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162019 Ave uss Cava da Racha Comsia Ecko Edgi0 Capa prjoto atic: ton Catan Preis: Jute Sogn Fnac: Mercavual pease: Gries Eto Palt Incl o documento Arueotogis wanes ~ mantras do mundo, 1BWD, ATSC. 40 man. Pt Mag, 1057. Resa” Kenpo, RBS Video, Ase de Comunizago, Otago. Ane Laas Can da Rocha Mara HeniquteC Sat ——— = Ana Luiza Carvalho da Rocha Cornelia Eekert Etnografia da Duragado antropologia das mem6rias coletivas em colegées etnogréficas Porto Alegre 2013, osha | Behn m4 gai de Dore Capitulo 4 NARRAR A CIDADE: EXPERIENCIAS DE ETNOGRAFIAS DA DURACAO® Quando nés somos a cidade or ea e ela desperta em nés sentimentos diversos sobre pessoas de nossa rede de perenes, fenguanto estranhamos ‘utr, sobre ruas que nos so familiares (evitamosoutes) so bre espagosfrequentados(¢ outros que ignormos)s sobre ran- seunles que nos atraem a atengfo (enquanto evtamos alguns): enfin, estes tants arranjos soci configuram umm sentido de ser «estar na cidade. E nests formas de perecber a cidade que tee ‘mos nosss rina, tragamos percurses,plancjamos alert, en frentamos temores e constrangimentos, A cada dia, cidaclios se I= a cidade povoary nossas memérias. Caminhamos 45 Be tex toile piano a orguad ort Pos ‘sad tuo dele ort geese ptr Porta Alege an ipalrsc. 2010p. 45:08 Areca Peat Postal poi far Fortier ta event conn doy pablo. deslocam para. trabalho, pare compromissos ou para momentos de cio lazer, A descrig da cidade, que somos nds e ue est em ns, é uma narrtiva que se transforma no jogo da meméra ddeseus habitants tanto quanto na do etndgrafo,que reinterpret as interretages dos habitantes cas traeras ele pesquisa, Pare tratar do tema “Leituras da cidade: Porta Alegre seu patriménio’partimos de nosso engajamento com o campo dein terpretagio da Antropologia,e& no imbito desta dscplia que roporos ums reflesio sabre a frca de sentidos queéa dina «a de viver na cidade. Mais espciicamente,trazemos dados de nosso projeto de pesquls sobre a memériacoetiva dos habitan- tes da cidade de Porto Alege, Iniciada em 1987 no ambito de um. neo de estulos que denomsinamos Banco de Imagens eEietos Visuals (rrcas 18H e114, UERGS) 'Bm nosso campo de conhecimento, os habitantes so, na cidade, narradoresem potencial das experincias vives no con- texto urbano, Mesmo em suas manifestaées, nas quai predomi nam logics ideologizadas pela midis, dlmensionamos, na ins- tacia dum tempo naeatvo, pelticas cotdianas do “trabalho da ‘meméria” segundo a qual ordenam sentido desaberes fezeres coletvos, Cert, alguns fazer suas a paaveas de una estrutura = discursiva, moral elgalista~ de poder. Ha pouco que negocian, ro mimtismo das rpresentagSes dominantes, num jogo de me- iiriss que nio selimite reproducdo de lgarescomuns sobre a ‘cidade lgalizada, Mas, em fae do habtante que aceita comparti- ‘har suas interpretages,o tempo vivo na cidade setorna abjeto cle narrativa que operam as formas do pensamento, ordenando 4 descontinuidades dos rtmos ordinérios. Asim, a0 narar as formas do viver sbano em Porto Alege, reconhecem0s 05 its Ainos como uma comunidadediadgica no ambito de um campo Erna afida Pogo somatic; também nos reconhecemos como configuradores de tum pensamento sobre a formas ds temps li viidos. (© habitante na cidade ao restauar 0 enuncados sem- tleos para conselar as imagens de uma Porto Alegre vivida € Jembrada, pode ulrapassar os simbolos que o aculkuram em em blemasIdenttsios reltando o encadesmento sensivel de uma vida pragmstica, Cabe lembrar que adotamos para a ane da idede como objeto temporal as cvlexdes de Gilbert Durand. (1984) Pierre Sansot (1997), a0 stuar a produsio do fenémeno ‘urbano como parte do tjetoantropoligico do bomem, eda sua «lapresene, e agora publica pla narrago a pesquisador. Logos expriénciastemporsis que pasam por al processo denarragio ao enbgrafo circular, no presente, entre as interpre tagies etogrifcas como construgbes dos tempos vivides epen- sds por eles, dando reciprocidede ao deslocamento objetivo € subjetivo de ser-no-mundo, tanto do antropéiogo quanto dos sjeitos de sua pesquisa, pois, como postla Pal Ricoeur (1997, 1.5), 0 tempo se toena Tempe humano na medida em que est ariculado de modo narrative: em compensaglo, a narmativa & ‘sgnifiatva na medida em que esboca as tragos da experiénca temporal” (Ricoeur, 1997, p15) sta dalética da vida nacrada € situads pelo pensar no _agenciamento dosfatos, sendo enti narativa, esatamente 0 que Aristtleschama de muthas” (Ubi p. 63). 0 deslcamento, do simesmo, que configu oat de narra, 2 representagso do tempo dstendido que as aporas de Santo Agostinho (Agostino repaid Deacio aped Ricoeur, ibid, p. 23), reeolocads peo autor, to bem ex ressam: “o que ¢afinal 0 tempo? Se ninguém me pergunt seis se alguém pergunta quero expllear, ni sel mse Tis sporas tratam, assim, do reconhecimento dramitico da ruptura entre o tempo fico eo tempo psiquico, onde se circunsereve a questio {[: "Como tempo pode se, eo pasado io mals sea futuro fo € ainda ese o presente nem sempre & (2. bid, 23). Para einografia da dura, junto com diferentes stages de interacioe socabiidade no cotidiano dos habitanes da cid de de Porto Alegre, 0 procedimentoanalitco das imagens cap tadas, das entrevistase sone gravados, dos videos editadot, nos motiv a experimentar 0 exrccio interpretative dessa diléica de memérn entre tempo penadoetempo vivid, natesstura da intriga acionada pelo narrador nos tres nveis de operagho que estabelece oestatuto da mimétca da agi. Estamos nos apropriando expictamente dos tes nivels da operacio mimétca(timeses I, 1 € IL) ds ago, propastos por Paul Ricoeur e que encadelam os tempos em ss singulridades ~ prefiguragio,configuragio e refiguracio -,respectivamente. ste tempos de acontecimentos do mundo que ns so narrados ‘durante o trabalho de campo (muita vezesacompanbados desl buns de fms, de recrtes de jornais, de objtas de herdados fe) constituem as mediagiessmbslias que do inteligibilidade narrative ao etndgrafo da daragio cos naradorss,trnaen mais uma ver presenteso tos j vivdos. Desa forma, em nosios termes, oatonarrativo passa de um, tempo prefigurado da aco, no nivel da experidnca cotidisna, 8 1g30 do mundo como mimese I, que se iraniforen em un tempa configura simbolicamente pela composigdo naratva ent «al ‘ese I (da qual participa oetndgrafa), tendo em vista comunicat uma experitncis a agaém (no caso da expriénca do trabalho de campo, & comunidad nguistea do priprio anteop6logo) Este {erceeo tempo pontua 6 tempo da ateridade, quando se com nica onarredo outro alguém, sem o que no hi partcpagio na cevocagio do que foi narrado. "No cat da etnografa da duragio,a cidade de Porto Alegre constitu cendro da culture urbana local consolidada em suas eigeshistriase sociogics, gras as sobreposigiesespago temporais & que smente a ordem do expago fantistico da me- iéria de seus habitantes permite aceder. As etrturas que tor. ram ineligivee o campo semantico das agdesdestes abitantes no tempo, evocadas no espaco das narrativas aqu apesentadas, dio conta do proceso de transiguragio incessant ds formas de vida socal dos grupos urbanos, Por outro lado, a memérias dis- pe sobre s taltiras de vida ritmadas nas constantes trans formaagdes © mudangas destrtivas efou crativa. A confit ‘do Roceo que “en adoravs”(d. mm) jf no existe mats apenas em suinas, Mesto que anda existse, 0 centro & hoje evitado peo cast, a nfo ser que » consulta do médico obrigue i 20 centro: “esse cs, vamos evltamos de ix is, assim, o nosso deafio: como aprender esta cultura do tempo? Teremas deenfrentaracompreensio de drama social de corrente da ago dos personagens que redimensionam a vida de Porto Alegre. Intrigas dramatiadas gus, operadas peas narra vasina forma de uma tripice mimes (prefiguracio,configuracio refiguragio), einem num femspo compartihado, ontroverso, vides pesoais,histriascoletivas,lgias soci, rages est turaise organizacionas et, cua tesstura tem por meta fazer concordat tudo aquilo que em si mesmo é discordante ‘Tratase de agencar,naformagio da intriga agora na esc aac taledigdo emogrifica, o reconhecimento da fragiidade da con ‘inuldade das recordagbesnarradas, pola vulnerabiidade do ser no fempo que se esva. A naratva ni fecha una vida na Porto ‘Alegre de ontem, mas situa na descontinuidade do tempo que € ritmo. O jogo “Temirare esquecer”& sim, um projeto de ree tauracio; ainda asim, ingénuo, diz Benjamin, pie s6retoma do passado uma ndoidentidade desi, porque esta est aberta sobre futuro, sobre oinacabado, que, afnal de contas, 0 drama cont rn (Gagne, 1999, p13 16). Sob ese angul, nada do mundo objtivado on subjetivado & ‘gui materiallzado como residade de vida do pass, do onter, ‘em contraste com a condicio presente, do hoe. interpreta de s-mesmos dos nossosnarradores, tanto quanto do etngrafo que ‘compara das experiéncias do vier utbano, agenclada por sua pertenga ao mundo simiblio, a uma culturs urbana qe trans orn a partis dosjogos da meméris de seushabitantes eda forza como da potencialzeo drama do vier caidiane na cidade. ‘Trati-sede um convite a contemplaro acoatecimentourba- no da imagem maésica que os habitants, enquanto stores scias sugerem, ou do fundo comum de sentido ao qual petencen. ‘Tendo por objeto de reflesio as cidadescontemporineas, a n- texpretacio enftiza as formas de organivasio ¢interagia entre Individuos e sus redes de relagdes coma campos de negocio ‘la realidad em miitiplos planos. Thats-se de reconhecer 0 tem: po urbano vivido nas narratives de trajtérias ¢ tineriios de Individuos/grupos neste jogo de eterna reinvencio de “pritcas de itera” de seus habitantes (Goffman, 1974, p42). Assim, podle-seredimensionar a cidade “enogafads” como objeto gue ‘ealiza uma obra temporal, uma vez que seus teritvose ga esse prestam ao enraizamento de uma experincia de setidos | | osha | Bek slstemticamente reiaterpretada por uma comunidade de comu- ricago que emite milla iguragbes de uma constant reonde- agdo do viver cletive. Para reverberar odes conclu que, para nds, antopélogos,“narrara cidade ‘x obra da esstura cos relatos que odenam meméris, stem _nhos percepts setimentos, A mieméria narrada 6a forma de vida citadina se tomada na inteligilidade das experiéncasge- racionais, ede sltuar ada sujito da pesquss como narrador. Tas natrativas so geradas por sistemas simbélicos que configura & _gerama rede de significados eo conjunto de valores em torno dos “qos os habitantes na cidade agenciam suasinterayies socials. ‘Numa etnografa da duraci, as narratives recolhias pelo ntropSlogo, em see ofcio, esto al precismente para circular «assim, provocar novas narativa,¢,com elas, novas Formas de vivera cidade ‘A cidade interpretada se revela, ent, como execiio rfl sive de verse si mesma nas tansformagées profundas tanto ‘quanto nas egulaidadeserotinas de wma vida cotidiana. Neste rocest, a conscinca de (do entropslogo) também & apreens ida na sua ese. A memérla coletiva dos indivkduos ocieatais também a sua "Choon ago aie de Hour, "Norbert Hs senses fen Sots, Ree de Ser Haines Sob Par Dae angi da Daaie Capitulo 5 A CIDADE: SEDE DE SENTIDOS®” O fenémeno urbano cnclecertnadnne nh A= ecm shades ane tenn entrada igo dete ees aren cancer es ae ae Sareea nme cares a ee ree a oa aaa ten Oats iecome ten quar eae ans aece {© te exo ogame pba oo oni poe Male ‘ea Lima Mlb, Care Ei oan eo lan Anrep in Cua Dig daafo cntepornca ABA, Hesa Nom 1

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