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Qualidade na

Construção Civil
Antonio Carlos da Fonseca Bragança Pinheiro
Marcos Crivelaro

Qualidade na
Construção Civil

1ª Edição

Capitulo-00.indd 1 18/06/2014 13:03:16


Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Pinheiro, Antonio Carlos da Fonseca Bragança


Qualidade na construção civil / Antonio Carlos da Fonseca Bragança Pinheiro, Marcos Crivelaro -- 1. ed. -- São Paulo :
Érica, 2014.

Bibliografia
ISBN 978-85-365-0947-1

1. Construção civil 2. Construção civil - Controle da qualidade 3. Construção civil - Materiais 4. Construção civil - Orçamentos
5. Indústria de construção civil - Administração I. Crivelaro, Marcos. II. Título.

14-03959                                               CDD-690.092

Índices para catálogo sistemático:


1. Construção civil : Mão-de-obra : Qualificação : Tecnologia 690.092

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Coordenação Editorial: Rosana Arruda da Silva


Aquisições: Alessandra Borges
Capa: Maurício S. de França
Edição de Texto: Beatriz M. Carneiro, Bonie Santos, Silvia Campos
Revisão e Preparação de Texto: Davi Miranda
Produção Editorial: Adriana Aguiar Santoro, Dalete Oliveira, Graziele Liborni, Laudemir Marinho dos Santos
Rosana Aparecida Alves dos Santos, Rosemeire Cavalheiro
Editoração: Triall Composição Editorial Ltda.
Produção Digital: Alline Bullara

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2 Qualidade na Construção Civil


Agradecimentos

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) – autarquia fede-
ral de ensino gratuito – que, pelo exercício do magistério, nos permitiu a aquisição de experiência
docente e a convivência com alunos do curso técnico de nível médio em Edificações.
Ao centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (CEETEPS), que, por meio das
Escolas Técnicas Estaduais (ETEC) Getúlio Vargas, Guaracy Silveira e Martin Luther King e da
Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP) – instituições paulistas de ensino gratuito –, pos-
sibilitou-nos aprimoramento profissional mediante a prática docente exercida no ensino tecnológico
em cursos de Construção Civil.
Ao corpo docente das instituições citadas, pelo convívio repleto de alegria e troca de conheci-
mentos.
Às empresas do setor privado fornecedoras de materiais e prestadoras de serviços, que sempre
colaboraram em palestras, minicursos e doações voluntárias.
Às instituições de ensino e pesquisa, que permitiram a obtenção de titulação na graduação e
no stricto sensu: Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo (EPUSP) e Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen-USP).

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Sobre os autores

Antonio Carlos da Fonseca Bragança Pinheiro é bacharel em Engenharia Civil pela Universida-
de Presbiteriana Mackenzie e doutor em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo (EPUSP). Na área de construção civil, foi chefe de departamento de projetos, geren-
te de engenharia e diretor técnico. Foi professor e diretor da Escola de Engenharia da Universida-
de Presbiteriana Mackenzie, diretor de campus, coordenador e docente na área de construção civil
do Instituto Federal de São Paulo (IFSP). É docente da Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP),
da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid) e da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul).
Marcos Crivelaro é bacharel em Engenharia Civil pela EPUSP e pós-doutor em Engenharia de
Materiais pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares de São Paulo (Ipen-USP). Na área
de construção civil, foi diretor de engenharia e planejamento de obras residenciais e comerciais de
grande porte. É professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo
(IFSP), da Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP) e da Faculdade de Informática e
Administração Paulista (FIAP). É também pesquisador e orientador no curso de mestrado do
Centro Paula Souza.

4 Qualidade na Construção Civil

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Sumário

Capítulo 1 - História da Qualidade ..........................................................................................9


1.1 Introdução à qualidade...................................................................................................................................9
1.2 A qualidade no Brasil......................................................................................................................................... 15
Agora é com você! ...............................................................................................................................................20

Capítulo 2 - Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo ................................................ 21


2.1 A natureza da qualidade...............................................................................................................................21
2.2 Qualidade no Egito antigo......................................................................................................................24
2.3 Qualidade nas dinastias chinesas................................................................................................................28
2.4 Qualidade no Império Romano .............................................................................................................34
Agora é com você! ...............................................................................................................................................40

Capítulo 3 - Normas ISO – Evolução e Descrição ........................................................... 41


3.1 Origem e objetivos das normas ISO ...........................................................................................................41
3.1.1 Crescimento econômico......................................................................................................................42
3.1.2 Igualdade social ....................................................................................................................................43
3.1.3 Integridade ambiental..........................................................................................................................43
3.2 Família ISO 9000 – qualidade .....................................................................................................................43
3.2.1 Origem da família ISO 9000 ...............................................................................................................43
3.2.2 Normas componentes da família NBR ISO 9000.............................................................................44
3.2.3 Benefícios da utilização da norma NBR ISO 9001:2008 .................................................................46
3.2.4 Critérios para normalização de procedimentos ...............................................................................47
3.2.5 Terminologia básica da NBR ISO 9000 .............................................................................................48
3.3 ISO 14000 – meio ambiente.........................................................................................................................48
3.3.1 Comitê brasileiro de gestão ambiental (ABNT/CB-38) ..................................................................51
3.3.2 Relação e intenções das normas ISO 14000......................................................................................57
3.3.3 Definições e diretrizes para uso da NBR ISO 14001........................................................................58
3.4 OHSAS 18000 – saúde e segurança do trabalhador.................................................................................60
Agora é com você! ...............................................................................................................................................62

Capítulo 4 - Programas e Políticas da Qualidade na Construção Civil............................... 63


4.1 Histórico da qualidade na construção civil ...............................................................................................63
4.2 Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H) .........................................65
4.3 Programa da Qualidade da Construção Habitacional (QUALIHAB)..................................................69
4.3.1 Comitê de Projetos e Obras (CPO)....................................................................................................70

5
4.3.2 Comitê de Materiais, Componentes e Sistemas Construtivos (CMCS)........................................72
4.3.3 Programa de Qualidade de Obras Públicas (QUALIOP) ...............................................................74
4.4 Programa Mineiro da Qualidade e Produtividade no Habitat (PMQP-H) ...........................................75
Agora é com você! ...............................................................................................................................................78

Capítulo 5 - Qualidade no Canteiro de Obras ................................................................. 79


5.1 Ações da qualidade em serviços no canteiro de obras .............................................................................79
5.2 Cadeia produtiva na construção civil .........................................................................................................95
5.2.1 Etapas do processo de produção de edificações ...............................................................................96
5.2.2 Agentes envolvidos na cadeia produtiva da construção de edificações ........................................97
5.2.3 Setores da cadeia de produção de edificações ..................................................................................98
Agora é com você! .............................................................................................................................................100

Capítulo 6 - Qualidade no Projeto de Obras de Edificações ............................................ 101


6.1 A dinâmica em obras de edificações ........................................................................................................101
6.2 O planejamento da execução de obras de edificações............................................................................102
6.3 Ferramentas de gestão da qualidade.........................................................................................................102
6.3.1 Diagrama de Pareto ...........................................................................................................................102
6.3.2 Diagrama de causa e efeito................................................................................................................103
6.3.3 Fluxograma .........................................................................................................................................104
6.3.4 Ciclo PDCA ........................................................................................................................................104
6.3.5 Folha de verificação...........................................................................................................................105
Agora é com você! .............................................................................................................................................106

Capítulo 7 - Gestão de Resíduos na Construção de Edificações ..................................... 107


7.1 Impactos ambientais ...................................................................................................................................107
7.2 Greenhouse Gas Protocol (GHG).............................................................................................................108
7.3 Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC)...............................................109
7.4 Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) .........................................................................113
7.5 Qualificação de fornecedores ....................................................................................................................115
Agora é com você! .............................................................................................................................................116

Bibliografia ..........................................................................................................117

6 Qualidade na Construção Civil


Apresentação

O livro Qualidade na Construção Civil é de fundamental importância para estudantes e profis-


sionais que desejam realizar o planejamento e apropriar os custos de obras de edificações.
No Capítulo 1, História da Qualidade, é realizada uma introdução à qualidade, apresenta a
importância da qualidade para as relações comerciais. Logo em seguida, é apresentada a história dos
programas da qualidade no Brasil.
O Capítulo 2, Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo, apresenta a natureza da qualidade
e a qualidade no Egito antigo, nas dinastias chinesas e no Império Romano.
No Capítulo 3, Normas ISO - Evolução e Descrição, apresenta a origem e os objetivos das nor-
mas ISO. É apresentada a família ISO 9000, sua origem, suas normas componentes, os benefícios de
sua utilização, seus critérios para normalização de procedimentos e a terminologia básica. Também,
apresenta a NBR ISO 14000 (meio ambiente), o comitê brasileiro de gestão ambiental ABNT/CB 38,
a relação e intenções das normas ISO 14000 e as definições e diretrizes para uso da NBR ISO 14001.
Também é apresentada a OHSAS 18000 (saúde e segurança do trabalhador).
O Capítulo 4, Programas e Políticas da Qualidade na Construção Civil, apresenta o
histórico da qualidade na construção civil, o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade
no Habitat (PBQP-H), o Programa da Qualidade da Construção Habitacional (QUALIHAB), o
Comitê de Projetos e Obras (CPO), o Comitê de Materiais, Componentes e Sistemas
Construtivos (CMCS) e o Programa de Qualidade de Obras Públicas (QUALIOP). Também é
apresentado o Programa Mineiro da Qualidade e Produtividade no Habitat (PMQO-H).
O Capítulo 5, Qualidade no Canteiro de Obras, apresenta as ações da qualidade em serviços
no canteiro de obras e a cadeia produtiva da construção civil.
O Capítulo 6, Qualidade no Projeto de Obras de Edificações, apresenta a dinâmica em obras
de edificações e o planejamento da execução de obras de edificações. Também ferramentas de gestão
da qualidade: diagrama de Pareto; diagrama de Causa e Efeito; fluxograma; ciclo PDCA; e folha de
verificação.
Finalmente, o Capítulo 7, Gestão de Resíduos na Construção de Edificações, apresenta os
impactos ambientais, o Greenhouse Gas Protocol (GHG), o Programa de Gerenciamento de Resí-
duos da Construção Civil (PGRCC) e o Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS).
Também a qualificação de fornecedores (prestadores de serviço, transportadoras e recebedores de
resíduos).
Os autores

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8 Qualidade na Construção Civil
1
História da
Qualidade

Para começar

Este capítulo tem por objetivo apresentar as origens da qualidade nas atividades do homem, bem
como definir seus conceitos básicos ao longo da história.

1.1 Introdução à qualidade


No início do século XXI, a qualidade pode ser entendida como uma necessidade e uma exi-
gência social. A necessidade – como o fornecimento de água potável ou o ar que respiramos, em
condições adequadas à saúde do homem – deve ser estendida a toda a população.
O grau de exigência, por sua vez, está focado no consumidor, isto é, devem-se oferecer produ-
tos ou serviços que superem as suas expectativas. A qualidade de um produto está diretamente rela-
cionada à sua concepção, às necessidades do consumidor e ao preço a ser pago.

Fique de olho!

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estabelece que o Estado deve promover, na forma da lei, a
defesa do consumidor.

O conceito sobre qualidade (do latim qualitas) surgiu com o filósofo grego Aristóteles (384-
322 a.C.); porém, até os dias de hoje ainda não há consenso sobre o seu significado.

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Os estudiosos da qualidade, importantes especialistas da segunda metade do século XX, serão
apresentados na sequência, mas já é possível destacar como alguns eles entendiam esse conceito. A
Figura 1.1, por exemplo, apresenta as frases de Deming, Juran, Crosby e Ishikawa.

Deming “melhoria contínua”

Juran “próprio para o uso”

Crosby “em conformidade com os requisitos”

“o mais econômico, o mais útil e que


Ishikawa
sempre satisfaça o consumidor”

Figura 1.1 - Frases famosas dos “gurus” da qualidade.

Com certeza, você concorda com as frases apresentadas na Figura 1.1. Todas podem ser iden-
tificadas quando, por exemplo, se compra um aparelho celular. A frase de Deming (“melhoria con-
tínua”) demonstra o interesse do consumidor por um aparelho com uma melhor tecnologia, uma
câmera de melhor resolução, com utilização de 4G, dentre outros. A frase de Juran (“próprio para o
uso”) lembra que não adianta possuir um telefone móvel que não faz nem recebe chamadas. A frase
de Crosby (“em conformidade com os requisitos”) estabelece que o celular somente funciona utili-
zando determinada faixa de frequências. E por fim, a frase de Ishikawa (“o mais econômico, o mais
útil e que sempre satisfaça o consumidor”) alerta que nem sempre o mais caro e o mais moderno
satisfazem o consumidor. Continuando no exemplo do celular, a possibilidade de usar simultanea-
mente dois chips de operadoras distintas não está presente nos celulares top de linha.
Em termos gerais, a prática da qualidade deve ser uma filosofia organizacional, expressa por
meio de ações que focalizem o processo produtivo e que busquem a vantagem competitiva a longo
prazo. Mas como conseguir isso? A melhoria contínua, o respeito, a participação e a confiança de
todos os fornecedores, clientes e colaboradores são as atitudes necessárias. O conjunto de processos
que determinam a excelência de um produto ou serviço é denominado Gestão para a Qualidade
Total (GQT), Gerência da Qualidade Total (GQT) ou Controle de Qualidade Total (CQT). Essas
siglas surgiram no período após a Segunda Guerra Mundial. Nessa época era necessário fabricar
armas em grande quantidade e que não falhassem perante o confronto com o inimigo.
Entretanto, quando teve início a concepção da qualidade? Como isso aconteceu? Provavel-
mente com os primeiros seres humanos, que tinham que caçar (e não ser caçados) para a subsis-
tência de suas famílias. Os caçadores mais hábeis e com os melhores instrumentos garantiam a
melhor caça. Assim, intrinsecamente eles sabiam o que era qualidade para ter sucesso na caçada e
se manter vivos. A Figura 1.2 (a) apresenta a caricatura de dois homens pré-históricos carregando
sua caça e (b) apresenta figuras rupestres marcadas em cavernas rochosas mostrando os hábitos e
as práticas de caça.

10 Qualidade na Construção Civil


Matthew Cole/Shutterstock.com

aleksandr hunta/Shutterstock.com
(a) (b)
Figura 1.2 - (a) Caça sendo carregada e (b) ilustrações pré-históricas em rochas (pinturas rupestres).

Avançando na linha do tempo, nos séculos XVIII e XIX, a qualidade era controlada pelos
artesãos, que fabricavam seus artefatos. Eles escolhiam a matéria-prima e realizavam todas as etapas do
processo construtivo, bem como a venda de seus produtos. Se durante o processo produtivo ocorressem
erros de fabricação, eles mesmos percebiam e corrigiam.
A partir da Revolução Industrial, a necessidade de produção em grande escala ocasionou
a troca dos artesãos por mão de obra não especializada auxiliada por máquinas de grande porte,
movidas a vapor. James Watt, construtor de instrumentos científicos, destacou-se pelos melhora-
mentos que introduziu no motor a vapor, que se constituíram um passo fundamental para a Revolu-
ção Industrial.
A Revolução Industrial foi a transição para novos processos de manufatura (trabalhos com
máquinas) no período entre 1760 e 1840. Essa transformação incluiu a fabricação de novos produtos
químicos, os novos processos de produção de ferro, a maior eficiência da energia da água e o uso
crescente da energia a vapor. A primeira atividade fabril de mecanização foi a fabricação de tecidos.
Teares de grande capacidade produtiva foram desenvolvidos na Europa, Estados Unidos e Japão.
A Figura 1.3 mostra tecelões peruanos confeccionando tapetes e apresenta um selo comemora-
tivo com a ilustração representando James Watt e a máquina a vapor.
Andy Lidstone/Shutterstock.com
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(a) (b)
Figura 1.3 - (a) Trabalho manual de artesãos e (b) trabalho mecanizado utilizando vapor.

História da Qualidade 11
O aumento de escala da produção introduziu o chamado controle da qualidade, com o obje-
tivo principal de evitar os custos do retrabalho. Inicialmente com foco na inspeção do produto final,
o controle da qualidade evoluiu com a adoção da inspeção em diferentes etapas do processo produ-
tivo, como o controle estatístico da qualidade, as cartas de controle, dentre outros. Todavia, o con-
trole da qualidade tinha ênfase na detecção de defeitos ou falhas. O distanciamento entre quem pro-
duzia e quem consumia e a segmentação do controle da qualidade, como consequência da produção
seriada, diluíram a responsabilidade pela qualidade e os problemas com a qualidade dos produtos
surgiram com maior intensidade.
A produção em grande escala, proporcionada pelas grandes máquinas, precisava de traba-
lhadores integrados a esse novo cenário. Esse movimento, conhecido como taylorismo, procurava
aliar o máximo de produção e rendimento ao mínimo de tempo e de atividade. Elaborado pelo
engenheiro e economista americano Frederick W. Taylor (1856-1915), tal sistema promoveu grande
racionalização do trabalho e alta produtividade, por meio do trabalho em série. E a qualidade? Na
maioria dos casos, ocorria uma diminuição da qualidade dos produtos.
No início do século XX, o norte-americano Henry Ford fundou a Ford Motor Company e
inventou a montagem em série, produzindo grande quantidade de automóveis em menos tempo
e a um menor custo. Seu modelo Ford T, lançado em 1908, promoveu uma revolução nos trans-
portes e na indústria dos Estados Unidos. Tratava-se de um veículo confiável, robusto, seguro,
simples de dirigir e principalmente barato. Sua fabricação tomou novo rumo em 1913, quando
Ford baseou-se nos processos de produção dos revólveres Colt e das máquinas de costura Singer,
para criar a linha de montagem e a produção em série, proporcionando outra revolução, dessa vez
na indústria automobilística.
A Figura 1.4 apresenta um selo comemorativo com a imagem de Henry Ford com o modelo
Ford T ao fundo e uma fotografia do modelo Ford T.

Stanislaw Tokarski/Shutterstock.com
irisphoto1/Shutterstock.com

(a) (b)
Figura 1.4 - (a) Selo comemorativo com imagem de Henry Ford e (b) modelo Ford T.

Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a situação de ocorrências de inúmeros defei-


tos em produtos militares e bélicos levou muitos estudiosos a buscar soluções científicas. A publicação,

12 Qualidade na Construção Civil


de 1931, intitulada Economic Control of Manufactured Products, do matemático americano W. A.
Shewart, revolucionou os princípios da qualidade, porque pela primeira vez a qualidade foi abordada
com um caráter científico, utilizando-se os princípios da probabilidade e da estatística para inspecio-
nar a produção.
No início da Segunda Guerra Mundial (1939), houve uma grande conversão das indústrias
para a fabricação de produtos militares com qualidade e dentro dos prazos. O período seguinte ao fim
da Segunda Guerra Mundial (1945) trouxe o controle de processos. Esse tipo de controle engloba toda
a produção, desde o projeto até o acabamento. No período pós-guerra, os japoneses decidiram partir
para a industrialização, importando recursos naturais (commodities) e exportando produtos manufatu-
rados. Seria necessário qualidade, preço e fabricação eficiente, bem como importar conhecimento. Por
isso, em 1950 chegou ao Japão o professor W. Edwards Deming, levando um método de controle esta-
tístico do processo. Esta época foi considerada o apogeu do controle estatístico da qualidade. Deming
criou uma lista de 14 pontos fundamentais para a implantação da qualidade:
» 1o princípio: estabeleça constância de propósitos para a melhoria do produto e do serviço,
objetivando tornar-se competitivo e manter-se em atividade, bem como criar emprego,
» 2o princípio: adote a nova filosofia. A administração ocidental deve acordar para o desafio,
conscientizar-se de suas responsabilidades,
» 3o princípio: deixe de depender da inspeção para atingir a qualidade. Elimine a neces-
sidade de inspeção em massa, introduzindo a qualidade no produto desde seu primeiro
estágio,
» 4o princípio: cesse a prática de aprovar orçamentos com base no preço. Em vez disso,
minimize o custo total. Desenvolva um único fornecedor para cada item, em relaciona-
mento de longo prazo fundamentado na lealdade e na confiança,
» 5o princípio: melhore constantemente o sistema de produção e de prestação de serviços de
modo a melhorar a qualidade e a produtividade e, consequentemente, reduzir de forma
sistemática os custos,
» 6o princípio: institua treinamento no local de trabalho,
» 7o princípio: institua liderança. O objetivo da chefia deve ser o de ajudar as pessoas, as
máquinas e os dispositivos a executarem um trabalho melhor. A chefia administrativa está
necessitando de uma revisão geral tanto quanto a chefia dos trabalhadores de produção,
» 8o princípio: elimine o medo, de forma que todos trabalhem de modo eficaz para a
empresa,
» 9o princípio: elimine as barreiras entre os departamentos. As pessoas engajadas em pes-
quisas, projetos, vendas e produção devem trabalhar em equipe, de modo a prever proble-
mas de produção e de utilização do produto ou serviço,
» 10o princípio: elimine lemas, exortações e metas para a mão de obra que exijam nível zero
de falhas e estabeleçam novos níveis produtividade. Tais exortações apenas geram inimi-
zades, visto que o grosso das causas da baixa qualidade e da baixa produtividade encon-
tra-se no sistema, estando, portanto, fora do alcance dos trabalhadores,

História da Qualidade 13
» 11o princípio: elimine padrões de trabalho (quotas) na linha de produção. Substitua-os
pela liderança; elimine o processo de administração por objetivos. Elimine o processo de
administração por cifras e por objetivos numéricos. Substitua-os pela administração por
processos por meio do exemplo de líderes,
» 12o princípio: remova as barreiras que privam o operário horista de seu direito de orgu-
lhar-se de seu desempenho. A responsabilidade dos chefes deve ser mudada de números
absolutos para a qualidade. Remova as barreiras que privam as pessoas da administra-
ção e da engenharia de seu direito de orgulhar-se de seu desempenho. Isso significa a
abolição da avaliação anual de desempenho ou de mérito, bem como da administração
por objetivos,
» 13o princípio: institua um forte programa de educação e autoaprimoramento,
» 14o princípio: engaje todos da empresa no processo de realizar a transformação. A trans-
formação é da competência de todo mundo (DEMING, 1990).
Em 1954, o engenheiro Joseph M. Juran também foi ao Japão ensinar qualidade e colaborou
na criação da JUSE (Japanese Union of Scientists and Engineers) para acompanhar e desenvolver as
normas da qualidade.
No final dos anos 1950 e no início dos anos 1960, Kaoru Ishikawa aprendeu os princípios do
controle estatístico da qualidade desenvolvido por Deming e Juran. Seu papel-chave ocorreu no
desenvolvimento de uma estratégia especificamente japonesa da qualidade. A característica japonesa
é a ampla participação na qualidade, não somente de cima para baixo, dentro da organização, mas
igualmente começando e terminando no ciclo de vida de produto. Em conjunto com a JUSE, em
1962, Ishikawa introduziu o conceito de Círculo de Qualidade. Em 1982, criou o Diagrama de Causa
e Efeito, também conhecido como Diagrama de Ishikawa, ferramenta poderosa que facilmente
pudesse ser usada por não especialistas para analisar e resolver problemas.
A Figura 1.5 apresenta munição utilizada durante a Segunda Guerra Mundial, que foi uma
das preocupações do desenvolvimento dos procedimentos da Qualidade e o desembarque de tropas
americanas, durante esse mesmo conflito, em uma ilha do Oceano Pacífico, ocasião em que a qua-
lidade dos armamentos e equipamentos – que estavam molhados – deveria garantir seu funciona-
mento ao chegarem a terra firme.
Everett Collection/Shutterstock.com
Sergey Kamshylin/Shutterstock.com

(a) (b)
Figura 1.5 - (a) Munição de guerra e (b) desembarque de soldados.

14 Qualidade na Construção Civil


Philip B. Crosby ficou conhecido, na década de 50, pela frase “A qualidade é grátis”. O livro
assim denominado teve tanto sucesso que Crosby estabeleceu a sua própria empresa de consultoria
e fundou um colégio para a qualidade, na Flórida. Os dois pilares das suas obras são o “fazer bem
à primeira” e a filosofia de “zero defeito” (pressupõe que a empresa não parte do princípio de que
haverá erros de fabricação).
Novamente motivada por um conflito, a Guerra da Coreia (década de 1960), a indústria bélica
americana se destacou com o programa “zero defeito”, criado por Philip Crosby. Paralelamente, nesse
período, no Japão foram desenvolvidos os Círculos de Controle de Qualidade por Kaoru Ishikawa.
Nas décadas que seguiram até a virada do século XX para o século XXI, os Estados Unidos e o Japão
representavam as maiores potências no processo da qualidade, porém defendiam enfoques estratégi-
cos diferentes. Os EUA investiram na visão de mercado e nas necessidades do consumidor; o Japão
cresceu investindo na melhoria contínua de seus processos. A década de 1990 marcou o início da
utilização das normas ISO 9000 sobre modelo de garantia da qualidade. A versão 2000 da ISO 9000
ampliou sua abordagem e trata agora de Sistema de Gestão da Qualidade (NBR ISO 9001:2000). Isso
permitiu formar um único sistema: o Sistema Integrado de Gestão (SIG), que é a gestão integrada de
todos os aspectos da qualidade da empresa.

Amplie seus conhecimentos

O Código de Defesa do Consumidor – CDC, foi criado pela Assembleia Nacional Constituinte e apresenta a responsabili-
dade por vício do produto e dos serviços, indicando que os vícios de qualidade se dão por inadequação do bem de con-
sumo à sua destinação, sendo eles aparentes ou ocultos.

Para ler mais sobre o CDC, acesse: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm> e <http://www.idec.org.br/


consultas/codigo-de-defesa-do-consumidor>.

1.2 A qualidade no Brasil


A qualidade no Brasil “desembarcou” na década de 80 impulsionada pela indústria automobi-
lística e seus famosos controles da qualidade implantados nas montadoras e nos seus fornecedores.
Criado na década de 90, o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade (PBQP) valorizava
a consciência do cidadão enquanto consumidor e a sua exigência por qualidade. O setor privado
também embarcou “nessa moda”, porque, com a abertura da
economia ao mercado internacional, as empresas sentiram a
necessidade de garantir sua sobrevivência, sendo de extrema
necessidade o aumento da produtividade e da qualidade. Cliente é o nome dado a quem compra e
Ocorreu inicialmente com a indústria automobilística e poste- Consumidor é a denominação de quem
riormente se espalhou em empresas de todos os setores, indús- utiliza. Podem ser a mesma pessoa ou
pessoas distintas.
trias de transformação e de construção, comércio, serviços,
setor agrícola e inclusive o serviço público.
A Figura 1.6 apresenta o processo automatizado de soldagem da estrutura do automóvel e uma
linha de montagem de uma empresa automobilística.

História da Qualidade 15
Nataliya Hora/Shutterstock.com
Nataliya Hora/Shutterstock.com
(a) (b)
Figura 1.6 - (a) Processo robotizado de soldagem e (b) linha de montagem de automóveis.

A qualidade está presente não apenas no setor secundário, a indústria, mas também no setor
primário (agricultura) e terciário (comércio). Aliás, nesses setores, o Brasil possui a liderança em
vários segmentos de mercado.
O conceito da qualidade evoluiu na agricultura. O conceito antigo da qualidade entende a
palavra qualidade como associada a certas manifestações físicas mensuráveis no produto. Por exem-
plo: tamanho, peso e aspecto exterior dos produtos hortifrutigranjeiros, percentagem de gordura
no leite e produtividade de cereais em kg/ha. O conceito moderno da qualidade entende a palavra
qualidade no seu sentido amplo e dinâmico. Por exemplo: em uma fruta, mais importante que seu
aspecto ou tamanho serão, por exemplo, a quantidade de resíduos tóxicos que ela possui e as altera-
ções da riqueza da vida microbiana do solo, induzidas por aqueles insumos, que acabam se embu-
tindo no processo produtivo.
A Figura 1.7 apresenta o ciclo de engarrafamento de um recurso natural, a água. Em (a), a
amostra de água é coletada; em (b), a amostra de água é analisada em laboratório; e em (c), a amos-
tra de água é engarrafada sem contato manual por meio de um processo industrial.
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(a) (b) (c)


Figura 1.7 - (a) Coleta da amostra de água, (b) análise laboratorial e (c) engarrafamento.

16 Qualidade na Construção Civil


A agricultura no Brasil é responsável pela maior quantidade de recursos monetários vindos do
exterior. Por exemplo, citando o cultivo de tomates: no mundo e no Brasil, são valorizados produtos
alimentícios de qualidade e sem agrotóxicos (plantio orgânico). A Figura 1.8 apresenta uma estufa
de cultivo de tomate; um funcionário colhendo tomates; caixas de madeira que danificam a superfí-
cie do tomate e uma caixa de plástico para armazenamento mais adequado.

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(a) (b)

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(c) (d)
Figura 1.8 - (a) Plantio, (b) colheita, (c) armazenamento em caixa de madeira
e (d) armazenamento em caixa de plástico.

Esse exemplo demonstra que a qualidade deve estar presente em todas as etapas do processo.
De nada adianta ser cuidadoso na escolha da semente, no cultivo e na colheita e depois descuidar-se
nas etapas de armazenamento e transporte. E perceba que a solução adotada foi simples, sem encare-
cer demasiadamente o preço do produto final.

História da Qualidade 17
Em 1991, a Fundação Prêmio Nacional da Qualidade (FPNQ) foi criada e, a partir do estudo
de vários modelos de prêmios de excelência, definiu e passou a conceder anualmente o Prêmio
Nacional da Qualidade (PNQ). Em 2005, a FPNQ tornou-se a Fundação Nacional da Qualidade
(FNQ), cuja missão é propagar os fundamentos da excelência em gestão para o aumento da competi-
tividade das organizações e do Brasil.
As empresas que implantaram qualidade apresentaram três conceitos básicos para detectar
defeitos e oportunidades de melhorias:
» a informação interna e em relação aos concorrentes;
» a redução do tempo de ciclos e processos;
» o acompanhamento e a documentação de tarefas e processos.
A prestação de serviço apresenta como característica um contato próximo ao consumidor. De
nada adianta o produto ser de qualidade e a sua exposição à venda não seduzir o cliente. Deve ser
percebido pelo cliente itens como limpeza, organização e atendimento adequado, com gentileza e
fornecimento de informações sobre o produto.
As pessoas costumam acreditar que a qualidade está relacionada ao produto final. No entanto,
na realidade a qualidade deve ser mantida em cada etapa do processo de execução de um serviço,
pois em muitos casos, um material de péssima qualidade pode ocasionar sérios problemas ao con-
sumidor e grandes prejuízos na vida do trabalhador. Por isso, é extremamente importante manter a
qualidade presente no fluxo de todos os procedimentos.
A Figura 1.9 apresenta a preocupação com a qualidade de carnes expostas em um supermer-
cado e apresenta a preocupação com a qualidade de pães frescos recém-saídos do forno.

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(a) (b)
Figura 1.9 - (a) Exposição de carnes refrigeradas (venda de carnes) e
(b) prateleira repleta de pães de forma (venda de pães).

18 Qualidade na Construção Civil


A implantação de um sistema da qualidade total leva tempo, porque revoluciona o conheci-
mento até as bases do nível organizacional, como a educação constante, a permissão para a parti-
cipação e a criatividade, bem como a valorização do ser humano pela política do crescimento e da
qualidade de vida. Desse modo, estabelecer o sistema da qualidade não significa aumentar ou redu-
zir a qualidade dos serviços ou produtos, mas aumentar ou reduzir a certeza de que os requisitos e
as atividades especificados sejam cumpridos. Os avanços nas tecnologias de informática, transportes
e comunicação aumentaram ainda mais a velocidade das mudanças e transformaram o diferencial
competitivo, que passa a ser a rapidez e a competência da empresa em aprender, interagir e respon-
der ao mercado.

Amplie seus conhecimentos

A qualidade é um conceito dinâmico e estratégico para as empresas e sociedades. A qualidade de um produto está dire-
tamente relacionada com a percepção das pessoas envolvidas. Isso ocorre desde a sua concepção na fase de projeto, sua
elaboração na etapa de produção, seu nível de desempenho quando de sua utilização como produto final e seu descarte
no pós-utilização.

Leia mais sobre qualidade em: <http://www.qualidadebrasil.com.br/.>

Vamos recapitular?

Neste capítulo foi visto como se deu a origem do conceito de qualidade nas atividades do homem,
bem como foram definidos seus conceitos básicos ao longo da História. A preocupação com a quali-
dade sempre foi relacionada à sobrevivência do homem, particularmente em situação de guerra, ou em
ambientes mercadológicos.

História da Qualidade 19
Agora é com você!

1) Quem apresentou pela primeira vez o conceito da qualidade?


2) Quando foi criado o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade (PBQP)?
3) O professor W. Edwards Deming criou um método de controle estatístico da quali-
dade de processos. Ele criou uma lista de 14 pontos fundamentais para a implantação
da qualidade. Cite cinco pontos fundamentais dessa teoria.
4) Cite os três conceitos básicos para detectar defeitos e oportunidades de melhorias
que as empresas que implantaram qualidade apresentaram.
5) Quais são as diferenças entre a qualidade do setor secundário e terciário?
6) Como a qualidade de produtos interfere na produtividade de serviços?

20 Qualidade na Construção Civil


2
Qualidade nas
Edificações do
Mundo Antigo

Para começar

Este capítulo tem por objetivo apresentar como os parâmetros da qualidade eram observados
pelos principais povos do mundo antigo.

2.1 A natureza da qualidade


O homem, desde os seus primórdios, tem percepção sobre o que é qualidade. Para sobreviver,
quando extraía da natureza alimentos, ele já se preocupava com a qualidade. A adoção de práticas
agrícolas permitiu cuidar da qualidade daquilo que plantava e colhia. A preocupação com a segurança
também estava presente na qualidade das pedras selecionadas para a fabricação de armas e ferramen-
tas. Lascas afiadas de pedras vulcânicas (mais macias) serviam para cortar carne e retirar polpa de
plantas conforme observa-se na Figura 2.1.
Diversos tipos de ossos, pedaços de madeira e de pedras foram característicos da presença
humana na Era Paleolítica. Eles eram fabricados por meio do manuseio de grandes pedras de
maneira a lhes dar forma adequada para cortar, raspar ou furar. E quais foram os principais instru-
mentos fabricados? Pontas de flecha, machados de mão e mais tarde agulhas de osso, arcos e flechas.
Os ancestrais humanos também se interessaram por manifestações artísticas, por exemplo,
com a confecção de pinturas. Desenhos e sinais eram as representações gráficas que compunham a
arte rupestre presente em paredes de cavernas pelos homens da Pré-História.

21
Hein Nouwens/Shutterstock.com
Figura 2.1 - Ferramentas e armas feitas de pedra.

As principais “ferramentas” utilizadas para a execução das pinturas rupestres eram os dedos
das mãos e, na sequência evolutiva, apareceram os pincéis rudimentares de penas ou de madeira. A
matéria-prima utilizada para obter uma grande variedade de cores eram o carbono e as rochas em
pó, com destaque para o óxido de ferro, do qual se obtinha a coloração vermelha-alaranjada. A fixa-
ção nas paredes de rocha ocorria por conta da diluição em substâncias gordurosas ou seivas vegetais.

BarryTuck/Shutterstock.com

Figura 2.2 - Pintura rupestre com desenhos em vermelho.

22 Qualidade na Construção Civil


A grandiosidade das grandes obras da Antiguidade ocorreu principalmente pela grande capa-
cidade de organizar milhares de trabalhadores em atividades organizadas. Por isso é possível afir-
mar que o Controle de Processo foi mais relevante que o Controle Estatístico da Qualidade. Exem-
plos dessa afirmação são as construções das pirâmides do Egito Antigo, das obras arquitetônicas
da Grécia Antiga, a construção naval de Veneza no século XVI e a organização militar dos persas.
Os métodos utilizados para conduzir exércitos de trabalhadores baseavam-se na obediência às
normas e nos procedimentos relativos às sequências construtivas.
O artesão, desde que começou a fabricar produtos para o seu próprio uso e para a venda, contro-
lava todo o processo de artesanato: concepção, projeto, escolha da matéria-prima, fabricação, controle
da qualidade e comercialização. Ele praticava o que hoje se pretende implantar – o autocontrole.
A proximidade entre o produtor e o consumidor permitia um retorno imediato de informação
sobre o desempenho do produto. Isso permitia que o artesão soubesse rapidamente quais eram as
necessidades, expectativas e os desejos de seus consumidores, sem a necessidade de procedimentos
administrativos ou a existência de intermediários. E, da parte dos consumidores, estes, conhecendo
as aptidões e as limitações do artesão, criavam uma expectativa mais próxima em relação à qualidade
do produto e da prestação de serviço que estavam prestes a receber.
A Figura 2.3 apresenta um artefato de vidro sendo fabricado em forno artesanal na cidade de
Murano, Itália.

Mihai Andritoiu/Shutterstock.com

Figura 2.3 - Artefato de vidro sendo produzido por método artesanal.

Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo 23


2.2 Qualidade no Egito antigo
Os egípcios desejavam eternizar reinados porque a religião existente na época tinha como
dogma a vida após a morte. A arte e a arquitetura tinham um papel fundamental para a existência
perene do nome e dos feitos realizados pelos faraós egípcios. Até os dias atuais, muitos turistas visi-
tam as diversas pirâmides, esculturas, painéis com hieróglifos e pinturas. As técnicas construtivas
utilizadas das pirâmides e suas câmaras secretas intrigam até os estudiosos no assunto e motivam
roteiristas de filmes a ambientarem suas gravações no Egito.
A Figura 2.4 apresenta um mapa do Egito Antigo. É possível perceber a importância do rio
Nilo na evolução do império egípcio. Atualmente muitas regiões do planeta ainda sofrem com
as cheias de grandes rios, mas sabemos da importância desse fenômeno. E os egípcios também
conheciam os dois principais aspectos positivos da cheia cíclica de um grande rio: a oferta de água
e a adubação natural de grandes faixas de terra em razão dos nutrientes trazidos pela cheia. Por
isso, às margens do Nilo foram construídos diques e reservatórios, a fim de reter as águas que
seriam utilizadas.

Jose Ignacio Soto/Shutterstock.com

Figura 2.4 - Mapa do Egito Antigo.

24 Qualidade na Construção Civil


Esse “domínio” sobre o rio Nilo auxiliou na evolução da cultura egípcia porque conseguiam
ter água disponível em época de estiagem e também tinham anualmente áreas desérticas aptas
para o cultivo de lavouras. A regularidade no fornecimento de alimentos permitiu abastecer a
população e os soldados que constituíam o exército, responsável por muitas conquistas.
As pirâmides, construções destinadas aos faraós, tinham base quadrangular. Esses monumen-
tos ganhavam altura com a sobreposição em camadas de pedras que pesavam de 15 a 25 toneladas
e mediam de 10 a 15 metros de largura, além de serem admiravelmente lapidadas. A pirâmide em
degraus do faraó Zoser é a mais antiga criação em pedra talhada existente no mundo, sendo conside-
rada o berço da arquitetura. Essa pirâmide em degraus foi o primeiro arranha-céu da história, com
60,96 metros de altura.
Muitos dos feitos antigos chegaram até os nossos dias porque causaram enorme impacto na
cultura local da época. Imhotep, o arquiteto-chefe das obras do Faraó Zoser, da Terceira Dinastia,
eternizou sua marca em virtude da construção da primeira pirâmide egípcia, construída em forma
de degraus. Ele conseguiu projetar um sistema de normas para extração, corte e polimento de pedras
que, mesmo fabricadas a longa distância do local da montagem, eram cortadas com precisão, nume-
radas e identificadas de acordo com o local da montagem.
Antes da pirâmide de Zoser, os faraós eram enterrados em mastabas (palavra árabe que signi-
fica “banco de pedra”). Tratava-se de túmulos construídos com pedra ou tijolos, submetidos à expo-
sição solar (o que permitia o enrijecimento e um sequente corte mais preciso). Apresentavam formas
de pirâmide truncada e dimensões de, em média, 30 metros de comprimento, 15 metros de largura e
6 metros de altura.
A Figura 2.5 apresenta a pirâmide de Zoser, datada de 2650 a.C. Atualmente ela não apresenta
o revestimento original de pedra calcária branca polida.

Brian Maudsley/Shutterstock.com

Figura 2.5 - Pirâmide de Zoser.

Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo 25


São três as Pirâmides de Gizé, por ordem decrescente de tamanho: a Grande Pirâmide de Gizé
(também conhecida como Grande Pirâmide, Pirâmide de Quéops ou Khufu), a Pirâmide de Quéfren
(ou Chephren) e as Pirâmides de Miquerinos (ou Menkaure). Ao lado leste desse complexo, vê-se a
Grande Esfinge.
A maior delas, Pirâmide de Quéops (147 metros de altura), é também a mais antiga e a mais
bem construída. É formada por blocos encaixados com precisão micrométrica, cada um com peso
de duas toneladas e meia. Foi necessária a força de trabalho de aproximadamente 100 mil homens
livres durante 20 anos, segundo estimativas. Até 1900, ano da construção da Torre Eiffel, detinha o
posto de mais alta estrutura feita pelo homem.
À distância, a pirâmide dava a impressão de ser entalhada em uma única rocha, tal era a pre-
cisão da fabricação dos blocos de pedra calcária. É bem provável que os pesados blocos fossem colo-
cados sobre trenós de madeira e arrastados sobre uma longa rampa. À medida que a pirâmide se
tornava mais alta, a rampa ficava mais longa a fim de manter o mesmo nível de inclinação. Já outra
teoria diz que uma rampa envolvia a pirâmide como uma escada em espiral.
Como a luz do sol era refletida pela pedra calcária, a pirâmide se tornava visível a uma grande
distância. Mas o fato mais curioso é que os quatro lados da Pirâmide de Quéops apontam, com pre-
cisão, os quatro pontos cardeais da bússola: Norte, Sul, Leste e Oeste.
A Figura 2.6 apresenta o complexo de pirâmides de Gizé, o detalhe da montagem dos blocos
de pedra da pirâmide de Quéops e o detalhe do tamanho dos blocos de pedra perante a dimensão
das pessoas.

Dan Breckwoldt/Shutterstock.com

(a)
Figura 2.6 - Pirâmides de Gizé.

26 Qualidade na Construção Civil


Waj/Shutterstock.com
(b)

ChameleonsEye/Shutterstock.com

(c)
Figura 2.6 - Pirâmides de Gizé (continuação).

Em um sistema construtivo, mesmo de civilizações antigas, além de um excelente projeto e


um atuante gestor que organize as atividades da obra, são necessários alguns cuidados no aspecto
técnico. Diversas pirâmides, obras e construções ocorrendo de maneira simultânea exigiram a ado-
ção de um padrão de medida para concretizar corretamente as orientações presentes nos projetos. O
faraó Khufu criou o primeiro padrão de medida no Egito, um padrão de granito preto, chamado de
“cúbito real egípcio”. Como foi obtido o comprimento de 524 mm que se subdividia em 28 partes?
Foi adotado o comprimento da distância do cotovelo até a ponta do dedo médio do faraó Khufu. O
faraó também percebeu a importância da disseminação desse padrão em todas as suas obras. Por
isso, os trabalhadores detinham nos locais de trabalho cópias desse padrão, em pedra ou madeira,
cuja manutenção era da responsabilidade do arquiteto real.

Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo 27


A Figura 2.7 apresenta o esquema do cúbito real egípcio e a máscara mortuária de um faraó.

Rachelle Burnside/Shutterstock.com
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(a) (b)
Figura 2.7 - (a) Medida-padrão e (b) máscara mortuária de um faraó mostrando o antebraço.

O que muitos historiadores chamam de milagres ou mistérios nas grandes construções egíp-
cias pode ser traduzido por:
» adoção de sistemas construtivos inovadores;
» planejamento detalhado do sistema de construção;
» atendimento às normas de qualidade estabelecidas;
» implantação de novos materiais;
» controle rígido de processos.

2.3 Qualidade nas dinastias chinesas


A China é uma das mais antigas nações a ter desenvolvido uma civilização. O sucesso obtido
pelas dinastias da China, desde a primeira – Dinastia Xia (século XXI a.C.) até a destruição da
Dinastia Qing (1911) – pode ser atribuído a um sistema político rígido que atuou no controle do
país, auxiliando a instalação de práticas gerenciais sólidas e uniformes. Por exemplo, a Dinastia
de Zhou (séc. XI a.C.–séc. VIII a.C.) estabeleceu um sistema composto de um número específico de
organizações gerenciadas por oficiais.
Essas organizações foram divididas em grandes departamentos de acordo com as funções por
elas desempenhadas:

28 Qualidade na Construção Civil


» coleta, processamento, armazenamento e distribuição de matéria-prima e materiais
semiacabados;
» manufatura de produtos;
» armazenamento e distribuição de produtos;
» elaboração de normas para qualidade e produtividade;
» inspeção e ensaios regidos por normas.
A Figura 2.8 apresenta o mapa da China Antiga. O império chinês manteve, de maneira cen-
tralizada e documentada, a tecnologia construtiva de templos, edificações e muralhas.

Figura 2.8 - Mapa da China Antiga. Ingvar Bjork/Shutterstock.com

Há um velho provérbio chinês que diz: “O povo chinês tem uma mente histórica”, ou seja, o
passado é considerado um fator crucial para o entendimento da mentalidade chinesa. Durante
o período da dinastia Zhou, muitos avanços importantes foram conseguidos, como:
» surgimento de grandes filósofos, como Confúcio (nome latino do pensador chinês Kung-
-Fu-Tze), a figura histórica mais conhecida na China;
» formação de um sistema de comércio sólido, que utilizava dinheiro em vez da prática do
escambo, ou seja, troca de mercadorias como meio de pagamento;
» proibição da venda de utensílios e matérias-primas cujas dimensões ou qualidade não
atendessem às exigências das normas.

Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo 29


Nessa mesma época existia um sistema de medição de comprimento, volume e massa com
a utilização de instrumentos-padrão para tais medições. A exigência no sistema de qualidade era
tamanha que eram obrigatórias, duas vezes por ano, a aferição e a calibração de instrumentos, que só
podiam ser usados após a fixação do selo de calibração.

A Figura 2.9 apresenta artefatos cerâmicos fabricados na China, sujeitos ao controle de quali-
dade da época.

Rachelle Burnside/Shutterstock.com

(a)
yienkeat/Shutterstock.com

(b)
Figura 2.9 - (a) Prato e (b) jarros cerâmicos chineses.

Atualmente os carros de luxo têm em seu motor, por exemplo, a inscrição do nome do enge-
nheiro que o fabricou. Na China Antiga, durante a Dinastia Tang (618 d.C.–907 d.C.), a venda de
armamentos de guerra somente ocorria se seguisse padrões estipulados pelos governantes e se eles
tivessem o nome dos trabalhadores inseridos na própria peça. As punições nessa época não eram
multas, mas castigos físicos.
Já na Dinastia Ming (1368 d.C.–1644 d.C.), as punições tinham foco nos artigos e utensílios de
baixa qualidade (produtos descartáveis) e para aqueles que tecessem seda abaixo das especificações.
A Figura 2.10 apresenta armamentos de guerra e roupa feita de seda.

30 Qualidade na Construção Civil


A Muralha da China, também chamada de “Grande Muralha”, foi formada por diversas mura-
lhas construídas no decorrer de várias dinastias chinesas, iniciando-se a construção em 220 a.C. e
concluindo-se no século XV, durante a Dinastia Ming, um total de quase 2 mil anos.

A fim de se proteger de invasões dos povos ao norte, os chineses começaram a erguer muros, o
que ocorreu antes da unificação do império. Com a unificação dos sete reinos em um país, o impera-
dor Qin Shihuang (259–210 a.C.), da Dinastia Chin, procedeu à unificação da muralha, com o apro-
veitamento de outras fortificações existentes. Medindo cerca de 3.000 km de extensão naquela época,
foi gradativamente ampliada nas dinastias seguintes. Diversos segmentos desta obra foram construí-
dos com tijolos, tendo-se alcançado um alto nível de tecnologia.
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DK.samco/Shutterstock.com
(a) (b)
Figura 2.10 - (a) Cavaleiro com armamentos e (b) bailarina com fantasia em seda.

Houve uma reconstrução durante os séculos XV e XIX, concluída com 2.400 km que cru-
zam parte do país de leste a oeste, atravessando planícies e montanhas. Sua parte mais estreita tem
40 cm de espessura e a mais larga mede 6 metros, com altura de 7 metros. Em toda a sua história, a
muralha só foi medida em 1700, por ordem do imperador Kangxi, (quando se contaram aproxima-
damente 8.000 km) e em 2006 (ocasião em que foram registrados 21.196,18 km).

Como a muralha foi construída com materiais disponíveis em cada região, ela conta com par-
tes feitas de pedra e outras revestidas de tijolos. As construções realizadas tinham garantia de um
ano; caso houvesse danos durante esse período, eram aplicadas punições aos oficiais e artesãos res-
ponsáveis pelo trabalho, sendo refeito o trabalho sem qualquer ônus para o Estado. A Figura 2.11
apresenta trecho superior da Muralha e perfil da Muralha.

Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo 31


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(a)

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(b)
Figura 2.11 - (a) Trecho superior da Muralha da China e (b) perfil da Muralha.

32 Qualidade na Construção Civil


Madeira e tijolo são perecíveis e os chineses cuidaram muito pouco de seus monumentos, ao
contrário dos japoneses. Tudo o que caía em ruínas era frequentemente abandonado, até que fosse
necessário e financeiramente possível construir uma edificação com nova planta. Assim, foram raras
as obras de tempos antigos mantidas nos dias atuais.
A estrutura de madeira dessas construções conheceu progresso durante a Dinastia Ming;
houve amadurecimento das artes decorativas e foram utilizados tijolos para a construção de casas
populares.
A Figura 2.12 apresenta uma edificação pertencente à China antiga.

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Figura 2.12 - Edificação chinesa antiga.

A pedra é um dos materiais antigos mais utilizados. As técnicas de sua obtenção e de sua uti-
lização eram conhecidas pelas civilizações antigas. Rochas coloridas e de texturas exclusivas eram
consideradas como material nobre. A sua utilização ocorria em partes ou em todos os templos,
monumentos e obras de arte. O mármore era muito cobiçado pelos imperadores em arcadas de jane-
las, por exemplo.
Existiam artesãos com grande habilidade na confecção de esculturas que eram anexadas às
edificações e aos monumentos. A Figura 2.13 apresenta a imagem de um dragão esculpido em rocha.

Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo 33


Jun Mu/Shutterstock.com
Figura 2.13 - Dragão esculpido em rocha.

A Dinastia Sui (581 d.C.–618 d.C.) cravou a sua marca da história chinesa com a construção
da Cidade de Shang-Na, construída com a utilização de cerca de 2 milhões de trabalhadores civis.
Além de sua beleza arquitetônica diferenciada, a extensão de uma área de 84 quilômetros quadrados
é um destaque. A inovação urbanística residia nas grandes avenidas na direções norte-sul e leste-
-oeste, com formação de grandes quadras divididas por 108 alamedas.

A ligação do povo chinês com a natureza se materializou com a construção de rios e canais.
Além da prática de pesca artesanal em grande escala, esses sistemas aquaviários eram utilizados nos
sistemas de abastecimento de água potável, nos sistemas de drenagem e como vias de transporte.

A rápida construção perante os padrões existentes (nove meses) somente foi possível graças
ao extraordinário planejamento. Outros fatores que também
podem ser atribuídos a esse sucesso são:
» detalhamento do projeto (uso de escala 1:100 nos
A qualidade era uma preocupação dos
projetos); governantes de grandes impérios da Anti-
» controle rígido da qualidade da construção; guidade, sendo colocada em prática por
meio de decretos governamentais.
» gestão detalhada as atividades.

2.4 Qualidade no Império Romano


Os romanos utilizaram os conhecimentos arquitetônicos desenvolvidos pelos gregos para
cobrir os diversos campos da engenharia civil. A Figura 2.14 apresenta o mapa da expansão do
Império Romano. Muitas tecnologias construtivas e controles da qualidade foram adquiridos em
cada uma das nações conquistadas.

34 Qualidade na Construção Civil


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Figura 2.14 - Mapa da expansão do Império Romano.

O Panteão romano é o principal prédio romano e o único edifício da Antiguidade Clássica que
se encontra em perfeito estado de conservação. Esse é apenas um exemplo das grandes construções
romanas que demandaram um grande volume de mão de obra (sem qualificação). Isso realmente era
um problema. Por isso, foi necessário desenvolver métodos simplificados e de fácil entendimento de
construção. Essas grandes realizações somente ocorreram porque existiu um incremento no número
de supervisores e foram criados procedimentos de inspeção para acompanhar a força de trabalho
não qualificada. Muitos historiadores relatam que nessa época foram criadas associações de artesãos
e de sindicatos de trabalhadores qualificados.
A Figura 2.15 apresenta a fachada do Panteão romano e a vista interna onde ocorre a incidên-
cia de luz solar através de uma abertura circular vazada, sem fechamento.

Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo 35


S-F/Shutterstock.com
(a)

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(b)
Figura 2.15 - Panteão romano: (a) fachada e (b) vista interna.

36 Qualidade na Construção Civil


A argamassa romana era obtida misturando-se terra vulcânica (pozolana) com cal. Existiam
descrições bastante precisas dos materiais a empregar (e que variavam de acordo com as regiões),
assim como as dosagens e a maneira conveniente de se proceder à sua mistura. A argamassa pronta
recebia pedra britada, alcançando-se a conformação desejada por meio de formas de madeira. Utili-
zava-se o mesmo processo para a construção dos arcos e das cúpulas.
Eles privilegiavam a estrutura de tijolo com enchimento de concreto, que não exigia tanta pre-
cisão quanto às técnicas de corte de pedra. O assentamento de placas de mármore travertino por
pedreiros qualificados servia para “esconder” defeitos de construção da etapa construtiva anterior.
Utilizava-se muito o travertino, uma pedra de superfície granulosa e, portanto, com excelente rugo-
sidade para seu assentamento com argamassa.
A Figura 2.16 apresenta uma placa de mármore travertino, que é uma rocha calcária natural.
Em seu processo de formação, ela sofre a ação de água doce subterrânea, responsável pela criação
dos espaços ocos, tão característicos desse material. Por que artistas e construtores tornaram esse
material tão cobiçado? Podem ser listadas as seguintes propriedades: diversidade de padrões, quali-
dades estéticas e durabilidade.

Fique de olho!

A definição da qualidade no mundo antigo é cultural, pois recebe influência dos objetivos dos governantes e das condi-
ções de mão de obra, materiais e tecnologias existentes.

Danilo Ascione/Shutterstock.com

Figura 2.16 - Mármore travertino.

Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo 37


No telhado de sua residência, talvez exista a cobertura realizada com telhas de barro chamadas
de telha romana. Esse tipo de cobertura inspirou-se no modelo grego. Ela chegou até os nossos dias
porque apresenta as seguintes características: baixa impermeabilidade; baixa rugosidade, ou seja,
ser lisa para permitir um rápido vazamento da água; dureza apropriada; e ter a resistência mecâ-
nica necessária para suportar o peso de agentes atmosféricos como a chuva. A Figura 2.17 apresenta
telhas antigas de edificações romanas.

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Figura 2.17 - Telhas romanas feitas à mão.

Os romanos herdaram dos povos conquistados as suas técnicas construtivas. Os fenícios con-
tribuíram com as técnicas aplicadas na construção de portos e faróis em todo o Mediterrâneo. A
construção de faróis é classificada como obra de grande porte, na qual o problema mais grave era o
do levantamento de cargas pesadas, efetuado por guindastes de roldanas. Esses equipamentos sofisti-
cados para a época e de grandes dimensões tinham como fonte de energia a força física dos escravos.

Amplie seus conhecimentos

O maior e mais famoso símbolo do Império Romano foi o Coliseu. Ele era um enorme anfiteatro reservado para as lutas
entre gladiadores, ou entre eles e animais selvagens. Sua construção foi iniciada em 72 d.C. por ordem do imperador
Flávio Vespasiano, sucessor do imperador Nero. Tinha uma altura de 48,5 metros e uma forma elíptica com 189 metros
no maior eixo e 156 metros no menor eixo. Sua arena tinha 85 metros por 53 metros. Suas arquibancadas foram cons-
truídas a partir de 3 metros do solo e tinha capacidade para mais de 50 mil pessoas. Em sua construção, foram utiliza-
dos 100 mil metros cúbicos de mármore travertino, principalmente no revestimento da fachada exterior, além de tijolos
de barro, blocos de tufa (pedra vulcânica) e concreto.

Para ler mais sobre o coliseu, acesse: <http://www.sogeografia.com.br/Conteudos/Lugares/?pg=3> e


<http://discoverybrasil.uol.com.br/guia_roma/entretenimento/coliseu/index.shtml.>

38 Qualidade na Construção Civil


Quais dimensões tinham essas edificações? O farol de Bolonha, com 60 metros, e o de Alexandria,
com seus 87 metros, figuravam entre os mais altos. E quais eram as suas utilizações? Assinalavam as
zonas perigosas e atraíam os marinheiros para a segurança dos portos. A luminosidade dos faróis
provinha da queima de madeira de árvores resinosas.

PHB.cz (Richard Semik)/Shutterstock.com


Figura 2.18 - Farol de sinalização marítima.

Amplie seus conhecimentos

Os romanos antigos eram um povo objetivo, com mentalidade aberta e receptiva. O que era considerado bom dos povos
conquistados era copiado e adaptado às suas necessidades.

Como consequência dessa mentalidade, surgiu uma forte indústria da construção, com legislação específica para regular
alguns aspectos construtivos e algumas normas de serviços obrigatórios para a mão de obra (similares às do serviço militar).

Eles estabeleceram também regulamentações específicas para o controle da qualidade dos materiais, dentre elas a obri-
gatoriedade, a partir do séc. II a.C., do uso de marcas nas unidades de alvenaria (tijolos e blocos de pedra) que iden-
tificassem o fabricante. Conseguiram, dessa forma, unificar as técnicas construtivas em todo o império, porém sempre
respeitando as vantagens dos sistemas construtivos locais.

Para ler mais sobre arte e arquitetura romana, acesse: <http://www.historiadomundo.com.br/romana/arte-e-arquitetura-


-romana.htm>.

Qualidade nas Edificações do Mundo Antigo 39


Vamos recapitular?

Neste capítulo foi visto como os parâmetros da qualidade eram observados pelos principais povos
do mundo antigo. O Império Romano foi o que mais tempo durou, e uma das razões é a de que ele
era muito pragmático; fazia uso das normas da qualidade dos povos conquistados, adaptando e introdu-
zindo-as em suas práticas culturais.

Agora é com você!

1) Qual a altura da Grande Pirâmide de Quéops?


2) Qual a origem da Grande Muralha da China?
3) Qual a essência do antigo controle de processo?
4) Quais as qualidades de uma antiga telha romana?

40 Qualidade na Construção Civil


3
Normas ISO
– Evolução e
Descrição

Para começar

Este capítulo tem por objetivo apresentar a família de normas ISO 9000 (Qualidade), bem como
sua origem, seus objetivos, sua terminologia e os benefícios de sua utilização. É também apresentada a
NBR ISO 14000 (meio ambiente) e sua relação, suas intenções, definições e diretrizes. Por fim, são apre-
sentadas as normas OHSAS 18000 – saúde e segurança do trabalhador.

3.1 Origem e objetivos das normas ISO


Em 1926 foi criada a primeira entidade para padronização internacional, denominada
International Federation of the National Standardizing Associations (ISA), que terminou suas ativi-
dades em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial. Logo após o fim desse conflito, representantes
de 25 países se reuniram na cidade de Londres, em 1946, com o objetivo de criar uma organização
internacional que, em nível mundial, facilitasse a coordenação e a unificação de normas industriais.
Assim, começou a funcionar oficialmente, em 23 de fevereiro de 1947, a International
Organization for Standardization (ISO – Organização Internacional de Normalização), com sede na
cidade de Genebra, Suíça.
A ISO é uma organização não governamental internacional que reúne mais de uma centena de
organismos nacionais de normalização. Hoje ela representa cerca de 160 países que respondem por cerca
de 95% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial, e tem por objetivo promover o desenvolvimento

41
da padronização de atividades correlacionadas de forma a possibilitar o intercâmbio econômico,
científico e tecnológico entre os países.

Fique de olho!

O PIB (Produto Interno Bruto) é a soma de todos os bens e serviços produzidos em um país durante certo período.

O campo de ação da ISO sobre normalização está estabelecido em quase todos os campos do
conhecimento. Ela não atua em normas da área de engenharia eletrônica e elétrica, que são de res-
ponsabilidade da International Eletrotechnical Commission. No Brasil, é representada pela Associa-
ção Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
A ISO procura conciliar interesses de produtores, usuários, governos e da comunidade cientí-
fica na preparação de normas internacionais. Seu trabalho é desenvolvido por intermédio de mais de
2.600 grupos técnicos de trabalho, compostos por mais de 20 mil especialistas de todo o mundo, e
que participam anualmente dos trabalhos técnicos da ISO, dos quais já resultou a publicação de mais
de 13 mil normas desde a fundação da organização.
Os objetivos da normalização realizada pela ISO são:
» Proteção do consumidor: prover a sociedade de meios eficazes para aferir a qualidade de
bens e serviços,
» Segurança: proteger a vida e a saúde,
» Economia: proporcionar a redução da crescente variedade de produtos e procedimentos,
» Comunicação: proporcionar meios mais eficientes de troca de informações entre o fabri-
cante e o cliente, melhorando a confiabilidade das relações comerciais,
» Eliminação de barreiras técnicas e comerciais: evitar a existência de regulamentos conflitan-
tes sobre bens e serviços em diferentes países, facilitando, assim, o intercâmbio comercial.
Dessa forma, a normalização encontra-se na fabricação dos produtos, na transferência de
tecnologia e na melhoria da qualidade de vida, por meio de normas relativas à saúde, à segurança e à
preservação do meio ambiente.
As práticas da ISO estão relacionadas aos campos do crescimento econômico, da igualdade
social e da integridade ambiental. Assim, suas ações nesses campos são:

3.1.1 Crescimento econômico


» disseminação de novas tecnologias;
» boas práticas de negócios;
» facilitação de comércio;
» comércio eletrônico;
» economias emergentes;
» redução da pobreza.

42 Qualidade na Construção Civil


3.1.2 Igualdade social
» proteção ao consumidor;
» proteção ao trabalhador;
» serviços de saúde;
» segurança;
» comércio justo;
» ética.

3.1.3 Integridade ambiental


» administração de resíduos;
» qualidade da água, do solo e do ar;
» eficiência energética e recursos renováveis;
» emissões de gases de efeito estufa (GHG) e recur- A qualidade é um conceito que firma um
sos renováveis; compromisso social, sendo relacionada
com a economia, com as pessoas e com
» análise do ciclo da vida e trabalho verde;
o meio ambiente.
» administração do meio ambiente.

3.2 Família ISO 9000 – qualidade

Relacionada com a palavra isonomia, que é um princípio de igualdade, a ISO tem como obje-
tivo a padronização do gerenciamento do sistema da qualidade, visando sua unificação de forma
universal. Assim, a sua função é a de promover a normalização de produtos (bens e serviços) para
que sua qualidade seja permanentemente melhorada.

3.2.1 Origem da família ISO 9000


No ano de 1979, o Comitê Técnico ISO TC 176 elaborou as normas sobre qualidade. Com a
globalização ocorrida na década de 1980, aumentou a necessidade de normas internacionais, princi-
palmente a partir da criação da União Europeia.
Em 1987, a ISO lançou um conjunto de normas denominado ISO 9000, fortemente baseadas nas
normas britânicas da qualidade e nas experiências e contribuições de especialistas e representantes de
diversos países. Para isso, os elaboradores conseguiram superar divergências quanto a terminologia,
conceitos e práticas e chegaram a um resultado, que pode ser considerado um marco histórico na evo-
lução da garantia e da gestão da qualidade. A partir desse instante as normas começaram a evoluir.
A primeira norma – ISO 9000:1987 – baseou-se principalmente na norma de origem britânica
BS-5750 (British Standard) e em normas militares:
» Normas Militares Americanas (MIL STD) – padronização;
» MIL-Q-9858 – foi a primeira norma de especificações de sistema da qualidade;

Normas ISO – Evolução e Descrição 43


» MIL-I-45205 – requisitos de um sistema da qualidade;
» AQAP (Allied Quality Assurance) OTAN – garantia da qualidade;
» DEF-STAN (Defense Standard) Reino Unido – normas das Forças Armadas sobre siste-
mas da qualidade;
» BS-5750 (British Standard).
Essa norma ficou conhecida como norma de gestão, porque, além de especificar como produ-
zir, também discriminava como gerenciar o processo de produção.
A expressão ISO 9000 designa um grupo de normas técnicas que estabelecem um modelo de
gestão da qualidade para organizações em geral, não importando a sua dimensão.

3.2.2 Normas componentes da família NBR ISO 9000


Como visto, as normas ISO foram publicadas pela primeira vez em 1987 com o objetivo de
padronizar requisitos para o desenvolvimento de sistemas de qualidade para empresas. A primeira
versão tinha uma estrutura de três normas sujeitas à certificação – a ISO 9001, 9002 e 9003 –, além
da ISO 9000, que era um guia para escolher a norma mais adequada a cada tipo de organização.
A série ISO 9000 é uma família de normas que formam um modelo de gestão da qualidade.
Foram desenvolvidas para apoiar as organizações no estabelecimento, na implantação e na manuten-
ção de Sistemas de Gestão da Qualidade, independentemente do ramo de atividade ou porte.
» NBR ISO 9000:1987: Normas de Gestão da Qualidade e Garantia da Qualidade – diretri-
zes para seleção de uso,
» NBR ISO 9001:1987: Normas de Sistema da Qualidade – modelo para garantia da quali-
dade em projeto, desenvolvimento, produção, instalação e serviços associados. Aplicava-
-se a organizações cujas atividades eram voltadas à criação de novos produtos,
» NBR ISO 9002:1987: Normas de Sistema da Qualidade – modelo para garantia da qua-
lidade em produção, instalação e serviços associados, compreendia essencialmente o
mesmo material da anterior, mas sem abranger a criação de novos produtos,
» NBR ISO 9003:1987: Normas de Sistema da Qualidade – modelo para garantia da quali-
dade inspeção e ensaios finais, abrangia apenas a inspeção final do produto e não se preo-
cupava como o produto era feito,
» NBR ISO 9004:1987: Normas de Gestão da Qualidade. Elementos do Sistema da Quali-
dade: diretrizes para melhoria do desempenho.
Em 1994, a série foi revisada, mas sem grandes modificações, mantendo a mesma estrutura, ou
seja, três normas sujeitas à certificação.
Com a revisão em 1994, passou-se a adotar o termo “família ISO 9000” para indicar o con-
junto formado pelas normas da série 9000. Nesse mesmo período, a ABNT alinhou-se ao restante do
mundo e passou a adotar a seguinte nomenclatura para versão nacional: “NBR ISO 9000”. É o con-
junto de normas da série “família NBR ISO 9000” pelo sistema Brasileiro de Normalização e publica-
das pela ABNT:

44 Qualidade na Construção Civil


» Norma NBR ISO 9000:1994: essa norma continha as definições e os termos relativos à
norma ISO 9001:1994. Não era uma norma certificadora, apenas explicativa de termos e
definições da garantia da qualidade.
» Norma NBR ISO 9001:1994: essa norma tinha a garantia da qualidade como base da cer-
tificação.
Em dezembro de 2000, a série foi totalmente revisada; além das alterações em sua estrutura, as
vinte cláusulas foram reduzidas para cinco, ficando, agora, apenas uma norma sujeita à certificação –
a ISO 9001:2000. Assim, a família de normas NBR ISO 9000:1994 (9001, 9002 e 9003) foi cancelada e
substituída pela série de normas ABNT NBR ISO 9000:2000, que é composta de três normas:
» Norma ABNT NBR ISO 9000:2000 (versão final da revisão das normas ISO 8402:1994 e
ISO 9000-1:1994): descreve os fundamentos de sistemas de gestão da qualidade e estabe-
lece a terminologia para estes sistemas (fundamentos e vocabulário). É aplicável a orga-
nizações que buscam vantagens por meio da implementação de um sistema de gestão da
qualidade; organizações que buscam a confiança, em seus fornecedores, de que os requisi-
tos de seus produtos serão atendidos; usuários dos produtos; aqueles que têm interesse no
entendimento mútuo da terminologia utilizada na gestão da qualidade etc.
» Norma ABNT NBR ISO 9001:2000 (versão final da revisão das normas ISO 9001:1994,
ISO 9002:1994 e ISO 9003:1994): especifica requisitos para um Sistema de Gestão da
Qualidade, no qual uma organização precisa demonstrar sua capacidade para fornecer
produtos que atendam aos requisitos dos clientes e aos requisitos regulamentares aplicá-
veis, e que objetiva aumentar a satisfação dos clientes por meio da efetiva aplicação do
sistema, incluindo processos para melhoria contínua e a garantia da conformidade com
requisitos do cliente e requisitos regulamentares aplicáveis. Dela poderão ser excluídos,
com a devida justificativa, os itens que não se aplicam ao tipo de atividade realizada pela
empresa. Assim, está focada na eficácia do Sistema de Gestão da Qualidade em atender os
requisitos dos clientes.
» Norma ABNT NBR ISO 9004:2000 (versão final da revisão das normas: ISO 9004-1:1994,
ISO 9004-2:1991 e ISO 9004-3:1993, ISO 9004-4:1993 e ISO 9004-4/Cor.1:1994): fornece
diretrizes, além dos requisitos estabelecidos na NBR ISO 9001, que consideram tanto a
eficácia como a eficiência do sistema de gestão da qualidade e, por consequência, o poten-
cial para melhoria do desempenho de uma organização. O objetivo dessa norma é a
melhoria contínua do desempenho global da organização (eficiência e eficácia) medida
por meio da satisfação dos clientes e das outras partes interessadas.
Nas versões anteriores à de 2000, as normas ISO não exigiam que as empresas tivessem obje-
tivos ou adotassem ações para a melhoria da qualidade nem que demonstrassem quaisquer resultados
nesse sentido. Nessa condição, era possível observar a tendência das empresas terem o objetivo de ape-
nas obter suas certificações, em vez de focarem na melhora dos seus processos, produtos e serviços.
As últimas revisões da “família ISO 9000” são:
» Norma NBR ISO 9000:2005: Sistemas de gestão da qualidade – Fundamentos e vocabu-
lário – foi a única norma lançada nesse ano, descrevendo os fundamentos de sistemas de
gestão da qualidade que, no Brasil, constituem o objeto da família ABNT NBR ISO 9000,

Normas ISO – Evolução e Descrição 45


definindo os termos a ela relacionados. É aplicável a organizações que buscam vantagens
por meio da implementação de um sistema de gestão da qualidade,
» Norma NBR ISO 9001:2008: Sistemas de gestão da qualidade – Requisitos – esta nova ver-
são foi elaborada para apresentar maior compatibilidade com a família da ISO 14000, e
as alterações realizadas trouxeram maior compatibilidade para as suas traduções e conse-
quentemente melhor entendimento e interpretação de seu texto,
» Norma NBR ISO 9004:2009: Sistema de Gestão da Qualidade – diretriz para melhoria
de desempenho. Essa nova versão substitui a versão 2000 e fornece às organizações um
modelo de “sucesso sustentado”. É a terceira versão (a primeira publicada em 1987),
» Norma NBR ISO 19011:2012: diretrizes para auditorias de sistemas de gestão da quali-
dade e/ou ambiental.
A revisão da NBR ISO 9001:2000, que originou a versão NBR ISO 9001:2008, trouxe poucas
mudanças. Elas serviram para melhorar o entendimento sobre a norma ISO 9001 e para aprimorar
sua utilização.
O comitê técnico ISO/TC 176 é responsável pela família ISO 9000. Ele reúne peritos de 80 paí-
ses participantes e 19 organizações internacionais ou regionais, além de outras comissões técnicas.
A NBR ISO 19011:2012 apresenta as diretrizes para auditorias de sistemas de gestão.

3.2.3 Benefícios da utilização da norma NBR ISO 9001:2008


A norma ISO 9001:2008 se baseia em oito princípios de gestão, que podem ser usados como
guia para a melhoria da performance das organizações:
1) Foco no Cliente: as organizações dependem de seus clientes e, portanto, devem entender
suas necessidades atuais e futuras, satisfazer seus requisitos da qualidade e implementar
métodos para monitorar sua percepção quanto aos produtos (bens e serviços) entregues,
2) Liderança: a liderança é necessária para promover a unidade de objetivos e direção e criar
um ambiente no qual as pessoas se tornem plenamente envolvidas em atingir os objetivos
da organização,
3) Envolvimento das pessoas: as pessoas são a essência da organização, seu principal recurso.
Sua cooperação, seu envolvimento e sua motivação permitem que suas capacidades sejam
plena e eficazmente utilizadas para o benefício da organização,
4) Abordagem por processos: para alcançar os objetivos organizacionais, os recursos e as ati-
vidades necessitam ser tratados como processos, entendendo-se que as saídas de um pro-
cesso afetam as entradas de outro,
5) Abordagem sistêmica para a gestão: os processos se relacionam entre si de modo a cons-
tituírem sistemas; assim, a abordagem sistêmica para o gerenciamento é o princípio que
orienta a organização a identificar, entender e gerenciar os processos inter-relacionados,

46 Qualidade na Construção Civil


6) Melhoria contínua: deve ser um objetivo permanente da organização. Este princípio
garante que, a partir de ações de correção e de prevenção, siga-se na busca da excelência
de seus produtos e processos,
7) Abordagem factual para a tomada de decisões: decisões eficazes são tomadas com base na
análise dedutiva de dados e informações,
8) Benefícios mútuos nas relações com fornecedores: uma organização e seus fornecedo-
res são interdependentes, e uma relação mutuamente proveitosa aumenta, para ambos, a
habilidade de agregar valores.
Assim, as empresas que utilizarem os princípios contidos na NBR ISO 9001:2008, como condi-
ção de suas ações, terão como benefícios:
» maior condição para quantificação dos produtos e das melhorias; consequentemente,
maior capacidade de análise para a tomada de decisões gerenciais mais objetivas e efetivas;
» maior habilidade para revisar, desafiar e mudar opiniões e decisões;
» maior capacidade de identificar oportunidades de melhorias, dirigidas e priorizadas;
» maior flexibilização e rapidez nas respostas às oportunidades oferecidas pelo mercado,
bem como às oportunidades internas advindas de um monitoramento estruturado de
produtos e processos;
» melhor capacidade de comunicação interna entre os diferentes níveis da empresa;
» unificação, ajuste e implementação da avaliação das atividades;
» maior compreensão de objetivos e metas pelas pessoas, bem como seus papéis dentro da
organização e, consequentemente, maior motivação para alcançá-los;
» redução dos custos e dos ciclos de tempo para a execução das atividades, por meio do uso
efetivo dos recursos;
» maior integração e adaptação dos processos que melhor contribuem para a obtenção dos
resultados desejados.

3.2.4 Critérios para normalização de procedimentos


Os critérios para a normalização partem do princípio de que as normas técnicas da série ISO
foram elaboradas por consenso internacional sobre as práticas que uma empresa deve tomar a fim de
atender plenamente os requisitos da qualidade.
A NBR ISO 9000 não fixa metas a serem atingidas pelas empresas a serem certificadas; elas
próprias é que devem estabelecê-las.
Para obter a certificação, as empresas devem adotar alguns procedimentos, como:
» padronização de todos os processos-chave da organização, isto é, dos processos que afe-
tam seus produtos (bens e serviços) e, consequentemente, o consumidor;
» monitoramento e medição dos processos de produção para assegurar a qualidade dos
produtos (bens ou serviços), por meio de indicadores de performance e desvios;

Normas ISO – Evolução e Descrição 47


» implementar e manter os registros adequados e necessários para garantir a rastreabilidade
dos processos;
» inspeção da qualidade e meios apropriados de ações corretivas quando necessárias;
» revisão sistemática dos processos e do sistema da qualidade para garantir sua eficácia.

3.2.5 Terminologia básica da NBR ISO 9000


A terminologia básica utilizada na série ISO é:
» Ação corretiva: ação para eliminar a causa de uma não conformidade identificada ou de
outra situação indesejável,
» Ação preventiva: ação para eliminar a causa de uma potencial não conformidade,
» Cliente: organização ou pessoa que recebe um produto,
» Conformidade: satisfação com um requisito,
» Eficácia: medida em que as atividades planejadas foram realizadas e obtidos os resultados
planejados,
» Eficiência: relação entre resultados obtidos e recursos utilizados,
» Fornecedor: organização ou pessoa que fornece um produto,
» Política da qualidade: conjunto de intenções e de orientações de uma organização, relacio-
nadas com a qualidade, como formalmente expressas pela gestão de topo,
» Procedimento: modo especificado de realizar uma atividade ou um processo,
» Processo: conjunto de atividades inter-relacionadas e interatuantes que transformam
entradas em saídas,
» Produto: resultado de um processo,
» Qualidade: grau de satisfação de requisitos dado por um conjunto de características
intrínsecas,
» Requisito: necessidade ou expectativa expressa, geralmente implícita ou obrigatória,
» Satisfação de clientes: percepção dos clientes quanto ao grau de satisfação dos seus requi-
sitos,
» Sistema de gestão da qualidade: sistema de gestão para dirigir e controlar uma organiza-
ção no tocante à qualidade.

3.3 ISO 14000 – meio ambiente


Em 1991 a ISO criou um Grupo Assessor Estratégico sobre Meio Ambiente (Strategic Advisory
Group on Environment – SAGE), com o objetivo de analisar a necessidade de desenvolvimento de nor-
mas internacionais na área do meio ambiente. Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992, o Conselho Empresarial
para o Desenvolvimento Sustentável, presidido pelo empresário suíço Stephan Schmidheiny, apoiou a
criação de um comitê específico, na ISO, para tratar das questões de gestão ambiental.

48 Qualidade na Construção Civil


Em março de 1993, a ISO estabeleceu o Comitê Técnico de Gestão Ambiental, ISO/TC207,
para desenvolver uma série de normas internacionais de gestão ambiental, a exemplo do que já vinha
sendo feito pelo ISO/TC 196, com a série ISO 9000 de Gestão da Qualidade. A série, que recebeu
o nome de ISO 14000, refere-se a vários aspectos, como sistemas de gestão ambiental, auditorias
ambientais, rotulagem ambiental, avaliação do desempenho ambiental, avaliação do ciclo de vida e
terminologia.
A Associação Canadense de Normas dá suporte ao secretariado e administra o programa geral
de trabalho do TC 207, com os órgãos de normalização de diversos países se responsabilizando pelos
diferentes grupos subsidiários do TC 207.
As normas de gestão ambiental abrangem vários assuntos de Sistemas de Gestão Ambiental
(SGA) e Auditorias Ambientais até Rotulagem Ambiental e Avaliação do Ciclo de Vida.
O Comitê Técnico de Gestão Ambiental, ISO/TC 207, conta com a participação de represen-
tantes de cerca de 60 países nas suas reuniões plenárias anuais. O campo de trabalho do TC 207 está
em constante evolução. Em maio de 2002 foi aprovado um novo item de trabalho na área de mudan-
ças climáticas: “Medição, Comunicação e Verificação de Emissões de Gases Estufa”.
Quando um TC tem um grande volume de trabalho, o procedimento normal é dividir o traba-
lho de desenvolvimento das normas e distribuí-lo para um grupo de subcomitês, cada um cobrindo
uma área específica. O TC 207 atualmente tem cinco subcomitês tratando dos seguintes assuntos:
» SC 01: Sistemas de Gestão Ambiental.
» SC 02: Auditorias Ambientais.
» SC 03: Rotulagem Ambiental.
» SC 04: Avaliação de Desempenho Ambiental.
» SC 05: Avaliação de Ciclo de Vida.
Além desses subcomitês, o TC 207 conta com dois grupos de trabalho (WGs) que lidam com
comunicações ambientais e mudanças climáticas. Existe também um grupo de trabalho que cuida de
termos e definições, e do qual participam representantes de todos os subcomitês e grupos de traba-
lho, para evitar que os diversos SCs e WGs usem termos com interpretações diferentes (pois os téc-
nicos que participam em cada grupo são diferentes).
Desde a sua formação em 1993, o TC 207 tem organizado plenárias anuais, realizadas em dife-
rentes localidades em todo o mundo, para equilibrar os custos de viagem e os custos de sediar esses
eventos. As mais recentes reuniões plenárias do TC 207 ocorreram no Rio de Janeiro (1996), São Fran-
cisco (EUA), Seul (Coreia), Estocolmo (Suécia), Kuala Lumpur (Malásia), Johannesburgo (África do
Sul), Bali (Indonésia), Buenos Aires (Argentina) e Madri (Espanha, 2005). Grande parte dos grupos
subsidiários (subcomitês, grupos de trabalho, grupos tarefa etc.) do TC 207 reúne-se simultaneamente
com a plenária anual, e toda a série de reuniões ocorre em cerca de oito dias. Os subcomitês e grupos
de trabalho podem organizar reuniões adicionais durante o ano para adiantar o trabalho.
Existem três idiomas oficiais na ISO: inglês, francês e russo. Na prática, o russo não é utilizado
em reuniões, apenas nos glossários de termos da ISO. Reuniões plenárias do TC 207 são geralmente
conduzidas exclusivamente em inglês, com serviço de tradução simultânea para o francês. Todas as

Normas ISO – Evolução e Descrição 49


reuniões de grupos de trabalho do TC 207 são conduzidas em inglês. A pedido dos países de idioma
espanhol, o TC 207 montou uma Força Tarefa de Tradução para o Espanhol, que faz uma tradução
“semioficial” das normas da série ISO 14000.
Em virtude da impossibilidade de a ABNT criar, em 1994, um comitê brasileiro para acom-
panhar e influenciar o desenvolvimento das normas da série ISO 14000, foi criado com o apoio da
ABNT o Grupo de Apoio à Normalização Ambiental (GANA), com sede na cidade do Rio de Janeiro
e com a participação de empresas, associações e entidades representativas de importantes segmentos
econômicos e técnicos do país. O grupo tinha como objetivo acompanhar e analisar os trabalhos
desenvolvidos pelo ISO/TC 207, e avaliar o impacto das normas ambientais internacionais nas orga-
nizações brasileiras.
O GANA, por meio de uma participação efetiva nos trabalhos do ISO/TC 207, influiu deci-
sivamente para que os interesses da indústria brasileira e dos países em desenvolvimento fossem
levados em conta no desenvolvimento da série ISO 14000. Como resultado, temos hoje mais de
2 mil certificados ISO 14001 (algumas empresas, como a PETROBRAS, têm vários), contribuindo,
portanto, para promover maior competitividade dos produtos nacionais no mercado internacional.
As normas ISO 14000 são de adoção voluntária pelas empresas, mas na prática, tornam-se quase
obrigatórias para empresas que vendem seus produtos no exterior. Nesse período, várias normas da
série ISO 14000 foram traduzidas para o português e publicadas como normas brasileiras NBR ISO
(como a NBR ISO 14001 e a NBR ISO 14010).
A ISO lançou, em 1996, a série de normas ISO 14000, que têm como objetivo a criação de
um sistema de gestão ambiental que auxilie as empresas a cumprir compromissos assumidos com
o ambiente natural, estabelecendo também as diretrizes para as auditorias ambientais, avaliação de
desempenho ambiental, rotulagem ambiental e análise do ciclo de vida dos produtos.
No final do ano 1998, o GANA encerrou suas atividades e, em abril de 1999, a ABNT criou o
Comitê Brasileiro de Gestão Ambiental (ABNT/CB-38), que substituiu o GANA na discussão e no
desenvolvimento das normas ISO 14000 em âmbito internacional e na tradução e publicação das
normas brasileiras correspondentes. O ABNT/CB-38 foi criado com estrutura semelhante ao ISO/
TC 207 e seus subcomitês.
Para apresentar efetivamente uma posição que represente os interesses do país no desenvol-
vimento das normas de gestão ambiental, é fundamental a participação do mais amplo espectro da
sociedade brasileira no CB-38. Por esse motivo, o comitê é aberto à contribuição de todos os inte-
ressados na formulação dessas normas. A participação de uma empresa ou instituição pode ser feita
como cotista do CB-38, condição por meio da qual é possível participar ativamente na discussão e
votação das posições brasileiras adotadas nas reuniões internacionais de desenvolvimento das nor-
mas. Universidades, organizações não governamentais e instituições não cotistas são convidadas e
estimuladas a participar nas reuniões das comissões de estudos, durante a fase de discussão das posi-
ções brasileiras e da redação dos documentos.
Como foi dito anteriormente, a estrutura operacional do comitê é semelhante à estrutura do
ISO/TC 207, visando facilitar os contatos de mesmo nível e atribuições de responsabilidades. As
principais atribuições e responsabilidades dos órgãos que constituem o comitê seguem o regimento
interno da ABNT.

50 Qualidade na Construção Civil


O CB-38 tem hoje em sua estrutura os seguintes subcomitês:
» SC 01: sistemas de gestão ambiental.
» SC 02: auditorias ambientais.
» SC 03: rotulagem ambiental.
» SC 04: desempenho ambiental.
» SC 05: avaliação de ciclo de vida.
» SC 06: termos e definições.
» SC 07: integração de aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de produtos (ecodesign).
» SC 08: comunicação ambiental.
» SC 09: mudanças climáticas.

3.3.1 Comitê brasileiro de gestão ambiental (ABNT/CB-38)


O Comitê Brasileiro de Gestão Ambiental ABNT/CB 38 fez os seguintes estudos:

3.3.1.1 SC 01 – Sistemas de gestão ambiental


Foram aprovadas e publicadas (em 1996) as seguintes normas:
» ISO 14001: Sistemas de Gestão Ambiental – Especificação e diretrizes para uso.
» ISO 14004: Sistemas de Gestão Ambiental – Diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e
técnicas de apoio.
Foi também aprovado o Relatório Técnico ISO TR 14061, o Guia para Orientar Organizações
Florestais no Uso das Normas ISO 14001 e a ISO 14004 (esta última publicada em 1998).
A ABNT publicou, também em 1996, a tradução das normas de sistemas de gestão ambiental,
que são a NBR ISO 14001 e a NBR ISO 14004.
A ISO 14001 é, por enquanto, a única da série ISO 14000 que pode ser certificada por uma
terceira parte, isto é, uma entidade especializada e independente, reconhecida em um organismo
autorizado de credenciamento 2 (ou acreditação): no Brasil, tal organismo é o Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).
O TC 207 já realizou uma revisão das normas 14001 e 14004 para um melhor alinhamento com
a norma ISO 9001-2000 e para esclarecer melhor partes do texto das normas. As ISO 14001:2004 e
14004:2004 foram publicadas pela ISO em 2004. A ABNT já publicou a NBR ISO 14001:2004.
No Brasil, praticamente todas as empresas certificadas com a ISO 14001 melhoraram seus
desempenhos ambientais e ficaram mais competitivas, pois reduziram o consumo de água, energia e
matérias-primas, passando a produzir menos efluentes para serem tratados.
Para obter a certificação ISO 14001, uma empresa deve definir a sua política ambiental,
implantar um sistema de gestão ambiental, cumprir a legislação ambiental aplicável (ao país e àquela
localidade) e assumir um compromisso com a melhoria contínua de seu desempenho ambiental.

Normas ISO – Evolução e Descrição 51


3.3.1.2 SC 02 – Auditorias ambientais
Em 1996, três normas de auditorias ambientais foram aprovadas e publicadas pela ISO:
» ISO 14010: Diretrizes para auditoria ambiental – princípios gerais.
» ISO 14011: Diretrizes para auditoria ambiental – procedimentos de auditoria.
» ISO 14012: Diretrizes para auditoria ambiental – critérios de qualificação para auditores
ambientais.
Nesse mesmo ano, a ABNT publicou as NBR ISO correspondentes. As normas de auditoria
são importantes porque garantem a credibilidade do processo de certificação. São dirigidas às audi-
torias de terceira parte, por entidades externas e independentes, que verificam se o sistema de gestão
implantado está de acordo com a ISO 14001.
Essas três normas foram substituídas em 2002 por uma única, que uniu os procedimentos
de auditoria ambiental e da qualidade, a ISO 19011 (Diretrizes para auditorias da qualidade e
ambiental). A ABNT já publicou sua tradução, a NBR ISO 19011.
Foi publicado em 2001 o Relatório Técnico ISO TR 14015 (Sistemas de Gestão Ambiental –
avaliações ambientais de localidades e organizações), muito útil para verificar o passivo ambiental de
empresas. A NBR ISO 14015 foi publicada em 2003.

3.3.1.3 SC 03 – Rotulagem ambiental


A “rotulagem ambiental” já é praticada em vários países, como Alemanha, Suécia, Japão,
Canadá e Holanda, mas com formas de abordagem e objetivos diferentes. A conscientização dos
consumidores sobre as questões ambientais propiciou o surgimento de sistemas de rotulagem
ambiental (conhecido como selo verde), destinados a identificar benefícios ambientais em proces-
sos e produtos. Num programa de selo verde (Rotulagem Tipo I), o selo é concedido a produtos que
satisfaçam a um conjunto de requisitos pré-determinados.
A rotulagem começou com iniciativas nacionais, em geral com a participação de órgãos gover-
namentais. A iniciativa mais antiga é da Alemanha (Blue Angel, 1978), seguida pelos países nórdi-
cos (Nordic Swan, 1988), Canadá (Environmental Choice, 1988), Japão (Eco Mark, 1989), Estados
Unidos (Green Seal, 1990), França (NF-Environnement, 1991), Índia (Eco Mark, 1991), Coreia
(Eco Mark), Cingapura (Green Label), Nova Zelândia (Environmental Choice) e União Europeia
(European Ecolabelling), todos em 1992, e Espanha (Aenor, 1993). Esses programas usam critérios
diferentes para a concessão do selo verde, com alguns (como Japão e Canadá) focalizando as exter-
nalidades ambientais do consumo (uso e descarte final) e outros (como França e União Europeia)
focalizando as externalidades ambientais da produção. O selo dos países nórdicos adota, como crité-
rio para concessão, a avaliação do ciclo de vida do produto.
Por iniciativa da organização Green Seal, foi criada uma rede mundial de rotulagem ambien-
tal, denominada Global Ecollabeling Network (GEN). O interesse pela rotulagem ambiental vem
aumentando, assim como a preocupação com a possibilidade do sistema (Rótulo Tipo III) ser usado
como barreira não alfandegária no comércio internacional.

52 Qualidade na Construção Civil


Para harmonizar esses procedimentos diferentes, o SC 03 do ISO/TC 207 publicou as seguintes
normas de rotulagem ambiental:
» ISO 14020: Rótulos e declarações ambientais – princípios básicos (1998).
» ISO 14021: Autodeclarações ambientais (rótulo ambiental tipo II, 1999).
» ISO 14024: Rótulo ambiental tipo I (de terceira parte, 1999).
A ABNT publicou a NBR ISO 14020 em 2002, e as NBR ISO 14021 e 14024 em 2004.
A NBR ISO 14020 da ABNT estabelece nove princípios gerais, aplicáveis a todo tipo de rotu-
lagem ou declaração ambiental, cujo objetivo final é assegurar correção técnica, transparência, credi-
bilidade e relevância ambiental. Os princípios são:
1) Rótulos e declarações ambientais devem ser precisos, verificáveis, relevantes e não enganosos.
2) Procedimentos e requisitos para rótulos e declarações ambientais não devem ser elaborados,
adotados ou aplicados com intenção de – ou efeito de – criar obstáculos desnecessários ao
comércio internacional.
3) Rótulos e declarações ambientais devem basear-se em metodologia científica suficientemente cabal e
abrangente para dar suporte às afirmações, e que produza resultados precisos e reproduzíveis.
4) As informações referentes aos procedimentos, às metodologias e a quaisquer critérios usados
para dar suporte a rótulos e declarações ambientais devem estar disponíveis e ser fornecidas a
todas as partes interessadas sempre que solicitadas.
5) O desenvolvimento de rótulos e declarações ambientais deverá considerar todos os aspectos
relevantes do ciclo de vida do produto.
6) Os rótulos e declarações ambientais não devem inibir inovações que mantenham ou tenham o
potencial de melhorar o desempenho ambiental.
7) Quaisquer requisitos administrativos ou demandas de informações relacionadas a rótulos e
declarações ambientais devem ser limitados àqueles necessários para estabelecer a conformida-
de com os critérios e normas aplicáveis dos rótulos e declarações ambientais.
8) Convém que o processo de desenvolvimento de rótulos e declarações ambientais inclua uma
consulta participatória e aberta às partes interessadas. Convém que sejam feitos esforços razoá-
veis para chegar a um consenso no decorrer do processo.
9) As informações sobre aspectos ambientais dos produtos e serviços relevantes a um rótulo ou
declaração ambiental devem ser disponibilizadas a compradores e potenciais compradores junto
à parte que faz o rótulo ou declaração ambiental.
Rotulagem Tipo I – Programas de selo verde (NBR ISO 14024): Estabelece os princípios e pro-
cedimentos para o desenvolvimento de programas de rotulagem ambiental, incluindo a seleção de
categorias de produtos, critérios ambientais e características funcionais dos produtos, critérios para
avaliar e demonstrar sua conformidade. A NBR ISO 14024 estabelece também os procedimentos de
certificação para concessão do rótulo ambiental.

Normas ISO – Evolução e Descrição 53


A Rotulagem Ambiental Tipo I apresenta os seguintes problemas:
a) A impossibilidade de estabelecer critérios objetivos e cientificamente defensáveis que
identifiquem os melhores produtos do ponto de vista ambiental em uma dada categoria.
b) Os selos verdes orientam os consumidores a procurar símbolos. No Brasil, temos apenas
selos verdes setoriais, como no setor papel e celulose.
Rotulagem tipo II – Autodeclarações ambientais (NBR ISO 14021)
Especifica os requisitos para as autodeclarações ambientais, incluindo textos, símbolos e gráfi-
cos, no que se refere aos produtos. Descreve os termos selecionados usados comumente em declarações
ambientais e fornece qualificações para seu uso. Essa norma descreve também uma metodologia de
avaliação e verificação geral para autodeclarações ambientais e métodos específicos de avaliação e veri-
ficação para as declarações selecionadas. No Brasil, existe a tendência de utilização cada vez mais ampla
das autodeclarações ambientais, que oferecem informações mais precisas, relevantes e de fácil entendi-
mento para o consumidor (consumidor final ou relação entre empresas – B2B, business to business).
Rotulagem tipo III – Avaliações de ciclo de vida
A ISO TR 14025 foi publicada em 2000 e exige a Avaliação do Ciclo de Vida do produto para
ser concedido. Em 2002, iniciou-se o trabalho de desenvolvimento da ISO 14025:2006 para os rótu-
los ambientais do tipo III, que apresenta alto grau de complexidade em razão da utilização da meto-
dologia de Avaliação do Ciclo de Vida do produto.

3.3.1.4 SC 04 – Avaliação de desempenho ambiental


Em 1999, o ISO/TC 207 publicou uma norma e um relatório técnico:
» ISO 14031: avaliação do desempenho ambiental – diretrizes.
» ISO TR 14032: exemplos de avaliação de desempenho ambiental.
A ISO 14031 objetiva medir e analisar o desempenho ambiental de uma empresa, a fim de
comparar os resultados com as metas definidas no estabelecimento do sistema de gestão ambien-
tal e comprovar as melhorias alcançadas. Foi publicada em 2004, e os indicadores de desempenho
ambiental escolhidos pela empresa devem ser específicos para uma determinada área, como quanti-
dade de efluentes e de resíduos sólidos perigosos gerados por unidade de produto, peso da embala-
gem produzida etc. Os indicadores escolhidos devem ser relevantes, cientificamente válidos, de fácil
comprovação, e devem ter custos de medição aceitáveis em relação aos objetivos da avaliação.

3.3.1.5 SC 05 – Avaliação do Ciclo de Vida


A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) de um produto é uma ferramenta cada vez mais aplicada
aos processos produtivos, por permitir uma visão abrangente dos impactos ambientais ao longo de
toda a cadeia de produção, incluindo a extração e aquisição das matérias primas, a fabricação do
produto, a sua embalagem, transporte e distribuição, o seu uso e seu descarte no final de sua vida
útil. Considera também a possibilidade de reciclagem do produto. Por esse motivo, a ACV é conhe-
cida como uma abordagem do “berço ao túmulo” para o estudo dos impactos ambientais, que pode
ser aplicada a produtos, atividades, processos ou serviços. Trata-se de um estudo caro, pois exige
uma equipe de profissionais especializados e demanda tempo para sua execução. Na maioria dos

54 Qualidade na Construção Civil


países desenvolvidos, já existem bancos de dados básicos sobre matérias primas, energia, transportes
etc., que reduz o tempo e o custo da elaboração da ACV de um produto.
O ISO/TC 207 já publicou as seguintes normas de Avaliação de Ciclo de Vida:
» ISO 14040: Avaliação do ciclo de vida – princípios e estrutura (1997).
» ISO 14041: Avaliação de ciclo de vida – definição de escopo e análise do inventário
(1998).
» ISO 14042: Avaliação do ciclo de vida – avaliação do impacto do ciclo de vida (2000).
» ISO 14043: Avaliação do ciclo de vida – interpretação do ciclo de vida (2000).
» ISO 14048: Avaliação de ciclo de vida – formato da apresentação de dados (2002).
Foram publicados também dois relatórios técnicos:
» ISO TR 14047: Avaliação do ciclo de vida – exemplos para a aplicação da ISO 14042 (2002).
» ISO TR 14049: Avaliação do ciclo de vida – exemplos de aplicação da ISO 14041 para a
definição de escopo e análise de inventário (2000).
A ABNT publicou a NBR ISO 14040 em 2001, e as NBR ISO 14041 e 14042 em julho de 2004.
Em 2003, o ISO TC 207 decidiu que as quatro primeiras normas (40, 41, 42 e 43) seriam con-
densadas em apenas duas – 14041 e 14044 –, para facilitar a aplicação da ACV de produtos. A pri-
meira norma, 14041, conteria apenas os princípios e as definições da ACV, sem os requisitos (sem os
shall), e a outra conteria todas as exigências e requisitos.

3.3.1.6 SC 06 – Termos e definições


A norma ISO 14050 (Termos e definições) foi publicada em 1998 e sua revisão, a ISO 14050
Rev. 1, foi publicada em 2002. A NBR ISO 14050 Ver. 1 foi publicada em 2004.

3.3.1.7 SC 07 – Aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de


produtos (ecodesign)
Em 2000 foi criado um Grupo de Trabalho (WG 05) e iniciado o trabalho para a elaboração do
relatório técnico ISO TR 14062 (Integração de aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de
produtos – Ecodesign). Esse relatório técnico foi publicado em 2002, e a ABNT publicou a NBR ISO
TR 14062 em 2004.
Esse documento foi produzido porque produtos e serviços provocam impactos sobre o meio
ambiente, que podem acontecer durante todos os estágios dos seus ciclos de vida: extração e pro-
dução das matérias-primas, transporte, energia necessária, fabricação, distribuição, uso e disposi-
ção final. Com a integração dos aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de produtos e
serviços, o que é geralmente denominado de ecodesign, vários benefícios ambientais e econômicos
são alcançados: redução de custos (redução do consumo de energia, água, matérias-primas e menor
geração de resíduos para serem tratados), melhor desempenho ambiental, estímulo à inovação,
novas oportunidades empresariais e melhor qualidade do produto ou serviço.

Normas ISO – Evolução e Descrição 55


O processo de integração dos aspectos ambientais deve ser contínuo e flexível, devendo levar
em consideração a função do produto, a sua performance, a segurança e saúde dos usuários, o custo,
a aceitação pelo mercado, a qualidade, bem como legislação, regulamentos e normas em vigor.
Aqui no Brasil, já existem várias iniciativas de ecodesign. Em São Paulo, a Federação das Indús-
trias (FIESP), o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnolo-
gia e Desenvolvimento Econômico (SCTDE-SP), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (SEBRAE), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o
Programa São Paulo Design criaram em 2001 o Centro São Paulo Design, com o objetivo de consolidar
o design como ferramenta fundamental para a melhoria contínua dos processos de produção e de seus
produtos. A FIESP organiza e patrocina o Prêmio Ecodesign – FIESP, realizado a cada dois anos, para
estimular o desenvolvimento de produtos de maneira sustentável em todo o seu ciclo de vida, desde a
escolha das matérias-primas, passando pelo processo produtivo, até a embalagem e a distribuição.
Em 2002, foi criada a comunidade virtual Ecodesign-net, fruto de uma parceria entre o Centro de
Gestão Estratégica do Conhecimento em C&T, do Ministério das Relações Exteriores – CGECon, com a
Associação Brasileira de Instituições de Pesquisa Tecnológica (ABIPTI). A Ecodesign-net possui hoje um
universo de 145 membros de universidades, ONGs, empresas privadas, órgãos governamentais etc. e é
uma referência no Brasil e no cenário internacional como importante rede de atores de ecodesign.

3.3.1.8 SC 08 – Comunicação ambiental


As grandes empresas, particularmente nos países nórdicos e na Alemanha, começaram a ser
pressionadas para publicar anualmente um relatório sobre seu desempenho ambiental. Não havia,
entretanto, um modelo que facilitasse a comparação do desempenho ambiental de empresas dife-
rentes. Por esse motivo, a ISO/TC 207 resolveu iniciar o desenvolvimento da norma internacional
ISO 14063 (Comunicação ambiental – diretrizes e exemplos). Para isso, foi criado um novo grupo de
trabalho, o WG 4. O objetivo é aprovar diretrizes sobre como comunicar o desempenho ambiental e
outros aspectos ambientais das empresas, fornecendo exemplos. A ISO 14063 foi publicada em 2006.

3.3.1.9 SC 09 – Mudanças climáticas


O Grupo de Trabalho do ISO/TC 207 sobre mudanças climáticas (WG 5) foi criado em 2002.
O objetivo é desenvolver normas internacionais para a medição, monitoramento, comunicação e
verificação das emissões e absorção de gases estufa, no âmbito de projetos e entidades:
» ISO 14064 – Parte 1: Gases Estufa: especificação para quantificação, monitoramento
e comunicação de emissões e absorção por entidades.
» ISO 14064 – Parte 2: Gases Estufa: especificação para quantificação, monitoramento e
comunicação de emissões e absorção de projetos.
» ISO 14064 – Parte 3: Gases Estufa: especificação e diretrizes para validação, verificação
e certificação.
As três normas foram publicadas em 2006.
Foi também criado o WG 6, sobre acreditação. Esse grupo de trabalho desenvolveu a norma
ISO 14065:2007 – Gases de Efeito Estufa (GEE) ou Greenhouse Gases (GHG) – Requisitos para vali-

56 Qualidade na Construção Civil


dação e verificação de organismos para uso em acreditação ou outras formas de reconhecimento. Tal
norma foi publicada no Brasil como NBR ISO 14065:2012.

3.3.2 Relação e intenções das normas ISO 14000


As normas ISO 14000 são:
» ISO 14001: Sistema de gestão ambiental – especificações para implantação e guia.
» ISO 14004: Sistemas de gestão ambiental – diretrizes gerais.
» ISO 14010: Guias para auditoria ambiental – diretrizes gerais.
» ISO 14011: Diretrizes para auditoria ambiental e procedimentos para auditorias.
» ISO 14012: Diretrizes para a auditoria ambiental – critérios de qualificação.
» ISO 14020: Rotulagem ambiental – princípios básicos.
» ISO 14021: Rotulagem ambiental – termos e definições.
» ISO 14022: Rotulagem ambiental – simbologia para rótulos.
» ISO 14023: Rotulagem ambiental – testes de metodologias para verificação.
» ISO 14024: Rotulagem ambiental – guia para certificação com base em análise multicriterial.
» ISO 14031: Avaliação da performance ambiental.
» ISO 14032: Avaliação da performance ambiental dos sistemas de operadores.
» ISO 14040: Análise do ciclo de vida – princípios gerais.
» ISO 14041: Análise do ciclo de vida – inventário.
» ISO 14042: Análise do ciclo de vida – análise dos impactos.
» ISO 14043: Análise do ciclo de vida – migração dos impactos.
Organizações de todos os tipos estão progressivamente preocupadas em alcançar e demonstrar
um desempenho ambiental adequado por meio do controle do impacto ambiental de suas atividades
e produtos (bens e serviços), levando em conta suas políticas e objetivos ambientais. Isso é feito no
contexto de uma legislação progressivamente mais exigente, do desenvolvimento de políticas econô-
micas e outras medidas para promover a proteção ambiental e do aumento geral da apreensão das
partes interessadas a respeito dos assuntos ambientais, inclusive do desenvolvimento sustentável.
Muitas organizações têm realizado “análises críticas” ou “auditorias”, para avaliar seus desem-
penhos ambientais. Entretanto, essas “análises críticas” e “auditorias” por si próprias podem não ser
suficientes para fornecer às organizações a garantia de que elas não só atingirão, mas que também
continuarão atingindo as exigências legais e de sua política. Para serem efetivas, elas precisam ser con-
duzidas dentro de um sistema de gestão estruturado e integrado com a atividade da gestão empresarial.
Espera-se que normas internacionais de gestão ambiental forneçam às organizações os ele-
mentos de um sistema de gestão ambiental efetivo, que possa ser integrado com outros requisitos
gerenciais, a fim de auxiliar as organizações a alcançar objetivos ambientais e econômicos.
Essas normas, como outras normas internacionais, não são destinadas à criação de barreiras
comerciais não tarifárias ou para incrementar ou mudar as obrigações legais das organizações. Elas

Normas ISO – Evolução e Descrição 57


especificam os requisitos desse tipo de sistema de gestão ambiental e foram feitas para serem aplicá-
veis a todos os tipos e tamanhos de organizações, bem como para se ajustar às diferentes condições
geográficas, culturais e sociais. O sucesso do sistema depende do comprometimento de todos os
níveis e funções da organização, especialmente da alta administração. Um sistema desse tipo habilita
uma organização a estabelecer e avaliar a efetividade de procedimentos para estabelecer uma polí-
tica ambiental, atingir os objetivos e a conformidade com estes, e a demonstrar essa conformidade
para outros. O propósito geral dessas normas é apoiar a proteção ao meio ambiente e a prevenção
da poluição em equilíbrio com as necessidades socioeconômicas. Deve ser notado que muitos dos
requisitos podem ser alcançados simultaneamente ou retomados a qualquer tempo.
Há uma importante distinção entre essa especificação, que descreve os requisitos para a certi-
ficação/registro e/ou declaração própria de um sistema de gestão ambiental, e uma diretriz não cer-
tificável, que se destina a fornecer uma assistência genérica a uma organização para implementar ou
melhorar o sistema de gestão ambiental. A gestão ambiental abrange uma ampla faixa de elementos,
inclusive aqueles com implicações estratégicas e competitivas. A demonstração da implementação
bem-sucedida da norma poderá ser utilizada pela organização para garantir às partes interessadas
que um sistema de gestão ambiental adequado está sendo aplicado.
A norma de especificação contém somente os requisitos, que podem ser objetivamente audi-
tados para fins/propósitos de certificação/registro e/ou propósito de declaração da própria empresa.
As organizações que necessitem de diretrizes mais genéricas, em uma faixa mais abrangente
dos itens do sistema de gestão ambiental, devem basear-se na ISO 14004 (Sistemas de Gestão
Ambiental – Diretrizes gerais em princípios, sistemas e técnicas de suporte). Deve-se notar que
esta norma não estabelece requisitos absolutos para o desempenho ambiental além do compro-
misso, dentro da política, com o cumprimento da legislação e regulamentos ambientais aplicáveis
e com a melhoria contínua.
Assim, duas organizações com atividades similares, mas com diferentes desempenhos ambien-
tais podem, ambas, estar cumprindo seus requisitos. A adoção e a implementação de um conjunto
de técnicas de gestão ambiental de uma maneira sistemática podem contribuir para ótimos resul-
tados das partes interessadas. Entretanto, a adoção dessa norma de especificação não garante, por
si só, ótimos resultados ambientais. A fim de se atingir os objetivos ambientais, o sistema de gestão
ambiental deve encorajar as organizações a considerar a implementação das melhores tecnologias
disponíveis quando apropriadas e onde economicamente viáveis. Além disso, deve ser considerada a
relação custo-benefício dessa tecnologia.
Essas normas não têm a intenção de indicar nem tampouco inclui requisitos para os aspec-
tos de saúde ocupacional e gestão da segurança (do trabalho); entretanto, procura não desencorajar
uma organização a desenvolver a integração entre esses elementos do sistema de gestão. De qualquer
maneira, o processo de certificação/registro será aplicável apenas para os aspecto do sistema de ges-
tão ambiental.

3.3.3 Definições e diretrizes para uso da NBR ISO 14001


A norma NBR ISO 14001 (Sistemas de gestão ambiental – especificação e diretrizes para uso)
apresenta as seguintes definições:

58 Qualidade na Construção Civil


» Melhoria contínua: processo de aperfeiçoamento do sistema de gestão ambiental para
alcançar melhorias no desempenho ambiental global alinhadamente com a política
ambiental da organização. Observação: o processo não precisa ser realizado simultanea-
mente em todas as áreas de atividade,
» Ambiente: cercanias nas quais a organização opera, incluindo ar, água, terra, recursos
naturais, flora, fauna, seres humanos e suas inter-relações. Observação: cercanias, neste
contexto, estende-se desde dentro da organização até ao sistema global,
» Aspecto ambiental: elemento das atividades, dos produtos ou dos serviços de uma organi-
zação que pode interagir com o ambiente. Observação: um aspecto ambiental significativo
é aquele que tem ou pode ter um impacto ambiental significativo,
» Impacto ambiental: qualquer mudança no ambiente, quer adversa, quer benéfica, inteira
ou parcialmente resultante das atividades, produtos ou serviços de uma organização,
» Sistema de gestão ambiental: aquela parte do sistema de gestão global que inclui a estru-
tura organizacional, o planejamento de atividades, as responsabilidades, as práticas, os
procedimentos, os processos e os recursos para desenvolver, conseguir implementar, ana-
lisar criticamente e manter a política ambiental,
» Sistema de auditoria da gestão ambiental: um processo de verificação sistemático e docu-
mentado para, objetivamente, obter e avaliar evidências para determinar se o sistema de
gestão ambiental da organização está de acordo com o critério de auditoria ambiental
estabelecido pela organização, e realizar a comunicação dos resultados desse processo à
gerência,
» Objetivo ambiental: metas ambientais globais, quantificadas onde praticável, resultantes
da política ambiental, que uma organização estabelece para si própria alcançar,
» Desempenho ambiental: resultados mensuráveis do sistema de gestão ambiental, relacio-
nados com o controle da organização sobre os aspectos ambientais, baseados na sua polí-
tica, seus objetivos e metas,
» Política ambiental: declaração da organização sobre suas intenções e seus princípios rela-
cionados com seu desempenho ambiental global, que provê uma estrutura para ações e
para o estabelecimento dos seus objetivos e metas ambientais,
» Meta ambiental: requisito detalhado de desempenho, quantificado onde praticável, apli-
cável à organização ou à parte dela, resultante dos objetivos ambientais e que necessita ser
estabelecido e alcançado de maneira a permitir atingir aqueles objetivos,
» Parte interessada: indivíduo ou grupo relacionado ou afetado pelo desempenho ambiental
de uma organização,
» Organização: empresa, corporação, firma, empreendimento, instituição ou parte ou com-
binação destas, quer incorporada, quer não, pública ou privada, que tenha suas próprias
funções e administração. Observação: havendo mais de uma unidade de operação, uma
única pode ser definida como organização,
» Prevenção da poluição: uso de processos, práticas, materiais ou produtos que evitam,
reduzem ou controlam a poluição, os quais podem incluir reciclagem, tratamento, modi-
ficações de processo, mecanismos de controle, uso eficiente de recursos e substituição de

Normas ISO – Evolução e Descrição 59


materiais. Observação: os benefícios potenciais da prevenção da poluição incluem a redu-
ção de impactos ambientais adversos, melhoria de eficiência e redução de custos,
Tais normas internacionais são aplicáveis a qualquer organização que deseja:
a) implementar, manter e melhorar o sistema de gestão ambiental;
b) certificar-se de estar em conformidade com sua política ambiental declarada;
c) demonstrar esta conformidade a outros;
d) solicitar certificação/registro do sistema de gestão ambiental por uma organização externa;
e) assumir o compromisso e fazer declaração de conformidade com a norma.

Amplie seus conhecimentos

A rotulagem ambiental ou “selo verde” é a certificação de produtos adequados ao uso, que apresentam menor impacto no
meio ambiente em relação a outros produtos comparáveis disponíveis no mercado.

Para apender mais sobre selo verde acesse: <http://www.seloverde.org.br/> e <http://www.ecologflorestal.com.br/


sub/81.av>.

3.4 OHSAS 18000 – saúde e segurança do trabalhador


A Occupational Health and Safety Assessment Services (Serviços de Avaliação de Saúde e
Segurança Ocupacional – OHSAS) é um conjunto de normas internacionais que consiste em diretri-
zes de um sistema de gestão, assim como a ISO 9000 e ISO 14000, porém com o foco voltado para a
saúde e a segurança ocupacional. Em outras palavras, são ferramentas que permitem a uma empresa
atingir e, sistematicamente, controlar e melhorar o nível do desempenho da saúde e segurança do
trabalho por ela mesma estabelecido.
As normas que compõem o sistema OHSAS 18000 são:
» OHSAS 18001:2007: diretrizes para a implementação da OHSAS,
» OHSAS 18002:2008: sistemas de gestão da segurança e saúde no trabalho.
Essas especificações da OHSAS fornecem os requisitos para um sistema de gestão da Segu-
rança e Saúde Ocupacional (SSO), permitindo a uma organização controlar seus riscos de aciden-
tes, suas doenças ocupacionais e melhorar seu desempenho. Elas não prescrevem critérios espe-
cíficos de desempenho da SSO nem fornecem especificações detalhadas para o projeto de um
sistema de gestão.
Essas especificações da OHSAS se aplicam a qualquer organização que deseje:
a) estabelecer um sistema de gestão da SSO para eliminar ou minimizar riscos dos funcio-
nários e de outras partes interessadas que possam estar expostos aos riscos de SSO as-
sociados a suas atividades;
b) implementar, manter e melhorar continuamente um sistema de gestão da SSO;
c) assegurar-se de sua conformidade com sua política de SSO definida;

60 Qualidade na Construção Civil


d) demonstrar tal conformidade a terceiros;
e) buscar certificação/registro do seu sistema de gestão da sso por uma organização exter-
na; ou
f) realizar uma autoavaliação e emitir autodeclaração de conformidade com esta espe-
cificação.
A certificação pela OHSAS 18000 acentua a abordagem pela minimização do risco, procu-
rando reduzir, com sua implementação, os acidentes e as doenças do trabalho, os tempos de paragem
por esses motivos e, consequentemente, os custos econômicos e sobretudo humanos. Identificam-se
ainda como possíveis benefícios da implementação de um sistema de gestão de segurança e saúde no
trabalho, como:
» integração das responsabilidades de higiene, segurança e saúde ocupacional em todas as
atividades da organização;
» adoção de boas práticas em saúde e segurança do trabalho;
» manutenção de um meio ambiente de trabalho seguro;
» redução dos riscos de acidentes e incidentes nas operações;
» evidenciar o funcionamento da saúde e segurança na empresa;
» permitir a existência de um sistema de gestão integrado;
» promover a melhoria da eficiência nas organizações;
» evitar multas e demais sanções ou ações judiciais motivadas por temas desta ordem, por
implementar o cumprimento dos requisitos legais, contratuais e sociais;
» detectar oportunidades de melhoria no desempenho global da empresa;
» possibilidade de redução de custos com seguros;
» responder às demandas de clientes e acionistas;
» melhora da imagem da empresa;
» motivação do pessoal.
O êxito do sistema OHSAS 18000 depende da garantia, do compromisso de todos, do engaja-
mento essencial da gerência e da direção superior no processo como um todo.

Fique de olho!

Os gases de efeito estufa (GEE) ou greenhouse gases (GHG) são os gases considerados responsáveis pelo aquecimento
global. De acordo com o Anexo A do Protocolo de Quioto, os GEEs:
» dióxido de carbono (co2);
» metano (ch4);
» óxido nitroso (n2o);
» hidrofluorcarbonos (hfcs);
» perfluorcarbonos (pfcs);
» hexafluoreto de enxofre (SF6).

Normas ISO – Evolução e Descrição 61


Vamos recapitular?

Neste capítulo foi abordada a família de normas ISO 9000 (qualidade), bem como sua ori-
gem, seus objetivos, sua terminologia e os benefícios de sua utilização. Foi também apresentada
a NBR ISO 14000 (meio ambiente) e sua relação, suas intenções, definições e diretrizes. Por fim,
foram apresentadas as normas OHSAS 18000 (saúde e segurança do trabalhador).

Agora é com você!

1) Cite dois problemas da rotulagem ambiental tipo I.


2) O que são as normas internacionais OHSAS?
3) Comente sobre a organização ISO, suas características, sua abrangência, seu campo
de ação e sua representatividade no Brasil.
4) O que é a série ISO 9000?

62 Qualidade na Construção Civil


Programas e
4
Políticas da
Qualidade na
Construção Civil

Para começar

Este capítulo tem por objetivo defi nir os programas e as políticas da qualidade no setor de
Construção Civil.

4.1 Histórico da qualidade na construção civil


O Governo Federal deu um grande passo em 1991 para a reestruturação da indústria nacional,
com o lançamento do PBQP (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade). O objetivo foi de
fomentar a gestão da qualidade nas empresas nacionais e prepará-las para competir com as empre-
sas internacionais. O foco residiu na produção com melhor qualidade, menor custo e aumentando a
produtividade na busca por maior competitividade por meio da atualização e do aprimoramento em
processos de gestão e tecnologia.
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) realizou outros trabalhos relativos à elaboração de
documentos para construção de edifícios na década de 1980. Um deles foi desenvolvido no âmbito
do Programa de Controle da Qualidade das Construções Habitacionais (Procontrol). Foram elabora-
dos documentos de referência para edifícios habitacionais de interesse social de até quatro pavimen-
tos, com o objetivo de orientar projetos, execução e controle das obras que utilizavam práticas con-
vencionais. Outro trabalho, no âmbito estadual, desenvolvido para a então Secretaria da Indústria,
Comércio, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, originou documentos denominados Estu-
dos para o Controle da Qualidade dos Componentes, Elementos e do Produto Final de Conjuntos

63
Habitacionais. Eram recomendações técnicas para subsidiar as Companhias de Habitação (Cohabs)
na implantação de um Programa de Controle da Qualidade das obras. Incluíam recomendações para
projeto, recebimento de materiais e controle da execução, cujos conteúdos baseavam-se em normas
nacionais e estrangeiras e em manuais de bem construir.
O primeiro trabalho de ordenamento da cadeia produtiva da construção, no âmbito do PBQP,
foi o Subprograma Setorial da Qualidade e Produtividade da Indústria da Construção Civil, elabo-
rado em 1992. A efetiva mobilização do poder de compra do Estado no sentido de induzir o desen-
volvimento da qualidade e produtividade da indústria da Construção Civil foi de fato implementada
pelo Programa da Qualidade da Construção Habitacional do Estado de São Paulo (QUALIHAB),
instituído em 1996. E na sequência foi instituído o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtivi-
dade do Habitat (PBQP-H), de âmbito nacional, instituído em 1998.
O modelo PBQP foi transformado em uma nova forma de atuação denominada Movimento
da Qualidade e Produtividade no Brasil, passando a integrar o Movimento Brasil Competitivo
(MBC) em 2001.
A seleção de fornecedores por critério exclusivo de menor preço pode acarretar problemas ao
empreendimento, desde a má qualidade dos serviços até sua não execução por inviabilidade técnica
e/ou financeira da empresa contratada. Esses programas governamentais têm como conceito a parce-
ria do poder público com o setor produtivo, fi rmada por meio de acordos setoriais privilegiando,
nas contratações governamentais, as empresas que tenham aderido ao Programa Setorial da Quali-
dade, valorizando-as quando da escolha de fornecedores. O poder de compra do Estado serve para
fomentar a qualidade das moradias, entendida aqui em suas múltiplas dimensões (arquitetônica,
construtiva, desempenho ao longo da vida útil, ambiental etc.).

Fique de olho!

A qualidade presente na construção de uma edificação é função do trabalho contínuo de todos os envolvidos (gestores,
operários, fornecedores, agentes financeiros, governo, incorporadores e clientes).
Johnny Habell/Shutterstock.com

Figura 4.1 - Fachada de um conjunto habitacional.

64 Qualidade na Construção Civil


Com técnicas e ferramentas específicas, as construtoras conseguem alcançar altos níveis de satis-
fação dos clientes e aumentar a competitividade no mercado. Ação que passa necessariamente pelo sis-
tema de gestão de qualidade da empresa, requisito que já se tornou básico para as construtoras não só
em busca de eficiência como também na obtenção de financiamento. Apesar de ser, em sua essência,
uma técnica para gerenciar lucros, o custeio-meta basicamente se constitui em uma nova maneira de
desenvolver produtos, partindo da definição do custo-meta e dos padrões de funcionalidade e quali-
dade para o novo produto. Consiste em um conjunto de atividades por meio das quais se busca – com
base nas necessidades do mercado e nas possibilidades e restrições tecnológicas, considerando as estra-
tégias competitivas e de produto da empresa – chegar às especificações de projeto de um produto e de
seu processo de produção, a fim de que a manufatura seja capaz de produzi-lo.
Trata-se de sistemas para elaboração de documentos técnicos de referência nacional que con-
solidam as boas práticas do processo de produção de edifícios existentes em diversos países, sendo
utilizados diferentes nomes, tais como Building Codes nos Estados Unidos, Canadá e Austrália,
Codes of Practice na Inglaterra e Documents Techniques Unifiés na França. No Brasil, entretanto,
esse tema é recente, mas o setor da construção de edifícios tem-se conscientizado da importância
de formalizar e harmonizar as melhores práticas desde o projeto até a execução, o uso e a manuten-
ção dos edifícios. Todavia, mesmo considerando as peculiaridades de cada sistema, os resultados de
sua implantação foram positivos, não havendo dúvida de que a existência de um conjunto de boas
práticas contribui para orientar o setor da construção de edifícios, balizar as relações contratuais e
melhorar a qualidade das obras e o desempenho dos edifícios.
Contribui para a orientação desse setor a formalização de seu conhecimento, uma vez que
grande parte desse conhecimento ainda é tácito, e não explícito, encontrando-se disperso e sem
registros, informalmente entre profissionais. Além disso, o conhecimento passa a ser harmonizado e
disseminado de forma eficiente para esses profissionais. Quanto às relações contratuais, um conjunto
de boas práticas é um instrumento de referência para contratantes e contratados, sejam empresas
projetistas, construtoras, seguradoras, responsáveis pelo acompanhamento e licenciamento de obras
etc. Outrossim, o fato de se utilizarem soluções consagradas e boas práticas nas etapas de projeto,
execução e controle das obras contribui para que o edifício tenha melhor qualidade e atenda aos
principais requisitos de desempenho.
Os impactos e os benefícios da criação e utilização de um conjunto de boas práticas na cons-
trução de edifícios demonstram que o tema é uma contribuição importante e necessária para a
modernização desse setor no país.

4.2 Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade


no Habitat (PBQP-H)
O Governo Federal, por meio da Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano (SEDU),
instituiu em 1998 o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade na Construção Habitacional
(PBQP-H), cujo objetivo básico foi o de apoiar o esforço de modernidade do país e promover a qua-
lidade e a produtividade do setor da construção habitacional, com vistas a aumentar a competitivi-
dade de bens e serviços por ele produzidos.
O Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade na Construção traz, como benefício
para as empresas, aumentar o seu poder de competitividade por meio da redução de desperdícios,

Programas e Políticas da Qualidade na Construção Civil 65


melhor formação de profissionais, acesso a projetos, materiais e componentes de melhor qualidade
e adequação às normas técnicas. Ele serve também para que a empresa se adapte às disposições do
Código de Defesa do Consumidor, evitando as penalidades previstas para empresas e comerciantes
que coloquem no mercado produtos em não conformidade com as normas brasileiras.
O Programa envolve um espectro relativamente amplo de ações, entre as quais se destacam as
seguintes: qualificação de construtoras e de projetistas, melhoria da qualidade de materiais, forma-
ção e requalificação de mão de obra, normalização técnica, capacitação de laboratórios, aprovação
técnica de tecnologias inovadoras, comunicação e troca de informações. Dessa forma, espera-se o
aumento da competitividade no setor, a melhoria da qualidade de produtos e serviços, a redução de
custos e a otimização do uso dos recursos públicos.

Fique de olho!

Os objetivos específicos do PBQP-H são os seguintes:


» promover o aperfeiçoamento da estrutura de elaboração e difusão de normas técnicas, códigos de práticas e códigos
de edificações;
» promover a articulação internacional, apoiando a introdução de inovações tecnológicas;
» desenvolver e implementar mecanismos de garantia de qualidade de projetos, obras, materiais, componentes e siste-
mas construtivos;
» criação de programas específicos visando a formação e a requalificação de mão de obra em todos os níveis da cons-
trução civil;
» coletar e disponibilizar informações, estimulando o inter-relacionamento entre agentes do setor;
» universalizar o acesso à moradia, ampliando o estoque de moradias e melhorando as existentes.

As entidades públicas ou privadas que contratam empresas da Construção Civil sentem uma
pressão interna bastante agressiva no sentido de utilizar seu poder de compra, mas, ao mesmo
tempo, verificam que somente criar ferramentas pré-qualificatórias para selecionar empresas cons-
trutoras participantes de processos licitatórios não é suficiente. Faz-se necessário também atentar a
alguns fatores prioritários:
» comprometimento de todos com a qualidade;
» objetivos claros com relação à implantação de um sistema da qualidade;
» formação e requalificação de profissionais;
» boa remuneração aos funcionários;
» estratégia de implantação do programa da qualidade;
» cronograma e metas de implantação;
» desenvolvimento de sistemas de fiscalização;
» existência de possibilidade de punição para as empresas que não trabalharem dentro dos
padrões da qualidade (liberação de faturas, impossibilidade de participar das pró-
ximas licitações);
» publicação interna e externa dos resultados do programa da qualidade.
No ano 2000, o escopo do Programa foi ampliado: ele passou a integrar o Plano Plurianual
“Avança Brasil” (PPA) e agora também engloba as áreas de saneamento, infraestrutura e transporte

66 Qualidade na Construção Civil


urbano. Assim, o “H” do Programa passou de “habitação” para habitat, conceito mais amplo e que
reflete melhor sua nova área de atuação.
O Comitê Nacional de Desenvolvimento Tecnológico da Habitação (CTECH) é um órgão
colegiado da Secretaria de Política Urbana cuja fin alidade é p romover o r elacionamento e ntre o s
diferentes agentes do setor da Construção, com divisão de responsabilidades, estabelecer indica-
dores da qualidade e produtividade para o Programa, propor sugestões e diretrizes para seu
aperfeiçoamento e para o acompanhamento de sua implementação, bem como estimular o
desenvolvimento tecnológico na produção de habitações.
O CTECH é composto pelo Governo Federal – da Secretaria Especial de Desenvolvimento
Urbano (Sedu/PR), Secretaria de Política Industrial (SPI/MDIC) e Secretaria de Desenvolvimento
Tecnológico e Inovação (SETEC/MCT) –, por agências de fomento – Caixa Econômica Federal,
Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae) – e pela iniciativa privada – Associação Brasileira de Cohabs e Agentes Púbicos
de Habitação (ABC Cohabs), Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Instituto Brasi-
leiro de Siderurgia (IBS), Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Ana-
maco), Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (ANTAC), Câmara Brasileira
da Indústria da Construção (CBIC), Comitê Brasileiro de Construção Civil (Cobracon/ABNT) e
Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco).
A adesão ao Programa PBQP-H pode ser voluntária individual, por iniciativa própria de deter-
minada construtora ou mediante o estabelecimento de acordos setoriais. Tais acordos são estabeleci-
dos pelas partes interessadas, compreendendo o governo estadual, representantes do setor de cons-
trução em geral e sindicatos patronais. Uma vez estabelecido o acordo setorial, este é formalizado
por meio de uma portaria, norma administrativa ou lei estadual. Nessa situação, o acordo passa a
ter força de lei e a ser um requisito mandatório para todas as construtoras que desejem participar
em processos licitatórios cujo objeto de contratação seja compatível com o Programa. Trata-se do
exercício do poder de compra do Estado, visando ao desenvolvimento de fornecedores confiáveis
do ponto de vista de sistema de gestão da qualidade.
O Sistema de Qualificação de Empresas de Serviços e Obras – Construtoras (SiQ-Construtoras)
foi criado pelo PBQP-H com o objetivo de estruturar a empresa com um sistema de qualificação evo-
lutiva, que receberá a cada nível de progresso de implantação do sistema de qualidade um atestado de
qualificação, emitido por um organismo certificador de terceira parte. As empresas, ao alcançarem o
nível evolutivo mais elevado, encontrar-se-ão em condições de obter o certificado ISO 9002. O SiQ-
-Construtoras foi elaborado contendo uma lista de 25 serviços que devem ser relativos à área em ques-
tão. Esse material inicial refere-se a serviços correlatos à construção habitacional que, com a nova dire-
triz do PBQP-Habitat, deve ser ajustado para os demais setores da construção.
Assim, o SiQ-Construtoras tem como objetivo estabelecer o referencial técnico básico do sis-
tema de qualificação evolutiva adequado às características específicas das empresas construtoras
atuantes no subsetor de edifícios, baseando-se nos seguintes princípios:
» Referencial da série de normas ISO 9000: ser referencial nacional para essas normas.
» Caráter evolutivo: o referencial estabelece níveis de qualificação progressivos, segundo os
quais os sistemas de gestão da qualidade das empresas são avaliados e classificados. Isso

Programas e Políticas da Qualidade na Construção Civil 67


visa induzir e dar às empresas o tempo necessário para a implantação evolutiva de seu Sis-
tema da Qualidade.
» Caráter proativo: visando à criação de um ambiente de suporte que oriente da melhor forma
possível as empresas, no sentido que estas obtenham o nível de qualificação almejado.
» Caráter Nacional: o Sistema é único e se aplica a todos os tipos de contratantes (públicos
municipais, estaduais, federais ou privados) e a todas as obras de edifícios, em todo o
Brasil; o que varia são os prazos de exigência dos contratantes.
» Flexibilidade: o Sistema se baseia em requisitos que possibilitam a adequação ao Sistema
de empresas de diferentes regiões, que utilizem diferentes tecnologias e que atuem na
construção de edifícios.
» Sigilo: quanto às informações de caráter confidencial das empresas.
» Transparência: quanto aos critérios e decisões tomadas.
» Independência: dos envolvidos nas decisões.
» Caráter público: o SiQ não tem fins lucrativos e a relação de empresas qualificadas é
pública e divulgada a todos os interessados.
» Harmonia com o Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(Sinmetro): toda qualificação atribuída pelo Sistema será executada por organismo cre-
denciado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(Inmetro) e o processo evolutivo visa ampliar o número de empresas do setor que venham
a ter certificação de conformidade na área de sistemas da qualidade por ele reconhecido.
Os quatro itens do Sistema Evolutivo de Garantia da Qualidade de Empresas Construtoras são:
» previsão de quatro níveis de qualificação (D, C, B e A);
» contemplação dos mesmos requisitos da ISO 9002;
» definição da lista de 25 serviços obrigatoriamente controlados;
» controle de, no mínimo, 30 itens do material a ser empregado (não há lista).
No que diz respeito à lista de serviços, é prevista uma evolução do número de serviços contro-
lados, conforme o nível de qualificação: nível C – 15%; nível B – 40%; e nível A – 100%.
Para obtenção da qualificação em determinado nível, a empresa construtora deve ter desenvol-
vido os procedimentos e treinado pessoal buscando atingir, pelo menos, as porcentagens mínimas
dos serviços controlados determinados acima, e os aplicados efetivamente em obra, gerando regis-
tros, no mínimo, na metade desses casos (50%).
Para os materiais, estabeleceu-se um mínimo de 30 itens que devem estar associados aos 25
serviços; também é prevista a evolução do número de itens de materiais controlados, conforme nível
de qualificação, baseando-se em 30 itens do material: nível C – 20%; nível B – 50%; e nível A – 100%.

68 Qualidade na Construção Civil


4.3 Programa da Qualidade da Construção Habitacional
(QUALIHAB)
Em 1996, o então Governador do Estado de São Paulo, Mario Covas, instituiu o Programa de
Qualidade da Construção Habitacional do Estado de São Paulo (QUALIHAB). Foi instituído pelo
Decreto no 41.337, de 25 de novembro de 1996, para garantir um trabalho de melhoria contínua ao
atendimento dessas condições. O Programa QUALIHAB é coordenado pela Companhia de Desen-
volvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU).
O compromisso central parte do princípio de que a população de baixa renda tem o direito a
moradia de boa qualidade, baixo custo, ampliável e durável (principalmente porque os financiamen-
tos são de longos prazo).

Maciej Bledowski/Shutterstock.com

Figura 4.2 - Vista aérea da cidade de São Paulo.

O QUALIHAB possui diversos comitês, que tratam de criação de projetos, gestão de obras,
fabricação de materiais e componentes que congregam as entidades dos produtores de insumos para
as obras e de sistemas construtivos. Busca induzir os segmentos do meio produtivo a estabelecerem
o desenvolvimento de programa da qualidade para cada um dos setores representados. O Programa
deseja motivar a evolução tecnológica de processos produtivos e produtos, criando maior valor agre-
gado; modificar o perfil dos profissionais do setor; criar novas profissões que fixem os trabalhadores
na Construção Civil. As construtoras seriam auxiliadas para serem transformadas em montadoras
integradoras de serviços e produtos, tendo como resultado o aumento de competitividade dentro
dos padrões internacionais.
A Figura 4.3 apresenta um conjunto habitacional que utiliza estrutura metálica na construção
das varandas das edificações.

Programas e Políticas da Qualidade na Construção Civil 69


ArTono/Shutterstock.com
Figura 4.3 - Conjunto habitacional que utiliza estrutura metálica.

Fique de olho!

O financiamento da construção de edificações leva em consideração as políticas de qualidade praticadas pela construtora.

4.3.1 Comitê de Projetos e Obras (CPO)


A atividade de desenvolvimento de projetos é essencialmente ligada à formação profissio-
nal. O processo de produção do setor é intensivo em conhecimento técnico, fazendo com que
as maiores necessidades de investimento estejam centradas no desenvolvimento dos recursos
humanos. É importante destacar que se entende por projetos todas as especialidades envolvidas
para o desenvolvimento de projetos tecnicamente adequados para a Construção Civil em obras
de toda natureza.
Os projetos podem ser classificados da seguinte maneira: arquitetura, estruturas, fundações,
sistemas prediais (hidráulicos, elétricos, ar-condicionado, transporte vertical, acústica), geotécnico,
urbanístico, paisagismo, impermeabilização, vedações.
O setor é organizado em empresas formalmente constituídas e possuem a significativa parti-
cipação de profissionais autônomos que participam como prestadores de serviços. As empresas não
ultrapassam o número de, em média, 15 funcionários.
O desenvolvimento do projeto é um processo compartilhado entre projetistas das várias espe-
cialidades envolvidas e o contratante. Envolve a identificação das necessidades dos clientes/usuários
e a interação com a tecnologia que viabiliza a construção da edificação projetada. Inclui ainda legis-
lação urbana e normas relacionadas aos serviços públicos.

70 Qualidade na Construção Civil


Fotofermer/Shutterstock.com
Figura 4.4 - Exemplo de conjunto habitacional de casas populares.

As responsabilidades pela qualidade e produtividade do processo de desenvolvimento e do


produto final gerado são assim divididas entre os vários intervenientes do processo. É desejável que a
empresa atinja um incremento significativo da produtividade e garantia da qualidade no que diz res-
peito à confiabilidade possibilitada pela padronização de etapas e automação por meio de sistemas
informatizados específicos.
O CPO, criado pelo decreto do governo do Estado de São Paulo no 41.337, de 25 de novembro
de 1996, quando da criação do QUALIHAB, deve:
» definir a política da qualidade para serviços, em conjunto com o meio produtivo;
» estabelecer acordos setoriais que definam metas, prazos e indicadores para que os padrões
adequados de qualidade sejam atingidos e mantidos;
» acompanhar e avaliar as ações propostas pelo CPO. As entidades participantes desse
Comitê são:
Associação Brasileira de Engenheiros Consultores em Estrutura (Abece).
Associação Brasileira de Engenharia de Fundações (Abef).
Associação Brasileira das Empresas de Projeto e Consultoria em Engenharia Geotécnica
(Abeg).
Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais (Abrasip).
Associação das Empresas de Topografia do Estado de São Paulo (Aetesp).
Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop).
Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea).

Programas e Políticas da Qualidade na Construção Civil 71


Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB).
Instituto de Engenharia (IE).
Sindicato Nacional das Empresas de Engenharia Consultiva (Sinaenco).
Sindinstalação: Sindicato das Indústrias de Instalações Elétrica, Gás, Hidráulica e
Saneamento do Estado de São Paulo.
Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon).
Sindicato Intermunicipal de Araçatuba das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon Oesp).
As principais dificuldades do setor estão fora do alcance da unidade produtiva. Entre elas,
temos a deterioração do ensino tecnológico, a falta da cultura de planejamento dos profissionais
do setor, o exercício ilegal da profissão, bem como a heterogeneidade e os conflitos na legislação de
caráter federal, estadual e municipal nos aspectos que afetam o projeto.
A Figura 4.5 apresenta um conjunto habitacional com paisagismo aplicado nas ruas e calçadas.

karamysh/Shutterstock.com

Figura 4.5 - Conjunto habitacional com solução paisagística.

4.3.2 Comitê de Materiais, Componentes e Sistemas


Construtivos (CMCS)
É um órgão subordinado à Coordenação Geral do QUALIHAB, com a responsabilidade de
promover e assegurar a implementação, por meio de entidades representativas pertinentes, dos Pla-
nos Setoriais da Qualidade em todos os setores fornecedores de materiais, componentes e de siste-
mas construtivos para os empreendimentos habitacionais da CDHU.

72 Qualidade na Construção Civil


Entidades participantes do CMCS:
» Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP);
» Associação Brasileira das Indústria de Lajes (Abilaje);
» Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux);
» Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (ABIMCI);
» Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE);
» Associação Brasileira da Indústria de Tubos e Acessórios em Geral (Abitam);
» Associação Brasileira de Materiais Compósitos (ABMACO);
» Associação Brasileira dos Produtores de Cal (ABPC);
» Associação Brasileira de Tubos Poliolefínicos e Sistemas (ABPE);
» Associação Brasileira dos Produtores de Tinta (Abrafati);
» Associação Brasileira dos Produtores Atacadistas e Varejistas dos Produtos de Madeira
(Abramade);
» Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento
(Abrava);
» Associação Latino-Americana dos Fabricantes de Tubos Cerâmicos (Acertubos);
» Associação Brasileira dos Fabricantes de Perfis de PVC para Construção Civil (Afap-PVC);
» Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Aço (Afeaço);
» Associação Nacional dos Fabricantes de Esquadrias de Alumínio (Afeal);
» Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção (Anamaco);
» Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimento (Anfacer);
» Associação Brasileira dos Fabricantes de Materiais e Equipamentos para Saneamento
(Asfamas);
» Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento (Aspacer);
» Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS);
» Sindicato da Indústria de Artefatos de Metais não Ferrosos no Estado de São Paulo
(Siamfesp);
» Sindicato das Indústrias de Esquadrias e Construções Metálicas do Estado de São Paulo
(Siescomet);
» Sindicato Nacional da Indústria de Produtos de Cimento (Sinaprocim);
» Sindicato da Indústria da Cerâmica (Sindicato Cerâmica);
» Sindicato das Indústrias de Conduto, Trefilação e Laminação de Metais não ferrosos do
Estado de São Paulo (Sindicel);
» Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento do Estado de São Paulo (Sinprocim).

Programas e Políticas da Qualidade na Construção Civil 73


4.3.3 Programa de Qualidade de Obras Públicas (QUALIOP)
O QUALIOP foi desenvolvido de acordo com as diretrizes do PBQP-H e estabelecido via
acordo setorial firmado em 27 de abril de 2000 entre o Governo do Estado da Bahia, o Sindicato da
Indústria da Construção Civil do Estado da Bahia (SINDUSCON-BA) e o Sindicato Nacional das
Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva – Bahia (SINAENCO-BA), e oficializado pelo
Decreto Estadual no 7.795/00.
O Governo do Estado definiu inicialmente, como campo de aplicação do QUALIOP, as obras
públicas contratadas pelos seguintes órgãos:
» Superintendência de Construções Administrativas da Bahia (Sucab).
» Companhia de Desenvolvimento Urbano da Bahia (Conder).
» Departamento de Infraestrutura de Transportes da Bahia (Derba).
» Companhia de Engenharia Rural da Bahia (Cerb).
» Empresa Baiana de Águas e Saneamento S/A (Embasa).
» Instituto Pedro Ribeiro de Administração Judiciária (IPRAJ).
» Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Sudic).
» Caixa Econômica Federal.
A Figura 4.6 apresenta um conjunto de edificações históricas do centro da cidade de Salvador,
utilizadas como moradias e comércio.

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Figura 4.6 - Moradias do centro histórico de Salvador.

74 Qualidade na Construção Civil


O QUALIOP, diferentemente do PBQP-H, era um programa de via dupla. Se, por um lado, o
Governo necessitava melhorar o nível de qualidade de seus fornecedores, por outro se comprometia
a resolver situações de conflito na execução dos contratos.
Conforme o Programa, os fatores críticos são os seguintes:
» Aplicação de Programa de Gestão da Qualidade na contratação e recebimento de projetos
pelos órgãos contratantes.
» Aplicação de Programa de Gestão da Qualidade nas licitações:
discussão e padronização dos editais;
padronização de procedimentos licitatórios;
quantificação e orçamentação das obras;
adoção de critérios tecnicamente consensuais para apuração de benefício e despesas indi-
retas das empresas atribuíveis às obras;
adoção consensual de valores e índices de encargos sociais e trabalhistas.
» Aplicação de Programa de Gestão da Qualidade na Administração dos Contratos de
Obras Públicas:
fiscalização das obras;
medições, liberações e ordem no pagamento de faturas;
equacionamento de situações que demandem aditivos contratuais;
disponibilização de recursos financeiros;
pagamentos em atraso;
recebimentos das obras.
» Viabilização da capacidade local de certificação e melhoria efetiva da qualidade dos
seguintes materiais: blocos cerâmicos, blocos de cimento, telhas cerâmicas, madeira para
telhado, esquadrias de madeira, argamassas, concreto, pré-moldados leves.

4.4 Programa Mineiro da Qualidade e Produtividade no


Habitat (PMQP-H)
O PMQP-H é um programa realizado pelo Governo do Estado em parceria com a iniciativa
privada, e visa a modernização tecnológica, organizacional e gerencial da cadeia produtiva das obras
públicas por meio de adesão gradativa ao sistema da qualidade.
A Figura 4.7 apresenta uma igreja histórica de Minas Gerais representante da arquitetura
mineira da época colonial.

Programas e Políticas da Qualidade na Construção Civil 75


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Figura 4.7 - Arquitetura mineira do período colonial.

A dinâmica de implantação do programa tem, como cliente principal e final, o cidadão e segue
duas grandes linhas de ação: a negociação de acordos setoriais, que promovem a integração e o
envolvimento de fornecedores de serviços no Estado junto às áreas de abrangência do programa; e
o desenvolvimento de Programas Setoriais da Qualidade, que realizam diagnósticos de situação,
identificam demandas e definem as atividades necessárias para atender aos requisitos específicos de
cada um dos setores envolvidos, bem como das entidades participantes.

Fique de olho!

As políticas da qualidade têm proporcionado redução do desperdício nas obras e, consequentemente, aumento do lucro
das construtoras.

O PMQP-H foi instituído pelo Governo de Minas Gerais em julho de 2003, por meio do
Decreto no 43.418. O objetivo do programa é promover o desenvolvimento econômico e social por
meio da melhoria da qualidade das obras contratadas pelo Governo de Minas Gerais, considerando
o fortalecimento do mercado mineiro e o desenvolvimento de novas tecnologias.
São muitas as ações desse Programa. Entre elas, podemos citar:
» qualificação, certificação e padronização dos procedimentos de contratação, gerencia-
mento e fiscalização de projetos e obras dos órgãos contratantes do Estado;
» implantação de sistema de avaliação da conformidade dos serviços contratados;

76 Qualidade na Construção Civil


» implementação de projetos para atender fatores críticos da contratação que interferem na
qualidade final dos produtos e serviços prestados.
São documentos do PMQP-H:
» Acordo Setorial: documento que deve ser firmado entre entidades representativas de
empresas de determinadas especialidades técnicas dos setores de projeto e de serviços
de engenharia e entidades contratantes de serviços e obras, pelo qual as primeiras se com-
prometem a implantar um Programa Setorial da Qualidade junto a seus associados, e as
segundas a introduzirem, em seus processos de contratação, mecanismos de indução à
participação de empresas no respectivo Programa Setorial da Qualidade, bem como apri-
morarem seus processos de contratação e gerenciamento de serviços e obras.
» Programa Setorial da Qualidade (PSQ): documento elaborado por entidades representati-
vas dos diferentes setores envolvidos na produção do habitat, que contém o programa da
qualidade específico, com seu diagnóstico, metas, prazos e requisitos da qualidade a serem
implantados pelas empresas.
» Sistema de Avaliação da Conformidade (SiAC): sistema que possui suas próprias regras de
procedimentos e gestão para que a empresa faça sua Declaração de Adesão ao PMQP-H
e de Conformidade a um Referencial Normativo adequado à sua especialidade técnica. O
certificado de conformidade deve ser emitido por um Organismo de Certificação Creden-
ciado pelo Inmetro de forma a comprovar o atendimento ao Referencial Normativo e à
sua subsequente manutenção.
» Níveis de qualificação: a qualificação das empresas se dá por meio de um processo evo-
lutivo de adesão ao sistema da qualidade com base na Norma NBR ISO 9001:2000, por
meio do qual a empresa deve instituir, documentar, implementar, manter e melhorar con-
tinuamente a eficácia do seu sistema de gestão da qualidade, de acordo com os requisitos
previstos no Sistema de Avaliação de Conformidade (SiAC) e em conformidade com os
níveis de qualificação evolutiva (D, C, B e A).

Vamos recapitular?

Neste capítulo foram vistas as definições dos programas e políticas da qualidade no setor de Cons-
trução Civil.

Programas e Políticas da Qualidade na Construção Civil 77


Agora é com você!

1) Quais são os objetivos específicos do PBQP-H?


2) Qual o compromisso central do QUALIHAB?
3) O que é o SiQ-Construtoras?
4) Quais são as ações do PMQP-H?

78 Qualidade na Construção Civil


5
Qualidade no
Canteiro de Obras

Para começar

Este capítulo tem por objetivo apresentar as percepções quanto às ações da qualidade em serviços
no canteiro de obras. É apresentada a cadeia produtiva presente na construção de edificações, os setores
envolvidos e sua complexidade.

5.1 Ações da qualidade em serviços no canteiro de obras


No mundo competitivo do século XXI, o grande desafio é conseguir convencer o cliente de
que a sua empresa, ou a empresa na qual você trabalha, é a melhor opção. Como vimos no capí-
tulo anterior, um ou vários fatores podem ter sido decisivos para isso. Menor preço e uma proposta
comercial bem apresentada são importantes, mas a certeza de que, durante a realização da obra, em
todas as suas etapas, existirá qualidade pode ser primordial. Todavia, para isso, a percepção da quali-
dade deve ocorrer desde o planejamento do método construtivo da obra, na escolha dos equipamen-
tos que serão empregados e nos serviços básicos de construção.
A Figura 5.1 apresenta um engenheiro fotografando e filmando, com um tablet, o local da
obra que se inicia. Tal procedimento permite uma análise posterior mais detalhada a ser reali-
zada pela equipe de obra. Existem softwares que, por meio de fotos, efetuam cálculos de distân-
cias e determinação de ângulos de inclinação, dentre outros. Também apresenta um engenheiro
que retirou da sua maleta um notebook e está verificando a execução da obra perante o projeto que
está na tela. Essa prática é muito mais vantajosa em relação ao uso de plantas impressas. As plan-
tas impressas necessitam de um controle rígido de distribuição, para se ter certeza de que todos na
obra estão utilizando a última versão do projeto elaborado para a obra.

79
A utilização de projetos em arquivos eletrônicos oferece diversas vantagens: agilidade na dis-
tribuição de versões atualizadas, possibilidade de manipular os desenhos com a ampliação de ima-
gem e cálculo automático de distâncias, áreas e volumes. Além disso, permite efetuar na própria obra
a alteração do projeto original (as built) perante modificações realizadas na obra.

IVL/Shutterstock.com

auremar/Shutterstock.com
(a) (b)
Figura 5.1 - (a) Foto e vídeo com tablet e (b) visualização de projeto com notebook.

Segundo um ditado popular, “a primeira impressão é a que fica”. Qualquer pessoa que entra
no canteiro de obras precisa utilizar capacete para se proteger da queda de um tijolo, por exemplo.
A Figura 5.2 apresenta capacetes disponíveis na portaria da obra, para sua utilização por operários
ou por visitantes. Em sua opinião, leitor, esses capacetes apresentam condição adequada para um
cliente, um fornecedor ou uma visita utilizar? Certamente, não! Esses capacetes usados são aceitáveis
no uso cotidiano dos operários, porque é comum estarem sujos pela condição das obras. Entretanto,
devem ser periodicamente limpos e, em caso de avaria, substituídos. De nada adianta um operário
utilizar um capacete trincado, pois não irá proteger sua cabeça em caso de queda de objeto. Também
apresenta operários que causam boa impressão. Eles estão utilizando uniformes com tecidos resis-
tentes, capacetes novos, luvas, cintos porta-ferramentas e ferramentas novas e adequadas.
Mediagram/Shutterstock.com

kurhan/Shutterstock.com

(a) (b)
Figura 5.2 - (a) Capacetes em mau estado de conservação;
(b) equipe de obra com equipamentos de segurança e ferramentas adequadas.

80 Qualidade na Construção Civil


O fornecimento de ferramentas da qualidade para medição e verifi cação de ângulos, aliado à
capacitação dos operários para sua correta utilização, garante qualidade na execução de diversos ser-
viços em todas as etapas construtivas. A Figura 5.3 apresenta o metro de madeira dobrável. Atual-
mente também é fabricado em plástico. São materiais frágeis, facilmente danifi cáveis e não apresen-
tam qualidade na escala numérica, tanto no sistema métrico como no sistema inglês (polegadas).
Também apesenta um operário utilizando uma trena metálica. Ela é mais resistente, mais fácil de
manusear e de ser armazenada, bem como oferece melhor precisão.

Fique de olho!

Cuidado para não esticar a trena metálica além de sua medida máxima e evite que ela fique com areia, terra ou grama no
ato de enrolá-la.

Em construções com estruturas metálicas, é necessário efetuar medições mais precisas, em


milímetros. Nas obras de Construção Civil em geral, as medições são baseadas em centímetros; por
isso, a utilização do metro dobrável foi muito difundida. Na Figura 5.3 é apresentado um paquíme-
tro com leitor digital de medidas de comprimento. Perceba que é um instrumento mais refinado,
destinado aos materiais de acabamento final. A figura também mostra um operário medindo as
dimensões de um perfil metálico. As abas superiores do instrumento permitem medir o diâmetro
interno de uma tubulação ou de um furo em uma bancada de mármore, por exemplo.

Dmitry Kalinovsky/Shutterstock.com
Lasse Kristensen/Shutterstock.com

(a) (b) Jim Barber/Shutterstock.com


jmarkow/Shutterstock.com

(c) (d)
Figura 5.3 - (a) Metro, (b) trena, (c) paquímetro digital e (d) paquímetro sendo utilizado para medir um perfil metálico.

Qualidade no Canteiro de Obras 81


Talvez você esteja se questionando: “Mas um centímetro a mais ou a menos faz diferença?”
Sim. A precisão das medidas é muito importante, por exemplo, para trabalhos como a divisão de
lojas em um shopping center ou para a instalação de móveis planejados em um quarto, ou mesmo
para a implantação de uma cozinha industrial, com equipamentos de dimensões conhecidas.
A leitura de medidas no local de execução da obra é muito importante. Todavia, a leitura e a
obtenção correta dessas medidas nas plantas impressas e nos desenhos feitos em computador são
também de fundamental importância. Na execução de obras, a adoção de medidas diferentes das
existentes no projeto ocorre, normalmente, por um problema de escala.
Os tipos de escalas para desenho técnico podem ser:
» Escala natural: essa escala está para o desenho na razão 1 para 1, ou seja, o objeto real está
representado no desenho na sua medida real. Essa escala é representada pelo símbolo 1/1.
» Escala de redução: é utilizada quando o objeto a ser representado é de grandes dimensões,
para que possa caber no papel. As escalas de redução são representadas pelos símbolos
1/10; 1/20; 1/25; 1/30; 1/50; 1/100; 1/200; 1/250; 1/300; 1/500; 1/1000 etc.
» Escala de ampliação: é utilizada quando o objeto a ser representado é muito pequeno,
necessitando ser ampliado para melhor compreensão. As escalas de ampliação são repre-
sentadas pelos símbolos 2/1; 5/1; 10/1 etc. Essa escala geralmente é utilizada na área da
engenharia mecânica e engenharia elétrica.
Na Construção Civil, como os objetos a serem representados são muito grandes, as medidas
dos desenhos são muito menores em relação às medidas reais de execução. A Figura 5.4 apresenta
uma série de escalas de redução e de ampliação de medidas utilizadas na Construção Civil.
Alvaro Cabrera Jimenez/Shutterstock.com

Escala natural

Escala de redução

Múltiplas
escalas

Escala de ampliação

Figura 5.4 - Escalas de redução e de ampliação.

82 Qualidade na Construção Civil


Executar os ângulos corretos é procedimento primordial para que uma laje ou uma viga seja
situada na posição horizontal. A verticalidade, ou seja, o prumo também é importante para que
um pilar ou uma parede sejam construídos com qualidade. A garantia do ângulo reto (90º) é feita
utilizando-se um esquadro metálico. A Figura 5.5 mostra um operário medindo o ângulo reto de
uma esquadria de madeira, apresenta um operário marcando em uma parede o ângulo reto, para
a instalação de uma prateleira e um operário verificando o prumo de uma parede de blocos.
A ferramenta utilizada chama-se prumo de face. A utilização correta do prumo de face é feita da
seguinte maneira: uma das mãos segura o fio do prumo enrolado e a outra segura uma peça de
madeira (taco) encostada à parede. Dessa maneira, o prumo estará correto se o peso cilíndrico
de metal da extremidade encostar levemente na face dos tijolos, ou blocos, que estão na segunda
fiada.Também apresenta um operário conferindo a horizontalidade (nível) de um corrimão de um
guarda-corpo de madeira de uma escada. O instrumento chama-se nível de bolha. O modelo utili-
zado permite três tipos de visualizações.

auremar/Shutterstock.com

Yellowj/Shutterstock.com
(a) (b)

Alexey Stiop/Shutterstock.com
auremar/Shutterstock.com

(c) (d)
Figura 5.5 - (a) Esquadro em madeira, (b) esquadro em parede, (c) prumo de face e (d) nível de bolha.

Qualidade no Canteiro de Obras 83


A utilização de ângulos diferentes de 90º é comum (como 30º, 45º e 60º). A Figura 5.6 apresenta
um talude de 30º com o plano horizontal sendo construído com o auxílio de uma escavadeira. A ava-
liação da construção é feita utilizando-se relações trigonométricas (isto é, baseando-se no triângulo de
Pitágoras, que contém ângulos de 30º, 60º e 90º; os lados, catetos, proporcionais a 3 m e 4 m; e a hipote-
nusa proporcional a 5 m). Tendo como base o perfil do talude, medem-se as distâncias de corte.

Robert J. Beyers II/Shutterstock.com


Figura 5.6 - Construção de um talude utilizando uma escavadeira.

A tomada de medidas de grandes distâncias nas obras pode ser feita com trenas comuns, pro-
duzidas em fibra de vidro ou aço, com comprimento variando entre 1 e 100 metros. Durante as
medições, deve-se manter a trena sempre horizontalmente e, assim, obter-se no campo diretamente
as distâncias horizontais. A Figura 5.7 apresenta trenas de diferentes comprimentos: quanto maior o
comprimento, maior a largura da trena; também apresenta uma trena de 50 metros utilizada em ser-
viços de topografia.

84 Qualidade na Construção Civil


Alhovik/Shutterstock.com
(a)

Sira Anamwong/Shutterstock.com

(b)
Figura 5.7 - (a) Trenas de diversos tamanhos; (b) trena utilizada em serviços topográficos.

Os distanciômetros eletrônicos são aparelhos que determinam as distâncias usando como


padrão de medida o comprimento de onda do espectro eletromagnético, nas gamas de luz ou micro-
-ondas. Os distanciômetros podem ser manuais ou acoplados a teodolitos eletrônicos, possuindo
microprocessadores para armazenamento e processamento de dados, resultando em um equipa-
mento de dimensões e peso reduzidos, alta produtividade e facilidade de operação denominado
Estação Total. A Figura 5.8 apresenta uma trena eletrônica digital ultrassônica com mira a laser e um
topógrafo utilizando um equipamento denominado Estação Total, que está acoplada a um notebook.

Qualidade no Canteiro de Obras 85


goghy73/Shutterstock.com
kreatorex/Shutterstock.com

(a) (b)
Figura 5.8 - (a) Trena eletrônica; (b) estação total.

A utilização de equipamentos com alta tecnologia está cada vez mais comum nas obras de
Construção Civil. Logo após a conclusão dos serviços de terraplenagem, por exemplo, já podem ser
escavadas valas e instalados tubos metálicos que transportarão combustíveis, por exemplo. O risco
de explosão deve ser evitado a todo custo.
A Figura 5.9 apresenta um operário no canteiro de obras inspecionando com equipamento ele-
trônico a qualidade do tubo metálico (espessura da parede e existência de defeitos de fabricação),
dois tubos sendo unidos por meio de um processo de soldagem e a verificação da qualidade da solda
aplicada e a busca por pontos defeituosos utilizando a técnica de inspeção com a aplicação de partí-
culas magnéticas.
Christian Delbert/Shutterstock.com

Andrea Slatter/Shutterstock.com

karlstury/Shutterstock.com

(a) (b) (c)


Figura 5.9 - (a) Inspeção do tubo, (b) processo de soldagem e (c) verificação da solda.

O uso de tecnologias não precisa estar relacionado necessariamente a componentes eletrôni-


cos. Novos equipamentos manuais são criados para oferecer melhores condições de trabalho e pro-
dutividade. Utilizando as leis da Física, por exemplo, com alavancas é possível realizar determina-
das atividades com maior rapidez e melhor precisão empregando menos força física. A Figura 5.10
apresenta uma mulher utilizando um grande alicate, para corte de barras de aço, sem a exigência de
grande esforço físico, e um pequeno alicate, que facilita a retirada da capa de fios elétricos, evitando
desperdícios.

86 Qualidade na Construção Civil


auremar/Shutterstock.com

auremar/Shutterstock.com
(a) (b)
Figura 5.10 - (a) Alicate de grande porte; (b) alicate de pequeno porte.

O maior uso de equipamentos que substituem o trabalho manual também demonstra uma
preocupação com a qualidade. Geralmente, a utilização de equipamentos promove o aumento da
produtividade e da qualidade. Por exemplo, demolir um piso de concreto é uma tarefa difícil, mas
que é facilitada com a utilização de equipamentos adequados.
A Figura 5.11 apresenta três soluções para a demolição de um piso de concreto: (a) manual –
picareta; (b) mecanizada – rompedor pneumático manual; (c) mecanizada – rompedor pneumático
acoplado a uma retroescavadeira.

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stockphoto mania/Shutterstock.com
auremar/Shutterstock.com

(a) (b) (c)


Figura 5.11 - (a) Rompimento manual com picareta; (b) rompimento mecanizado com rompedor pneumático manual;
(c) rompimento mecanizado com rompedor pneumático de grande porte.

Outros exemplos de ganho de produtividade no canteiro de obras podem ser citados, como
o da Figura 5.12, na qual é apresentado o transporte de areia manual – carrinho de pedreiro – e o
mecanizado – trator carregadeira.

Qualidade no Canteiro de Obras 87


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Nerthuz/Shutterstock.com
(a) (b)
Figura 5.12 - (a) Transporte manual – carrinho de pedreiro; (b) transporte mecanizado – trator carregadeira.

A Figura 5.13 apresenta exemplos de transporte de carga tradicionais versus soluções inova-
doras; um andaime, no qual se utiliza uma corda amarrada a um balde para transportar material em
pequenas quantidade; um guindaste de grande capacidade de carga; uma grua; e uma ponte rolante
para a movimentação de peças pré-moldadas de concreto armado ao longo do canteiro de obras.

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Luis Carlos Torres/Shutterstock.com

(a) (b)
Figura 5.13 - (a) Transporte com andaime, corda e balde; (b) transporte com guindaste de grande capacidade de carga.

88 Qualidade na Construção Civil


Pete Burana/Shutterstock.com
Luis Carlos Torres/Shutterstock.com

(c) (d)
Figura 5.13 - (c) Transporte com grua; (d) transporte com ponte rolante (continuação).

A Figura 5.14 mostra equipamentos destinados à confecção de fundações. Apresenta equipa-


mento destinado à cravação de estacas, mostrando a execução desse serviço em uma área ampla e
desabitada. Em área urbana, é mais adequada a utilização de equipamento que execute a fundação
por meio de uma perfuração, utilizando um sistema de rosca sem fim, sem a vibração do impacto da
cravação. Essa tecnologia é adequada para evitar danos a residências e prédios vizinhos, com a ocor-
rência de rachaduras e danos estruturais. Richard Thornton/Shutterstock.com

tock.com
Shutters
Smileus/

(a) (b)
Figura 5.14 - (a) Cravação de estacas; (b) perfuração tipo rosca sem fim.

A Figura 5.15 apresenta dois métodos de confecção de argamassa e concreto. O item (a) é uma
betoneira manual. É fundamental que, após cada lote de argamassa, ou concreto feito, esse equipamento

Qualidade no Canteiro de Obras 89


seja limpo. Caso isso não aconteça, será necessário bater com martelo de borracha ao redor do tam-
bor para destacar o resto de argamassa seca. O uso constante dessa prática danifica o tambor e o
equipamento de transmissão de movimento. O item (b) é um caminhão-betoneira que fornece arga-
massa e concreto usinado. A evolução dos programas da qualidade, existentes nas empresas fornece-
doras de concreto usinado, tem melhorado nos prazos e variedades ofertadas.

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totuss/Shutterstock.com


(a) (b)
Figura 5.15 - (a) Betoneira manual; (b) caminhão betoneira.

O assentamento de alvenaria utiliza grande quantidade de argamassa. Um mesmo tipo de


fiada de bloco é assentado muitas vezes, e a manutenção constante da espessura da argamassa
de assentamento gera economia na quantidade de argamassa. A Figura 5.16 apresenta um serviço de
assentamento de alvenaria de blocos cerâmicos sendo executado com qualidade e mostra um ope-
rário retirando o excesso de argamassa no assentamento de bloco de concreto, que pode ser reutili-
zado, evitando desperdícios.
John Leung/Shutterstock.com

bibiphoto/Shutterstock.com


(a) (b)
Figura 5.16 - (a) Alvenaria de bloco cerâmico; (b) alvenaria de bloco de concreto.

90 Qualidade na Construção Civil


A confecção de parede de alvenaria estrutural exige cuidados redobrados, porque é ela a res-
ponsável por suportar a distribuição de cargas do edifício.
A Figura 5.17 apresenta o operário posicionando corretamente os blocos cerâmicos de acordo
com o projeto de alvenaria estrutural depositando cuidadosamente, com a utilização de ferramenta
específica, argamassa de preenchimento da alvenaria. É possível perceber que ele habilmente despeja
a argamassa, evitando seu desperdício. Muitos sistemas construtivos de alvenaria dispensam o uso
de equipamentos mecânicos para homogeneizar a argamassa. É um sistema que utiliza areia, aglo-
merante e aditivo previamente dosados e embalados em sacos plásticos de 20 kg. Basta abrir e ir adi-
cionando água em uma argamassadeira.

auremar/Shutterstock.com

auremar/Shutterstock.com

(a) (b)
Figura 5.17 - (a) Posicionamento dos blocos cerâmicos; (b) preenchimento com argamassa.

A Figura 5.18 ressalta a importância da atenção na realização dos serviços e na acuidade visual.
Apresenta barras de aço destinadas à confecção de estruturas de concreto armado, cujos cuidados são,
por exemplo, utilizar o diâmetro, as dimensões e curvaturas adequadas para as armaduras; e as arma-
duras para a montagem de pilares, cujos cuidados são, por exemplo, unir as barras adequadamente
com arame de aço recozido, na sequência indicada no projeto e com os diâmetros adequados.

Qualidade no Canteiro de Obras 91


panyajampatong/Shutterstock.com

501room/Shutterstock.com
(a) (b)
Figura 5.18 - (a) Barras de aço dobradas; (b) armadura para montagem de pilares.

A Figura 5.19 apresenta a finalização da montagem da armação de uma estrutura de concreto


armado. Os cuidados nessa etapa são, por exemplo, posicionar corretamente as armaduras, pois o
emaranhado de barras pode facilitar erros de montagem. Também apresenta um operário despe-
jando concreto sobre a armadura de aço e um bloco de fundação. O cuidado nessa etapa, por exem-
plo, é observar a parte da brita do concreto que fica retida na armadura, o que prejudicaria a quali-
dade final do concreto.
casadaphoto/Shutterstock.com

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(a) (b)
Figura 5.19 - (a) Finalização da armadura de aço; (b) lançamento de concreto.

92 Qualidade na Construção Civil


A Figura 5.20 apresenta duas peças de mármore. É o mesmo tipo de mármore? Certamente
não! Mas, em razão da distração ou sujeira, funcionários podem confundir-se. Outra possibilidade
de erro na utilização de mármore são os veios que compõem os desenhos de uma parede revestida
desse tipo de pedra.

muratart/Shutterstock.com
(a)

kzww/Shutterstock.com

(b)
Figura 5.20 - (a) Mármore rosa e (b) mármore cinza.

O recebimento de produtos e sua conferência é outra atividade que exige atenção e rotina
administrativa. A Figura 5.21 apresenta um operário contando os produtos recebidos e operários do
almoxarifado abrindo embalagens e conferindo o conteúdo.

Qualidade no Canteiro de Obras 93


branislavpudar/Shutterstock.com
(a)

Monkey Business Images/Shutterstock.com

(b)
Figura 5.21 - (a) Contagem de produtos; (b) conferência de produtos.

Amplie seus conhecimentos

Um edifício, em termos de qualidade, além dos atributos da construção, é constituído por atributos como o terreno no
qual está implantado, isto é, o preço e a qualidade do empreendimento imobiliário estão vinculados à localização do imó-
vel (padrão socioeconômico do bairro/entorno) e às condições da infraestrutura e equipamentos urbanos disponíveis na
proximidade (pavimentação; redes de água, luz, telefone; proximidade de escolas; hospitais; comércio; etc.).

Para saber mais sobre os atributos da construção, acesse: <http://www.dspa.gov.mo/pt/05/ghotel/04.htm>.

94 Qualidade na Construção Civil


5.2 Cadeia produtiva na construção civil
A cadeia produtiva é o conjunto de atividades inter-relacionadas, desde os insumos básicos até
o produto final, incluindo a distribuição e a comercialização, constituindo-se em segmentos de uma
cadeia. Assim, a cadeia produtiva é uma interconexão de empresas que, por meio de seus produtos
(bens ou serviços), vai agregando valor a produtos adquiridos ao utilizá-los como componentes, ou
utilizando-os como agentes transformadores de matérias primas, com o emprego de mão de obra e
processos.
O planejamento e o controle da cadeia de suprimentos devem ser feitos de forma integrada
com todos os elos da cadeia produtiva.
Portanto, ela é o conjunto de todos os integrantes do processo produtivo, desde a extração da
matéria-prima até a comercialização do produto final junto ao último consumidor. No caso especí-
fico da Construção Civil, por exemplo, os fornecedores de madeira, agregados, cimento, aço, PVC, e
alumínio são considerados como os primeiros segmentos da cadeia produtiva e os compradores dos
imóveis como consumidores finais.
A cadeia produtiva também abrange os agentes financiadores, os fabricantes de equipamentos
e de materiais e componentes, os contratantes e investidores, os órgãos públicos, as imobiliárias, as
entidades técnicas, os projetistas, as incorporadoras, as construtoras, os empreiteiros e os revendedo-
res de materiais.
Com a ampla definição de cadeia produtiva, ela não se limita apenas ao processo de produção
do imóvel, restrito ao canteiro de obras e à construção da edificação.

Amplie seus conhecimentos

A construção de edificações envolve uma complexa cadeia produtiva. É necessária, para sua execução, uma série de insu-
mos materiais (materiais de construção, componentes e equipamentos) e serviços (projetos, subempreiteiros), que são
gerados em diversos segmentos industriais e com graus de industrialização, patamares tecnológicos e exposição interna-
cional discretos. Assim, a cadeia produtiva da construção é marcada pela heterogeneidade, abrangendo o fornecimento de
diferentes tipos de produtos (bens e serviços), bem como a participação de empresas de porte completamente diferentes.

Para saber mais sobre a cadeia produtiva da construção, acesse: <http://www.sebrae.com.br/setor/construcao-civil/acesse/


empretec>.

A cadeia produtiva envolve ações integradas, como fabricação, transporte, vendas, planeja-
mento de materiais, suprimentos, planejamento da produção, manufatura, armazenagem e comer-
cialização do produto final, ocupação da edificação e os serviços de pós-ocupação. Essa integração
tem como objetivo a garantia da qualidade do produto final, de modo a atender os requisitos do
cliente e especificações das normas técnicas, Figura 5.22.

Qualidade no Canteiro de Obras 95


Idealização Projetos Transporte Marketing

Legalização Insumos básicos Vendas

Cliente Conservação
Marketing Insumos Financiamento consumidor final e manutenção
elaborados

Incorporação Legalização
Mão de obra

Seguro
Máquinas e
equipamentos

Início Pré-obra Obra Pós-obra Ocupação Pós-ocupação

Figura 5.22 - Cadeia produtiva da construção de edificações.

De maneira sistêmica, as etapas podem ser agrupadas em três fases: pré-produção, produção e
pós-produção.

5.2.1 Etapas do processo de produção de edificações

5.2.1.1 Pré-produção
» Idealização: intenção de lançar um empreendimento imobiliário;
» Projetos: elaboração dos projetos e estudo de viabilidade;
» Legalização: documentação e taxas para legalização da obra;
» Marketing: pesquisa de mercado;
» Incorporação: incorporação de capital que viabilize a execução do projeto.

5.2.1.2 Produção
» Transporte: caminhões, elevadores, gruas, guinchos, carrinhos de mão etc.;
» Insumos básico: areia, brita, madeira etc.;
» Insumos elaborados: aço, cimento, caixilharia, metais de acabamento, louças sanitá-
rias etc.;
» Mão de obra: construção da edificação;
» Máquinas e equipamentos: betoneiras, ferramentas, EPIs etc.

5.2.1.3 Pós-produção
» Marketing: divulgação;
» Vendas: corretores imobiliários;
» Financiamento: agentes financeiros;

96 Qualidade na Construção Civil


» Legalização: ligações de água, luz, esgoto sanitário, habite-se, escritura etc.;
» Seguro: seguro do imóvel;
» Cliente/Consumidor Final: aceite da edificação;
» Conservação e Manutenção: repinturas, limpeza de caixas de água, manutenção de telha-
dos etc.

5.2.2 Agentes envolvidos na cadeia produtiva da construção de


edificações
» Agentes do setor público: governos estaduais, municipais, empresas públicas e órgãos da
administração pública. Atuam promovendo a articulação dos diversos agentes do setor
da construção. Visam promover o exercício do poder de compra e passam a exigir a ade-
são e a posterior qualificação evolutiva das empresas que participarem de licitações.
» Agentes do setor privado: empresas de engenharia e arquitetura, incorporadoras, cons-
trutoras, fabricantes, fornecedores de serviços e materiais etc. Organizam os diversos seg-
mentos do setor para elaboração de Programas Setoriais de Qualidade.
» Agentes financeiros e de fomento: Caixa Econômica Federal, bancos estaduais, BNDES
etc. Incumbidos da concessão de crédito para construção habitacional, podem exigir ates-
tado de qualificação do PBQP-H (SiQ) das empresas construtoras.
» Agentes de fiscalização e de direito econômico: PROCON etc. Utilizam a aplicação de ins-
trumentos de controle, como o Código de Defesa do Consumidor e outros mecanismos
de combate à não conformidade intencional.
Para a construção de uma edificação, há um complexo processo de produção que envolve elos
da indústria da construção, da indústria de materiais, do comércio, dos serviços e da indústria de
equipamentos. Como visto, o conjunto desses elos é chamado de cadeia produtiva. Cada material
de construção empregado na obra tem sua própria cadeia produtiva.
Por exemplo, os blocos de concreto utilizados nas edificações pertencem à cadeia produtiva
dos produtos de calcário. Essa cadeia inicia-se na extração do calcário, que é a principal matéria-
-prima. Nela, o cimento é o produto intermediário e, em um estágio de maior transformação, encon-
tra-se o bloco de concreto.
A indústria da Construção Civil, o núcleo dentro da cadeia produtiva, é o destino da produ-
ção dos demais segmentos envolvidos e é responsável por cerca de 60% do Produto Interno Bruto
(PIB) e 70% do emprego da cadeia da construção. Dessa maneira, a Construção Civil determina, em
grande medida, o nível de atividade de todos os setores que a circundam.
No caso da indústria de materiais de construção, ela representa cerca de 20% do PIB e 5% do
emprego da cadeia produtiva. Nela destacam-se oito cadeias de produção:
» madeiras;
» argilas e silicatos
» calcários;
» materiais químicos e petroquímicos;

Qualidade no Canteiro de Obras 97


» siderurgia;
» metalurgia de não ferrosos;
» materiais elétricos;
» máquinas e equipamentos.
Cada uma dessas cadeias é formada por vários setores responsáveis por uma grande quanti-
dade de produtos.

5.2.3 Setores da cadeia de produção de edificações

5.2.3.1 Madeira
A cadeia produtiva de produtos de madeira se inicia na extração, passa pelo comércio de pro-
dutos in natura e chega às serrarias, onde ocorre o desdobramento da madeira, ou seja, onde ela é
serrada e trabalhada. Ela é adquirida diretamente pela Construção Civil (na forma de vigas e tábuas,
por exemplo) ou é laminada ou transformada em chapas (compensada, prensada ou aglomerada), ou
ainda é utilizada para a fabricação de esquadrias, de casas pré-fabricadas, de estruturas de madeira e
artigos de carpintaria.

5.2.3.2 Argilas e silicatos


A cadeia produtiva de argilas e silicatos (minerais não metálicos e não orgânicos) se inicia na
extração, sendo composta por produtos cerâmicos não refratários (tijolos, telhas e ladrilhos), pisos e
azulejos, louças sanitárias, vidro, pedra e areia. Cada um desses produtos pertence a distintas cadeias
produtivas.

5.2.3.3 Calcários
A cadeia produtiva dos calcários (minerais não metálicos e não orgânicos) se inicia na extra-
ção, seguindo para a fabricação de produtos à base de calcários, como cimento, cal, gesso, concreto e
fibrocimento.

5.2.3.4 Materiais químicos e petroquímicos


Tal cadeia produtiva é formada por produtos derivados de materiais químicos e petroquí-
micos. Nela, encontram-se os compostos de plásticos (pisos, revestimentos etc.), de PVC (tubos,
conexões, revestimentos), bem como tintas, vernizes, impermeabilizantes, solventes, asfalto e fibras
têxteis, que dão origem a artefatos de tapeçaria. Nesta cadeia produtiva também está o óleo diesel,
empregado como combustível.

5.2.3.5 Siderurgia
Essa cadeia produtiva é composta por produtos metálicos de siderurgia, de fabricação de pro-
dutos de metais ferrosos.

98 Qualidade na Construção Civil


As cadeias de produtos metálicos ferrosos englobam vergalhões e outros produtos do aço
(como pregos e arames), portas e esquadrias (aço ou ferro), estruturas metálicas e tubos de ferro gal-
vanizado.

5.2.3.6 Metalurgia de não ferrosos


Cadeia composta por produtos metálicos de siderurgia, de fabricação de produtos de metais
não ferrosos.
As cadeias de produtos metálicos não ferrosos englobam produtos não ferrosos (como perfis),
portas e esquadrias (de alumínio), estruturas metálicas, metais sanitários e ferragens (como dobradi-
ças e fechaduras).

5.2.3.7 Materiais elétricos


Cadeia que combina produtos de outras cadeias produtivas citadas anteriormente. É responsá-
vel pela produção de fios e cabos elétricos, de materiais para instalações em circuito de consumo de
energia e de aparelhos e equipamentos para distribuição e controle de energia.

5.2.3.8 Máquinas e equipamentos


Essa cadeia também combina produtos de outras cadeias
A qualidade na indústria da Constru-
produtivas citadas anteriormente. Faz parte da indústria de
ção Civil é formada pela percepção da
bens de capital, sendo responsável pela produção de máquinas grande desverticalização da produção e,
e equipamentos de elevação de cargas e pessoas e de aparelhos geralmente, com a participação significa-
de ar-condicionado (para uso central). Emprega produtos da tiva de fornecedores de serviços de obra
indústria metal-mecânica e de material elétrico. (subempreiteiros).

Fique de olho!

Para a construção de edifícios, a percepção da qualidade está na evolução tecnológica de técnicas, materiais e componen-
tes, bem como nos procedimentos organizacionais (planejamento, administração e controle das operações construtivas).

Vamos recapitular?

Foi vista a importância das percepções quanto às ações da qualidade em serviços no canteiro
de obras e apresentada a cadeia produtiva da construção de edificações, os setores envolvidos e sua
complexidade.

Qualidade no Canteiro de Obras 99


Agora é com você!

1) O que é cadeia produtiva?


2) Na cadeia produtiva de uma edificação, quais os elementos constituintes da fase de
produção?
3) Comente as escalas de redução em desenho técnico.
4) Comente a cadeia produtiva das argilas e silicatos.

100 Qualidade na Construção Civil


6
Qualidade no
Projeto de Obras
de Edificações

Para começar

Este capítulo tem por objetivo apresentar a dinâmica em obras de edificações. Também apresenta
o planejamento da execução e as ferramentas de gestão da qualidade.

6.1 A dinâmica em obras de edificações


O planejamento de obras de edificações deve prever os serviços envolvidos em cada uma das
etapas, bem como apresentar a sequência das atividades com base em seus inter-relacionamentos.
Assim, como visto, para atender as características das obras de edificações, o canteiro de obras deve
ter uma estrutura organizacional muito dinâmica (passa por variações ao longo da obra) e flexível
(sofre a influência de vários intervenientes ao mesmo tempo).
Durante o desenvolvimento do projeto de uma edificação, deve ser previsto que o canteiro
de obras irá assumir características distintas em função dos operários, das empresas, dos mate-
riais e dos equipamentos presentes nele. Diversas atitudes devem ser tomadas com o objetivo
de facilitar o desenvolvimento da obra, tais como a implantação de uma política da qualidade,
o desenvolvimento de fornecedores de materiais e subempreiteiros, a utilização de ferramentas
computacionais etc.

101
6.2 O planejamento da execução de obras de
edificações
A empresa construtora deve ter uma organização administrativa que represente sua visão de
negócios. Eis as etapas de planejamento:
» Estratégico: neste nível deve-se definir os objetivos do empreendimento (definição do
prazo da obra, fontes de financiamento, parcerias etc.) com base nas diretrizes do cliente
ou do proprietário.
» Tático: este nível intermediário de decisões envolve, principalmente, a seleção e a aquisi-
ção dos recursos necessários para atingir os objetivos do empreendimento (por exemplo,
tecnologia, materiais, mão de obra etc.), bem como a elaboração de um plano geral para a
utilização desses recursos;
» Operacional: este nível está relacionado à definição detalhada das atividades a serem reali-
zadas, seus recursos e momento de execução.
Cada nível hierárquico pode ter a necessidade de ser subdividido em outros níveis, depen-
dendo da natureza do empreendimento. Cada um desses níveis requer informações em um grau de
detalhe adequado.
Se o planejamento não for bem detalhado, é muito difícil utilizá-lo para a execução da obra.

Fique de olho!

O sucesso de uma obra depende muito de seu planejamento. É necessário que se tenha a integração
de todas as ações, presentes nos diversos níveis de planejamento.

6.3 Ferramentas de gestão da qualidade


Na etapa de construção do empreendimento, o acom-
panhamento do planejamento é a etapa chamada controle. O
controle é realizado por meio de mecanismos dinâmicos que
A qualidade é um objetivo que deve ser
possam mostrar as variações existentes entre o planejado e o constantemente observado no decorrer
realizado. É mediante o controle, entre o planejado e o reali- da obra.
zado, que é feita a gestão da qualidade.
A seguir, serão apresentadas algumas das ferramentas para a gestão da qualidade.

6.3.1 Diagrama de Pareto


O diagrama de controle foi desenvolvido pelo economista italiano Vilfredo Pareto. Ele verifi-
cou que, em qualquer meio, existem algumas poucas atividades que contribuem muito e outras em
maior quantidade que têm pouca contribuição.
O diagrama indica que 80% dos itens resultam de cerca de apenas 20% dos custos, isto é, 20%
dos itens correspondem a 80% dos custos.

102 Qualidade na Construção Civil


É possível fazer o estudo de Pareto por meio da estratificação de condições como:
» Tempo: quais horas, dias da semana ou turnos devem ser mais controlados.
» Serviço: quais serviços custam mais e devem ser mais controlados.
» Materiais: quais materiais estão em menor quantidade e custam mais.
No diagrama de Pareto, as condições de estratificação são divididas em regiões (Figura 6.1):
» Região A: 7% das atividades que representam 53% do custo total.
» Região B: 14% das atividades que representam 32% do custo total.
» Região C: 79% das atividades que representam 15% do custo total.

100,00%
90,00%
80,00%
70,00%

60,00%
50,00%

40,00%
30,00%
C
A B
20,00%
10,00%
0,00%
0 1 2 3 4 5

Figura 6.1 - Curva ABC das atividades da obra.

6.3.2 Diagrama de causa e efeito


Esse diagrama, também chamado de espinha de peixe ou diagrama de Ishikawa, é uma repre-
sentação gráfica que permite à construtora organizar as informações, possibilitando a identificação
de possíveis causas de determinado problema ou seus efeitos (Figura 6.2).

Máquinas e Meio
equipamentos Dimensões ambiente

Efeito

Mão de Metodologia Matéria-prima


obra executiva

Figura 6.2 - Diagrama de causa e efeito.

Qualidade no Projeto de Obras de Edificações 103


6.3.3 Fluxograma
O fluxograma é uma representação gráfica de procedimentos que contém várias etapas ilustra-
das de modo encadeado por meio de símbolos geométricos (Figura 6.3).

Falta cimento
para argamassa

Sim Há cimento Não


no
almoxarifado?

Pegar cimento Comprar cimento

Figura 6.3 - Fluxograma da aquisição de cimento.

6.3.4 Ciclo PDCA


O Ciclo PDCA (Figura 6.4) indica a maneira – ou a sequência – correta de se executar as tare-
fas. A sigla são as primeiras letras de palavras em inglês que significam:
» Plan: planejar;
» Do: fazer, executar;
» Check: verificar;
» Act: agir, ações, corrigir.
As ações de cada setor do círculo PDCA são:
Planejar
» identificar o problema;
» reconhecer as características do problema;
» analisar as causas principais do problema;
» elaborar plano de ação para combate às causas do problema.
Fazer
» atuar de acordo com o plano de ação;
» treinar e educar os envolvidos;
» coletar dados.
Verificar
» confirmar a efetividade da ação.

104 Qualidade na Construção Civil


Agir
» eliminar definitivamente as causas do problema;
» rever as atividades e o planejamento para outras ações
Situação
atual
Ocorrência do problema
Análise das causas P

A Definir Estabelecer
metas prioridades
Ações:
corretivas Planejar
preventivas Definir as ações
melhorias métodos
Estabelecer
medições
Educar e
treinar
Verificar
metas x resultados Executar
Coletar
dados
C D

Figura 6.4 - Ciclo PDCA.

Amplie seus conhecimentos

O ciclo PDCA é contínuo, isto é, deve ser constantemente retroalimentado para se alcançar excelentes níveis da qualidade.

Saiba mais sobre o ciclo PDCA em: <http://www.sobreadministracao.com/o-ciclo-pdca-deming-e-a-melhoria-continua/>.

6.3.5 Folha de verificação


A folha de verificação é uma planilha com o objetivo de facilitar a coleta de dados pertinentes
a um problema específico (Tabela 6.1).

Tabela 6.1 - Folha de verificação

Ocorrências de atraso de medição de obra

Ocorrência Verificação (dias com problema) Total


Dias de chuva 1; 5; 24; 30 4
Falta de pessoal 6; 25 2
Atraso na entrega de materiais 7 1
Falta de pagamento de fornecedores 11; 15; 23 3
Atraso no pagamento de pessoal 5 1
Outros 17 1
Total 12

Qualidade no Projeto de Obras de Edificações 105


Amplie seus conhecimentos

O diagrama de causa e efeito, também chamado de diagrama de Ishikawa ou espinha de peixe, pode ser utilizado para
evitar atrasos em obras por meio da análise dos fatores intervenientes em cada uma das atividades.

Para estudar mais sobre o diagrama de causa e efeito, acesse: <http://www.infoescola.com/administracao_/diagrama-de-


-causa-e-efeito/>

Vamos recapitular?

Foi vista a dinâmica em obras de edificações. Também foi apresentado o planejamento da execu-
ção e as ferramentas de gestão da qualidade.

Agora é com você!

1) Quais são os níveis de planejamento de uma obra?


2) O que significa a sigla PDCA?
3) Cite a utilidade do diagrama causa e efeito.
4) O que é um fluxograma?

106 Qualidade na Construção Civil


7
Gestão de Resíduos
na Construção de
Edificações

Para começar

Este capítulo tem por objetivo apresentar a definição de impacto ambiental e a classificação dos
resíduos. Também são apresentados o Greenhouse Gas Protocol (GRH), o Plano de Gerenciamento de
Resíduos da Construção Civil (PGRCC) e o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS). Por
fim, é apresentada uma metodologia para qualificação de fornecedores.

7.1 Impactos ambientais


Existem algumas definições sobre o que significa impacto ambiental. Vamos adotar a defini-
ção das normas técnicas brasileiras, que está apresentada na NBR ISO 14001: “Impacto Ambiental
– Qualquer mudança no ambiente, quer adversa ou benéfica, inteira ou parcialmente resultante das
atividades, produtos ou serviços de uma organização”.
A construção de edificações pode gerar resíduos que causariam impactos ambientais. Os resí-
duos são classificados pela NBR 10.004:2004 como:
» Resíduos de Classe I: são considerados perigosos e requerem maior atenção por parte do
gestor, uma vez que os acidentes mais graves e de maior impacto ambiental são causados
por essa classe de resíduos. Podem ser condicionados, armazenados temporariamente,
incinerados ou dispostos em aterros sanitários especialmente desenhados para receber
resíduos perigosos. Nessa classe estão, por exemplo, tintas, solventes, diesel, graxa e óleo.
Lâmpadas fluorescentes e incandescentes, pilhas e baterias também são consideradas resí-
duos perigosos e sua disposição é regida por legislação específica.

107
» Resíduos de Classe II-A: são resíduos não inertes; assim como os de Classe II-B, podem
ser dispostos em aterros sanitários ou reciclados. Entretanto, devem ser observados os
componentes destes resíduos (matérias orgânicas, papeis, vidros e metais), a fim de que
seja avaliado o potencial de reciclagem. Esses resí-
duos, em contato com a água com pH neutro, alte-
ram o padrão de potabilidade da água.
» Resíduos de Classe II-B: inertes, podem ser dispos- A qualidade é relacionada com os resí-
tos em aterros sanitários ou reciclados. São aqueles duos gerados no processo de fabricação
de todos os componentes utilizados na
que, em contato com a água com pH neutro, não construção.
alteram o padrão de potabilidade da água.

7.2 Greenhouse Gas Protocol (GHG)


O Greenhouse Gas Protocol (GHG Protocol), também chamado Gases de Efeito Estufa (GEE),
é um protocolo elaborado pelo World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) e
pelo World Resources Institute (WRI), sendo o mais utilizado para a preparação de inventários de
emissões de gases de efeito estufa.
Este protocolo está relacionado com o Protocolo de Quioto e com a United Nations Framework
Convention on Climate Change (UNFCCC), utilizando as metodologias da UNFCCC para a redu-
ção de emissões e abrangendo, em suas bases de cálculos, os seis gases de efeito estufa identificados
por Quioto:
» dióxido de carbono (CO2);
» metano (CH4);
» óxido nitroso (N2O);
» hidrofluorocarbonos (HFCs);
» perfluorocarbonos (PFCs);
» hexafluoreto de enxofre (SF6).
Para a aplicação deste Protocolo, é necessário definir os limites da construção, devendo ser
considerados a estrutura da construtora, seus limites operacionais e o contexto de seus negócios.
É necessária uma análise de suas atividades, pois dentro dos limites devem constar não apenas
as principais atividades da construtora como também todas as atividades que emitam quantidades
significativas de gases de efeito estufa.
Devem ser analisadas as emissões diretas e indiretas de GEEs. Denomina-se emissão direta de
GEE toda emissão proveniente de fontes pertencentes ou em poder da construtora; e emissão indi-
reta de GEE toda emissão que é consequência das atividades da construtora (mas que vem de fontes
controladas por outras empresas).
Uma vez identificados os limites da construtora, é necessário analisar e selecionar as meto-
dologias que serão aplicadas para o cálculo e a análise das emissões. Diversas metodologias foram
desenvolvidas pelo GHG Protocol Foundation, mas podem ser usadas outras, como as metodolo-
gias aprovadas pela UNFCCC. Independentemente da escolha, seu uso deve ser justificado e estar de

108 Qualidade na Construção Civil


acordo com o tipo de atividade, limites e emissões de cada obra. A metodologia do GHG Protocol é
compatível com as normas ISO.
Somente após a determinação da metodologia a ser utilizada é que as emissões serão efetiva-
mente calculadas.
A coleta de dados deve ser feita, de preferência, diretamente no local da obra. Caso seja neces-
sário, será feita a monitorização de alguns dados e somente depois o cálculo das emissões.
As emissões de GEEs calculadas são transformadas para a unidade de toneladas de CO2 equi-
valente (tCO2eq) e após a conclusão do inventário de emissões é que são propostos e definidos os
mecanismos para a redução ou neutralização das emissões.

7.3 Plano de Gerenciamento de Resíduos da


Construção Civil (PGRCC)
O PGRCC deve ser elaborado para os pedidos de licença prévia e de instalação em conjunto
ou para a fase da licença de instalação, bem como para os empreendimentos de construção civil de
média e alta complexidade.
Os geradores de resíduos da construção civil são os responsáveis pelo gerenciamento desses
resíduos, desde sua geração até a correta destinação final, conforme disposto na referida Resolução.
Em razão da complexidade que envolve a delimitação de um método quantitativo, para carac-
terização dos resíduos produzidos em obra, considerou-se uma estimativa para edificações execu-
tadas por processos tradicionais. Se forem adotadas outras técnicas construtivas ou procedimentos
para a redução do volume gerado de resíduos na construção, deverá ser anexado estudo que com-
prove as novas estimativas apresentadas.
O PGRCC deve ser elaborado por profissional habilitado no CREA. Deve ser emitida uma
ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) sob responsabilidade do gerador dos resíduos (pro-
prietário do estabelecimento), contemplando o conjunto de procedimentos a serem executados
visando à não geração de resíduos, à minimização da geração, à reutilização, à reciclagem, ao arma-
zenamento, ao transporte, ao transbordo, ao tratamento e ao destino final adequado, observando a
normalização referente à saúde pública e à proteção ambiental.
Os resíduos gerados nas obras devem ser classificados, conforme a Resolução CONAMA
307/02, em:
» Classe A: são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados ou encaminhados a
áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir sua
utilização ou reciclagem futura, tais como:
de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infra-
estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos
(tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;

Gestão de Resíduos na Construção de Edificações 109


de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos,
tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras.
» Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento
temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura,
tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros.
» Classe C: são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações
economicamente viáveis que permitam sua reciclagem/recuperação. Deverão ser armaze-
nados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas específicas,
tais como os produtos oriundos do gesso.
» Classe D: são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção. Deverão ser
armazenados, transportados, reutilizados e destinados em conformidade com as normas
técnicas específicas. Por exemplo: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contami-
nados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações
industriais e outros.

Amplie seus conhecimentos

No campo da qualidade devemos utilizar os conceitos dos 3Rs da logística reversa: reduzir, reutilizar e reciclar.

Leia mais sobre os 3Rs em <http://blog.mma.gov.br/separeolixo/voce-conhece-os-3rs-reduzir-reutilizar-e-reciclar/> e


<http://purareciclagem.com.sapo.pt/pagina_regra_3rs.htm>.

Devem ser informados no PGRCC os seguintes itens:


1) Identificação do empreendimento: informar os dados referentes ao empreendimento.
2) Informações gerais: identificação do responsável técnico pela elaboração do PGRCC; nome do
contador; número de operários próprios e prestadores de serviço; responsável legal pelo empre-
endimento (proprietários).
3) Caracterização do empreendimento:
3.1 Informar a área total do terreno.
3.2 Informar a área a ser construída (m2), inclusive as áreas não computáveis.
3.3 Informar se haverá demolição ou não.
3.3.1 Se houver demolição, informar o volume (m3) de resíduos gerados na demolição,
calculados da seguinte maneira: área das paredes x espessura média das paredes +
área do piso e/ou cobertura x espessura média do piso e/ou cobertura.
3.3.2 Informar o peso (kg) dos resíduos gerados, calculados da seguinte maneira: multi-
plicar o volume obtido no item acima pelo peso específico, estimado em 1300 kg/m3.
3.4 Movimento de terra com necessidade de empréstimo ou bota-fora, de acordo com o pro-
jeto de terraplenagem (apresentar o projeto).

110 Qualidade na Construção Civil


3.4.1 No caso de necessidade de bota-fora, informar o volume (m3) e o peso (kg). Para
cálculo do peso, adotar o peso específico do solo de 1300 kg/m3.
3.4.2 No caso de necessidade de empréstimo, informar o volume (m3) de empréstimo de
terra e peso (kg), assim como as informações sobre a jazida prevista para o emprés-
timo e a qualidade do material da jazida (documento que comprove que o material
não está contaminado).
4) Croqui do canteiro de obras, indicando o local de triagem e o armazenamento dos resíduos:
apresentar o croqui do canteiro de obra, indicando a área prevista para a triagem dos resíduos e
a área para a armazenagem temporária dos resíduos segregados, com dimensões compatíveis ao
volume de resíduos previsto. A área de armazenagem deve ser impermeabilizada e coberta, e os
resíduos devem ser dispostos separadamente, conforme sua classificação.
5) Reciclagem e/ou reutilização de resíduos da construção civil: se estiver prevista a reutilização
dos resíduos na própria obra, deve ser informada a quantidade dos resíduos a serem reutilizados,
assim como sua classificação. No caso de estar prevista a reciclagem de resíduos, deve ser informada
a quantidade do resíduo, sua classificação, o processo da reciclagem e como o resíduo reciclado
será aplicado na própria obra.
6) Caracterização dos resíduos: informar a quantificação, a classificação, a etapa da obra (demolição
e/ou construção) e o destino final previstos. Para o cálculo da quantidade do resíduos, em peso,
multiplicar a área total a ser construída (informado no item 3.2) por 150 kg/m². Somar, a esta
quantidade, o peso obtido no item 3.3 (demolição), obtendo o peso total dos resíduos gerados.
No caso de movimento de terra com necessidade de bota-fora, considerar o peso previsto do
bota-fora separadamente, somando-se este peso (valor calculado no item 3.4.1), posteriormente, ao
peso dos demais resíduos da classe A.

Fique de olho!

Transporte: deve ser apresentada a descrição do tipo de transporte interno e externo utilizado para remoção e existência
de áreas de transbordo. O transporte deverá ser realizado de acordo com normas técnicas;
Tratamento: devem ser apresentados o tratamento e a destinação para cada grupo ou classe de resíduo;
Plano de contingência: deve ser apresentado o plano contingência para o caso de o tratamento e a destinação final pro-
postos falharem temporariamente;
Empresas recebedoras: deve ser informado o nome das empresas recebedoras dos resíduos, se estas possuem Licença
Ambiental e ainda solicitar cópia da Licença de Operação;
Rotinas: o Plano deve prever a elaboração de rotinas com instruções de procedimento para a higienização, o manuseio, a
segregação e a coleta interna dos resíduos, que deverão permanecer à disposição de todos os operários;
Treinamento: deverá ser previsto treinamento para novos contratados e reciclagem periódica para a aplicação de rotina e
sua modernização, com todos os operários do empreendimento, contemplando, assim, a origem dos resíduos até a desti-
nação final. Deverá ainda possuir um funcionário treinado para o controle do Plano de Gerenciamento;
Relatórios: devem ser apresentados relatórios semestrais de avaliação do PGRCC, identificando necessidades de melho-
rias, alterações necessárias, mudanças de procedimentos, entre outros;
Planilha: deve ser elaborada uma planilha referindo a geração mensal de resíduos, tipos de resíduos, classificação, forma
e local de armazenamento, destino final, entre outros.

Gestão de Resíduos na Construção de Edificações 111


Tabela 7.1 - Modelo de formulário para a elaboração do PGRCC
1. Identificação do empreendimento

Endereço:

Bairro:

CNPJ:

2. Identificação do responsável pela elaboração do projeto de gerenciamento de resíduos da construção civil - PGRCC

Nome:

R.G.:

Profissão:

Registro no CREA:

3. Caracterização do empreendimento

3.1 Área a construir: m2

3.2 Haverá demolição de edificação existente?

Não:

Sim:

3.2.1 Estimar o volume de resíduos gerado na demolição: m3

3.2.2 Estimar o peso dos resíduos de demolição gerados: kg

3.3 Haverá movimento de terra com necessidade de empréstimo ou bota-fora?

(Informar o local de empréstimo/jazida e documento que comprove que o material não está contaminado).

Não:

Sim:

Volume Bota-fora:
m3
3.3.1
Peso Bota-fora
kg

Empréstimo Volume:
m3
3.3.2
Empréstimo
kg
Peso:

4. Apresentar croqui do canteiro de obras, indicando locais previstos para a triagem e para o armazenamento temporário dos
resíduos segregados (os locais de armazenamento devem ser cobertos e impermeabilizados)

Não:

Sim:

5. Informar se será realizada reciclagem e/ou reutilização de resíduos da construção civil na própria obra

Não:

Sim:

112 Qualidade na Construção Civil


A Tabela 7.2 apresenta um quadro com as informações que devem ser apresentadas, no caso de
estar prevista a reutilização e/ou a reciclagem dos resíduos da construção civil.

Tabela 7.2 - Tabela de reutilização ou reciclagem dos resíduos da obra

Reciclagem
Tipo de Resíduo Reutilização Quantidade (m3)
Processo Aplicação

Classe A

Classe B

A Tabela 7.3 apresenta a caracterização dos resíduos de uma obra de edificação.

Tabela 7.3 - Caracterização de resíduos

Quantidade (m3)

Classe Material Etapa da obra Total Destino


Final
Construção Demolição

Argamassa, concreto, cerâmica, tijolos, blocos de concreto etc.


A Solo (bota-fora)
Total Classe A
Plásticos, papel, papelão, metais, vidros etc.
B Madeira
Total Classe B
Gesso etc.
C
Total Classe C
Tintas, óleos, solventes, materiais contaminados (embalagens com
D restos destes produtos), matérias com amianto etc.
Total Classe D

7.4 Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS)


O PGRS deve ser elaborado com base na legislação vigente, que estabelece os princípios bási-
cos da minimização da geração de resíduos, identificando e descrevendo as ações relativas ao seu
manejo adequado, levando em consideração os aspectos referentes a todas as etapas, compreendidas
pela geração, segregação, acondicionamento, identificação, coleta, transporte interno, armazena-
mento temporário, tratamento interno, armazenamento externo, coleta e transporte externo, tratamento
externo e disposição final devidamente licenciados pelo órgão ambiental competente.

Gestão de Resíduos na Construção de Edificações 113


Os resíduos produzidos na obra devem ser dispostos em contentores, de acordo com a Resolu-
ção 275/01 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama, com as seguintes cores:
» Amarelo: metal.
» Azul: papel/papelão.
» Branco: resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde.
» Cinza: resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não passível de separação.
» Laranja: resíduos perigosos.
» Marrom: resíduos orgânicos.
» Preto: madeira.
» Roxo: resíduos radioativos.
» Vermelho: plástico.
» Verde: vidro.
Os resíduos devem ser classificados como:
» Orgânicos: restos de comida, casca de frutas e verduras, grama, galhos pequenos etc.
» Rejeitos: papel higiênico, absorventes íntimos, palitos de dentes, filtros de cigarro etc.
» Rejeitos Perigosos: lâmpadas fluorescentes, filtros de ar condicionados, baterias, pilhas etc.
» Recicláveis: papel, papelão, plásticos em geral, metais etc.
Deve ser informada a produção diária de cada tipo de resíduo sólido na obra (kg/dia).
A obra é considerada uma Unidade Geradora de Resíduos Sólidos e deverá realizar a educação
ambiental entre seus operários e terceirizados. Isso será feito por meio de palestras, debates e cam-
panhas, visando à conscientização de todos eles em relação ao procedimento que deverá ser adotado
para a efetivação do processo de coleta seletiva que será implantado pelo presente Plano de Geren-
ciamento de Resíduos Sólidos.
Visando implantar procedimentos adequados para efetivação do Programa de Coleta Seletiva
previsto no Plano de Gerenciamento de Resíduos da Obra, devem ser obedecidas as seguintes etapas:
» Coleta: efetuada por operários devidamente treinados e equipados com luvas, botas,
materiais de proteção adequados, que, diariamente, em horários específicos, farão o reco-
lhimento dos resíduos previamente selecionados nos setores da obra e acondicionados em
sacos plásticos.
» Transporte: realizado após o recolhimento, por meio de carrinhos/manualmente até o
local de armazenamento dos resíduos existente nesta unidade geradora.
» Acondicionamento: será feito no local de armazenamento, que fica na (especificar área
[pátio interno/pátio externo/etc.], com as seguintes características físicas: céu aberto,
cimentado etc.) onde os sacos plásticos recolhidos e previamente selecionados serão dis-
postos dentro de contêineres/galões/lixeiras, seguindo esta padronização:
Orgânicos: serão depositados em contêineres/galões/lixeiras, com volume (litros) e identi-
ficação padronizada, na cor marrom, seguindo resolução do 275/01 do Conama.

114 Qualidade na Construção Civil


Rejeitos: serão depositados em contêineres/galões/lixeiras, com volume (litros) e identifi-
cação padronizada, na cor cinza, seguindo resolução do 275/01 do Conama.
Rejeitos perigosos: serão depositados em contêineres/galões/lixeiras, com volume (litros)
e identificação padronizada, na cor laranja, seguindo resolução do 275/01 do Conama.
» Recicláveis: serão depositados em contêineres/galões/lixeiras, com volume (litros) e
identificação padronizada, na cor verde/azul/amarelo/vermelho, seguindo resolução do
275/01 do Conama.
O construtor deverá apresentar a declaração de contratação de empresa, ou serviço para trans-
porte e destinação final dos resíduos, recicláveis, incluindo as respectivas licenças ambientais. Um
modelo de planilha de destinação de resíduos é apresentado na Tabela 7.4.

Tabela 7.4 - Planilha de destinação de resíduos

Tipo de Período de Responsável pelo Dados do responsável Destinação final


material recolhimento recolhimento exemplos exemplos

Determinado pela Empresa de Engenharia


Orgânico Concessionária pública Usina de compostagem
construtora Ambiental
Determinado pela Empresa de Engenharia
Rejeitos Concessionária pública Aterro sanitário
construtora Ambiental
Determinado pela
Rejeitos perigosos Fábrica produtora Fornecedor Unidade produtora (fábrica)
construtora
Dados da empresa coletora a
Determinado pela Determinado pela
Recicláveis ser contratada pela empresa Centro de triagem licenciados
empresa geradora empresa geradora
geradora do resíduo

7.5 Qualificação de fornecedores


A qualidade apresentada em uma obra depende consideravelmente dos fornecedores contrata-
dos para o empreendimento.
A interação e a comunicação entre os fornecedores e a construtora devem ser as mais transpa-
rentes possíveis, considerando que as informações sejam confiáveis e justas. A construtora deve ter
uma política de relacionamento com seus fornecedores, por meio da qual se deve acreditar e esperar
que haja sempre honestidade na determinação de preços, bem como discussões francas e abertas
sobre redução de custos e disposição para solução de problemas gerais.
É esperado que os fornecedores compartilhem informações sobre o mercado, sobre seus novos
desenvolvimentos, suas regulamentações legais e suas inovações sobre produtos e serviços.
É desejado que os fornecedores adotem uma gestão socialmente responsável, visando a uma
sociedade com melhores produtos e menores riscos sociais, econômicos e ambientais. É também
desejável que haja o gerenciamento, de maneira equilibrada, dos impactos de seus produtos e ati-
vidades sobre os ecossistemas e a sociedade, a proteção e a sustentabilidade ambiental, com as
necessidades socioeconômicas.
É esperado que os fornecedores ajam dentro de princípios e valores relacionados à saúde e à
segurança no trabalho, bem como respeitem o disposto no art. 7o, inciso XXXIII da CF/88, inerente
à contratação de trabalho de menores e na condição de aprendiz.

Gestão de Resíduos na Construção de Edificações 115


Fique de olho!

A qualidade de uma obra não é apenas relacionada aos produtos empregados na construção, mas pela escolha criteriosa
de seus fornecedores.

Os fornecedores devem ter condições para desenvolver seus processos com profissionalismo e
comprometimento, primando a importância em requisitos como:
» analisar criteriosamente as especificações dos pedidos de compra;
» atender às especificações de entrega e os prazos acordados;
» fornecer informações imediatas na confirmação dos pedidos sobre quaisquer mudanças;
» fornecer todas as documentações solicitadas;
» fornecer os dados estatísticos, mostrando os parâmetros críticos de teste e os parâmetros
do processo, quando solicitados;
» apresentar as informações solicitadas em tempo
hábil;
» ter a flexibilidade em casos de mudanças nas quan-
tidades dos pedidos e nas datas de entrega;
Todos os resíduos gerados na construção
» cumprir os preços acordados; de uma edificação devem ser classifica-
dos, quantificados, acondicionados, trans-
» realizar todos os procedimentos de faturamento cor- portados e dispostos conforme a legislação
retamente; vigente.
» prestar feedback durante todo o processo de compra.

Vamos recapitular?

Neste capítulo foram vistas a definição de impacto ambiental e a classificação dos resíduos. Tam-
bém foram apresentados os significados do Greenhouse Gas Protocol (GRH), Plano de Gerenciamento
de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) e do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS).
Por fim, foi apresentada uma metodologia para a qualificação de fornecedores.

Agora é com você!

1) O que é GRH?
2) O que é PGRCC?
3) Defina impacto ambiental.
4) Comente as expectativas de conduta dos fornecedores das construtoras.

116 Qualidade na Construção Civil


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120 Qualidade na Construção Civil

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