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Topologia PDF
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Mauricio A. Vilches
PREFÁCIO
Mauricio A. Vilches
Rio de Janeiro
4
Conteúdo
1 ESPAÇOS TOPOLÓGICOS 9
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.2 Topologias e Conjuntos Abertos . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.3 Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.4 Conjuntos Fechados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.5 Bases . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.6 Sub-bases . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.7 Topologia Relativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.8 Pontos e Conjuntos Notáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.9 Topologia Métrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.10 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.11 Espaços Métricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.12 Abertos e Fechados em Espaços Métricos . . . . . . . . . . . 32
1.13 Espaços Vetoriais Normados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
1.14 Espaços Vetoriais com Produto Interno . . . . . . . . . . . . . 34
1.15 Topologia de Zariski . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
1.15.1 Topologia de Zariski em Anéis . . . . . . . . . . . . . 36
1.16 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3 HOMEOMORFISMOS 59
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
3.2 Homeomorfismos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
3.3 Exemplos de Homeomorfismos . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
3.4 Grupos de Matrizes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
5
6 CONTEÚDO
4 TOPOLOGIA QUOCIENTE 79
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
4.2 Topologia Quociente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
4.2.1 Espaço Projetivo Real . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
4.2.2 Faixa de Möebius . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
4.3 Espaços Quocientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
4.3.1 O Cı́rculo como Espaço Quociente . . . . . . . . . . . 84
4.3.2 O Cilindro como Espaço Quociente . . . . . . . . . . 85
4.3.3 A Faixa de Möebius como Espaço Quociente . . . . . 85
4.3.4 A Esfera como Espaço Quociente . . . . . . . . . . . . 86
4.3.5 O Toro como Espaço Quociente . . . . . . . . . . . . . 87
4.3.6 A Garrafa de Klein . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
4.3.7 O Cone e Suspensão de um Conjunto . . . . . . . . . 89
4.4 Teoremas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
4.5 Ações de Grupos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
4.5.1 Espaço Projetivo Complexo . . . . . . . . . . . . . . . 97
4.6 G-espaços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
4.6.1 O Cı́rculo como Z-espaço . . . . . . . . . . . . . . . . 101
4.6.2 O Toro como Z × Z -espaço . . . . . . . . . . . . . . . 102
4.7 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
5 COMPACIDADE 107
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
5.2 Compacidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
5.3 Compacidade em Espaços Métricos . . . . . . . . . . . . . . . 112
5.4 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
7 CONEXIDADE 139
7.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
7.2 Conexidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
7.3 Aplicacões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
7.4 Conexidade por Caminhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
CONTEÚDO 7
Bibliografia 152
8 CONTEÚDO
Capı́tulo 1
ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
1.1 Introdução
A seguir apresentaremos a definição de Topologia que é, essencialmente,
a generalização de algumas das propriedades intrı́nsecas dos intervalos
abertos em R.
Se espera do leitor conhecimentos básicos da Teorı́a de Conjuntos. As
notações que utilizaremos, são as usuais da Teorı́a de Conjuntos.
Definição 1.1. Uma topologia sobre X é uma famı́lia T ⊂ P(X) tal que:
1. X, ∅ ∈ T.
3. Dados B1 , B2 , . . . , Bn ∈ T, então:
\
n
Bi ∈ T.
i=1
9
10 CAPÍTULO 1. ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
Observações 1.1.
1.3 Exemplos
A seguir apresentaremos uma série de exemplos que utilizaremos em to-
dos os capı́tulos seguintes.
[1] Todo conjunto X não vazio possui as seguintes topologias:
Tind 6= Tdis .
1. T1 = {∅, X, {a}}.
{a} ∪ {b} ∈
/ T2 .
1.3. EXEMPLOS 11
é dita de Sierpinski.
T = {∅, A ⊂ R},
x ∈ (a, b) ⊂ A.
1. Claramente ∅, R ∈ T.
2. Seja {Aα ∈ T / α ∈ Γ}, então:
[
Aα ∈ T.
α∈Γ
[
De fato, seja x ∈ Aα , então existe α0 ∈ Γ tal que x ∈ Aα0 ∈ T; logo,
α∈Γ
existe (a, b) e:
[
x ∈ (a, b) ⊂ Aα0 ⊂ Aα .
α∈Γ
x ∈ (a, b) ⊂ B1 ∩ B2 .
\
n
Por indução: Se B1 , B2 , . . . , Bn ∈ T, então Bi ∈ T.
i=1
T = {∅, A ⊂ R2 },
12 CAPÍTULO 1. ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
Tk = {∅, R2 , Gk / k ∈ R},
onde:
[
De fato, seja (x, y) ∈ Gk ; então, existe k ∈ M tal que (x, y) ∈ Gk , isto é
k∈M
x − y > k ≥ m; logo, (x, y) ∈ Gm e
[
Gk ⊂ Gm .
k∈M
G k 1 ∩ Gk 2 = Gk 1 ∈ T k .
T = {A ⊂ X / Ac é finito ou é X}.
De fato:
[ c \
Aα = Acα ,
α∈Γ α∈Γ
Exemplo 1.1.
[1] X e ∅ são fechados em X.
[2] Seja X, Tsier ; então os fechados de X são ∅, X e {b}.
[3] Considere X = {a, b, c} com a T3 do exemplo [??]. Determinemos os
conjuntos fechados de X.
Primeiramente X e ∅ são fechados em X. Os conjuntos {a} e {b} não são
fechados; de fato:
{a}c = {b, c} ∈
/ T3
{b} = {a, c} ∈
c
/ T3 .
{c}c = {a, b} ∈ T3
{a, c}c = {b} ∈ T3
{b, c}c = {a} ∈ T3 .
Teorema 1.1. Seja X, T espaço topológico e F a famı́lia de conjuntos fe-
chados; então:
1. X, ∅ ∈ F.
[
n
Fi
i=1
é fechado em X.
1.4. CONJUNTOS FECHADOS 15
[
n c \
n
Fi = Fic ∈ T
i=1 i=1
\ c [
Fα = Fαc ∈ T.
α∈Γ α∈Γ
Exemplo 1.2.
Seja R, Tus ; então todo conjunto finito é fechado.
De fato, dado x ∈ R, então {x} é fechado em R pois:
Observações 1.2.
Exemplo 1.3.
[1] Se X tem a topologia discreta, todo subconjunto de X é aberto e fe-
chado.
[2] Seja X = R − {0} com a topologia euclidiana; então os conjuntos
(−∞, 0) e (0, +∞) são abertos. Como cada um deles é complementar do
outro, também são fechados.
[3] O conjunto Q ⊂ R não é aberto nem fechado com a topologia usual e
nem com a topologia cofinita de R.
Exemplo 1.4.
[1] Em R2 , Tcof é menos fina que a Tus . De fato, seja A ∈ Tcof ; então Ac é
finito; logo Ac é fechado em Tus e A é aberto em Tus .
[2] As topologias sobre um conjunto nem sempre podem ser comparadas.
Por exemplo:
Seja X = {a, b} com as topologias: T1 = {∅, {a}, X} e T2 = {∅, {b}, X}.
então T1 e T2 não podem ser comparadas.
Para toda topologia T sobre X temos:
Tind ⊂ T ⊂ Tdis .
Tind ⊂ T1 ⊂ T3 ⊂ Tdis .
1.5 Bases
Muitas vezes para introduzir uma topologia num conjunto não é necessá-
rio descrever todos os conjuntos abertos da topologia, mas apenas alguns
conjuntos especiais, os chamados abertos básicos da topologia.
Sejam X, T um espaço topológico e B uma famı́lia de subconjuntos de
X tal que B ⊂ T.
1.5. BASES 17
Observações 1.3.
x ∈ Bα ⊂ A.
[
1. X = B.
B∈B
x ∈ B ⊂ B1 ∩ B2 .
[[ µ [
A= Bα,µ = Bα,µ ∈ T.
α µ α,µ
[ [
Agora consideremos A1 e A2 ∈ T, então A1 = Bα e A2 = Bµ , então:
[ [ α
[
µ
A1 ∩ A2 = Bα ∩ Bµ = Bα ∩ Bµ .
α µ α,µ
x ∈ B ⊂ Bα ∩ Bµ ⊂ A1 ∩ A2 ;
Exemplo 1.5.
[1] Uma topologia é base de si própria.
[2] Para Tind , a base é B = {X}.
[3] Para Tdis , a base é B = {{x} / x ∈ X}.
[4] Logo, bases diferentes podem gerar a mesma topologia.
[5] (Fundamental) Seja X = R e a, b ∈ R tal que a < b, então:
B = {(a, b)}
2. Para todo x ∈ R, (x − 1, x + 1) ∈ B.
3. Para todo x ∈ R tal que x ∈ (a1 , b1 ) ∩ (a2 , b2 ), temos:
Por outro lado, dado [x, d) ∈ B0 , não existe (a, b) ∈ B tal que:
1.6 Sub-bases
Seja X, T um espaço topológico e S uma famı́lia de subconjuntos de X
tal que S ⊂ T.
onde Aα , Bβ ∈ B. Logo:
[ [ [
A∩B = Aα ∩ Bβ = Aα ∩ Bβ .
α β α, β
Exemplo 1.6.
S = {U × Y, X × V / U ∈ T1 , V ∈ T2 }
1.
TY = {A ∩ Y / A ∈ T},
Exemplo 1.7.
[1] Seja R com a topologia usual e consideremos Q ⊂ R com a topologia
relativa, então A = {x ∈ Q / 0 < x < 1} é aberto em Q pois A = (0, 1) ∩ Q
e A não é aberto em R.
Prova :
1. Imediata.
Y − A = Y ∩ F c;
logo, A é fechado em Y .
3. Como A = Y ∩ F e ambos são fechados em X, então A é fechado em
X
Exemplo 1.8.
[1] Seja R2 com a topologia usual. O conjunto
S 1 = {(x, y) ∈ R2 / x2 + y 2 = 1} ⊂ R2
com a topologia relativa é dito cı́rculo unitário. Os abertos relativos em S 1
são os arcos abertos de cı́rculos.
x ∈ U ⊂ A.
◦
O conjunto de todos os pontos interiores a A é denotado por: A ou
Int(A).
A ∩ U 6= ∅.
A − {x} ∩ U 6= ∅.
A = X.
Observações 1.4.
◦
1. Se A ⊂ X, então X = A ∪ ∂ A ∪ Ext A, onde as uniões são disjuntas.
◦
∅ = ∅ e X = X. A ⊂ A e, por definição, é um conjunto aberto.
◦
x∈
/A ⇔ x ∈ Ac .
c ◦ ◦
3. Logo, A = Ac = Ext A e como X = A ∪ ∂A ∪ Ext A, onde as
uniões são disjuntas, temos:
◦
A = A ∪ ∂A,
c ◦
4. O conjunto A é fechado. De fato, A = Ac que é aberto.
c ◦ ◦
∂A = A ∪ Ac
que é aberto:
8. ∂ ∂ A = ∅.
1.8. PONTOS E CONJUNTOS NOTÁVEIS 25
Exemplo 1.9.
x ∈ (a, b) ⊂ R − Q.
Por outro lado, todo intervalo contém números racionais, logo existe q ∈ Q
tal que q ∈ (a, b) ⊂ R − Q; logo q ∈ R − Q, o que é uma contradição.
Por outro lado Q 0 = R.
Proposição 1.3. Sejam X, T e A ⊂ X:
2. A = A.
Prova :
Prova :
T T c S c
(⊂) Se x ∈ / F , então x ∈ F = F que é aberto; logo,
existe pelo menos um F c tal que x ∈ F c ; como F c é aberto, existe U
vizinhança de x tal que x ∈ U ⊂ F c ⊂ Ac ; então U ∩ A = ∅; logo x ∈
/ A.
T
(⊃) A é fechado e A ⊂ A; então F} ⊂ A .
Exemplo 1.10.
[1] Seja X, Tsier ; então {b} = {b} e {a} = X.
[2] Seja X, T onde T é a topologia discreta. Como todos os subconjuntos
de X são fechados, o único conjunto denso em X é X.
[3] Seja X = {a, b, c, d, e} com a seguinte topologia:
Logo, o menor fechado que contém {b} é {b, e}. Note que {a, c} é denso
em X.
◦
Teorema 1.4. Sejam X, T e A ⊂ X; então A é o maior conjunto aberto
contido em A, isto é:
◦ [
A= U / U ⊂ A e U é aberto .
Prova :
◦ ◦ ◦ S
(⊂) A é aberto e A ⊂ A; então A ⊂ U .
S
(⊃) Seja x ∈ U , então existe pelo menos um U tal que x ∈ U ⊂ A, isto
◦
é x ∈ A.
Proposição 1.4. Sejam X, T e A ⊂ X.
1.8. PONTOS E CONJUNTOS NOTÁVEIS 27
Prova :
◦ [
A= U / U ⊂ A e U é aberto
[
= F c / Ac ⊂ F e F é fechado
\ c
= F / A ⊂ F e F é fechado
c c
c
= Ac .
Exemplo 1.11.
[1] Seja X, Tsier ; então:
◦ ◦
{b} = ∅, {a} = {a}. {b}0 = ∅ e {a}0 = {b}. ∂ {b} = ∂ {a} = b.
[2] Seja X, Tind ; então:
◦
Para todo A ⊂ X tal que A 6= X, temos que A = ∅. Para todo A ⊂ X não
vazio, A = X. Se A tem mais de um elemento, temos A0 = X e {x}0 = {x}c
e ∂ A = X.
[3] Seja X, Tdis ; então:
◦
Para todo A ⊂ X temos que: A = A, A = A, A0 = ∅ e ∂ A = ∅
[4] Seja X, Tcof ; então:
◦
Para todo A ∈ / Tcof temos que A = ∅. Se A é infinito, A = X. Para todo
A ⊂ X tal que A é infinito, A0 = X e se A é finito, A0 = ∅. Para todo A ⊂ X
aberto tal que X é infinito, ∂ A = X − A; caso contrário ∂ A = X.
28 CAPÍTULO 1. ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
◦
[5] Considere R, Tcof e A = [0, 1]. Então A = ∅ e A = A0 = ∂ A = R.
[6] Seja X, Tind ; para todo A ⊂ X tal que A 6= X, temos que ∂ A = X.
[7] Seja X, Tdis ; para todo A ⊂ X temos que ∂ A = ∅.
1. A é denso em X.
2. Se F é fechado e A ⊂ F , então F = X.
Prova :
1) ⇒ 2) Se A ⊂ F , então X = A ⊂ F = F , logo F = X.
4) ⇒ 1)
c
c c ◦
A = Ac = Ac = ∅.
Logo, A = X.
◦ ◦
1. AY = A ∩ Y .
2. AY = A ∩ Y .
3. A0 Y = A0 ∩ Y .
1.9. TOPOLOGIA MÉTRICA 29
Exemplo 1.12.
1.10 Introdução
Uma importante classe de exemplos de espaços topológicos é a dos espa-
ços métricos.
d : M × M −→ R,
3. Desigualdade triangular:
Exemplo 1.13.
v
u n
uX
d1 (x, y) = t (xi − yi )2 ,
i=1
X
n
d2 (x, y) = |xi − yi |,
i=1
para todo x, y ∈ M1 .
Exemplo 1.14.
[1] Seja R com a distância usual e f : R −→ R definida por f (x) = x/2. A
função f é bijetiva, por outro lado:
= d1 (x, y).
Exemplo 1.15.
[1] Seja M = R, com d = | |; então:
Proposição 1.6. As bolas abertas num espaço métrico formam uma base
para uma topologia no espaço métrico.
[
Prova : 1. Claramente: M = B(x, 1).
x∈M
2. Seja z ∈ B(x, rx ) ∩ B(y, ry ); seja r = min{rx − d(x, z), ry − d(y, z)}; então
Exemplo 1.16.
[1] Seja M, d , onde d é a métrica discreta; então B(x, 1/2) = {x}; logo Td
é a topologia discreta.
[2] Se X possui mais de 2 pontos, X, Tind não é metrizável.
A = {y / d(y, A) = 0}.
k k : V × V −→ R,
1. Se x 6= 0, então kxk 6= 0.
2. kλ xk = |λ| kxk.
3. kx + yk ≤ kxk + kyk.
Exemplo 1.17.
v
u n
uX
kxk1 = t x2i ,
i=1
X
n
kxk2 = |xi |,
i=1
kxk3 = max |xi |,
1≤i≤n
onde x = (x1 , x2 , . . . , xn ) ∈ Rn .
[2] B(M, R) é um espaço vetorial, sendo:
kf k = sup |f (x)|,
x∈M
d∗ (x, y) = kx − yk,
< >: V × V −→ R,
tal que, para todo x, y, z ∈ V e λ ∈ R, tem-se:
Seja (E, < >) um espaço vetorial com produto interno. Definindo:
√
kxk∗ = < x, x >,
e seja:
Exemplo 1.18.
f (x) = (x − r1 ) (x − r2 ) . . . (x − rn )
é um polinômio que tem como conjunto solução R. Por outro lado o con-
junto de soluções de um polinômio de uma variável de grau n possui no
máximo n elementos.
Se n > 1 a topologia de Zariski não é a cofinita.
Por exemplo, a reta y = 1 é solução do polinômio f (x, y) = x − 1 que não
é um conjunto finito em R2 .
onde I é um ideal de A.
\ X
V (Iα ) = V Iα
α∈Γ α∈Γ
1.16 Exercı́cios
1. Quantas topologias podem ser definidas no conjunto
X = {a, b, c, d} ?
2. Verifique a famı́lia:
Tn = {∅, N, An / n ∈ N},
onde:
An = {1, 2, 3, . . . , n}
é uma topologia em N.
3. Seja X, T . Se para todo x ∈ X, {x} ∈ T, verifique que T = Tdis .
4. Seja X, T e Y = X ∪ {a}, a ∈
/ X. Defina:
B = {[a, b)}
B = {(a, b)}
√ √
gera a topologia usual de R? Determine (0, 2) e (1, 2), nesta topo-
logia.
10. Sejam X, T1 e Y, T2 espaços topológicos. Verifique que:
B = {U × V / U ∈ T1 , V ∈ T2 }
12. Seja X = {1, 2, 3, 4, 5}. Verifique que não existe nenhuma topologia
em X que tenha como base:
Verifique que:
◦
17. Verifique que A = X − Ac
√
18. Seja A = {p + q 2 /, p, q ∈ Z}. O conjunto A é denso em R?
1
(b) Verifique que { / n ∈ N} é totalmente não denso em R.
n
(c) Seja A ⊂ X aberto, ∂A é totalmente não denso em X?
Z b
d1 (f, g) = |f (x) − g(x)| dx
s
a
Z b
d2 (f, g) = |f (x) − g(x)|2 dx
a
Verifique que d1 e d2 são métricas em C 0 [a, b] .
d1 = k d, d2 = d + k e d3 = d/k,
onde k ∈ R − {0}.
d(x, y)
d1 (x, y) = .
1 + d(x, y)
X
∞
(a) l = {x /
p
|xn |p < +∞}, 1 ≤ p < +∞.
n=1
∞
(b) l = {x / sup{xn / n ∈ N} < +∞}.
Definamos em lp e em l∞ , respectivamente:
X
∞ 1/p
kxkp = |xn |
p
n=1
kxk∞ = sup {|xn |}.
n∈N
Verifique que lp , k kp e l∞ , k k∞ são espaços vetoriais norma-
dos.
32. Sejam E, k k1 e F, k k2 espaços vetoriais normados. Definamos
em E × F :
35. Sejam V1 e V2 espaços vetoriais com produtos internos < , >1 e <
, >2 , respectivamente. Definamos em V1 × V2 :
FUNÇÕES EM ESPAÇOS
TOPOLÓGICOS
2.1 Introdução
A continuidade de uma função é um dos conceitos centrais em quase todas
as áreas da Matemática. E é o primeiro passo para tentar distinguir objetos
diferentes em Topologia.
Exemplo 2.1.
43
44 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES EM ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
(
X se y0 ∈ V
f −1 V =
∅ se y0 ∈ / V.
Em ambos os casos f −1 V é aberto, logo f contı́nua.
[2] Seja X tal que T1 e T2 são topologias em X. A função identidade:
id : X, T1 −→ X, T2
f : X −→ Y
é contı́nua.
[4] Sejam X, Tdis e Y, T . Toda função
f : X −→ Y
é contı́nua.
i : Y −→ X
é contı́nua.
De fato, se U ∈ T, a continuidade de i implica em que i−1 U = U ∩ Y
deve ser aberto em Y ; logo qualquer topologia onde i for contı́nua deve
conter TY .
Proposição 2.1. Sejam X, T1 , Y, T2 e Z, T3 espaços topológicos.
g ◦ f : X −→ Z
é contı́nua.
2.2. FUNÇÕES CONTÍNUAS 45
f |A : A −→ Y
é contı́nua.
3. Se f : X −→ Y é contı́nua e f X ⊂ Y é subespaço topológico,
então:
f : X −→ f X
é contı́nua.
Prova :
−1
1. Segue do seguinte fato: g ◦ f = f −1 ◦ g −1
Teorema 2.1. Sejam X, T1 e Y, T2 espaços topológicos e f : X −→ Y .
As seguintes condições são equivalentes:
1. f é contı́nua.
2. Para todo F ⊂ Y fechado, f −1 F é fechado em X.
f U ⊂ W.
46 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES EM ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
5. f A ⊂ f A , para todo A ⊂ X.
6. f −1 B ⊂ f −1 B , para todo B ⊂ Y .
Prova :
1) ⇔ 2) De fato, f −1 Y − A = X − f −1 A , para todo A ⊂ Y .
1) ⇔ 3) Seja B uma base da topologia de Y e B ∈ B; como f é contı́nua,
f −1 B é aberto em X. A prova da recı́proca segue de que todo aberto
V ∈ T2 pode ser escrito como:
[
V = Bα ,
α∈Γ
e que:
[ [ −1
f −1 Bα = f Bα .
α∈Γ α∈Γ
Exemplo 2.2.
Seja R com topologia usual. Verifique que f (x) = x2 é contı́nua.
Pela propiedade anterior, basta provar que f −1 (a, b) é aberto.
Temos três casos:
1. Se 0 < a < b, então:
√ √ √ √
f −1 (a, b) = (− b, − a) ∪ ( a, b).
é contı́nua.
h−1 F = h−1 F ) ∩ A ∪ B
= f −1 F ∩ A ∪ g −1 F ∩ B
= f −1 F ∪ g −1 F .
Como f −1 F e g −1 F são fechados, então h contı́nua.
48 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES EM ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
Exemplo 2.3.
Logo, f é contı́nua.
Proposição 2.2. Seja X, T . Então f : X −→ R é contı́nua se, e somente se
para todo b ∈ R ambos os conjuntos:
são abertos.
Prova : Seja R, Tus . Consideramos (b, +∞) e (−∞, b) elementos da sub-
base da topologia euclidiana; logo:
f −1 (b, +∞) = {x / f (x) > b}
f −1 (−∞, b) = {x / f (x) < b}.
f : M −→ N
é contı́nua em x ∈ M , se para todo ε > 0, existe δ > 0 tal que d1 (x, y) < δ
implica em que d2 (f (x), f (y)) < ε. Isto é:
f B 1 (x, δ) ⊂ B 2 (f (x), ε).
2.3. CONTINUIDADE EM ESPAÇOS MÉTRICOS 49
Observações 2.1.
1. Sejam V, k k1 e W, k k2 espaços vetoriais normados de dimensão
finita. Então, toda aplicação linear f : V −→ W é contı́nua.
2. Sejam M, d1 e M, d2 espaços métricos; então:
f : M −→ N
Sf é uma subbase para uma topologia T(f ) sobre X que torna f contı́nua.
pr1 : X × Y −→ X
pr2 : X × Y −→ Y
pr1−1 U = U × Y,
pr2−1 V = X × V,
pr1−1 U ∩ pr2−1 V = U × V.
Note que:
Spr = {pr1−1 U , pr2−1 V / U ∈ T1 , V ∈ T2 } e
Bpr = {U × V / U ∈ T1 , V ∈ T2 }
são a subbase e a base que geram uma topologia sobre X × Y , que torna
as projeções contı́nuas. Esta topologia é dita topologia produto.
Esta é a menor topologia com esta propriedade. Isto é, W ⊂ X ×Y é aberto
se para todo x ∈ W existe U × V , U aberto em X e V aberto em Y tal que
x ∈ U × V ⊂ W.
2.5. TOPOLOGIA PRODUTO 51
XxV V UxV
UxY
Observação 2.4. Todos os argumentos desta seção são válidos para uma
quantidade finita de espaços topológicos.
Exemplo 2.4.
[1] Rn = R × R × . . . × R tem a topologia produto induzida pela topologia
de R. Se consideramos em R a topologia usual, então a topologia em Rn
também é a topologia euclidiana ou usual.
[2] S n ⊂ Rn+1 é um conjunto fechado. De fato, seja Rn com topologia usual
e consideremos a função f : Rn+1 −→ R definida por:
f : X −→ Y × Z
por f (x) = (f1 (x), f2 (x)). Então, f é contı́nua se, e somente se f1 e f2 são
contı́nuas.
f1 × f2 : X × Y −→ Z × H
por (f1 × f2 )(x, y) = (f1 (x), f2 (y)). Se f1 e f2 são contı́nuas, então f1 × f2 é
contı́nua.
f1 ◦ pr1 : X × Y −→ Z
f2 ◦ pr2 : X × Y −→ H
são contı́nuas, então f1 × f2 é contı́nua.
Proposição 2.6. Sejam X, T1 um espaço topológico e E, k k um R-
espaço vetorial normado. Como E possui uma estrutura algébrica, dadas
f, g : X −→ E podemos definir a nova função:
f + g :X −→ E
x −→ f + g (x) = f (x) + g(x).
Se f e g são contı́nuas, então f + g é contı́nua.
2.6. FUNÇÕES ABERTAS E FECHADAS 53
α f :X −→ E
x −→ α f )(x) = α(x) f (x)).
f : X −→ Y,
é aberta (fechada) se para todo U aberto (fechado) em X, temos que f U
é aberto (fechado) em Y .
Exemplo 2.5.
[3] As projeções não são fechadas. Por exemplo, seja R com a topologia
usual e considere as projeções pri : R2 −→ R, (i = 1, 2) e o conjunto:
H = {(x, y) ∈ R2 / x y = 1}.
f (F ) = f (X − U ) = Y − f (U );
logo, f é fechada.
1. f é aberta.
◦
◦
2. f (A) ⊂ \
f (A) , para todo A ⊂ X.
f (x) ∈ W ⊂ f (U ).
2.6. FUNÇÕES ABERTAS E FECHADAS 55
Prova :
◦
◦ ◦ ◦
1) ⇒ 2) A ⊂ A; então f (A) ⊂ f (A); por outro lado f (A) é aberto e \
f (A)
◦
◦
\
é o maior aberto contido em f (A); logo f (A) ⊂ f (A) .
◦
2) ⇒ 3) Seja U aberto básico de X; U = U ; então:
◦
◦
f (U ) = f (U ) ⊂ \
f (A) ⊂ f (U );
então, f é aberta.
f (F ) ⊂ f (F ) ⊂ f (F ) = f (F );
então, f (F ) = f (F ) e f (F ) é fechado.
56 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES EM ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
2.7 Exercı́cios
1. Sejam X = {1, 2, 3, 4, 5} e Y = {a, b} com as seguintes topologias:
(a) T1 = {∅, X, {1}, {3, 4}, {1, 3, 4}} e T2 = {∅, Y, {a}}, respectiva-
mente. Ache todas as funções contı́nuas entre X e Y .
(b) T1 = {∅, X, {2}, {3, 4}, {2, 3, 4}} e T2 = {∅, Y, {b}}, respectiva-
mente. Ache todas as funções contı́nuas entre Y e X.
f :X −→ R, Tus
1/n −→ (−1)n n
é contı́nua?
são contı́nuas?
é contı́nua.
6. Sejam X, T1 , Y, T2 , Z, T3 espaços topológicos e considere as
funçõesf : X −→ Y e f : Y −→ Z:
7. Sejam X, T1 , Y, T2 espaços topol
ógicos. Prove que f é aberta se,
−1 −1
e somente se f ∂B ⊂ ∂f B , para todo B ⊂ Y .
(a) f é fechada.
(b) Se U ∈ T1 , então {y ∈ Y / f −1 (y) ⊂ U } ∈ T2 .
(c) Se F ⊂ X é fechado, então {y ∈ Y / f −1 (y) ∩ F 6= ∅} é fechado
em Y .
9. Toda função f : R, Tcof −→ R, Tus é fechada? Justifique sua
resposta.
10. Toda função f : R, Tcof −→ R, Tcof é aberta e fechada? Justifique
sua resposta.
(a) f −1 é contı́nua.
(b) f é aberta.
(c) f é fechada.
HOMEOMORFISMOS
3.1 Introdução
Um dos problemas centrais em Topologia é poder decidir se dois espaços
são diferentes ou não.
Por exemplo, não é trivial dizer sob o ponto de vista da Topologia se uma
esfera é diferente de um cilindro, se uma esfera é diferente de um toro ou
se Rn é diferente de Rm , se n 6= m.
Neste capı́tulo começaremos com os primeiros conceitos que nos permi-
tirão responder a algumas destas questões fundamentais.
3.2 Homeomorfismos
Sejam X e Y espaços topológicos.
X∼
= Y.
Observações 3.1.
59
60 CAPÍTULO 3. HOMEOMORFISMOS
Exemplo 3.1.
f : [0,2 π) −→ S 1
t −→ (cos(t), sen(t)).
f −1 : S 1 −→ [0, 2 π)
tn p
zn
Figura 3.1:
Então f −1 (zn ) = tn e:
3.2. HOMEOMORFISMOS 61
1
|f −1 (zn ) − f −1 (p)| = |tn | = 2 π − > π = ε,
n
para todo n ∈ N. Logo, f é uma bijeção contı́nua que não é um homeo-
morfismo.
A seguir apresentaremos os primeiros exemplos de homeomorfismos. Al-
guns detalhes serão deixados para o leitor.
Exemplo 3.2.
[1] Seja R com a topologia usual. Então, todo intervalo aberto (a, b), com a
topologia induzida pela topologia usual de R, é homeomorfo a R.
De fato:
Seja f : (a, b) −→ (−1, 1) definida por:
2 t − (b + a)
f (t) = ,
b−a
(b − a) y + (a + b)
f −1 (y) = ,
2
também é contı́nua. Logo, (a, b) ∼
= (−1, 1).
Definamos f : R −→ (−1, 1) por:
t
f (t) = ,
1 + |t|
R∼
= (a, b).
H∼
= Rn−1 .
62 CAPÍTULO 3. HOMEOMORFISMOS
H∼
= Rn−1 .
[3] Seja E, k k um espaço vetorial normado; então:
As translações :
Ta : E −→ E
v −→ v + a
a ∈ E, são homeomorfismos.
As homotetias:
hλ : E −→ E
v −→ λ v
E∼
= B(v, r).
De fato:
Ta são bijetivas, contı́nuas e as inversas Ta−1 = T−a , que são contı́nuas.
hλ são bijetivas, contı́nuas e as inversas h−1
λ = hλ−1 , que são contı́nuas.
B(v, r) ∼
= B(w, s)
3.2. HOMEOMORFISMOS 63
logo, f é um homeomorfismo.
Pela transitividade do homeomorfismo, temos que:
E∼
= B(v, r).
R2n ∼
= Cn ,
para todo n ≥ 1.
f :C × C × . . . × C −→ R × R × . . . × R × R
(z1 , z2 , . . . , zn ) −→ (x1 , y1 , x2 , y2 , . . . , xn , yn ).
Cn ∼
= R2n .
1. f homeomorfismo.
2. f é contı́nua e aberta.
3. f é contı́nua e fechada.
Prova :
1) ⇔ 2) f −1 é contı́nua se, e somente se para todo aberto U ⊂ X:
−1
f −1 (U ) = f (U )
é aberto em Y .
2) ⇔ 3) Segue do parágrafo anterior.
3) ⇔ 4) Como f é contı́nua, f (A) ⊂ f (A); como f é fechada, f (A) ⊂ f (A).
1. A ∼
= f (A).
2. X − A ∼
= Y − f (A).
Prova: Imediata.
A é um anel; então:
A∼
= S 1 × [a, b].
3.3. EXEMPLOS DE HOMEOMORFISMOS 65
x y p
f (x, y) = ( p ,p ), x2 + y 2 e f −1 ((x, y), t) = (t x, t y),
2
x +y 2 2
x +y 2
S1 ∼
= Q.
u v
a b
z w
d c
S2 ∼
= C,
E
n
S
f −1 (x1 , . . . , xn+1 ) = a1 x1 , . . . , an+1 xn+1 .
H = {(x, y, z) ∈ R3 / x2 + y 2 − z 2 = 1}, e S 1 × R,
R2 − {(0, 0)} ∼
=H∼
= S 1 × R.
R2 − {(0, 0)} ∼
= S 1 × R.
√ √
h(x, y, t) = x 1 + t2 , y 1 + t2 , t .
H∼
= S 1 × R.
Figura 3.7: H e S 1 × R
[5] Seja S n ⊂ Rn+1 com a topologia induzida pela topologia usual de Rn+1 .
Consideremos Rn+1 ∼ = Rn ×R; então (x, t) ∈ S n se, e somente se kxk = 1−t2
. Denotemos por:
E∼
= S n−1 .
Consideremos a projeção:
p : Rn × R −→ Rn
(x, t) −→ x.
S−n ∼
= B[x, 1] ∼
= S+n .
De fato, a função:
q : B[x, 1] −→ S+n
p
x −→ (x, 1 − kxk2 )
é bem definida, contı́nua bijetiva e com inversa contı́nua pS n .
+
70 CAPÍTULO 3. HOMEOMORFISMOS
S n − {p} ∼
= Rn .
(
px = p + t (x − p), t ∈ [0, 1]
xn+1 = 0,
1
logo, 1 + t (xn+1 − 1) = 0 e t = ; então:
1 − xn+1
1
Φ(x) = (x1 , x2 , . . . , xn ).
1 − xn+1
3.4. GRUPOS DE MATRIZES 71
Φ ( z)
Φ ( x)
Φ é bijetiva e contı́nua e:
−1 2 y1 2 yn kyk2 − 1
Φ (y) = ,..., , ;
1 + kyk2 1 + kyk2 1 + kyk2
Ψ : Mn×m R −→ Rn×m
A −→ (a11 , a12 , . . . , a1n , . . . , am1 , . . . , amn ).
Ψ é claramente um isomorfismo
de espaços vetoriais. Via o isomorfismo
Ψ, o espaço Mn×m R herda toda a estrutura linear e topológica de Rn×m .
Utilizaremos
a métrica usual de Rn×m para introduzir uma topologia em
Mn×m R .
De fato, dada A = (aij ) ∈ Mn×m R , definamos:
72 CAPÍTULO 3. HOMEOMORFISMOS
X
n 1/2
kAk1 = kΨ(A)k = a2ij .
i,j=1
k k1 é uma norma em Mn×m R que o torna um espaço vetorial normado.
√
Logo, um espaço topológico. Note que kAk1 = AAt , onde At é a ma-
triz transposta de A. É imediato que Ψ é bijetiva, contı́nua com inversa
contı́nua. Logo:
Mn×m R ∼ = Rn×m .
Denotemos por Mn R = Mn×n R ; então:
Mn R ∼
2
= Rn .
1. Se n = 1, det((a11 )) = a11 .
X
n
det(A) = (−1)i+1 ai1 det(A[i,1] ),
i=1
A ∈ O(n) ⇔ AAt = I,
A ∈ SO(n) ⇔ det(A) = 1.
SO(n) é um grupo,
chamado ortogonal especial. O(n) e SO(n) são fecha-
dos em Mn R . De fato:
f é um isomorfismo de grupos.
Seja K = C, denotemos por C∗ = C − {0}. De forma análoga ao caso real,
definimos:
Gl(n, C) = det−1 C∗
U (n) = {A ∈ Gl(n, C) / A∗ A = I}
SU (n) = det−1 ({1}).
De forma análoga, os grupos Gl(n, C), U (n) e SU (n) são ditos, linear com-
plexo, unitário e especial unitário, respectivamente.
U (n) é isomorfo a SU (n) × S 1 . De fato:
f :U (n) −→ SU (n) × S 1
A −→ (A/det(A), det(A)).
f é um isomorfismo de grupos.
f : Ux −→ Vx ,
onde f (Ux ) = Vx . Seja Ux0 = Ux ∩A. Pela observação anterior f (Ux0 ) é aberto
em Y . Como:
[
A= Ux0
x∈A
[ [
f (A) = f Ux0 = f (Ux0 )
x∈A x∈A
Exemplo 3.3.
f :R −→ S 1
x −→ e2πix
é um homeomorfismo local.
1. Consideremos os seguintes subconjuntos do cı́rculo: S1 = {(x, y) ∈
S 1 / y > 0}, S2 = {(x, y) ∈ S 1 / y < 0}, S3 = {(x, y) ∈ S 1 / x > 0} e
S4 = {(x, y) ∈ S 1 / x < 0}.
3.5. HOMEOMORFISMOS LOCAIS 75
S1
S4
S3
S2
Figura 3.11:
p1 ◦ f1 : I1 −→ (−1, 1).
Como e2πix = (cos(2πx), sen(2πx)), então p1 ◦ f1 (x) = cos(2πx). Logo,
pelas propiedades básicas de Trigonometria p1 ◦ f1 é um homeomorfismo:
1
1 1.5
-1
6. Logo, p−1 −1
1 ◦ p1 ◦f1 : I1 −→ S1 é um homeomorfismo e f1 = p1 ◦ p1 ◦f1
é um homeomorfismo.
7. Definamos: p2 : S2 −→ (−1, 1) por p2 (x, y) = y.
8. A função p2 é um homeomorfismo.
√ De fato, p2 possui a seguinte inversa
contı́nua q2 (t) = (t, − 1 − t2 ).
76 CAPÍTULO 3. HOMEOMORFISMOS
−1
9. De forma análoga,
p 2 ◦ p 2 ◦ f2 : I2 −→ S2 é um homeomorfismo e
−1
f2 = p2 ◦ p2 ◦ f2 é um homeomorfismo.
10. De forma análoga as anteriores, verifica-se que I3 ∼
= S3 e I 4 ∼
= S4 .
11. Como intervalos destes tipos cobrem R. Por exemplo:
[
R= (n, n + 1/2).
n∈Z
Observação 3.2. Este exemplo mostra (por que?) que, em geral, um ho-
meomorfismo local não é homeomorfismo. Em particular, f é uma função
aberta (não fechada).
Exemplo 3.4.
f :R2 −→ S 1 × R
(x, y) −→ (e2πix , y)
e:
f :R2 −→ S 1 × S 1
(x, y) −→ (e2πix , e2πiy )
3.6 Exercı́cios
1. Sejam X = {a, b, c, d} com a topologia {∅, X, {a}, {c, d}, {a, c, d}}
e Y = {α, β, γ, δ}, defina uma topologia em Y tal que X e Y sejam
homeomorfos.
X × {y} ∼
=X e {x} × Y ∼
= Y.
Em particular, Rn ∼
= Rn × {0} ⊂ Rn+1 .
3. Verifique que R, Tus não é homeomorfo a R, Tcof .
4. Sejam M, d1 e M, d2 espaços métricos. Dizemos que
as métricas
d1 e d2 são equivalentes se id : M, Td1 −→ M, Td2 é um homeo-
morfismo.
5. Verifique que [0, 1] e [0, 1) não são homomorfos provando que não
existe função f : [0, 1] −→ [0, 1) contı́nua e sobrejetiva.
6. Sejam M, d1 e M, d2 espaços métricos. Verifique se a seguinte
afirmação é verdadeira ou false: f : M1 −→ M2 é uma isometria se, e
somente se f é um homemorfismo.
G(X) = {f : X −→ X / f é homeomorfismo}.
Verifique que:
ψ :G(X) −→ G(Y )
f −→ f Y
TOPOLOGIA QUOCIENTE
4.1 Introdução
A Topologia quociente é a fonte dos mais importantes para construir e-
xemplos de espaços topológicos, que constituirão a parte central desta no-
tas. Neste capı́tulo introduziremos os exemplos clássicos na Matemática,
como a faixa de Möebius, os espaços projetivos reais e complexos e a gar-
rafa de Klein.
Tf = {V ⊂ Y / f −1 (V ) ∈ T}.
Exemplo 4.1.
79
80 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
a se x > 0
f (x) = b se x < 0
c se x = 0.
Definição 4.2. Sejam X, T , Y, TY e f : X −→ Y sobrejetiva. A função
sobrejetiva f que induz a topologia quociente é chamada uma identi-
ficação se TY = Tf .
Observações 4.1.
2. Se f é uma identificação, para todo P ⊂
Y temos que f f −1 (P ) = P ,
mas se S ⊂ X, em geral S ⊂ f −1 f (S) .
id : X, T1 −→ X, T2
Π : S n −→ RPn
tal que Π(x) = {x, −x}. O par RPn , TΠ é dito espaço projetivo real de
dimensão n.
Π : C −→ M
tal que Π(p) = {p, −p}. O par M, TΠ é dito faixa de Möebius. Seja
p = (x, y, z) ∈ C e f : M −→ R3 definida por:
F (x, y, z) = f (x, y, z)
que é contı́nua.
82 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
Proposição 4.2.
Prova :
Exemplo 4.2.
[1] A função:
pr1 :R2 −→ R
(x, y) −→ x
[2] A função:
f :R −→ S 1
x −→ e2πix
f :R2 −→ S 1 × S 2
(x, y) −→ (e2πix , e2πiy )
é uma identificação.
f
X /Y
~~
~~
g◦f
~~~ g
~~
Z
Π :X −→ X ∼
x −→ [x]
A projeção canônica:
Π :X −→ X ∼
x −→ [x]
é naturalmente uma identifição. Note que V ⊂ X ∼ é aberto ⇔
Π−1 V = {x ∈ X / [x] ∈ V }
é aberto em X.
Se x ∈ (0, 1); então [x] = {x}. Se x = 0; então [0] = {0, 1}. Se x = 1, então
[1] = {0, 1}; logo [0] = [1].
1 1
[0]=[1]
0 0
I ∼ ∼= S 1.
Nos seguintes exemplos, as setas indicam o sentido dos pontos que estão
na mesma classe de equivalência.
Observe que se x 6= 0, 1, então [(x, y)] = {(x, y)} e [(0, y)] = [(1, 1 − y)].
Em
particular, [(0, 0)] = [(1, 1)] e [(0, 1)] = [(1, 0)]. Então, Π : I −→ I ∼ é
2 2
(0,b)
(0,1-a)
(0,a)
(0,1-b)
Se x, y 6= 0, 1, então [(x, y)] = {(x, y)}, [(x, 0)] = [(0, y)] e [(x, 1)] = [(1, y)].
Em particular, [(0, 0)] = [(1, 0)] = [(0, 1)] = [(1, 1)].
Então, Π : I 2 −→ I 2 ∼ é uma identificação. Note que Π é bijetiva salvo
para (0, y), (1, y), (x, 0) e (x, 1) e
I2 ∼ ∼= S 2.
Observe que se x, y 6= 0, 1, então [(x, y)] = {(x, y)} e [(0, y)] = [(1, y)] e se
y = 0, então [(x, 0)] = [(x, 1)].
I2 ∼ ∼= S 1 × S 1.
88 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
(x, t) ∼ (x0 , t0 ) ⇔ t = t0 = 1.
I Xx I CX
h
X × I −−−→ Y × I
Π1 y
Π
y 2
Cf
CX −−−→ CY
(x, t) ∼ (x0 , t0 ) ⇔ t = t0 = 0 ou t = t0 = 1.
XxJ SX
-1
Sf : SX −→ SY
CS n ∼
= B[0, 1] e SS n ∼
= S n+1 , ∀n ∈ N.
Sn × J
Π / SS n
ttt
tt
tt
p
tz t h
S n+1
Onde Π é a projeção canônica e:
p
((1 − t) x0 , . . . , (1 − t) xn , 1 − (1 − t)
2 se t ≥ 0
p(x0 , . . . , xn , t) =
p
((1 + t) x0 , . . . , (1 + t) xn , − 1 − (1 − t)2 se t < 0.
4.4 Teoremas
Definição 4.4. Sejam f : X −→ Y , ∼ e w relações de equivalência em X
e Y respectivamente. Dizemos que f preserva as relações de equivalência
se para todos x1 , x2 ∈ X tais que x1 ∼ x2 , então f (x1 ) w f (x2 ).
92 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
x ∼ x1 ⇔ f (x) = f (x1 ),
então, existe F : X ∼ −→ Y contı́nua e bijetiva.
Prova : Consideremos:
X FF
FF f
FF
Π FF
FF
#
X ∼ F /Y
1. f é uma identifição.
2. F é um homeomorfismo.
Prova : Seja
f
X −−−→ Y
Π1 y
Π
y 2
F
X ∼ −−−→ Y w
Exemplo 4.3.
Sejam X = (0, +∞) e Y = R. Consideremos Y com a topologia usual e X
com a topologia induzida. Definamos:
Então,
X ∼ ∼= Y w ∼= S 1.
~ :G × X −→ X
(g, x) −→ g ~ x,
tal que:
Exemplo 4.4.
[1] Sejam X um espaço topológico e
G = {f : X −→ X / f é um homeomorfismo}.
~ :G × X −→ X
(f, x) −→ f ~ x = f (x).
4.5. AÇÕES DE GRUPOS 95
Então, X é um G-conjunto.
[2] Seja G o grupo gerado pelos homeomorfismos h, g : R2 −→ R2 defini-
dos por:
~ :G × R2 −→ R2
(f, (x, y)) −→ f ~ (x, y) = f (x, y).
Então, R2 é um G-conjunto.
[3] Sejam X = S n e Z2 , · . Definamos:
~ :Z2 × S n −→ S n
(±1, x) −→ ±1 ~ x = ±x,
~ :Z × R −→ R
(n, x) −→ n ~ x = n + x.
Então, R é um Z-conjunto.
[5] Sejam X = R2 e Z2 , + . Definamos:
~ :Z2 × R2 −→ R2
((n, m), (x, y)) −→ (n, m) ~ (x, y) = (n + x, m + y).
Então, R2 é um Z2 -conjunto.
[6] Sejam X = {(x, y) ∈ R2 / y ∈ − 1/2, 1/2 } e Z, + . Definamos:
~ :Z × X −→ X
(n, (x, y)) −→ n ~ (x, y) = (n + x, (−1)n y).
Então, X é um Z-conjunto.
[7] Seja S 1 ⊂ C; então S 1 tem uma estrutura de grupo multiplicativo indu-
zida por C.
96 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
Definimos:
~ : S 1 × S 2n+1 −→ S 2n+1 ,
onde:
kAxk
~ = 1; logo está bem definida e S n−1 é um O(n)-conjunto.
θg : X −→ X,
1. O estabilizador de x ∈ X por:
Gx = {g ∈ G / g ~ x = x}.
Gx é um subgrupo de G.
4.5. AÇÕES DE GRUPOS 97
2. A órbita de x ∈ X por:
Gx = {g ~ x / g ∈ G}.
Exemplo 4.5.
Consideremos S 3 como um S 1 -conjunto, com a ação:
~ :S 1 × S 3 −→ S 3
(e2πit , (z1 , z2 )) −→ n ~ (z1 , z2 ) = (e2πit z1 , e2πit z2 ).
1
S(z 1 ,z2 )
= {e2πit / t ∈ Z}.
isto é:
x ∼ y ⇔ y ∈ Gx.
Π : X −→ X/G.
Exemplo 4.6.
[1] Note que ∼ identifica cada cı́rculo de S 2n+1 a um ponto.
[2] CP1 ∼
= S 2 . Isto é:
S 3 /S 1 ∼
= S 2.
4.6 G-espaços
Seja X um espaço topológico que é um G-conjunto.
Exemplo 4.7.
[1] S n Z2 é um Z2 -espaço.
[2] R/Z é um Z-espaço.
[3] R2 /Z2 é um Z2 -espaço.
[4]. CPn é um S 1 -espaço.
[5] Seja G o grupo gerado pelos homeomorfismos h, g : R2 −→ R2 defini-
dos por:
Ψ : G −→ Homeo(X)
g −→ θg .
Π : X −→ X/G
é aberta.
Prova : Seja U ⊂ X aberto. Devemos provar que Π(U ) é aberto em X/G, o
que é equivalente a provar que Π−1 Π(U ) é aberto em X. De fato:
4.6. G-ESPAÇOS 99
Π−1 Π(U ) = {x ∈ X / Π(x) ∈ Π(U )}
= {x ∈ X / Gx = Gy, para algum y ∈ U }
= {x ∈ X / x = g ~ y, para algum y ∈ U e g ∈ G}
= {x ∈ X / x ∈ g ~ U, para algum g ∈ G}
[
= g~U
g∈G
[
= θg (U ),
g∈G
Lema 4.2. Sejam X um G-espaço e Y um H-espaço, onde G, ∗ e H, ◦
são tais que:
~ :G × X −→ X
} :H × Y −→ Y
θg : X −→ X, homeomorfismo
θh : Y −→ Y, homeomorfismo
ΠX : X −→ X/G, sobrejetiva e contı́nua
ΠY : Y −→ Y /H, sobrejetiva e contı́nua.
: G × H × X × Y −→ X × Y
((g, h), (x, y) −→ (g, h) (x, y) = (g ~ x, h } y)
Θ(g,h) : X × Y −→ X × Y
(x, y) −→ (θg (x), θh (y)).
Não é difı́cil provar que X × Y é um G × H -espaço e Θ(g,h) é um homeo-
morfismo.
100 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
Prova :
Definamos F ([x, y]) = ([x], [y]), isto é, F ◦ (Π1 , Π2 ) = Π:
(Π1 ,Π2 )
X ×Y / X × Y /G × H
lll
lllll
Π ll
lv ll F
X/G × Y /H
Exemplo 4.8.
Sejam X = R2 e G = Z2 . Definamos:
~ :Z2 × R2 −→ R2
((n, m), (x, y)) −→ (n, m) ~ (x, y) = (n + x, m + y).
Então, R2 é um Z2 -espaço, e:
= S1 × S1 ∼
=R Z×R Z∼
R2 Z2 ∼ = T 2.
R/Z ∼
= S 1.
f
R / S1
{ =
F {{{
{
{{
Π
{
R Z
R/Z ∼
=F S 1 .
f
I / S1
zz=
F zz
Π
zzz
z
I ∼
102 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
Logo F 0 é um homeomorfismo:
S1 ∼
=F 0 I/ ∼ .
Então:
R/Z ∼
=F S 1 ∼
=F 0 I/ ∼ .
f :R × R −→ S 1 × S 1
(x, y) −→ (e2πix , e2πiy )
Temos que:
R2 /Z2 ∼
= S 1 × S 1.
R2 /Z2 ∼
= T 2.
O homeomorfismo:
I 2/ ∼ ∼
= T2
4.7 Exercı́cios
1. Seja R com a topologia gerada pelos intervalos semi-abertos [a, b) e
f : R −→ [0, +∞) definida por f (x) = x2 , qual é a topologia quoci-
ente indizida por f ?
2. Seja X = [−1, 1] × {1} ∪ [−1, 1] × {−1} com a topologia in-
duzida pela usual de R2 e ∼ relação de equivalênciadefinida por
(−1, 1) ∼ (−1, −1) e (1, 1) ∼ (1, −1). Considere X/ ∼ com a topo-
logia quociente, verifique que:
X/ ∼ ∼
= S 1,
Klein.
9. Seja R, T , onde T é a topologia definida por: U ∈ T se, e somente
se 0 ∈ U . Seja ∼ a relação
de equivalência definida por x ∼ −x.
Verifique que R/ ∼ com a topologia quociente é homeomorfo a
[0, +∞) com a topologia induzida por T.
4.7. EXERCÍCIOS 105
(x1 , x2 , x3 , . . . , xn ) ∼ (y1 , y2 , y3 , . . . , yn ) ⇐⇒ xi = y i ,
para todo i = 1, 2, . . . , n. Verifique que Rn / ∼ com a topologia
quociente é homeomorfo a Rn−1 com a topologia de Zariski.
p1 × p2 : X× : X −→ X ∼1 × X ∼2
[
20. Prove que X = Gx, (união disjunta).
x∈X
106 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
x ∼ y ⇐⇒ h(x, y) = 0.
onde Π : X −→ X ∼ é a projeção canônica.
(c) Qual é a topologia em X ∼ induzida por d?
Capı́tulo 5
COMPACIDADE
5.1 Introdução
Do Cálculo sabemos que funções contı́nuas definidas sobre conjuntos li-
mitados e fechados possuem um ponto de máximo e um de mı́nimo ab-
soluto (Teorema de Weierstrass) e da Análise conhecemos o teorema de
Heine-Borel sobre intervalos encaixados.
As formulações de compacidade em espaços topológicos envolve muito
mais do que o conceito de fechado e limitado, os quais não são equivalen-
tes.
A importância principal da compacidade é que ela nos permite obter pro-
priedades globais a partir de propriedades locais. Existem várias formas
de introduzir o conceito de compacidade em espaços topológicos. Nós
escolhemos a seguinte.
5.2 Compacidade
Seja X um espaço topológico e S ⊂ X.
Definição 5.1.
107
108 CAPÍTULO 5. COMPACIDADE
Exemplo 5.1.
Seja R com a topologia usual.
Se (0, 1) ⊂ R; então, U = {[1/n, 1 − 1/n] / n ∈ N} é uma cobertura não
aberta de (0, 1).
Se [0, 5] ⊂ R; então, U = {(n − 1, n + 1) / n ∈ Z} é uma cobertura aberta de
[0, 1].
Por ouro lado¿ U = {(n, n + 1) / n ∈ Z} é uma cobertura aberta de R.
Exemplo 5.2.
Seja R com a topologia usual.
Se [0, 5] ⊂ R com a cobertura U = {(n − 1, n + 1) / n ∈ Z}, temos que
{(−1, 1), (1, 2), (1, 3), (3, 5), (3, 6)} é uma subcobertura finita de [0, 5]
Se U = {(r, r+3) / r ∈ R}, então V = {(n, n+3) / n ∈ Z} é um subcobertura
aberta de R.
Exemplo 5.3.
[1] Seja X, Tind . Todo A ⊂ X é compacto.
[2] Seja X, Tdis . X é compacto se, e somente se X é finito.
1. X é compacto.
então existe uma subfamı́lia finita {Fα1 , Fα2 , . . . , Fαn } tal que:
\
n
Fαi = ∅.
i=1
{f −1 (Vi ) / i ∈ J}
{f −1 (Vk ) / k ∈ K},
Exemplo 5.4.
Corolário 5.1.
2. Se X ∼
= Y , então X é compacto se, e somente se Y é compacto.
Exemplo 5.5.
{Ui / i ∈ K} ou {Ui / i ∈ K} ∪ {X − F },
U = {Uj,k × Vj,k / j ∈ J, k ∈ K}
\
n(x)
Ux = Ui .
i=1
Exemplo 5.6.
[1] Rn não é compacto.
[2] Se I = [0, 1], então I n = I × I × . . . × I é compacto.
[3] O toro T 2 = S 1 × S 1 é compacto.
[4] Em geral, T n = S 1 × S 1 × . . . × S 1 é compacto.
[5] O toro não é homeomorfo ao cilindro S 1 × R.
112 CAPÍTULO 5. COMPACIDADE
Prova : Como f é contı́nua, para todo ε > 0 existe δx > 0 tal que se
d1 (x, y) < 2 δx , então:
Proposição 5.6. Seja M, d um espaço métrico. Se A ⊂ M é compacto,
então A é fechado e limitado.
logo, é limitado.
Em geral, a recı́proca desta proposição é falsa. De fato, consideremos M
com a métrica discreta etal que A ⊂ M é infinito; então A é fechado e
limitado, pois A ⊂ B2 (x) = M para todo x ∈ M e não é compacto. No
caso M = Rn temos:
5.3. COMPACIDADE EM ESPAÇOS MÉTRICOS 113
Exemplo 5.7.
[1] S n é compacta.
[2] PRn é compacto.
[3] O toro e a esfera não são homeomorfos a R2 .
[4] O toro e a esfera não são homeomorfos ao cilindro S 1 × R.
[5] A faixa de Moebius é compacta.
[6] Os grupos O(n) e SO(n) são compactos.
De fato,√sabemos que são fechados e para toda A ∈ O(n), temos que
kAk1 = n. Logo, O(n) é limitado.
para todo x ∈ X.
Seja A ⊂ X um conjunto limitado, definimos e denotamos o diâmetro de
A por:
114 CAPÍTULO 5. COMPACIDADE
A ⊂ Ui0 .
Lema 5.1. (Lebesgue) Todo conjunto compacto num espaço métrico pos-
sui um número de Lebesgue.
5.4 Exercı́cios
1. Rn , (n = 2, 3) com a topologia usual. Verifique se os seguintes con-
juntos são ou não compactos.
9. Seja f : X −→ Y contı́nua
e L ⊂ X um conjunto compacto. Ache um
exemplo tal que f L não seja compacto.
AXIOMAS DE SEPARAÇÃO
6.1 Introdução
Consideremos M, d um espaço métrico com mais de dois elementos.
Sempre podemos escolher ε > 0 tal que d(x, y) = 2 ε com x, y ∈ M e
x 6= y, então Bε (x) ∩ Bε (y) = ∅.
Esta propriedade natural dos espaços métricos, que nos permite diferen-
ciar os pontos dos espaços, não é válida, em geral, em espaços topológicos
arbitrários.
Neste parágrafo estudaremos que tipo de espaços possuem esta proprie-
dade, que por exemplo, é fundamental para provar a unicidade do limite
de uma sequência em espaços métricos. Veja [EL2].
Exemplo 6.1.
[1] X, Tdis e os espaços topológicos metrizavéis são T1 .
[2] X, Tind não é T1 .
119
120 CAPÍTULO 6. AXIOMAS DE SEPARAÇÃO
[
Uy = X − {x},
y∈{x}c
Exemplo 6.2.
[1] R, Tus é de Hausdorff
[2] X, Tdis e os espaços topológicos metrizavéis são de Hausdorff.
[3] X, Tind não é de Hausdorff.
[4] R, Tcof não é de Hausdorff. De fato. Para todo U, V ∈ Tcof , temos
U ∩ V 6= ∅. De fato, sejam U = R − F1 e V = R − F2 , onde F1 e F2 são
finitos; então U ∩ V = R − F1 ∪ F2 ; como F1 ∪ F2 é finito, então U ∩ V 6= ∅;
logo não pode ser de Hausdorff. Note que R, Tcof é T1 .
1. X é de Hausdorff.
U × V ∩ ∆ 6= ∅ ⇔ existe x ∈ X tal que (x, x) ∈ ∆
⇔ x∈U ex∈V
⇔ U ∩ V 6= ∅.
Logo; x ∈ U e y ∈ V , U ∩ V = ∅.
Corolário 6.1.
f : X × X × Y × Y −→ X × Y × X × Y
(x, x1 , y, y1 ) −→ (x, y, x1 , y1 ).
f é um homeomorfismo e:
f ∆X × ∆Y = ∆X×Y .
Exemplo 6.3.
[1] Considere X = {a, b, c} com a seguinte topologia T = {∅, {a}, {b, c}}.
Então A = {c} é compacto e Ac = {a, b} ∈
/ T, logo A não é fechado. Note
que X não é de Hausdorff.
[2] Seja X = N com a topologia dada no exercı́cio [2], ı́tem 2. Seja A = {1},
A é compacto e A = N pois para todo aberto An temos A ∩ An = {1}. Isto
é, para todo n ∈ N, n ∈ A e N não é compacto. De fato:
[
N= Gn ,
n∈N
onde Gn = {1, n}. Logo, o fecho de um compacto pode não ser compacto.
Corolário 6.2. Sejam T1e T2 topologias em X tal que T1 ⊂ T2 . Se X, T1
é de Hausdorff e X, T2 é compact, então T1 = T2 .
f, g : X −→ Y
contı́nuas. Então:
3. O gráfico de f é fechado em X × Y .
Prova :
1) Seja h : X −→ X × Y onde h(x) = (f (x), g(x)); h é contı́nua e:
e ∆ é fechado em X × Y .
2) Segue, de imediato, pois {x ∈ D / f (x) = g(x)} ⊂ {x ∈ X / f (x) = g(x)}.
Como {x ∈ X / f (x) = g(x)} é fechado e D é denso, então:
G(f ) = k −1 (∆)
e ∆ é fechado em X × Y .
4) A função f −1 : f (X) −→ X é uma bijeção fechada do espaço f (X) que
é de Hausdorff.
Observação 6.3.
1. f é um homeomorfismo.
2. f bijetiva.
6.4. TOPOLOGIA QUOCIENTE 125
X∼
= f (X).
Exemplo 6.4.
Seja R com a topologia usual e definamos a seguinte relação de equi-
valência:
x ∼ y ⇔ x = y ou {x, y} ⊂ A.
Então X ∼ é compacto e de Hausdorff.
Exemplo 6.5.
6.5 Homeomorfismos
Nas seguintes aplicações utilizaremos o corolário [6.3]:
S n−1 × I
Π / B[0, 1]
r 8
rrrr
f
rr
rrrr F
X
128 CAPÍTULO 6. AXIOMAS DE SEPARAÇÃO
f : I × I −→ T 2
por f (s, t) = (x(s, t), y(s, t), z(s, t)). Note que: para todo t , s ∈ I,
f
I2 / T2
yy<
yy
Π
yyyF
y
I2 ∼
6.5. HOMEOMORFISMOS 129
Como I 2 ∼ é compacto e T 2 é de Hausdorff, então F é um homeomor-
fismo. Note que F ([t1 , t2 ]) = f (t1 , t2 ). Logo, provamos que:
T2 ∼
= S1 × S1 ∼
= I2 ∼ ∼= R2 Z2 .
X∼
= RPn .
f
Sn / RPn
y y<
yyy
Π y
yyy F
X
f
S1 / S1
zz=
zz
Π zz
zz F
RP1
X∼
= CPn .
f
S 2n+1 / CPn
vv:
v
vv
Π
vvv F
vv
X
X∼
= CPn .
onde B ∈ O(n − 1). Não é difı́cil ver que H e O(n − 1) são homeomorfos.
Definamos em O(n) a seguinte relação de equivalência:
Afirmamos que:
O(n) O(n − 1) ∼
= S n−1 .
f é bem definida e sobrejetiva, pois para todo v ∈ S n−1 , existe uma rotação
A tal que A e1 = v. Verifique! f é claramente contı́nua.
Sejam A1 ∼ A2 , então A1 = A2 A, para algum A ∈ O(n − 1); logo:
6.5. HOMEOMORFISMOS 131
1 1 1
.. .. ..
f (A1 ) = A1 . = A2 A . = A2 . = f (A2 ).
0 0 0
f
O(n) / S n−1
ppp7
ppp
Π
pppppF
p
O(n)/O(n − 1)
M∼
= F,
x(t, s) = (x2 − y 2 ) (2 + x z)
y(t, s) = 2 x y (2 + x z)
z(t, s) = y z,
onde (t, s) ∈ R2 .
Lembremos que M = C ∼ , onde C = {(x, y, z) / x2 + y 2 = 1, |z| ≤ 1}.
Seja p = (x, y, z) ∈ C e f : C −→ R3 definida por:
Note que f (p) = f (x, y, z) = f (−x, −y, −z) = f (−p). A função f é injetiva,
contı́nua, M compacto e f (M ) ⊂ R3 de Hausdorff; logo
M∼
= f (M ) = F.
132 CAPÍTULO 6. AXIOMAS DE SEPARAÇÃO
φ : U ⊂−→ W ⊂ Rn .
h : U −→ Dn ,
x U
Observações 6.1.
Exemplo 6.6.
6.7 Exercı́cios
1. Seja X = {a, b, c, d, e} com a topologia
(X, T ) é de Hausdorff?
T = {∅} ∪ {U ⊂ X / a ∈ U }.
(X, T ) é de Hausdorff?
(a) R, Tus , Q, Tus e Z, Tus são 0-dimensionais?
(a) X é regular.
· : G × G −→ G e inv :G −→ G
(g1 , g2 ) −→ g1 · g2 g −→ g −1
La : G −→ G
g −→ a · g.
Ra : G −→ G
g −→ g · a.
L−1
a = La−1 e Ra−1 = Ra−1 .
6.7. EXERCÍCIOS 137
(c) La ◦ Rg = Rg ◦ La
(a) H é um subgrupo de G.
(b) H tem a topologia induzida por G como subespaço topológico.
Π : G −→ G/H.
CONEXIDADE
7.1 Introdução
Neste capı́tulo apresentamos outro conceito fundamental da Topologia, o
qual nos premitirá responder algumas questões planteadas ao inicio do
livro, que ainda estão sem respostas.
7.2 Conexidade
Seja X um espaço topológico não vazio.
Exemplo 7.1.
[1] {x} e ∅ são sempre conexos.
[2] Em X, Tind , todo subconjunto é conexo.
[3] Em X, Tdis , os únicos conexos não vazios são os conjuntos de um
elemento.
[4] Seja R, Tus ,
i) Q ⊂ R é desconexo. De fato, basta considerar:
√ √
A = (−∞, 2) ∩ Q e B = ( 2, +∞) ∩ Q.
139
140 CAPÍTULO 7. CONEXIDADE
1. X conexo.
Prova :
1) ⇒ 2) Se A ⊂ X é aberto, fechado e não vazio ou X, então X = A ∪ Ac ,
então X desconexo.
7.2. CONEXIDADE 141
2) ⇒ 3) Suponha que f : X, T −→ {0, 1}, Tdis é contı́nua e sobrejeti-
vaa, logo f −1 (0) 6= ∅, como {0} é aberto e fechado em {0, 1}, Tdis , então
f −1 (0) é aberto e fechado em X.
3) ⇒ 1) Se X = A ∪ B onde A e B são abertos
disjuntos não vazios, então
A e B são fechados e a função χ : X, T −→ {0, 1}, Tdis definida por:
(
1 se x ∈ A
χ(x) =
0 se x ∈ B
é contı́nua e sobrejetiva.
Corolário 7.2.
2. Seja X ∼
= Y . Então, X é conexo se, e somente se T é conexo.
é conexo.
Exemplo 7.3.
S 1 R,
-1
Figura 7.1: X = X ∪ Z.
é conexo.
7.3 Aplicacões
A primeira aplicação que estudaremos é a generalização do teorema do
Valor Intermediário do Cálculo.
Lz
z
A
Figura 7.3:
7.4. CONEXIDADE POR CAMINHOS 145
Prova : Sabemos que C(x) ⊂ C(x), para todo x ∈ X e que C(x) é conexo.
Como C(x) é o maior conexo que contém x, então C(x) ⊂ C(x).
S n = S n − {p}.
Os pontos α(a) e α(b) são ditos ponto inicial e final do caminho, respectiva-
mente. Um caminho não é um conjunto em X. Por exemplo, considerando
R com a topologia usual, então:
α1 : [0, 1] −→ R e α2 : [0, 1] −→ R,
Definição 7.4. X é dito conexo por caminhos ou conexo por arcos, se para
todo x1 , x2 ∈ X, existe caminho ligando x1 a x2 .
Exemplo 7.5.
[1] Rn é conexo por caminhos. Em geral, todo espaço vetorial é conexo por
caminhos.
[2] O grupo O(n) não é conexo por caminhos. De fato, se consideramos
duas matrizes em O(n), tais que uma tenha determinante positivo e a ou-
tra determinante negativo, qualquer caminho contı́nuo ligando estas ma-
trizes, necessariamente deverá passar pela matriz nula.
Corolário 7.6. Se X ∼
= Y , então X conexo por caminhos se, e somente se
Y conexo por caminhos.
α ∗ β :I −→ X
(
α(2 t) se 0 ≤ t ≤ 1/2
t −→
β(2 t − 1) se 1/2 ≤ t ≤ 1
µ :I −→ X × Y
t −→ (α(t), β(t))
Exemplo 7.6.
Sabemos que se:
Figura 7.4:
7.5 Exercı́cios
1. Saja X = {a, b, c, d} com a topologia:
(a) R S 1 .
(b) S 1 S n se n > 1.
11. Sejam X, T e R com a topologia usual. Dizemos que f : X −→ R
é localmente constante se, para todo x ∈ X existe U vizinhança de x
tal que f : U −→ R é constante. Verifique que:
14. Verifique que todo espaço com a topologia indiscreta é conexo por
caminhos.
153