Você está na página 1de 10
ara c@los DAVID E. ZIMERMAN LUIZ CARLOS OSORIO i E COLABORADORES COMO TRABALHAMOS COM GRUPOS neBIEAS PORTO ALEGRE, 1997 Fundamentos Teéricos DAVID E, ZIMERMAN Coerente com a proposigio geral deste livro, que é a de manter uma simplificagio de natureza diditica dos assuntos pertinentes aos grupos, o presente capitulo vai abordar unicamente alguns aspectos que fundamentam a teoria — tendo-se em vista a sua aplicabilidade pritica -, sem a menor pretensfio de esgotar ou de explorar toda a complexidade de um aprofundamento teérico que a dinfmica de grupo permite, pro- picia e merece. Inicialmente, a fim de situar o leitor que ainda nfo esteja muito familiarizado com a rea de grupos, mencionaremos e faremos uma breve referéncia a alguns dos autores mais citados na literatura e que mais contribufram para o desenvolvimento do movimento grupalista. A seguir, serd feita uma necessdria revistio acerca da concei- tuagdo de grupo e, por tiltimo, uma abordagem dos aspectos psicolégicos contidos na dindmica do campo grupal. ALGUNS AUTORES IMPORTANTES J. Pratt. As grupoterapias estiio comemorando o seu primeiro centendrio de existén- cia, Isso se deve ao fato de que a inaugurago do recurso grupoterdpico comegou com este tisiologista americano que, a partir de 1905, em uma enfermaria com mais de 50 pacientes tuberculosos, criou, intuitivamente, 0 método de “classes coletivas”, as quais consistiam em uma aula prévia\ministrada por Pratt) sobre a higiene e os pro- blemas da tuberculose, seguida de perguntas dos pacientes e da sua livre discussaio com 0 médico, Nessas reuniées, criava-se um clima de emulagio, sendo que os pacien- tes mais interessados nas atividades coletivas e na aplicagiio das medidas higieno- dietéticas eram premiados com o privilégio de ocupar as primeiras filas da sala de aula. Esse método, que mostrou excelentes resultados na aceleragéio da recuperagaio fisica dos doentes, esté baseado na identificagaio desses com 0 médico, compondo uma estrutura familiar-fraternal e exercendo o que hoje chamamos “fungao continen- te” do grupo. Pode-se dizer que essa se constitui na primeira experiéncia grupoterapica registrada na literatura especializada e que, embora tenha sido realizada em bases empfricas, serviu como modelo para outras organizagdes similares, como, por exem- plo, a da prestigiosa “Alco6licos Anénimos”, iniciada em 1935 ¢ que ainda se man- tém com uma popularidade crescente. Da mesma forma, sentimos uma emogiio fasci- nante que sentimos ao percebermos que na atualidade a esséncia do velho método de 24 + cimeRMaN & osorio Pratt esté sendo revitalizada e bastante aplicada justamente onde ela comegou, ou seja, no campo da medicina, sob a forma de grupos homogéneos de auto-ajuda, ¢ coorcenada por médicos (ou pessoal do corpo de enfermagem) nao-psiquiatras. Freud. Embora nunca tenha trabalhado diretamente com grupoterapias, Freud trouxe valiosas contribuigdes especificas a psicologia dos grupos humanos tanto im- plicita (pelos ensinamentos contidos em toda a sua obra) como também explicita- mente, através de seus 5 conhecidos trabalhos: As perspectivas futuras da terapé tica psicanalitica (1910), Totem e tabu (1913), Psicologia das massas ¢ andlise do | ego (1921), O futuro de uma ilusao (1927) e Mal-estar na civilizagao (1930) J4 no trabalho de 1910, Freud revela uma de suas geniais previsdes ao conceber que “... 0 €xito que 0 terapia passa a ter no individuo haverd de obté-la na coletivida- de”. Em Totem e tabu, através do mito da horda selvagem, ele nos mostra que, por intermédio do inconsciente, a humanidade transmite as suas leis sociais, assim como estas produzem a cultura, No entanto, 0 seu trabalho de 1921 é considerado como particularmente o mais importante para o entendimento da psicodinamica dos gru- pos, e nele Freud traz.as seguintes contribuigGes teGricas: uma revisio sobre a psicolo- gia das multidées; os grandes grupos artificiais (igreja e exército); os processos iden- tificat6rios (projetivos e introjetivos) que vinculam as pessoas e os grupos; as liderangas eas forcas que influem na coesiio e na desagregagio dos grupos. Nesse mesmo traba- Iho, Freud pronuncia a sua clissica afirmativa de que “a psicologia individual e a social nao diferem em sua esséncia”, bem como aponta para as forgas coesivas ¢ as disruptivas que juntam e separam os individuos de um grupo. Esta tiltima situagio é ilustrada por Freud com uma metéfora que ele tomou emprestada do filésofo Schopenauer, a qual alude & idéia de uma manada de porcos espinhos, no inverno, procura se juntar em um reciproco aconchego aquecedor; no entanto, a excessiva aproximagao provoca ferimentos advindos dos espinhos e forga uma separacaio, num continuo e intermindvel vaivém, J. Moreno. Em 1930, este médico romeno introduziu a expressio “terapia de grupo”. O amor de Moreno pelo teatro, desde a sua infaincia, propiciou a utilizagao da importante técnica grupal do psicodrama, bastante difundido e praticado na atualidade. K. Lewin. A vertente sociolégica do movimento grupalista é fortemente inspi- rada em Kurt Lewin, criador da expressiio “dinimica de grupo”, com a qual ele subs- tituiu 0 conceito de “classe” pelo de “campo”. Desde 1936, sao relevantes os seus estudos sobre a estrutura psicolégica das maiorias e das minorias, especialmente as judaicas. Da mesma forma so importantes as suas concepges sobre o “campo grupal”” ¢ a formagiio dos papéis, porquanto ele postulava que qualquer individuo, por mais ignorado que seja, faz parte do contexto do seu grupo social, o influencia e € por este fortemente influenciado e modelado S.H.Foulkes. Este psicanalista brit(nico inaugurou a pritica da psicoterapia psicanalitica de grupo a partir de 1948, em Londres, com um enfoque gestiltico, ou seja, para ele um grupo se organiza como uma nova entidade, diferente da soma dos individuos, e, por essa razdo, as interpretagdes do grupoterapeuta deveriam ser sem- pre dirigidas & totalidade grupal, Foulkes introduziu uma série de conceitos e postulados que serviram como principal referencial de aprendizagem a sucessivas geragdes de grupoterapeutas, sendo considerado o lider mundial da psicoterapia analitica de gru- po. COMOTRABALHAMOSCoMGRUPOS «© 25 Pichon Riviere. Trata-se de um psicanalista argentino altamente conceituado, tendo se tomado o grande nome na érea dos grupos operativos, com contribuigdes originais, mundialmente aceitas ¢ praticadas. Este autor, partindo do seu “esquema conceitual-referencial-operativo"(ECRO), aprofundou o estudo dos fendémenos que surgem no campo dos grupos e que se instituem para a finalidade néo de terapia, mas, sim, a de operar numa determinada tarefa objetiva, Somo, por exemplo, a de ensino. aprendizagem. A partir das postulagdes de Pichon Rivitre, abriu-se um vasto leque de aplicagdes de grupos operitivos, as quais, com algumas variagdes técnicas, si0 conhecidas por miltiplas e diferentes denominagées. W.R.Bion. Durante a década 40, este eminente psicanalista da sociedade britanica de psicandlise ~ fortemente influenciado pelas idéias de M. Klein, com quem se ana- lisava na época ~, partindo de suas experi¢ncias com grupos realizadas em um hospi- tal militar durante a Segunda Guerra Mundial, e na Tavistock Clinic, de Londres, criow e difundiu conceitos totalmente originais acerca da dindmica do campo grupal, Entre as suas contribuigies vale destacar a sua concepgdo de que qualquer gru- po se movimenta em dois planos: o primeiro, que ele denomina “grupo de trabalho”, opera no plano do consciente e est voltado para a execugio de alguma tarefa; subja. cente a esse existe em estado latente, o “grupo de pressupostos basicos”, o qual esti radicado no inconsciente suas manifestagdes clinicas correspondem a um primitive atavismo de pulses e de fantasias inconscientes. Bion formulou trés tipos de supos- tos basicos: o de dependéncia (exige um lider carismitico que inspire a promessa de prover as necessidades existenciais basicas), 0 de luta e fuga (de natureza parandide, Fequer uma lideranga de natureza tirdnica para enfrentar 0 suposto inimigo ameaca- dor) ¢ 0 de apareamento (também conhecido como “acasalamento”, alude & forma- go de pares no grupo que podem se acasalar e gerar um messias salvador; portanto, € um suposto inconsciente que, para se manter, exige um lider que tenha algumas caracteristicas misticas). Além disso, Bion contribuiu bastante para o entendimento da relagdo que um individuo portador de idéias novas (que ele chama de “mistico” ou “génio") trava com o establishment no qual ele esta inserido. Esta tltima concepgaio tem se revelado de imprescindivel importincia para a compreensio dos problemas que cercam as instituigées, Pela importancia que Bion representa para o movimento grupalista, vale a pena mencionar alguns dos aspectos que ele postulou: * O grupo precede ao individuo, isto 6, as origens da formagdio espontiinea de gru- os tém suas rafzes no grupo primordial, tipo a horda selvagem, tal como Freud a mencionou, Os supostos basicos antes aludidos representam um atavismo'do grupo primitivo que esta inserido na mentalidade e na cultura grupal, A cultura grupal consiste na permanente interagao entre o individuo eo seu gru- po, ou scja, entre o narcisismo e 0 socialismo, No plano trans-subjetivo, este atavismo grupal aparece sob a forma de mitos gtupais, como sao, por exemplo, os mitos de Eden (Deus versus Conhecimento, sob ameagas de punigiio); Babel (Deus versus Conhecimento, através do estabele- cimento de confusio); Esfinge (tem 0 Conhecimento, porém luta pelo ndio-conhe- (oj, Cimento, tal como aparece na cléssica sentenga “decifra-me ou te devoro”, ou, Cs ee “me devoro (suicfdio) se me decifrares”); idipo (castigado pela curiosidade arro- lee a, i oM*" gante e desafiadora). @ neeparsecrmrenle obs Movisrve Cho lat. adaves , "ameerbet AL ecion ogncsen porn AR corte corcckurhica no waorrrns UN NA Hornecie ; alin alice reromca we hea cu 26 + zimermana osorio + Organizagiio da cultura, através da instituigdo de normas, leis, dogmas, conven- g6es € um cédigo de valores morais ¢ éticos. + Omodelo que Bion propés para a relagaio que o individuo tem com 0 grupo é 0 da relagio continente-conterido, a qual comporta trés tipos: parasitério, comensal e simbistico. + A relagio que o establishment mantém com 0 individuo mistico, sentido como um amegador portador de idéias novas, adquire uma dessas formas: simplesmen- te o expulsam, ou ignoram, ou desqualificam, ou co-optam através da atribuigzo de fungdes administrativas, ou ainda, decorrido algum tempo, adotam as sta idéias, porém divulgam-nas como se elas tivessem partido dos pré-homens da cipula diretiva. + Aestruturagio de qualquer indivfduo requer a sua participagiio em grupo. Escola Francesa, Na década de 60, comegam a surgir os trabalhos sobre a dina- mica dos grupos com um novo enfoque, a partir dos trabalhos dos psicanalistas fran- ceses D. Anzicu e R. Kies, os quais, retomando alguns dos postulados originais de Freud, propdem o importante conceito de “aparelho psiquico grupal”, o qual esté dotado das mesmas insténcias que o psiquismo inconsciente individual, mas no dos | mesmos princfpios de funcionamento. Com as concepgses teéricas desses dois auto- res, 0 edificio que abriga as grupoterapias comega a adquirir alicerees referenciai especificos e representa uma tentativa no sentido de as grupoterapias adquirirem uma identidade propria. Escola Argentina, Os nomes dos psicanalistas argentinos L. Grinberg, M. Langer ¢ E, Rodrigué j4 sao bastante conhecidos, porquanto o seu livro Psicoterapia del grupo tomou-se uma espécie de biblia para algumas geragdes de grupoterapeutas em formagiio. Na atualidade, 6 necessario destacar: Geraldo Stein, com as suas concep g6es originais a respeito do que ele denomina “psicandlise compartida”, Rubén Zuckerfeld, com as suas importantes contribuigdes na utilizagao de técnicas grupais no atendimento a pacientes portadores de transtornos de alimentagio; e grupo de autores argentinos ~ no qual, entre outros, pontifica o nome de Janine Puget — que vém estudando ¢ divulgando a moderna “ psicandlise das configuragdes vinculares”, notadamente com casais, familias ¢ grupos. Brasil. No Brasil, a psicoterapia de grupo de inspiragio psicanalitica teve co- megocom Alcion B. Bahia; outros nomes importantes e pioneiros sao os de Walderedo Ismael de Oliveira e Werner Kemper, no Rio de Janeiro; Bernardo Blay Neto, L Miller de Paiva e Oscar Rezende de Lima, em So Paulo, e Cyro Martins, Da Zimmermann e Paulo Guedes, em Porto Alegre, Na atualidade, ha no Brasil uma série de pessoas, em diversas ¢ miltiplas dreas, trabalhando ativamente em busca de novos caminhos e de uma assisténcia mais ampla e abrangente com a aplicagao dos recursos da dinfimica grupal CONCEITUAGAO DE GRUPO O ser humano € gregério por natureza e somente existe, ou subsiste, em fungaio de seus inter-relacionamentos grupais. Sempre, desde o nascimento, 0 indivfduo part pa de diferentes grupos, numa constante dialética entre a busca de sua identidade individual e a necessidade de uma identidade grupal e social. COMO TRABALHAMOS CoMGRUPos © 27 Um conjunto de pessoas constitui um grupo, um conjunto de grupos constitui uma comunidade ¢ um conjunto interativo das comunidades configura uma socieda. de, 2 A importincia do conhecimento e a utilizagao da psicologia grupal decorre jus- tamente do fato de que todo individuo passa a maior parte do tempo de sua vida convivendo ¢ interagindo com distintos grupos. Assim, desde o primeiro grupo natu- a ral que existe em todas as culturas — a familia nuclear, onde o bebé convive com os pais, av6s, irmios, babé, etc., e, a seguir, passando por creches, escolas maternais 0 bancos escolares, além de intimeros grupos de formagiio espontnea e os costumciros cursinhos paralelos a erianga estabelece vinculos diversificados. Tais grupamentos vao se renovando ¢ ampliando na vida adulta, com a constituigdo de novas fami de grupos associativos, profissionais, esportivos, sociais, etc, i: TA esséncia de todo e qualquer individuo consiste no fato dele ser portador de») | um conjunto de sistemas: desejos, identificagdes, valores, capacidades, mecanismos defensivos ¢, sobretudo, necessidades basicas, como a da dependéncia ¢ a de set | reconhecido pelos outros, com os quais ele ¢ compelido a conviver. Assim, como o mundo interior ¢ o exterior siio a continuidade um do outro, da mesma forma o inci. vidual ¢ © social néo existem separadamente, pelo contrério, eles se diluem, j interpenetram, complementam ¢ confundem entre si. : Com base nessas premissas, € legitimo afirmar queltodo individuo é un grupo (na medida em que, no set’ mundo interno, am grupo de Personagens introjetados, < como 08 pais, itmaos, etc., convive e interage entre si), da mesma maneira como todo (grupo pode comportar-se como uma individualidade (inclusive podendo adquirir a uniformidade de uma caracterologia especifica e tipica, o que nos leva muita vezes avreferir determinado grupo como sendo “um grupo obsessivo", ou “atuador", etc). E muito vaga ¢ imprecisa a definigao do termo “grupo”, porquanto ele pode designar conceituagdes muito dispersas num amplo leque de acepgses. Assim, a pa. lavra “grupo” tanto define, concretamente, um conjunto de trés pessoas (para muitos autores, uma relagdo bipessoal ja configura um grupo) como também pode conceituar Uuma familia, uma turma ou gangue de formagio espontanea; uma composigao arti. cial de grupos como, por exemplo, o de uma classe de aula ou a de um grupo {erapéutico; uma fila de Onibus; um audit6rio; uma torcida num estédio; uma multi. dio reunida num comicio, ete, Da mesma forma, a conceituagdo de grupo pode so estender até o nivel de uma abstracio, como seria o caso de um conjunto de pessoas que, compondo uma audiéncia, esteja sintonizado num mesmo programa de televi. sio; ou pode abranger uma nacido, unificada no simbolismo de um hino ou de uma | bandeira, e assim por diante. aeiesiasseeh | Existem, portanto} grupos de todos os tipos))e uma primeira subdivisiio que se fax necessdria € a que diferencia os grandes grupos (pertencem a firea da macro. | Sociologia) dos pequenos grupos (micropsicologia). No entanto, vale adiantar que, em linhas gerais, os microgrupos ~ como é 0 caso de um grupo terapéutico — cost, mam reproduzir, em miniatura, as caracterfsticas s6cio-econémico-politicas ¢ a dint. mica psicol6gica dos grandes grupos. Em relagtio aos microgrupos também se impe uma necesséria distingao entre grupo propriamente dito e agrupamento. Por “agrupamento” entendemos um con. | junto de pessoas que convive partilhando de um mesmo espago e que guardam entre si uma certa valéncia de inter-relacionamento e uma potencialidade em virem a se Constituir como um grupo propriamente dito, Pode servir de exemplo a situagio de uma “serialidade’’de pessoas, como no caso de uma fila A espera de um dnibus: essas Pessoas compartem um mesmo interesse, apesar de néio estar havendo o menor vine. 28 + zimermane osorio lo emocional entre elas, até que um determinado incidente pode modificar toda a configuragio grupal. Um outro exemplo seria a situagiio de uma série de pessoas que estéio se encaminhando para um congresso cientifico: elas esto préximas, mas como nfo se conhecem ¢ nao estio interagindo elas nio formam mais do que um agrup: mento, até que um pouco mais adiante podem participar de uma mesma sala de di cussio clinica ¢ se constitufrem como um interativo grupo de trabalhofPode-se dizer, { que a passagem da condigéo de um agrupamento para a de um grupo consiste na, j |_transformagio de “interesses comuns” para a de “interesses em -f . 0 que, entio, caracteriza um grupo propriamente dito? Quando o grupo, quer seja de natureza operativa ou terapéutica, preenche as seguintes condigées basicas mifnimas, estd caracterizado: + Um grupo niio é um mero somatério de indivfduos; pelo contratio, ele se consti- tui como nova entidade, com leis e mecanismos prdprios e especificos + Todos os integrantes do grupo esto reunidos, face a face, em torno de uma tarefa ede um objetivo comuns ao interesse deles. * Otamanho de um grupo nao pode exceder o limite que ponha em risco a indis- pensiivel preservacio da comunicagdo, tanto a visual como a auditiva ea conceitual. + Deve haver a instituigiio de um enquadre (setting) e o cumprimento das combina- Ses nele feitas. Assim, além de ter os objetivos claramente definidos, 0 grupo deve levar em conta a preservagao de espago (0s dias ¢ o local das reuniées), de tempo (hordrios, tempo de duragao das reuniGes, plano de férias, etc.), a combi nagiio de algumas regras e outras varidveis que delimitem e normatizem a ativi- dade grupal proposta. +O grupo é uma unidade que se comporta como uma totalidade, e vice-versa, de modo que, tio importante quanto o fato de ele se organizar a servigo de seus membros, é também a reciproca disso. Cabe uma analogia com a relagito que existe entre as pegas separadas de um quebra-cabegas e deste com o todo a ser armado. + Apesar de um grupo se constituir como uma nova entidade, com uma identidade grupal prépria e genuina, é também indispensavel que fiquem claramente preser- vadas, separadamente, as identidades espectficas de cada um dos individuos com- ponentes do grupo. + Em todo grupo coexistem duas forgas contradit6rias permanentemente em jogo: uma tendente a sua coesio, ea outra, A sua desintegracio. + A dindmica grupal de qualquer grupo se processa em dois planos, tal como nos ensinou Bion: um é o da intencionalidade consciente (grupo de trabalho), ¢ 0 outro é o da interferéncia de fatores inconscientes (grupo de supostos biisicos). claro que, na prética, esses dois planos nao sio rigidamente estanques, pelo contri rio, costuma haver uma certa flutuagiio e superposicao entre eles, + Binerente a conceituagaio de grupo a existéncia entre os seus membros de alguma forma de interac afetiva, a qual costuma assumir as mais variadas e maltiplas formas. + Nos grupos sempre vai existir uma hierarquica distribuigio de posigdes e de pa- péis, de distintas modalidades, + Binevitével a formagiio de um campo grupal dinamico, em que gravitam fantasi- as, ansiedades, mecanismos defensivos, fungdes, fendmenos resistenciais ¢ trans- ferenciais, etc., além de alguns outros fendmenos que so préprios ¢ especificos dos grupos, tal como pretendemos desenvolver no t6pico que segue. COMOTRABALHAMOSCOMGRUPOs « 29 I O CAMPO GRUPAL ‘Como mencionado anteriormente, em qualquer grupo constituido se forma um eam- po grupal dinmico, o qual Se Comporta como uma estrutura que vai além da soma de seus componentes, da mesma forma como uma melodia resulta nfo da soma das s, mas, sim, da combinagao e do arranjo entre elas. : Esse campo é composto por miiltiplos fendmenos e elementos do psiquismo e, como trata-se de uma estrutura, resulta que todos estes elementos, tanto os intra como 6s inter-subjetivos, estio articulados entre si, de tal modo que a alteragio de cada um deles vai repercutir sobre os demais, ern uma constante interagio entre todos. Por outro lado, o campo grupal representa um enorme potencial energético psiquico, tudo dependendo do vetor resultante do embate entre as forgas coesivas ¢ as disruptivas. } ‘Também ¢ itil realgar que, embora ressalvando as Sbvias diferengas, em sua essén- Ee cia, as leis da dindmica psicol6gica sdio as mesmas em todos os grupos. |

Você também pode gostar

  • Jehovasa
    Jehovasa
    Documento2 páginas
    Jehovasa
    Jamelli Uroda Warpechowski
    Ainda não há avaliações
  • Pierre
    Pierre
    Documento4 páginas
    Pierre
    Jamelli Uroda Warpechowski
    Ainda não há avaliações
  • Sobre Testes Psi
    Sobre Testes Psi
    Documento1 página
    Sobre Testes Psi
    Jamelli Uroda Warpechowski
    Ainda não há avaliações
  • Entrevistas TCC HAV
    Entrevistas TCC HAV
    Documento6 páginas
    Entrevistas TCC HAV
    Jamelli Uroda Warpechowski
    Ainda não há avaliações
  • Chat GPT
    Chat GPT
    Documento6 páginas
    Chat GPT
    Jamelli Uroda Warpechowski
    Ainda não há avaliações
  • Untitled
    Untitled
    Documento1 página
    Untitled
    Jamelli Uroda Warpechowski
    Ainda não há avaliações