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Abstract
Introdução
1
A aceleração do movimento implica, pois, a serialidade e a sistemática dos elementos arquitetônicos,
dos objetos urbanos, numa tautologia formal que acaba por envolver todo o ambiente e, por fim, até
mesmo a aparência e o comportamento dos habitantes das cidades.
Por mais inusitada que tal aproximação possa parecer, ela nos
permite introduzir aqui uma questão que, consoante o pensamento de Paul
Virilio, é fundamental para a compreensão da crise da narrativa: a produção
industrial de velocidade. Neste sentido, já em Velocidade e política, o
autor francês recorre a uma assertiva de Joseph Paul Goebbels – “A
propaganda deve ser feita diretamente pela palavra e pela imagem, não
pelo escrito” – para analisar o papel desempenhado pela velocidade na
instauração da “ditadura do movimento” pelas revoluções modernas. A
instauração da sociedade dromocrática exigirá a transformação das massas
em produtoras de velocidade, recorrendo-se a métodos que privilegiam
estímulos grosseiros e repertório sígnico reduzido, com preponderância
dos meios icônicos em detrimento dos simbólicos, pois “o tempo de leitura
implica o de reflexão, uma desaceleração que destrói a eficiência dinâmica
da massa” (VIRILIO, 1996 : 21).
Mesmo considerando que “toda sociedade é fundada numa relação
de velocidade” (VIRILIO, 1984 : 49), não podemos olvidar que a “lógica
da corrida” das revoluções modernas, ainda empenhadas no assalto do
espaço territorial, será transfigurada pelo evolucionismo tecnológico
ocidental, pelo progresso dromológico, de forma que a velocidade começa
a se desterritorializar, afirmando-se como idéia pura e sem conteúdo.
Substituindo a velocidade metabólica, a velocidade tecnológica se converte
em valor supremo, tornando necessário o investimento contínuo nas próteses
de deslocamento e nas máquinas de visão. A energia cinética de corpos
automotivos cada vez mais sofisticados e, principalmente, a transferência
do olhar por meio dos dispositivos eletrônicos anunciam o abandono da
terra e seus obstáculos em nome de uma contração do mundo que suprime
todas as distâncias.
Conclusão
Referências Bibliográficas