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JOVEM EMPRESARIO RURAL Um Novo Concelto para Potenciar © Desenvolvimento do Mundo Rural 2 | noice yf EDITORIAL 3 Jovem Empresério Rural Armando Emanwel Pacheco | Presidente da AIA? DOSSIER 4 Jovem Empresério Rural Vale 2 Pena Discutir Um Novo Conceito de Jovem Empresério Rural? Ls Mira da Siva, Rui Aveda e Lia Correa | Consulah Jovens Agricultores Dinamizam Zonas Rurais, AssungSo Crista | Ministra da Aglcltura, do Mar, do Ambiente edo Ordenamento do Tertrlo (© Rejuvenescimento Agro-Rural: Um Novo Impulso ‘Miguel Freitas | Deputade do Partido Socata Novos Desafios na Regido Centro [Adelina Martins | Directors Regional de Aprcutura « Peseas do Cent SER JOVEM AGRICULTOR 14 Jovem Empreendedor | Na Bovinicultura ‘Ancré.de Olvera e iva REFERENCIAS DO MUNDO RURAL 16 vValeambiente sting Pires Bromo Guedes UM SECTOR EM ANALISE 18 Leite e Juventude Carlos Neves | Produtor de et, Presidente da APROLEP ASSOCIATIVISMO 20 Jovem Empresério Rural | Um Novo Conceito para Potenciar 0 Desenvolvimento do Mundo Rural ‘AJAP NA EUROPA 22 Recursos Escassos da Proxima Geracio de Agricultores Europeus Precisam Urgentemente de Mais Protecc30, PUBLICIDADE 23 PUBLI-REPORTAGEM 24 Sistemas de Injecco de Alta Presso de Combustivel Grupo de Tactores de Portugal PUBLICIDADE 25 PUBLI-REPORTAGEM 26 Sistemas de Produco Renovaveis Energy Solutions [Vsabelra LEGISLACAO 27 PUBLICIDADE 28 ‘AJAP#691 | Jovens Agricutores EDITORIAL | 3 oe ‘A figura de Jovem Empresario Rural é hé muito defendida pela AJAP. Finalmente foi possivel realizar um estudo e criar condigées para debater publicamente a necessidade, reconhecimento e enquadramento desta figura, Objectivando a diminuigao da desertificagio do Mundo Rural, é imperioso reconhecer o papel dos Jovens Empreendedores que, pese embora as miitiplas adversidades que assolam o Pais no geral ea Agricultura em particular, ainda pretendem revitalizar 0 meio rural. Este projecto visa dar resposta a inuimeras questdes: 0 conceito de Jovem Empresério Rural deve ser fechado e restrito ou flexivel e suficientemente abrangente para dar resposta as necessidades do meio rural? Deve estar associado & actividade agricola ou & posse de terra? Deve ser complementar ou alternativo a actividade do Jovem Agricultor? Deve ter por base investimentos de pequena dimensio ‘ou sem esta limitagao? ‘Ainda muito hé que batalhar para obter o reconhecimento do Jovem Empresério Rural e criar condigies para que possa ser definido um adequado programa de apoio financeiro, que alavanque esta figura Importa desde jé reconhecer o trabalho desenvolvido e o empenho de todos os que contribulram para co desenvolvimento deste projecto. Armando Emanuel Pacheco Ficha Técnica Propriedade, Redacrdo © Ediclo AIAP-Associagso dos Jovens Agrcitores de Portugal ia 0. Pedro ¥, 108.24, 1269-128 dos | Tel 233244970 | Fane 223493 480 \ aa Perlodicidade Trimestral E-mail ajap@ajap.pt URL wow.ajap.ct JUL] AGO | SET] 2012 4 | vossiex AAIAP acredita que s6 através do rejuvenescimento do sector agricola, essencial para garantir o futuro do mundo rural, & possivel encontrar uma nova atitude e energia para enfrentar (0 desafios de recorversio e inovagao de sistemas de producéo, transformagao e comercializacio de produtos agricolas, bem como a promocio do espaco rural, suas vivéncias e tradicies. Portugal ndo teré futuro sem um meio rural vivo e desenwolvido, a agricultura é a actividade estruturante do meio rural, segu- ramente no haverd agricultura no futuro sem Jovens. A agri- cultura e a revitalizacio do Mundo Rural tm que ser assumidas AsAPegs | Jovens Agrcultores como vectores estratégicos para o desenvolvimento sustentado do Pals. E de facil demonstracdo que quando a agricultura desaparece ‘numa aldeia ou numa zona rural, tudo o resto desaparece com ela. Pode até ndo sero pilar mais forte ou 0 mais dindmico, mas é sempre uma ncora segura para todos os outros sectores de actividade, Sem a agricultura nao hé ordenamento do territério, nao ha patriménio, culture, em suma nao ha equilbrio na sociedade. Grande parte de Portugal é jd exemplo desta realidade. UM NOVO CONCEITO PAR O DESENVOLVIMENTO DO cee Runs} que quando a agricultura desaparece DE Ree een Race Ree R ce ste kes} eee Omen Caren orc Eero Eee PE ac ee ie Cerne etater ok eat Cae Apesar dos sucessivos quadros de apoio & instalagao de Jovens Agricultores, Portugal, percentualmente, estd na cauda da Europa. A AIAP considera imprescindivel continuar a lutar por esta causa, dinamizadora do Mundo Rural, e seguramente capaz de gerar mais riqueza, emprego e bem-estar social. Todavia, cada vez mais se agravam as dificuldades dos jovens que se instalaram na Agricultura, dfculdades associadas a um forte sentimento de incertezas, devido ao desenvolvimento techolégico, & especializagao, 30 aumento da dimensio econémica vidvel das exploracdes, e ainda ao elevado isco e conotagio negativa que envolve esta actividade. A instalagio exige meios financeiros cada vez mais avultados, ao mesmo tempo que se verifica a dificuldade de acesso ao crédito, Tendo em conta que a agricultura e 0 desenvolvimento do ‘Mundo Rural tém de ser assumidos como uma prioridade para co desenvolvimento sustentado do Pals, a AIAP defende a criagio da figura de Jove Empresério Rural Esta nova figura pode na nossa perspectiva traduzir-se num excelente contributo para contrariar a tendéncia progressiva de destruico do Espaco Rural portugués, tanto pela deser- tificago do interior como pelo abandono das terras no litoral semiurbano, fruto da industrializagao e urbanizago. Se, por um lado, as regides do interior precisam de desenvolvimento, Por outro, o ltoral precisa de proteccao para preservar o que resta da "reserva agricola", de modo a manter a capacidade produtiva dos melhores solos agricolas eimpedir uma concen- tragdo excessiva da populagio em centros urbanos, sem espagos verdes, Os jovens so inequivacamente o garante da viablidade do espaco rural. AAIAP esté preparada, no s6 para assumir as responsabilidades DOSSIER itera na nossa perspectiva traduzir-se eke en Ren Pc) do Espaco Rural portugués, ne CR eect ee Tui a aC acon Re CU MnCR A ec cTeT Ara etn as regi6es do interior precisam Coke an eee RN Dek eee as ene tea ace ad PROS ee a ga) Cee eee Cee uc rs suet) Cre Moe Renee Pes ee ee Os ee Peer cue OMCs Clonee contr a cexistentes no acompanhamento e apoio a instalago de mais Jovens Agricultores, como também no reconhecimento e afirmago dos Jovens Empresarios Rurais, que julgamos de extrema importancia para o desenvolvimento e revitalizac3o, do Mundo Rural portugués. G W JUL] AGO | SET DOSSIER a wa Hé cerca de dois anos a AJAP propés a criacdo de um novo conceito para promover o desenvolvimento rural: 0 “Jovem Empresério Rural”. Mas @ AJAP no se limitou a propor 0 conceito. Apresentou uma proposta concreta e bem estruturada do que pretendia e de quais seriam os objectivos, e 0 modelo, desta nova figura. O “Jovern Empresario Rural” deveria ter menos de 45 anos, ser proprietario de terra (pelo menos um hectare), e deserwolver uma actividade associada & agricultura, Estes eram 0s principals crtérios que definiam o novo conceito. ‘A proposta apresentada gerou um impacto considerdvel, endo {oi apenas no sector, Diversos jornais publicaram artigos e en- trevistas acerca do tema, e algumas individualidades, incluindo ‘© Presidente da Repiblica, manifestaram publicamente o apoio 2 iniciativa. Este apoio nao é de estranhar. O conceito é clara- mente apelativo e, pelo menos numa andlise superficial, muito importante. Que 0 desenvolvimento rural deve ser uma pri- oridade nacional é um facto inquestionavel, nem que seja pelo abandono a que certas dreas do pals esto sujeitas. Que para isso ¢ importante atrair jovens, e preferencialmente empre- sérios, também no se questiona. N3o & por isso de estranhar {ue a junsio das palavras “jover, “empresério" e “rural” num Linico conceito seja algo naturalmente apelativo. © conceito proposto pela AJAP no sofreu entretanto novos desenvolvimentos, nem teve qualquer impacto directo no sector. Isto deveu-se essencialmente a duas razGes. A primeira que em 2010 estavamos a meio de um quadro comunitario de apoio, e a discussio de politicas e medidas nao estava em cima da mesa, como esté, aliés, neste momento. A segunda, talver mais relevante, é que a AJAP sentiu que era necessério discutire analisar mais aprofundadamente 0 conceito, porque na forma como tinha sido proposto poderia ser redundante ou dificil de implementar na pritica. Foi neste contexto que a AJAP decidiu candidatar um projecto a Rede Rural Nacional, com 0 objectivo de reavaliar e redefinir o conceito de “Jove Empresario Rural” © projecto apresentado tem como objectivo dar resposta a rmuitas questes que entretanto surgiram: o conceito de “lovem Empresdrio Rural” deve ser aberto e flexivel ou restrito e foca- do? Deve estar associado a uma actividade agricola e/ou 8 posse de terra ou nio? Deve ser complementar ou alternative 2 actividade de jovem agricultor? Deve ser dirigido a inves- nares YX 6. VALE A PENA DISCUTIR UM NOVO CONCEITO DE JOVEM EMPRESARIO RURAL? I consuiai GPa Mele Senco ene ks BAe Some RNa a COs ec nC us ee PME) Pec Recs Cee Re saa CESS aOR ace Que o desenvolvimento rural deve ser uma Pung eC aCtnc) ree Tear} POO tence ce Or Cece emt ce easy Ea eee erg a Bes ce ee ee Ce ee ae Rees a eu eT) Cara Crea ae e “rural” num Gnico conceito seja algo TE nee esha timentos de pequena escala ou no deve ter esta limitago? E a questo mais importante: ha realmente necessidade de criar um conceito inteiramente novo, ou apenas um conceito ue integre as medidas existentes (ou previstas), que sao j suficientemente abrangentes para dar resposta as necessidades ddo meio rural? Esta Ultima questo é eventualmente a mais importante, Existem actualmente no ProDeR, e esto a ser discutidas no &mbito no novo quadro comunitério e das futuras orientacées para a Politica Agricola Comum, diversas propostas que visam promover e dinamizar 0 desenvolvimento rural, havendo uma continuidade (sendo um reforgo) das iniciativas de apoio aos ovens agricultores. Neste contexto, o que jstiica uma proposta —— possier | 7 ‘especfica para a criagio de um conceito de “Jovem Empresario Rural”? A andlise que tem vindo a ser efectuada no émbito do projecto da Rede Rural Nacional liderado pela AJAP aponta para trés justificagbes. Em primeiro lugar, porque esta seria uma forma de defender a criagao de um apoio (prémio) & instalagao de jovens que desenvolvessem projectos empresariais em meio rural. Endo ha duividas que atrair jovens 20 meio rural é to necessario ‘quanto atrair jovens ao sector agricola. Em segundo lugar, porque a criagio formal desta “figura” permitria criar medidas de discriminago positiva para os jovens empresarios rurais (por exemplo, majoragées nos apoios financeiros ou beneficios fiscais). Em terceiro lugar, e esta justificago no é tao simples ‘quanto as anteriores, ¢ que isto poderia ser uma oportunidade para agregar, flexibilizar e simplificar um conjunto de medidas ‘que actualmente esto dispersas e so pouco flexiveis. Mas fazer é mais dificil do que dizer, e mais importante do que apontar justificagdes para a criagao de um novo conceito & definir 0 modelo em que este deve ser implementado, asse- gurando que no final existem resultados concretos e positivos. ‘Mudar para ficar tudo na mesma néo vale a pena. £ justamente Por isso que o projecto da AJAP é fundamental. Com os resul- tados serd possivel perceber se é necessério e como deve ser implementado o novo canceito de “Jovem Empresario Rural”; ‘que beneficios traz relativamente as medidas que esto a ser iscutidas e como pode criar novas oportunidades, stra ovens epotenciar o desenvolvimento rural € este o objectivo principal do projecto e do trabalho que tem vindo a ser desenvolido pela AJAP. Os resultados obtidos até a data permitem pelo menos sentir que, apesar de mais longo, o caminho certo é este. STE nar EOE Reg sete eo Ce Re Cae ec TOY ee Cae CE Perea Crea eR CRC hn PERO Recon) Denn cen Tica JUL] AGO |SET | 2012 DOSSIER A — ke JOVENS AGRICULTORES DINAMIZAM ZONAS RURAIS | Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Territério 0s jovens estdo a demonstrar que podem ser o motor do desenvolvimento da economia das zonas rurais. Em pouco mais de um ano, mais de 3.000 jovens instalaram-se na agricultura e, mais 1.000, jd apresentaram projetos nas Diregbes Regionais de Agricultura que esto em fase de andlise. Esta adesio dos jovens a agricultura decorre muito da dinamica que o sector regista mas, também, do reconhecimento que 2 agricultura reganhou perante o pals Trata-se de um reconhecimento justo de um sector que, nos Lltimos sete anos, investi mais 5.000 milhes de euros e que, 6m 2011, investiu 900 milhdes de euros. Um sector moderno e sofisticado que exige formacdo, capacidade de gestao e sentido de risco e que em nada corresponde a imagem imobilista e retrograda que, durante décadas, os portugueses tiveram da sua agricultura. Para consolidar esta dindmica de desenvolvimento das zonas rurais, 6 preciso que os jovens apostem nas suas terras € ppercebam que o Portugal rural pode ser uma alternativa para 2 suas vidas. Mesmo nestes tempos de crise, € possivel continuar a apoiar investimentos nas zonas rurais mesmo que do seja diretamente na agricultura, € importante para os jovens que querem investir no mundo rural que tenham consciéncia da importincia da organizacéo e associagio. Uma pequena empresa nunca terd possibilidades de dispor dos meias necessérios para chegar ao mercado com ‘a competitividade e exigéncia de qualidade que hoje se exige. Por isso, estamos a fomentar a concentragdo da oferta através cde uma majorago da ajuda 2os investimentos em Organizagoes de Produtores. Temos exemplos de pequenos agricultores agrupados que criaram infraestruturas de apoio aos seus associados que passam pela assisténcia técnica na produgéo, 2 receps3o, tratamento e embalagem dos produtos e comercializa¢ao 0 que permite diminuir custos de produgao e comercializacdo ganhar dimensio para estar no mercado. Os casos do Quivi ou do Mirtilo so emblematicos do que poder fazer muitas pequenas exploragdes agrupadas, Para n8o falar nos casos das ‘arnes alentejana e barrosi que so exemplos emblematicos de organizagdes de agricultores. ‘Aunvess | Cee Ree Cc Chore ees Cenc ESc Cero ca eon Ce ROI CeCe ec een MRR eC nen ced een Crane i Reo Coen emcee ra Pry CTE ea eMC Cee een te Ear ee Ce yc Caen ee ca ere ee Sa ac er Reuter) Cece etm Uma pequena empresa nunca ter possibilidades de dispor dos meios Ree ee RC) eRe Seen) de qualidade que hoje se exige. Po CeCe Monee Reese da oferta através de uma majo COC ee eet acco DOSSIER 0 Plano de Desenvolvimento Rural contém um conjunto de ‘medidas de apoio ao investimento nas zonas rurais. Se verif carmos os meios disponiveis na medida destinada a dina- rmizagdo das zonas rurais, verificamos que esto disponiveis Incentivos& diversificagdo da atividade nas exploragbes agricolas ‘mas, também, a criagdo de micro-empresas ou 0 desenvol vimento de atividades turisticas e de lazer. Este tipo de in. vvestimentos é uma prioridade da Politica Agricola Comuum, PAC {que obriga que, do conjunto dos fundos destinados 20 desen- volvimento rural, 10% sejam afetos a este tipo de investimentos lem dinamizagio e preservagio das zonas rurais. Estes investimentos sto canalizados através da Rede Rural, ddinamizados pelos Grupos de Ago Local, GAL, espalhados 20 longo do pais e constituem uma oportunidade real de in vvestimento nas 2onas rurais. Também aqui, a palavra-chave é organizagio e interligacio com as varias entidades que tra balham em cada regio. Um projeto de investimento 6 faz sentido se responder a uma necessidade concreta do mercado a que é destinada e gerar complementaridades com o tecido econémico e social locals. COCR enc contém um conjunto de medidas de apoio PO ae ORES Se Rae eR eu SPICE) Aeron CeCe tices verificamos que esto dispontveis SOE ete) CO Renee cee eco eae ee aE ere a eee reno) COR CeCe Ca Peet eed era da Politica Agricola Comum, PAC que Onto C SRI Rei Le lord ao desenvolvimento rural, Ree Cree ce) RTT ace Rela area Lo) reac eee ico JUL] AGO | SET 10 DOSSIER 1 Freitas rejuvenescimento do setor agricola e a atracéo de jovens para 0 espaco rural deve ser uma prioridade nacional. Sd0 miltiplas as atividades que aqui se podem desenvolver. E é nessa diversidade que constitui a economia agréria que faz sentido afirmar o conceito de jovem produtor rural. Alguém que é capaz de desenvolver atividades integradas em espaco rural, @ partir de uma base agro-florestal. isso requer escolhas. Desde logo, temos de culdar 0 discurso politico. A retérica de que todos os jovens que no podem fazer outra coisa podem vir para a agricultura é um perigo. Dé uma ideia de facilitismo. (Ora, aagricultura é uma atividade exigente em conhecimentos, de alto risco e com periodo longo de retorno. Rejuvenescer, sim, mas com saber e ponderacio. E a vida no interior do pais, particularmente nos espacos rurais 6 dura. Ea desestruturacio institucional que se verifica, com © encerramento de servigos piiblicos, no ajuda. A anélise demografica mostra um abandono das freguesias rurais, um cenvelhecimento das nossas aldeias evilas, um empobrecimento social do interior. Mas hd todo um tecido urbano das pequenas cidades em reconstrugo e uma nova relago entre a cidade e ‘0 campo que é preciso potenciar. £ preciso encarar a realidade ‘em mudanga e encontrar solugdes inovadoras, Hé sinais de que os jovens querem regressar ao setor agricola. Por um lado, aumentou o niimero de projetos de jovens agricultores no PRODER. Hé um sentimento geral de que estes, projetos sao consistentes e tém pernas para andar. Resta saber {quantos jovens que fizeram esta aposta no tinham jéligagao a terra e so verdadeiramente novas entradas na economia rural, Além disso, hé muitos pequenos e micro projetos de diversficagao de atividades. Resta saber quantos so jovens e qual a sua relago com o local de instalagio do projeto. Por outro lado, 0 ensino de agronomia parece ter um novo impulso, com uma procura este ano superior a0 dos anos transatos. Sinal de uma maior expetativa de empregabilidade. 434 08 cursos de silvicultura sofreram um enorme desgaste. E sejamos claros, Para os novos técnicos agricolas portugueses i8 no ha solugdes nas instituiges, quer piiblicas, quer associativas. As alternativas que restam esto no empre- endedorismo, criando o seu préprio projeto e na atividade produtiva. Mas outros jovens com formacGes diversas se podem [AIAP#G3 | Jovens Agricultores associar a este novo movimento de redescoberta da agricultura das atividades rurais. € preciso formacao sdlida e instrumentos de politica e de contexto bem adaptados a esta realidade, que ‘no sendo completamente nova, é cada vez mais seletiva. Com realismo podemos dizer que ha aqui uma oportunidade de futuro, se formos capazes de a construir coletivamente. UCR eRe) PECL Cones Coc Pn acne ener eno CoM re ese Cea CSU otc CORE eure Cee nett) Bree eee ace cs ee cn acc Ce carey Creer ecco ae O acesso & terra & importante. A bolsa de terras no seré uma reforma estrutural, mas pode ser um instrumento util para ‘trazerracionalidade econémica a novas exploragées, 0 direito de preferéncia na aquisi¢éo ou arrendamento de terra deve ser flexivel e adaptado ao local e a cada caso concreto. Mas a preferéncia aos jovens agricultores deve ser @ orientacao geral. A politica de regadio é absolutamente crucial. A agricultura ganha competitividade com a disponibilidade de dgua. Por sso E necessério reforcar o investimento, quer na recuperago dos regadios tradicionais, quer nos novos regadios. € ter uma op¢o clara no sentido de um maior e melhor aproveitamento dos regadios jé existentes. Estamos a discutir a reforma da PAC e os novos mecanismos de planeamento até 2020. £ tempo de agarrar a oportunidade. Estdo previstos mais apoios especificos para os jovens agricultores, Com a redistribuigdo das ajudas ditetas e o reforgo da componente ambiental, vai ser preciso encontrar novos modelos de exploraco que concretizem o sentido da ‘multifuncionalidade. € preciso uma dotagio financeira capaz 4e incentivar novos projetos agrcolase florestas, de jovens | produtores rurais. Estes instrumentos devern estar relacionados com a bolsa de terras e a politica de regadio, particularmente para as produgdes intensivas e de grandes mercados. Mas também com a diversificagSo de atividades. No dominio da diversificaco de atividades dever-se-é estimular ‘as economias de aglomeracéo, procurando que haja pequenos €e micro projetos de transformagao e comercializagio, dentro ou fora da exploragio agricola. Muito ja foi feito nesta frente, ctiando-se mercados de proximidade interessantes. Mas é um cesforco que deve continuar. Ha ainda espaco de valorizagao {das produgées de pequena escala, (© desenho do préximo instrumento de planeamento é essencial Simplifcar, retirar carga burocrética, mas também abrir novos modelos de candidatura que permitam dar coeréncia e Viabilidade aos projetos multifuncionais. Dando expresso a ‘exigéncias de uma economia a precisar de reforcar a produg3o de bens transacionavels, e dando resposta as necessidades cfetivas daqueles que querem investr. Em suma, temos desafios tremendos pela frente que exigem dos produtores rurais e das administragées, pablicas e privadas, cestratégias de eficiéncia coletiva. Ha sempre um ponto mais alto a que queremos chegar. Sem esquecer 0 muito que ja foi feito. Considero, sinceramente, que todos os novos conceitos dever ser integrados, num processo iterativo entre a politica ea realidade econémica e social. £, assim, que encaro a projecso do “jovem produtor rural” e a formulacio dos instrumentos de planeamento. Para um novo impulso no rejuvenescimento agro-rural Oe Ei acne Aer) CeCe Saute re ee enn Pearce eeu) Ee ice eic Ceres ue CECE niet) OT ace nl coke RC ac Te gio Cec ee Reece Reecm Be uC Cea ety Cees} Clee see aaa ea JUL] AGO | SET DOSSIER a NOVOS DESAFIOS NA REGIAO CENTRO | Directora Regional de Agricultura e Pescas do Centro Na DRAP Centro, na zona de Idanha-a-Nova, na Herdade do Couto da Vérzea, pela mao de mais de duas dezenas de jovens, est a nascer a maior area continua de produgio de mirtilo em Portugal. ‘Tata-se de um investimento em cerca de 50 hectares de mito, um fruto silvestre que escasseia na Europa e cuja producso apresenta um elevado potencial de exportacéo. Por questdes conjunturais, estes jovens, oriundos das mais variadas zonas do pais e de espacos rurais distintos, de for ‘mages diversas, desde professores, arquitetos, engenheiros, enfermeiros, etc., decidiram criar novas oportunidades de rnegécio, complementando a sua atividade profissional noutras reas com a atividade rural e pecusria, identificando novos rnichos de mercado, ou dinamizando os existentes. ‘Tem-se assistido a um regresso & terra como resposta a uma ecessidade de novas estratégias de desenvolvimento rural, envolvendo o fortalecimento da agricultura familiar, como ‘meio de assegurar a permanéncia no campo das novas geracées, o.que fez com que algumas dezenas de jovens considerassem co setor primério uma boa aposta ‘As sociedades rurais contempordneas apresentam cada ver mais mudangas significativas no 4mbito das concegdes do mundo, das modalidades de trabalho e dos estilos de vida e, COCR ULC Ree ec coe de formacées diversas, desde professores, Cece Cu ee aa Cer Rae aac Crete ee ut) atividade profissional noutras 4reas CEM CSR cure identificando novos nichos de mercado, OM neste ceed Asarést | eee Mee ca) CoC CEM Mec COR oe ea) eee ea EEC Rca) Correa mu ncaa Rc COU Sd eon Rr ea ee ecu eC a COR Ree aC) Oat eae See ec Ue ecu d COS ee De Conan oe COO nec Reet eee CRTC) Dossier | 13 sobretudo, dos processos de tomada de decisio e escolhas de futuro. Espera-se que esta nova aposta num investimento feito ‘no interior, alie 0 conceito de jovem agricultor ao conceito de empreendedorismo, enquanto promotor do desenvolvimento leconémico e social das regides do interior, da melhoria do bem estar da populacio e da dinamizagio da cidadania das populacoes, Esta 6 também uma aposta centrada nas pessoas, Uma aposta que pretende tornar mais apelativo o espago rural e assim combater a desertficagdo, fazendo-o inverter pela via da fxacdo da popula¢io ativa nos meios rurais mais desfavorecidos contrariando assim o que nos dltimos tempos se tem notado acontecer, Uma situag3o na qual com muita frequéncia 0 Jovens se deslocam em Portugal para os grandes centros urbanos, na maior parte das vezes para o litoral, ou procuram novos desafios no estrangeiro, Esta dinamica de “regresso a terra” dos jovens, tem vindo a crescer na regido Centro, sendo que jé se instalaram com 0 apoio do PRODER, na regido cerca de 950 jovens, com investimento previsto de 78 ME, aque acresce um prémio de 1 instalagio de 32 ME. SER JOVEM AGRICULTOR == ‘André de Oliveira e Silva 23 anos Solteio 128 Ano. Técnico de Agropecusria,Frequenta 0 Curso de Cuidados Veterinérios. 2009 20ha Bovinos de Leite © proprio eum ordenhador a meio tempo AsAPess | Pet Cece Con acs Pee eae et et eee ee a Desde middo que queria ser agricultor e produtor de leite de vaca. (0s meus pais tinham a exploragdo orientada para outras actividades, nomeadamente a producio de flores e de batatas. Também tinham vacas minhotas, avelhas e cabras. Sempre os ajudel nas tarefas agricolas mas desde logo verifiquel {que no eram aquelas actividades que me seduziam nem me permi- tiam auferir um rendimento que me pudesse manter na agrculturs, £m 2008 conclu o curso de Técnico de Agropecudria e apresentel ‘um projecto de Jovem Agricultor(elaborado pelos servgos técnicos da AAP), cujos investimentos conclul este ano. Foram quatro anos de muitas dificuldades, com uma conjuntura €econémica muito pouco favorével 20 sector leitero:olete a babar de prego © as matérias primas, componentes das races a subir, 'bem como todos 0s factores de producSo agricola. Os bancos ai sitar créito 20s ovens porque nao tém hstérco etanta burocracia com que me tive que bater, quer para construir as instalacdes pecuariaselegalizéas, quer para comesar a entregar oleite 3 Agros, Hoje reconheso, como dizem colegas mais velhos, que me metinisto 1a plor altura, mas também acredito que se sobreviver a esta fase dif ficarei preparado para enfrentar novos desafios no sector, Pee eet eo Se ees Pree er cree ered Felizmente o sector lelteiro soube organizar-se no passado, desen- volvendo um sistema cooperativo muito forte e muito bem sucedido, Desde que se consiga nele entrar 0 problema do escoamento no se tem colocado. a grande vantagem deste sector. 3~ Acompanha o desenvolvimento das Novas Tecnologias de ee eon eee et een Seen ee tee cts ‘Acompanhar acompanho em conhecimento das mesmas agora aplicd-las na exploracio é que vai mals devagar porque é preciso investi muito ejé fall das difculdades com que nos deparamos. Pee eo ee eC Cee seek noe eed ee ec eect ee eee oe cored Na elaboracdo do projectotivemos que ter em atengao esses pres- supostas ambientas.Instalamos um recuperadar de calor (com 0 calor libertado pelos motores do tanque de refrigerac3o do leite conseguimos aquecer a gua que necessitarmos na explora¢do). Instalamos também um reservatério de chorume que nos permite armazenar mesmo durante os meses de Inverno, para aplicagso como fertilizante nas culturas de Primavera e Vero, evitando com este procedimento a sua aplicaco no perfado das chuvas que levaria 1 uma lsviagao dos solos e contaminagso das éguas com nitratos. Pee eee or a eee Coens Cre Steer eee eter reread Penso que o primeiro factor é a paixdo pela agricultura que nos leva a delxar para trés horas de divertimento e de convivio quer com amigos ques com a familia, trnando-nes mesmo “escravos" desta paixéo. € uma profissdo que nos envolve no minimo dezasseis horas por dia f muito importante o apoio familar ede toda a comunidade {ue nos rodeia,principalmente dos outros agricultores mais velhos. Se untarmos a isto a forga que temas, novos conheclmentos e novas ‘tecnologias.. por certo venceremos. Cee ee Ore Eee Esté dificil de fazer planos a médio prazo e pior a longo praz0, No lentanto pretendo a curto prazo crescer para as 70 produtoras em lordenha e para cerca de 150 animais na exploracSo. Terei que alugar mals SAU e fazer obras no estédulo, bem como adauirr uma nova Unidade de ordena ou introdurir os robots de ordenha. Pen eon eta Pois ai € que esté a questo. Como vamos aguentar-nos quando acabaro sistema de quotas que nos tem defendido da concorréncia dos nossos colegas dos paises do Norte da Europa com exploragdes ‘mais bem dimensionadas e com eustos de arodugio mals babsos. Ainda acredito que vai ser encontrado mais um periodo transitério fem que nos vlo permitirevoluir mais para ficarmos mals préximos o nivel deles. DUNG UUs Determinagio, Se quisermos somos capazes. REFERENCIAS DO MUNDO RURAL A — VALEAMBIENTE - ASSOCIACAO PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DO INTERIOR NORTE valeambiente AValeambiente ~ Associacéo para 0 Desenvolvimento Integrado do Interior Norte, sediada em Valpagos, foi constituida em julho de 2010 com 0 objetivo de promover os interesses lespecificos e setorials dos seus associados e partes interessadas, relacionados com a atividade agricola e ambiental Nasceu num espaco pequeno, mas com uma vontade grande , passados dois meses, contava jé com 200 associados e um novo posto de atendimento situado em Rebordelo, concelho de Vinhals. a, AsAPe9t | Desde a sua constituicio, 2 Valeambiente tem crescido a um ritmo de 30% 20 ano e, atualmente, tém cerca de 500 asso- ciados apoiados por 2 téenicos superiores. Os servigos prestados si0 a elaboragio de candldaturas ao Pedido Unico (PU), atendimento permanente ao Parcel Agricola, com panhamento de exploracdes agricola, assisténca & converséo ao Modo de Producao Biolégico (MP8) e Produgao Integrada (PRODI), assisténcia ao Servigo de Aconselhamento Agricola (SAA), elaboragio de projetosagricolas a0 Programa de De. senvolvimento Rural (PRODER), execucdo de contabilidades agricolas (RICA), assisténcia & certificacdo de produtos agricolas (IGP, ETG, DOP, DOC, B10 e PRODI), Posto de Atendimento SNIRA e ¢ promotora de formacio profissional certiicada Situada num concelho de pequenos agricultores, em que a maioria dos produtores ultrapassam os 60 anos de idade € ‘onde 0s apoios nunca so suficientes para um setor cada vez ‘mais débil, a Valeambiente enfrenta um futuro rigoroso, pois depende quase na totalidade da manutengio da atividade agricola e dos apoios que Ihe esto associados. Por isso & necessario repensar todos os dias, novos desafios. E urgente inverter a tend@ncia de quem pratica esta atividade e de como se pratica, mas mais do que isso, é importante criar condigoes atrativas, alterar as formas de apoio, mudar mentalidades, formar jovens, ensinando-lhes a profissio, fazendo-os acreditar que hd futuro, Assim, a Valeambiente tem vindo a estabelecer diversas parcerias com entidades publicas e privadas do setor, de forma a responder as exigéncias dos associados e a manter uma cadeia de informagao préxima, credivel e acessivel a todos. © futuro avizinha-se dificil, mas a Valeambiente ciente das potencialidades deste concelho agricola, rico em termos de

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