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6ª Edição
Aluno de Astrofísica
Mário Gomes
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Participante da UV
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ratório CERN durante um ano, ao serem an- clotrão, uma máquina com capacidade de
iquilados com protões, permitiriam alimentar acelerar partículas a altas energias. Em
génio (que constitui verdadeira antimaté- segundo caso, vivemos numa região de
ria, e não apenas simples antipartículas). matéria mas alguma antimatéria com ori-
gem numa antiregião fora da nossa galáxia
Nos anos 1980, em virtude do desenvolvi- pode chegar até nós sob a forma de antinú-
mento de técnicas de “arrefecimento”, sur- cleos (como antihélio, anticarbono, etc.).
giu o controlo da antimatéria. Actualmente
existem duas linhas de investigação parale- Conclusão
las: o uso de antipartículas para o estudo das
componentes fundamentais da matéria (por O estudo e utilização da antimatéria é cer-
exemplo, em colisionadores electrão-posi- tamente uma área de investigação fasci-
trão ou protão-antiprotão), e a antimatéria nante, e com muito futuro à sua frente. As
como objecto de estudo das suas proprie- aplicações potenciais são inúmeras e fan-
dades (por exemplo, o estudo do antihidro- tásticas, onde o limite será apenas a nossa
génio). A observação da simetria de Carga- imaginação. A tecnologia da produção e uti-
Paridade-Tempo (CPT), até agora nunca lização da antimatéria têm evoluído muito
violada, implica que, para qualquer nível rapidamente, e poderão haver boas surpre-
de precisão, a matéria tenha exactamente as sas, com a descoberta de novos processos
mesmas propriedades do que a antimatéria. para a criação de antimatéria, e até a desc-
oberta de fontes de antimatéria no cosmos.
A antimatéria pode ter aplicações práticas
mais próximas. Como seja a utilização nas
ciências da vida de substâncias emissoras de João Carvalho
positrões no PET, Tomografia por Emissão
de Positrões, que permite exames funcio- Professor do Dep. de Física
nais para investigação e diagnóstico, ou a
“Precisamos de mais
20 minutos!” comuni-
cava a spokesperson, e
se alguns aproveitavam
para comer um jantar
Rolhas de champanhe a saltar, abra-
rápido, outros recusavam-se a arredar pé.
ços, sorrisos, êxtase, histeria e suspiros
de alívio... foi assim que se celebrou a
Os atrasos sucediam-se e alguns já não
chegada do feixe na sala de controlo de
acreditavam que o feixe chegaria naquela
ATLAS, uma das quatro experiências do
noite ao ATLAS, a etapa final do circuito,
LHC. 14 meses após o grave acidente que
até que algo inesperado aconteceu. O feixe
danificou seriamente o acelerador, o feixe
avançou para além do CMS em direcção ao
de protões voltou a circular com suces-
ATLAS enquanto alguém ia fazendo uma
so no túnel de 27km do LHC ao início
contagem decrescente, ou neste caso cres-
da noite de sexta-feira, 20 de Novembro.
cente: “o feixe está no ponto 6... temos feixe
no ponto 7... já está no ponto 8 (último an-
À medida que a sala de controlo se enchia
tes do ATLAS)”. Ninguém, porém, poderia
ao longo da tarde de cientistas, engenhei-
antever o que viria a acontecer, o event dis-
ros, jornalistas e curiosos, os habituais atra-
play deixou de funcionar subitamente pro-
sos deixavam toda a gente à beira de um
vocando um frenesim na sala. É como pre-
ataque de nervos. Ao final da tarde o run-
parar uma missão espacial à Lua e a câmara
leader ainda tentava, sem grande sucesso,
de filmar avariar no derradeiro momento!
animar os presentes “Temos feixe em CMS!
Miguel Fiolhais
Investigador no CERN
Entre
Fins-de-
semana a
passear...
Lá italianos e portu-
gueses não faltavam!
Os ENEEB caracterizam-se por congrega- científico, no primeiro dia, que contou com a
rem em quatro dias actividades didác- presença de conceituadas personalidades como:
ticas e lúdicas, sendo estas distribuí- Graça Minas (UM), Pedro Granja (INEB),
das equitativamente, salvaguardando-se Miguel Castelo Branco (CNC), Rui Cortesão
desta forma o desenvolvimento científico, (ISR), que em muito contribuíram e continuam
cultural e pessoal entre todos os participantes. a contribuir para a evolução da Engenharia Bio-
médica no panorama nacional e internacional.
Este ano a organização pertenceu ao Núcleo de
Estudantes do Departamento de Física da Univer- Já no segundo dia realizou-se um ciclo em-
sidade de Coimbra, o qual teve a enorme respon- presarial com o intuito de dar a conhecer aos
sabilidade de não defraudar as expectativas que participantes o que poderão fazer no seu futuro
são anualmente geradas em torno deste evento. e ainda para apelar ao espírito empreendedor
A organização definiu desde logo como objec- que cada um possui dentro de si. Neste sentido,
tivos principais: a redução do preço dos ingres- realizaram-se conferências com Engenheiros
sos e a realização do encontro mais participado Biomédicos recém licenciados na UC (Paulo
de sempre, mantendo-se contudo a qualidade Barbeiro (BlueWorks), Catarina Pereira (ISA)),
que está associada ao historial destes eventos. com o Centro de Simulação Biomédica que rep-
resenta uma nova evolução nesta área, com a Sie-
Desta forma, e depois de um árduo esforço de mens, que figura como um das maiores empresas
todos os membros da comissão organizadora, de dispositivos médicos no mercado, e por fim
que durou uns singelos 10 meses, foram alcan- com um dos grandes empreendedores de suces-
çadas todas as metas inicialmente predefinidas. so dos nossos tempos, António Câmara, presi-
dente da YDreams. Este último foi sem sombra
O IV ENEEB contou com a participação re- de dúvida o mais acarinhado por todos como se
corde de 220 participantes, dos quais 70 perten- constatou pela apoteótica e monumental salva
centes à Universidade de Coimbra e os restan- de palmas que recebeu no final da sua palestra.
tes 150 provenientes dos quatro cantos do país
- Universidade do Minho, Universidade Nova Para completar a componente didáctica real-
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de Lisboa, Universidade Técnica de Lisboa, izaram-se ainda dois workshop, nos dias 17 e
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na cidade dos estudantes, ou que estava Aluno da FCUL
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temos hoje consciência de que o real não é de- Aluna de Física
Portrait in Jazz, do trio do pianista Bill Evans, que contava com o malogrado
contrabaixista Scott LaFaro (viria a falecer aos 25 anos de idade, em 1961,
num acidente de automóvel) e o baterista Paul Motion, apontou para um
renovado rumo do trio clássico de piano, contrabaixo e bateria. A empatia
do trio de Bill Evans é fantástica e a o seu legado influenciou decisivamente
grupos como os trios de Keith Jarrett, Brad Meldhau e Esbjörn Svensson.
Boa escuta!
Natacha Leite
Aluna de Física
DVD Review
Che – O Argentino, Che – Guerilha
e que arrecadou imensos prémios, entre eles a
Palma de Ouro do Festival de Cinema Interna-
cional de Cannes para a melhor interpretação
masculina, ao cargo do já conceituado Beni-
cio Del Toro – com efeito, tem uma das suas
melhores interpretações de sempre no papel de
Che neste filme. Um filme intrigante, arrebata-
dor e provocador. Esta edição peca apenas pela
ausência de alguns extras que dariam outra di-
mensão ao conjunto, verificando que, de facto,
Na secção de DvDs chega até nós uma das é uma edição algo simples - muito longe da
melhores biografias de Ernesto Guevara feitas dimensão quer das actuações de Benício Del
até ao momento. Realizada por Steven Soder- Toro, quer da realização de Steven Soderbergh.
bergh, é uma autêntica obra prima que relata a Ainda assim um pack de filmes obrigatório a
epopeia de um dos maiores revolucionários de ter nas vossas videotecas.
sempre. Pensador e líder, Che, é-nos apresenta-
do de uma forma muito próxima da sua person-
André Cortez
alidade e ideologia que nos permite uma visão
ampla do contexto da sua vida e obra. O relato
Aluno de Eng. Física
aparece-nos num filme dividido em duas partes
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Aluna de Física
perdeu o carácter. A função que têm aquelas
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afinal de contas me parece que o país por al-
Chegamos então ao bom exemplo dos estu- Mas Novembro não acabaria sem o mau exem-
dantes de Coimbra – a associação cumpriu plo das eleições de 25 e 26 para a presidência
com o que prometeu (coisa que parece difícil da AAC/DG. Não estou a falar dos resultados
a nível nacional, talvez seja mais ainda a nív- ou dos vencedores, se é o que pensam, nem da
el associativo), e mais do que forrar a cidade salganhada ao longo da noite da contagem nas
de fantasmas revolucionários de papelão que cantinas dos grelhados, mas sim da participa-
pouco servem ao presente, mobilizou para dia ção dos estudantes. Costumo dizer que nós,
17 uma das mais vistosas manifestações do estudantes universitários, planeadores e ori-
ensino superior dos últimos tempos. Quatro entadores do futuro, deveríamos dar melhor
mil alunos de todo o país foram até Lisboa exemplo do que esse que damos através das
demonstrar o seu descontentamento para com nossas praxes, boémias excessivas, diletan-
o governo e tudo partiu de uma proposta da tismos vergonhosos que esbanjam dinheiro
nossa conhecida Sílvia Franklim para uma a pais e contribuintes; contudo, desta vez, o
manifestação local, conjugada com a espec- mau exemplo traduz-se não por análises so-
tacular aceitação e melhor reformulação da ciológicas baratas, mas numericamente. Há
proposta para algo de nível nacional por parte sindicatos de pessoas com metade ou mesmo
da presidência da Assembela Magna, que as- um terço da nossa escolaridade cujas eleições
são bem mais participadas, o país é como sa-
bemos pouco escolarizado e ainda assim a ab-
stenção não chega aos cinquenta por cento. E
nós, educados a usufruir da informação, con-
hecedores das mais-valias históricas da de-
mocracia, detentores do mais científico con-
hecimento político e com muito tempo para o
discutir no café, nós, futuros políticos, juízes,
gestores e professores do país, abdicamos do
nosso direito e dever de voto, dando o triste,
desculpem, o mau exemplo de uma fantástica
abstenção de 70% a 80% num momento críti-
co em que a melhor escolha para liderar a voz
estudantil é tão fulcral.
Artur Castro
Aluno em Sabática