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Edmund Burke Reflexées sobre a Revolucio na Franga Prericro Francis Canavan Taapugio Eduardo Francisco Alves REFLEXOES SOBRE A REVOLUGAO NA FRANGA, E SOBRE OSTRABALHOS EM CERTAS SOCIEDADES DE LONDRES RELATIVOS A ESSE EVENTO EM UMA CARTA DESTINADA A UM CAVALHEIRO EM PARIS PELO ILUSTRISSIMO EDMUND BURKE (Pallicada ene outubro de 1790; “Acgumento PARTE I, pp. 146-362. (Os Sentimentos ¢ Deutrinas Polticas dos Inlesescomparadas com os dos Revoluciondrios Franceses INTRODUGAO. A Constitutional Secety ¢ a Revolution Society, p. 147. 0 Sermio do Dr. Price, p. 15S, Ele deturpa a Constituigio inglesa, p-159. O Direito “de escolher nossos préprios governantes” R A Revowinde sa Frases rejeitado erefitado como douttina pritica, p, 162. © Disito “de demit-los por prevaricagio" rejeitado etc, p. 177. O Dieito “a formar umn goversio para nés proprios” sjeitado ete. as regalias inglesas mostradas como sendo essencialments uma heranss 7p. 183. Comparagio das agées dos revlucionéros ingests de 1688 om as dos revoluciondtios franceses de 1789, p. 188. Essestiltimos cexplicados pela composigio da Assembleia,p, 195. Cariter dos representantes do Tiers Ea, p. 196 do Clero, p- 203, Influéncia de rnobres turbulentos, p. 204, Falécias jacobinas sobre as qualificagSes para o poder politico ea marureza da propriedile et, p 204, nto podem resuiar na verdadeitaliberdade, p- 208, nem na vedadisa reptesentasio de um povo, p. 217. Os verdadeiros Diretos do Horem, p. 219, sa [2] ligagdo com 0 principio de governo, p 222. A perturbasio do tratamento, p. 226. Iliberalidade © desumanidade do Sermiio do Dr. Price, p.228. Price comparado a Peters, p. 280. © tratamento dado ao Rei ¢ a Familia Real da Franga, p. 232, contrastado com o espisito das velhas maneiras © opinides europeas,o qual, sendo naturale politico, ainda bifluen- ciava os ingleses, p. 244. Lufs XVI, tirano nenhum, p. 252. O : utor acha a honza da Inglaterra envolvida no reptidio as douerinas ‘esentimentos do Dx. Price, p. 256, e passaa exibic 0 quadro verda- deiso do sistema politico inglés, p. 261, que se baseia em I. a Igieja, 2. a Coros, 3. a Nobreza, 4.0 Povo, p. 262. Secio I. O Sistema Edeitstic da Intra. Religito findamentada na rnatureza, ¢ mais necessiria onde hé liberdade, p. 265, ajudando a farer valet a obrigagio que deveria subsistir entre uma geragdo ¢ utra, p-270, que €0 verdadeiro Contrato Social, p. 272. Uso da Eowuno BURKE 42 Tereja como um principio aglatinanteeimpregnante para o Estado, p- 273. O fim atingido por seu controle sobre a Educasio, 1-276. Influéncia da Refigito, igualmente necesséria aos ricos € 20s pobres, p.278. Os direitos de propriedade aplicam-se as Terras da Igreja e sto gritantemente ultrajados pelo confisco de ptopriedade da Igreja na Franga, p. 282. Crédit National de France, um pretexto vazio, p. 286, O interesse pecunirio hostil 4 Igteja, p. 289. Os homens de letras, hostis, p. 291. A Coalizio deles pare destrutla, p. 294. Esse Confisco, comparado com ‘outros, p. 297. Desnecessétio, p. 300. Mal ou frauctlentamente executado, p. 304. Seco TL, (Fragmento apenas). O governo monirquico da Franca; seus abusos no incurdveis, p. 308. Padrdes pare julgar seus efeitos; populasio, p. 314. Rigueza Nacional, p. 316. Espivito patriético do governo deposto, p. 319. ‘Secko IIL (Fragment apenas). A Nobreza francesa, p. 323, Sucio TV. (Nada testa.) ‘SecAo I, continuagdo da. © Clero francés: seus vicios nfo foram a causa do confisco, p. 329. Vicios do antigo Cleto nao sio pretexto _” para confisco, p. 333. Catiter do Clero francts moderno, p. 337. ‘Ananquia do novo Sistema Eclesiistico, p. 339, contrastado coma Politica da Igreja Protestante da Inglaterra, p. 343, Fanatismo: ateu, 348. A politica de confisco contrastada com a de conservagio, p.350. cons gomne 4 Rovowucko NA Franca 3 PARTE I, pp. 362-476. A Politica da Asebleia Nacional Cricada InstRODUCKO. Negado seu direito de agi, p. 362. Seu espitito, p. 365. [3] Sua ignorincia de Estadistica, p. 366. Criticado o resultado de seus esforgos, p. 373. ~ echo I. A Legislature, p. 373. Se¢io IL. O Poder Executivo, p. 409. Secho IIL A Magistratura, p. 419. SeGko IV. O Exército, p. 425. SecA0 V. O Sistema Financeito, p. 448. Concuusio, p. 472. EoMuno BURKE 144 REPLeXOES SOBRE A REVOLUGAO NA FRANCA Reflexes sobre a Revolugiio na Franga I alvez nio seja desnecessitio in- format 20 Leitor que as Reflexdes que se seguem tiveram sua ori- ¢ que se segue gem em uma correspondéncia entre o Autor € um cavalheiso mui- to joiem em Paris, que the dex 2 honra de solicitar sua opinizo sobre as importantes transagBes que, desde ento, tanto tém ocu- pado a atengio de todos os homens. Uma resposta foi esctita em algum momento no més de outubro. de 1789; mas foi retida por considecagio de prudéncia. Alude-se a essa cartano inicio das folhas seguintes. Ela foi, desde aquela época, enviada & pessoa a querh se cenderesava. Os motivos para o atraso em envif-la foram assinalados em uma carta breve ao mesmo cavalheiro. Isso provocou da parte dele uma nova e premente solicitasio dos sentimentos do Autor. (© Autor comesou uma segunda e mais plena discussio sobre o icicla no inicio da tiltima primavera: ‘mas, dominado pelo ass achou que o que se havia proposto a fazer nfo s6 excedia em muito as proporgdes de uma carta como também que sua importincia exigia de preferéncia uma considera- io mais detalhada do que aquela a que naquele momento ele tisha tempo livre para se dedicar. Entretanto, tendo lansado suas pri- reiras ponderagées em'uma carta, chou dificil mudar essa forma Reruexdes some a Revouucko 8a Baancs 45 de comunicagio, uma vez. que seus sentimentos tinham ganhado maior amplitude e recebido uma outra diregao. Um plano diferente, ele teen consciéncia, poderia scr mais fevordvel a uma mais espagosa divisio e distribuisio de seu tema. (4j Caso Sextion, Houve-the por bem voltar a pedis, e cont alguma urgéncia, sminhas ideias sobre os recentes acontecimentos na Franga. Nao Ihe darei motivo para imaginar que acho terem meus sentimen- tos tanto valor a ponto de desejar que me supliquem por eles. Sao de muito pouca consequéncia para serem muito ciosamente comunicados ou guardados: Foi por atengio ao senhor, ¢ 20 senhor apenas, que hesite’ naquela vez, quando primeiro desejou conhect-los, Na primeira carta que tive a honra de escrever- Ihe, e que finalmente lhe mandei, nao escrevi.a partir de nenhuma desctigéo dos homens; nem o farei nesta. Meus erros, se houver, so meus pr6prios. Somente minha reputagio hé de responder por eles. Pode ver, serthor, pela longa carta que lhe transmiti, que, embo- 1a eit de todo coragio deseje que a Franga seja animada por um espitito de liberdade racional, ¢ que eu os ache obrigados, em qual- quer politica honesta, a prover um corpo permanente, no gual esse espisivo possa residir, e um 6tgio eficiente, por meio do qual ele possa agit, mew infortiinio mutrie grandes davidas com respeito a +. divetsos pontos importantes em: suas recentes transagSes. EoMuno BuRKs 46 ’ O cect imagine, da km vex que me escreteu, que possivelmente me insrevia entre 0s que aprovavam certas ag5es na Franca devido & solene chancela pribica de sang que essas ages receberam de dois clabes de cavalheiros londrinos, a Gonstivutional Society ¢ 2 Revolution Society. [Eu certamente tenho 2 honra de fazer parte de mais de um clu- bbe, nos quais a constituiglo deste eino ¢ os peincipias da gloriosa _Reroluglo sio tidos em alta reverincia: e considero-me entre os mais ardorosos em-meu zelo por manter essa constituiglo © esses principios em sua extrema pureza ¢ vigor. E é porque sou assim que acho necessiio para mim que nio haja engano. Os que cult- yam a meméria da nossa Revoluslo, ¢ os que sio afeicoados & constituiggo deste reino, devem tomar [5] bastante cuidado para aio se envolver com pessoas que, sob o pretexto de zelo pela Revo- lusdo ¢ a Constituigio, fequentemente se desviam de seus verda~ deiros principios; ¢ esto prontas em toda ocasito a se afastar do espirito firme, porém cauteloso ¢ deliberado, que produzit: uma e preside a outra. Antes de passa a responder aos particulares mais substanciais de sua carta, devo pedirlhe ‘que me deixe dar informagio que consegui obter dos dois cubes que acharam apro- priado, como organisms, interfer nos assuntos da Pransai pri meio garantindo-Ihe que nfo sou, e nunca fui, memibro de nenkus~ sma dessas duas sociedades, A primeira, chamando-se Constitutional Society, ou Society for Consticurional Information, ou algum tits: Jo assim, tem, actedite, sete ou oito anos de existéncia. A institui- lo dessa sociedade parece ser de natureza beneficente e até agora louvivel: ela pretendia promover a circulago, a custa dos mem- bros, de muitos livros que algumas outras pessoas incorreriam na Reezexdes Sooné « Revotucio Na FRANCA 147 despesa de comprar; e que poderiam ficar nas mos dos livreitos, para grande perda de uma massa titil de homens. Se os livros que assim caridosamente circulam algum dia foram tio catidosamente lidos é mais do que posso saber. Possivelmente diversos deles foram exportados para a Franfa; e, como bens nfio demandados por aqui, podem ter encontrado em voo’s um mercado. Ouvi falar muito das luzes que podem ser conseguidas a partir de livros mandados aqui. Que methoras eles tiveram em sua passagem (como se diz de algumas bebidas, que melhoram quando atravessam o ocean) nfo sei dizer. Mas nunca ouvi um homem com discernimento, ot | com 6 minizno grau de informagio, dizer uma palava em louvor da maioria das publicagées que circulam por essa sociedade; nem seas trabalhos foram considerados, exceto entre eles mesmos, de alguma séria consequéncia. Sua Assembleia Nacional parece utrir mais ou menos a [6] mesma opinido que eu sobre esse pobre clube beneficente. Como “naso, voc’s reservaram todo o estoque de seus reconhecimentos cloquentes para a Revolution Society; enquanto seus colegas da Constitutional tinham, em equidade, diseto a alguma parte, Uma vez que vocts es heram a Re mn Society como o grinde objeto de seus agradecimentos ¢ louvores nacionais, queira desculpar-me por fazer de sua recente conduta o tema de minhas J observagdes. A Assembleia Nacional da Franga deu importincia a | esses senhores, adotando-os; e eles retribuem o favor funcionando | como um comité na Inglaterra para propagat os princfpios da As- | sembleia Nacional. A partir do que devemos consideré-los uma espécie de pessoas privilegiadas; e membros considerdveis do corpo diplomético, Essa é uma dentre as revolugdes que deram esplendor Eowunp BuRKe 48 obscuridade ¢ disting%o ao mérito despercebido. Até muito,re- centemente, nfo me lembro de ter ouvido falar desse clube. Tenho absolute certeza de que ele nunca ocupou um momento de meus __ pensamentoss nem, atedito, dos de alguma pestoa fora de seu pré- prio grupo. Descobri, ap6s pesquisar um pouco, que no aniversé- tio da Revolugio de 1688 um clube de dissidentes, cuja denomi- ragio ignoro, teve por muito tempo o costume de ouvir um ser- mio em uma de suas igtejas; ¢ que depois disso, como outros lubes fazem, passavam o dia alegremente na taverna. Mas nunca ouvi dizer que alguma medida piblica, ou sistema politico, muito menos 05 méritos da constituigio de alguma nagio estrangeira, tivessem sido objeto de trabalhos formais em seus festivais; até que, para minha inexprimivel suxpresa, eu os descobri em uma espécie de fungio piblica, por uma fala de congratulacdes, dando ‘uma sangio de abalizamento aos trabalhos da Assembleia Naci- onal da Franga. Nos prncipios ¢ conduta antigos do clibe, pelo menos na medi- da em que foram declarados, nada vejo a que eu me pudesse opor, ‘Acho muito provivel que, para algum propésito, novos membros possam ter [7] entrado em meio a eles; e que alguns politicos auten- ticamente crstos, que adoram distrbuis beneficios, mas tém 0 cui- dado de esconder a mio que dispensa 0 donativo, possam té-los feito instruments de sus pios designios. Sefa qual for o motivo que ex possa ter de suspeita com zespeito 3 condugio de negécios priva- dos, sobre nada filarei como de wma certeza, senao 0 que € piblico, ‘Quanto a mim, eu lamentaria que me achassem, diteta ou indi- | tetamente, envolvido em seus trabalhos, Eu por certo cumpro toda | a minha parte, bem como 0 resto do mundo, em minha condiso Rerexous soene + Ravotugio Na Faasica 49 individual e privada, em especular sobre o que foi ou esté sendo feito no cenirio piblico; em qualquer lugar, antigo ou moderno; na repiblica de Roma, ou na repilica de Paris: mas, nfo tendo nenhuma missio apostélica geal, sendo um cidadio de um estado particular e estando atado, em um gras considecivel, sua vontade publica, ew acharia no minimo impréprio ¢ irvegular absir uma correspondéncia publica formal com 0 governo vigente de, uma nagio estrangeira sem a expressa autorizacio do governo sob gual ex vivo. [Eu escaria ainda mais indisposto a entrar nessa cotrespondéncia sob algo parecido com uma descricio equivoca, que para muitos, no familiarizados com nossos costumes, pudesse fazer a comuni- cagii na qual tomei parte, parecer constituir-se um ato de pessoas no mesmo tipo de condigio corporativa, reconhecida pelas leis deste reino e autorizada a expressar a vontade de alguma parte dele. Por conta da ambiguidade e incerteza de descrigdes gerais desautorizadas ¢ da trapaga que pode set praticada sob elas, e no por mera formalidade, a Camara dos Comuns zejitaria a mais dissimulada petigdo pelo mais insignificante objeto, sob esse modo de assinatura, para o qual voets escancararam as portas duplas de seu salio de audiéncias e fizeram entrar em sua Assembleia Nacio- nal, com tanta ceriménia ¢ entagio e com uma salva tio grande de aplausos, como em sendo visitados pela de toda a inagio inglesa. Se 0 adequado mandar tivesse sido ito pouco de quem era a autoria sm thais nem! menos convincente soiente um voto ¢ sesolusio. aseis'se somente em autoridade; enesse caso é aera autoridade de individuos, poucos dos quais aparecem, Em minha opiniio, sons assinaturas deveriam ter sido anexadas a ses instrument. smndo entdo teria. os méios de saber quantos eles so; quem sio;¢ que valot suas opines podem tex, por sua capacdade pessoal, porseu conhecimento, a experéncia oa sa liderangaeautoridade este tema. Para mim, que sou apenas um homer simples, 03 tra- pathos parecer um pouco tefiriados demais ¢ engenhosos demaisy sem um excéssivo 0 ar de estratagema politico, adotado como fim de dar, sob wm nome de alta sonoridade, imporcéncia ds declarasies pblcas desse lube, a qual, seo asunto for atentamente exaiminay do, se veri que elas no mereciam. E uma politica que tem por demais o aspecto de uma fraude. . ‘Gabo-me de amar uma liberdade resoluta, moral e regulada, to bem quanto qualquer cavalheiro dessa sociedade, for; ¢ talvez en tena dado boas provas de minha causa no decorter de minha carreira pablica. Acho qui ppouco quanto eles a liberdace em qualquer outra naglo. Mas no re posso apresentar ¢ oferecer lowvor ou censufa a alguma coisa relacionada a agGes humanas, ¢ interesses humanos, pela simples visio do objeto uma vez. que se apresenta despido de qualquer relagio, em toda a nudez e solidtio da abstragio metafisica. As senhores passam por nada) dio cireunstincias (que junto aaj na realidade a todo principio ps feito caracteristico. So as [9] cicunstncias que tornam todo ut colorido distintivo e seu ‘plano civil e politico benéfico ou nocive & humanidade, Abstrata- ‘mente falando, governa, bem como iberdade, bom: e, no entanto, podria ex, dez anos atris, em-pleno bom senso, tr flicitado a ReruexOes soone a REVOLUGAS NA FRANCA x Franga por ela desfrutar de um governo (pois ela entio tinha um. governo) sem querer saber qual era a natureza desse governo, ou como ele era administrado? Posso, ento, agora congratular a mes- | ma nagio por conta de sua liberdade? E porque liberdade em abs- ato pode cassificar-se entre as ddivas da humanidade que vou seriamente felicitar um louco, que escapou da restrigio protetora e da saudvel escuridio de sua cela, por sua volta ao gozo-da laze da liberdade? Devo congratular um assassino e assaltante.de estrada, que figiu da cadcia, pela recuperagéo de seus dizeitos naturais? {sso significaria reencenar os crimes dos condenados 3s galés, com seu heroico Kibertador, o metafisico Cayaleiro da Triste Figura. £ Quando vejo 0 espirito de liberdade em agZo, vejo um forte principio em funcionamento; ¢ isso, por algum tempo, é tudo que | posso saber a zespeito. O gésviolento, o ar firme e estavel, simples- || mente compeu as amartas: mas deveriamos suspender nosso julga- mento até que a primeira efervescncia tenha diminuido um pou- co, até que oliquido tenha clareado e nos permita ver alguma coisa || amais fando do que 2 agitagdo de uma superficie revolta e esp \ mnante. Preciso estar razoavelmente seguro, antes de me artiscar a cumprimentar honiens publicamente pelo recebimento de uma dadiva, de que eles realmente a receberam. A lisonja corrompe tanto quem a faz. quanté quem a recebe, ¢ a adulagdo no é mais dtil a0 povo do que aos reis. Devo, portanto, suspender minhas congratulagées pela nova liberdade da Franga, até ser informado sobre como ela foi combinada com uma renda efetiva ¢ bem-distribuida; com moralidade e religiio: com asolidez dal 10|propriedade; coni paz ¢ ordemy com maneiras EbMunp BuRKe 152 vis ¢ socais. Todas essas (a seu modo) sio coisas boas também; gem elas aliberdade, enquanto durar, nfo é um beneficio, e no é provivel que dure muito. © eftito da liberdade para os indviduos que cles podem fazer 0 que quiserem: deverfamos ver 0 que eles do querer fazer antes de ariscarmos congratulagées, que logo se podem sranéformar eni lamentos. A prudéncia dtaria isso, no caso de homens isolados e separados; mas liberdade, quando ho- ponderadas, antes de do poder; e particular- mente antes de tentat uma coisa tal como now poder em novas se dedarar, observatio o uso que é pessos, de cujos prinefpios, temperamentos ¢ disposigdes elas tém pouca ou nenhuma experitacia, ¢ em situagSes nas quais agueles que parecem na cena real os mais ativos talvez nfo sejam 0s verdadeiros agentes motores. Todas essas consideragies, no entanto, estavam abaixo da digni- dade transcendental da Revolution Society. Enquanto eu continu- ava no campo, de onde tive a honra de Ihe escrever, formava apenas ‘uma ideia imperfeita de suas teansages. Ao vir para a cidade, pedi que me-fizessem uma exposicio desses trabalhos, os que haviam sido publicados por sutoridade deles, contendo um sermio do Dr. Price, coma carta do Duque de Rochefoucauld e a do Arcebispo de Aix, e diversos outros documentos anexados. O total dessa pu- blicagio, com o manifesto intuito de ligar os negécios da Franga 0s da Inglaterra, puxando-nos para uma imitago da conduta da ‘Assembleia Nacional, deixou-me em considerével gra de cons- eangimento. © efeito dessa conduta sobre 0 poder, o crédito, a prosperidade ea tranquilidade da Franga fica a cada dia mais evi- dente. A forma de constituigio a ser decidida, para sua futura orga Reriexdes soskte 4 REVOLUCAO Na FRANCA 153 \ fasnaney eee nizagio politica, fcava mais dara. Estamos agora em condigio de discerns, com tolerivel exatidio, 2 verdadeira natureza,do objeto proposto paca nossa imitacao, Sea prudéncia da reserve do decoro dita siléncio em algumas [I] circunstncias, em outras a prudéncia de uma ordem mais elevada nos pode justficar por exptimirmos nostos pensamentos. Os principios de desordem entre nés, na In- glaterza, fio no momento bastante ténuest mias entre vocés vimos tuma infincia ainda mais fcigil crescer em poucos momentos até atingiea fora de empilhar montanhas sobre montanhas, ede travar guerra conta © préprio Céu. Sempre que a casa de nosso vizinho cestiver pegando fogo, € conveniente acionar um pouco as Bombas agua na nossa prépria casa. Methor ser desprezado por apreensSes cexcessivas do que artitinado por wma seguranca confiante demais. Diligence sobretudo pela paz de meu proprio pais, mas demodo nenhum despreocupado com ado seu, gostaria de comunicar mais amplamente o que a principio era destinado apenas & sua satsfar0 particular, Mantereia ter ém vista os seus assuntos e continuarei 2 me dirigie a0 senhor. Concedendo-me a liberdade da relasio epistolar pego licenga de expressar meus pensamentos, e também ‘meus sentimentos, tal como eles me vém 4 mente, com muito pouca atenggo a método formal. Vou comesar com os trabalhos da Revolution Society; mas nio me limitarei ales. Serd possivel que cea devesse? Parece-me como se eu estivesse em meio a uma grande crise, nto dos assuntos da Franca somente, mas de toda a Europa, talvez dé mais do que a Europa. deradas todas as circunstincias, a revolui¢io francesa € a coisa mais espantosa que jé- _aconteceuno mundo. As coisas mais maravilhosas slo provocadas, ‘em muitas instincias, pelos meios mais absurdos ¢ ridicules: e dos smodos mais tidiculos; ¢ aparentemente pelos instrumentos mais despreziveis. Tado parece fora da nazureza nesse estranho caos de Jeviandade e ferocidade, e de todos os tipos de crimes misturados com todas as espécies de oucuras. Ao ver essa monstruosa cena tragicdmica, seguem-se necessariamente as paixées mais opostas, € 4s vezes misturadas umas as outras na mente: alternadamente riso Ligrimas; escdmnio e horse. £12) Neo se pode nega no enrante que a alguns essa cena esta riha aparecia sob ponto de vista totalmente diverso, Nees ela no o os de exaltago e arrebatamento. feito na Franga senfo um ficme € inspirava outros sentimentos Eles nada viam no que tinha comedido exercicio de liberdade; tio condizente, no todo, com a moral e com a piedade, que 0 faria merecedor no s6 do aplanso secular de arrojados politicos maquiavélicos, mas de torné-lo um tema adequado a todas as devotas efusbes de eloguéncia sacra Na manhi de 4 de novembro tltimo, o Br. Richard Price, um eminente ministro ndo conformista, pregou no templo dissidente do velho Bairro Judeu, a seu clube ou sociedade, um extraordindrio sermo vatiado, no qual alguns bons sentimentos moras ereligiosos, ce nio mal expressados, se misturam em uma espécie de mingau de diferentes opinises teflexdes politicas: mas a revolusio Francesa €o grande ingrediente do calde teansmitida pela Revolution Society & Assembleia Nacional, por meio do Conde Stanhope, como tendo-se originado nos prineipi- . Considero a mensagem 08 do sermifo, ¢ como um corolitio deles. Foi motivada pelo pre- gador daquele discurso. Foi passada pelos que vieram trescalando por efeito do sermio, sem nenhuma censura ou qualifcacio ugho a Eawca We limitante, expressa ou implicita. Se, no entanto, algum dos cava Iheitos envolvidos quiser separar o sermao da resolusZo, eles sabern como reconhecer um e desautorizar 2 outra. Eles podem fazé-lo: ex nfo posso. [7 Bu, por minha parte, encarei aquele sermo como a declaracio |) piblica de um homem mito ligado a cabala lerdria‘ As in | dos filésofos; a teél | patria quanto no exterior. Sei que o estabeleceram como tma es pécie de oréeufo; porque, com as methores intengées do' mundo, cle naturalmente fiipiza, ¢ entoa seu canto profético em unissono Lecato com os propésitos deles. [13] Bese sermio & em tom que actedito nao ser ouvido neste reino em nenbum dos pilpitos nele tolerados ou estimulados, desde 0 ano de 1648, quando um predecessor do Dr. Price, o Reverendo Hugh Peters, fez a abshada da capela do proprio rei em St. James vibrac com a honra ¢ 6 privilégio dos Santos, que, com os “altos Jouvores de Deus em sua boca, e uma espada de dois fos em suas anos, deveriam executar julgamento dos ateus, ¢ impor castigos aq “poe; prender seus res com cadeias,e seus nobescom grilhées de ferro”.* Poucas arengas oriundas do pilpitn, exceto no tempo de sua liga na Franga, ou no tempo de nossa solene liga e alianga na oglaterta, alguma vez respiratam menos © espitito de moderagio do que essa prelegio feita no velho bairro judeu. Suponhamos, entretanto, que algo semelhante a moderacio fosse visivel nesse sermao politico: ainda assim, 2 politica e o pilpito sio termos que tém pouca concordincia entre si. Som nenhum deveria ser ouvido na igreja, ¥ Salmo edz. a sendo a voz aliviadora da caridade cristd. A causa da liberdade civil e do governo civil ganha tio pouco quanto a da religiio com essa confusdo de deveres. Os que abandonam o cariter que Ihes € pro~ prio. para assumir o que no hes pertence, ficam, na maior parte, ignorantes tanto do cariter que deixam quanto do que assumem. Totalmente desfamiliarizados com © mundo em que gostam tanto de se mistarar, e inexperientes em todos os seus negécios ¢ assuntos, sobre os quais se pronunciam cony'tanta confiansa, eles nfo tém sada de politica senio as paixées que despertam. Com certeza a ‘greja é um lugar onde deveria ser concedido um dia de trégua as dissens6es ¢ animosidades da humanidade. Esse estilo do pilpito, revivido apés intereupsio tio grande, teve para mim o ar de novidade, e de uma novidade nfo totalmente sem perigo. Nao atribuo esse perigo igualmente a cada parte do conformismo; ea montar, cada um deles, uma casa de oragao separada sobre seus préprios. principios particulares! E um tanto notivel ca deveriam, se iio conseguem encontrar um culto for da Igreja que aprovam, RerLexoes soaRé 4 RevoUGKO NA FRANGA 57 que esse revesend ministra ge moste to avido pela eriagio de owas igrejas € to perfetamente indiferente quanto a doutrina aque pode ser ensinada nelas. Seu zilo € de um carter curios. Ele io é pela propagagio de suas proprias opinides, mas de quaisquer opiniBes. Nao é pela difusio da verdade, mas da contradigio. Que os pobres professores apenas discordem, nfo imporca de quem ox de qué. Esse ponto capital uma vez estabelecido, & dado como certo que sta tligio seri racional e viril Duvido que a zligiéo cotha todos os beneficios que o ministro caleulista computa serem cbtidos dessa “grande companhia de grandes pregadores”. Seria certamente um valioso aaréscimo de indefinidos 4 ampla colegio de classes, géneros e espécies conhecides, que no momento embelezam 0 hort sus da dissidéncia. Um sermito de um nobre aque, ou nobre marqués, ou nobte conde, ou basio corajoso, ce- tamente aumentaria ¢ diversficaria os divertimentos desta cidade, aque comega a ficar saciada da ronda uniforme de suas insipidas issipagbes, Eu deveria apenas estipular que [15] esses novos Mas- Jens usando as insgoias da pequena nobreza deveriam manter a- gum tipo de limites nos princpios democriticos niveladores que so esperados de seus enobrecidos pilpitos. Os novos evangelistas ‘io desapontar, ouso dizer, as esperangas que se conceber dees. les no hao de se tornar, literalmente, bem como figurativamen- te, ministros polémicos, nem estarzo dispostos a tzeinar suas con- gregaydes para que elas possam, como no abengoado tempo anti go, pregar suas doutrinas a regimentos de dragGes ¢ unidades de lando um exemiplo de vill ho erature podem prestat sociedade ¢ a0 mundo”. Sermo do dr. Price p. 18. EpMUo Buake 158 jnfantaria ¢ artiharia. Esses arranjos, por mais favordveis a causa da liberdade compulséria, civil e religiosa, podem mio ser igual- mente favoréveis para a tranquilidade nacional. Espero que essas pouess restrigties nfo sejam grandes expanses de intolesincia, nem ito violentos exercicios de despotismo. Mas posso dizer de nosso pregadon “tina igi ta la dei J tempore saevitied”. Todas as coisas neséa sua bula fulminante nfo so de tendéncia tio indcua, Suas doutrinas afetam nossa constituigio, em suas partes vitais. Ble diz. A Revolution Society, nesse sermio politico, que sua majestade “é por ser 0 ico que deve sua coroa & exolke de seu pow”. Quanto 20 seis do mundo, todos 0s quais (exceto um) esse sumo pontifice dos Ets dos bortns; com toda 2 plenitude, e com mais do que a ousa- dia do poder papal de deposisio no auge de seu fervor do século XM, enquadra em um artigo abr de excomunhdo ¢ andte- Iongicude e latitude, considerar a solidez do snico Iheitos reconhecem que um rei da Gri-Bretanha tem direito 4 vassalagem deles. [16] Essa doutrina, conforme aplicada ao principe ora no trono britdnico, ou €um disparate, e portanto nem verdadeira nem falsa, ou afirma uma posigio profundamente infundada, perigosa, ilegal _sinconstitucional. De acordo com esse médico espiritual da poli- | tica, se sua majestade nio deve sua coroa a escolha de set. povo, | | nio é um rei legitimo. Ora, nio pode haver maior inverdade do que a de que a coroa deste reino ¢ assim possufda por sua majesta. de, Portanto, se seguir sua regra, o rei da Gri-Bretanha, que com toda certeza nfo deve seu elevado cargo a alguma forma de cleisig popular, nfo é em qualquer respeito melhor do que 0 resto do rando de usurpadores, que reinam, ou antes, roubam, por toda a superficie deste nosso desgrasado mundo, sem nenhum tipo de | diteito ou merecimento & vassalagem de seu povo. A politica dessa doutrina geral, assim qualificada, 6 bastante evidente. Os _propagadotes desse evangelho politico tém a esperanca de que seu ‘principio abstrato (seu principio de necessiria para a existéncia legal da desconsiderado enquanto o rei da Gré-Bretanha nio fosse afetado “por ele. Nesse meio-tempo, os ouvidos de sua congregagio se ha- bituariam gradualmente a ele, como se fosse um principio bisico admitido sem discussio. Por enquanto, ele s6 Funcionaria como tuma teoria, preservada nos caldos conservantes da eloguéncia do pilpito e deixada para uso futuro. Condo etcomponoquse mux depromere possi Por essa politica, enquanto nosso governo & apaziguado com uma ressalva em sett favor, & qual ele no tem nenhum dircito, a seguranga, que ele tem em comum com todos os governos, na medida em que opiniio € seguranga, é retirada Assiin esses politicos seguem em frente, enquanto pouca aten- 0 se dé.a suas doutrinast mas quando eles sio examinados quan- ‘to a0 simples significado de suas palavras e a tendéncia direta de suas doutrinas, ento entram em jogo equivocos e elaboragSes escortegadias, Quando eles dizem que o rei [17] deve sua coroa 3 Eowuso Bune 160 escolha de.seu povo, e & portanto 0 dinico soberano legftimo em todo o mundo, entio eles talvez nos digam que nfo pretendem com isso lembrar mais do que o fato de que alguns predecessores do tei foram chamados 20 trono pelo mesmo tipo de escolha; ¢, portanto, ele deve sua coroa 3 escolha de seu poro. Assim, por um jnfeliz subcerfiigi, eles esperam tornar segura sua posigzo, fazen- do-a sem valor, Eles so bem-vindos ao refiigio que buscam por sua transgressio, uma vez que tentam asilar-se em seu desatino. Pois, caso se admita essa interpretagio, como a ideia deles de elei- cio difere da nossa ideia de heranga? E como o estabelecimento da coroa na linhagem de Brunswick, devivada de James I, ver a lega- Jizar nossa monarquia, em vez da de algum dos paises vizinhos? Em um momento ou outro, é claro, todos os iniciadores de dinas- tias foram escolhidos por aqueles que 0s convocaram a governat. Hi base suficiente para a opinifio de 9s reinos da Buro- pa foram, em um periodo remot com maiores ou meno- rs limitagdes nos objetos de escolha; mas, sejam quais forem os reis que possa ter havido; aqui ou em outra parte, mil anos atrés, ou seja de que maneira as dinastias governantes da Inglaterra e da Franga possam ter comegado, o rei da Gri-Bretanha ¢ hoje rei por a determinada de sucessio, de acordo com as leis de seu sio. Os herdeiros e sucessores de sua majestade, cada qual a’seu BRE A Revouscso 4 FRavca tempo ¢ ondem, acedert & coroa com 2 mesma indiferensa pela escolha deles com que sua majestade acedeu 4 coroa que usa. Qualquer que possa ser 0 sucesso da evasio a explicar [18] 0 lamoroso erro de ft, qual supe que sua majestade (embora ele a possua em concorsfncia com as vontades) deve sa coroadesco- tha de seu povo, nada, no entanvo, pode evadir sua completa decla- aga explicita, respeitante 20 principio de um direto do povo de escother, direito que é diretamente mantido e firmemente apoia- do. Todas as insinuagbes obliquas concernentes a eleigées basei- amese nessa proposigio e séo atributveis a ela. Para que 0 funda- mento do direito legal exclusivo do rei nfo s¢ torne mera conversa fiada de liberdade bajuladora, 0 téélogo politico passa dogmaticamente a afirmat* que, povo da Inglateira adquiru tes dsetos famdamentais, odes os quails, com ele, compéiem um sistema ¢ retnem-se em uma curt sentenga: a saber, que adquirimos o diteito de: 3. “Format um govetno para nos mesmos”. Essa nova, ¢ até agora inédita, declaraglo de direitos, emborafeira cam nome de todo o povo, pertence Aqueles cavalheiros ¢& facgio Geles apenas. A massa do povo da Inglaterra nfo tem participasio ala, Fles a tejeitam ingeiramente. Eles resstirio & sva imposiga0 “Petiea com suas vidas sons fortunas, Sio obrigndos a fzé-o FP 34 Discutso sobte o Amior pelo nosso Pais, do dr. Price EoMuno Bunce 162, selas leis de seu pats, elaboradas na época dessa Revolusio mesma, a que agora recorrem em favor dos direitos ficticios reivindicados pela sociedade que insulta seu nome. esses senhotes do antigo Barto Jute, em todos os seus tacioi- ios sobre a Revolugio de 1688, tém uma revolugio que aconte- ceuna Inglaterra, cerca de quarenta arios antes, ea recente revoluco francesa tio diante de seus olhés, € em seus coragdes, que mente confundem todas as trés. E.necessdrio separar 0 sue eles [19] confandem. Devemos reportar suas fantasias equivocadas aos ator da Revolugdo que reverenciamos, para a descoberta de seus verdadeiros prinpios. Se os prindpias da Revolugio de 1688 tiverem de ser encontrados em algum lugar, seré no estatuto chamado_Deeleragao dé Dircitos. Nessa declaragio sata, sébria © pondetada, tragada por grandes * ¢ nio por entusiastas calorosos e inexperientes, nfo € dita uma palavra nem é feita qualquer sugestio sobre um | dis ral “de escolher nossos proprios governantes; de demiti- | por prevaricagio e de formar um governo para tiés préprios”. | Essa Declaragio de Direitos (lei do I* de Guilherme e Mary, s. 2, cap. 2) é a peda angular de nossa constituigio, conforme con- solidada, explicada, melhorada, ¢ em seus principios fundamentais para sempre estabelecids, Chama-se "Uma lei para declarar os diteitos ¢ liberdades do stidito, ¢ ps si tabdlecer a sucesso da coro’. € essa sucessio So declarados luvelmente. Alguns anos apés esse petfodo, apresentou-se uma segunda opor- tunidade para assegurar um direito de eleicio para a coroa, Na Como se observard, esses dix em um corpo, ¢ unidos indi sche Na Feasen perspectiva de total falta de descendéncia do Rei Guilherme e da Princesa, mais tarde Rainha Ana, a consideragio sobre o estabelecimento da coroa, ¢ de uma seguranga adicional para as liberdades do povo, voltou a colocar-se para a legislatura. Dessa segunda vez fizeram alguma provisio para legalizar a coroa sobre 108 espicios principios de Revolugio do antigo Bairto Judeu? Nao. Eles seguiram os principios que prevaleciam na Declaragio de Direitos, indicando com mais precisio as pessoas que deveriam far na. sm protestante. Essa lei também incorporava, pela mesma politica, nossas liberdades e uma sucessio hereditiria no lixeito de escolher nossos proprios wernantes, eles declararam que a suessio nessa linhagem (a_ inhagem protestante, tasacla a partic de James J) era absolutamente necesséria “para [20] a paz, seguranga e ranquilidade do reino”, que era igualmente usgente para eles “manter uma atace na sua sues, para que 0s siiditos possam recorser com seguranga d sua “protegiio”, Essas dias les, nas quais se ouvem os nunca equivocados fe munca amb{guos oriculos da politica de Revolusio, em vez'de apoiar as previsies delizantes, em estilo cigane, de um “direito de escolher nossos governantes”, slo como uma demonstrasio de como a sabedoria da nagio era totalmente avessa a ransformar um caso de necessidade em norma legal. Inguestionavelmente, houve na Revolusio, na pessoa do Rei Guilherme, um pequeno ¢ temporitio desvio da ordem rigorosa de sucessio hereditiria regular; mas é contra todos os principios genuinos de jurisprudéaciaextrair um principio de uma lei feita em um caso especial, ¢ em consideragio a um tinico individuo. Privilegiam nom tran in exemplam, Se algum dia howve wm momento Bowuno Buexe 164 favorével paca estabelecer 0 principio de gue um rei de escotha , sem nenhuma diivida foi na Revolu- $80. O fato de nfo ter sido feito nessa ocasido é uma prova de que popular era o tinico re a nagio era de opiniio de que nio deveria ser feito em momento algum. Nao ha pessoa tio completamente ignotante de nossa histéria a ponto de nfo saber que a maioria de ambos os partidos no paslamento estava tio pouco disposta a algunia coisa parecida com esse principio que, de inicio, estavam determinados a colocar a.coroa vacante nfo na cabesa do Principe de Ozange, mas na de sua esposa, Maty, filha do Rei James, a primogénita da prole desse rei, que reconheciam como indubitavelmente dele. Seria repetir uma hiseéria misito barida reevocar a sas memérias todas as cir- cunstincias comprobatérias de que a aceitagio deles do Rei Guilherme néo foi propriamente uma exolha; mas, para todos aqueles que néo queriam efecivamente reconvocar o Rei James, ow inundar o pais de sangue e voltar a expor sua religizo, leis ¢ regalias da liberdade ao perigo de que haviam acabado [21] de escapar, foi um ato de nessidade, no mais rigoroso sentido moral cem que se pode entender esta palavea. No proprio ato em’que, por algum tempo, e em um tinico caso, o Parlamento afastou-se da ordem rigorosa de heranga em favor de ‘um principe que, embora nio o préximo, estava, no entanto, muito. perto na linha de sucessio, & cusioso observar como Lord Somers, que redigiu 0 projeto de lei-chamado de Declarasio de Direitos, comportou-se nessa ocasiio delicada. E curioso observar.com que destreza e habilidade ele age para que essa temporiria solugio de continuidade nio dé na vista, enquanto tudo que se pudesse en- contrar nesse ato de necessidade para dar apoio 4 ideia de uma Rercexors soars 4 REVOLUGEO Na FRANCA 165 sucessio hereditisia € apresentado, promorido ¢ realcado, ¢ apro- vyeitado ao méximo por esse grande homem e pela egislarura que o seguin, Abandonande o estilo seco imperativo de um decreto do parlamento, ele lera os lords e os comuans 2 descatibar para uma piedoajaculatia legislaiva, € a dedlarar que consideram “uma rmaravilhosa providéncia e misericotdiosa bondade de Deus para com esta nagdo preseivar as pessoas régias das referidas majescades para muito divosamente reinar sobre n65 ne toma de sus ances, pelo que eles remibuem, do fundo do coragio, com seus mais hur ildes Jouvores e agradecimentos”. A legislatura claramente tinha emvista a Lei de Reconhecimento do primeiro da Rainha Elizabeth, capiealo terceito, ¢ do de Jemes I, capitulo primeio, ambas as le fortemente declaratérias da natureza hereditéria da coroa; € em mnitas partes seguem, com uma precisie quase literal, as palavras «até a forma de ago de’gracas que se encontram nesses antigos estavugos declaratérios. AAs duas clmaras, na lei do Rei Guilherme, nio agradeceram a Devs por tetem encontrado uma boa oportunidade de afirmar 0 direito de escolher seus préprios governantes, muito menos de fazer de uma eleigio o snico dinito lgel 8 coroa. O fato de verem estado em condicio de evitar a mera aparéncia disso, tanto quanto possi- vel, foi entdo considerado uma saida [22 providencial. les langa- ram um bem tecido véu politico sobre qualquer cizcunstincia ten- dente a enfraquecer os direitos que, aa aperfeisoada ordem de su- cessdo, pretendiam peeperuar; ou que pudesse abrir um precedente para algun fururo afastamento do que eles haviam entio resolvide para sempre. Coerentemente, para que no pudessem relaxar a for ga de resolugio de sua monarquia, para que pudessem preservar Bowexo BunKe 166 mia estreita conformidade com a pritica de seus ancestrais, tal ‘como se mostrava nos estatatos declaratérios da Rainha Mary* e dda Rainha Elizabeth, no artigo seguinte, eles, por reconhecimento, javestiram suas majestades de todas as prerrogativas da coroa, de- darando “que, nelas, essas prerrogativas so mais plena, legitima ¢ jateiramente investidas, incorporadis, unidas ¢ anexadas”. No az tigo que se segue, para impedir questionamentos, por motivo de slgam dizeto pretendido & coroa, cles declaram(observando tam- bpém nisso a linguagem tradicionalista, bem como a politica tradi- covalista da nasio, € repetindo, como de uma rubrica, a linguagem das leis precedentes de Elizabeth e James) que da preservacio de “uma certea na SUCESSAO deles dependem inteiramente, sob as ios de Deus, a unidade, paz e tranquilidade desca nagio”. Eles sabiam que um direito de sucesso duvidoso se pareceria demais com uma eleisdo; ¢ que uma eleiglo seria totalmente des- “aruciva da “unidade, paz e tranquilidade desta nagio", o que eles achavam ser considerages de alguma importincia. A fim de pro- | mover esses objetivos e, portanto, excluir pata sempre a doutrina do antigo Bairro Judeu de “um diteito de escolher nossos proprios governantes”, cles seguem com um artigo, contendo um solenissizno ‘compromisso, tirado da precedente lei da Rainha Elizabeth, o com- promisso e voto mais solene que jé foi ou pode ser feito em favor de uma sucessio hereditéria, ¢ amas solene rentincia que se pode~ ria fazer dos princfpios a eles imputadds por essa sociedade. “Os Tors, espirituas e remporais, e os comuns, em nome [23] de todas as pessoas acima mencionadas, muito humilde e sinceramente FT de Mary. 3, cap. L. xa FRANCA submetem a si mesmos, seus herderese posteridade para sempre; © sincera mente prometem que protegerao, manterio e defenderto as men- cionadas majestades, e também a limitagao da coroa, neste instrumen- to especificada e contida, ao maximo de suas forgas”, etc., etc. ‘Tio longe esté de ser verdade que, pela Revolugio, tenhamos adquirido 0 direito de eleger nossos reis que, se 0 houvéssemos possuido antes, a nacio inglesa naquele momento muito solene- mente renunciou e abdicou a ele, por si propria e por toda a sua posteridade, para sempre. Esses senhores podem dar-se quanto valor quiserem por seus prinefpios Whigs; mas no desejo em absoluto que me achem ser um Whig melhor do que Lord Somers; ou entender os princ{pios da Revolugao melhor do que aqueles pelos aquais ela foi realizada; ou ler na Declaragio de Dizeitos qualquer mistério desconhecido para aqueles cujo estilo penetrante gravou em nossas praticas, ¢ em nossos coracdes, as palavras e 0 espirito daguela lei imortal E verdade que, ajudada pelos poderes derivados de forgat opor- tunidade, a nado naquela época estava, em certo sentido, livre para as livee tomar o rumo que bem quisesse para preencher o trono; somente para fazé-lo sob os mesmos pretextos pelos quais poderi- am ter abolido totalmente sua monarquia, e qualquer outra parte de sua consticuigio. No entanto, eles nfo achavam que transfor- magdes tio ousadas fizessem parte de sua incumbéncia. E de fato dificil, talvez impossivel, impor limites a mera competéncia abstrate do poder supremo, al como era exercido pelo parlamento naquela época; mas os limites de uma compéténcia mora, sujeitando, mes- ‘mo em poderes mais indiscativelmente soberanos, a vontade oca- sional 2 razo permanente, ¢ as méximas constantes de fé, justia, Epaewo Boake 168 e politica firsdamental estabelecido, sio perfeitamente inteligiveis e perftitamente obrigatérios para aqueles que exercem alguma autoridade, sob qualquer nome, ou a qualquer titulo, no estado. A Cimata dos Lords, por exemplo, ndo é [24] moralmente competente para dissolver a Camara dos Comuns; nio, nem mesmo para | dissolvera simesma, nem para abdicar, se quisesse, da sua parte na Jegislatura do reino. Embora um rei possa abdicar por sua propria pessoa, no pode abdicar pela monarquia. Por uma tazio tio ou mais forte, a Cimarz dos Cémuns no pode renunciar & sua parcela deautoridade. Q cor da sociedad, que geralmente 0, peofbe essa invasio ¢ essa rendigao. tes constituintes de um Estado sio obrigadas a manter seu | compromisso publico uma com a outta ¢ com todos os que | dependem de seus compromissos para interesses sétios, tanto | | quanto o Estado todo ¢ obrigado a manter sua palavra com comunidades isoladas. Sendo, competéncia ¢ poder logo se confundiriam e nenhuma lei restaria, sendo a vontade de uma forga predominante. Por esse principio, a sucessio da coroa sempre foi o ¢ € agora, uma sucesso hereditéria por lei: na linha antiga, era \ uma sucessio pelo direito consuetudinirio; na nova, pelo diteit estatutério, operando ros principios do direito consuerudindt rio mudando a substancia, mas regulando o modo e descrevend. as pessoas. Essas duas deserigdes do diseito tém a mesma forga e | devivam de uma autotidade igual, emanando do acordo comutn do pacto original do Estado, communi sponsione reipublica, e como tal | sio igualmente obrigatérias, para o tei ¢ para o povo. também, na! medida em que seus termos forem observados, e eles continuem 0 mesmo organismo politico, Reeuexdas soaks 4 Revowwcso wa FRasea 169 Estd longe de ser impossivel reconciliar ~ se n6s proprios no suportarmos ficar presos nos labirintos da sofistica metafisica~0 tuso tanto de uma regra fixa quanto de am desvio ocasional; 0 catéter sagrado de um principio de sucessdo heredicéria em nosso governo, com um poder de mudanea em sua aplicasio er casos de extrema emergéncia. Mesmo nessa situago extrema (se tomarmos a medida de nossos direitos pelo nosso exercicio deles na Revolu- 0), a mudanga deve sec limitads [25] 4 parte culpada apenas: parte que propiciou o necessirio desvio; e mesmo entio deve ser efetuada sem uma decomposigio de toda a massa civil e politica, com 0 propésito de originar uma nova ordem civil a partir dos pptimeiros elementos da sociedade. Um Estado sem os meios de alguma mudanga é um Estado sem os meios de sua conservagio. Sem esses meios, ele pode até arriscar a perda daquela parte da constituigio que mais devotamente gos- tatia de preservar. Os dois principios de consecvasio © corresdo funcionaram com forga nos dois periodos da Restauragio e da Revolusio, quando a Inglaterra achou-se sem um rei, Nestes dois periodos, a nasio perdera o elo de unio em seu antigo edificio; cles, no entanto, no derrubaram toda a estrutura. Ao contritio, fem ambos os casos regeneraram a parte deficiente da velha constimuigio pot meio das partes que no estaram prejudicadas. Elles mantiveram essas velhas partes exatamente como eram, para ‘que a parte recuperada lhes pucesse ser adequada. Eles agiram pe- los antigos estados constituidos na forma de sua velha organizacio, nfo. pelas moleular oxganicas de.um povo dis ‘mento nenhura talvez a legislanura soberana tenha manifestado mais tera consideragio por sex principio fimdamental de politica consti- ido. Em mo- EpwuND BURKE 170 tucional btiténica do que na época da Revolusio, quando se desviou da linha direta de sucessio hereditiria. A coroa foi um tanto afastada da linha que até entio vinha seguindo; mas a nova linha era derivada da mesma cepa. Ainda era uma linhagem de descendéncia hereditiria; ainda uma descendéncia hereditéria pelo mesmo sangue, embora uma descendéncia hereditaria condicio- nada por protestantismo. Quando a legislatuta alterou a diresa0 mas manteve o principio, os legisladores mostraram que 0 julga- . vam inviolével. Por esse principio, a lei de heranca havia acolhido algumas retificagoes ros velhos tempos, e muito antes da era da Revolugio. ‘Algum tempo apés a conquista, surgiam [26] grandes questies Iegais de descendéncia hereditaria, Tornou-se uma questio duvidosa se o herdeiro per capita ou o herdeino per sobre os princ stirpes deveria ter a sucesso; mas se o herdeiro per capita abria camintho quando a sucessio per stipes acontecia, ou o herdeiro catélico, quando o protestante era preferido, o principio ‘patrimonial sobrevivia com uma espécie de imortalidade através ~ de todas as transmigragBes — mubosque por annos stat fortuna domus et «xi numerantur avorum, Esse € 0 espirito de nossa constituiso, no 36 em seu curso estabelecido, mas em todas as suas revolugbes. Quem quer tenha acedido, ou como tena acedido, se obteve 2 coroa pela lei, ou pela forga, a sucessio hereditiria foi continuada ou adotada. Qs senhores da Society for Revolutions nada vem na de 1688 Revotucao a FRanca m { tiva em muito poucas das instituigées positivas deste pais. Uma | vez estabelecida méxima injustificivel como essa, de que s6 0 trono | eletivo é legitimo, entdo nenhum decreto dos principes que | precederam a era da eleicio ficticia pode ser vilide. Esses tedricos pretendem imitar alguns de seus predecessores, que arrastam os corpos de nossos antigos soberanos para fora do sossego de seus simuloe? Seri que pretendem desonrar e desqualificar retroativa- mente todos os seis que governaram antes dz Revoluglo, ¢ conse- quentemente macular o trono da Inglaterra com a manchia de uma uusurpagdo continua? Pretendem invalidar, anular ou colocar em ‘questio; com os tieulos e direitos de toda a linhagem de nossos reis, aquele grande corpo de nosso direito estatutizio, instituido sob aqueles mesmos que eles agora tratam como usurpadores? Anular leis de valor inestimével para nossas liberdades e regalias ~ de pelo menos tio grande valor quanto qualquer uma que tenha sido aprovada no ou desde o periodo da Revolusio? Se seis, que io deviam a coroa [27] & escotha de seu povo, nfo tinham direio a fazer leis, © que seri do estatuto de tallego now conadende? — da petgio de dicta? — da lei do babeas corpus? Esses novos doutores dos direitos do Homem pretendem afirmar que o Rei James I, que ascendew & coroa como o seguinte na linhagem sanguinea, de acor- do comas segras de uma sucesso na época sem condiges, no foi para codos os fins um legitimo rei da Inglaterra, antes de ter feito alguma daquelas leis que foram justificadamente transformadas em uma abdicagio de sua coroa? Se ele aio foi, muitas dificulda- des no parlamento poderiam ter sido evitadas no perfodo que es- ses senhores-comemoram. Mas o Rei James foi um mau rei com sam bom tisulo, ¢ nfo um usurpador. Os principes que sucederam EDMUND Burke 172 deacordo com o decreto do parlamento que legou a coroa& Eleitora Sofia e a seus descendentes, sendo protestantes, acederam por um diseito de heranga tanto quanto o Rei James. Este acedeu de acor- do coma lei, conforme era vigente a época de sua acesso 4 coroa; 0s principes da Casa de Brunswick acederam a heranga da coroa iio, mas pela'lei, conforme vigia em suas diversas lescendéncia ¢ heranga protestante, como espero ter demonstrando suficientemente. A lei pela qual essa familia zeal € especificamente destinada sucessio € 0 decreto do 12° e do 13* do Rei Guilherme. Os termos esse decreto obrigam “a nds e nossos hinders, e nossa poteridade, a cles, seas benders, e sua postr dos tempos, nas mésmas palavras com que a declaracio de direitos nos obrigara 20s herdeiros do Rei Guilherme e da Rainha Mary. Ele, portanto, ante tanto uma coroalhereditéria quanto uma lealdade hereditstia. Sobre que base ou motivo, exceto 0 da politica constitucional, de formar um sistema para garantir esse tipo de teria meticulosamente rejeitado a escotha justa e abundante [28] que nosso proprio pais Ihes apresentava, para buscar uma princesa cestrangeira em terras estranhas, de eujas entranhas a linhagem de nossos fururos governantes viria.a derivar seu diseito a governar milhSes de homens 20 longo de uma série de épocas? ‘A Princesa Sofia foi indicada, na Lei de Deciso do 12%e 138do Rei Guilherme, para ser uma cpa e raiz de heranga para nossos res, © nfo por seus méi um poder, que ela propria poderia nunca exercer, como de fato 0s como uma administradora temporéria de nunca exerceu, Ela foi adotada por um motivo, ¢ por esse motivo apenas, pong, diz a leis “a exelentissima Princesa Sof, Eleitora Daaquesa usufrutiia de Hanover ta da exclesisima Princesa Flizabeth,filecida Rainha da Boémia, filha de nosso falecdo seshor sherno Rei James I de feliz meméria, e& por meio deste declarada como sendo a seguince em sicsso na linhagem protestante”, et, ete “e 2 corva continuar’ para os kerieies de seu corpo, sendo protestantes’, Poi fica pelo paslamento esa qualifieaio de que por meio da Princesa Sofia una lina patsimonial nko s6 deveia continaar para 0 Futuro mas (o que eles acharam muito substanci- al) que por meio dela esa linhagem visa a ser igada a velha cepa de heransa do Rei James I; 2 fim de que a monarquia pudesse preserva uma unidade iniaerrupta ao longo de todas as épocas ¢ pucdesse ser preservada, com Seguranga para nostasligo, no ve- Iho eaprovado modo por descendéncia, no qual, se nossa regalia foram uma vez ameasadas, las com frequéncia, em meio a todas 4s tormentas ¢ Iutas de prertogativa privlégio, foram preserva- as, Els izeram bem, Nenhuma experiéneia nos ensinou que POF outro caminho ou método que no o de urna cores bel, nossa liberdades podem ser tegularmente perpetuadas e mantidas convulsivo, pode ser necessirio para nos livrar de uma doenga irre~ gulas, convulsiva. Mas o,curso da sucessio é 0 [29] habito saudé- vel da constituigio britinica. Seré que falsou a legislatura, no de- creto para a limitagio da coroa @ linhagem hanoveziana,tirada por meio das descendentes femininas de James I, um devido senso das inconveniéncias de tet dois ou tts, ou possivelmente mais, estran- geiros em sucesso no trono britinico? Naot Elestinham um devi- do senso dos males qie poderiam advie desse governo estrangeizo, Bomuno Buake 174 4 mais do que ium devido senso deles. Mas nio se pode dar prova mais decisiva da plena convicsio da ndgo britinica de que os prin ° pins da Revolugio nfo os autorizavam a eleger reis conforme a ‘ua vortade ¢ sem nenhuma atenso aos antigos principiosFanda- snentais de nosso governo, do que eles continuarem a adotar um plano de sacesio hereditiria peotestante na vetha linhagem, com todos 08 perigos ¢ inconveniacias de ser ela umn Linhager estran- ggira bem diante de seus olhos, € operando com 2 mais extrema forsa sobre suas mentes. ‘Alguns anos ats eu me envergonharia de sobrecarzegar umm 23- ‘santo tio capaz de sustentar a si mesmo com o entio desnecessario apoio de algum argumento; mas essa doutrina sediciosa, jnconstitucional, é agora ensinada publicamente, declarada e pu- blicada. ‘ezes nos chegam a partir dos pilpitos; o espirito de midanga que _antipatia que sinto por revolugSes, cujos sinais micas se expandiu pata o estrangeiro; 0 total desprezo que prevalece entre 1s senhores, ¢ que pode vir a prevalecer entre nés, pot todas as antigas, quando postos em oposigdo 2 urn atual senso ia ou & tendéncia, de uma inclinagio atual: todas cessas consideragGes tornam aconselhivel, em minha opinio, tormar inclpios de nossas pes aconhectlas, ¢ nds continuemos a cultiviclas. Nio deveriamos,~ de qualquer dos dois lados do Canal, tolerar sermos enganados pelas mercadoria flsificadas que algumas pessoas, por dupla [30] trapasa, exportam para os senhores em porde: inereadorias naturais de cultivo inglés, embora totalmente alheias 20 nosso solo, a fim de mais tarde contrabandeé-las de volta para Rep es somne 4 RevoLugio SA FRanen 75 cote pas, manufscaradis segundo 2 mais recente moda parisiense de liberdade methorada. (/_© pove ds Inga ao vi macaque a mods que runes } experimentou; nem voltar Aquelas que, por experiéncia, achou da- | ninhas. As pessbas aqui encaram a sucessdo hereditria legal de sua roa.como entre seus direitos, nl entre seus eros} cOmO Um beneficio, nfo como um agtavos como uma seguranga para sua | libesdade, no como tum emblema de servidio. Elas encaram aco- |) trutura de sua comunidade nacional, tal cm le € agora como sendo de inestimavel valor; ¢ elas concebem a imperturbada sucesso da coroa como uma garantia da estabilidade e perpetuidade de todos |L 0s outros membros de nossa constivigo Pedirei permissZo, antes de avancar ainda mais, para registrar alguns reles artificios que os defensores da eleigzo como 0 tinica direto legitimo 4 coros estdo sempre prontos a empregat, a im de _ tormar a defesa dos principios justos de nossa consticuigo uma ‘tarefa um tanto'desagradivel. Esses sofistas recorrem a uma catisa ficticia e a personagens inventados, em cujo favor eles lhe dio como comprometido, sempre que o senhor defende a natureza patrimonial da coroa. E comum entre eles discutir comio se estivessem em conflito com alguns daqueles desacreditados fansticos da eseravi= dio, que antigamente afirmavam, o que, actedito, criatura nenkue ‘ma hoje afirma, “que a coroa ¢ possuida por diteito divino, heredi- trio ¢ ircevogivel”, Esses velhos fandticos do poder arbiteério vinico dogmatizavam como sea realeza hereditéria fosse o Gnico governo legitimo do mundo, exatamente como nossos novos fandticos do. Poder atbitrdtio popular sustentam que uma eleici nica fonte legal de autoridade. E verdade que os velhos entusias~ jopular é a Eowono Bunce 176 tas das prerrogativas especulavam insensatamente, e talvez impiamente também, como se 2 monarquia [31] tivesse mais san- Gio divina do que qualquer outro modo de governo; ¢ como se um, em coda digeito a governar por heranga fosse, a rigor, indsc pessoa que se devesse encontrar na sucesso a um trono, e sob qualquer circunstincia, o que nenhum dizeito civil ou politico pode ser. Mas uma opinio absurda respeitante a0 diieito hereditario do rei 8 corva nio prejudica outra que seja racional e findada sobre solidos principios da politica e do direito legal. Se todas as teorias absurdas de advogados ¢ clérigos fossem poluir os assuntos em que eles so, versados, niio nos westaria nenhuma lei, du religiio, no mundo. Mas uma teoria absurca sobre um lado de uma questio ni ¢ justficativa para alegar um fato falso, ou promulger méxi- mas maldosas sobre © outzo. AA segunda legac da Revolution Sciey& “um ditto de de- mitir seus governantes por prevricysie”. Talvez. as apreenstes que nnossos ancestrais nutriam quanto a criar um precedente como esse “de demitir por ma condusio do governo” tenham sido a causa de que. declaragio da lei que implicara a abdicasio do Rei James fosse, se tinha algum defeito, um tanto comedida demais e cit- cunstancial demais* Mas todo esse comedimento ¢ todo esse acimulo de circunsténcias servem para mostrar 0 espitito de cau- tela que predominava nos concilios nacionais, em uma situago na © “Queo Rei James I, tendo procarado submetr 2 costae do ino, rompen- do 0 contre orginal entze 0 ri @ 0 povo, ¢, por concelho dos jesus, © outtas [pessoas perversas, tendo violado’as leis fenders, e tendo vairado do rit abdicow do govern, e 0 trona esti, por sto, vavan” Reriexoss sone 4 REVOLUGKO Ns Franca "7 qual homens irritados pela opresslo, ¢ clevades por um triunfy 4 acima dela, tendem a abandonar-se 2 rumos violentos e extremos; isso demonstra a ansiedade dos grandes homens que influencia. ram a condusio dos assuntos naquele grande evento, por fazer da ( Revolugio uma genitora de acordos e estabilizasio, e nfo uma se. | menteira de futuras revolugSes. [32] Governo nenhum que pudesse ser derrubado por algo tio frowxo e indefinido quanto uma opiniio de “prevaticagio ot md condvta” se sustentaria por um s6 momento. Aqueles que lideraram a Revolusio nio assentaram a vicwl abdicagZo do Rei James sobre tal luz e principio incerto. Eles o actsaram dé nada menos do © propésito, confirmado por grande quantidade de atos ilegais leclarads, cle subwrier a lee co Esudo protestanies,esuas leis, regalias ~¢ liberdades fundamentais ¢ inquestiondveis: acusaram-no de ter al entre o rei eo povo. Isso era mais do que prevericugio, Una necessidade grave e dominadora os obrigou a to- mar a medida que comaram, e assim o fizeram com infinita relutincia, como sob a mais rigorosa de todas as leis. Sua Confianca na fatura preservacio da constituigio no estava em futuras revolucies. A grande politica de codas as suas regulamentasSes era tomar quase impraticavel, para qualquer futuro soberana, forsar 05 estados do reino a voltar a recorrer a esses remédios violentos. Eles deixaram a coroa como, na avaliagio e nd juizo da lei, ela sempre foi, perfeitamente isenta de responsabilidade. A fim de alviar a coroa ainda mais, eles agravaram as responsabilidades sobre os ministros de estado. Pelo estatuto do 2° do Rei Guilherme, 2% * chamada “ali par dedarar os dreitasereglias do site, e para etabelcr a sucesso da ore”, que eles decretaram, os ministsos deveriam servic & Epwunp Burke 178 P parlament nos termos dessa declaragio. Logo em seguida eles gatantiam, cote oenies de pata, pelas quais © gover inteizo esta oa ante inspesao € 0 controle aivo da representasio popular . i noes do reino. No grande decreto constitueional seguinte, eds! do Ie 1 do Rei Guilherme, para ainda maior limitagio da odo 12 » pelo garantia dos direitos eegalias do sito, eles proviam = eot0ts go sob a grande chancela da Inglaterra a [33] impeachment pelos comuns em F eivs, a constanteinspeszo do paslament, 0 pedo, pritico de sume, fo algo que consideraram ura segura infinicamente vralhon nao s6 pata sua Lbezdade constitacional mas conta os ios de admiistragfo, do que a reserva de um ditto tio diftc napritica to incero no resultado, ¢ frequentemente tio daninho vee conseguencias, quanto aquele de “demitir seus govemantes”, De. Price, nesse sermio*, cofidena muito corretamente a prética de ditigi as tis palaveas groscizas € de adulag. Em vez desse tetilo de maa gosto, ele prope que se diga 2 sua majestade, em geasito de congratulasées, que “ele deve considerar-se mais ‘exatamente como servidor do que como soberano de sex povo”. Como cumprimento, es nova forma de saudasdo no parece Set muito lisonjeira. Os que sio servidotes nominalmente, bem como de fito, alo gostam de ser lembrados de sua stuaso, seu dever © suas obrigagBes. © eseravo, na velha pega, diz seu senor: “Hate rai et quasi xprobta”. No &agradivel como curmprimen- to; nfo & benévolo como instrusio. Afinal, se-o rei se forgasse a conn Pp 22, 23, 24. LyoUUGKO NA FRANCA 79 It | \ ‘A egia decretada para o gorerno na Declaragio de | 1 | | fazer eco 2 esse novo tipo de saudasio, a admiti-lo em termos, ox mesmo a adotar 6 nome de Servidor do Povo como seu estilo real, como ele ou nés poderiamos melhorar com isso nifo consign imaginar. J4 vi cartas muito presungosas, assinadas: “Seu mui obediente ¢ humilde servidor”. A dominacio mais arrogance jamais sofrida sobre 2 terra assumia am titulo de ainda maior humildade do que esse agora proposto para os sobetanos pelo Apéstolo da Liberdade. Reis e nagdes foram pisoteados por alguém que se intindlava “o Servidor dos Servidores"; ¢ manda- tos para a deposiglo de soberanos foram chancelados com o sinere do “Pescador”. [34] Bu teria considerado tudo isso no mais do que uma espé- cie de discurso intsil insolente, no qual, como em uma exalagio repulsiva, diversas pessoas permitem que o espirito da liberdade se evapore, se nfo fosse dlaramente em apoio & ideia, e uma parte do plano, de “demitic ris por ms conduta”. A essa luz, a coisa merece tlgana observagio Reis, em-um determinado sentido, sio indubitavelmente os sex- vidores do povo, porque seu podet nfo tem outa finalidade racio- | nal sendo a do beneficio geral; mas no é verdade que eles sejam, | no sentido comum (20 menos por nossa constituigio), algo seme~ | thante a servidores; situago cuja esséncia é obedecer as ordens de | alguém mais, ¢ de ser facilmente destituido, Mas 0 rei da Gré- Bretanha no obedece a nenhuma outra pessoa: todas as demais nao sabe nem no de servidor, como esse humilde prelado o chama, mas de “nosso Eons Buaxe 80 goberano Rei e Seahor’s enés, por nossa parte, aprendemos a falar pena a fnguagem peimitira da lie no o jargon confuso de seus pilpicos babilénicos. ‘Como nao cabe a ele nos obedecer, mas cabe a nés obedecer a reg ejpele, nossa constitucéo nfo fez nenhum dpe de provisio no entido de tornéclo, como servidor, esponsivel em algam gra Nossa constituigo nada sabe sobre um magistrado como o justicia de Arag6n nem sobre qualquer tribunal legalmente nomeado, nem sobre nenhum processo legalmente estabelecido para submetet © rei A responsabilidade que cabe a todos os servidores, Nisso ele nfo se distingue dos lords ¢ dos comuns, que, em suas diversas anges piblicas, no podem ser chamados a prestar contas de sua conduta; embora a Revolution Society prefira afirmar, em diteta oposiso a uma das passagens mais sibias e mais belas de nossa constituigio, que “um rei nao € mais do que o primeito servidor do pablico, criado por ele, «responsive prante ek”. [35] Nossos ancestrais da Revolusio no teriam merecido fama como sbios caso nio houvessem encontrado seguranga para sua iberdade senio tornando seu governo ineficaz em suas operagées « precirio ein sua estabilidade: se nio tivessem conseguido inven- tar melhor remédio contra o poder arbitririo senio a confusio . Que esses senhores declarem quem & esse ptiblico representative i, como servidor, & respon- do qual quezem afirmar que sivel, Seté entdio momento mais que apropriado para que ex Thes presente a lei estarutéria positiva afirmando que ele nio é. A ceriménia de demitir ris, de que esses senhores falam com tanta facilidade, razamente pode, se & que pode, ser executada sem © iso da forga. Torna-se eno um caso de guetta, € no de cons- § S08Re & REVOLUCAO Na FRAN Br tituigio. As leis sio obrigndas'a conter a lingua diante des armas; e tribunais desabam com a paz que eles no conseguem mais man- ter. A Revolucio de 1688 foi conseguida fasta, no tinico caso em que alguma guerra, € muito mais uma meio de uma guerra ‘guerra civil, pode sex justa. “Justa bella quibus messaria”, A ques- ‘tao de destronar ou, se esses senhores preferem, “demitic” reis sempre ser, como sempre foi, uma questo de Estado extraordi- niria, ¢ totalmente fora dalei; uma questo (como qualquer outra questo de Estado) de disposigdes, e de meios, e de proviveis consequéncias, mais do que de direitos positives. Como nio foi feita para abusos comuns, entio no deve ser agitada por mentes comuns. A linha especulativa de demarcagio, onde a obediéncia facilmente definivel, Nio é um ato isolado ou um evento isolado que 2 determinam, Governos devem ser abusivos ¢ transtornados de verdade antes que isso possa ser aventado; ¢ a perspectiva do do as coisas esto nessa condigio lamentivel, a natureza da enfer- midade deve indicar 0 remédio Aqueles que a natureza habilitou a © 36] iministrar, em casos extremos, essa pogdo ambigua, critica e amarga a um estado tumultuado. A época, as conjunturas ¢ 3s es. Os sensatos determi- provocagdes ensinario suas propria nario pela gravidade do caso; os ievitéveis, por sensibilidade a opressio; os de principios elevados, por desprezo e indignasi0 diante de poder abusivo em mios indignas; os ousados e corajo- sos, por amot ao peri em uma causa generosa: mas, com, ‘ou sem direito, uma revoltgio seré o ultimissimo recurso dos bons e dos bem-pensantes. Eouxo BuRKe 182, A\ cercera categoria de dteito,afttmada pelo pilpito do antigo Bairro Judeu, ou seja, 0 “diseito de formar um governo para nés proprios”, com, pelo menos, tio pouca aprovagio por parte de qualquer coisa feita na Revolusio, seja como precedente ou em principio, quanto as duas primeiras alegagdes. A Revolugio foi feita para preservar nossas entigas leis ¢ libercades indiscutiveis, ¢ aguela antige constituicao de governo que € ndssa Unica garantia pata termos lei eliberdade. Se desejar conhecer 0 espiito de nossa o e a politica predominante no grande perodo que nos so até agora, peso-Lhe que procure ambos em nossas histérias, emnossos registros, em nossas leis do parlamento e didtios do patlamento, ¢ no nos ‘ermndes do antigo Baitro Judeu, ou nos brindes de depois do jantar da Revolution Society. No primeiro, enconttario outras ideias e outea linguagem. Tal prevensio é tio ~ nadequada a nosso temperamento ¢ nossos desejos que nio & corroborada por nenhuma aparéncia de autoridade. A ideia mes- ma da fabricagio de um novo governo é suficiente para encher-nos de repulsa ¢ horror. Desejévamos no periodo da Revolisio, como desejamos agora, derivar tudo que temos como uma beranga de massos “entpasaio, Tivemnos 0 cuidado de nao inocular nesse corpo enéssa cepa de heranga algum,enxerto atheio & natureza da planta origi- nal, Todas as reformas que até agora fizemos procederam do prin- idadé; e espero, ou melhor, [37] esto convencido de que todas aquelas que possanr ser feitas daqui por dante sejam cuidadosamente formadas sobte precedente, autori- dade e exemplo andlogos. Nossa reforma mais antiga 6a da Magna Carta O senhor veri ue Sir Edward Coke, aquele grande ordculo de nossa legislasao, ¢ BRE A REVOLUCAO NA FRANCA 83 J de fato todos os grandes homens que o seguiram, a Blackstone,* de nossasliberdades Eles tentam demonstrar que aquele antigo diploma, a Magna Carta do Rei Jodo [sem terra], estava ligado a um outro diploma positivo, sio diligentes em provara de Henrique I, e que tanto um quanto 0 outro eram nada mais que tuma reafirmasio da ainda mais antiga lei do seino. Para dizer a verdade, em sua maior parte esses autores parecem estar com a azo; talvez nem sempre: mas, se os advogados se enganam em alguns particulates, isso prova ainda mais fortemente a minha posisio; porque revela a forte simpatia pela antiguidade, que 4 as mentes de todos os nossos jusistase legisladozes sempre end ede todas as pessoas que eles gostariam de influenciar; e a politica sagrados como uma beng, | Na famosa lei do 3* de Carlos I, chamada de Paipio de Dirito, 0 arlamento diz a0 rei: “Vossos stiditos berdaram esta liberdade”, | reivindicando suas franquias com base nio em principios abstra- i tos como os “direitos do homem”, mas como os direitos dos ho- mens da Inglaterra, ¢ como um patrimdnio derivado de seus énce- | passados. Selden, e cutros homens profimdamente cultos, que minutaram essa peticio de dizeito, estavam pelo menos tio bem informados sobre todas as teorias gérais a respeito dos “dieeitos do homem” quanto qualquer dos oradores em nossos pilpitos, ou na cribuna dos senhores; inteiramente, tal: como Dr. Price on 0 Abade Sieyés. Mas, por motivos dignos daquela sabedoria prética que suplantava sua ciéncia te6rica, eles preferiram esse diteito be Vera Magna Carta de Sir William Blackstone, impressa em Oxford, 1759. Eosuna BuRKe 184 itis positivo ¢ [38] registrado a tudo que possa ser caro a0 shomem ¢ a0 cidado, aquele vago direito especulativo que expu- sha sua heranga garantida a ser objeto de disputa e despedagada por qualquer desregrado espirito litigioso. ‘A mesma politica permeia todas as leis que desde entio foram feitas para a preservagio de nossas liberdades. No 1 de Guilherme ¢ Mary, no famoso estatuto, chamado de Déclaracio de Direitos, as duas cimaras no dizem uma silaba sobze “o direito de formar tum governo para si mesmos”. O senhor vera que todo 0 cxidado io, as leis ¢ Hbertlades, possuidas ha tanto tempo, ¢ que haviam sido recentemente ameagadas. “Levando* na deles foi garantir a mais sétia consideragio.os melhores meios para formar un sistema tal que sua religido, les eliberdades pudessem no correr 0 perigo de voltar a ser subvertidas”, eles auspiciam todos os seus trabalhos apontando como alguns desses mlores meios, “em prineirs lugar" fazer “coo seus ancestras ens cases smelbantescostamavam fazer pata-jus- iflcar seus antigos direitos e liberdades: proclamé-l”; e entio rogam ao rei e a rainha “que possa ser prcamads e decretado que, todos ¢ ‘sleds, os direitos e libexdades afirmades ¢ proclaniades so os verdadei- 108 antigos e indubicaveis direitos e liberdadies do povo deste reino” (O senhor observaré, da Magna Carta a Declarasio de Direitos, | que foi politica uniforme de nossa constituisio mivindicare afirmar tam pattiménio que pertence especialmente ao povo deste reino, sem nenhuma referéncia que seja a algum outro diseito mais geral *PGeM REFLENOES SOBRE A REVOLUGEO NA ERANCA | owanterior. Pot esse meio nossa constituicao preserva uma unidade | em to grande diversidade de suas partes. Temos uma coroa | patrimonial; uma nobreza patrimonial uma Camara dos Comuns | um povo herdeiros de privilégios,franguias e liberdades de uma longa linhagem de ancestrais. [39] Essa politica parece-me ser 0 tesultado de profunda refle xo; ou entio o efeito feliz de seguir a natureza, o que ¢ sabedoria sem reflexdo, ¢ acima dela. Um espirito de inovagio é geralmente o resultado de una disposigio egoista e de pontos de vista limita dos, Jamais terd expectativa de posteridade gente que nunca relembra © exemplo de seus ancestrais. Além disso, © povo da Inglaterra sabe bem que a ideia de heranga fornece um princfpio seguro de conservagao, ¢ um principio seguro de transmissio, sem de todo io de melhoramento. Deixa livre a aquisicio; excluir um p sas garante 0 que adguire. Quaisquer vantagens que sejam obtidas ‘por um estudo avangado sobre essas miximas séo fismemente trancadas como em uma espécie de arranjo de familia; seguradas ' como em um tipo de inalienabilidade eterna. Por uma constitucional, fancionando segundo o padréo da narureza, rece- bemds, retemos ¢ transmitimos nosso governo e nossos privilégios da mesma maneira como aproveitamos ¢ transmitimos nossas pro- piiedades e nossas vidas. As instituigSes da politica, os bens da fortuna, as dédivas da providéncia so passados, para nds € por ns, no mesmo rumo e ordem, Nosso sistema politico encontra-se em justa corzespondéncia ¢ simetria com a ordem do mundo, ¢ com o modo de existéncia determinado para um corpo pertnanen- te composto de partes transitérias; pelo que, por meio da disposi- fo de uma sabedoria extraordindria, unindo em um s6 mold a EoMunp BuaKe 286 agande misterosa incorporaio da raga humana, osodo em sm decerminado momento, nunca € velho, ou de meia-idade,.ou jo- ‘jem, mas, em-uma condicio de constincia imutvel, segue em frente jo longo do vatiado sistema de decadéncia, queda, renovasio © progressdo perpétuas. Assim, weservando o método da natureza_ ra conducio do Estado, naguilo que melhotamos nunca somos totalmente novos, no que conservamos nunca ficamos totalmente gbsoletos. Aderindo dessa maneira ¢ nesses principios a nossos “ancestrais, Somos guiados nao pela supersticio de antiquarios, mas pelo espirito de analogia filoséfica. Nessa [40] escolha. deheranca, demos & nossa estrututa de organizacio politica. imagem de uma .| slagio de sangue; amarrando 2 contigo de nosso pals com | nnossos mais caros lagos domésticos; adotando nossas leis funda | mentais no Ambito de nossas afligées familiares; mantendo insepa- rdveis e cultirand com o calor de todas assis beneficfncias, ma- | suamente refletidas juntas, nosso Estado, nossos lates, nossos se- | paleros e nossos altares. ‘Ateavés do mesmo plano de conformidade & natureza em nossas instituigbes artificias, ¢ ecorrendo 3 ajuda de seus infaliveis € po- + derosos instintos, pata fortficar as frégeis e faliveis invengdes de nossa razio, derivamos diversos outros beneficios, ¢ estes nada pequenos, do fato de considerarmos nossas regalias e liberdades sob a luz de uma hetanga. Sempre agindo como se na presenca de ancesttais canonizadés,o espirito da liberdade, que por si s6 leva a anarquia e a0 excesto,¢ temperado com uma formidavel gravidade. Essa ideia de uma descendéncia liberal inspira-nos com um senso “de dignidade nativa habitual, o qual impede aquela insoléncia ‘presungosa que inevitavelmente se apodera dos que sfo 0s primeiros 63 soune » Revolucto Na Franca Ri 87 a adquirie qualquer distingio, ¢ os arrasta na ignominia. Por esse meio, nossa independéncia torna-se uma nobre liberdade. Ela ostenta um aspecto imponente e majestoso. Ela tem uma nobre linhagem e ancestrais ilustees. Bla possui suas lagrimas e seu brastio de armias. Ela tem sua galeria de retratos; suas inscrig&es em monumentos; seus registros, provas e iftulos, Conseguimos reveréncia para nossas instituiges civis segundo principio pelo (qual a natureza nos ensina a reverenciat os homens isolados; por conta de sua idade; e por conta daqueles de quem eles descendem. Nenhum de vossos sofistas pode conseguir algo mais bem adaptado a preservar uma liberdade racional resoluta do que 0 rumo que seguimos, e que foi escolhido por nossa natureza e nfo por nossas especulagdes, por nossos coragées mais do que por nossas inven- es, para serem as grandes estufas e depésitos de nossos direitos e privilégios. [AT] Os senhores poderiam, se tivessem desejaco, ter aproveitado nosso exemplo e ter dado & sua recuperada liberdade uma cortes- pondente dignidade. Seus privilégios, embota intetrompidos, nko se perdecam para a meméria. Sua constituigdo, é verdade, enquan- to esteve fora de sua posse, soften perda e dilapidasio; mas os senhores possufam em algumas partes.as muralhas, e em todas as fandagées, de um castelo nobre e venerivel. Poderiam ter restaurado essas maralhas; poderiam ter edificado Sobre essas antigas funda- igdo foi suspensa antes de ter sido aperfeigoada; ges. Sua cons mas os senhores tinham os elementos de uma cot io praticaznente tio boa quanto se poderia desejar. Em seus antigos Estados possulam aquela variedade de partes correspondente as variadas categotias de que sua comunidade era afortunadamente EoMUND BURKE 188 ‘composta; tinham toda aquela combinagio, e toda aquela oposigio de interesses, tinham aquela aco e contraposigio que, nos mundos natural e politico, do confronto recfproco de forgas discozdantes, obtém a harmonia do universo. Esses interesses opostos ¢ | conflitantes, que os senhores consideravam como micula tio grande | “em sua antiga ¢ em nossa atual constituicao, interpdem um controle salutar a todas as resolagSes precipitadas; eles tornam a deliberacio uma questio nfo de escolha, mas de necessidade; eles tornam toda mnudanca objeto de coniliaga, o que cles produzem compesits, evitando o doloroso mal de reformas precipitadas, rudimentares, incondicionais; e tornam para sempre impraticivel todo e qualquer uso impensado de poder atbitrério. Por meio dessa diversidade de membros ¢ interesses, a liberdade geral teve santas segurancas e garantias quantas eram as visdes diferentes nas diversas ordens; enquainto, pressionando o todo sob 1 peso de uma teal monarquia, as partes isoladas teriam sido impedidas de se deformar e recuar de seus lugares designados. Os senhotes tinham todas essas vantagens em seus antigos como se munca tivessem sido moldados za forma de uma sociedade civil [42] e fizeram tudo comesar de Estados; mas resolveram: novo. Comesaram mal, porque comesaram desprezando tado que lkes pertencia, Formaram seu comércio sem um capital. Se as ages de seu pais pareciam sem muito brilho a seus olhos, poderiam té-las deixado passar e derivado suas reivindica- ses de uma rasa de ancestrais mais antiga. Sob uma piedosa pre- dilesio por esses ancestrais, suas imaginagées terlam materializado neles um padrio de virtude e sabedoria, acima da pratica vulgar do ‘momento; ¢ 08 senhores se teriam elevado com 0 exemplo a cuja FLEKOES somRE 4 Ri 8 ‘Ao Na FRAN imitagio aspiravam. Respeitando seus ancestrais, texiam {doa respeitar a si mesmos. Nao teriam decidido considerar os | feanceses como um povo de ontem, como uma nagdo de desgrasa- dos servis ¢ malnascidos até o ano emancipador de 1789. A fim de, A custa de sua honra, fornecer a seus apologistas aqui uma desculpa pata diversas atrocidades suas, nfo teriam ficado contentes em ser representados como um bando de eséravos fugidos, subitamente libertados da casa de servidio, e que, portanto, deviam ser petdoados pelo abuso da liberdade a que nao estavam acostumados,e para a qual eram mal preparados. Nao teria, meu digno amigo, sido mais prudente que tivessem considerado 0 que ex, pot minha parte, sempre considerei sobre vocés, uma nasio igenerosa e galante, h4 muito desviada, para sua desvantagem, pot seus sentimentos elevados ¢ rominticos de fidelidade, honra ¢ lealdade; que os eventos thes foram desfavoriveis, mas que os senhores no foram escravizados por meio de alguma disposi¢ao Liberal ou servil; que em sua mais dedicada submissio foram movidos por um principio de espitito paiblico, e que era 0 seu pals a entender que, na ilusdo ‘do mais longe do que seus sibios ancestr constituigio de seus ancestzas, os senhores voltassem os olhos para seus vizinhos desta terra, que mantiveram vivos 0s antigos principios e modelos da telha lei comum da Europa melhorados e adaptados a seu atual Estado ~ seguindo sébios exemplos, os senhores teria EoMunn Buss 190 dado 20 mundo novos exemplos de sabedoria. Teriam tornado 2 causa da libesdade venevivel aos olhos de todas as mentes dignas am todas 25 nagSes. Teriam feito a terra envergonhar-se de seu despotismo, demonstrando que a liberdade é nio 6 reconciliével, sas que, quando bem disciplinada, torna-se acessoria lei. etiam fido um rendimento no optessivo, mas produtivo, Teriam tido am coméscio préapero pata alimenti-lo. Teriam tido uma Esses direinos metafisicos penetrando na vida comum, como raios de luz penetram por um meio denso, sofrem, pelas leis da nature~ i za, uma refrasio de sua linha zeta. De fato, na rudimentar e com- politicamente falsos. Os direitos dos homens estio em uma espécie de posigio median, incapazes de serem definidos, mas nio impossiveis de serem discernidos. Os direitos dos homens nos governs so suas vantagens; ¢ esses costumam estar’em equilibrio. centze diferengas de bem; em meio-vermo 3s vezes entre beme mal 6, as vezes, entre mal mal. célculo; somando, subtraindo, malt pplicada massa de paixées e preocupagSes humanas, os direitos pri- mitivos do homem sofiem uma tal variedade de reftagSes e refle- razfo politica ¢ um principio de indo e dividindo, Jmoralmente, ¢ nfo metafisita ou matematicamente, denominagSes 0s, que se torna absurdo falar deles como se contintassem na simplicidade de stia direcio original. A natureza do homem é in- s da sociedade sto da maior complexidade morais verdadei portanto, nenhuma simples disposigio ou diregio de poder seré adequada ou & natureza do homem, ou & qualidade de Por esses tedricos, 9 direito do pov é quase sempre ofisticamente confundido com sex poder. O cozpo da comunida- seus neg6cios. Quando ouso falar na simplicidade de invengdo dle, sempre que consegue passar a agit, no pode softer nenhama EMuxD BURKE Ri orn « Revowucko wa FRawga 224 225 + gesioréncia efetiva; mas, até que poder ¢ direito sejam 2 mesma | coisa ocospo tod dees rif ser ners dieio incompatiel com a vistude, ¢ com a primeira de todas as vireudes, a prudéncia. Os homens nfo tim nenhum direto ao que nto érazofivel e 20 que no para seu benefico; pois, erbora um eseritoragradvel rena dito: Lat rie puts quando um dees, diz-se, teria pulado, a sangue-frio, wnas chamas de uma revolugdo vulcinica, Ardent frigdus Acar inst, considezo essa galhofa muito mais uma injustifcive licensa poética do que uma das franquias do Parnaso,e fosse poeta, ou clézigo, ou politico, aquele que escolheu enercer ese tipo de dieito, acho que pensamentos mais bios, porque mais caridosos, me instigariam antes 2 [74] salvar o homem do que a preservar suas bronzeas chines como monumentos de sua loucura. comum dos garotos na escola — cm permit saws class mumerosa syrames. No estado comet das coisas, ele produ em ia pais como ‘noss0 08 piores eftitos, mesmo na causa daquela liberdade que ele sola coma dissipacio de uma especulagio extravagante. Quase todos os republicanos de boa criaso da minha época tornaram-se, apos tum breve periodo, os cortesios mais decididos e consumados; eles Jogo deisaram a fungio de uma resistencia tediosa, modetads, po- stm pritica, para aqueles de nbs que, no orgulho ena embriaguez de © as teotias, eles desprezaram como no muito melhores do que ‘ores, A hipoctisia, € claro, delicia-se nas mais sublimes especula- es pois, nunca pretendendo ir além da especulagio; no custafazé- Ja maghifica. Mas, mesmo em casos nos quais se deveria suspeitar mais de leviandade do que de trapaga nessas grandiloquentes r «que pedem somente uma resistincia limitada, ou, como posso dizer, resistEncia civil e legal, em casos como esses ndo empregam resistin cia alguma, Com eles, é ou uma guerea ou uma revolusio ou é nada. Achando seus esquemas politicos no adaptados & condigio do mundo em qué vivem, muitas vezes passam a nio fazer caso de chum principio piblico; e estio prontos, por sua parte,aabandonar por um interesse muito trivial o que acham de valor muito trivial. Alguns, de fato, io de natureza mais firme e perseverante; mas esses jo politicos zelosos, saidos do parlamenio, que ttm pouco para bandonar seus projetos favoritos. Tém constantemente em vista alguma mudanga na Igreja, ou no Estado, ou em ambos. Quando € esse © caso, eles so sempre maus cidadlios e ielagSes perfeitamente inseguras. Pois, considerando seus propésitos Rurusxaes somes 4 Revouu 27 expeculativas como sendo de um valor infinito, sein qualquer estima 08 arranjos teais do Estado, no minimo tornam-se indiferentes, ¢ a concreta onganizagio do estado como de nenhum apreso, si0 no methor dos casos indiferentes a esse respeito. Nio veem mérito algam no bem, nem falha no gerenciamento corrupto dos nego: puiblicos; cles mais exatamente rejubilam-se com esse tltimo, como, mais propicio a uma revolusio. Nio veem mérivo ou demérito em ‘no mais do que conforme eles possam promover ou retardar sew_ ‘propésito de mudanca: portanto, assumem, um dia, a prerrogativa mais violenta e forcaca, em outra hora, as mais extremadas idciag democtiticas de liberdade, ¢ passam de uma 4 outra sem nenhum, tipo de conside or causa, pessoa ou partido. Na Franga, os senhores estio agora na crise de uma revolucio, ¢ 1no tinsito de uma forma de governo para outta — no podem ver 6 carter dos homens exatamente na mesma situagio em que o vemos neste pais. Entre nés, ele é militante; entre os senhores triunfante; ¢ os senhores sabem como ele consegue agir quando sea poder & proporcional-a sua vontade. Nao se esperaria que ea lixhitasse essas observagSes a algama categoria de homens, ou [76] abrangesse todos 6s homens de alguma categoria dentro delas — [Not Ionge disso. Sou tio incapaz dessa injustisa quanto de manter me em termos com aqueles que professam principios de extremos; € gue sob 0 nome de religiio ensinam pouco mais do que politica destegrada ¢ perigosa. Q pior dessas politicas de revolusio € isto: Bpwunp Busse 228 ‘Mas, como essas ocasi6es talvez,nunca se apresentem, a mente recebe ‘uma mancha gratuita; eos sentimentos moraissofrem bastante, quan= do nenhum propésito politico é servido pela depravagio. Esse tipo de gente tio tomado por suas teorias sobre os diveitos do homem, aque esquece totalmente sua narureza. Sem abrir um novo caminho pass o entendimento, conseguiram bloquear os que levam.ao corasio, les perverteram em si mesmos, ¢ naqueles que os acompanham, todas as bem-colocadas afinidades do coragio humano. Esse famoso sermio do velho Bairro Judeu no transpira nada além desse espirito através de toda a parte politica. Tzamas, mas- sacres, assassiriatos parecem 2 algumas “para obter uma revolugio, Uina reforma barata e sem sangue, ‘una liberdade sem culpa, parecem coisa chocha e insipida ao seu paladar, Precisa haver uma grande mudanca de cendrio; precisa co efeito cénico; precisa haver um grandioso espetaculo para despertar a imaginacio entorpecida pelo desfrute de longos sessenta anos de seguransa ¢ 0 ainda nada animador repouso da prosperidade piiblica. O Pregador encontrou-os, to- dos, na Revolugio Francesa, Esta inspira um calor juvenil que Ie percorte 0 corpo todo. Seu entusiasmo se acende & medida que ele avangay e, quando ele chega sua peroragio, est totalmente em chamas. Vendo entio, do monte Pisg de seu puilpito, o livre, moral, feliz, florescente e glorioso estado francés, como em uma vista aérea panorimica de uma terra prometida, ele prorrompe eu quase poderia dizer “ teu ser, pois meus obbs ira « tua salva, ~ Bu vivi para ver uma Reriexose soone a REVOLLUGAO NA FRANEA 229 Aue de conhecimento, que derrubot a superstigio eo erro. Ex ivi para ver os drets do homer mais bem entendidos do que nunca; e, arfando por liberdade, nagSes que pareciam tet perdido a ideia dela. Eu vivi para ver Trina Milks de Pesocs,indignadas e resolu. tas, dizendo nio 4 escravidio, e exigindo liberdade com uma vox jnresistivel. Sou Rel conducido em triunfo, eu monarca arbitnrio render do-se a seus sidtos” Antes que ext prossign, devo observar que o Dr. Price parece sem divida supervalorizar as geandes aquisigées de luzes que ele obte- ve e difundiu nessa época. O século passado parece-me ter sido exatamente tio jluminado quanto. Ele teve, embora em um lugar diferente, um triunfo tio memorivel quanto esse do Dr. Prices € alguns dos grandes pregadores desse petiodo participaram dele, to animadamente quanto ele no triunfo da Franga. No julgamen- to do Reverendo Hugh Peters por alta traigéo, alguém depés que, quando 0 Rei Carlos foi trazido a Londees para se Apéstolo da Liberdade naquele dia condiazio trump. a testemunha, “sua majestade no coche com seis cavalos, ¢ Peters cavalgando a frente do tei, triuyfnte” O Dr. Price, quando fala como se tivesse feito uma descoberta, apenas segue um precedente; pois, apés 0 comeso do [78] julgamento do rei, esse precursor, 0 mesmo Dr. Peters, concluindo uma longa prece na capela real em Whitehall (ele havia muito triunfantemente escolhido set lugat), fisce: "estes vinte anos, oreie preguel;e agora posso dizer como gelho Simedio: Senbor, dese agora teu servo partir em par, pois meus olkos siram a twa salvagdo” * Peters no colheu os frutos de sua prece, pois ‘nem partiu to depressa quanto queria, nem em paz. Ele tornou-se (0 que eu sinceramente espero que nenhum de seus seguidores possa set asst pais) um sacrificio ao triunfo que conduits como Pontifice. Durante a Restauragio, fidaram talvez duramente de- mais com 0 pobre bom homem. Mas devemos a sua meméria ¢ a seus softimentos, que ele tenha tido tanta iluminagio e tanto zelo, que poderiam impedir o grande negécio em que ele estava en- rolvido, quanto qualquer um que o siga ¢ repita, nesta época, ¢ que assumisse para si proprio um direito exclusive a6 conheci- mento dos direitos do homem, e todas as glotiosas consequén- cias desse conhecimento. ‘Apés essa investida do pregador do antigo Bairro Judeu, que difere apenas em tempo e lugar, mas concorda perfeitamente com © espitito ¢ a letra do arroubo de 1648, a Revolution Society, os ffabricantes de governos, 0 heroico bando de destituidores de mo- narcas, eleitores de soberanos ¢ condutores de reis em tritinfo, pa~ voneando-se com uma orgulhosa consciéneia da difusio de conhe~ cimento, do qual cada membro obteve tio grande porgio no donativo, apressaram-se em fazer uma generosa difusdo do conhe- cimento que’haviam assim gratuitamente recebido. Para realizar ssa generosa comunicagSo, eles se transferiram da igreja do velho Sie Biel, vol. p. 360, p 363 Restexdes sone 4 RevoLUGAo mA FRANCA 3B Baitro Judeu para a London Tavern; onde o famoso Dr. Price, em quem a fimaga de seu tripode oracular nio se havia se evaporado, apresentou e teve aprovada a resolusio ou fala de congratulagio [79}, transtnitida por Lord Stanhope 4 Assembleia Nacional ca Franga. Encontro um pregador do Evangelho profinando a bela e pro- fética jaculatsria, comumente chamaca “mane diminis” feita duran te a apresentasio de nosso Salvador no Templo, com um arroubo pouco human e anormal, e aplicando-a 20 mais hortivel, attoz e aflitivo espeticulo que possivelmente jé foi apresentado a piedade ¢ indignagio da humanidade. Essa “condugio em triunfo”, uma coisa, na melhor hipétese, indigna de um homem e itreligiosa, que enche nosso Pregador com tais impios transportes, deve chocar, exeio, 0 gosto moral de qualquer pessoa bem-nascida, Divetsos ingleses foram os estupefatos e indignados espectadores daquele triunfo, Foi, a ndo ser que.nos tenham estranhamente enganado, ‘um espeticulo mais parecido com uma procissio de selvagens americanos, entrando em Onondaga, apés alguns de seus homicidios chamatios de vitéria, e levando para chosas cheias de escalpos pendurados a toda a volta seus cativos, subjugados pelos escfnios™ ¢ pauladas de mulheres tio ferozes quanto os proptios selvagens, muito mais do que parecendo a pompa triunfal de uma nagio ‘marcial civiizada — se uma nagao civilizada, ou qualquet homem que tivesse um senso de generosidade, fosse capaz de um triunfo pessoal sobre os derrotados eos afitos. Esse, meu caro senhor, nio foi o triunfo da Franga. Devo crer ‘que, como nasio, sentizam-se cobertos de vergonha e horror. Devo EDuunp Burze 232 er que a Assembleia Nacional acha-se em um estado da maior numilhasio, por nfo ser capaz de castigar os autores desse triunfo, wos que tomaram parte nele, e por estarem em uma situagZo na qual qualquer investigagio que possam fazer sobre o assunto deve ser privada at di apazéncia de liberdade ou imparcalidade. A des- calpa dessa Assembleia encontra-se nessa situagio; mas, quando aprovamos 0 que eles deven tolerar, isso & erm n6s a escolha degene- ada de uma mente viciada. [80] Com uma forsada aparéncia de delibecasio, cles votam sob o dominio de tama grave necessidade, Tomam assento no coracio, por assim dizer, de uina repsiblica esteangeita: tém sua residéncia em uma cidade cuja constituigio no emanou nem de uma carta de seu rei, nem de seu poder legislative. Nela estio cercados por tum exército recrutado nem pela autoridade da sua coro2, nem por ordem deles; e que, quisessem cles ordenar que se dissolvesse {nstantaneamente, clissolveria a eles. Nela fazém suas sessbes, depois que uma quadrilha de assassinos afugentou algumas centenas de seus membros; enquanto os que defendiam os mesmos principios moderados com mais paciéncia ou, melhores esperansas continuavam todos os dias expostos 2 insultos aviltantes e ameagas assassinas. Nela uma maioria, 4s vezes real, is vezes pretensa, ela propria cativa, forga um rei cativo a promulgar como éditos xégios, de terceira mio, os absurdos corrompidos de seus cafés mais licenciosos e amalucados. E notétio que todas as suas medidas sio” decididas antes de serem debatidas. E fora de divida que, sob 0 terror da baioneta, do poste de fuze da tocha langadla em suas casas, eles sto obrigados a adotar todas as medidas cruentas desesperadas sugeridas por clubes compostos de uma mistura Rertexons some a, RevoLucho Sa FRAnga B eet ar distincia a sua panacela, ou sua peste. Se for uma panaccia, nfo a queremos. Conhecemos as consequéncias [105] de remédios desnecessérios. Se for uma peste, (uma peste tal, que a precagio da mais severa quatentena deveria sér tomada contra ela. Ougo dizer por toda parte que uma cabal, intivulando-se filos6- fica, recebe a gl6tia de muitos dos Ulkimos trabalhos; que suas opines € sistemas slo 0 verdadero espiito aruante de todos eles. Nica soube de algum partido na Inglaterra, liteério ou politico, em qualquer época, conhecido por semelhante descrigio. Bla nto se compée, entre os seshores, daqueles homens, no € A quem.o vulgo, em seu estilo bronco € desgracioso, comumente chama de ateus € Jnfitis? Se fos, admito que nés também tivemos escritores dessa classe, aque fizeramn algum barulho em se tempo. No momento, repousait em duradouro esquecimento. Quem, nascido nos tltimos quarenta anos, leu uma palavta de Collins e Toland, Tindal, Chubb e Morgan, e toda aquela raga dos que se chamavam de Livre-pensadores? Quem hoje é Bolingbroke? Quem algum dia o lea ineiro? Pergunter aos livreiros de Londres o que foi feito de todas essas kuzes do mundo, Em tio poucos anos, sus poucos sucessores iso pasa a cripta de familia de “todos os Capuletos”. Mas seja li o que eles foram, ou do, entre nés eles foram ¢ sio individuos inteitamente isolados. Entre nds, eles mantiveram a natureza comum de sua espécie, e no eran gregirios. Nunca agiram corporativamente, nem ficaram conheci- dos como uma faogao no estado, nem presumnin-se que influencias- sem, nesse nome ou qualidade, ou paia os fins de uma tal facsZo, algum de nossos intereses priblicos. Se eles ceveriam assim exist © assim terem a permissio de agir, € uma outra questo. Assim como Eowonp Buaks 262 : ‘essas cabalas no existicam na Inglaterra, campouco o espirito de- tas reve alguma influtacin em estabelces a estrutura original de ross constitugio, ou em alguma das diversas emendas ¢melhorias que da sofies © todo fi feito sob 08 auspcis «€ confirmado pels sanges da rligito e le, © todo [106] emanou da simplicidade de nosso carstern de uma espécie de simpli- cidade nativa e cetdo de entendimento que durante um longo empo caracterzaram os homens que sucessiramente obtiveram suvoridade entre nbs. Essa disposigio ainda permanece, pelo me- ‘nos no grande conjunto do povo. Sabemos, ¢ 0 que é melhor, sentimos interiormente, que azeli-— gio ea fonte de todo o bem e todo.0 ‘onsolo.? Na Inglaterra estamos to convencidos disso, que no ta ferrugem de superstigao, com’a qual o absurco acumulado da mente humana possa té-la coberto com uma crosta no decorter dos séculos, que noventa e nove em cem pessoas da Inglaterra nfo preferissem & impiedade, Nunca seremos to tolos a ponto de con- vyocar tum inimigo a penetrar a substincia de algum sistema para remover suas cottupgées, supric seus defeitos ou aperfeigoar sua constrgio, Se 20s nossos dogmas religiosos algum dia falrar uma elucidacao a mais, no invocaremos 0 atefsmo para: explici-los. Nio duminaremos nosso templo com esse fogo impio, Ele ser ilumi- ce, qua pietate colatrligionis inn nim rebus imburae mentes haud sane {impiozam habere rationem. abhorrebunt ab ull ee a vera setenta. Cie. De Las 12. Feanca nado com outras lazes. Seri perfumado com outzo incenso que aio aquele trogo contagioso que é importado pelos contrabandis. tas da metafisica adulterada. Se nosso sistema eclesiéstico precisasse de uma revisio, nfo ha de ser a avareza ou a gantincia, piiblica ou privada, que empregazemos para fazer o balango, ou o recebimen- to, ow a aplicagio, de seus santificados rendimentos. Nao conde- nando violentamente nem o grego, nem 0 arménio, e nem, uma vez que as chamas jé amainaram, o sistema romano de religiio, preferimos o,protestante; no porque achemos que haja menos religito cristi [107] nele, mas porque, em nosso julgamento, hi mais. Somos protestantes no por indiferenga, mas por zelo. Sabemos, e temos orgulho de saber, que o homem €, por stta constituiso, um animal religios. 4 nossa raziio, mas nossos instintos; ¢ que ele nfo pode prevale- © ateismo € contra no sé cer muito tempo, Mas se, no momento do tumulto, ¢ em um delivio ébrio da bebida forte titada do alammbique do inferno, que na Franga est agora em fusiosa ebuligio, viermos a descobrir nossa nudez, jogando fora aquela teligitéo crista que até agora foi nosso motivo de orgulho e consolo, ¢ uma grande fonte de ci lizasio entre nés, ¢ entre muitas outras nagées, ficamos apreensi- vos (estando bem cdnscios de que @ mente nfo suportard um vicuo) de que alguma superstisio inculta, perniciosa e degra- dante, possa tomar o lugar dela. Por esse motivo, antes de tirar- mos de nosso sistema os meios humanos naturais de apreso ¢ estima, ¢ 0s entregarmos ao desprezo, como os senhores fizeram, ¢ por isso incorreram nas penalidades que bem merecem softer, desejamos que algum outro nos seja apresentado no lugar dele Entio formaremos nosso julgamento. EDMUND BURKE 264, Sobre essas ideias, em vez de altercar com sistemas estabeleci- dos, como fazer alguns, que transformaram sua hostilidade a es- «as insituigdes em uma flosofia euma religiio, nos apegamos fiel- mente a elas. Estamos decididos a manter uma Igreja estabelecida, ‘uma monarquia estabelecida, uma aristocracia estabelecida e uma democracia estabelecida, cada qual no grau em que existe, @ no em grau maior: Vou mostrar-Ihe agora o quanto possuiimos de cada cama dessas coisas. Foi o infortiinio, e nio, como esses senhores acham, a gléria dessa époce, que tudo tenha de ser discutido: como se a constitui- | fo de nosso pais devesse ser sempre motivo mais de alrercasio do que de contentamento, Por esse motivo, bem como para a satisfa- cdo daqueles entre os senhores (: meio) que possam querer aproveitar [108] alguns exemplos, aven- uro-me a perturbé-lo com umas poucas ideias sobre cada uma dessas instituiges. Nao acho que fossem insensatos 0s romanos antigos que, quando queriam remodelar suas leis, mandavam co- missérios para examinar as repiiblicas mais bem constituidas den- tro de sea aleance. Primeiro, pego vénia para falar de nossa instituico da Igreja, ~que éa ptimeita de nossas predilesses; no uma predilecio desti- tuida de razdo, mas que envolve uma profunda e extensa sabedoria. Ela € a primeira, atitima e a mediana em nos- sportando nesse sistema religioso, do qual esta~ ‘mos agora em posse, continuamos a agir com base no inicialmente recebido ¢ uniformemente continuado senso de humanidade. Esse senso, como um sibio arquiteto, nfo s6 construi a augusta estru- ugk NA FRANCA ha alguns assim em seu ura dos estados, mas também, como um proprietitio prudence, pata preservar essa estrutura da profanasio e da ruina, como tm a templo sageado, purgou de todas as impurezas da trapasa, da vio. Iencia, da injustica e da tirania a naséo, e solenemente e para sem.” pre consagrouva ea tudo que nela tem Fangio, Essa consagrasio se faz para que todos que participam do governo, no qual se encon- tzam na pessoa do proprio Deus, tenham dignas e elevadas nogées de sua Fangio e destinagio; para que sua espéranga seja cheia de imottalidade; para que nfo tenham em vista 0 misero espélio do momento ¢ 0 louvor passageiro do vulgo, mas uma existéncia s6li- da, peemanente, na parte permanente de sua naturezs, e uma fama «gloria permanentes, no exemplo que deixam como uma rica he- Zanga para o mundo. Esses ptineipios sublimes deveriam ser infundidos em pessoas de situagdes elevadas; em ibstituigées religiosas, contanto que pos- sam continuamente revivé-los e fazt-los vigorar. Todo tipo de ins- tituigdo moral, civil ¢ politica, ajudando os lagos racionais e natu- rais que ligam 0 entendimento ¢ as afeigées humanas [109] a0 divino, nao sio mais do que necessirias, a fim de construir essa ‘maravilhosa estrutura, o Homem; de quem é prerrogativa ser em. amplo grau uma criatura de sua propria feituray € que, quando feito como deveria ser feito, esti destinado a ocupar lugar nada trivial na ctiagdo. Mas, sempre que um homem é posto sobre ou- tz0s homens, como a melhor natureza deveria sempre presidir, ness caso mais particularmente ele deveria, © mais que fosse possivel, estar proximo de sua perfeigio. : Essa consagtasio do Estado, por ama instituigio religiosa do Estado, é necesséria também para operar com um saudével temor EoMerno Bune 266 Dope 08 cidadion Irs; porque a fim de gutantt sua Uberdade, | es deve desfurar de algumal determinada parla do poder pars eles portanto, uma religito lida ao Estado ¢ a seu dever : ara.com eletora-enda tas necessria do que ness soredades gm que 0 poro, pelos termos de sua stbmissio, esth imitado a sentimentos privados e 4 conducio de seus proprios interesses fusniliares. Todas as pessoas que possuem parcela de po- 1; deveriam ser fortemente inculcadas com a ideia de que agem sociedade. “Fs principio deveria ser ainda mais fortemente inculcado nas entes que conipGem a soberania coletiva do que nas de principes jsolados. Sem instrumentos, esses principes nada podem fazer. (Quem quer que use instrumentos, ao encontrar socortos, encontra tambézn impedimentos. Sea poder, portanto, nao & de modo al- gum completo; nem esto seguros em extremos maus-tratos. Essas pessoas, por mais elevadas que sejam por lisonja,arcogincia.e auto importincia, deveiam te consciéncia de que, cobertas ou nao pelo dlzito positivo, de um modo ou de outro tém de responder aqui smo pelo abuso de sua comissdo em conflanga. Se no forem , podem ser estranguladas 10] para sua seguranga con- ra qualquer outra rebelido. Assn vimos o rei da Franga vendido ‘por seus soldados em troca de um aumento de sua paga. Mas onde pelos proprios janissaros mantis aautoridade popular é absoluta e inrestrita, o povo tem uma con- fianga ein seu proprio poder infinitamente maior, porque muito mais bem fundamentada, Eles mesmos sfo, em uma grande medi= Reruexdes soens a RevoLugto NA FRANca 267 da, seus proprio instrumentos. Estio mais préximos de seus objetivos. Além disso, esto menos sob a responsabilidade de um dos maiores poderes controladores da terra, o senso de fama ¢ estima. A parcela de infimia com probabilidade de set o quinh3o de cada individuo em atos pitblicos ¢ deveras pequena; € a opera so da opiniio ¢ em proporsio inversa a0 nimeto dos que abu- sam do poder. Sua aprovasio de seus préprios atos tem para eles a aparéncia de um julgamento piblico em seu favor. Uma demo- cracia perfeita é, portanto, a coisa mais desavergonhada do mun- do. Sendo a mais desavergonhada, & também a mais temériria, ‘Homem nenhum teme em sua pessoa que possa tornat-se'sujeito a castigo, Cértamente, as pessoas em geral nunca deveriam: pois como todos 08 castigos servem como exemplo para a conserva- 0 do povo em geral, © povo em geral nunca pode tornar-se | objeto de castigo por alguma mio humana.* E, portanto, de infi- ita importincia que ndo se tolere que o povo imagine ser a sua yontade, mais do que a dos reis, o padtio de certo e ertado. Eles deveriam ser convencidos de que sio muito pouco habilitados, ¢ sautito menos qualificados, com seguranga para si proprios, a usar qualquer poder arbitrstio que sejas e que, portanto, eles ndo devem, sob uma falsa mostra de liberdade mas, na verdade, exercendo ‘uma dominagio invertida anormal, extrair tiranicamente dos que camprem as fungées do estado nio uma inteira devorio a seu interesse, 0 que ¢ seu direito, mas uma abjeta submissio 3 sua vontade ocasional; com isso extinguindo, em todos os que os servem, todo principio moral, todo senso [III] de dignidade, * Quieguid antleis peceatur intum, EoMenp Bure 268 zodo uso de julgamento e toda coetncia de cariter, enquanto, pelo mesnissimo proceso, se entegam como uma piesa adlequads, embora muito desprezivel, a ambicio servil de sicofantas populares cont cortesios bajuladores. Quando as pessoas se tiverem esvaziado de toda a ansia da yontade egoista, o que sem feligiio € totalmente impossivel que algum dia consigam, quando tiverem consciéncia de que exercem, eexercem talvez em um elo mais elevado da ordem de delegacio, 0 {simo, deve estar de acordo com aquela lei eterna imutével na qual vontade e razio sio a mesma coisa, terio | mais cuidado com 0 modo como colocam o poder em miios vis e | incapazes. Em sua nomeago para um cargo, nfo designardo o exer- | cécio da autoridade como uma fangio deplorivel, mas sagradas nao de acordo com seus interesses sordidos ¢ egoistas, nem com seus captichos isresponsdveis, nem com sta vontade arbiteérias mas conferizio esse poder (ante o gual qualquer homem pode miuito bem tremez 20 dar ot a0 receber) somente Aqueles em quem possam discernir aquela proporgio predominante de sabedoria ¢ virtude ativas, tomadas em conjunto e adequadas ao cargo, assim como pode ser encontrada na grande e inevitével massa mesclada das imperfeigSes e enfermidades hamanas. ” Quando estiverem habitualmente convencidos de que nenhum mal pode ser aceitével, seja no ato ou na permissio, para quem _ possuti uma boa esséncia, Serio mais capazes de extirpar da mente de codos os magistrados, cvis, edlesissticos ou militares, alguma coisa que guatde uma minima semelhanga com uma dominagio altiva e sem lei. RePLexoss soars & REvOLCAO Na FRANca 269 ‘Mas um dos ptimeizos e mais importantes princpios pelos quais a nasio e as leis sio consagradas € para que os seus donos tempo. risios ¢ inquilinos vtalicios, negligentes do que receberam de seus ancestrais ou do que € [112] devido 4 sua posteridade, nio ajam come se fossem os senhores totais; ndo pensem que esti entre seus direitos alienar o legado inaliendvel, ou promovet 0 desperticio da hetansa, destruindo a seu bel-prézer toda a estructura original de sua sociedade; ariscando deixar para os que vierem depois deles uma ruina em vez de uma habitasio e ensinando esses sucessores a respeitar suas criaySes tio pouco quanto eles proprios zespeitaram as instituigdes de seus antepassados. Por essa facilidad. inescrupulosa de mudar o Estado tanto, etantas vezes,¢ de tantos modos quantos sio os caprichos ou modas instaveis e variveis, toda a corrente e continuidade da nasio se romperiam. Nenbuxma geragio se poderia ligar com a outra. Os homens acabariam por's tomnar potice melhores do que as moscas de um vero, E, primeizo de sudo, a ciéncia da jurispradéncia, ongulho do intelecto humano, a qual, com todos os seus defeitos, redundncias + eerros, éa sxzio dos séculos reunida, combinando os principios de justca original coma variedade infnita dos interesses humanos, como ‘uma pilha de velhos ext0s eliminados, no seria mais estudada. A aatossuficiéncia pessoal ea arrogincia, companheiras certas de todos 9s que nunca tiveram a expeciéncia de uma sabedoria maior do quea ddeles prdprios, usurpariam o tribunal, Evidentemente leis certas, es- tabelecend fases invariéveis de esperanca e medo, no haveria para rmanter as ges dos homens em um certo curso, nem as oviencariam para um certo fim. Nada de estivel nos modos de possuir propriedades, ou de exercer FungSes, poderia formar uma base EeMuno Buake 270 sblida sobre a qual qualquer pai poderia refletir sobre a educagio de seu rebento; ou sobre seu futuro estabelecimento no mundo. Neahum principio seria introduzido desde cedo nos habitos. As- sim que 0 instrutor mais capaz.tivesse completado seu laborioso ‘curso de instituigio, em vez. de mandar para 0 mundo seu alusio, aperfeigoado em uma virtuosa disciplina, adequada para obter-lhe atengdo e respeito, em seu lugar na sociedade, ele encontraria tudo alterado; e que ele acabata por ser uma pobre eriatura, para 0 desprezo e escirnio do mundo [113], iguorante dos verdadeiros motives de estima. Quem poderia garantir que um terno e delica- do senso de honra batesse quasé com os primeiros pulsos do cora- #0, quando ninguém pudesse saber qual seria o teste de honra em ‘uma nagio variando consinuamente o padrio de sua moeda? Ne~ ‘ahuma parte da vida conservaria suas aquisigSes. Barbarismo ante a cléncia e literatura, inabilidade para com as artes e manufaturas, sucederiam infilivelmente a falta de uma educagio firme e constante ede um princfpio estabelecido; ¢ assim a propria nacéo em umas poucas gerasbes se desintegratia e se desmancharia em pé € ma pocira da individualidade, gradualmente se dispersando 20 sabor de todos os ventos dos cfs. Para evitar, portanto, os males da inconsténcia e da versatilida- ? de, dez mil vezes piotes do que os da obstinagio e do mais cego preconceito, nbs consarames o Estado; para que ninguém se aproxi- masse a fim de examinar seus defeitos ou corcupsées seno com a devida cautela; para que jamais se sonhasse em comegar sua refor- sma por sua subversto; para que s6 se abordassem as falhas do esta- do como se faz, com as feridas. de um pai, com pia reveréncia e txémula solicitude. Por esse sibio preconceito somos ensinados a Reruexdes sonae 4 RevOLUCKO Na FRANCA on olhar com hottor aqueles filhos de seu pais que esto sempre pron. tos a precipitadamente picar esse genitor idoso em pedagos e jogs lo no caldeisdo dos magos, na esperanga.de que por suas exvas venenosas e loucos encantamentos eles possam regenerar a consti- tuicdo paterna e renovar a vida de seu pai. A sociedade ¢ de fato um contrato. Contratos subordinados, para objetivos de mero intezesse ocasional, podem ser dissolvicos a vontade; mas o Estado no devetia ser considerado mada mais do que um acordo de parceria em um comércio de pimenta e café, chita ou tabaco, ou algum outto negécio inferior assim, para ser tomado como uma pequena ocupacio temporétia [[14] e ser dis- solvido conforme 0 capricho das partes. Deve ser encarado. com ‘outa reveréncia; porque no se trata de uma parceria em coisas sabservientes apenas 4 grosseira existéncia animal de uma navareza tempordzia e perecivel. E uma parcetia em toda ciéncia; uma parceria_ em toda arte; uma parceria em toda virtude ¢ em toda perfticio, ‘Como 0s fins dessa parceria nfo podem ser aleangados em maitas geragtes, corna-se uma parceria no s6 entre os que esto vivos, ‘mas entre os que estio vivos, os que morzeram e os que ainda vo nascer, Cada contrato de cada Estado claasula no grande conteato pri anatureza inferior coma superi invisivel, de acordo com um pacto fixo sancionado pelo juramento inviolével que sustenta toda natureza fisica e toda natareza moral, cata qual em seu lugar determinado, Ess vontade dos que, por uma obrigagio acima deles, e infinitameste superior, sio forgados a submeter sua vontade a ela. As corpora Epuuno Bure 272 ges municipais desse zeino universal nfo estio moralmente em iberdade para, conforme sua vontade, e sobre especulagdes de urna smefhora contingente, separar por completo e romper os liames de sua comunidade subordinada e dissolvé-la num caos associa, incivi ‘-desconectado de principios elementares. E a primeira e suprema snecessidade apenas, uma necessidade que no é escolhids, mas excolhe, uma necessidade essencial 4 deliberagio, que nio admite discussto nem exige evidéncia, que sozinha pode justificar um e- corso 3 anarquia, Essa necessidade niio ¢ nenhuma excesdo a regea; porgue essa necessidade é ela propria uma parte também daquela disposisio moral ¢ fisica das coisas & qual 0 homem deve ser obediente, de bom grado ou A forga. Mas, se aquilo que é nas submissdo a necessidade vier a se tornar objeto de esci iolada, a natureza desobedecida ¢ os rebeldes sio proscritos, expulsos ¢ exilados deste mundo de tazio, orem, paz, vireade e frutifera penitincia [115] para o mundo antag6nico de loucura, discéndia, vicio, confusio e softimento inti Esses, mea caro senhor, so, éram e acho que’pot longo tempo serdo 05 sentimentos da nio menos instruida e ponderada parte deste reino. Os que se incluem nessa categoria formam suas opini- jes sobre as bases em que pessoas assim deveriam formélas. Os ‘menos curiosos recebern-nas de uma autotidade da qual aqueles que a Providéncia destina a viver em encargo de confianga nao precisam sentir vergonha de depender. Essas duas espécies de homens seguem na mesma direc, embora para um lugar diferente. ‘Ambas seguem # ordem do universo. Todas conhecem’ou sentem esta grande verdade antiga: “Quod illi principi et praeporenti Deo ReFLexdes SOMRE A REVOLUCKO Na FRANCA 7 gui omnem hune mundum regi, hil eorum quae quidem fancy tertis acceptius quan conciliaetcoetus homintim jure sociati quae ivitates appellant.” Esse dogma da cabega e do coragio, eles 6 tiram nfo do grande nome que ele imediatamente evoca, nem do nome maior, do qual ele é derivado, mas daquilo que é a tnica coisa que pode dar verdadeiro peso ¢,sangi0 2 qualquer opinio jnstruida, a nanureza eas relagSes comuns dos homens. Conven dos de que todas as coisas deveriam ser fetas com referencia, e remetendo todas 20 ponto de referéncia a que todas deviam ser igidas, cles se acreditam obrigados, no apenas como individuos jsolados no santuario do coragdo, ou como congregados nessa con- iso pessoal, a renovar 2 meméria de sua clevada costae origem; sas também, em. seu catiter corporativo, a prestar sua homena- gem nacional 20 instituidor, autor e protetor da sociedade civ sem a qual o homem nio teria nenhuma possiblidade de chegar & perfeigio de que sua natureza & capzz, nem mesmo de aproximas- se dela remota ¢ fracamente. Concebem que Ele, que deu nossa dessa Sua vontade, que é 2 lei das leis e sol nnio podem achar tepreensvel que essa nossa fidelidade e homena- gem corporativa, que esse nosso secomhecimento de uma senhoria suuprema, ex quase disse essa oblagio do préprio estado, como uma digna oferenda no alsar-mor do Jowvor universal, deveriam ser executados, como todos os atos piiblicos solenes sfo execatados, em construgées, em miisica, em decoragio, em discurso, na | EDMUND BURKE 274 E gignidade de pessoas, de acordo com os costumes da humanidade, | rnados por sua nabareza; sto &, com modesto esplendor, com spa despretensioss com banda majestade e sobria pompa. Para aes propésitos eles acham que algama parte da siqueza do pals € : vrais otilmente empregada quanto pode ser para fomentar © ko de individuos. E 0 ornamento piblico. B a consolagio publica. ‘slimenta a esperanga pblica. O mais pobre dos homens encontra ela 2 propria importincia ¢ dignidade, enquanto a riqueza e srgulho dos individuos a todo momento tornam 0 homem de | posigio é fortuna humildes consciente de sua infetioridade, ¢ dlegradam e vilificam sua condigio. & pelo homem de vida humil- de, e para elevar sua narureza, e recordé-lo de um estado no qual os privlégios da opulénca cessaréo, quando ele for igual por nature zae pode set mais do que igual por vireude ~ que essa porsao da riqueza geral de seu pats € empregada e santificada, Garanto-the que ndo viso a singularidade. Dow-lhe opini8es que foram aceitas entre nds, desde tempos muito primordiais até este momento, com uma continua ¢ getal aprovagio, e de que estou deveras to imbuido, que sou incapaz de distinguir 0 que aprendi de outros dos resultados de minha propria meditagio. E-com base em alguns principios assim que amaioria do povo da Inglaterra, longe de achar ilegal uma instituisSo religiosa nacional, io acha legal estar sem ela, Na Franga, os seahores estio totalmente equivocacos no [17] acreditam que somos afeigoados ala acima detodas as outras coisas ¢ além de todas as outras nasBes; ¢, quando este povo tiver agido insensata ¢ injustficadamente em seu favor smo em algumas instincias ele com toda certeza 0 fez), em seus ptoprios ertos os senhores pelo menos descobririo seu zelo. RerLexOes s08R8 « REVOLUGAG NA FRANGA 275 Esse principio percorré todo o sistema de sua organizagio fica. Nosso povo niio considera sua instituigio eclesiistica conve. __niente, mas essencial a seu Estado; no uma coisa heterogénea ¢ ‘separivel; alguma coisa acrescentada para acomodasZo; que ele pode ox manter ou bora de lado, de acordo com suas ideias tem. pordtias de convenitncia. Ele a considera 0 fundamento de toda a ‘sua constituigdo, com a qual e com cada parte da qual ele mantém ‘uma iodissoliivel unio, Igreja ¢ Estado sio ideias tio insepardveis ‘em sua mente, que nunca uma é mencionada sem que se mencione © outto, Nossa educasio formada de modo a confirmar e fixar essa impressio, Nossa educagio esti-de certa maneira totalmente sas aniios de eclesifsticos, ¢ em todos os estigios, da infincia 4 vida de homem adulto, Mesmo quando nossa juventude, deixando escolas ¢ universidades, entra nesse mais importante periodo da vida, que comega a unis experincia e estudo, e quando, com essa visio, eles visitam outros paises, em vez de velhos empregados domésticos que vimos como governantes dos principais individuos de outras + partes, trés quartos dos que vdo para o exterior com nossos jovens nobres ¢ cavalheiros sio eclesifsticos; niio como mestres austeros, nem como meros seguidores; mas como amigos ¢ companheiros cde um cariter mais grave, ¢ no raramente pessoas tio bem-nascidas ‘quanto eles préprios. Com eles, como com parentes, esses jovens mais comumente mantém tima estreita ligasio 20 longo da vida. Por essa ligagdo concebemos que vincularios nossos cavalheiros 8 Tgteja; ¢ liberalizamos Igreja por um relacionamento com os principais personagens do pais. [118] Tio penitentes nés somos Epo Bu 276 quanto aos velhos modos e modas da insttuicao eclesiéstica, que muito pouca alterario foi feta neles desde o sécalo XIV ou XV; mantendo-nos fis, nesse particular, como em todas as coisas mais, ‘a nossa velha méxima estabelecida de nunca inteiramente nem de ‘uma vez nos desviarmos da antiguidade, Achamos essas velhas jnstituigSes, no todo; favordveis & moralidade e & disciplina; achavamos que etam suscetiveis de corregiio, sem alterar a base. ‘Ach4vamos que elas eram capazes de receber ¢ melhorar, ¢ acima de tudo preservar, as aquisigbes da citncia eda literatura, conforme a ordem da Providéncia as fosse sucessivamente produzindo. E, final de contas, com essa educagio Gética e monistica (pois ela na base & assim), podemos apresentar nossa teivindicaso de ama parcela tio ample antecipada em todos os avangos da ci artes ¢ da literatura, que iluminaram e adornaram o mundo moderno, quanto a de qualquer outra naséo da Europa; achamos {que uma causa principal foi nfo termos desprezado o pattiménio conhecimento que nos foi legado por nossos antepassados. Foi por nossa ligacio a uma instituigSo edlesiastica que a nagio esa ndo achou prudente confiar esse grande interesse fisnda- mental do todo a quem ela no confia nenhuma parte de seu servic ¢0 ptiblico civil ou militar, isto é, a vacilante e precicia contribui- se de individuos. Ela vai mais além. Ela com certeza nunca tole- rou e nunca tolerard que as propriedades fixadas da Igreja sejam convertidas em uma pensio, dependendo do tesouro, e que seja atrasada, retida ou talvez. extinta por dificuldades fiscais; dificul- dades que podem ds vezes passar por serem propésitos politicos, ¢ {que sio, na verdade, acarretadas pela extravagincia, negligéncia e voracidade de politicos. O povo da Inglaterra acha que tem moti- vos constitucionais, bem como religiosos, contra qualquer projeto de transformar seu clero independente ein pensionistas eclesidsti- cos do estado. Esse povo treme [119] por sua liberdade, pela infle- tncia de um dlero dependente da coro; treme pela tranquilidade peblica, pelas desonders de um lero faccioso, caso obrigassemn-no a depender de alguma outra coisa além da coroa. E, portasto, esse povo tornou sua Igreja, como seu re e sua nobreza, independents, Das consideragdes unidas de seligito e politica constitucional, por sua opiniio de um dever de fazer uma proviso segura para a cénsolaglo dos fracos e a instrugio dos ignorantes, ele ineorporou ce identificou as proptiedades da Igreja a massa de propriedade privada, da qual o estado nio 60 proprietirio, ou para uso ou para di amas apenas 0 guardiio eo regulador. Ele determinou que a provi- slo dessa instituigdo fosse to estfvel quanto 0 solo sobre © quat cla fica e nto devia variar com o Euripo de fundos ¢ agSes. (Os homens da Inglaterra, os homens, quero dizer, de luzés lideranga na Inglaterra, cuja sabedoria (se tém alguma) é aberta dizeta, sentisiam vergonha, como de um estratagema idiota de tra aga de profesar nominalmentealguma regio que, por suas ap6es, cles parecessem condenat. Se por sua conduta (a tinica linguagem aque raramente diz mentiras) eles pareciam encarar © grande prin efpio norteador do mundo morale do natural como mera invensao para manter o vilgo.em obediéncia, eles temem que com essa conduta derrubem o propésito politico que témem vista. Achariam dificil fizer com que outros acreditassem em um sistema 20 qual eles proprios manifestamente nfo deram nenhum crédito. Os Eosuno Bukke © 278 “objetivo na intituigso cles em todas as instituigGes, Foi- © evangelho ser pregado aos pobres era um dos grandes testes ce sua vedadeiramissio. Achar, portato, que no acreditam nele [120] o8 que nfo cuidam para, aque ele seja pregado aos pobres. Mas como sabem que a catidade “hes ensinado que a cixcunstan fo 6 limitada a alguima categcria, mas deveria aplicar-se a todos ‘9s homens que tém necessidades, nfo sto privados de uma devida ansiosa sensagdo de piedade pelas afligbes do grande niimero de jafelizes. Um gesto delicado ndo os leva a fugir, a0 fedor de sua arrogincia e presunsio, de dar uma atensio medicinal a suas péstulas ments ¢ fridas supuradas, Bes tim consciéncia de que instrusio religiosa é dé mais consequén ra cles do-que para quaisquer outros; pela grandeza da tent cexpostos; pelas importantes consequéncias que acompanh: orgulho © ambiso sob 0 uma consideragio da grossa respeito ao que mais importa 10s tribunais, ¢ no coriando de © povo inglts est convencido de qué lagdes da religiio so tio necessirias q tristeza nacional. Isso nio € privilégio deles, mas nisso esto tos a pagar sua plena quota 3s contribuigdes cobradas da mortali- dade, Querem esse balsamo soberano para seus suplicantes cuida~ dos ¢ ansiedades, os quais, sendo menos conhecedores das limita- Renee ss SORRE A RevoLusho Na FRaNca 279 das necessidades da vida animal, grassam sem limite e sio diversi. te constituigao cuidou, portanto, de que os que hao. de Gcados por infinitas combinagées nas regides agrestes e sem fron Ja presuigosa, os que serio censores sobre 0 jpstrais @ ignor teitas da imaginacdo. Falta alguma dédiva caridosa a esses nosso: io insolente, no viessem 2 incorrer, em seu desprez0, nem 2 inmios, frequentemente muito infelizes, para preencher o Kigubre vazio que veina em mentes que nada tém no mundo para Ihes dar esperanga ou temor; algo para libertar do langor mortal e da fadiga da sobrecarga os que nada tém para fazer; algo pata excitar um 4 petite pela existincia na enfastiada saciedade que acompanha todos os prazeres [[2T] que podem ser comprados, onde a natureza no 6 deixada a seu proprio processo, onde até o desejo € previsto e, | viyer de suas esmolas; nom isso tentaré os ros a negligenciar © Mindadeiro remédio de suas mentes, Por esses motivos, embora peor F egomos areligi, como algo que tvssemos vxgonha de mess amunicipalidades obscuras ou. aldeias nisticas. Nao! Faremos com james ptimeiro os pobres, e com solicitude paternal, no Gue se czalte sa fonte mitada em corte palamentos, Faremos dom que s¢ misture inteiramente por toda a massa da vida, fandindo-se a todas as classes da sociedade. © povo da Inglaterra sostrari 26s altivos potentados do mundo e a seus sofistastagatelas aoe uma naso lie, genera ¢ [122] informada honra os altos rpagistracos de sua Igrea; que ela nfo suportard que a insoléncia de siqueza e situlos, ou quaisquer outras expécies de ongulhosa portanto, a fruigdo, frustrada por planos meditados eestratagemas de prazer; ¢ nenhum intervalo, nenhur obsticulo se interpdem entre a vontade e a realizacdo. 7 © povo da Inglaterra sabe a pouca influéncia que os professores de religizo podem ter junto aos que sfo ricose poderosos hi muito pretest, desprezem com escinio o que ela admira com revertncis rem pretendain pisotear aquela nobreza pessoal adquitida, que tempo, e muito menos junto aos recéna-afortunados, se se mostram de uma maneira que de modo nenhum combina com aqueles com ‘0s quais eles se devem associat, e sobre os quais cevem exercer, em Jes pretenddem sempre que seja ¢ que frequentemente,é 0 fruto, ¢ ig no a recompensa (pois, qual pode ser a recompensa?), do saber, da piedade e da vireude. Esse povo pode ver, sem diffculdade ou resmungos, um arcebispo preceder um duque. Pode ver um bispo de Durham, ou um bispo de Winchester, em posse de dez mil libras anuais; e nfo consegue conceber por que esse valor estaré 2lguns cas0s, algo como uma autoridade, © que hio eles de pensar desse corpo de professotes, se nfo viram nele nenhuma parte ac ma do modo de vida de seus empregados domésticos? Se essa po- breza fosse voluntitia, sso poderia fazer alguna diferenca. Fortes instancias de abnegasio operam de forma poderosa em nossas em piotes mios do que propriedades de valor semelhante nas mnaos deste Conde ou daquele Fidalgo; embora talvez seja verdade que muitos cies e cavalos no sto mantidos pelos primeiros, mas alimentados com as vitualhas que deveriam nutrir os filhos do povo. E verdade que a renda toda da Igreja nem sempre é empregada, rmentes; um homem que no tem necessidades obteve grande liber- dade ¢ firmeza,e até dignidade, Mas como a massa de qualquer categoria de homens no é sendo composta de homens, e sua pobreza nito pode ser voluntiria, o destespeito que acompanha toda pobreza leiga nfo faltaré tampouco i eclesiéstica. Nossa Rarvexoes sone EpwuND BuRke {evQLUCHO Na FRAGA 280 } 28 até tiltimo xelim, em catidade; nem talvez devesse; mas aly.” "gq tambon 0 importa 0 quanto i860 nos agrade), mas coisa € geralmente assim empregada. E melhor cultivar vittsdy pa coisa deve SEE vyariado, quando a relagio desse corpo com o hhumanidade, deixando muito ao livre-art vee aleradas quando as mancizsy quando os miodos de vida, alguma perda para o objeto, do que tentar “uveras toda 2 ondem dos negécios humanos sofferam ama meras miquinase instrumentos de uma benevoléncia polities gy "cjagio. Acrditaremeos entio que esses reformadores cio mundo no total ganhard por uma liberdade sem a qual a virtage jastas, ndio como agora os consideramos, enganado- nio logra existir. 3 quando os virmos atirar seus préprios bens no ter suas proprias pessoas & austera disciplina Uina vez a nagio vendo estabelecido as terras da Tgreja comg’ propriedade, ela pode, consistentemente, no querer ouvir falar | nem de mais nem de menos. De mais e de menos sio traigfo conte = a propriedade. Que mal pode surgir da quanridade em qualquer indo, enquanto 2 suprema autoridade tem a plena, soberana superintendncia sobre isso, como sobze toda propriedade, para impedir toda espécie de abuso; e, sempre'que se faga um desvio dligno de nota, para dar-Ihe uma direso conveniente 20s prop tos de sua instituiso? gceja peimitiva. vn essas ideias arraigadas em sua mente, a plebe da Grie vanha, nas emézgéacias nacionais, nunca buscard securso no “gonfisco das propriedades da Igreja e dos pobres. Sactilégio ¢ pros- cio nfo esto entre os mods ¢ meios de nosso comit de sub- ancia. Os judeus de Change Alley ainda nfo ousaram dar a _cnrender suas esperangas de se hipotecarem as rendas pertencentes 4 Sé de Canterbury. Nao tenho medo de ser desmentido quando garanio que no hum homem plblico neste reino que'o se- shor nfo gostaria de citar; ninguém de nenhuin partido ox care- Na Inglaterra, a maioria de nés concebe que é inreja, cobiga e [123] malignidade com aqueles que so muitas vezes os iniciado- zés de sua propria fortuna, e nfo um amor pela abnegagio e mor- tificagio da antiga igteja, que levam alguns a olhar torto para as distingSes, honrarias erendas que, tiradasde ninguém, sio separadas 3 goria que nfo reprove o confisco desonesto, péfido e cruel. que a “Assembleia Nacional foi forsada a fazer daquelas propriedades que cca seu primeito dever proteger. ; [124] E com a enultagio de um pouco de orgulho nacional que lhe digo que aqueles dentre nbs que quiseram brindar as socieda- des de Paris coma taga de suas abominagdes se decepcionaram. O wibo da Igreja dos senhores revelou-se uma seguransa para as para virtude. Os ouvidos do povo da Inglaterra sio criteriosos. Eles escutam esses homens falando abertamente. A lingua deles os trai, Sua linguagem € 0 patos da trapaca, no jargio e no palavrbrio ‘da hipoctisia. O povo da Inglaterra deve pensar assim, quando esses tagarelas dio-se ares de querer resticuir o cleto a sua primiiva pobreza evangélica que, no espirito, deveria sempre existir neles posses da nossa. Ele Ievantou © povo. Eles olham com horror e alarme esse enorme ¢ desavergonhado ato de prosctisio. Isso abrit, e abrich cada vez mais, seus olhos para o egoista alargamento da Eowunp Bune RePvexoss So0ne & REvOLUGAO NA FRAna 282 283 ni tenha perdido todo o vestigio de humanidade podetia pensar ” om rebaixé-los da mais elevada situacio na nacio, na qual se man- mente ¢ a estreita liberalidade de sentimento de homens insidiosog que, comesando com hipocrisiae trapaca disfargadas, terminaram, 4 com aberta rapina e violéncia. Na pitria, vemos comegog semelhantes. Estamos de guarda contra conclusdes similares, Espero que nunca tenhamos perdido tio totalmente todo senso dos deveres a nés impostos pela lei de unio social, a ponto de, sob qualquer pretexto de servigo piblico, confiscar os bens de um co cidadio inofensivo. Quem senio um tirano (um nome expressi- yo de tudo que pode coromper e degradar a natureza humana) poderia pensar em tomar as propriedades de homens que nio fo. tam acusados, que nio' se defenderam, nem foram julgados, em categorias inteiras, e As centenas e milhares juntos? Quean quer que em rebaixar homens de posigio elevada e fiungdo sagrada, alguns deles de uma idade que pede de imediato revertncia e compaixio ‘tinham por suas proptiedades em terzas, a1um estado de indigéncia, depressio e desprezo? Os confiscadores realmente fizeram alguma concessio 2 suas vitimas das migathas e fragmentos de suas proprias mesas, das quais foram tio rademente arrancados, ¢ que foram liberalmente distei- buds como um banquete para as harpias da usura, Mas arrancar homens da, independéncia para viver de esmolas'é em si mesmo uma grande crueldade. © que poderia ser uma condigiio toler para homens em uma condigio de vida, e no habituados a outras, coisas, pode, quatido todas essas cizcunstincias sio alteradas [125], ser uma terrivel revolusio; e a qual uma mente virtuosa sentirial diffculdade de imputar qualquer culpa, exceto aquela que exigisse EDMOND BURKE 284 © gas academias do Palais Royal, e dos Jacobi sia do culpado, Mas para muitos esse castigo de degradacio & jpfamnia €pior que 2 morte UM pento dessesoftimento cruel, que as pessous que aprenderam via dupla predisposisio em favor da religito, por educasao e pelo sugar que ocupam na adminisrao de sas unges,devam rece iperos emanescentes de suas propriedades comio esmolas das mos, spins e profanas que os pilharam de todo o resto; eceber (se € ue vio rectberalguma cosa), no cis conus earidosas Ts fitis, mas do catinho insolente do atelsmo sabido e dedlatado, sgmunutensio da rligiio, medida pelo padrio do desprezo em que da & tida; © com 0 propésito de tornar os que recebem esse stipéndio vis e sem valor 20s olhos da humanidade. Mas esse ato de tomada de propriedade, 20 que parece, é um jalgamento pela lei, e no um confisco. Eles, parece, descobrizam yue certos homens no tinbam direito algam 3s posses que detinham por fei, costume, decisbes dos tribunais ¢ a prescriso acumulada de mil anos. Eles dizem qu eclesiésticos sto pessoas ficticias, criaturas do Estado; os quais eles podem destruir 4 vontade e evidentemente limitar e modificar em cada particular; que 0s bens que possuem niio so propriamente seus, mas pertencem ao Estido, que criou a fiesio; ¢ 1nés, portanto, no nos devemes incomodar com o que eles possam soffer em seus sentimentos e pessoas naturais; por conta do que se fizer com elas nesse seu cardver construtivo. Que importdncia tem sob que nomes homens so prejudicados e privados dos justos ¢ emolumentos de uma profissio na qual foi estimulado pelo Estado a nela entrar; ¢ [126] sobre a suposta cer- 36 permitico, mas teza de exjos emolumentos eles trasaram o plano de suas vidas, Ravotugio wa Franca 285 - coneraizam dividase evaram multidSes a uma intvira dependéneiy | deles? Nic imagine, senhor, que vou prestar um cumprimento a ess, aiserivel distingio de pessoas com mais alguma discussdo. O: gumentos da tirania sio tio despreziveis quanto sua forga é vel. Se os seus confiscadores nio houvessem, por seus primeizog czimes, obtido um poder que garante imunidade a todos 0s crimes de que eles desde entdo forum culpados, ou que podem vir come. ter, nido seria o silogismo do légico, mas o litego do carraseo, que teria refutado uma sofistica que se torna ctimplice de roubo e as- sassinato. Os tiranos sofistas de Paris algam a voz em suas decla- mages contra os tiranos régios passados que, em épocas anterio- res, atormentaram o mundo, Eles so assim arrojados porque es to a salvo das masmorras e jaulas de ferro de seus antigos senho- es, Havemos de set mais téenos com os tiranos de nosso proprio tempo quando os vemos efetuar pioses tragédias sob nossos proprios | thos? Nao usaremos a mesma liberdade que eles, quando podemos uasécla com a mesma seguranca? Quando dizer a verdade honesta 36 exige um desprezo pelas opiniées daqueles cujas ages detestamos? Essa affonta a todos 0s direitos de propriedade foi a principio encoberta com o que, no sistema de sua condu, foi o mais espan- toso de todos os prefextos — uma considerasio pela fé nacional. Os inimigos da proptiedade a princfpio fingiram uma ansiedade extremamente terna, delicada e escrupulosa por manter os com- promissos do rei com o credor piiblico. Esses professores dos di- reitos do homem estiio tio ocupados em ensinar os outros que eles Eowuno Bunce 286 jos nf ttm tempo para aprender alguma coisa; seni saberi- — ‘£4 proptiedade do cidadio, e nto as exgtncias do credor a sq 2 plea prmscn orginal de sociedad cl € exxpenhada. ‘A reivindicagio do cidadio € anterior no tempo, su- vei, ow ea Ves de uma paricipago nos bens de alguma ws munidade, wo erm parté da garantia do credor, expressa ou spplicia.Elas munca sequer passaram pla sua cabesa quando ee fer sia tansago. Ele sabia bem que o pblico, quer representado por monaa, que por um senudo, naa pode empenas, senio Tpmpredade piblicr eee nfo pode ter nenhuma propriedade bie ereto no qu la derive de uma imposisiojusia © propor KGonal fica‘ cidadios em geral. Isso foi comprometido, ¢ nada sido, com 0 credor piblico. Ninguém pode 1 como um penhor de sua fidelidade, alguinas observacées sobre as contradigdes causacas pelo extiemo rigor ¢ 0 extremo selasamento da nova fe prblica que tve influéncia nessa transaso, isso nfo de acordo com a natureza da obtigagio, mas com a categoria das pessoas a quem ela foi comprometida. Nena lei do antigo governo dos seis da Franiga 6 considerada valida na Assembleia Nacional, exce- to seus compromissos pecuniftios: leis de todos os outros, da mais ambigua legalidade B imposstvel ev desse governo régio é conside- rado sob tuma luz tio odiosa, que ter um diteito sob sua autorida- azado como uma espécie de crime. Uma pensio dada como uma recompense pot sezvigos 2o Estado é com certeza umn direito de propriedade tio bo quanto qualquer penhor por dinheite adiantado 20 Estado. E methor, até; pois dinheito € pago, e hem 7 3 gna assemble democttica a um corpo de propridade que deri- page, para obter esse secvigo. Vimos, no entanto, multides qe jaseu diseito do mais ectico e odioso de todos os exercicios da | uoridace monénquica? A rezio nada pode fornecer para reconci- | ara inconsisttacia; nem pode o favor patcal ser explicado sobze prinipios equitativos. Mas a contradiao ¢ parciafidade que no | émitem justificativa nao sio, no entanto, sem tuma causa adequa- daze essa causa ni acho dificil de descobrir. pessoas sob essa categoria na Franca, que nunca foram privadas de = seus subsidies pelos ministros mais arbitrérios nas épocas, ” arbitirias, serem roubadas sem piedade por essa assembleia dog direitos do homem. Disseram-Ihes, em resposta 3 sua reivindica. so do pio que ganharam com seit sangue, que seus servigos nig foram prestados 2o pais que agora existe [128] Esse relaxamento da f€ piblica no se limita a essas infortunadas pessoas. A assembleia (com perfeita coertncia, deve. | se reconhecer) esté engajada em uma respeitével deliberaglo so. bre até que ponto éla'esté obrigada pelos tratados feitos com ‘outras nag6es sob o governo anterior, ¢ seu Comité deve infor. Pela vaste divida da Franca cresceu insensivelmente um grande jateresse pecunifiio, ¢ com ele um grande poder, Pelos usos anti- gos que prevaleciam nesse teino, a cizculagdo de propriedades, « cox particular a mitua conversibilidade [129] de terra em dinhei- _ we de dinkeiro em terra, sempre foi objeto de dificuldade, As- mar quais eles deveriam ratificar, e quais no. Por esse meio, pu- sentamentos de familias, bastante mais gerais e mais estritos do 8 seram a fidelidade externa desse estado virgem par a par com sua fidelidade interna. Ni é facil conceber sobre que principio racional o governo zeal que sio na Inglaverca; o jus reractus, a grande massa de propriedade fandiia possuida pela cozoa e, por uma méxima da lei francesa, possuida inalienavelmente; as vastas propriedades das corporagies eclesiistcas; cudo isso manteve os interesses fundisriose pecunisrios | mais separados na Franga, menos misciveis, e os donos das duas no deveria, dos dois, preferivelmente ter possuido o poder de re- compensar servigos, ¢ de fazer tratados, em virtude de sua prerro- gata, em vez de empenhar a credores a renda do Estado, a real ea possivel. O tésouro da nasSo, quem diria!, foi o menos concedido © espécies distintas de propriedade no tio bem dispostos um para com 0 outro como sio neste pals. prerrogativa do rei da Franca, ou A prerrogativa de qualquer rei na Europa. Hipoteca a renda péblica implica dominio soberano, ‘no mais completo sentido, sobre a bolsa péblica. Vai muito além A propriedade pecuniria era hi muito tempo encarada com baseante olho grande pelo povo. Ele a via ligada a suas afligies, € agravindo-as. Era no menos invejada pelos interesses fundiézios, do encargo em confianga att mesmo de uma taxario ocasional ¢ ‘em parte pelos mesmos motivos que a tornavam decestivel para 0 cemporéria. As leis, no entanto, desse poder perigoso (a marca distintiva de um despotismo sem limites) foram, somente elas, ovo, mas muito mais ainda, uma vez que ela eclipsava, pelo es- plendor de um luxo de ostentasio, as linhagens nao dotadas e os consideradas sagradas. De onde surgiu essa preferéncia dada por direinas ¢ titulos no corroborados de diversos entre a nobreza. EDMUND BuRKe | Rertexoas sonne « RevouLeio wa FRanca 288 | 28 Mesmo quando a nobreza, que representava o intetesse fundirig mais permanente, unia-se por casameato (0 que & vezes era g 7 caso) com a outra categoria, achava-se que @ riqueza que-salvara q familia da rufna a contaminava e degradava. Assim, as inimizadese 4 azecumes dessas duas partes eram aumentadas até mesmo pelos meios habituais com que se faz. uma discérdia cessar e brigas sig transformadas em amizade. Nesse meio-tempo, © orgulho dos homens ricos, nfo nobres ou recém-enobrecidos, aumentava com sua causa, Sentiam com ressentimento uma inferioridac motivos eles no reconheciam. Nao havia medida a que eles no * estivessem dispostos a se prestar a fim de vingar-se das afrontas Jado em que a achavam mais wulnerdvel [130] isto & as possessdes da Tyreja que, em vireade do patronato da coroa, geralmente pas vam para a nobreza. Os episcopados e as grandes abadias comendatérias eram, com pouicas excesbes, possuidos nessa onder. Nesse estado de guerra real, embora nem sempre percebida, en- sxe 0 antigo inveresse da nobreza latifundiéria e © novo interesse pecuniétio, a maior forca, malor porque a mais aplicivel, estava nas mios desse‘ltimo. O interesse pecunirio é em sua natureza, ‘mais pronto a qualquer aventura; ¢ seus possuidores, mais dispos- tos a novos empreendimentos de qualquer tipo. Sendo de uma recente aquisiglo, ele aquiesce mais nacuralmente a quaisquer no- vidades. E, portanto, o tipo de riqueza a que recorretio todos os que desejam mudangas. Eowund Burke 290 ‘jo lado do intezesse pecunirio, uma nova categoria de homens aria crxsido, coma qual esse incre Togo formon ua estita mr arvante unio; refro-me aoe politicos Homens de Letras, Ho- sens de Letas,chegudos a se destacar,raramente slo avestos a JporagBes Desde 0 decinio da vida e grandeza de Luts XIV, nto foeam muito cultivados, ou por ee, ou pelo regente, ou pelos | eessotts 8 coroa; nem estavam comprometides com a corte, por | fayores ¢ emolumentos, to sistematicamente quanto durante 0 jeri esplindido daquele reino ostentoso ¢ io impoltco. © aque penferam da‘ antiga protesio da corte, esforgaram-se por compensar entrando para uma espécie de inconporagio 56 deles; || parm qual as duas academia da Franca, e depois o vasto empre- endimento da Engyl levado avante por uma sociedade desses. ‘enhores, contribufram no pouco. ‘A cabal literéria, alguns’ anos antes, formara algo como um Jano regular para adestruigio da religido criscd. Buscaram esse objetivo com uth grau de zelo que até entao s6 havia sido desco- | berto nos ptopagadores de algum sistema de piedade. Estavam sufdos por um espirit proselitismo no mais fandtico ptogresso ficil, com 0 espirito de is de acordo com seus meios.® O que nfo era para seu grande fim por algum ato direto ou imediato poderia ser conseguido em virtude de um processo mais longo por meio da opiniio, Para ter voz de comando sobre essa opinio, 0 primeizo passo é estabelecer um dominio sobre os que a dirigem, dla primeiza sentenga do prérimd parégrafo, ¢ algumas ali foi inserido quando de sua leiura do manuscrito por Rertendes somne a Revouucio Na Franca 291 Tr Elles tramaram para se apossar, com grande método e perseveran, a, de todos os caminhos para a fama literiria. Muitos deles, de 4 fato, chegaram, bem alto nas fileiras da literatura e da ciéncia, mundo lhes fizera justica; e, em favor de talentos gerais, perdoou 7 tendéncia mA de seus principios peculiares. Isso era verdadein libe , que eles retsibuiram esforgando-se para limitar 4 reputagio de senso, saber ¢ gosto izer que esse espirito estreito, exclusive, no foi & Literatura ¢ a0, gosto do que a moral e 3 verdadeira filosofia. Esses padres ateus tém seu proprio fanatismo; eset codos 08 Sus pensamentos, palavras e agSes. E, como Fin zelo controverso logo pée seus pensamentos em yo, comesaram a se insinuar em uma correspondéncia com yor € em, peiscipes esangeios: na esperana, por melo de sua autoridade, Fm quea principio se iludiam, de que conseguissem provocar as smudangas que tinham em vista. Para eles era indiferente se essas snadangas tivessem de ser efetuadas pelo relampago trovejante do despotismo ou pelo terremoto da comosio popula. A cor- respondéncia entre essa cabala ¢ 0 falecido tei da Prissia langa astante luz sobre o espitito de toda a sua maneira de proceder.* « aprenderam a falar contra monges com o espisito de wm monge. a Pelos mesmos propésitos pelos quais eles fizeram intrigas com ‘Mas em algumas coisas sio'homens do mundo. Os recursos da © principe, cultiraram, de maneira destacada,o nteresse pecuniésio ineriga de espirito, A esse sistema de monopélio literério juntou-se uma infatigivel operosidade paca obscurecer ¢ desacreditar em todos os, modos, ¢ por todos os meios, todos que no aderiam 3 sua facs20, Para os que observavam o espirito de sua condista, ha muito ficara convocados para suprir as falhas de argumento e agudeza francés; ¢ em parte através de meios fornecidos por aqueles cujos offcios peculiares davam-lhes os mais seguros ¢ extensos meios de comunicagio, eles ocuparam cuidadosimente todos os cami- 10s para a opinio. | _Escritores, especialmente quando agem em conjunto, € com uma | diregdo, tém grande influéncia sobre a mente do ptblico; portan- ~ ‘to,aalianca desses escritores com o interesse pecuniariol surtia bastante efeito em eliminar o édio e inveja populares que acom- pinhavani'essa espécie de riqueza. Esses escritores, como os propagadores de todas as novidades, fingiam um grande zelo pelos pobres ¢ pelas ordens inferiores, enquanto em suas sitiras tornavam, odiosos, por meio de todo exagero, os extos dos tribunais, da nobreza e do clero. Transformaram-se numa espécie de demago- claco que nada era desejado, seniio © poder de levar a intolerincia da lingua e da pena a uma perseguigo que atacaria a propriedade, a liberdade e a vida. ‘A perseguisio confusa e opressiva movida contra eles, mais por submisso 2 forma e decéncia do que com ressentimento sér nem Ihes enfraqueceu as forsas, nem {132] relaxou seus esforgos. A questio toda era que, com oposisio, e ainda mais com sucesso, uum zelo violento ¢ maligno, de um tipo até ento desconhecido n0 ‘mundo, tomara posse total de suas mentes, tornando toda a sua Piczo af chocar o sentimento moral do leitns com alguma citario de sua inguagem vulgar, baixa eblasfema. {c Sua ligagio com Turgot ¢ quase todo o pessoal das finangas.] conversasio, que de outro modo seria agradével e instrutiva, pet- feicamente repulsiva. Um espirito de cabala, intriga e proselitismo EDMUNO BURKE 292 da longa sucesso de ministeos, financistas ¢ banqueiros, que enti~

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