo de aquisição Data da venda
Fiat Punto € 9.500 Abril N‐1
VW Golf € 15.000 Março N
Peugeot 206 € 11.000 Novembro N

O custo associado a cada uma destas viaturas foi de € 10.500.

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Exemplo prático
Alterações nas Políticas Contabilísticas

Exemplo 1 – Alterações nas políticas contabilísticas:


Resolução:
Tratamento retrospetivo: alterar as DFs de modo a estas se apresentarem como
se a nova política contabilística tivesse sido sempre aplicada.
Cálculo dos itens relevantes, caso tivesse sempre aplicado o custo específico:

Viatura Ano C.Específico CMP Difª Custo Difª Inventários


Fiat Punto N‐1 € 9.500 € 10.500 ‐ € 1.000 € 1.000
VW Golf N € 15.000 € 10.500 + € 4.500 ‐ € 4.500
Peugeot 206 N € 11.000 € 10.500 + € 500 ‐ € 500

Descrição Conta Débito Valor Débito Conta  Valor Crédito


Crédito
Alteração P.Contab. N‐1 32 1.000 56 1.000
Alteração P.Contab. N 61 5.000 32 5.000

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Exemplo prático
Alterações nas Políticas Contabilísticas

Exemplo 1 – Alterações nas políticas contabilísticas:


Alterações nas DFs:
 Em N‐1:
‒ Balanço: Inventários e Resultado do período;
‒ DR: Custo das mercadorias vendidas e matérias consumidas e Resultado do
período
‒ DACP: Resultado do período
 Em N:
‒ Balanço: Inventários, Resultados transitados e Resultado do período;
‒ DR: Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas e Resultado do
período;
‒ DACP: Resultados transitados e Resultado do período.

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Exemplo prático
Alterações nas Estimativas Contabilísticas

Exemplo 2 – Alteração de estimativas contabilísticas:


 A empresa DEF, SA, paga comissões aos seus vendedores em função das
vendas por si realizadas. Contudo, o pagamento dessas comissões (assim
como a emissão das faturas dos vendedores) está sujeito à liquidação da
dívida por parte do cliente.
 Em 31/12/N‐1, a empresa estimou que, face às vendas de Dezembro, um
gasto de comissões de € 40.000.
 Em Março/N, o vendedor emitiu a fatura correspondente às comissões
efetivamente devidas, no montante de € 32.500, uma vez que um dos
clientes entrou em processo de insolvência, não sendo a dívida cobrável.

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Exemplo prático
Alterações nas Estimativas Contabilísticas

Exemplo 2 – Alteração de estimativas contabilísticas:
Resolução:
Tratamento prospetivo: incluir as alterações das estimativas contabilísticas nas 
DFs do período:
Em 31/12/N‐1:
Descrição Conta Débito Valor Débito Conta Crédito Valor Crédito
Estimativa gasto 6225 € 40.000 2722 € 40.000

Em Março/N:
Descrição Conta Débito Valor Débito Conta Crédito Valor Crédito
Alteração Est. Contab.  2722 € 40.000 221 € 35.000
6225 € 5.000

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Exemplo prático
Erros

Exemplo 3 – Erros:
 No ano N, a empresa GHI, SA, detetou que o valor expresso na conta
depósitos à ordem se encontrava sobrevalorizado em cerca de € 250.000.
 A auditoria efetuada apontava para o facto do responsável da tesouraria
nunca ter efetuado as reconciliações bancárias, tendo utilizado em proveito
próprio parte daquele montante o que levou ao seu despedimento com
justa causa.
 Verificou‐se que aquela diferença se reportava ao período N‐1.

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Exemplo prático
Erros

Exemplo 3 – Erros:
Resolução:
Tratamento retrospetivo: alterar as DFs por forma a estas se apresentarem como 
se o erro nunca tivesse existido:
Em Dezembro/N:

Descrição Conta Débito Valor Débito Conta Crédito Valor Crédito


Erro 56 € 250.000 12 € 250.000

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Exemplo prático
Erros

Exemplo 3 – Erros:
Alterações nas DFs:
 Em N‐1:
‒ Balanço: Depósitos à ordem e Resultado do período;
‒ DR: Outros gastos e perdas e Resultado do período
‒ DACP: Resultado do período.
 Em N:
‒ Balanço: Resultados transitados e Depósitos à ordem;
‒ DACP: Resultados transitados.

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Auto Avaliação

Questão 1:
Pede‐se que faça uma breve exposição, devidamente justificada, sobre o
tratamento contabilístico dos factos a seguir identificados, à luz da NCRF 4 –
Políticas Contabilísticas, Alterações de Estimativas Contabilísticas e Erros e qual
o seu efeito nas Demonstrações Financeiras do período N e nas DFs
comparativas:
 Em 31/12/N, depois da revisão da vida útil dos ativos intangíveis, concluiu‐se que
as respetivas amortizações acumuladas passariam, naquela data, de € 120.000 para
€ 180.000, sendo que € 50.000 se reportam a amortizações dos períodos N‐1 e N‐2;
 Em 31/12/N, a empresa decidiu alterar a fórmula de custeio das mercadorias,
deixando de utilizar o FIFO para passar a utilizar o Custo Médio Ponderado (CMP).
Sabe‐se que esta alteração conduziu a um aumento do inventário em € 150.000 à
data de 31/12/N, dos quais € 30.000 se reportam ao período N‐1.

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 36

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Auto Avaliação

Questão 2:
No fecho das contas de N, a sociedade CANTÃO, SA, reconheceu como gastos do
período N, referente aos encargos com férias a liquidar em N+1, o montante de
€ 180.000. Contudo, em Agosto de N+1, suportou encargos com férias no
montante de € 250.000.
 Pede‐se que, à luz da NCRF 4 – Políticas Contabilísticas, Alterações de Estimativas
Contabilísticas e Erros, diga qual o tratamento contabilístico a dar à diferença de €
70.000, assim como o seu efeito nas Demonstrações Financeiras do período N+1,
cuja data de fecho é 31/12.

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 37

NCRF 24 – Acontecimentos Após a Data 
do Balanço

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 38

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Definições

Acontecimentos após a data do balanço:


 Acontecimentos, favoráveis e desfavoráveis, que ocorram entre a data do
balanço e a data em que as DFs forem autorizadas para emissão, pelo
órgão de gestão. Podem ser de dois tipos:

Data a partir da qual as DF aprovadas pelo


órgão de gestão se disponibilizam para
conhecimento de terceiros ou, se aplicável,
dum conselho de supervisão

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 39

Definições

Tipos de acontecimentos após a data do balanço:


 Acontecimentos após a data do balanço que dão lugar a ajustamentos:
– aqueles proporcionam prova de condições que existiam à data do
balanço.

 Acontecimentos após a data do balanço que não dão lugar a ajustamentos:


– aqueles que sejam indicativos de condições que surgiram após a data
do balanço.

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Reconhecimento e mensuração

Acontecimentos após a data do balanço que dão lugar a ajustamentos:


 Uma entidade deve ajustar as quantias reconhecidas nas suas DF para
refletir os acontecimentos após a data do Balanço que resultem de
situações que já existiam nessa data;
Exemplos de acontecimentos após a data do balanço que dão lugar a
ajustamentos:
 A resolução, após a data do balanço, de um caso judicial que confirma que a
entidade tinha uma obrigação presente à data do balanço:
‒ Deve ajustar qualquer provisão anteriormente reconhecida relacionada com
este caso judicial de acordo com a NCRF 21
‒ Não pode limitar‐se a divulgar um passivo contingente dado que a resolução
proporciona provas adicionais

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 41

Reconhecimento e mensuração

Exemplos de acontecimentos após a data do balanço que dão lugar a


ajustamentos:
 A receção de informação, após a data do balanço, que indique que um ativo
estava em imparidade à data do balanço, ou que a quantia da perda por
imparidade anteriormente reconhecida necessita de ser ajustada,
nomeadamente:
‒ A falência de um cliente que ocorre após a data do balanço confirma que
existia uma perda à data do balanço, necessitando por isso de ajustar a
respetiva quantia escriturada
‒ A venda de inventários após a data do balanço pode dar evidência acerca do
valor realizável líquido à data do balanço

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 42

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Reconhecimento e mensuração

Exemplos de acontecimentos após a data do balanço que dão lugar a


ajustamentos:
 A determinação após a data do balanço do custo de ativos comprados, ou
proventos de ativos vendidos, antes da data do balanço;
 A determinação após a data do balanço da quantia de participação no lucro
ou de pagamentos de bónus, caso a entidade tivesse uma obrigação
presente legal ou construtiva à data do balanço de fazer tais pagamentos
em consequência de acontecimentos antes dessa data (ver NCRF 28);
 A descoberta de fraudes ou erros que mostrem que as DFs estão incorretas

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 43

Reconhecimento e mensuração

Acontecimentos após a data do balanço que não dão lugar a ajustamentos:


 Uma entidade não deve ajustar as quantias reconhecidas nas suas DF para
refletir os acontecimentos que resultam de condições indicativas que
surgiram após a data do Balanço;
Exemplos de acontecimentos após a data do balanço que não dão lugar a
ajustamentos e que dão lugar a divulgação:
 Declínio no justo valor de investimentos entre a data do balanço e a data
em que foi autorizada a emissão das DF;
 Este declínio não se relaciona com as condições dos investimentos, à data
do balanço, mas reflete situações que surgiram posteriormente
 Não se ajustam as DF nem se atualizam as quantias divulgadas relativas aos
investimentos à data do balanço

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 44

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Reconhecimento e mensuração

 Uma importante concentração de atividades empresariais após a data do


balanço ou a alienação de uma importante subsidiária;
 O anúncio de um plano para descontinuar uma unidade operacional;
 Importantes compras de ativos, classificação de ativos como detidos para
venda, outras alienações de ativos ou expropriação de ativos importantes
pelo Governo
 A destruição por um incêndio de uma importante instalação de produção;
 O anúncio ou início do processo de uma reestruturação importante;
 Importantes transações de ações ordinárias e de potenciais transações de
ações ordinárias;

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 45

Reconhecimento e mensuração

 Alterações anormalmente grandes em preços de ativos ou taxas de câmbio;


 Alterações nas taxas fiscais ou leis fiscais aprovadas ou anunciadas, que
tenham efeitos significativos nos ativos e passivos por impostos correntes e
diferidos;
 A celebração de compromissos significativos ou passivos contingentes, por
exemplo, pela emissão de garantias significativas;
 O início de litígios importantes que provenham unicamente de
acontecimentos que ocorreram após a data do balanço;

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 46

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Reconhecimento e mensuração

Exemplos de acontecimentos após a data do balanço que não dão lugar a


ajustamentos:
 Dividendos:
Se os dividendos forem declarados após a data do balanço e antes das DF
serem autorizadas para emissão, estes não são reconhecidos como um
passivo à data do balanço porque não existe qualquer obrigação nessa
altura;
Tais dividendos devem ser divulgados nas notas às DF.

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 47

Continuidade

Continuidade:
 Uma entidade não deve preparar as DF numa base de continuidade se o
órgão de gestão determinar após a data do balanço que pretende liquidar a
entidade ou cessar de negociar ou que não tenha alternativa realista a não
ser fazer isso;
 A deterioração nos resultados operacionais e da posição financeira após a
data do balanço pode indicar a necessidade de considerar ou não
apropriado considerar o pressuposto da continuidade
 De acordo com as BADF, a não preparação de DF numa base de
continuidade ou a existência de incertezas materiais quanto à continuidade
devem ser objeto de divulgações específicas, dado que estamos perante
alterações fundamentais no regime contabilístico

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 48

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Exemplo prático
Acontecimentos após a data do balanço

Exemplo 4:
 A empresa JKL, Lda detinha à data de 31‐12‐N uma conta a receber de €
40.000 do seu cliente Lisboa, Lda. Até essa data esse cliente sempre tinha
vindo a pagar pontualmente as suas faturas.
 Em princípio de fevereiro de N+1 veio a entrar em Tribunal um processo de
insolvência contra esse cliente instaurado por um credor (As DFs de N foram
emitidas pelo órgão de gestão em 28 fev N+1)
Resolução:
Em Dez/N:

Descrição Conta Débito Valor Débito Conta Crédito Valor Crédito


Perda por imparidade 6511 € 40.000 219 € 40.000

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 49

Auto Avaliação

Questão 1:
A sociedade “Traquinas, SA”, que se dedica ao fabrico e comércio de têxteis para
o lar, foi notificada em 15/02/N+1, da insolvência do seu cliente “Acamado, Lda”,
cuja dívida em 31/12/N era de € 750.000 e para a qual tinha constituído uma
perda por imparidade de dívidas a receber de € 100.000.
Pretende‐se:
Sabendo que a data de fecho das contas é 31 de Dezembro e que a data de
autorização para emissão das demonstrações financeiras é 10/03/N+1 diga, à luz
da NCRF 24 – Acontecimentos após a data do balanço, como este
acontecimento deve ser tratado contabilisticamente Este cliente veio a falir em
Fevereiro de N+1, antes da data de autorização para emissão das DFs

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 50

25
Auto Avaliação

Questão 2:
A sociedade GAMA, SA, detém 30% (20.000 ações) do capital da sociedade
DELTA, SA. À data de 31/12/N, as ações da DELTA, SA estavam cotadas a € 7,25.
Durante o mês de Janeiro/N+1, assistiu‐se a uma quebra das ações cotadas na
Euronext Lisboa. As ações da DELTA, SA, não fugiram à regra, sendo a sua
cotação em 31/01/N+1, de € 5,30.
 Sabendo que as DFs se reportam a 31/12/N e que a data de autorização
para a sua emissão é 15/02/N+1, diga como deve ser tratada esta redução
da cotação das ações da DELTA, SA nas DFs da GAMA, SA, tendo em
atenção a NCRF 24 – Acontecimentos após a data do Balanço.

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 51

Apuramento e contabilização do imposto sobre o 
rendimento

Apuramento e contabilização do imposto sobre o rendimento:


 Resultado contabilístico (RC):
– é o que resulta da aplicação das normas contabilísticas (SNC, NCRF)
 Resultado tributável (RT):
– é o que resulta da aplicação das normas fiscais (CIRC ou CIRS)
 Diferenças entre o RC e o RT:
– são apresentadas no Quadro 07 – Apuramento do Lucro Tributável, da
Declaração Modelo 22.

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 52

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Apuramento e contabilização do imposto sobre o 
rendimento

Apuramento e contabilização do imposto sobre o rendimento:


 Quadro 07 da Declaração Modelo 22:
– Parte do Resultado Líquido do Período (Resultado Contabilístico)
– (+) Variações patrimoniais positivas
– (‐) Variações patrimoniais negativas
– (+) Acresce gastos considerados no RC, não aceites fiscalmente
– (‐) Deduz rendimentos considerados no RC, não aceites fiscalmente
– (=) Resultado (lucro/prejuízo) Tributável

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 53

Estrutura da conta 241 – Imposto sobre o 
rendimento

Estrutura da conta 241 – Imposto sobre o Rendimento


– 24.1 Imposto sobre o rendimento
– 24.1.1 Pagamentos por conta A movimentar 
em N
– 24.1.2 Retenções efetuadas por terceiros
– 24.1.3 Imposto estimado
– 24.1.4 Imposto liquidado
– 24.1.5 Imposto apuramento
A movimentar 
– 24.1.6 Imposto a pagar em N+1
– 24.1.7 Imposto a recuperar

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 54

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Coleta de IRC, Derrama e Tributação autónoma

Imposto sobre o rendimento (IRC):


– Coleta de IRC
– (+) Derrama
– (+) Tributação autónoma
Coleta de IRC:
 Coleta de IRC =
– Matéria tributável (Lucro Tributável – Prejuízos fiscais anos anteriores)
x
– taxa de imposto (IRC)

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 55

Coleta de IRC, Derrama e Tributação autónoma

Derrama:
 Imposto municipal, cuja taxa varia entre 0% e 1,5% (varia de município para
município)
(+ derrama estadual de 3, 5 ou 9% ‐ por escalões ‐ para LT acima de 1,5 milhões €)
 Derrama = Lucro Tributável x taxa derrama
Tributações autónomas:
 Há gastos que são tributados autonomamente, podendo ou não ser
considerados como gastos fiscais
 As despesas confidenciais não são consideradas como custos fiscais e, para
além disso, têm uma Tributação Autónoma de 50%
 Despesas de representação, ajudas de custo, encargos com viaturas ligeiras
de passageiros, etc.

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 56

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Coleta de IRC, Derrama e Tributação autónoma

Imposto Estimado (IRC)


 Imposto estimado = Coleta IRC + Derrama + Tributação Autónoma
 Contabilização do imposto estimado:
– Débito 8121
– Crédito 24.1.3

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 57

Pagamentos por conta

Pagamentos por conta (PPC):

 Correspondem a pagamentos por conta do IRC do próprio exercício, pagos


em 3 prestações (julho, setembro e dezembro)

 Contabilização:
– Débito: 24.1.1
– Crédito: 12

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 58

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Pagamentos adicional e especial por conta

Pode ainda ser exigido:

Pagamento adicional por conta:


para as empresas sujeitas a derrama estadual

Pagamento especial por conta (PEC):


para as empresas cujos pagamentos por conta seja inferiores a certos limites

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 59

Retenções efetuadas por terceiros

Retenções efetuadas por terceiros:


 Correspondem a rendimentos pagos por terceiros sujeitos a retenção na
fonte (artº 94º do CIRC)
 Contabilização:
– Débito: 12 Pelo valor recebido
– Débito: 24.1.2 Pela retenção efetuada por terceiros
– Crédito: 7x.x Pelo rendimento obtido

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 60

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Imposto liquidado

Imposto liquidado:
 Até 31 de maio do ano seguinte a que se refere o Imposto, procede‐se à
entrega da Declaração Modelo 22, apurando‐se o imposto liquidado:
 Se Imposto Liquidado > Imposto Estimado:
– Débito 24.1.3 Pelo imposto estimado no exercício anterior
– Débito 68.8.5 Insuficiência da estimativa para impostos
– Crédito 24.1.4 Pelo imposto liquidado apurado em maio

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 61

Imposto liquidado

Imposto liquidado:
 Até 31 de Maio do ano seguinte a que se refere o Imposto, procede‐se à
entrega da Declaração Modelo 22, apurando‐se o imposto liquidado:
 Se Imposto Liquidado < Imposto Estimado:
– Débito 24.1.3 Pelo imposto estimado no exercício anterior
– Crédito 24.1.4 Pelo imposto liquidado apurado em maio
– Crédito 78.8.2 Excesso da estimativa para impostos
 Se Imposto Liquidado = Imposto Estimado:
– Débito 24.1.3 Pelo imposto estimado no exercício anterior
– Crédito 24.1.4 Pelo imposto liquidado apurado em maio

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 62

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Imposto apuramento

Imposto apuramento:
 Procede‐se de seguida ao apuramento do imposto (a pagar/a recuperar)
 Transferem‐se os saldos das contas:
– 24.1.1 Pagamentos por conta (Devedor)
– 24.1.2 Retenções efetuadas por terceiros (Devedor)
– 24.1.4 Imposto liquidado (Credor)
Para a conta 24.1.5 – Imposto apuramento

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 63

Imposto apuramento

Imposto apuramento:
 Se saldo da conta 24.1.5 – Imposto Liquidado for Credor, há imposto a pagar:
– Débito: 24.1.5 Imposto apuramento
– Crédito: 24.1.6 Imposto a pagar
 Se saldo da conta 24.1.5 – Imposto Liquidado for Devedor, há imposto a
recuperar:
– Débito: 24.1.7 Imposto a recuperar
– Crédito: 24.1.5 Imposto apuramento

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 64

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Apresentação nas demonstrações financeiras do 
imposto corrente

Imposto corrente:
 Os impostos correntes para períodos correntes e anteriores devem, na
medida em que não estejam pagos, ser reconhecidos como passivos. Se a
quantia já paga com respeito a períodos correntes e anteriores exceder a
quantia devida para esses períodos, o excesso deve ser reconhecido como
um ativo.
(NCRF 25‐ Impostos sobre o rendimento (§ 12))

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 65

Apresentação nas demonstrações financeiras do 
imposto corrente

Imposto corrente:
Reconhecido como ativo, se:
 O saldo da conta 241, for devedor, isto é, a soma dos pagamentos por conta,
dos pagamentos especiais por conta e das retenções efetuadas por terceiros
for superior ao imposto estimado;
Reconhecido como passivo, se:
 O saldo da conta 241, for credor, isto é, o imposto estimado é superior à
soma dos pagamentos por conta, dos pagamentos especiais por conta e das
retenções efetuadas por terceiros;

José Carreira e Manuel Andrino Ano letivo 2017/18 66

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