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Unidade 5

Instalações prediais de esgotos sanitários

1. INTRODUÇÃO

Um bom sistema de esgotos sanitários de uma residência, prédio ou logradouro público, é


aquele que diante do qual não se percebe a sua existência. Ou seja, promove o
afastamento rápido das águas servidas, não produz odores, ruídos ou contaminação, nem
atrapalha o ambiente. É duradouro, de fácil manutenção e deve ser construído com o
menor custo possível.
É composto de tubulações, equipamentos e acessórios, projetados segundo normas e
procedimentos padronizados, objetivando atender a cada caso específico, utilizando
materiais disponíveis no mercado.
As normas brasileiras que tratam do assunto são:
NBR 8160 – Instalação Predial de Esgoto Sanitário – Procedimento – Set/1983.
NBR 5580 – Tubos de aço carbono, aptos para rosca.
NBR 6414 – para usos comuns na condução de fluídos – Especificações.
NBR 5645 – Tubos cerâmicos para canalizações – Especificação
NBR 5688 – Tubos e conexões de PVC rígido para esgoto predial e ventilação –
Especificação.
NBR 6943 – Conexão de ferro maleável para tubulações – Classe 10 – Padronização.
NBR 7229 – Construção e instalação de fossas sépticas e disposição dos efluentes finais
– Procedimento.
NBR 7362 – Tubos de PVC rígido de seção circular, coletores de esgotos –
Especificação.
NBR 8161 – Tubos e conexões de ferro fundido para esgoto e ventilação – Padronização.

2. FINALIDADE E OBJETIVOS

A instalação predial de esgotos sanitários destina-se a coletar e afastar da edificação


todos os despejos provenientes do uso da água para fins higiênicos, encaminhando-os a
um destino indicado pelo poder público competente, que pode ser:
a) em rede pública de coleta de esgotos sanitários;
b) em sistema particular, quando não houver rede pública de esgotos sanitários.

Segundo a NBR 8160/83, as instalações prediais de esgotos sanitários devem ser


projetadas e executadas de modo a:
- Permitir rápido escoamento dos esgotos sanitários e fáceis desobstruções;
- Vedar a passagem de gases e animais das tubulações para o interior das
edificações;
- Não permitir vazamentos, escapamentos de gases e formação de depósitos no
interior das tubulações;
- Impedir a poluição da água potável.

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Figura 1 – Esgoto primário, esgoto secundário e desconector (Fonte:Tigre).

3. CLASSIFICAÇÃO DOS ESGOTOS SANITÁRIOS

Os esgotos sanitários prediais classificam-se em primários e secundários. São chamados


primários os esgotos aos quais têm acesso os gases provenientes da rede pública. São
secundários os esgotos aos quais não têm acesso aqueles gases. O acesso dos gases da
rede pública aos esgotos secundários, é impedido através de desconectores. A figura 1,
apresenta a planta de um banheiro, onde é ilustrada a distinção entre esgoto primário e
secundário. Naquela figura, a caixa sinfonada é o desconector coletivo.

4. PARTES CONSTITUINTES DE UMA INSTALAÇÃO DE ESGOTOS SANITÁRIOS

a – Canalizações para coleta e afastamento das águas servidas.


b – Desconectores
c – Canalizações para ventilação
d – Órgãos especiais.

4.1. CANALIZAÇÕES PARA A COLETA E O AFASTAMENTO DAS ÁGUAS SERVIDAS

A rede para coleta e afastamento das águas servidas é constituída por: Ramais de
descarga e de esgoto, tubos de queda, subcoletores e coletor predial (Figura 2). Existem
também caixas de inspeção ou de passagem e peças de inspeção.
É dimensionada em função das descargas dos aparelhos sanitários a que servem, cuja
descarga é definida em função do número de unidades de descargas, ou UNIDADE
HUNTER DE CONTRIBUIÇÃO (UHC). Uma UHC corresponde uma descarga de 28 l/min,
ou a descarga de um lavatório de residência.

Figura 2. Ramais de descarga, ramal de esgoto, tubo de queda e coluna de


ventilação.

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Ramal de descarga: Canalização diretamente ligada ao aparelho sanitário, do qual
recebe os efluentes. Deve Ter seu diâmetro mínimo fixado de acordo com a Tabela 1.
É exigido o diâmetro mínimo de 100mm (4”) para as canalizações que recebem despejos
de bacias sanitárias.
Ramal de esgoto: Canalização que recebe os efluentes de ramais de descarga. É
dimensionado somando-se as unidades de descarga de todos os aparelhos servidos pelo
ramal e respeitando-se os diâmetros nominais mínimos fixados na Tabela 2.
Tubo de queda: Canalização vertical que recebe efluentes de ramais de descarga, de
esgoto ou subcoletores. Deve ter diâmetro uniforme e sempre que possível instalado no
mesmo alinhamento. A descarga para dimensionamento é obtida somando-se as
unidades de descarga por pavimento e em todo tubo. O diâmetro deve ser fixado
respeitando-se os diâmetros nominais mínimos fixados na Tabela 3.
O diâmetro do tubo de queda deve ser maior ou igual ao de qualquer ramal de esgoto
servido por ele.
Subcoletor: Canalização, normalmente horizontal, que recebe efluentes de um ou mais
tubo de queda, ou ramal de esgoto.
Coletor predial: É o trecho de canalização horizontal compreendido entre a última
inserção de subcoletor, ramal de esgoto, de descarga ou tubo de queda, e a rede pública
ou local de lançamento dos despejos.
O coletor predial e o subcoletor devem ser dimensionados de acordo com a Tabela 4.
Devem ser instalados com declividades uniformes, respeitados os valores mínimos
fixados naquela tabela.
Para o cômputo do número de UNIDADES HUNTER DE CONTRIBUIÇÃO, no caso
dos coletores prediais e subcoletores, nos banheiros de prédios residenciais deve ser
considerado apenas o aparelho de maior descarga. Nos demais casos, devem ser
considerados todos os aparelhos.
O coletor predial deve ter diâmetro nominal mínimo de 100mm.
As tubulações horizontais com diâmetros nominais menores ou iguais a 75mm,
devem ser instaladas com declividade mínima de 2%. As com diâmetros maiores ou
iguais a 100mm devem ter declividade mínima de 1%, com exceção dos coletores e
subcoletores que devem obedecer os valores fixados na Tabela 4.

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TABELA 1 - UNIDADES HUNTER DE CONTRIBUIÇÃO DOS APARELHOS
SANITÁRIOS E DIÂMETRO NOMINAL MÍNIMO DOS RAMAIS DE DESCARGA.
DIÂMETRO
NÚMERO DE NOMINAL MÍNIMO
APARELHO SANITÁRIO UNIDADES DE DO RAMAL DE
DESCARGA DESCARGA (mm)
(DN)
Banheira de residência 2 40
Bebedouro 0,5 40
Bidê 1 40
Chuveiro de residência 2 40
Chuveiro coletivo 4 40
Lavatório de residência 1 40
Lavatório de uso geral 2 40
Mictório com válvula de descarga 6 75
Mictório com cx. de descarga 5 50
Mictório com descarga automática 2 40
Mictório de calha *2 50
Pia de residência 3 50
Pia de cozinha industrial – preparação 3 50
Pia de cozinha industrial – lavagem de
4 50
panelas
Máquina de lavar pratos 2 ** 50
Máquina de lavar roupa 3 ** 50
Bacia sanitária 6 100
Tanque de lavar roupas 3 40
* Por metro de calha – considerar como ramal de esgoto (Tabela 5)
** Considerar também as recomendações dos fabricantes

TABELA 2 - DIMENSIONAMENTO DOS RAMAIS DE ESGOTO.


Número de unidades HUNTER de Diâmetro nominal (mm)
contribuição (DN)
3 40
6 50
20 75
160 100

TABELA 3 - DIMENSIONAMENTO DOS TUBOS DE QUEDA.


Número máximo de unidades HUNTER de
Diâmetro nominal do tubo (mm) contribuição
(DN) Prédio de até três Prédio com mais de
pavimentos três pavimentos
40 4 8
50 10 24
75 30 70
100 240 500
150 960 1900
200 2200 3600
250 3800 5600
300 6000 8400

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TABELA 4 - DIMENSIONAMENTO DOS SUBCOLETORES E COLETOR PREDIAL.
Número máximo de unidades de HUNTER
de contribuição em função das
Diâmetro nominal do tubo (DN)
declividades mínimas (%)
0,5 1 2 4
100 180 216 250
150 700 840 1000
200 1400 1600 1920 2300
250 2500 2900 3500 4200
300 3900 4600 5600 6700
400 7000 8300 10000 12000

4.2. Desconectores

Desconector é todo sifão sanitário ligado a uma canalização primária. Sifão sanitário é um
dispositivo hidráulico destinado a vedar a passagem de gases e animais, do interior das
canalizações de esgoto para o interior dos edifícios.

4.2.1. Sifões

Todo aparelho sanitário deve ser isolado de canalização primárias através de sifão
sanitário. Utiliza-se sifão sanitário individual em mictórios, bacias sanitárias, pias de
cozinha, pias de despejo e tanques de lavar.
A figura 3 mostra alguns tipos de sifões para bidês, lavatórios e pias de cozinha. As
figuras 4 e 5 mostram sifões utilizados em vasos sanitários e a figura 6 mostra o sifão de
mictórios. Os vasos sanitários e mictórios, são autosifonados.

Figura 3. Sifões sanitários para bidê, lavatório e pia de cozinha.

Os sifões podem ser feitos de chumbo, ferro fundido, bronze, plástico, cobre, latão,
cimento amianto ou cerâmica vidrada.
A NBR 8160 estabelece que os sifões devem:
a - Ter fecho hídrico independente de partes móveis e de divisões internas, com altura
mínima de 50mm.
b - Ter secção de vazão igual ou superior à do respectivo ramal de esgoto ou de
descarga.
c - Ter bujão de limpeza amplo, e de metal não ferroso, conforme indicado na figura 6.

Figura 4. Sifões de vaso sanitário. (Fonte: Belinazo 1986).


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Comumente liga-se os ramais de descarga de lavatórios, banheiras, bidês e ralos (de
boxes de chuveiros, ou de coleta de águas de pisos) a caixas sifonadas.

Figura 5. Sifão de Mictório.

4.2.2. Caixas sifonadas

Além da função de desconector, as caixas sinfonadas tem a função de unir o esgoto


secundário proveniente dos ramais de descarga de lavatórios, banheiras, bidês e ralos de
uma mesma peça de utilização, lançando-os ao ramal de esgoto correspondente. Podem
ser fechadas ou com grelha. Devem ser fechadas se destinarem-se a receber despejos
de mictórios e pias de despejo. A figura 7, apresenta a caixa sinfonada normatizada pela
NBR 8160.

Figura 6. Sifão normatizado (NBR 8160).

4.3. Canalizações para ventilação

4.3.1. Funcionamento

A rede de ventilação é extremamente importante uma vez que ao permitir a entrada de ar


nas canalizações de esgotos sanitários, asseguram que essas funcionem como condutos
livres, ou seja, sob pressão atmosférica, impedindo o surgimento de pressões negativas
que poderiam romper os fechos hídricos dos desconectores instaladas nas junções das
canalizações de esgotos secundários com esgotos primários, possibilitam que os gases
provenientes da rede pública de esgotos sanitários, sejam lançados na atmosfera sem
penetrar no interior das edificações. A figura 8, ilustra de maneira esquemática o
funcionamento de uma tubulação de esgotos sanitários e a importância da rede de
ventilação:
- Suponhamos que seja descarregada a bacia sanitária do piso superior:
a - O esgoto descarregado, ao penetrar no tubo de queda, funciona como um pistão
hidráulico, comprimindo o ar abaixo.
b - O ar comprimido exerce pressão sobre as colunas d’água que estão nos sifões. S2,
S3, S4 – se não houvesse saída – ele tenderia a romper o fecho hídrico através do
SIFONAMENTO POR COMPRESSÃO, permitindo a entrada de gases nos sanitários.
Tal problema é evitado pela ligação dos ramais de ventilação à coluna de ventilação.
c - Na parte superior, acima do pistão hidráulico, a coluna líquida ao descer tende a
provocar vácuo parcial (fenômeno do sifonamento por aspiração que ocasionaria o

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rompimento do fecho hídrico, se não houvesse o prolongamento do tubo de queda até
a cobertura, de modo a permitir a entrada de ar.

O rompimento do fecho hídrico, também pode se dar por autosifonamento, ou seja, o


sifonamento que pode ocorrer devido à própria descarga do aparelho, se o ramal de
descarga for muito comprido e de pequena secção-canal. Sob pressão, surge à montante
do volume de água deslocado, condições para que haja aspiração da água que deveria
formar o fecho hídrico no sifão. Esse problema é evitado pela rede de ventilação, que ao
permitir entrada de ar no sistema, evita o aparecimento de sobrepressões e subpressões.

A rede de ventilação é constituída por canalizações que se iniciam próximas aos sifões e
que terminam abertas ao exterior. Seus componentes são:
• TUBO VENTILADOR: Canalização ascendente que permite o acesso do ar
atmosférico na rede de esgotos, a saída de gases das canalizações e impede a
ruptura do fecho hídrico dos desconectores.
• TUBO VENTILADOR PRIMÁRIO: É o tubo ventilador com extremidade aberta, situada
acima da cobertura do edifício.
• TUBO VENTILADOR SECUNDÁRIO: É o tubo ventilador com extremidade superior
ligada a um tubo ventilador primário, a uma coluna de ventilação ou a um outro tubo
ventilador secundário.
• COLUNA DE VENTILAÇÃO: Canalização vertical destinada à ventilação de sifões
sanitários localizados em pavimentos superpostos.
• RAMAL DE VENTILAÇÃO: É o tubo ventilador secundário ligando 2 ou mais tubos
ventiladores individuais, a uma coluna de ventilação ou a um tubo ventilador primário.
• TUBO VENTILADOR INDIVIDUAL: É o tubo ventilador secundário ligado ao sifão, ou
ao ramal de descarga de um aparelho sanitário.
• TUBO VENTILADOR DE CIRCUITO: É o tubo ventilador secundário ligado a um ramal
de esgoto e servindo a um grupo de aparelhos, sem ventilação individual.
• TUBO VENTILADOR SUPLEMENTAR: Canalização vertical ligando um ramal de
esgotos ao tubo de ventilador de circuito correspondente.
• TUBO VENTILADOR DE ALÍVIO: Tubo ventilador secundário ligando o tubo de queda
ou ramal de esgoto ou de descarga á coluna de ventilação.
Toda instalação predial de esgotos deve ter, no mínimo, um tubo ventilador
primário, de diâmetro nuca inferior a 75mm.
Todo desconector deve ser ventilado.
Uma coluna de ventilação pode ser um tubo ventilador primário ou secundário,
dependendo se está ligado ou não a outro tubo ventilador. Caso tenha extremidade livre,
constitui-se em tubo ventilador primário.

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Figura 8. Representação esquemática do funcionamento de uma canalização de
esgotos (Fonte: Foresti 1980).

Figura 9. Terminologia.

Figura 10. Terminologia.

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4.3.2. Prescrições da NBR 8160

- em prédios de um só pavimento deve existir pelo menos um tubo ventilador de


DN 100, ligado diretamente à caixa de inspeção ou em junção ao coletor
predial, subcoletor ou ramal de descarga de um vaso sanitário e prolongado até
acima da cobertura desse prédio. Se o prédio for residencial e tiver no máximo
3 vasos sanitários, o tubo ventilador pode ter diâmetro nominal DN 75.
- em prédios de dois pavimentos, os tubos de queda devem ser prolongados até
acima da cobertura, sendo todos os desconectores (vasos sanitários, sifões e
caixas sifonadas) providos de ventiladores individuais ligados à coluna de
ventilação, conforme indicados nas figuras 12 e 13.
- Nos prédios cuja instalação de esgotos sanitários já possua pelo menos um
tubo ventilador primário de DN 100, fica dispensado o prolongamento de todo
tubo de queda, desde que preenchidas as seguintes condições:

Figura 12. Arranjos típicos de ventilação.

Figura 13. Esquema vertical.

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a) o comprimento não exceda de ¼ da altura total do prédio, medida na altura vertical do
tubo;
b) não receba mais de 36 unidade HUNTER de contribuição;
c) tenha a coluna de ventilação prolongada até a cobertura do prédio, ou em conexão
com outra existente, respeitados os limites de TABELA 7.

Toda a tubulação de ventilação deve ser instalada de modo que qualquer líquido
que porventura nela venha ter ingresso, possa escoar-se completamente por gravidade,
para dentro do tubo de queda, ramal de descarga ou desconector em que o ventilador tem
origem.
Toda a coluna de ventilação deve ter diâmetro uniforme, a extremidade inferior
ligada a um subcoletor ou a um tubo de, em ponto situado abaixo da ligação do primeiro
ramal de esgoto ou de descarga, ou neste ramal de esgoto ou de descarga. A
extremidade superior deve ser situada acima da cobertura do edifício, ou ligada a um tubo
ventilador primário a 150mm, ou mais, acima do nível de trasbordamento da água do mais
elevado aparelho sanitário por ele servido.
Quando não for possível o prolongamento dos tubos ventiladores até acima da
cobertura, pode ser utilizado um barrilete de ventilação. Esse barrilete é dimensionado
pela soma das unidades HUNTER dos tubos de queda servidos no trecho e o
comprimento a considerar é o mais extenso, da base da coluna de ventilação mais longe
da extremidade aberta do barrilete, até essa extremidade.
Todo desconector deve ser ventilado. A distância do desconector à ligação do tubo
ventilador que o serve, não deve exceder os limites da tabela 5.

TABELA 5 - DISTÂNCIA MÁXIMA DE UM SIFÃO (DESCONECTOR) AO TUBO


VENTILADOR.
Diâmetro nominal do ramal de descarga Distância máxima (m)
(mm)
(DN)
40 1,00
50 1,20
75 1,80
100 2,40

A extremidade do tubo ventilador primário ou coluna de ventilação deve estar


situada acima da cobertura do prédio a um a distância de no mínimo de 30cm, no caso de
telhado ou laje simples e de 2,0m no caso de lajes utilizadas para outros fins
(Playgrounds, áreas de recreação, etc...) devendo nesses casos, ser protegidas contra
choques. Também não devem estar situadas a menos de 4,0m de qualquer porta, janela,
ou outro vão de ventilação, a menos que situada a 1,0m acima das vigas dos respectivos
vãos.
São considerados devidamente ventilados os desconectores instalados no último
pavimento do prédio, nas seguintes condições.
a) o número de UHC for menor que 15;
b) a distância entre a ligação do desconector até o tubo ventilador não exceder os limites
da tabela 5.
São considerados devidamente ventilados os desconectores, caixas sifonadas ou
sifões, quando ligados a um tubo de queda que não receba efluentes de vasos sanitários
e mictórios, observadas as distâncias indicadas na tabela 5.
Os desconectores das caixas retentoras e caixas sinfonadas instaladas no térreo e
ligadas ao subcoletor devidamente ventilado, são considerados ventilados.

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A extremidade superior dos ramais de ventilação, deve ser ligada a um tubo
ventilador primário, a auma coluna de ventilação ou a outro ramal de ventilação, sempre a
15cm ou mais acima do nível de trasbordamento da água do mais alto dos aparelhos
servidos, conforme indicado na figura 14.

Figura 14. Ligação do ramal de ventilação.

O vaso sanitário provido de orifício para ventilação, com desconetor externo ou interno,
deve ser ventilado individualmente.
O vaso sanitário auto-sifonado não dispõe de orifício para ventilação, por isso deve ter o
seu ramal de descarga ventilado individualmente, podendo essa ventilação ser
dispensada quando houver qualquer desconector ligado a esse ramal e a 2,40m no
máximo, do vaso sanitário e o ramal de ventilação tiver no mínimo DN 50. (figura 15)
Os vasos sanitários autosifonados, ligados em bateria, devem ser ventilados por um tubo
ventilador de circuito, ligando a coluna de ventilação ao ramal de esgoto na região entre o
último e o penúltimo vaso sanitário. Quando o número de vasos sanitários exceder a 8 há
necessidade de ventilação suplementar, conforme indicado nas figuras 16 e 17.
Os tubos de queda que recebem descargas de mais de 10 andares devem ser ligados à
coluna de ventilação através de tubo ventilador de alívio, a cada dez pavimentos à contar
do andar mais alto.
A extremidade inferior do tubo ventilador de alívio deve ser ligada ao tubo de queda
através de junção de 45º, colocada a 15cm, ou mais acima do nível de trasbordamento da
água do aparelho mais alto servido pelo ramal de esgoto ou de descarga.
Nos desvios de tubos de queda que formem ângulo maior que 45º com a vertical deve ser
prevista outra ventilação considerando-se como se houvesse dois tubos de queda um
acima e outro abaixo do desvio, conforme indicado na figura 18.
Nos tubos de queda que recebem despejos de pias, tanques, máquinas de lavar e outros
aparelhos onde são usados detergentes que provoquem a formação de espuma, deve ser
evitada a ligação de aparelhos ou tubos ventiladores nas zonas de pressão de espuma
indicadas na figura 19.

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Figura 15. Dispensa de ventilação do ramal de descarga do vaso sanitário (NBR
8160).

Figura 16. Ventilação em circuito (vasos autosifonados (NBR 8160).

Figura 17. Ventilação em circuito (vasos autosifonados (NBR 8160).

Figura 18. Desvio do tubo de queda.

Figura 19. Zonas de pressão de espuma.

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4.3.3. Dimensionamento

TABELA 6 - UNIDADES HUNTER DE CONTRIBUIÇÃO PARA APARELHOS NÃO


RELACIONADOS NA TABELA 1.
Diâmetro nominal mínimo do ramal de Número de unidades
descarga (mm) HUNTER de contribuição
(DN)
40 2
50 3
75 5
100 6

TABELA 7 - DIMENSIONAMENTO DO RAMAL DE VENTILAÇÃO.


Grupo de aparelhos sem Grupo de aparelhos com
vasos sanitários vasos sanitários
Nº de HUC DN do ramal Nº de HUC DN do ramal
Até 12 40 Até 17 50
13 a 18 50 18 a 60 75
19 a 36 75

TUBO VENTILADOR SUPLEMENTAR: diâmetro nominal não inferior à metade do


diâmetro do ramal de esgotos a que estiver ligado.
COLUNA DE VENTILAÇÃO: Tabela 7. Inclui-se no comprimento da coluna de ventilação
o trecho do ventilador primário entre o ponto de inserção da coluna e a extremidade do
ventilador.
BARRILETE DE VENTILAÇÃO: Tabela 7. Pela soma das unidades HUNTER de
contribuição dos tubos de queda servidos;
TUBO VENTILADOR DE ALÍVIO: diâmetro nominal igual ao da coluna de ventilação a
que estiver ligado.
As figuras 20, 21 e 22 mostram em planta esquemas de ventilação de banheiros.

Figura 20. Ligação com desconector (caixa sinfonada) – utilização de tubos


ventiladores individuais.

Figura 21. Ventilação em circuito (Obs.: o ralo sifonado tem ventilação individual).

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Figura 22. Ligação com desconector – ventilação em circuito. (Esquema
comumente utilizado em apartamentos).

4.4. Órgãos acessórios

São órgãos acessórios as caixas retentoras de gordura, as caixas de passagem e as


caixas e peças de inspeção.

4.4.1. Caixas retentoras de gordura

É recomendado por norma o uso de caixas retentoras de gordura nos esgotos sanitários
que contiverem resíduos de gorduras provenientes de pias de copas e cozinhas, devendo
ser instaladas em locais de fácil acesso e boas condições de ventilação.
As caixas de gordura podem ser: pequenas (CGP), simples (CGS), duplas (CGD) e
especiais (CGE). Os componentes e dimensões das 3 primeiras estão indicados na figura
23. As especiais devem ter as seguintes características:
- distância mínima entre o septo e a saída: 20cm;
- parte submersa do septo: 40cm;
- altura molhada: 60cm;
- diâmetro nominal da tubulação de saída: 100mm
- volume da câmara de retenção de gordura obtido pela fórmula; V = 2 N + 20
sendo:
N = número de pessoas servidas pelas cozinhas que contribuem para a caixa de gordura
V = volume em litros.

Deve existir pelo menos uma caixa de gordura simples para a coleta dos resíduos
gordurosos de uma ou até duas cozinhas. Havendo mais de duas e até doze cozinhas,
deve ser utilizada a caixa de gordura dupla. Acima de doze cozinhas, ou ainda para
cozinhas de restaurantes, escolas, hospitais quartéis, etc..., devem ser utilizadas caixas
de gordura especiais.

As pias de cozinha instaladas superpostas em vários pavimentos devem descarregar em


tubos de queda que conduzam os esgotos para caixas retentoras de gordura coletivas,
sendo vetado neste caso o uso de caixas retentoras de gordura individuais nos andares.

4.4.2. Elementos de inspeção

As tubulações embutidas ou não, devem ser acessíveis por intermédio de caixas de


inspeção ou peças especiais de inspeção, a NBR 8160 estabelece:
- Na deflexão entre dois elementos de inspeção deve ser usada curva longa com
ângulo central não superior a 90º, desde que não seja possível a instalação de
outro elemento de inspeção;
- Os sifões devem ser visitáveis ou inspecionáveis, na parte correspondente ao
fecho hídrico, por meio de bujões ou outro meio de fácil remoção;
- As desobstruções e limpezas dos coletores prediais, subcoletores e ramais de
esgotos e de descarga devem ser feitas através de caixas de inspeção,

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dependendo seu número e localização, das condições locais e do traçado
dessas tubulações;
- A distância entre caixas de inspeção, poços de visita ou peças de inspeção não
deve ser superior a 25m;
- A distância entre a ligação do coletor predial com o coletor público e a caixa de
inspeção, poço de visita ou peça de inspeção mais próxima, não deve ser
superior a 25m;
- Os comprimentos dos trechos dos ramais de descarga e de esgotos de vasos
sanitários, caixas retentoras e caixas sinfonadas, medidos entre os mesmos e
as caixas de inspeção, não devem ser maiores que 10m. Quando as caixas de
inspeção, poços de visita, caixas retentoras ou caixas sifonadas se localizarem
em áreas internas ou poços de ventilação de prédios, essas áreas ou poços
devem ser providos de janelas, que permitam fácil acesso aqueles dispositivos;
- Não devem ser colocados caixas de inspeção ou poços de visita em locais
pertencentes a uma unidade autônoma, quando os mesmos recebem a
contribuição de despejos de outras unidades autônomas;
- As tampas das caixas de inspeção, dos tubos operculados, dos bujões e das
caixas retentoras devem ficar completamente livres, de modo que não haja
necessidade de remover qualquer impecilho para a sua pronta abertura.
-

Figura 23. Caixa de gordura normatizada (Fonte: Belinazo 1986).

4.4.2.1. Caixas de inspeção

Devem ser feitas de concreto, alvenaria ou cimento-amianto e ter:


a) forma retangular, com 0,60m x 0,60m, no mínimo, ou circular, com diâmetro de 0,60m,
no mínimo, até a profundidade máxima de 1,00m;
b) tampa de material resistente e facilmente removível, permitindo perfeita vedação. É
recomendável que sejam dotadas de tampa de ferro fundido do tipo leve para locais
com trânsito apenas de pedestres e do tipo pesado em locais onde há trânsito de
veículos;
c) fundo construído de modo a assegurar rápido escoamento e evitar a formação de
depósitos.

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d) Em prédios com mais de cinco pavimentos as caixas de inspeção não devem ser
instaladas a menos de dois metros de distância dos tubos de queda que contribuem
para as mesmas.

4.4.2.2. Caixas de passagem (Figura 24)

As caixas de passagem devem ter as seguintes características:


a) quando cilíndricas devem ter o diâmetro mínimo de 15cm e quando prismáticas
permitir, na base, a inscrição de um círculo de diâmetro mínimo de 15cm;
b) ser provida de grelha ou tampa cega;
c) ter altura mínima de 10cm;
d) ter tubulação de saída dimensionada em função do ramal de esgoto correspondente;
As caixas de passagem não podem ser usadas para receber despejos fecais;
As caixas de passagem que recebam efluentes de pias de cozinha ou mictórios devem
ser providas de tampa hermética. No caso de servirem a mictórios devem ser de
material não atacável pela urina.

4.4.2.3. Poços de visita (figura 25)

Os poços de visita devem ter:


a) profundidade maior que 1m;
b) forma prismática de base quadrada ou retangular com as dimensões internas de
1,10m de lado mínimo ou cilíndrica com diâmetro mínimo de 1,10m;
c) degraus que permitam o acesso ao seu interior;
d) tampa removível que garanta perfeita vedação;
e) fundo constituído de modo a assegurar rápido escoamento e evitar depósitos;
f) duas partes constituídas pela câmara de trabalho e pela câmara de acesso ou
chaminé de acesso;
g) câmara de acesso com diâmetro interno mínimo de 60cm;
Para dimensionamento e detalhes dos poços de visitas, devem ser seguidas as
normas brasileiras relativas ao assunto.

Figura 24. Caixa de passagem ou inspeção modelo Casa Sano S.A. (fonte Macintyre,
1988).

16
Figura 25. Poço de visita (fonte Macintyre, 1988).

4.4.2.4. Tubos operculados

Os tubos operculados devem ser instalados junto às curvas dos tubos de queda todas as
vezes que elas forem inatingíveis pelas varas de limpeza introduzidas pelas caixas de
inspeção ou outras peças de inspeção.
Devem ter as seguintes características:
a) Abertura suficiente para permitir as desobstruções com a utilização de instrumentos
manuais e mecânicos de limpeza;
b) Ter tampa hermética;

Figura 26. Tubo radial com inspeção grande (Barbará).

4.4.3. Caixa coletora

Quando não for possível que os efluentes sejam lançados, por gravidade, no coletor
público, reúne-se esses despejos numa caixa coletora, para posterior recalque através de
conjuntos elevatórios, até a cota favorável ao lançamento por gravidade.
A caixa coletora deve ser: impermeabilizada e ventilada, e ter:

a) sistema de recalque próprio, de acionamento automático, para elevar o esgoto


recolhido até uma caixa de inspeção de onde possa ser retirado por gravidade. Deve
ser previsto um conjunto elevatório de reserva;
b) ter fundo inclinado e tampa com fechamento hermético.
c) Ter tubo ventilador próprio.

Capacidade calculada de modo a evitar a freqüência exagerada de partidas e


paradas das bombas e a ocorrência de estado séptico. (Prever casos de emergência).
Instalação elevatória com uma unidade de reserva.

17
5. Traçado das instalações de esgoto e ventilação

5.1. Princípios Básicos..

a) Toda mudança de direção deve ser executada de maneira correta, através da


utilização de conexões ou caixas de passagem.
b) Projeto completo das instalações: plantas nas escalas 1:100 ou 1:50; detalhes (1;20);
esquema vertical (1:50)
c) As canalizações embutidas não devem estar solidárias às peças estruturais de
edifício (descida dos tubos de queda próximo aos pilares).

5.2. Espaço físico para a passagem das tubulações verticais e horizontais (Fonte:
Belinazo, 1986)

5.2.1. Tubulações verticais no prédio


Deve-se prever traçados os mais retos possíveis e espaços adequados tais como:
- embutidas na parede
- em colunas falsas
- em paredes falsas
- outras

a) paredes com tubulações embutidas


- Vantagens:
Se as paredes tem função estrutural, então as vigas, se existirem serão só de amarração
e não serão prejudicadas com a passagem das tubulações.
- Desvantagens:
Se existirem vigas com função estrutural, só podem ser atravessadas se for previsto no
projeto estrutural;
Se existir viga de 15cm ou menores, com função estrutural, não podem ser atravessadas
pelas tubulações;

b) colunas falsas
- Vantagens:
Solução boa, porque a tubulação não necessita atravessar a estrutura do edifício;
Facilita a manutenção, principalmente quando a coluna falsa for removível;
As tubulações podem ser fixadas em apenas alguns pontos, permitindo liberdade e
movimentos em relação a estrutura.
- Desvantagem:
Podem prejudicar a estética da dependência.

c) Paredes falsas
- Vantagens:
Favorece a estética da dependência;
Favorece a descida de outras tubulações;
- Desvantagem:
Podem reduzir área, o que nem sempre é possível de ser admitido.

5.2.2. Tubulações horizontais nas dependências

Deve-se prever declividades e espaços adequados tais como:


- lajes rebaixadas com piso normal;
18
- lajes normais com piso elevado;
- lajes normais com forro rebaixado.

a) Lajes rebaixadas e piso normal ou lajes normais e pisos elevados;


- Vantagens:
Mais confortável para executar a instalação, apoiada sobre a laje;
As instalações ficam dentro da dependência da propriedade;
- Desvantagens:
Se ocorrerem vazamentos é necessário demolir parte do piso da dependência,
acarretando transtornos e custos adicionais;
Maior custo de construção da laje rebaixada;
b) Laje normal e forro rebaixado:
- Vantagens:
Facilidade de solução de problemas de vazamentos, através da retirada do forro;
Maior economia na construção da laje.
- Desvantagem:
Maior dificuldade de execução
As tubulações ficam dentro da dependência da propriedade do vizinho, prejudicado em
caso de vazamento.

5.3. Seqüência de passos a serem seguidos no traçado de instalações prediais de


esgoto

1) Localização do tubo de queda – próximo a projeção do pilar ou parede do térreo


(Figura 27)
2) Ligação da saída da bacia sanitária com o tubo de queda – a mais direta possível
(Figura 28)
3) Ligação da caixa sifonada e ligação ao ramal de esgotos (Figura 26)
4) Caixa sifonada com grelha – aspectos estéticos.
Caixa sifonada com tampa cega – qualquer lugar
Ligação dos ramais de descarga à caixa sifonada – Caixa sifonada normal – 8
aberturas (7 entradas e uma saída). (Figura 28)
5) Ligação de tubo ventilador ao ramal de esgotos e a coluna de ventilação (Figura 27)
Todo o sifão deve ser ventilado. A distância entre o tubo ventilador e o sifão não deve
ultrapassar aos valores da Tabela 5.

Ligação entre uma canalização de esgotos horizontal e o tubo ventilador deve ser
efetuada acima do eixo da mesma, elevando-se o Tubo Ventilador verticalmente ou com
desvio máximo de 45º de vertical, até 15cm acima do nível máximo da água no mais alto
dos aparelhos servidos antes de desenvolver-se horizontalmente ou ligar-se a outro tubo
ventilador.
Geralmente, os ramais de descarga de pias de cozinha são ligados aos trechos do tubo
de queda, acima do piso, utilizando-se sifão individual (desaconselhável o uso de caixa
com grelha).
- É desaconselhável a colocação de sifão em ramais de descarga de máquinas
de lavar roupa. Usualmente os efluentes desse aparelho são lançados dentro
do tanque de lavar ou de caixa sifonada aberta.
- Consideram-se devidamente ventilados os desconectores de pias, lavatórios e
tanques, quando ligados a um tubo de queda que não receba efluentes de
bacias sanitárias e mictórios, observadas as distâncias indicadas na tabela 5.

19
Figura 27.

Figura 28.

Figura 29. Ligação do tubo ventilador ao ramal de esgotos e à coluna de ventilação.

6. Detalhes das instalações

Figura 30. (Fonte Brasilit).

20
Figura 31. (Fonte Brasilit).

Figura 32. (Fonte Brasilit).

21
Figura 33. (Fonte Brasilit).

Figura 34. (Fonte Tigre).

22
Figura 35. (Fonte Tigre).

Figura 36. (Fonte Tigre).

23
Figura 37. (Fonte Belinazo. 1986).

Figura 38. (Fonte Belinazo. 1986).

24
Figura 39. (Fonte Belinazo. 1986).

Figura 59. (Fonte. Belinazo. 1986).

25
Figura 60. (Fonte belinazo. 1986).

Figura 58. (Fonte Belinazo. 1986).

26
TABELA 8 - DIMENSIONAMENTO DE COLUNAS E BARRILETES DE VENTILAÇÃO
Diâmetro Diâmetro mínimo do tubo de ventilação
nominal Número de 40 50 75 100 150 200 250 300
do tubo e unidades
queda ou do HUNTER de Comprimento máximo permitido
ramal contribuição (m)
do esgoto
40 8 46
40 10 30
50 12 23 61
50 20 15 46
75 10 13 46 317
75 21 10 33 247
75 53 8 29 207
75 102 8 26 189
100 43 11 76 299
100 140 8 61 229
100 320 7 52 195
100 530 6 46 177
150 500 10 40 305
150 1100 8 31 238
150 2000 7 26 201
150 2900 6 23 183
200 1800 10 73 286
200 3400 7 57 219
200 5600 6 49 186
200 7600 5 43 171
250 4000 24 94 293
250 7200 18 73 225
250 11000 16 60 192
250 15000 14 55 174
300 7300 9 37 116 287
300 13000 7 29 90 219
300 20000 6 24 76 186
300 26000 5 22 70 152

27
Tratamento de Esgotos por Sistemas Simplificados

6. Tanque Séptico
O uso do sistema de tanque séptico somente é indicado para:
a) Área desprovida de rede pública coletora de esgoto;
b) Alternativa de tratamento de esgoto em áreas providas de rede coletora local;
c) Retenção prévia dos sólidos sedimentáveis, quando da utilização de rede coletora com
diâmetro e/ou declividade reduzidos para transporte de efluente livre de sólidos
sedimentáveis.

O sistema em funcionamento deve preservar a qualidade das águas superficiais e


subterrâneas, mediante estrita observância das restrições da NBR 7229/1993, relativas à
estanqueidade e distâncias.

É vedado o encaminhamento ao tanque séptico de:


a) Águas pluviais;
b) Despejos capazes de causar interferência negativa em qualquer fase do processo de
tratamento ou a elevação excessiva da vazão do esgoto afluente, como os
provenientes de piscinas e de lavagem de reservatórios de água.

Os sistemas de tanques sépticos devem ser projetados de forma completa,


incluindo disposição final para efluente e lodo, bem como, sempre que necessário,
tratamento complementar destes conforme a NBR 13969/1997.

6.1 Terminologia (NBR 7229/1993)


Dispositivo de entrada: dispositivo interno destinado a orientar a entrada do esgoto no
tanque séptico, prevenindo sua saída em curto-circuito.

Dispositivo de saída: dispositivo interno destinado a orientar a saída do efluente do


tanque séptico, prevenindo sua saída em curto-circuito, e a reter escuma.

Efluente: parcela líquida que sai de qualquer unidade de tratamento.

Escuma: matéria graxa e sólidos em mistura com gases, que flutuam no líquido em
tratamento.

Lodo: material acumulado na zona de digestão do tanque séptico, por sedimentação de


partículas sólidas suspensas no esgoto.

Lodo digerido: lodo estabilizado por processo de digestão.

Lodo fresco: lodo instável, em início de processo de digestão.

Sedimentação: processo em que, por gravidade, sólidos em suspensão se separam do


líquido que os continha.

28
Tanque séptico: unidade cilíndrica ou prismática retangular de fluxo horizontal, para
tratamento de esgotos por processos de sedimentação, flotação e digestão (Figura 6.1 e
6.2).

Figura 6.1. Funcionamento geral de um tanque séptico.

Figura 6.2. Sistema de tanque séptico - Esquema geral.

Reator biológico: unidade que concentra microorganismos e onde ocorrem as reações


bioquímicas responsáveis pela remoção dos componentes poluentes do esgoto.

Filtro anaeróbio de leito fixo com fluxo ascendente; filtro anaeróbio: reator biológico
com esgoto em fluxo ascendente, composto de uma câmara inferior vazia e uma câmara
superior preenchida de meio filtrante submersos, onde atuam microorganismos
facultativos e anaeróbios, responsáveis pela estabilização da matéria orgânica.

Filtro aeróbio submerso; filtro aeróbio: reator biológico composto de câmara reatora
contendo meio filtrante submerso, basicamente aeróbia, onde ocorre a depuração do
29
esgoto, e a câmara de sedimentação, onde os flocos biológicos são sedimentados e
retornados para a câmara reatora.

Lodo ativado por batelada, [LAB]: Processo de tratamento essencialmente aeróbio,


onde as etapas de depuração e a separação dos flocos biológicos são realizadas em um
mesmo tanque, intermitentemente.

Vala de filtração: vala escavada no solo, preenchida com meios filtrantes e provida de
tubos de distribuição de esgoto e de coleta de efluente filtrado, destinada à remoção de
poluentes através de ações físicas e biológicas sob condições essencialmente aeróbias.

Filtro de areia: tanque preenchido de areia e outros meios filtrantes, com fundo drenante
e com esgoto em fluxo descendente, onde ocorre a remoção de poluentes, tanto por ação
biológica quanto física.

Escoamento superficial: tratamento complementar ou disposição final que consiste no


escoamento do esgoto na superfície do solo de pequena declividade e com vegetação,
com emprego ou não de sulcos no solo.

Desidratação de lodos: processos naturais ou mecânicos, através dos quais se reduz o


conteúdo líquido do lodo, para posterior disposição final.

Leito de secagem: unidade destinada à desidratação de lodo removido, por processo


natural de evaporação e infiltração, contendo dispositivo de drenagem do líquido.

Vala de infiltração: vala escavada no solo, destinada à depuração e disposição final do


esgoto na subsuperfície do solo sob condição essencialmente aeróbia, contendo
tubulação de distribuição e meios de filtração no seu interior.

Canteiro de infiltração e evapotranspiração: canteiro artificial de solo, destinado ao


tratamento e à disposição final de esgoto, onde se permite a infiltração e
evapotranspiração da parte líquida do esgoto.

Poço absorvente; sumidouro: poço escavado no solo, destinado à depuração e


disposição final do esgoto no nível subsuperficial.

Reuso local de esgoto tratado: utilização local do esgoto tratado para diversas
finalidades, exceto para o consumo humano.

30
Figura 6.3. Exemplos de esquemas alternativos do sistema local de tratamento de
esgotos. Com disposição no corpo recpetor/reuso.

Figura 6.4. Exemplos de esquemas alternativos do sistema local de tratamento de


esgotos. Com disposição final no solo/evaportranspiração.

6.2 Condições Específicas

Os tanques sépticos devem observar a seguintes distâncias horizontais mínimas:


a) 1,50 m de construções, limites de terreno, sumidouros, valas de infiltração e ramal
predial de água;
b) 3,0 m de árvores e de qualquer ponto de rede pública de abastecimento de água;
c) 15,0 m de poços freáticos e de corpos de água de qualquer natureza.

Os materiais empregados na execução dos tanques sépticos, tampões de


fechamento e dispositivo internos devem atender às seguintes exigências:
a) Resistência mecânica adequada às solicitações a que cada componente seja
submetido;
b) Resistência ao ataque químico de substâncias contidas no esgoto afluente ou geradas
no processo de digestão.

No cálculo da contribuição de despejos, deve ser considerado o seguinte:


a) Número de pessoas a serem atendidas;
b) 80% do consumo local de água. Em casos plenamente justificados, podem ser
adotados percentuais diferentes de 80% e, na falta de dados locais relativos ao
consumo, são adotadas as vazões e contribuições constantes na Tabela 6.1.
c) Nos prédios em que haja, simultaneamente, ocupante permanentes e temporários, a
vazão total de contribuição resulta da soma das vazões correspondentes a cada tipo
de ocupante.

Os tanques sépticos devem ser projetados para períodos mínimos de detenção,


conforme Tabela 6.2.

A contribuição de lodo fresco é estimada conforme a Tabela 6.1. Para os casos de


esgotos não-domésticos, a contribuição deve ser fixada a partir de observações de campo
ou em laboratório, pelos indicadores menos favoráveis.

31
A taxa de acumulação total de lodo, em dias, é obtida em função de:
a) Volumes de lodo digerido e em digestão, produzidos por cada usuário, em litros;
b) Faixas de temperatura ambiente (média do mês mais frio, em graus Celsius);
c) Intervalo entre limpezas, em anos.
As taxas resultantes são as da Tabela 6.3. Para acumulação em períodos
superiores a cinco anos, devem ser estudadas as condições particulares de contribuição,
acumulação e adensamento do lodo em cada caso.

O volume útil total do tanque séptico deve ser calculado pela fórmula:
V = 1000 + N (C ⋅ T + K ⋅ Lf ) Equação 6.1

onde: V = volume útil (L); N = número de pessoas ou unidades de contribuição; C =


contribuição de despejos (L/pessoa.dia ou L/unidade.dia), Tabela 6.1; T = período de
detenção (dias), Tabela 6.2; K = taxa de acumulação de lodo digerido (dias),
equivalente ao tempo de acumulação de lodo fresco, Tabela 6.3; Lf = contribuição
de lodo fresco (L/pessoa.dia ou L/unidade.dia), Tabela 5.1.

Tabela 6.1. Contribuição diária de esgoto e de lodo fresco por tipo de prédio e de ocupante. (Unid.: L).
Contribuição de
Prédio Unidade
Esgotos (C) e Lodo fresco (Lf)
1 – Ocupantes permanentes
- Residências
Padrão alto Pessoa 160 1
Padrão médio Pessoa 130 1
Padrão baixo Pessoa 100 1
- Hotel(exceto lavanderia e cozinha) Pessoa 10 1
- Alojamentos provisórios Pessoa 80 1
2 – Ocupantes temporários
- Fábrica em geral Pessoa 70 0,30
- Escritórios Pessoa 50 0,20
- Edifícios públicos ou comerciais Pessoa 50 0,20
- Escolas (externatos) e
Pessoa 50 0,20
locais de longa permanência
- Bares Pessoa 6 0,10
- Restaurantes e similares Refeição 25 0,10
- Cinemas, teatros e
Lugar 2 0,02
locais de curta permanência
- Sanitários públicos Bacia sanitária 480 4,0

32
Tabela 6.2. Período de detenção dos Tabela 6.3. Taxa de acumulação total de lodo
despejos, por faixa de contribuição (K), em dias, por intervalo entre limpezas e
diária. temperatura do mês mais frio.
Tempo de Intervalo Valores de K por faixa de
Contribuição
detenção entre temperatura ambiente (t),
diária (L)
Dias Horas Limpezas em oC.
Até 1500 1,00 24 (anos) t ≤ 10 10 ≤ t ≤ 20 t > 20
De 1501 a 3000 0,92 22 1 94 65 57
De 3001 a 4500 0,83 20 2 134 105 97
De 4501 a 6000 0,75 18 3 174 145 137
De 6001 a 7500 0,67 16 4 214 185 177
De 7501 a 9000 0,58 14 5 254 225 217
Mais que 9000 0,50 12

Os tanques sépticos podem ser cilíndricos ou prismáticos retangulares. Os


cilíndricos são empregados em situações onde se pretende minimizar a área útil em favor
da profundidade; os prismáticos retangulares, nos casos em que sejam desejáveis maior
área horizontal e menor profundidade.

As medidas internas dos tanques devem observar o que segue:


a) Profundidade útil: varia entre os valores mínimos e máximos recomendados na Tabela
5.4, de acordo com o volume útil obtido da Equação 6.1.
b) Diâmetro interno mínimo: 1,10m;
c) Largura interna mínima: 0,80m;
d) Relação comprimento/largura(p/ tanques prismáticos retangulares): mínimo 2:1;
máximo: 4:1.

Tabela 6.4. Profundidade útil mínima e máxima, por faixa de volume útil.
Volume útil (m³) Profundidade útil mínima (m) Profundidade útil máxima (m)
Até 6,0 1,20 2,20
De 6,0 a 10,0 1,50 2,50
Mais que 10,0 1,80 2,80

O emprego de câmaras múltiplas em série é recomendado especialmente para os


tanques de volume pequeno a médio, servindo até 30 pessoas. Para observância de
melhor desempenho quando à qualidade dos efluentes, recomendam-se os seguintes
números de câmaras:
a) Tanques cilíndricos: 3 câmaras em série;
b) Tanques prismáticos retangulares: 2 câmaras em série.

As câmaras devem comunicar-se mediante aberturas com área equivalente a 5%


da seção vertical útil do tanque do plano de separação entre elas.

As aberturas de inspeção dos tanques sépticos devem ter número e disposição tais
que permitam a remoção do lodo e da escuma acumulados, assim como a desobstrução
dos dispositivos internos.

Os tanques sépticos e respectivos tampões devem ser resistentes a solicitações de


cargas horizontais e verticais, em dimensões suficientes para garantir a estabilidade.

33
6.3 Filtro Anaeróbio
Todo processo anaeróbio é bastante afetado pela variação de temperatura do
esgoto; sua aplicação deve ser feita de modo criterioso. O processo é eficiente na
redução de cargas orgânicas elevadas, desde que as outras condições sejam
satisfatórias. Os efluentes do filtro anaeróbio podem exalar odores e ter cor escura.

6.3.1 Dimensionamento
O volume útil do leito filtrante (Vu), em litros, é obtido pela equação:
Vu = 1,6 NCT Equação 6.2

onde: N = número de contribuintes; C = contribuição de despejos (L/habitante.dia),


Tabela 6.1; T = tempo de detenção hidráulica (dias), Tabela 6.2. O volume útil mínimo do
leito filtrante deve ser de 1000 L.

A altura do fundo falso deve ser limitada a 0,60 m, já incluindo a espessura da laje.
Construção do fundo falso: no caso de haver dificuldades de construção de fundo falso,
todo o volume do leito pode ser preenchido por meio filtrante. Nesse caso, o esgoto
afluente deve ser introduzido até o fundo, a partir do qual é distribuído sobre todo o fundo
do filtro através de tubos perfurados (Figuras 5.5 e 5.6).

A altura total do filtro anaeróbio, em metros (Figura 6.8), é obtida pela equação:
H = h + h1 + h2 Equação 6.3
onde: H = altura total interna do filtro anaeróbio; h = altura total do leito filtrante (≤
1,20 m); h1 = altura da calha coletora; h2 = altura sobressalente (variável).

A distribuição de esgoto afluente no fundo do filtro anaeróbio deve ser feita:


Através de tubos verticais com bocais perpendiculares ao fundo plano, com uma
distância entre aqueles de 0,30 m (Figura 6.8); a área do fundo do filtro a ser abrangida
por cada bocal de distribuição deve ser inferior a 3,0 m 2;
Através de tubos perfurados (de PVC ou de con-creto), instalados sobre o fundo
inclinado do filtro (Figuras 6.5, 6.6 e 6.7).

O material filtrante para filtro anaeróbio deve ser especificado como a seguir:
Brita, peças de plástico (em anéis ou estruturados) ou outros materiais resistentes
ao meio agressivo. No caso de brita, utilizar a nº 4 ou nº 5, com as dimensões mais
uniformes possíveis. Não deve ser permitida a mistura de pedras com dimensões
distintas, a não ser em camadas separadas, para não causar a obstrução precoce do
filtro;
A área específica do material filtrante não deve ser considerada como parâmetro
na escolha do material filtrante.

O filtro anaeróbio pode ser construído em concreto armado, plástico de alta


resistência ou em fibra de vidro de alta resistência, de modo a não permitir a infiltração da
água externa à zona reatora do filtro e vice-versa. Quando instalado no local onde há
trânsito de pessoas ou carros, o cálculo estrutural deve levar em consideração aquelas
cargas. No caso de filtros abertos sem a cobertura de laje, somente são admitidas águas

34
de chuva sobre a superfície do filtro. Quando instalado na área de alto nível aqüífero,
deve ser prevista aba de estabilização.

Figura 6.5. Filtro anaeróbio tipo retangular totalmente enchido de britas.

35
Figura 6.6. Filtro anaeróbio tipo circular totalmente enchido de britas.

Figura 6.7. Detalhe do tubo de distribuição de esgoto.

36
Figura 6.8. Filtro anaeróbio tipo circular com entrada única de esgoto.

37

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