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Cadernos de Geogvafia,N.* Especial Actas do I Coléguio de Geograjia de Coimbra, 1996, pp. 49:55. COIMBRA: AS ARTERIAS URBANAS E AS ARVORES INTRODUCAO ‘Uma cidade, além de ser uma parcela integrada da pai- sagem, nfo deve constituir spenas um agregado de blocos de betiio armado separados por arruamentos asfaltados, sem quaisquer espagos verdes, nem Arvores ou arbustos has respectivas artérias. A quantidade de oxigénio neces- séria para uma vivéneia saudavel da espécie humana num Espago Urbano € correspondente a0 oxigénio produzido por uma superficie foliar de 150 m’. Feitos os ealeulos, verifica-se que cada individuo necessita, teoricamente, de 40 m? de Espago Verde num Ambiente Urbano. Desta rea, comesponderio, para cada habitante, 10 m* de espago localizado préximo da respectiva habitagiio, até tum raio de acessibilidade de 400 m, sendo os res- tantes 30 m*Vhabitante destinados ao Espaco Verde integrado na Estrutura Verde Principal do agregado popu- lacional Apesar de Coimbra possuir cinco razosiveis Espagos Verdes pablicos [Mata do Choupal, Parque Dr. Manuel Braga (Parque da Cidade), Parque de Santa Cruz (Jardim dda Sereia), Jardim Boténico ¢ Mata do Vale de Canas] ¢ dois belos parques particulates de significativas dimen- sbes [Parque da Quinta das Lagrimas (Quinta do Pombal) e Jardim da Lapa dos Estoios (Quinta das Canas)] ainda néo abrange a superficie verde/habitante necesséria Por isso, nilo s6 ¢ imperioso que se no percam em favor do betdo armado as belas e amplas dreas verdes de ambas as margens da albufeira resultante do agude-ponte, como também & necessétio colocar maior nimero de Jrvores nas artérias urbanas. Coimbra tem muito mais arlérias sem verdura nenhuma do que artérias arborizadas. Viscu € a cidade portuguesa que mais se aproxima do Espago Verde ideal num Ambiente Urbano; é também a cidade portuguesa com maior rea de artérias urbanas anborizadas. " Insctuto Botdnico. Universidade de Coimbra. Jorge Paiva® AS ARVORES DAS RUAS Coimbra tem cerca de sete dezenas de espécies de rvores nos artuamentos. Porém, destas, apenas cerca de uma diizia sio nativas de Portugal Arvores autéctones As espécies autéctones so 0 falso-platano (Acer pseudoplatanus L.) em escassas was (ex.: Av, Ferniio de Magalhites, R. Aires de Campos ¢ frondosos exemplares nna Av. Dr, Marnoco e Sousa), por vezes com a forma cultivar de folhas purpireas na pigina inferior (forma urpurewn) (ex.: Av. Joo das Regras); 0 medronheito (Arbutus unedo L.) de que existem vérios exemplares remanescentes da formagio floristica que cobria o alto de Santa Clara, podendo observar-se vérios exemplares como, por exemplo, préximo do miradoure do Vale do Inferno; 16da0 (Celtis autralis L.) com frondosos exem. Plares na rua de Tomar ¢ na calgada Martim de Freitas, por exemplo, onde os esquilos do Tardim Botinico vlo, 2s vezes, comer os frutos (ginjinha-de-tei), o que, por vezes, lhes causa a morte por atropelamento; 0 pilrteiro (Crataegus monogyna Jacq.) em algumas jardinetas das rotundas; 0 freixo (Fraxinus angustifolia Vahl), infelie- ‘mente muito pouco utilizado nas ruas de Coimbra (ex. Guarda Inglesa ¢ Av. Jofo das Regras), podendo, even- ‘walmente, encontrar-sc, particularmente nos parques Jardins, espécies exéticas de freixos, tais como Fraxinus excelsior L, (freixo-europeu) da Europa, Fraxinus ornus L, (freixo-florifero) da Asia Menor e Sul da Europa ¢ Fraxinus pennsylvanica Marsh (freixo-americano) da ‘América do Norte, sendo este mais cultivado nos parques ¢ jardins da cidade, embora 0 que esti no Jardim dos Patos, a0 lado do diospireiro, esteja praticamente na rua da Infantaria 23; 2 cevadilha (Nerium oleander L.), uma bonita planta de flores brancas ou rosadas, que € muito resistente & poluigo emanada pelos tubos de escape dos vefculos automéveis, pelo que devia haver muitos mais dos que, actualmente, existem na Av. Ferndo de Maga- Ihdes, embora existam noutras éreas da cidade, eomo, por ‘Actas do I Coléquio de Geografia de Coimbra exemplo, em vérias rotundas (ex. Solum; a tamargueira (Tamarix africana Poi), uma. planta muito bonita pela profusto de flores que produz mas, como & habitual com as nossas plantas aut6ctones, muito pouco cultivada como ‘ornamental no nosso pals e em Coimbra (ex: Bairro da Solum); 0 pinheiro-manso (Pines pinea L.), uma érvore com sementes comestiveis (pinhOes), pouco plantada na cidade (ex.: Bairro da Solum), tendo sido até derrubado, rio hil muitos anos, 0 eélebree frondoso pinheiro-manso dos Olivais, que estava para ser classficado como monu- mento biol6gico; 0 pinheiro-bravo (Pinus pinaster Aiton), particularmente nas zonas da cidade confinantes com os Pinhais dos arzedores (ex Tovim); 0 sobreiro (Quercus suber 1.) de que existem alguns exemplares remanescen- tes dos que havia nas propriedades rurais dos arredores c, sciualmente, integradas na cidade apés as respectivas urbanizagBes (Bairro Norton de Matos, por exemplo), asim como também acontece com o carvalho-cerquinho ov earvalho-portugués [Quercus broteroi (Cout.) Rivas Mart, & Sfenz de Rivas = Quercus faginea Lam, subsp. broteroi (Cout.) Camus] ainda com excelentes exemplares em Santa Clara, particularmente pr6ximo do miradouro do Vale do Inferno; a oliveta [Olea europaea L. vat. euro- paca, pois a var sylvestris (Mill) Lehr. 6 © zambyjiro] de que existem virios cxemplares remanescentes dos amigos olivais que rodeavam a cidade (ex: pr. da Tgreja dde Santo AntGnio dos Olivas e Baitro Norton de Matos); © ulmeiro (Ulmus minor Mil), infelizmente atacado por uma terrvel doenga (grafiose) provocada por um fungo {Ceratocystis ubni (Buism.) C. Moreau} e tansmitida por inveetos escoitideos como © pequeno escolitideo (Sco: ‘bres maltistriatas Marsh), 0 grande escolitideo (Seolytus scolytus Fabr. = Scolytus geoffroyi Goexe = Seolytus des- tractor Oliv.) € Seolyaus kirschii Skal. que os vai dizimar como, aids, j@ acontezeu na rua de Tomar e nos parques da cidade; 0 folhado (Viburnum tins L.), frequente- em. muita sebes e zonas ajardinadas da cidade (ex. em frente a Faculdade de Medicina); 0 azereito (Prunus lusitanica L), uma espécie to caracteristica das nossas florestas, ‘mas (fo raramente cultivada (ex: Praga da Repéblica, justo ao Teatro Gil Vicente), contrariamente a0 que facontece com a espécie balednico-caucasiana muito semelhante, 0 loureito-cerejo (Prunus laurocerasus L.); 08 salgueitos, paticularmente o salguciro-negro (Salix airo- cinerea Brot) 0 salguciro-branco (Salix salvfolia Bro.) de que existem vérios exemplares remanescentes. da Yegetagio ripfcola das margens do Mondego (ex: Santa Clara ¢ circular interna pr. rotunda de Coselhas ¢ rotunda {do Pade); a aroera (Pistacia lentiscus L.) de que exis- tem varios exemplares remanescentes da formaglo florts- tica que cobria o alto de Santa Clara, existindo ainda belos cexemplares como, por exemplo,pr6ximo do miradouro do 50 Vale do Inferno e, par vitimo, © choupo-branco (Populus alba L.), mais frequente nas zonas ajardinadas da cidade (ex: Bairro da Solum e Guarda Inglesa), assim como 0 choupo-negro (Populus nigra L.) (ex: Av. de Conim- briga) que, na realidade nio é autéctone na Peninsula Tbérica (origindrio da Europa Oriental e Asia Ocidental) nas, tendo sido intensamente cultivado desde a Antigui- dade, encontra-se de tal modo naturalizado que passa por ser autéctone na Pentnsula, Estas duas tiltimas espécies no sé se propagam vegetativamente com muita facili ade, como também formam hibridos entre elas © com cutras espécies de choupos intraduzidas (ex.: 0 ehoupo- -lombardo (Populus fastigiata Foug.)] ou autéctones (0 choupo-tremedor (Populus tremula L. das montanhas do Norte e pouco cultivado nas artérias urbanas)|. Hé muitos choupos espalhaios pela cidade. Choupos e plitanos si, talvez, as érvores mais comuns na cidade. Finalmente ¢ em destaque, o teixo (Taxus baccata L.), uma érvore extraordinariamente importante na quimiote rapia de eancros,j muito rara nas nossas montanhas, ¢ de aque existem escassos exemplares na cidade, particular mente da forma cultivar “fastigiata" (ex.: Av. Calouste Golbenkian). Ha cerca de 10 espécies de teixos, conside- radas por alguns autores como meras variedades de Taxus baccata L., distribuidas pela regio temperada do Hemis {rio Norte. Taxus mairei (Lemée & Lév.) Hu ex Liu € 0 nico teixo tropical (Sudeste Asiético). O teixo (Taxus baccata L.), sendo uma drvore muito antiga (0 de Fortin: gall, Reino Unido, tem 4000 anos), extremamente vene- nosa (produz uma misturaletal de alealides, a taxina), de crescimento extraordiariamente lento (0s adultos cres- com escassos centimetros por decénio) e utiizada pela espécie humana desde tempos remotos (madeira, arcos € flechas,jardins, igrejas e cemitérios), revelou-se, recente- mente, de valor inestimével. Da taxina isolou-se um pro- duto (taxol = paclitaxel), que € uma poderosa droga no tratamento de alguns tipos de canero (ex pulmio e ‘mama), alguns dos quais anteriormente refractirios & ‘quimioterapia (ex. eancro do ovério). Este composto & um inibidor de mitoses (divisio nuclear), por incrementar a polimerizagio da tubulina, com a consequente estabiliza io dos microtibulos. Assim, nfo hé proliferagio das células eancerosas por estas se no dividirem, com a con- sequente atrofia dos tumores e auséncia de metistases Infelizmente, um teixo centendrio fornece apenas 300 mg de taxol, endo necesséria a casca de 6 teixos centenstios para produzir taxol suficiente para tratar um doente. Por outro lado, ha cada vez. menos teixos, no s6 porque se derrubam € no se semeiam, como também porque se cagam os dispersores das respectivas. sementes [aves como, por exemplo, o pombo-toreaz. (Columba palumbus) que digetem 0 arlo (comestivel), mas nio a semente (xica e letal)]. Felizmente, em Fevereiro de 1994, foi anunciada a sintese laboratorial do taxol (taxotere), estando jé a ser produzido e comercializado pela indistria farmaceutica Arvores exéticas Nas artérias de Coimbra como, alids, acontece em todas as cidades de Portugal, predominam as frvores exé- ticas, Em Coimbra, a ornamentar as ruas, além de haver tum maior mimero de espécies de drvores exéticas em relagiio a0 de espécies autéctones (cerca de seis vezes superior) hi também um niimero muito mais elevado de exemplares de cada espécie exética do que das aut6ctones, que chegam a ter apenas um tnico exemplar. Um exemplo disso 6 0 caso, jd referido, do azereiro (Prunus lustanica L.) com um tinico exemplar na Praga da Repiiblica e do loureiro-cerejo (Prunus laurocerasus L.), comum em todos os parques e zonas ajardinadas da cidade. As drvores exéticas que identficdmos nas artérias de Coimbra slo origingrias de varias partes do mundo, algu- mas até de regioes tropicais como, por exemplo, 0 jaca- rand (Jacaranda mimosifolia D. Don) pois Coimbra tem ‘um clima relativamente ameno havendo, assim, possibili- dades de se cultivarem na cidade plantas oriundas de todos 0s Continentes. De qualquer modo, a maioria das frvores cultivadas nas ruas de Coimbra sio comuns nas antérias dos outros agregados populacionais do pats, no 186 por serem as espécies que sao habitualmente fornecidas pelos viveiristas portugueses, como também porque slo as plantas geralmente cultivadas nos viveiros camarétios, permutando, pot isso, a8 Autarguias entre si as mesmas espécies de érvores. Este “fensmeno” é, actualmente, constatavel pela grande quantidade de palmeiras que t&m sido plantadas ultimamente nas ruas das nossas cidades. ‘Mencionam-se, seguidamente, as drvores exdticas que temos identificado nas ruas de Coimbra, indicando-se os nnomes cientificos ¢ vulgares, assim como, sucintamente, a regitio de onde sio originérias ‘Acacia dealbata Link (mimosa) da Austrélia (incl ‘Tasménia) (ex.: Guarda Inglesa) [deste grupo de acéeias australianas, com folhas adultas pinadas, extremamente infestantes, encontram-se em Coimbra e arredores, raros exemplares de Acacia decurrens Willd. (ex.: Tovim), Acacia mearnsii De Wild. (ex.: S. Jodo do Campo) ¢ Aca cia baileyana F. Mucll. (ex.: Colégio S. Teot6nio)}; Aca cia melanoxylon R. Br. (austrlia) da Tasmania © Conti- nente Austraiano (ex.: Bairro da Solum) {deste grupo de acfcias australianas, com folhas adultas reduzidas a flé- dios, também infestantes, encontram-se em Coimbra arredores,raros exemplares de Acacia retinodes Schltdl (ex: Solum), Acacia pyenantha Benth. (ex.: Tovim), Aca- Coimbra: as artérias urbanas ¢ as érvores ia saligna (Labill) HL Wendl (ex. Fardim Botdnico)e, com 05 filédios transformados em espinhos, a Acacia verticillata (L"Hér.) Willd. (ex.: Wale de Canas); Acer negundo L. (bordo) da América do Norte ¢ Central (ex. R. Tomar); Aesculus hippocastanum L. (castanheito-de- -India) da Europa Oriental com flores esbranquigadas (ex Ay. Dr. Marnoco Sousa) e, mais raramente, 0 hibrido Acseulus x carmea Hayne (Aesculus hippocastamumn L. x Aesculus pavia L.) (ex:: R. Lourengo de Almeida Aze- vedo) com Mores rosadas; Ailanthus alvssima (Mill) ‘Swingle (ilanto; évore-do-céu) do Norte da China, uma terrivel infestante (ex.: Largo D. Dinis, Pscadas Monu- ‘mentais e Guarda Inglesa) que no 86 nfo devia ser cu vada nas artérias urbanas e ruras, como até se deviam eliminar todas as que ainda se encontram nas ruas de Coimbra; Albiia julibrissin Durazz (acicia-de-Constenti- nopla) da Asia, una érvore muito bonita e pouco cultivada nas runs de Coimbra (ex. R, Filipe Simbes); Araucaria bidwillt Hook. f. (araucétia) do Nordeste da Australia, ‘com um frondoso exemplar na rua da Infantaria 23, junto 08 Arcos do Jardim; Araucaria heterophyila (Salisb.) Franco, outraauracéria austaliana mas da iha Norfolk e a ais frequentementecullivada no nosso pats (ex. AV. Si dda Bandeirae algumas rotundas), embora nos pargues de Coimbra se encontrem outras espécies de arauecrias nto sé austraianas, como também as duasoriginias ca Amé- fica do Sul [o pinheiro-do-Parand: Araucaria angustifolia GBertol) Kunze € 0 pinheiro-do-Chile: Araicaria araw ‘cana (Molina) K. Koch}; Betula pend Roth (vidociro) da Asia Menor ¢ Europa (ex.: Av. Calouste Gulbenkian € Guarda Inglesa); Catalpa bignonioides Walter (catalpa) dos Estados Unidos da América (ex.: Av. Cénego Urbano Duarte); Cedrus alanica (Endl,) Carr. (eedro-do-Aas) das montanhas do Atlas (Norte de Africa), que, recent ‘mente, muitos autores consideram como uma subespécie do cedto-do-Kbano: Cedrus libani A. Rich. subsp. allan tica (Endl) Batt. & Trab., mais frequente nos parques, ‘mas com um ou outro exemplar nas jardinetas da Solum: Cedrus deodara (D. Don) G. Don (cedo-do-Himalaia) da parte ocidental do Himalai, mais cultivado que o anterior (ex: Praceta Dr. Mota Pinto); Cercis siiquastrum L. {olaia, sendo mais conhecida nos outros paises como ‘Sevore-do-amor ou fvore-de-Tudas) da Regio Medierra- nica Oriental, uma devore fequentemente cultivads nas autérias urbanas pela beleza, aroma e profusdo de flores aque prod antes da folheagio, mas que é uma srvore com © inconveniente de ter a ramagem quebradiga (ex: R Alexandce Hereulano); Citrus aurantium L, (larajeira -azeda), muito provavelmente um bibrido entre 0 cidrto (Citrus medida L.) ¢ uma outra espécie de Citrus L., com alguns exemplares na avonida Femio de Magalhaes Cupressus lusitanica Mill. (eedro-do-Bugaco ou codro-de- SI Actas do I Coldquio de Geografia de Coimbra -Goa) da América Central (deste 0 México &s Honduras), mais comum nos parques, com um exemplar ou outro nas ruas, como acontece junto ao Penedo da Meditagio; Cupressus sempervirens L. (cipreste) originétio do Pré- imo e Médio Oriente, Creta e Rodes, mais comum nos sarrvamentos dos cemitérios (ex: Av. Joao das Regras); Gyeas revoluta ‘Thunb. (cieas) do Sul do Japio, com a particularidade de todos os exemplares das ruas de Coim- bra (ex: Av. S4 da Bandelra) serem femininos (maseuli- ros, em Coimbra, apenas conhecemos no Jardim Bot rico); Diospyros lotus L. (diospireiro) das regises tempe- radas da Asia (ex: Ro da infantaria 23); Eucalypms camaldulensis Dehnh. (eucalipto) da Austrélia, com um frondoso exemplar na avenida Jodo das Regras Eucalyptus globulus Labill. (eucalipto) da Australia © ‘Tasmania (flor nacional desta ilha), muito comum em Coimbra e arredores, havendo, ainda, nos parques ¢ jar- dins da cidade cerca de quatro dezenas de espécies de euealiptos, das quais destacamos 0 Eucalyptus citriodora Hook. (ex: Jardim Boténico ¢ Escola Avelat Brotero) por {er um aroma a limonete, diferente do dos outros eucalip- tos, 0 Eucalyptus fcifolia E. Mill., por ter flores verme- Ias (ex.: pr. Penedo da Meditagao) e 0 Eucalyptus diver- sicolor F. Mill, por ser desta espécie a érvore mais alta (68 m) de Portugal (Mata de Vale de Canas); Ginkgo biloba L. (ginkgo) originéria da China, mas muito culti- vada nos jardins e parques de todo 0 mundo, ndo s6 por ser uma drvore “sagrada” © comum junto dos templos budistas, como também por ser considerada pelos botini- os como um féssil vivo, sendo, porém, pouco cultivada nas ariérias urbanas ocidentais (ex.: R. Carolina Michaélis) pelo odor rangoso das sementes, apenas comestiveis pelos povos asisticos; Grevillea robusta A. M. Cunn. ex R. Br. (carvalho-sedoso) do Oriente da Aus- trélia, pouco frequente nas ruas de Coimbra (ex: Santa ‘Clara e R. Guerra Junqueiro), talvez por ser wma frvore de ramagem quebradiga; Hibiscus syriacus L. (rosa-da-Sitia) origindrio da Asia Oriental mas profusamente cultivado desde tempos imemoriais, sendo pouco vulgar nas ruas de Coimbra (ex: R. Vendncio Rodrigues e R. Carolina Michaalis); Jacaranda mimosifolia D. Don (acaranda) da Argentina ¢ Bolivia, uma drvore vistosa na antese (ex.: R. Lourenco de Almeida Azevedo), é geralmente confundido ‘com o Jacaranda acutifolia Kunth do Perd, que excepcio- nalmente € cultivado; Lagerstroemia indica L. (drvore-le- -lipiter) da China, Himalaia, Indochina e Japa, floresce no Verio, altura em que rarissimas érvores estdo em flor cem Portugal, alegrando bastante a urbe (ex.: R. Castro Maloso); Ligustrum japonicum Thunb. e Ligustrum luci- dum Ait. £, igustros ou alfenheiros) sio duas espécies asiitcas, muitas veres confundidas, cultivadas em jardins € parques, partcularmente para formar sebes e s6 exce- 52 cionalmente nas ruas (€x.: Bairro Norton de Matos); Liquidambar styraciflua L. (liquidimbar) dos Estados Unidos da América, érvore muito apreciada pelas tonali- dades avermelhadas das folhas no Outono, sendo, por isso, comum nas artérias urbanas, tal como acontece tam- ‘bém em Coimbra (ex.: R. Oliveira Matos, Circular Interna © Av, Femio de Magalhiies); Liriodendron tulipifera L. (tulipeiro-da- Virginia) nativa da América do Nort, érvore cultivada em quase todos os parques de Coimbra, talvez porque, antigamente, se considerava a respectiva floragao como © momento de se iniciar o estudo para os exames (pontos) da época de Junho-Fulho, sendo, por isso, conte cida por “érvore-do-ponto”, existindo até uma arvore destas no largo confinante com a rua José Faleio e a rua Dr. Guilherme de Oliveira, junto a Porta de Minerva (Deusa da Citneia), outrora a via de entrada dos estudan- tes para o patio da Universidade; Magnolia grandiflora L. (magndlia-de-flor-branca) nativa do Sudeste dos Estados Unidos da América, uma bela drvore de folhagem persis- tente mas raramente utilizada como ornamental nas arté- rias urbanas (ex.: Av. S& da Bandeira, prOximo da Praga da Repiiblica), assim como a Magnolia x soulangiana Soul-Bod. (magnolia-de-flor-violicea), um _hibrido (Magnolia denudata Dest. x Magnolia liliflora Dest.) de folhas caducas (ex.: Bairro da Solum); Melia azedarach L. (falso-sieémoro) nativa da India e China, muito comum nas ruas de Coimbra (ex.: R. Gomes Freire ¢ Av. Elisio de Moura), talver por ter flores muito odorificas; Phoenix ‘canarensis Hort. ex Chabaud (palmeira-das-Candrias) foriunda do Arquipélago das Canérias, muito comum nas artérias urbanas portuguesas (ex.: Av. S4 da Bandeira) ¢ muito semelhante & tamareira (Phoenix dacylifera L.) que, estranhamente, ngo ¢ utiizada em Portugal como drvore ‘ornamental urbana; Platanus x hispanica Mill. ex Miinchh (plétano) um hibrido entre 0 plétano ameticano (Piatanus occidentalis L.) € © plétano europeu (Platanus orientalis 1.) ¢, talvez, a drvore mais utilizada em Portugal no s6 a ladear artérias urbanas ¢ rurais, como também para orna- rmentar pargues e jardins (na Quinta das Lagrimas (Quinta do pombal) esté talvez 0 exemplar de maior porte em Coimbra] ¢ ainda como suporte nas vinhas de enforcado rminhotas ¢ transmontanas, sendo também das frvores mais fustigadas pelas dristicas podas com que frequente mente as mattirizam; Prunus cerasifera Eh. var. pia dit (Carr) Koehne (ameixoeira-de-jardim), uma cultivar bastante utilizada como ornamental por ter folhas purpd: reas (ex.: R. Augusta ¢ R. Antero de Quental), aparecendo nos jardins (ex. Jardim Botanico) uma forma de flores dobradas (Prunus x blireana André), que & um hibrido cenire esta variedade © a cerejeira-do-Japao (Prunus mume Siebold & Zucc.); Quercus rubra L. (carvalho-americano) dda regifo oriental da América do Nort, cultivado como omamental (ex: R. Carlos Seixas e Alameda Dr. ‘Aemando Gongalves) pelos tons avermelhados das fthas 10 Outono; Robinia pseudoacacia L. (acéciabastarda) da repifo central e oriental dos Estados Unidos da América, tuma drvore muito utlizada nas ruas de Coimbra, pela quantidade e beleza das flores branco-nacaradas (eX. Av. D. Afonso Henriques); Robinia viseosa Vent. (acai -pegajosa) do Sudeste dos Estados Unidos da Amétca, ‘nit menos cultivada que a anterior por tr a ramagem viseosa (ex: Av. D. Afonso Henriques) Salix babylonica LL. (salgueiro-chorio) da China ¢ Mancha, & mais comummentecultivado em jardins e pargues da que como frvore omamental de artrias urbanas (ex: R. Carlos Sei- xas ¢ Praga 25 de Abril: Schinus molle L. (pimentira ~bastarda ou falsa-pimenteira) da América do Sul, encon- tra-se muito poucas vezes nas russ (ex: Av. Jodo das Regras); Schinus terebinthifolius Rada (pimenteira-do- Brasil) da América do Sul, também com rarissimos exemplares nas artérias urbanas (ex. Calgada Martim de Freitas, junio a0 ultimo areo dos Arcos do Jardim) Sophora japonica L. (acécia-do-Japio) da China ¢ Cori, frvore bastante frequente nas ruas de mites eidades (ex: Madi, mas raa nas ruas de Coimbra (ex: R. Lourengo de Almeida Azevedo): Tilia cordata Mill. (Win-de-olhas -pequenas) de origem europea (ex: Av. D. Afonso Henri ues), assim como outras espésies de tes, tis como Tilia platyphyllos Scop. subsp. platyphyllos (iiaede- -fothas-grandes) da Asia Ocidental e Europa (Cento © Sul) (ex: Praga da Repiiblic), a Tilia tomentosa Moench (iia-prateada) origindvia do Oriente da Europa, talvez a espécie de tila mais frequente nas arérias coimbris (ex R, Pinheiro Chagas, Av. Eiidio Navarro (pargue de esta. cionamento, entre @ Portagem e a Estagio Nova)] © 0 hibrido Tila x vulgaris Hayne (Tilia cordata Mil. x Tila platyphyilos Scop.) (ilin-europeia) (ex: Alameda. Dr Julio Henriques) sBo relativamente comuns nos arua- mentos de Coimbra acontecendo, por vezes estar mais do que uma espécie de tlias na mesma rua (ex. R. Pinheiro Chagas ¢ Alameda Dr. Silio Henriques): Tipuana tpn Benth.) Kuatze (jacarandé-amarcio) da. Amica do Sul olivia, Brasil e Argentina) ¢ uma drvore de crescimento ripido e de grande porte como of da run Lourengo de Almeida Azevedo; Trachycarpus fortune’ (Hook.) H. A. Wendl, (palmeira-da-China) da Birmania e da China, uma palmeira de pequenas dimenstes, muito resstente 8s gea- das, mais cultivada nos parques ¢ jardins do que nas art vias urbanas (ex Praceta Dr. Mota Pinto). Por vezes, nas jardinetas, confinantes com algumas ras, eneontram-se esporidicos exemplares de arbusios ¢ frvoresresinosase de folhagem densa e persistent, mais vulgarmente culivados nos parques e jardins da cidade, tsis como Abies alba Mill. (abeto-branco) das montanhas Coimbra: as artérias wrbanas e ae érvores ceuropeias; Picea abies (L.) Karst. (espruce-curopeu) do Norte e Centro da Europa; Platycladus orientalis (L. £) Franco (wia-da-China) originéria da Coreia do Norte © China © Chamaceyparis lavsoniana (Murray) Pat. (Cedro-branco) do Norte da América. [Nas rotundas ajardinadas encontram-se plantas arbus- tivas ou subarbustvas mais utlizadas para sebes, tal como diferentes espécies © hibridos dos géneros Cotoneaster Medik. © Elaeagnus L, tal como se pode ver na rotunda do Padrao, Como jt se referiu, Coimbra estd rodeada de pinhais (Pinus pinaster Aiton), eucaliptais (Eucalyptus glabulus Labill), acacia partcularmente de mimosas (Acacia dealbata Link ),olivais (Olea europaea L. vat. europaea) « reliquias dos carvalhais (Quercus broteroi (Cout) = Quercus faginea Lam. subsp. broteroi (Cout.) Carus} que cobriam os montes calcétios da regio. No é, pois, de audmirar verem-se, muitas vezes, nas orlas de algumas atéras, arbustos| © subarbustos caracteristcos dessas formagies floisticas, como, por exeiplo, varias espécies de giestas (Cyrisus Desf), tojos (Ulex L.) urees (Erica L.) © sargagos (Cistus L.), como acontece, por exemplo, em Santa Clara, Tovim, Santo Anténio dos Olivas, 8. Romilo e Alto de 8. Joso, PODAS B INFECGOES Em Portugal hé o péssimo costume de podar as frvores das artérias urbanas, 0 que constitui como que um “vicio, autérquico”, que designamos por “podite”’.. lids, 0 que fazem, no geral, ndo é podar; €, sim, derrotar ou derrubar as drvores. A maioria das pessoas que podam ni sabem 0 ‘que é podar © quase todos os mandantes dessas podas niio 6 no fazem a minima ideia do que € podar, como tam- bem no sabem quais so as utilidades de uma érvore, Julgam que as Srvores sto, tinica e exclusivamente, “objectos” de ornamento dos parques, jardins e artrias. ‘Uma érvore é no s6 uma extraordinaria fabrica de oxigé- rio (02), gas fundamental para a nossa respiragio, como também é uma grande fabrica de matéria orgnica e viva (biomassa), que serve de alimento a muitos seres vivos (inclusivamente para a nossa espécie como, por exemplo, os frutos), alguns dos quais nos servem também de ali- ‘mento; um extraordindrio manancial de combustivel lenha, éleos € resinas); uma enorme fonte de produtos ‘medicinais e outras substincias dieis (ex.: ceras, borra- cchas, gomas); e, ainda é, também, uma incomensurével despoluidora do Ambiente, pelo gis earbénico (CO2) que cconsome na fotossfntese, através da qual produz oxigénio © matéria orginica, Podem argumentar que também as ervas ¢ outras plantas sio produtoras de oxigénio e de 53 ‘Actas do I Coldquio de Geografa de Coimbra biomassa ¢ também despoluom. Porém, nfo se queira compara, por exemplo, 0 volume de oxigénio e a quant dade de biomassa que as ervas produzem ¢ o volume de aidrido carbénico que consomem, com os de uma sequéia (120 m de altura e 2000 toncladas de biomassa). ‘Além disso, muitas ervas si0 anusis sendo, por iso, pro

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