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I j As invasées As invasdes germanicas q mmo are primeira grande onda comegou com a inet a ‘osa marcha através do Reno gelado na noite de i de de. ibro de 406, por uma informal confederagao de suevos, ‘anda e de Estado bérbaro ae havi estabelcido‘em sola mano: os burgindios na Sav6ia, ovsigodos na Aquilina, ex vindalos omorte da Africa os ostrogodos na Tilia, O caster dessa trrvel 10 inicial — que em épocas posteriores p1 ic aia inet ini roporcionou com suas Imagens arqueiea come dale Média ea raimene me complexo¢ contrat fo 20 mesmo tempo 6 mis rdcinenic destrtvoasalto dos povosgermfnicos 40 Oidente romano, co nay notadamente conserador neste aspecio para o legado latino. A ui, dade econdmica, pola e militar do Imperio Osental lot agnor 4 : taneira irrepardvel. Alguns dos exércitos de cai IPO roman le comitatenses sobreviveram is fedraeeeee de comiavense sobrviveram par mais algumas década depots qu a aie teirigas (imi tanei) haviam sido varridas; mas, rodeados ads por um tei domino pelos brbaon, bases mites autGnomos como a Galia do Norte somente enfati: m Baie HBnomes on a Gla nfatizam 0 esfacelamen Sonpto d sma imprison se ta: As prove es m e confusio endémicss, sua administragio: Leder que antes fora ro- PASSAGENS DA ANTIGUIDADE AO FEUDALISMO 109 mergiv ou perdeu o rumo; a rebelido social ¢ o banditismo reinaram por dreas imensas; culturas locais arcaicas e sepultadas vieram & super- ficie, e a pitina romana ruiu nas mais remotas regides. Na primeira metade do séeulo V a ordem imperial foi dissipada pelo influxo dos barbaros por todo o Ocidente. Contudo, as tribos germfnicas que esfacelaram 0 Império Oci- ental ndo eram eapazes de trazer por si s6s uri novo universo poli- tico e coerente em substituigdo a ele. A diferenga de nivel entre as duas civilizages era ainda muito grande: seria necessdria uma série de com- portas artificiais para reuni-las. Os povos barbaros da primeira série de apesar de sua diferenciaglo social progressiva, coms: itu a de comunidades primitivas extremamente incipientes quando penetraram pelo Ocidente romano. Nenhum jamais conhecera im Estado teisitorial duradouro; todos tinham religibes pagis ances- ‘a maioria nao tinha linguagem escrita; poucos possuiam qual- quer sistema de propriedade articulado ou estabilizado. A casuali- dade da conquista de vastos blocos de antigas provincias romanas natu- ralmente brindava-os com problemas insoliveis de apropriagi ¢.admi- i as. Est Idades intrinseeas eram intensificadas pelo padrio ge6j sriice da primeira onda de invasdes, Para esas mes ‘nas Valkerwanderunge fas vezes imensas peregrinagGes atra- vés de todo 0 continente —, o local de.instalagia final de cada povo barbaro estava muito longe de seu ponto de partida. Os visigodos via- jaram dos Bileds para a Espanha; os ostrogodos, da Ucrinia para a Ttalia; os vandalos, da Silésia A Tunisia; os burgindios, da Pomerania cupar terras soma domicilia, Como resultado, os bandos de colonos germAnicos no Sul da Franga, na Espanha, Itilia ¢ Africa do Norte eram desde o ini sariamente limitados em ntimero, devido ao longo itinerari viam percorrer, e também nao recebiam reforgos através da migragio natural.' As estruturas improvisadas dos primeiros estados barbaros (1) 0 Ginico nimero contfvel para o volume das primeirasinvasdes& 0 da como dade vindala, que foi contada por sus chefes antes da trvesia pars o Norte ds Afri- ta, e que chegara a 80 mil — perfazendo um extrito alvez de 20. 25 mil homens: ver C. ‘Courtois, Les Vendales et 'Afrique, Pats, 19SS, pp. 215-221. A maioria dos pores ger~ tminicos que iromperam pela fronteirasimperais nesta Epoea provaveimente tina 0 mesmo volume, raramente com exérits d= campo de mais do que 20 mil homens Rossel estima que pelo ano SO0 dC.,o maximo possivel da populasSo birbara dentro do Auligo Império Ocidental nfo passasee de um milhto de individvos, de um total de Te milndes J.C. Russell, Population x Europe 900-1500, Londres, 1969, p21 iy PERRY ANDERSON refletiam esta situagio bisiea de fraqueza ¢ isolamento relativos. Por {sso, eleé se apoiavam firmemente nas estruturas imperiais, que para- doxalmente preservavam, combinando-as sempre que possivel com as germinicas, formando um dualismo institucional sistematieo. Assim, para as comunidades invasoras, a primeira questo fun- damental a ser decidida, depois de suas vitérias em campo, era a da disposigo econdmica das terras. A solugo adotada normalmente de inicio era um modelo préximo as priticas romanas, particularmente familiar aos soldados germanicos, ¢ uma ruptura critica distanciada do pasado tribal em diregio a um futuro social agugadamente diferen- ciado. O regime de hospitalitas foi imposto aos proprietérios romanos locais pelos visigodos, burgindios e ostrogodos. Derivado do velho sis- tema de aquartelamento imperial, de que muitos mercendrios germa- nicos haviam participado, ultimamente chegava a entregar dois tergos da frea total das grandes propriedades aos “‘héspedes"” barbaros na Burgtindia ena Aquiténia, € um tergo na Itélia, cuja’ superficie total permitia que Ihes fosse distribufdo um quinhao menor de villae indi duais, € onde as propriedades indivisas pagavam uma taxa especial para equalizar o sistema, Os hospes burgindios recebiam também um {ergo dos eseravos romanos e metade das florestas.? Na Espanha, os visigodos demoraram a tomar um tergo das propriedades e dois tergos dos rendeiros de qualquer territério considerado. S6 no Norte da Afri- a, 0s vindalos simplesmente expropriaram a nobreza em massa € sa- quearam a Igreja completamente, sem qualquer compromisso ou qual- quer espécie de concessSes — uma peo que iria eustar-Ihes muito caro a longo prazo. A distribuigdo de terras sob o sistema de “hospi talidade” provavelmente afetava a estrutura da sociedade romana rela- tivamente pouco: dado o pequeno ntimero de conquistadores barbaros envolvidos, 0s sortes — ou lotes a eles distribuidos — jamais cobriram sendo uma certa poryo dos territérios sob seu governo. Normalmente essa porgdo era mais concentrada por sea receio de uma disperso mili- tar depois da ocupagio: as coldnias aglomeradas dos ostrogodos no vale do Pé eram do padrio tipico. Nao ha sinal de que a divisio das grandes propriedades tenha encontrado resistencia violenta da parte de proprie- trios latinos. Por outro lado, seu efeito sobre as comunidades germa- nicas nfo poderia ser senfo dristico. Os sortes no eram partilhados (2) O mais completo relato dos diversas arranjor da howptaitas & o de F. Lot, “De Régime de VHospitaté”, Recueil des Travaux Historiques de Ferdinand Lot, Ge- nebra, 1970, pp. 63-99; ver também Jones, The Later Roman Empire, II, pp. 249-253, m6, PASSAGENS DA ANTIGUIDADE AO FEUDALISMO m totalmente pelos guerreiros germfnicos que chegavam. Pelo contrério, todos os pactos entre romanos e barbaros que sobreviveram, referentes as divisdes de terra, envolviam apenas duas pessoas: o proprietario de terras de provincia e um sécio germfnico; e a seguir, os sortes eram na verdade cultivados por alguns germinicos. Dat por diante parece pro- fel que as terras tenham sido tomadas por clas de nobres, que endo instalavam os soldados rasos tribais como rendeiros seus ou ento como pequenos proprietirios pobres.? Os primeiros se tornaram de um s6 golpe iguais sociais da aristocracia provincial, enquanto os iltimos ceaiam direta ou indiretamente na dependéncia econdmica deles. Este processo — apenas muito obliquamente perceptivel a partir dos docu- méntos da época — sem diivida era aliviado pelas freseas memérias do igualitarismo da florestae pela natureza armada de toda a comunidade invasora, o que assegurava ao guerreiro comum sua condigio livre. A principio, os sortes nao eram propriedade absoluta ow hereditiria, ¢ 0s soldados comuns que os cultivavam possivelmente detinham a matoria de seus direitos habituais. Mas era evidente a l6gica do sistema: dentro de mais ou menos uma geragio, uma aristocracia germinica estava consolidada sobre a terra, com um campesinato dependente abaixo dela — na verdade, realmente, as vezes também com escravos de outras etnias! A estratifieaglo de classe cristalizou-se rapidamente, uma vez que as federagies tribais nomades ficavam fixadas territorialmente

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