imperiais chamado de “presidente”, por onde andava ofendia os paranaenses com suas grosserias. José Francisco Cardoso (1830−1885) vivia às turras com os jornalistas, que o apelidaram de “Cardozinho Maluco”.
Cardoso assumiu a direção do Paraná em 1859. Logo de cara já
impôs seu costume de cortar verbas. Queria parecer um governador sério e econômico para impressionar o imperador. Chegou a fechar escolas para não gastar. Por onde ia, Cardozinho, que veio do Rio de Janeiro, criticava o Paraná, chamando-o de “terra de selvagens”. Como ele pagava uma ninharia aos servidores, ninguém queria ser funcionário do governo. Não havia procura para as vagas a preencher nos concursos para policial, já que o salário era quase nada. Cardozinho Maluco chegou à conclusão de que os concursos eram inúteis: mandou pegar gente a laço pelo Paraná afora para ser policial na marra. A regra era servidor trabalhar muito e ganhar pouco. Por sua incapacidade no governo, a insegurança aumentou. Os tumultos acontecidos no vácuo de seu governo arrogante foram batizados como “Cardosadas”. Pois bem, veio a República, veio a Revolução de 30, o golpe de 64. Hoje, temos um quarto de século desde o fim da ditadura, mas o Paraná continua a ser governado com a mesma estrutura de poder dos tempos de Cardozinho Maluco. O governador que sai acusa o governador que entra, seu pupilo, de ser traidor. O governador que entra muda as políticas de governo, como se fosse o novo dono de uma fazenda, e não o gerente de uma propriedade que, por ser do povo, não é sua. Como resolver essa eterna substituição de um governador autoritário por outro? Bastaria a simples troca de um Cardozinho Maluco por um Cardozinho Cantor ou um Cardozinho Declamador? A melhor forma seria haver um Governo Popular, para que o capataz não pense que é dono da fazenda, considerando que governadores sensatos não podem mandar e desmandar, favorecer os compadres, encher o governo de parentes e perseguir os inimigos. E como criam inimigos! Os Cardozinhos Malucos ao sair dos governos estaduais eventualmente pretendem ser senadores. E ficam no Senado 8, 16 anos. Acabam se reelegendo e depois querem voltar aos governos estaduais. Por isso, além de acabar com esse tipo de governo disfuncional nos Estados e também no País e municípios, seria preciso não só criar um Governo Popular, mas também acabar com o Senado. Seria a hora de aposentar de vez os governantes que não respeitam as reivindicações da população organizada. Que não dão a mínima para os prefeitos, incapazes, sem recursos, de administrar as cidades e seu interior. Seria a hora de trocar os Cardozinhos Malucos autoritários, que ofendem o povo, por governantes saídos das instâncias comunitárias. Criar um Governo Popular para a União, os estados e municípios e acabar com o Senado seriam os primeiros itens de uma verdadeira reforma política. Reforma que neste momento parece um sonho utópico, mais fácil de acontecer no pobre Paraguai que no rico Brasil. Para felicidade de todos os Cardozinhos Malucos que abusam da nossa paciência. alceusperanca@ig.com.br .... O autor é escritor