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Curso de Engenharia Civil

Disciplina: Materiais de Construção I

Prof.: MSc Paulo. R. dos Santos


FACULDADE
METROPOLITANA DE
Edição: Priscila Santos
2012 CAMPINAS - METROCAMP
Ementa e Objetivos do curso:
• Ementa

Introdução aos materiais de construção civil, fundamentos da


Ciência dos Materiais, rochas e solos, materiais cerâmicos e aglomerantes
minerais.

• Objetivos

a)Competências:

Conhecer os conceitos da ciência dos materiais.

Conhecer as características estruturais dos materiais e seu


emprego na construção civil.

Conhecer a formatação da legislação de garantia das qualidades e


dos desempenhos dos materiais.

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Ementa e Objetivos do curso:
• Objetivos – Competências:

Aplicar conceitos de disciplinas como Física Geral, Mecânica dos


Sólidos e Ciência dos Materiais na abordagem do uso dos materiais
na construção civil, bem como relacionar suas utilizações em
questões relacionadas ao meio ambiente, reciclagem, impactos
econômicos e sociais.

b) Habilidades:

Conhecer a cadeia básica de obtenção dos materiais empregados


na construção civil e seus impactos.

Aplicar soluções de promoção da preservação ambiental e


adequabilidade da escolha dos materiais usuais na construção civil.

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Conteúdo
• Introdução aos materiais de construção civil:
Ciência dos materiais, qualidade e desempenho,
normalização, questões ambientais.

• Fundamentes da Ciência dos Materiais:


Estrutura atômica, propriedades, mecânica da
fratura, microestruturas dos materiais, corrosão e degradação.

• Rochas e solos:
Uso na construção civil, agregados, solo.

• Materiais cerâmicos:
Cerâmica vermelha, acabamentos e aparelhos, materiais
refratários e abrasivos, vidros.

• Aglomerantes minerais:
Cal, gesso, cimento portland.

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• Conceito

• É um material branco, fino que se hidrata em contato com a água num


processo exotérmico, formando um produto não hidráulico e rígido. É produzido
por calcinação do minério natural gipso ou de sulfato de cálcio hidratado
residual
• Constituído essencialmente de sulfatos de cálcio – hemidrato, anidritas
solúvel e insolúvel – e a gipsita procedente da matéria prima.

• Apresentam velocidade de pega e endurecimento mais rápidas que o


cimento portland e a cal hidratada, em alguma variedades a reação se
completa antes de uma hora, por isso para maior flexibilidade na aplicação são
utilizados aditivos retardadores.

• Propriedades específicas:
• elevada plasticidade da pasta;
• pega e endurecimento rápido;
• finura equivalente ao cimento;
• pequeno poder de retração na secagem;
• estabilidade volumétrica;
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Uso:
• Desempenho satisfatório quando utilizado como aglomerante na fabricação de
premoldados ou aplicado como revestimento.

• A propriedade de absorver e liberar umidade ao ambiente confere aos


revestimentos em gesso um elevado poder de equilíbrio higroscópico, além de
funcionar como inibidor de propagação de chamas, liberando moléculas d’água
quando em contato com o fogo.

• Devido a solubilidade dos produtos em gesso ( 1,8 g/ l ), a utilização destes


fica restrito a ambientes interiores e onde não haja contato direto e constante
com água ( áreas molhadas)

• Cuidados especiais:
• alto poder oxidante do gesso quando em contato com componentes
ferrosos;
• o alto poder expansivo das moléculas de etringita, formadas na
associação do gesso com o cimento em fase de hidratação;
• diminuição da resistência com o grau de umidade absorvida;
• a solubilidade e lixiviação com a percolação de água constante
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• Matérias Primas

• O minério de gesso (gipsita), formado entre 100 e 200 milhões de anos


atrás, está presente em grande parte da superfície terrestre. Sua extração não
gera resíduos tóxicos e requer pouca interferência na superfície. As fábricas de
chapas de gesso e outros derivados da gipsita são instalações limpas, que
somente liberam vapor d'água na atmosfera.

• A extração do minério é feia a céu aberto, seguida de britagem, moagem


grossa e estocagem com homogeneização. A secagem é feita por calcinação,
moagem fina e ensilagem, isso porque a umidade não pode ser maior que
10%.

• O gesso pode ser produzido a partir da matéria prima natural como o gipso,
os sulfatos naturais são um tipo particular de rocha sedimentar, que são as
rochas mais solúveis constituídas principalmente de cloretos e sulfatos de
sódio, cálcio, magnésio e potássio;

• Podem ser utilizados sulfatos de cálcio oriundo de resíduos industriais, que


podem vir das indústrias de fertilizantes, produção de ácido fluorídrico e
purificação de gases.
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• Mineração e Calcinação da Gipsita (mineral natural produzido
pela evaporação dos mares).

Manhã de RH – São José dos Campos 8


Gesso de Construção Civil
• Mecanismos de Produção

• O gesso é o produto da desidratação térmica da gipsita e sua posterior


moagem. As temperaturas relativamente baixas (150ºC - 140ºC), a gipsita
perde parte de sua água de composição resultando no hemidrato. Na produção
comercial, a desidratação resulta também na produção de anidrita.

2 CaSO4.2H2O) (gipsita) > Δt > (CaSO4)2.H2 O + 3.H2O) (gesso) + (água)

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• Mecanismos de Hidratação

• O gesso misturado com água suficiente forma uma pasta homogênea que,
após poucos minutos, torna-se consistente e trabalhável. A consistência
aumenta até o endurecimento, quando ganha resistência.

• Hidratação, pega e endurecimento

• O gesso em contato com a água volta a se hidratar. Na hidratação, o


hemidrato e a anidrita retomam a quantidade de água perdida na calcinação,
regenerando o sulfato de cálcio di-hidrato.

• Esse endurecimento (cristalização) se dá através de núcleos que vão se


expandindo. O tamanho dos cristais depende das impurezas do gesso, dos
aditivos usados (geralmente controladores do tempo de pega) e das condições
de cristalização.

• Em geral, um dihidrato com cristais grandes tem menor resistência


mecânica que um com cristais menores.

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• Hidratação, pega e endurecimento

• O endurecimento completo ocorre depois que o excesso de água evaporou,


deixando os poros. A figura abaixo foi obtida por microscopia eletrônica de
varredura, elétrons secundários. O tamanho dos cristais é de aproximadamente de
15um.(micrometros).

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• Hidratação, pega e endurecimento

• Após um pico de liberação da energia superficial devido a molhagem (pico que


inicia no tempo 0 na linha azul, segunda figura) o gesso passa por um período de
pequena atividade química. Durante este período a pasta mantém a sua
trabalhabilidade.

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• Hidratação, pega e endurecimento

Tempo de pega

• Se relaciona diretamente com o tempo necessário para que os cristais de


gipsita estejam presentes em número suficiente, capazes de suportar tensões.

• O tempo de início de pega, determinado segundo a norma brasileira NBR


12128, é o tempo decorrido a partir do momento que o gesso tomou contato
com a água até o instante em que a agulha do aparelho de VICAT não mais
penetra até o fundo, estacionando a l mm do fundo.

• O tempo de fim de pega é o tempo decorrido a partir do momento que o


gesso entra em contato com a água até o instante que a agulha do aparelho de
VICAT não mais deixa impressão na superfície.

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• Propriedades físicas e mecânicas do gesso

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• Propriedades físicas e mecânicas do gesso

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• Propriedades físicas e mecânicas do gesso
Grau de cristalização

A depender do processo de calcinação do gesso, duas cristalizações podem


acontecer, a alfa, onde os cristais são bem formados e homogêneos e a beta
onde são mal formados e heterogêneos. Os gessos alfa têm maior tendência a
formar produtos com maior tempo de pega e maior resistência por ser menos
solúvel e, portanto, necessitar de menos água de amassamento para se ter a
trabalhabilidade desejada. Já os gessos beta tem mais tendência a formar
produzir de menor tempo de pega e menor resistência. Na construção, o gesso
empregado é o gesso tipo beta, contendo pequenas proporções de anidrita
(solúvel e insolúvel) e impurezas como o próprio dihidrato (matéria-prima) e
argilominerais.

Homogeneidade

Gessos com grau de cristalização ou de desidratação diferentes aceleram o


tempo de pega e diminuem a resistência mecânica do produto final.

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• Propriedades físicas e mecânicas do gesso
Finura

Quanto menores forem as partículas de gesso mais rápido será a pega, pois a
superfície de contato será maior e consequentemente mais saturada será a
mistura, favorecendo a cristalização, diminuindo o tempo de pega e aumentando
a resistência final.

Consistência (fator água/gesso)

Quanto maior for este fator, maior quantidade d’água em relação a massa de
gesso, e maior o tempo de pega, pois a solução estará menos saturada, porém
menor será sua resistência final.

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Influência da mistura com areia

A mistura de gesso com areia para formar argamassa é possível, porém as


propriedades físico-mecânias diminuem sensivelmente: a consistência, o tempo de
pega e a resistência mecânica decrescem proporcionalmente com o acréscimo da
proporção de areia.

Aditivos

Aditivos químicos - interferir no tempo de pega.


- Aceleradores: diminuem o tempo de pega - a exemplo destes estão os sulfatos ( o
maior exemplo é a gipsita ).
- Retardadores: aumentam o tempo de pega - a exemplo destes estão os ácidos e os
colóides.
- Retentores de água: incorporam/absorvem água em suas moléculas/rede molecular
e liberam aos poucos para o processo de hidratação. Exemplo hidroxietil-celulose e
hidróxido de cálcio.
- Adesivos: promovem adesão através da polimerização química. Exemplo: PVA e
EVA.
- Plastificantes: diminuem a tensão superficial das moléculas formada na mistura ,
aumentando fluidez. Exemplo os sabões e detergentes.
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Gesso de Construção Civil
Outras Características do Gesso

Leveza: paredes, divisórias e peças de gesso são mais leves do que peças
feitas de outro material; e podem ser usadas em apartamentos, sem alterar a
estrutura.

Facilidade de manuseio para execução de detalhes.

Apesar da inevitável sujeira - seu ponto fraco, não há como evitá-la -, muitos
preferem ter uma parede de gesso no apartamento à sujeira de cimento, pedra,
cal e água.

Rapidez de aplicação.

Recebe bem todos os tipos de pintura e acabamento.

Sua manutenção é simples: basta pano úmido e sabão de coco.

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Não suporta água. Por isso os profissionais recomendam sua aplicação apenas
em ambientes internos ou protegidos da chuva. Porém, existem placas
Resistentes à Umidade (RU), produzidas especialmente para utilização em
áreas molhadas. Possuem na composição do gesso, aditivos especiais que as
tornam mais resistentes aos vapores e aos fungos resultantes da ação da
umidade.

Para as áreas constantemente molhadas (ex. Box de chuveiros) é indispensável


à impermeabilização. Deve ser realizado o tratamento da base da parede com
rodapé de impermeabilização. Recomenda-se o uso de mantas asfálticas com
10 a 20 cm de altura ou a aplicação de uma junta elástica na junção da placa
RU (Resistente à Umidade) com o piso, seguida de pintura cristalizante subindo
mais ou menos 20 cm na parede.

O gesso é considerado isolante térmico e acústico natural; É possível fazer uma


parede de gesso acartonado com um isolamento acústico muito superior do que
paredes de tijolos, entretanto, o inverso não é possível, pelo menos de uma
forma racional.

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Gesso de Construção Civil
• Propriedades físicas e mecânicas do gesso

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• Propriedades físicas e mecânicas do gesso

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Gesso de Construção Civil
• Propriedades físicas e mecânicas do gesso

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• Aditivos retardadores de pega

• Adicionados em pequenas quantidades aceleram ou retardam a pega e o


endurecimento, dependendo do tipo de espécie química. Os aceleradores
aumentam a velocidade de hidratação, e os retardadores atrasam a reação.
• Os retardadores são produtos orgânicos ou inorgânicos
• Os orgânicos mais usados são os ácidos carboxílicos, formado a partir da
oxidação de álcoois e as proteínas.
• No grupo dos inorgânicos os mais comuns são os fosfatos e boratos.

• Aplicações

• Revestimentos com pastas de gesso têm grande mercado, pois simplificam


o processo de revestimento de paredes. Quando aplicados na forma de pasta
oferecem uma superfície branca que facilmente é coberta por pintura e
acabamento liso.

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Gesso de Construção Civil
• O gesso se hidrata rapidamente, encurtando o período entre a aplicação e o
acabamento com a pintura, permitindo aumentar a velocidade da obra com a
simplificação do processo.

• Pastas de gesso modificadas

• A redução das perdas, a eliminação do tempo de espera e o aumento do


tempo útil certamente levariam um aumento da competitividade eco-eficiência
das pastas de gesso. A redução do tempo de espera é possível pela
modificação da reologia, que pode ser conseguida através da adição de
produtos com elevada área específica, como a cal hidratada, ou aditivos
espessantes, como os derivados de celulose HEC (hidroxietil-celulose), HEMC
(hidroxi-etil-metil-celulose).

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Gesso de Construção Civil

• Vantagens: O efeito da adição da cal no gesso propiciou a realização de


misturas que puderam ser aplicadas imediatamente após a mistura e que
apresentam um consumo de material equivalente à mistura sem a cal
hidratada, mas com aumento do tempo de pega entre 78% e 100%.

• Desvantagens: a substituição parcial do gesso pela cal, mantendo-se o teor


de água constante, provocou uma redução de resistência mecânica à
compressão e no módulo de elasticidade dinâmico.

• Gesso acartonado

Dimensão Mínimo Máximo Tolerância


Espessura (mm) 10 15 0,5<t<0,5
Largura (mm) 600 1200 -4 < t<0
Comprimento (mm) 1800 3600 -5 < t <0
Densidade superficial da massa (Kg/m²) ~6 13 2%
Resist. Transversal mín. à ruptura à flexão (N/m) 160 250
Resist. Longitudinal mín. de ruptura na flexão (N/m) 400 650

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• Placas e outros componentes de gesso

• As placas lisas de gesso moldado, com dimensões de 60x60cm, com borda


reforçada são aplicações consagradas no mercado de forros suspensos.
• Existem também blocos de gesso moldados para uso em alvenarias. São
paralelepípedos vazados, com grandes dimensões (500mm x 666mm, com
espessuras entre 50m e 100mm), permitindo boa produtividade na elevação da
alvenaria.

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