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(Os Nacionalismos na Literatura do Século XX (05 indiiduos em fee das rages ORGANIZAGKO ‘Ana Beatriz Demarch Borel cDIGhO € o1sTaINUIGAO Edigbes MinervaCoimbra ~ Rua dos Gatos, 10 - 3000200 Coimbra “Telet 239 70107 / 259 716204 ~ Fox 239 77267 mineryacolmbraggmai.com / wwnmineracoimbeablogspot.com Depdsite Legal s10620/10 ISBN g78-972.798-284-4 Teco ce drt eserados de scordo com lejlaglocm vigor Os Nacionalismos na Literatura do Século XX os individuos em face das nagdes ANA BEATRIZ DEMARCHI BAREL (org) MinervaCoimbra | 2010 NOVOS RUMOS NA FICCAO DE jOSE SARAMAGO: OS ROMANCES FABULA (AS INTERMITENCIAS DA MORTE, A VIAGEM DO ELEFANTE, CAIM) Ana Paula Arnaut Universidade de Coimbra Sempre chegamos ao sitio aonde nos esperam. JOSE SARAMAGO, O Livro dos Itinerdrios (A Viogem do Elefante ~ epigrate) Em artigo publicado em 2006 levantimos a hipstese de que 0 entio mais recente romance de José Saramago, As Intermiténcias da More (2005), permitia verificar uma mudanga de amo na produgao ficcional do autor (Amaut, 2006: 119). A proposta foi feita com alguma cautela, tendo em mente que a andlise de um tinico romance no permitia, por sis6, alean- gar definidas e sdlidas conclusbes. A publicagdo de A Viagem do Elefante (2008) ¢ de Caim (2009) possibilita, todavia, a validagio da leitura que entao fizemos. ‘Cumpre relembrar, a propésito,e de acordo com uma breve mas neces- séria contextualizagdo, que o primeiro ciclo de produgio literdria sarama- guiana decorre entre Manual de Pintura e Caligrafia (1977) ¢ Ensaio Sobre 4 Cegueira (1995), exclusive. Neste perfodo verificamos uma enorme ape- ‘€ncia pelo tratamento de temas histéricos, directa ou indirectamente rela- cionados com a Histéria e com a Cultura portuguesas, seja de um passado mais remoto seja de um tempo mais recente. Por isso julgamos conve- niente usar a designagdo de ciclo dos romances da “portugalidade intensa”, adoptando uma sugestio de Christopher Rollason (Rollason, 2006: 113; Amaut, 2008: 42), O segundo ciclo, por conseguinte, abarca os romances Publicados entre Ensaio Sobre a Cegueira e As Intermiténcias da Morte, exclusive, A delimitago feita no Aambito desta fase dos romances de tecr universal ou universalizante diz respeito quer & utilizago de estratégias que evidenciam o culto de temas de cariz mais geral, quer a uma reconhe- _Nowos rumos na fegto d cida ressimplificagao da lin 0 da linguagem e da estrutura da narrativa (San apud Reis, 1998: 43; Amaut, 2008: 40-43), ae : Narecscia cia Histéria Portuguesa ou na escrita, por vezes prospec- neh Otis da Humanidade (as duas final, sempre e inevitavelmente cae Sass) 0 natrador tem permanenternente por objectivo a exposigto oe Viola MuPasdes de teor humanista e humanitétio, ora denunciande oe pentatdes 40s mais elementares direitos do Homem, ora alertando para os peigos Sous a globalizagao, de complicados jogos politicos e/ u religiosos, ou de sistemas repressivos que ou lige, ou que transformam o Homem em A Re caso dos romances que compiem, por enquanto, 0 terceiro ciclo roe doors ional: € que, por motivos que adiante explicaremos, pro. Panos designar como romances fébula,julgamos que a linha difereneial Frm gamente aos anteriores se instaura, por um lado. a partir de novas res. simpliiagies Estas no passam apenas, mais uma vez, pela linguagem Crater, “cmes como uma maior ebedincia & sintaxe e & pontuagiie tredetonals, Seo mesmo efeito, pela (re)ressimplificagio da estru ira da narrativa, agora mais de acordo cor . : ce ym as regras da narrativi Por outras palavras, mais obediente ao principio de u oa i 135) A sites substancial que lemos em As Intermiténcias da +A Viagem do Elefante e Caim 6 relativa, sim f do iva, sim, por outro lado, ao tom inarcadamente c6mico ¢ & cor, agora mais suave, a que o narrador/autor doe Taare construir a acedo, os temas que a percorrem ¢ as person gens ar 08 tema s : fn a “os - —— Gue reconhecemos a existéncia em alguns dos romances ve Ciclos anteriores de uma veia irénica que, muitas vezes, redunda ra a naCaricatural e esmico, como sucede, exemplarmente, em Memo rial do Convento (1982); & certo também que aceitamos que em outras obras, como A Jangada de Pedra (1986) ou Todos os Nomes (1997), a Andilura romanesea € pontualmente pautada por episédios. comentarios tiva edo credo neat Suavizaro tom primondialmente grave da natra- Soramige 2 ae todavia, e sem pretendermos validar aideia de que José MO poten £Scttor pessimista e apocaliptico (Garcfa-Posada, 1998), Podemos deixar de considerar que &0 carictersério,recolhidoe tntag ve7es sombrio, melancolicamente sombrio e desalentado, que resealtn at Blobalidade dessas obras (Amaut, 2008: 48-49), eres Ane Pala Arnaut Por oposicao, da leitura dos romances fiabula ressalta, como ji suge. rimos, uma mais englobante comicidade e, por conseguinte, uma maior Jeveza, tanto na escolha dos acontecimentos que sio postos & boca de cens das narrativas quanto no modo como se constréio relato. primeiro destes romances respeita, pois, num primeiro momento, {as consequéncias de uma pontual greve da morte, numa referéncia-infor. magao que, remetendo para a inverséo do papel tradicionalmente esperado daquela figura, possibilita, em concomitdncia, e desde 0 inicio da obra, 6 cémico de situagio (Bergson, 1991: 64-65). Este aliar-se-4, fundir-se-a, com frequéncia, se nao sistematicamente, a0 eémico de cardcter ~ despo: Jetado pela composigio caricatural de outras personagens ~ e a0 cémico de linguagem, tantas vezes usada na sua vertente mais distrafda, isto é, mais prosaica, assim transformando 0 solene em familiar e assim criando efeitos risiveis (como ¢ 0 caso do pedido feito ao governo relativo & obri gatoriedade de enterrar 08 animais domésticos, que citaremos em breve} (Bergson, 1991: 73). Num outro momento, sabemos que a morte retoma as suas fun ‘ges mas que, reconhecendo “o injusto ¢ cruel procedimento que vinha seguindo, que era tirar a vida as pessoas & falsa-f6, sem aviso prévio, sem dizer égua-vai" (Saramago, 2005: 106), passaré a preveni os humanos que iro morrer através do envio antecipado (uma semana) de uma carta vio- eta. Do terceiro momento, e porque ndio queremos antecipar o desfecho, dliremos apenas que o leitor conhecerd as fragilidades da propria morte ‘Asegunda obra orquestra-se em tomo das peripécias ocorridas na (his- (rica) “viagem de um elefante que, no século XVI, exactamente em 1551, sendo rei D, Jodo IIL, foi levado de Lisboa a Viena” (Saramago, 2008: 7) ‘A recuperacio de temas de cardcter histérico, mas agora no ambito da hist6ria religiosa, acontece também em Caim. A semelhanga do que havia acomtecido em O Evangetho Segundo Jesus Cristo (1991), igual mente alvo de varias e acesas polémicas, 0 mais recente romance de José Saramago retoma a linha de uma parddica releitura dos textos sagrados. No caso conereto, o entedo gira em tomo da figura de Caim, personagem a quem caberé, quase sempre, accionar a dindmica de risiveis linhas de subversao, Em concomitancia, caber-Ihe-& também fazer prova de que “A histéria dos homens € a historia dos seus desentendimentos com deus, nem ele nos entende a nés, nem n6s 0 entendemos a ele” (Saramago, 2009: 91) Deixemos claro, no entanto, que, neste como nos outros romances do cicto, a predominncia dos efeitos cémicos, ou a maior leveza na escolhe 128 na fieedo de José Saramago dla matéria-prima da narrativa, bem como do modo como a expie, niio sig. nifica a auséncia de uma profunda preocupagao com 9 condigio humana, im qualquer uma das obras, portanto, como veremos, wedem-se epis6dios carcatos cujo feito redunda num sorriso uberte ¢ tence vezes mreaaacente, Pelo menos, ressalve-se, para aqueles leitores instruldos por comicn nciclopédiae por um certo modus vivendi. Sigitica isto que o ccémico no se encontra apenas dependente do trabatio de deformacao, de Sartcatura da realidade levado a cabo pelo escritor (pelo artista, em geral), armargeaois instrugdes que se julga estarem contidas no modo cone og harra/descreve uma determinada cena e/ou seus intervenientes. descodi- Fieasdo € a aceitagio do cémico enquanto tal estao, também, subordinados $ ideologia de quem Ié e& regulacio da simpata relativamente a0 autor e & matéria narrada (Schaeffer, 1981; 5). Numa outra linha de entendimento, a decifragdo e a criagdo dos efei- jos edmicos pode ainda estar directamemte relacionada com ¢ (in)sensibi- lidade © com a (no) emogio do leitor: “o cémico nao ode produzir 0 seu frémito a nio ser sob a condigéo de deparar com ume superficie da alma decididamente serena, decididamente uniforme. A indiferencaéo seu meio cal O ‘iso niio tem pior inimigo do que a emogao”, Neste sentido, “0 cémico exige portanto e finalmente, para produsit todo seu efeito, qualquer coisa como uma anestesia momentinea do coragio. Dirige-se 3 imeligéncia pura” (Bergson, 1991: 15-16), De As Intermiténcias da Morte relembramos, como exemplo, duas das consequéncias que se seguem A decisto de xando de lado 0 ca0s e 0 colapso pro hospitais, nos lares para a terceira idade, no grupo dos fldsenan da propria igreja (estes tltimos ilustrativos do vend Smico, logo, da instaurago do riso), salientamos, ena inerdrias e a posterior exigéncia domes Estos 0 enterramento ou a incineragdo de todos os animais domésticos que venham a defuntar de morte natural ou por acidemte, ¢ que ie sido, no sentido mais profimd da expresso, geragdos aps geragies (ibidem: 28), Em segundo lugar, recordamos que a vida eterna comega a obra ws s az, se motTer No pais 5 da frontera, a fim de, em paz, se morn ‘agens clandestinas em par Be ia ‘ieinho. Além disso, a etemidade leva ao aparec — a ti ‘ i hin ‘nga da outra instituigdo) que, ap6s ir dscula para que assim se distings da outra e - Sores ae governo, tera por misao organizar as viagens fine. tres. Aum outro nivel, sublinvamos, ainda, o episGdio da carta em ave, s. A um outro nivel, Seon j -107). A missiva, i jase) normalidade (ibidem: 106- pois de lid ya reproduzida num dos jomnais no na sua versio anurans = Jes verbais acertadas, c: “ forma”, com as conjugagdes C0 antes, “em letra de . Wy eee io das “ \de faltavam’”, porque, seg iclusdo das “maidsculas on i pro oe ramético, “a morte simplesmente, no or ‘nem sequer 0s pr 7 : * (ibidem: da arte de eserever” (ib 7) rnd ml de sa dado pl me cr mila pe, ese se dninca da iver Morte) omseuene deseo de srs . se distinga da unive . ees a entadepra aconvnce“a tr com as omg onli ondenados" leva, por seu tur, numa ota que 3 pode peer a surda e eémica operagko “caga-b- star, a uma absurda e c P cniravaganteideia corre a um medio legista, que se lea de ee ‘mandar vir do estrangeiro um famoso especi eee a pac de exci, 0 ual dito espeiaista, partido de representa a ei “m pinturas e gravuras antigas (...), trataria de reconstituir a. cane nt aes anecariac stan, bin is ie np ies po rn anim ma a eee ae ee ee Elefante, mantém-se 0 recurso aos véirios processos pein “mitido pormenor [que] néo interessaria eee sue funciona coma mote da native Refeio-nos 8 contaayso dD. ae Sores Ahora de ir para a cama” (Saramago, 2008: 13), eae vente de casamento dado hé quatro anos ao primo patriee Se Ausuis hava sido indigo da sua Tinger, 3 comequeme segs da de Ihe oferecer Salomio, o elefi s . 0 elefant ado da fndia(ibidem: 14-15). mnhecida apeténcia do autor para subver- nacional, um mote deste teor no podia resultados principais. Ou, se quis ado e uma consequéncia particular ¢eragie ao a tormenta que gue, no quente com a arquiduquesa, dades apontam a que estaria a treinar-s assolou a viagem de barco entre Rosas e Génovar "0 arqui- 1ndo se deixou ver, todas as probabili- "A verteme des sacralizadora ¢ mica ac do pecado origina, is Sorat. ontece ainda quando, por exemplo, depois nos © um dia depois desta afortunada inter i renga A par da banalizagdo da entidade divina, pontualmente ocupada com “a revisio do sistema hidréulico do planeta” (ibidem: 169), numa linha que se estende também & caracterizagdo das suas (sempre) coléricas e violentas atitudes, ha também que chamar a atengdo para a reconstrugdio das figuras de Adao e Eva (a “primeira dama”, como também se dé a conhecer, ibidem 12), ou do querubim que, apds o pecado original (depois de se ter acabade “a boa vida”, ibidem: 20-21), fica encarregado de guardar as portas do paraiso com a sua espada de fogo. Embora mantendo as traves-mestras da Historia, numa estratégia habitual na escrita dos seus romances hist6ricos?, José Saramago, ou o narrador em sua substituicdo, no evidencia qualquer receio em reinterpretar o(s) episédia(s) biblico(s) da criagdo do mundo. Completando os espagos em branco deixados pela breve narrativa do episédio da expulsio do paraiso, e deixando de lado o tom sério e grave do Genesis, o narrador (re)cria uma nova Eva. Esta, a0 contrério da original, ndo evidencia apenas consciéncia critica para comentar a atitude de Deus, ‘considerando forgoso levé-lo a explicar as atitudes tomada: Sobre © que o senhor possa ou no possa, nio sabemos nada, Se € assim, teremos de 0 forgar a explicar-se, ea primeira coisa que devers dizer nos é a razio por que nos fez ¢ com que fim, Estés louca, Melhor louca que medrosa, Nao me faltes ao respeito, gritou adio, enfurecido, eu nio tenhe edo, no sou medroso, Eu também ndo, portanto estamos quites, nfo hé Inais que discutir, Sim, mas nio te esquegas de que quem manda aqui sou eu, Sim, foi o que o senhor disse, concordou eva, ¢ fez cara de quem nao havie dito nada (dbidem: 25-26), Além disso, a nova Eva mostra-se capaz de agir, na esteira de uma linha de composigdo de personagens femininas corajosas, determinadas. € no pouco importantes ao desenvolvimento de varios tragos da person lidade, dos afectos © da capacidade ideol6gica dos homens que acompa- luziveis exemplarmente : 2 z em outros tans pro a Populares de dimensao ético-moral de ordem in © que luz € ouro”, a velha utoy mae 5 pia da vida eterna G eeuramente, do interesse do Homem e da Humanidade: ¢ “une nee “repetida mil vezes torna-se verdade”, havendo, pois, que deseonfiee ao _Ana Paula Arnaut assergdes dogméticas. Ambas as liges, ambos os provérbios, igualmente susceptiveis de aplicaedo a Caim, a propdsito do qual (entre tantos), pode- ‘mos ainda lembrar a sabia constatagdo de que “o habito nao faz. 0 monge”, 0u 0 mais prosaico comentério de que “por detras de uma fraca moita pode cesconder-se um bom coetho’ A critica & religiio, suas préticas, mitos e representantes, reveste-se também de contornos particularmente interessantes em A Viagem do Ele- _fante. Parecendo ter por mote a afirmagio jé feita em Historia do Cerco de Lisboa de que “Deus ¢ Alf & tudo 0 mesmo” (Saramago, 1989; 202), ou para o efeito, de que Deus e os outros deuses “é tudo o mesmo”, 0 narrader ‘que do século XX revisita o pasado distante do século XVI empenha-se em demonstrar as similitudes entre a religiio catélica e a hindufsta. Por extrapolagio que nos parece ldgica, a instncia narrativa empenha-se ainda em fazer prova de que “fora das palavras nao hé nada” (Saramago, 2008 73), ou, recuperando e adaptando ao contexto algumas outras mais antigas, palavras do autor, que “o cristianismo niio valew a pena, que se nio tivesse havido cristianismo, se tivéssemos continuado com os velhos deuses, niio serfamos muito diferentes daquilo que somos (Saramago, apud Alves, 1991: 82). E assim, depois de ouvirmos a explicagio do comaca sobre os papéis desempenhados por Brama, Vixnu e Siva na criagdo, conservacdo e rene- vagio do universo, ndo estranhamos, com certeza, que o comandante por- tugués conclua que estes constituem “uma trindade, como no cristianismo” (Saramago, 2008: 72). A propésito, Subhro discorda, afirmando que “No cristianismo so quatro” pois hié que contar com a virgem. Esta, sim, a0 contrério dos outros, a quem ninguém nada pede, “nio tem maos a medir com tantos rogos, preces e solicitagdes que Ihe chegam a casa a todas as horas do dia e da noite” (Saramago, 2008: 72-73). Ora, se neste comenti- rio niio podemos deixar de ler uma nota de humor, nao podemos tambér. deixar de constatar mais uma preciosa moralidade: que “as melhores ligdes ‘nos vém sempre da gente simples” (ibidem: 144), ‘A conversa que referimos, a exemplo de outras!*, serve ainda para chamar & colagio a linha critica relativa & intolerincia religiosa, tantas ° Um dos homens que verbaliza a confustio que Ihe vai na cabega, porque no per- ceche 0 motivo pelo qual Jesus teve que matar 0s dois mil poreos na regio dos Gesarencs {So Mareos. 5, 1-13), é advertido pelo cura de que “corn tais pensamentos e opinids, se comandante para a presenga ‘em terrenos pantanosos” (ibidem: 73)", empl, indo do boieieo da comitiva se diz. ter especial estima pela cra do BA Tene ano: Belo “que nela se diz de perdoar as nossas dividas™ eo oe tcarrega-se o narrador de dar conta da inveja do : vi ; 20 vera rica gualdrapa que o arquiduque Mavimi tao havia mandado bordar para oelefante Solimio, pois eames enviado, . costas do elefante. E, “provay * Cis 3 .“provavelm, pam pane fiefsemos, oltar‘amos aver, bjo palo, uin general dee ven vistos el santa mae igre idem: 166, ems as do xadee un Sra fate mative de A Voge do Blfane essa também tron sectoral Que no passa apenas pela dia de que, por dies roan cam Papas € bolos se enganam os tolos” ou de gue “Cale Cae ee ae ae anh Glhincr oleae ata dimensgy pasos © 08 desvrtuamentos dos esigos de bos contr io a que agora nos referimos, numa h , foaquea - numa linha que se bifurca, passa pola creo i propria condicioe natureza humanase pela nocag toque ns iagem que € a propria vida, seja se é - sea qual fora religiao, seja qual for a Social (4 animal), o destino 6, inevitavelmente,a mona Nt *Slasse 8 inguisigdo aqui chega serés © primeino a i pa " a 8 pris "© para a fogueira” (Saramago, 2008: 81) (ver Na pagina 91 cabe a égina 91 meso "ardor comets que baviaprovocadores “em abundin- onsultar 0s arquivos da inguisigo” (biden 91) Ana Paula Arnaut _ ‘humano porque, talvez, nem todos sejamos “cada vez mais, os defeitos que temos” (ibidem: 147). A questdo estd, ainda, numa linha vinda de outros romances, mas agora sujeita a uma maior elaborago aleg6rica, em reco- inhecer o valor do Homem e em saber como traté-lo com dignidade. Exacta- mente como Subhro trata Salomo/Solimao, ndo ordenando, no impondo, no recorrendo & violencia, apenas dando a entender, “o que demonstra ‘uma vez mais que o respeito pelos sentimentos alheios é a melhor condigio para uma prospera e feliz vida de relagGes e afectos” (ibidem: 231). E esta 6, acrescenta 0 narrador, num eco de O Evangelho Segundo Jesus Cristo 991), a diferenga entre um categorico Levanta-te ¢ um dubitativo E se tu te levan- tasses. Hi mesmo quem sustente que esta segunda frase, nio a primeira, foi a que jesus realmente proferiu, prova provada de que a ressurreigtio, afinal, cestava, sobretudo, dependente da livre vontade de lizato e no dos poderes milagrosos, por muito sublimes que fossem, do nazareno, Se Kizaro ressus- citou foi porque the falaram com bons modos, t20 simples como isto (Sara- ‘mago, 1991: 231). Usando a sua enorme capacidade imaginativa, ou usando da jé conhe- cida liberdade para reescrever a Hist6ria e para preencher os seus vazios, © que José Saramago nos oferece ler em As Intermiténcias da Morte, A Viagem do Elefante e Caim é, finalmente, a ideia (a moral) de que “Se toda a gente fizesse o que pode, 0 mundo estaria com certeza methor” (Saramago, 2008: 255) Bibliografia Aves, Clara Ferreira (1991), “No meu caso, 0 alvo é Deus”. Entrevista @ José Saramago, in Expresso/Revista,2.de Novembro, p.82. ‘Anna, Ana Paula, Memorial do Convento (1996). Historia, fcgdo e ideologia. 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Le roman, tel que Mikhail Bakhtine le définit dans son livre Esthétique et théorie du roman, publié en 1975, est un genre narratif qui naft et se développe au cours de Thistoire européenne en opposition & tous les genres traditionnels tels que Tépopée et la tragédie. Cette opposition ne se réalise pas & travers une condition de simple extériorité, comme si les formes romanesques de nar- ration n’avaient aucun rapport avec celles présentes dans les autres gentes. Ce rapport existe, comme le rappelle Bakhtine, car «le roman parodie les autres genres (...); il dénonce leurs formes et leur langage conventionnels, Glimine les uns, en intégre d’autres sans sa propre structure en les réinter- prétant, en leur donnant une autre résonancey! Le roman, donc, ne réalise pas sa forme narrative spécifique & travers la négation d'autres formes traditionnelles ; dans la logique intertextuelle de la parodie, il est capable d’accueillir des voix authentiquement épiques ou lyriques, tout en leur donnant ~ comme le rappelle Bakhtine ~ «une autre résonance». La lecture que je vous propose d’un roman de Volponi permet d’évaluer la transposition romanesque — et done tendanciellement parodique ~ des voix épiques et lyriques au sein de intrigue. Il y a bien ité de parler d'une dimension épique et d’une dimension I " Mixa. Baxirnne, Esthtique er shéorie du roman [1975], Pars, Gallimard, 1978, pas,

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