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e ‘Um modelo extemamentesugestiv de xposigdopolifonica & recipe eo, plana paraquat volumes, dos textos ctnogréficosesertos, rovocados etranscrtosente 1896 1914 por James Walker na Reserva Sioux de Pine Ridge. Tits tos ‘ apareceram, editados por Raymond J. DeMaillee Elaine Sahnor: Lata bei and tual (19823), Lakota society (19820) f Lakota myth (1983). Exes absorvenes volumes na verdade fedescorm a homogensidade textual da elssia monogratia de Walker, de 1917, The sur cance, uma suma ds dclaragses individuals publiadas uma trdugio. Estas declaapies fits por mais de trnta pessoas assim chamadas de “autridades ‘omplementam ¢tramicendom asitese de Walker. Um longo ttecho de Lakota belie and ritual oi esi por Thomas yon, inerprste de Waker, O quarto volume da colegio seré uma teaugto do exritos de George Sword, um gucreto juz gla ‘encorajado por Walker a registrar einterpretaro mao de vida nlicionl. Ox pinitos dos volumes presenta os textos no publicados dos sbi nko as pris deserigdes de Walker fm formato entico, A etnografia aparece como un prcessode ‘ro coletiva. E estonia nota que a dciso da Sociedade Histrica do Colorado de publica estes textos fot estimuta plas soictages cresentes da comunidade oglala em Pine ‘Ridge por epi do material de Walker para ui-las em aud bistri oglaa (Sobre Walker, ver Clifford, 1986:15-17. aca um survey muito dil completo das recenes etnografias texperimentais, ver Marcus e Cushman, 1982; ver também ‘Webster, 1982; Fahim, 1982; €Clilord e Mares, 1986 SOBRE A ALEGORIA ETNOGRAFICA, 1. Uma histra na qual pessoas, cosas @ eventos try ‘xno signa, comm naa fab ox nara abl 25 alegois so uss para ensinar od explcn 2. Aapresemago do ides por moo das sas. Num ensaio sobre narativa, Victor Turner argumenta que as performances socais encenam historias poderosas ~ micas © também de senso comun — que proporcionam a proceste social uma retérca, “una forma de enredoe um significado” (1980-153) Noque se segue, tratoaprdpria enogratia como unsaperformance com enredoesteuturado através de histrias podeross, Encarmadas em relatos escritos, tas histérias simultaneamente descrevern acontecimentos cultura reais e fzem aflemagies adicionais, montis, ideolégicas.e mesmo cosmoligieas, Aeseritaetnogratia € alegérica tanto no nivel de seu contetido (o que ela diz sobre as culturas suas histris) quanto no de sua Forma (as implicagies de seu modo de textualizaio), Um exemplo aparentemente simples inroduziré minha, abordagem, Marjorie Shostak comega seu livro Nisa: the life and ‘words of @ kung woman com a histéria de um nascimento 20 ‘modo tkung ~ com a mulher fora da aldea, szinha. Aqui esto alguns trechos Deite:me al esentas does vindo, outa ver. Eto sett lzomothado, once donascimento, Pease: "Epa, avez isso soja a ring. Levanteb-me, peguei um coberior © oli Tashay com el; ele anda extava dormindo. Eno Peeuel outro cobertor © minka pele de anton e fut fmbora. Eu no estava sovinha? A nica outra mulher resente era a6 de Tashay, ela estava domino em fun ean, Assim como estva, pat. Ande um pouco para fora d aldsia € me sent 0 lado de uma dvore Depois que ela nasce, sen ali alo sabia 0 que ze. [No tnha iia, LA estava ela, movendo seus bragos, tenlando chupar os préprios dedos. Comegou a chorar Sente ali olhandoparyel, Pensa “E esse omeubebé? ‘Quem pariv esis exianga?”. Entorpense: “Uma coisa grande Jesse jeto? Como 6 possvel que ss tena saido {dos meus genta?” Sent ale olbava paracla,olhavae cothavaeolhava,(1981:1-3) A histria tem forte impacto, A vorde Nisa Ginconfunavel, _acxperigncia,nitidamentereconsttua: "Liestavaela, movendo seus bragos, tentando chupar os préprios dedos”. Mas, como leitores,fazemos mais do que registrar um acontecimento singular (0 desdobramento da histria requer de nés, primeiro, imaginar uma norma cultural diferente (0 naseimento tkung, soitrio, no mato), © depois, que reconhegamos uma experiencia humana ‘comum (0 disereto herofsmo que envolve um naseimento, os sentimentos de divida eincerteza apés o puto). histéria de um evento ocorrido em algum lugar no deserto do Kalahari nfo pode continua mais sendo apenas iss, Elaimplica significados culturais Tocais numa histria gral de nascimento, Uma diferengaé postulada « transcendida. Mais do que isso a histéria de Nisa nos conta (© ‘como paderia no fazt-lo?) algo sico sobre a experiénein da ‘mulher. A vida de um individvo tkung, que nos conta Shostak, incvitavelmente se toma uma alegoria da humanidade (feminina), ‘Arguinento a seguir que estas espécies de significados transcendentes no slo abstragSes ou interpretagdes “acrescen- tadas”ao"simples”relato original. Antes, consttuemas condigGes ‘de sua significago, Os textos etnogrfios so inescapavelmente alegéricos, e uma aceitago séria desse fato modifica as formas ‘com que eles podem ser escritos¢ lidos. Fazendo uso do expe- mento de Shostak como um estudo de caso, nai uma tendncin recente em distinguir 0s nives alegéricos como "vozes" espe ficas dentro do texto. Angumento, finalmente, que a atividade mesma da escrita etnogrfica ~ vista como inscrigio ou textua- lizagio —encena uma alegora ocidenal edentora. Essa estratura difusa precisa ser percebida e avaliada em contraste com outros ‘enredos para a performance etnogritica, ‘A clesrigo eri sempre descortina ato cenit, por assim sees, “por 0s ds cosas dese mundo que ea pretend decree A alegoria (do grego alos, “outro”, ¢ agoreuein,“falac”) normalmente denota uma pritica na qual uma fiegio narrativa ‘continuamente se refece a outro padtio de idgias ou eventos. Eka & ‘uma representagio que “interpreta” a si mesma, Estou usando 0 termoalegoria no sentido amplo reivindicado para elaem rcentes liscussdes critica, notadamenteaquelas de Angus Fletcher (1964) «Paul De Man (1979). Qualquerhistria tem uma propensio geraroutra histéria na mente do seu letor (08 ouvinte), a repetire deslocar alguma histria anterior. Fcalizar preferencialmente& alegoria etnogrifica, em vezde, digamos,aideologia"etnogrifica ~ ainda que as dimensées politicas estejam sempre presentes (Jameson, 1981) ~ chama a atengio para aspectos da descrigio cultural ue tm sido até recentemente minimizados. Um reconhe- cimento da alegoria enfatiza 0 fato de que retratos realistas, na ‘medida em que sio “convincentes” ou “rieos", slo metiforas extensas, padrdes de associagdes que apontam para significados, aulcionais coerentes (em termos te6ricas, esétcos e moras). A) alegoria (dé maneira mais forte que a “interpetagio") destaca a 65 natureza pottic, tradicional e cosmosgica de tas processos de ‘A alegoria concede especial atengio ao carter narrative das representagies culturas, As hist6rias embutidas no prépio processo de representaco. Ela também rompe com o aspecto de Continuidade da deserigdo cultural, arescentando um aspecto temporal ao pracesso de leitura, Um nivel de significado em um texto vai sempre gerat outeos nveis. Dessa forma, a tetrica da presenca, que prevaleceu em boa parte da literatura pos-romantica {cemuito da “antropologia simbslica”)

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