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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 5ª VARA DO TRABALHO DE SÃO

PAULO.

Processo nº 1001058-91.2017.5.02.0083

JOSÉ WELLINGTON EVANGELISTA CAVALCANTI, já qualificado


nos autos do processo acima descrito, por sua advogada que esta subscreve, na Reclamação
Trabalhista que propôs contra a EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS ETELEGRAFOS,
inconformado com a respeitável sentença de id bf21c99 , vem, tempestiva e respeitosamente á
presença de Vossa Excelência, interpor

RECURSO ORDINÁRIO

com base no artigo 895, alínea "a" da CLT, de acordo com a razões em anexo as quais
requer que sejam recebidas e remetidas ao Egrégio Tribunal Regional da Segunda
Região (TRTSP).

Registra-se ainda, que MM. Juízo na sentença concedeu ao


Reclamante as benesses da Justiça Gratuita.

Por derradeiro, que a Recorrida seja intimada para


querendo, apresentar contrarrazões ao presente Recurso.

Termos em que,

Pede deferimento.

Diadema, 17 de junho de 2018.

ZILDA MARIA NOBRE CAVALCANTE

OAB/SP 337.970
RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO

Origem: 5ª Vara do Trabalho de São Paulo.

Processo nº 1001058-91.2017.5.02.0083

Recorrente: José Wellington Evangelista Cavalcanti

Recorrido: Empresa Brasileira de Correios e Telegrafos

Egrégio Tribunal Regional da __ ª Região!

Colenda Turma!

Nobres Julgadores!

A respeitável decisão de primeiro grau, nada obstante ser


da mais ilustre lavra, merece ser reformada, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir
demonstrados.

1 - RESUMO DOS FATOS.

O Recorrente propôs reclamação trabalhista em face da


Recorrida, requerendo a condenação da reclamada ao pagamento de indenizações por
danos morais e materiais decorrentes de acidente de trabalho.
Em defesa a Recorrida resiste aos pedidos, e pede pela
improcedência.
Para melhor esclarecer o douto juízo fora designada
pericia medica, que ao fim, reconheceu o nexo de causalidade entre o trabalho realizado
Reclamante e o grave dano a sua saúde .
Veio a r. sentença, onde o MM. Juízo, entendeu pela pela
Improcedência dos pedidos e da ação.
Em que pese o notável saber jurídico do MM. Juízo, a r.
sentença monocrática não seguiu o costumeiro acerto, e por este motivo não poderá
ser mantida, devendo o presente recurso ser conhecido e provido, para que seja a r.
decisão reformada, e por conseguinte, Julgados Procedentes todos os pedidos descritos
na inicial, conforme veremos.

2 - DO CABIMENTO DO PRESENTE RECURSO ORDINÁRIO.

A decisão proferida na Vara do Trabalho trata-se de uma


sentença, dessa forma encerrando a atividade jurisdicional do Douto Juízo de primeira
instância.

Neste contexto, o reexame da decisão supracitada só


poderá ser feita através de Recurso Ordinário, conforme preceitua o artigo 895, alínea
"a" da CLT.

Cumpre ressaltar, que MM. Juízo na sentença concedeu ao


Reclamante as benesses da Justiça Gratuita, por isso dispensado do preparo, além do
presente recurso ter sido interposto no actídio legal.

Dessa forma, preenchido os pressupostos de


admissibilidade requer o devido processamento do presente recurso.

DOS MOTIVOS DA REFORMA DA RESPEITÁVEL SENTENÇA DE FOLHAS.

Na sentença, o juízo a quo, ignorando completamente as


conclusões e esclarecimentos trazidos pelo expert no laudo pericial de fls__, não
reconhecendo o nexo de causalidade entre o labor e doença que acomete o
Reclamante. Conforme trecho abaixo descrito:

(...) O perito nomeado é profissional da confiança do Juízo e não


deve ser destituído simplesmente porque o laudo pericial
apresentado não corrobora a tese de uma das partes. Ademais,
o laudo pericial não vincula a decisão do juiz(...)

(...) Diante do exposto, divirjo do laudo pericial e não reconheço


nexo causal ou concausal entre as doenças acometidas pelo
reclamante e o trabalho prestado para a reclamada.

Julgo improcedentes todos os pedidos formulados na petição


inicial.(...)
Embora seja pacifico que o laudo técnico não vincule o
julgador, em face do princípio da livre apreciação das provas, faz-se necessária, para sua
desqualificação ou invalidade, a produção de prova robusta que nenhum elemento
probatório relevante que possa destituir a perícia realizada, uma vez que esta
transcorreu normalmente conforme as regras processuais pertinentes.

Além do mais, em analise aos laudos juntados, o MM. Juízo


indeferiu os pedido formulados pelo Reclamante, sob a seguinte fundamentação em
suma:

a) Ante as promoções e evolução no plano de carreira da Reclamada, o Reclamante


passou a exercer funções que não exigiam o esforço físico alegado na petição
inicial;

b) As lesões constatadas no laudo pericial são de natureza degenerativa;

c) Que a carga máxima suportada pelo Reclamante seria inferior a máxima


permitida pela CLT que é de 60 kg, conforme previsão do artigo 198.

Entretanto e com o devido respeito, tal decisão merece


reforma, isso porque o Recorrente não pode ser cruelmente penalizado, por ato de
difícil execução, levando em consideração a sua condição e o difícil acesso a documentos
que configurem o nexo de causalidade entre os o labor e moléstia acometida.
Clarividente, em que pese o notável saber jurídico do Juízo
“a quo”, o mesmo se equivocou ao analisar os fatos.

Não se pode desconsiderar a realidade dos fatos narrados


e comprovados durante todo o processo.

Ora Nobres julgadores, apesar das promoções o


Reclamante comprovou pela prova testemunhal que mesmo na função de “monitor
postal” era responsável “por iniciar o transporte das malas para o andar superior,
subindo escada".

Portanto, não que se dizer que o Recorrente desenvolvia


apenas atividades “administrativas” ou de escritório. Assim, de certo que as atividades
de fato exercidas pelo Recorrente correspondem as descritas nas peça inaugural.
Aqui importa salientar, que o Recorrente possuía mais de
50 anos de idade, pacifica a fragilidade fenótipo em trabalhadores nessa faixa etária em
exercer atividades que envolvam levantar e transportar objetos pesados, ainda mais em
si tratando de subir escadas.

Quanto as lesões constatadas no laudo pericial serem de


natureza degenerativa, não merece prosperar, pois ficou evidente que durante sua
atividade laborativa o Recorrente sempre desenvolveu atividade de levantar e
transportar cargas pesadas, inclusive subir escanadas com a carga, que certamente
desencadearam e a doença constatada no laudo pericial.

Muitas profissões possuem sobrecarga física, inerente ao


seu cotidiano e somada a uma postura inadequada ao realizar o esforço, expõem
facilmente o trabalhador a lesões, em especial as que acometem a região lombar, que
é caracterizada como ocupacional. Alguns ambientes são estatisticamente identificados
como de maior risco: construções e indústrias com transportes de cargas.

Em relação a carga suportada pelo trabalhador, em que


pese a previsão legal contida no artigo 198 e 199 da CLT, Convenção OIT n.127,
determinam um limite de 60 kg para homens e 25 kg para mulheres. Não precisa ser
nenhum gênio para concluir que esse padrão está ultrapassado. Para se ter uma ideia,
esse valor foi estipulado com base nas sacas de café que pesavam 60 kg. Já a Norma
Regulamentadora NR 17 que trata especificamente sobre ergonomia não define nada.

Utilizando-se do direito comparado temos o


entendimento da comunidade Européia que determinou, por consenso, 25 kg. A ACGIH
(American Conference of Governmental Industrial Hygienists), por as vez, entidade que
determina os limites de tolerância toma como aceitável 32 kg.

Mesmo assim certo é dizer que nenhum desses


parâmetros atendem com exatidão as necessidades reais, haja vista, existem muitos
fatores que devem ser levados em consideração nas atividade de levantamento pesos,
como Pré-disposição, idade, hábitos de vida, biótipo, posicionamento das articulações
no início e durante o levantamento, a quantidade de carga, velocidade de execução do
movimento, altura em que a carga se encontra no início do levantamento, a presença
ou não de puxadores, uso de acessórios como o cinto de suporte lombar, a pressão
intra-abdominal, entre outros. Tendo isso em vista, evidente que é injusto o
entendimento de que um homem de 50 anos tenha a mesma capacidade de carregar e
suportar peso que outro mais jovem.

Portanto Meritíssimos, a fundamentação da r. sentença


divergindo do laudo pericial não pode prevalecer, devendo ser totalmente reformada.

Face todo o exposto, espera o Recorrente que esse Egrégio


Tribunal, considerando às razões aqui demonstradas, dê provimento ao presente
Recurso e consequentemente haja a reforma da R. sentença, de Primeiro Grau para
julgar totalmente procedente a reclamação trabalhista, por ser medida da mais inteira
Justiça.

Diadema, 19 de junho de 2018.

ZILDA MARIA NOBRE CAVALCANTE

OAB/SP 337.970

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