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€ HC. SPROUL VERDANES ESSHICIAS mn CAI J CHAI Indice I Parte - A Igreja e os Sacramentos 1. Os Apéstolos ..... 5 2. A Toreja ..... 7, 3. As Marcas da Verdadeira Igreja 9 4. A Excomunhio .. ea 5. Os Sacramentos .. ane to 6. © Batismo . 15 7. © Batismo dos Filhos dos Crentes.. 17, 8. A Santa Ceia...... 19 9. A Transubstanciag&o ves 22 10. © Dia do Senhor wees 25 12. Juramentos € Votos wien 27 II Parte - A Espiritualidade e a Vida nesta Era 12. O Fruto do Espirito Santo.. 43. O Amor eseeseeeee 30 32 Voeé val encontrar not? caderno: 1 parte - A revelacao 1..A Revelagéo Divina; 2. Paradoxo, Mistério e Contradicdo; 3. Revelacdo Geral Imediata e Mediada, 4, ARevelac8o Especial e a Biblia; 5. A Lel de Deu 6. Os Profetas de Deus; 7. 0 Cénon das Escrituras; 8. A Interpretacao da Biblia; 9. A Interpretacfo Pessoal Ul Parte - A Natureza e os Atributos de Deus 10. Alncompreensibilidade de Deus; 41. A THunidade deDeus; 12. A Auto-Existénciade Dets; 43. A Onipoténcla de Deus; 14, A Onlpresencade Deus; 45, AOnisciénclade Deus; 16. ASantidadede Deus; 17, A Bandadede Deus; 18. A Justicade Deus MM Parte - AS Obras e os Decretos de Deus 19. A Crlaco; 20. A Providéncia; 21. Os Milagres; 22. A Vontade de Deus; 23. AAllanca; 24, A Alianca das Obras IV Parte - Jesus Cristo 25. A Divindade de Cristo; 26. A Subordinagéo de Cristo; 27. A Humanidade de Cristo; 28 A Impeca- bilidade de Cristo; 29. © Nascimento Virginal; 30. Jesus Cristo como 0 Unigénito; 34. 0 Batismode Cristo; 32. A Glérla de Cristo; 33. A Ascenstio de Cristo; 34. Jesus Cristo como Mediador; 38. Os Ts Oficlos de Cristo; 36, Os Titulos de Jesus 14, A Esperanga vse. 34 1B. A OragdO veesssessecssseseee 36 146. Antinomianismo 38 17. Legalismo . 40 18. O Triplice Uso da Lei. 42 19. Perfeccionismo.... 1 44 20. © Governo Civil . 46 21. 0 Casamento ... : 48 22. 0 DiVErCiO wees 50 IIZ Parte - O Final dos Tempos 23. O Anticristo sss. ec) 24. A Volta de Cristo vce 55 25. O Reino de Deus. 57 26. O Céu...... 59 27. A Visdo Beatifica ....... 61 28. O Inferno . 63 Voce val encontrar no 2° caderno: IParte- 0 Espirito Santo 4, ADivindade do Espirito Santo; 2. A Personalliadedo Espirito Santo; 3, 0 Testemunto Intertor do Espirito Santo; 4-A lluminacdi do Espirito Santo; 5. 0 Batismodo Espirito Santo; 6. 0 Espirito Santo como Consolador; 7. 0 Espirito Santo como Agentede Santiago If Parte- Os Seres Humanos ea Queda ‘8. OAutoconhecimento eo Conhecimento de Deus; 9. Os ‘Seres Humianos Crlados é Imagem de Deus; 10. Os Seres Humanos como Gorpoe Alma; 24, Os Seres Humanos ‘como Carne e Espirito; 12. Satands; 13. Os Demdnios; 14, © Pecado; 15. 0 Pecado Original; 46. A Depravacéo- Humana; 47. A Conscléncia Humana; 18. 0 Pecado Imperdoavel; 19. Sincretismo 111 Parta- Salvato 20, A Saivacéo; 21, A Predestinagio; 22. Predestinagdoe Reprovacdo; 23. AVocagfo Eficaz; 24, 0 Novo Nascimento; 28. AExplagio; 28. AEXplacio Definitiva; 27. OLivre-Arbitrio; 28. AF&; 29, A Fé Salvadora; 30. AJustificacgo pela Fé; 31, A Fé eas Obras; ‘82. OArrependimento; 33. Mérlto e Graca; 34. A Perseverancados Santos; 35. A Certezada Salvagio; 36. 0 Estado Intermediério; 37. A Ressurrelco Final; 38, AGlorificagio. Verdacies Hesenciats da Fé Crista —RC Sproul Publicado em Inglés pola Tyndale House Publishers, Inc. com 0 lo Essential Truths ofthe Christian Faith Copyright © 1992 bby RC Sproul. Allrights reserved, Publicado em Portugués © 1999 ri Editora Cultura Crista. Todos 0s direitos sto reservados. Wedigao — 1999 — 3.000 exemplares 2! impressto— 2001 —3.000 exemplares Josué Ribeiro Agua dle Melo — Valter Graciano Martins Redacito de “Para Discussito e Avallagito ‘Mércio Coctho Formatagio: Rissato ‘Capa: Expresso Exata ubiicaso autoriuda pelo Conselho Eto Claudio Marra Pretdenre, Alex Barbosa Vieira, Aproniano Wilson de Macedo, Femando Hamilton Costa, Mauro Meister, Ricardo Agreste, Sebstiio Bueno Clint. €DITORA CULTURA CRISTA ‘Galva Postal 15136 - Cambuct (01599970 - So Paulo - SP Fone: (011) 270-7090 - Fax: (011) 279-1255 epee) or br — ww.ceD.org br Superintendente: Haveraldo Ferrara Vargas Editor: Cléudlo AntOnio Baise Marra PARA COMPREENDER AS ESCRITURAS O preparo doutrinario dos convertidos é sempre um desafio para a igre- ja. Onde encontrar material? Qual serd o nivel adequado? Que formatagao e abordagem sero mais convenientes? E um privilégio apresentar Verdades Essenciais da Fé Cristd aos pas- tores ¢ lideres, Criada por RC Sproul, mestre em Biblia, essa obra foi original- mente publicada em um sé volume, mas decidimos dividi-la em trés cadernos e acrescentar as perguntas para avaliagdo e discussao, buscando tornd-la mais titil no preparo dos crentes. A lista de assuntos dos dois outros cadernos encontra- se em cada um deles. Nossa época defende que basta crer, nao importa em qué. Uma vez que a fé crista é proposicional e a Palavra de Deus é a regra de fé ¢ pratica para o cristéo, 0 conflito esta armado e precisaremos de boa bagagem biblica para resistir aos ataques do subjetivismo, do relativismo ou do agnosticismo dos nos- sos dias. Esta série certamente vai ajudar-nos a melhor compreender as Escrituras eatermos mais firmeza em nossa fé. Por isso, bom estudo. Claudio Marra Editor A Igreja e os Sacramentos OS APOSTOLOS Romanos 1.1-6; Romanos 11.13, 1 Corintios 9.2; 1 Corintios 15.9, Hebreus 3.1 Visto que doze daqueles que foram discipulos de Cristo posteriormente se torna- ram seus apdstolos, os dois termos, discipulo e apéstolo, com freqiiéncia se confundem. Embora os termos sejam intercambiaveis, nao so exatamente sind- nimos. Um discipulo é definido na Biblia como um “aprendiz”, alguém que estava em contato com a instrugo rabinica de Jesus. Embora os apéstolos fossem dis- cipulos, nem todos os discipulos se tornaram apéstolos, Um apéstolo exercia uma fungao especial na igreja do Novo Testamen- to. O termo apéstolo significa “aquele que é enviado”. Tecnicamente, contudo, um apéstolo, era mais que um mensageiro. Ele era comissionado com a autorida- de para falar e para representar aquele que o havia enviado. O principal apdstolo no Novo Testamento ¢ o proprio Jesus. Foi enviado pelo Pai e falou com a autoridade investida nele pelo Pai. Rejeitar Jesus era rejeitar o Pai que o enviara. Semelhantemente, os apdstolos foram chamados e comissionados dire- tamente por Cristo e falavam com sua autoridade. Rejeitar a autoridade aposté- lica era rejeitar a autoridade de Cristo, que os enviara. No Novo Testamento, doze discfpulos foram comissionados como apés- tolos. Depois da morte de Judas, a Igreja preencheu a vaga escolhendo Matias, conforme o registro de Atos. A este mimero Jesus adicionou o apéstolo Paulo, como 0 apéstolo especial aos gentios. O apostolado de Paulo foi assunto de muito debate, porque ele nao preenchia todos os requisitos apost6licos determi- nados no livro de Atos, O critério para o apostolado incluia: (1) ter sido discipulo de Jesus durante seu ministério terreno; (2) ter sido testemunha ocular da Res- surreig¢ao ¢ (3) ser chamado e comissionado diretamente por Cristo. Paulo nao fora discipulo antes, e sua visdo do Cristo ressurreto acorreu depois da ascensaio de Jesus. Ele também nao era testemunha ocular da Ressurrei¢4o da mesma forma que os demais apdstolos haviam sido. Apesar de tudo isso, Paulo foi cha- mado diretamente para a fungao pelo proprio Cristo. Seu chamado foi confirma- do pelos outros apéstolos, cujo apostolado nao foi questionado ¢ foi autenticado pelos milagres que Deus operou por meio dele, atestando sua autoridade como um agente apostélico da revelagao. No final do primeiro século, os pais ps-apostdlicos reconheceram cla- ramente que a autoridade deles estava subordinada a dos apéstolos originais. 5 Cat 19 Verdades Essenciais da Fé Crista NAo hd apéstolos oficiais vivos atualmente, visto que ninguém pode preencher os requisitos biblicos para o oficio nem pode ser confirmado pelos apéstolos origi- nais, como Paulo o foi. A Biblia é a nica autoridade apostélica para nds hoje. Sumario 1. Os termos discipulo e apdstolo nao sao sindnimos. Discfpulo = aprendiz Apéstolo =aquele que é enviado com autoridade para falar em lugar daquele que o enviou. 2. Jesus era 0 “Apdstolo do Pai”. 3. Os requisitos biblicos para o apostolado incluiam o seguinte: (a) ser um discipulo de Jesus; (b) ter sido testemunha ocular da ressurrei¢do de Jesus. (c) ter sido chamado diretamente por Jesus. 4, Oapostolado de Paulo foi tinico e precisou ser confirmado pelos outros apdstolos. 5. No sentido biblico, nao ha mais apéstolos atualmente. 6. Hoje a autoridade apostélica encontra-se na Biblia. Para discussGo e avaliagéo 1. Que significa o termo “apdstolo”? Quem é 0 apdstolo maior no Novo Testamento? 2. Quais eram os trés critérios requeridos para o apostolada segundo o livro de Atos? 3. Qual é a Unica autoridade apostolica para a igreja hoje? 4, Atualmente, ha igrejas e até denominacées que sao dirigidas por pes- soas entituladas apéstolos. Esse titulo e 0 oficio destas pessoas esta correto, ou elas estao indo além daquilo que a Biblia permite? Justifi- que sua resposta. A icresa ld Mateus 13.24.43; 1 Corintios 12. 12-14; Efésios 2.19-22; Efésios 4.1-6; Colossenses 1.18; Apocalipse 7.9,10 A Igreja refere-se a todas as pessoas que pertencem ao Senhor, aquelas que foram compradas pelo sangue de Cristo, Varias outras imagens e expressdes sao também usadas para definir ou descrever a Igreja. Ela é chamada 0 Corpo de Cristo, a familia de Deus, o povo de Deus, as eleitos, a noiva de Cristo, a comunidade dos remidos, a comunhao dos santos, o novo Israel, entre outros. A palavra do Novo Testamento para igreja, da qual extraimos nossa palavra eclesidstico, significa “os chamados para fora”. A Igreja é vista como uma assembléia ou reunido dos eleitos, aqueles a quem Deus chama do mundo, separando-os do pecado, para um estado de graca. A Igreja na terra é sempre aquilo que Agostinho chamou de “um corpo misto”; por isso temos de fazer uma distingao entre a igreja visivel e igreja invisi- vel. Na igreja visivel (que consiste dos que fazem profissao de fé, so batizados earrolados como membros da igreja institucional), Jesus indicou que haveria joio crescendo junto com o trigo. Embora a igreja seja “santa”, sempre ha uma mis- tura profana nela nesta dispensagdo. Nem todos os que honram a Cristo com seus ldbios o honram também com seu coragao. Visto que s6 Deus pode ler o coracéo humana, os verdadeiros eleitos lhe sao visiveis, mas em certa medida nos sao invis{veis. A igreja invisivel é transparente, mas completamente visivel a Deus. E tarefa dos eleitos tornar visivel a igreja invisivel. A Igreja é una, santa, catélica ¢ apostélica. A igreja é uma sé. Embora fragmentados em denominages, os eleitos s4o unidos por um sé Senhor, uma s6 fé e um sé batismo. A igreja é santa porque é santificada por Deus e habitada pelo Espirito Santo. A igreja é catélica (a palavra catdlica significa “universal’”) no sentido em que seus membros esto espalhados por toda a terra, incluindo pessoas de todas as nagées. A igreja é apostélica no sentido em que o ensino dos apéstolos, com o contido na Sagrada Escritura, 6 o fundamento da igrejae a autoridade pela qual é governada. E tarefa e privilégio de cada cristo viver unido a igreja de Cristo. E nossa responsabilidade solene nao negligenciar a assembléia dos santos quando se retinem em culto, viver sob a lideranga e a disciplina da igreja e estar ativa- mente envolvidos como testemunhas em sua missio. [as Verdades A igreja se caracteriza mais como um organismo do que como uma or- ganizagdo. Ela ¢ formada por partes vivas. E chamada 0 Corpo de Cristo. Assim como 0 corpo humano é organizado para funcionar em unidade, pela coopera- Gao e interdependéncia das muitas partes, assim também a Igreja, como um cor- po, revela unidade e diversidade, Embora governado por um “cabega” — Cristo —, 0 corpo tem muitos membros, cada um deles dotado ¢ investide por Deus a fim de contribuir para a obra de todo 0 corpo. Pssenciais da Fé Crist Sumario 1, A igreja é formada por aqueles que pertencem ao Senhor, 2. A palavra biblica para igreja significa “aqueles que sao chamados para fora”. 3. A igrejana terra é sempre um corpo misto de crentes e nao-crentes. 4. A igreja invisivel sé ¢ visivel para Deus. 5. A igrejaé una, santa, catdlica e apostélica. 6. A igrejaé um organismo andlogo ao corpo humano, Para discusséo e avaliagdo 1. Quais so outros nomes que o Novo Testamento usa para designar a igreja? 2. Qual é a diferenga entre igreja visivel e igreja invisivel? De qual delas devemos ser membros? 3. Quais s&o as quatro caracteristicas fundamentais da igreja? 4, A Igreja é chamada de organismo ao invés de organizacdo. Explique qual a diferenga. 5. Qual é a utilidade de sermos membros de uma igreja local? A MARCAS DA VERDADEIRA IGREJA Mateus 18.15-17; Romanos 11.13-24; 1 Corintios 1.10-31; Efésios 1.22,23; 1 Pedro 2.9,10 Visto que o mundo se acha semeado de milhares de instituigdes distintas chama- das igrejas ¢ visto ser possivel que instituigdes, assim como individuos, se tor- nem apéstatas, ¢ importante sermos capazes de discernir as marcas essenci: de uma verdadeira ¢ legitima igreja visivel. Nenhuma igreja esta isenta de erros ou pecados. A igreja sé sera perfeita no céu. Ha, porém, uma importante dife- renga entre corrupgao — que afeta todas as instituigdes —~ e apostasia, Portan- to, para proteger 0 bem-estar e crescimento do povo de Deus, ¢ importante definir as marcas da verdadeira igreja. Historicamente, as marcas da verdadeira igreja tém sido definidas assim: (1) a genuina pregacéo da Palavra de Deus, (2) 0 uso dos sacramentos de acor- do com sua instituigao e (3) a pratica da disciplina eclesiastica. (1) A pregagdao da Palavra de Deus. Embora as igrejas difiram em detalhes teoldgicos ¢ em niveis de pureza doutrinaria, a verdadeira igreja afirma tudo aquilo que é essencial vida crista. Semelhantemente, uma igreja é falsa ou apéstata quando nega oficialmente um principio essencial da fé crista, tal como a divindade de Cristo, a Trindade, a justificagao pela fé, a expiag4o ou outras doutrinas essenciais a salvagao. A Reforma, por exemplo, nao moveu uma guer- ra sobre trivialidades, mas sobre uma doutrina fundamental da salvagao. (2) A administracado dos sacramentos, Negar ou difamar os sacra- mentos instituidos por Cristo ¢ falsificar a igreja. A profanagao da Ceia do Se- nhor ou 0 oferecimento deliberado dos sacramentos a pessoas notoriamente néio- crentes desqualificaria a igreja de ser reconhecida como igreja verdadeira. (3) A disciplina eclesidstica. Embora 0 exercicio da disciplina na igre- ja as vezes erre na direcdo ou da complacéncia ou da severidade, ela pode tornar-se tao pervertida a ponto de nao mais ser reconhecida como legitima. Por exemplo, se uma igreja— publica e impenitentemente — endossa, pratica ou se recusa a disciplinar pecados grosseiros e hediondas, ela deixa de exibir esta marca de verdadeira igreja. Embora os cristéos devam ser solenemente advertidos a nao nutrirem um espirito cismatico ou a fomentarem divisGes e conflitos, devem ser também ad- vertidos quanto a obrigagdo de se separarem da falsa comunhdo e da apostasia. 9 Caw) Verdades Essenciats da Fé Crist ‘Toda igreja verdadeira exibe as genuinas marcas de uma igreja, em grau maior ou menor. A reforma da igreja é uma tarefa interminavel. Buscamos mais ¢ mais ser fi¢is A vocagao biblica para pregar, ministrar os sacramentos e a disciplina eclesiastica, Sumario 1. A verdadeira igreja tem marcas visiveis que a distinguem de uma igreja falsa ou apdéstata. 2. A pregacaio do evangelho é necessaria para que uma igreja seja legitima. 3. A administracdo correta dos sacramentos, sem profanacao, é uma marca da igreja. 4. Disciplina contra heresias e pecados grosseiros é uma tarefa necessdria da igreja. 5. A igreja é sempre carente de reforma de acordo com a Palavra de Deus. Para discussdo e avaliagéo 1. Quais as marcas da verdadeira igreja reconhecidas historicamente? 2. Qual é a diferenga entre corrup¢&o e apostasia? 3. Que cuidados a manutengao de cada uma das marcas exige? 4. De que forma se deve continuar a reformar a igreja? 10 A EXCOMUNHAO 0 Mateus 7.1-5; 1 Corintios 5; 1 Corintios 11,27-32; 1 Tim6teo 1.18-20; 1 Timéteo 5.19,20; 1 Pedro 4.8 Ser excluido da igreja de Cristo é um fato lamentavel. Contudo sé existe um pecado to grave que autoriza a deposi¢o do corpo de Cristo. E 0 pecado da impeniténcia, Hé uma multidao de pecados suficientemente graves para reque- terem disciplina eclesiastica. Entretanto, visto que a disciplina eclesiastica é um processo de varios passos, sendo a excomunhio o ultimo, o unico pecado que pode levar-nos a esse Ponto é a recusa em arrepender-se do pecado que iniciou todo 0 processo. “ Aexcomunhio é a mais extrema medida disciplinar da igreja. Impdea exclusao do pecador impenitente da comunhio com os fiéis. A doutrina deriva- se do ensino de Jesus sobre ligar e desligar (Mt 16.19; 18.15-20; Jo 20.23). A responsabilidade pela disciplina foi dada a igreja. A passagem de Mateus 18, contudo, relaciona trés passos que devem ser dados antes da excomunhio. Pri- meiro, o pecador deve ser corrigido em particular. Se tal procedimento falhar, ele deve ser corrigido na presenga de testemunhas. Isso assegura que o acusador, no primeiro estagio, nao esteja equivocado nem pronuncie acusagdes caluniosas. Terceiro, o pecador deve scr levado diante de toda a comunidade dos crentes. Se isso também fracassar, a igreja deve interromper a comunhio com 0 ofensor. Devemos notar que a excomunhao jamais deve ser aplicada com senti- mento de retaliagdo. Todo o processo, inclusive a excomunhfo, é uma forma de disciplina destinada a levar 0 impenitente de volta ao aprisco. No caso de excomunhiao, a parte culpada é entregue ao diabo. A inten¢do nao é punir, mas despertar oculpado para o seu pecado. Joao Calvino defendia que a disciplina eclesidstica 6a “melhor ajuda” para a sa doutrina, para a ordem e paraa unidade. A Confissio de Westminster enumera cinco propésitos para a excomunhio: As censuras eclesidsticas sao necessdrias para chamar e ganhar (para Cristo) os irmos transgressores, a fim de impedir que outros pratiquem ofensas semelhantes, para lancar fora o velho fermento que poderia cor- romper a massa inteira, para vindicar a honra de Cristo e a santa profis- so do Evangelho, e para evitar a ira de Deus, a qual, com justiga, pode- ria cair sobre a Igreja, se ela permitisse que o pacto divino e seus elos fossem profanados por ofensores notorios e obstinados. Art. 30.3 174 [PET Verdades Essenciais da Fé Crista E provavel que esta lista possa ser cuidadosamente reduzida a duas ra- z6es primarias: preocupagao com a alma do pecador e preocupagao com a sat- de da igreja. A disciplina eclesiastica é ordenada por Cristo, e esta é uma questo que exige grande prudéncia. A igreja pode incorrer em dois tipos de erro: pode tor- nar-se complacente demais e deixar de disciplinar os que escandalizam a fé, ou pode tornar-se severa demais e deixar de lado a misericérdia ordenada por Deus. A disciplina eclesiastica nao deve tratar de assuntos triviais ou sem im- portancia. As trivialidades podem ser uma fonte de ruina no seio do povo de Deus. Somos chamados para nutrir um espirito de paciéncia e de longanimidade uns para com os outros, assim como Deus ¢ paciente conosco. A Biblia nos chama para o exercicio daquele amor que “cobre uma multidao de pecados”. Sumario 1. Aexcomunhio é 0 ultimo recurso na disciplina eclesiastica. 2. O tinico pecado que finalmente resulta em excomunhdo ¢ a impeniténcia. 3. Cristo instituiu o processo de disciplina eclesiastica. 4. O objetivo da excomunhio é a restauragaio do ofensor e a protegao da igreja. 5. A disciplina eclesiastica nao deve ser complacente demais nem severa demais. 6. Os cristdos devem exercer 0 amor que é paciente e longanimo. Para discussGo @ avaliagao 1. Qual é 0 Unico pecado que pode levar a igreja ao Ultimo grau de disciplina que é a exclusdo? Por qué? 2. Quais so os trés passos, anteriores 4 excomunhao, que devem ser dados pela igreja, segundo o texto de Mateus 18.15-20? 3. Quais sdo os propdsitos da excomunhao, segundo a Confissdo de Fé de Westminster? 4, Quais sao os dois erros em que a igreja pode incorrer em relagado a pratica da disciplina? Por qué? 5. Qual éa relagdo entre a disciplina e o mandamento do amor muituo? 12 OS SACRAMENTOS Mateus 28. 19,20; Atos 2.40-47; Romanos 6. 1-4; 1 Corintios 11.23-34; Galatas 3.26-29 Historicamente, a palavra sacramento era usada para designar algo sagrado. O termo latino, sacramentum, foi usado para traduzir a palavra “mistério” no Novo Testamento, Num sentido amplo, todos os rituais e cerimoniais religiosos eram chamados sacramentos. Com 0 tempo, 0 termo sacramento assumiu um sentido mais preciso e mais restrito. Um sacramento veio a ser definido como wm sinal visivel por meio do qual Deus oferece sua promessa de graga de uma forma externa. Os sinais externos selam e confirmam as promessas da alianga de Deus. Os sacramentos consistem de alguns elementos visiveis tais como agua, pao ou vinho; uma atividade definida ordenada por Deus em associag4o com 0 sinal; € um beneficio redentor comunicado ao crente. A [greja Catélica Romana estabeleceu o numero de sacramentos (num sentido especial) em sete. Eles so Batismo, Crisma, Eucaristia (a Ceia do Se- nhor), Peniténcia, Matrimonio, Ordem e Extrema-Ungao. O protestantismo histéri- co limitou os sacramentos em dois: Batismo e Ceia do Senhor. Apesar de os protestantes reconhecerem outros rituais, tais como o matriménio, como orde- nangas especiais, nao os reconhecem como se nivelando aos sacramentos. Os sacramentos sao limitados a: (1) ordenangas instituidas diretamente por Cristo, (2) ordenangas que por sua propria natureza sao significativas, (3) ordenangas designadas para serem perpétuas e (4) ordenangas designadas para representar, instruir e selar os crentes que as recebem pela fé. Os sacramentos sao meios reais de graga que comunicam as promessas de Deus. Seu poder nao reside nos elementos em si, mas em Deus, de quem sao sinais. Tampouco podem depender do carater ou da fé daqueles que os adminis- tram, mas da integridade de Deus. Os sacramentos so formas nao-verbais de comunicagao. Nunca foram destinados a ficar isolados, sem referéncia 4 Palavra de Deus. Os sacramentos confirmam a Palavra de Deus, de modo que a administragao deles e a pregagao da Palavra vao juntas. A salvagao nao se opera por meio dos sacramentos. A salvagaio € pela fé em Cristo. Mas onde a fé esta presente, os sacramentos nao sdo ignorados nem negligenciados. Sao uma parte vital do culto divino e do desenvolvimento da vida crista 13 PET 1s Verdades Essenciais da Fé Crista Embora os sacramentos envolvam a utilizagdo de formas externas, nao devem ser menosprezados como ritualismo ou formalismo vazio. Embora pos- sam ser cortompidos ¢ transformados em rituais vazios, ndo devem ser rejeita- dos, Sao de fato rituais, mas so ordenados por Deus e portanto devemos par- ticipar deles alegre e solenemente. Sumario 1. Um sacramento é um sinal visivel da promessa da graca de Deus aos crentes. 2. A igreja Catélica Romana inclui sete sacramentos, enquanto a maioria das igrejas protestantes tem dois: Batismo e Ceia do Senhor. 3. Os sacramentos nao comunicam automaticamente as coisas que representam. Ocontetido dos sacramentos é recebido pela fé. 4. Os sacramentos niio sao rituais vazios, mas foram ordenados por Jesus Cristo. 5, Os sacramentos devem estar conectados a pregagao da Palavra de Deus. Para discussGo e avaliagéo 1. Que so os sacramentos para a Igreja? 2. Quantos e quais sao os sacramentos segundo a doutrina catdlica romana? 3. Quais sao as caracteristicas de um sacramento segundo a doutrina Reformada? 4. Qual é a relacao dos sacramentos com a Palavra de Deus? E coma salvagaéo? 5, Existe 0 perigo de alguém participar do sacramento meramente como ritual? 6. Qual é a importancia, para sua vida espiritual e de sua participagdo nos sacramentos? 14 O BATISMO G Romanos 4.11, 12; Romanos 6.3,4; 1 Corintios 12.12-14; Colossenses 2.11-15; Tito 3.3-7 O batismo ¢ 0 sinal sacramental da Nova Alianga. E um sinal por meio do qual Deus sela aos eleitos sua garantia de que estéio incluidos na alianga da graga. O batismo tem varios significados. Em primeira instancia, é um sinal de limpeza e de remissio de nossos pecados. Também significa ser regenerado pelo Espirito Santo, ser sepultado e ressuscitado com Cristo, ser revestido pelo Espi- rito Santo, ser adotado na familia de Deus e ser santificado pelo Espirito Santo. O batismo foi instituido por Cristo e deve ser administrado no nome do Pai, do Filho e do Espirito Santo. O sinal exterior nao comunica automatica ou magicamente as realidades que sao simbolizadas. Por exemplo, embora o batis- mo simbolize a regeneragao, ou o novo nascimento, néo comunica automatica- mente o novo nascimento. O poder do batismo nao esta na 4gua, mas no poder de Deus. A realidade para a qual o sacramento aponta pode estar presente antes ou depois que o sinal do batismo é dado. No Antigo Testamento, o sinal da alianga era a circuncisao, a qual era, entre outras coisas, um sinal de fé. No caso dos adultos, como Abraiio, a fé veio antes do sinal da circuncis&o. Com os filhos dos crentes, contudo, o sinal da circuncisao era dado antes da profissio de fé, como foi o caso de Isaque. Semelhantemente, na Nova Alianga, a teologia refor- mada requer que os convertidos adultos sejam batizados depois de fazer a profissio de fé, enquanto que os filhos recebem o batismo antes que professem sua fé. Batismo significa lavagem com Agua. O mandamento de batizar pode ser obedecido por imersao, aspersao ou afusdo. A palavra grega batizar inclui as trés possibilidades. A validade do batismo nfo se baseia no carater do ministro que o realiza ou no carter da pessoa que 0 recebe. O batismo é um sinal da promessa de Deus de salvacao para todo aquele que cré em Cristo. Sendo ele uma promessa de Deus, a validade da promessa repousa na confiabilidade do carater divino, Visto 0 batismo ser um sinal da promessa de Deus, ele nao deve ser administrado mais de uma vez a uma pessoa. Ser batizado mais de uma vez significa lancar uma sombra de divida na integridade e na sinceridade da pro- messa de Deus. Certamente, os que foram batizados duas ou mais vezes nado pretendem lancar ditvida sobre a integridade de Deus, mas a agiio, se compreen- 15 [aT Verdades Essencials da Fé Crista dida corretamente, transmitiria tal davida. Todo crist&o, contudo, deve ser bati- zado, O batismo nao é um ritual sem sentido, mas um sacramento ordenado por nosso Senhor. Sumario 1. O batismo é um sinal sacramental da Nova Alianga. 2. O batismo tem muiltiplos significados. 3. O batismo foi instituido por Cristo e deve ser administrado com Agua no nome do Pai, do Filho e do Espirito Santo. 4. O batismo n&o comunica automaticamente 0 novo nascimento. 5. O batismo pode ser administrado por imersao, aspersao ou afusdo com agua. 6. A validade do batismo repousa na integridade da promessa de Deus e deve ser administrado sé uma vez a uma pessoa. Para discusséo ¢ avaliagéo 1. Quais sao os significados do batismo? 2. Qual é 0 rito do Antigo Testamento que se relaciona com o batismo? 3. Que pode significar o fato de uma pessoa desejar ser batizada mais de uma vez? Por qué? 4. O valor do batismo é alterado pela quantidade de agua em que ele é ministrado? Por qué? 16 O BATISMO DOS FILHOS DOS CRENTES Génesis 17. 1-14; Atos 2.38,39; Atos 16.25-34 Embora o batismo de criangas tenha sido uma pratica majoritaria no cristianismo histérico, sua validade tem sido solenemente desafiada por cristéios piedosos de varias denominagdes. A questéio em torno do batismo de criangas baseia-se em varios aspectos. O Novo Testamento nao ordena explicitamente que as criangas sejam batizadas, nem explicitamente proibe que sejam batizadas. O debate se concentra em questdes que geram em torno do significado do batismo e do grau de continuidade entre a Antiga ea Nova Alianga. A mais crucial objegao por parte daqueles que se opdem ao batismo de criangas é que o sacramento do batismo pertence aos membros da igreja, e que aigreja é uma companhia de crentes. Visto que as criangas sao incapazes de exercer fé, nfio devem ser batizadas. Enfatiza-se também que dos batismos registrados no Novo Testamento nao ha nenhuma referéncia especifica a crian- gas. Uma outra objegao é que a Antiga Alianga, embora nao comunique a salva- go por via bioldgica, pela linhagem de sangue, nao obstante envolvia uma énfase étnica a nagao de Israel. A alianga era transmitida através dos lagos familiares e nacionais, No Novo Testamento a alianga tornou-se mais abrangente, admitindo os gentios na comunidade da fé. Este sinal de descontinuidade estabelece uma diferenga entre a circuncisio ¢ 0 batismo. Por outro lado, aqueles que sao favoraveis ao batismo de criangas enfatizam seu paralelo com a circuncisao. Embora 0 batismo ea circuncisao nado sejam idénticos, tm pontos cruciais em comum. Ambos sao sinais da alianga e ambos s&o sinais da {é. No caso de Abraao, ele abragou a fé depois de adulto e fez uma profissao de fé antes de ser circuncidado. Ele tinha fé antes de receber 0 sinal desta fé. Seu filho Isaque, por outro lado, recebeu o sinal da fé antes que tivesse afé que o sinal simbolizava (como foi 0 caso de todos os outros filhos da alianga). O ponto crucial é que no Antigo Testamento Deus ordenou que o sinal da fé fosse dado antes quea fé estivesse presente, Visto que esse era claramente 0caso, seria um equivoco argumentar em principio que é crrado administrar um sinal de fé antes que a fé esteja presente. E também importante observar que os relatos de batismos no Novo Tes- tamento foram de adultos que anteriormente eram incrédulos. Pertenciam a pri- meira geragao de cristéos. Além disso, sempre tem sido a regra que convertidos adultos (que nao eram filhos de crentes em sua infancia) devem primeiro fazer a profissao de fé antes de receberem o balismo, o qual ¢ 0 sinal de sua fé. 17 Cae Verdades Essenciais da Fé Crist Cerca de um quarto dos batismos mencionados no Novo Testamento indica que familias inteiras foram batizadas. Isso sugere fortemente, embora nao 0 prove, que as criancas eram incluidas entre os que eram batizados. Visto que o Novo Testamento nao exclui explicitamente as criangas do sinal da alianga (e foram inclufdas por milhares de anos enquanto o sinal da alianga era a circunci- so), naturalmente podemos presumir que na igreja primitiva as criancas deviam receber o sinal da alianga. A histéria testemunha a favor dessa suposigao. A primeira mengao direta ao batismo de crianga aconteceu por volta da metade do segundo século. O que € digno de nota nessa referéncia é que ela pressup6e que o batismo de criangas era uma pratica universal da igreja. Se o batismo de criangas nao fosse uma pratica na igreja do primeiro século, como e por que este afastamento da orto- doxia aconteceu tao rapido e de forma tao prevalecente? Nao s6 a difusao foi rapida e universal, como também a literatura remanescente daquela época nado reflete qualquer controvérsia concernente a esta questo. Em geral, a Nova Alianga é mais inclusiva do que a Antiga Alianga. Aqueles que contestam a validade do batismo de criangas esto tornando a Nova Alianga menos inclusiva com relagao as criangas, a despeito da auséncia de qual- quer proibigao biblica contra o batismo de criangas. Sumério 1, ONovo Testamento nao ordena nem proibe explicitamente o batismo de criancas. 2. Os defensores do batismo de filhos de crentes apontam para a continuidade entre a circuncisao e o batismo como sinais da fé. 3. A maioria dos batismos registrados no Novo Testamento era de adultos con- vertidos, da primeira geragao de cristaos, os quais, ¢ claro, ndo poderiam ter sido batizados quando criangas. 4, Oregistro dos batismos no Novo Testamento inclui batismo de “familias”, as quais provavelmente incluiam as criangas. 5. A historia da igreja testifica quanto a pratica universal, sem controvérsias, do batismo de filhos de crentes no segundo século. Para discussGo e avaliagéo 1, Qual é 0 paralelo encontrado no Antigo Testamento para o batismo, em favor do batismo dos filhos dos crentes? 2. Quais sao os pontos em comum entre a circuncisdo e o batismo infantil? 3. Cite uma das evidéncias de que o batismo infantil provavelmente aconteceu no periodo do Novo Testamento. 18 A CEIA DO SENHOR Mateus 26.26-29; 1 Corintios 10.13-17; 1 Corintios 11.23-34 Martinho Lutero rejeitou a doutrina catélica romana da transubstanciacao, ou seja, que o pao e o vinho da Comunhio se transformavam realmente no corpo e no sangue de Cristo. Ele nao via a necessidade desta doutrina. Ao contrario, concordava que a presenga de Cristo nao substituia a presenga do pao e do vinho, mas era adicionada ao pao e ao vinho, Lutero sustentava que 0 corpo e o sangue de Cristo de alguma forma estavam presentes nos elementos pao e vinho, sob eles ¢ através deles. Costuma-se chamar este conceito luterano de consubstanciagdo, porque a substancia do corpo e do sangue de Cristo esta presente com a substancia do pio e do vinho. Os tedlogos luteranos, entretanto, nao apreciam o termo consubstanciagdo e protestam que ele ¢ interpretado em termos muito préximos a doutrina cat6lica romana da transubstanciagao. E claro, porém, que Lutero insistia na presenga fisica real e substancial de Cristo na Ceia do Senhor. Repetidamente citava as palavras de Jesus na instituigdo da Ceia, “este é 0 meu corpo”, para provar sua tese. Lutero nao permitia que a forma verbal “é” fosse tomada num sentido figurativo ou represen- tativo. Lutero adotou também a doutrina da comunicacao dos atributos, median- tea qual 0 atributo divino da onipresenga era comunicada a natureza humana de Jesus, tornando possivel que seu corpo ¢ sangue estivessem presentes em mais de um lugar ao mesmo tempo. Zuinglio e outros argumentaram que as palavras de Jesus, “este éo meu corpo”, na verdade significavam “isto representa meu corpo”. Jesus freqiiente- mente usava o verbo ser em termos figurativos. Ele disse, “eu soua porta”, “eu sou a videira verdadeira”, etc. Zuinglio e outros argumentavam que o corpo de Cristo nao esta presente na substancia real da Ceia do Senhor. A Ceiaésé um memorial, com nenhuma presenga de Cristo diferente de sua presenga normal através do Espirito Santo. Joao Calvino, por outro lado, ao debater com Roma e com Lutero, ne- gou a presenga “substancial” de Cristo na Ceia do Senhor. Quando, porém, debateu com os anabatistas, os quais reduziam a Ceia do Senhor a um simples memorial, ele insistiu na presenga “substancial” de Cristo. A primeira vista, parece que Calvino foi apanhado numa clamorosa con- tradigfio. Entretanto, depois de um escrutinio mais cuidadoso, vemos que ele ao PET 9 Verdades Essenciais da Fé Crist usou.o termo substancial em dois sentidos diferentes. Quando se dirigia aos catélicos romanos ¢ aos luteranos, usava o termo substancial para significar “fisico”. Ele negou a presenga fisica de Cristo na Ceia do Senhor. Quando se dirigiu aos anabatistas, insistia no termo substancial no sentido de “real”. Desta maneira, o argumento de Calvino era que Cristo estava realmente ou verdadei- ramente presente na Ceia do Senhor, embora nao num sentido fisico. Visto que rejeitava a idéia da comunicagao de atributos da natureza divi- na para a natureza humana, Calvino foi acusado de separar e dividir as duas naturezas de Cristo e de estar defendendo a heresia nestoriana, a qual fora con- denada pelo Concilio de Calced6nia no ano 451. Calvino replicou que nao esta- va separando as duas naturezas, mas fazendo uma distingdo entre elas. A natureza humana de Jesus no presente momento esta no céu. Perma- nece em perfeita unio com a natureza divina. Embora a natureza humana esteja confinada a um lugar, a pessoa de Cristo nao pode ser confinada porque sua natureza divina ainda tem o poder da onipresenga. Jesus disse: “Eis que estou convosco todos os dias até 4 consumagao do século” (Mt 28.20). A despeito de suas limitagdes, e correndo o risco de sermos mal-interpretados, apresenta- mos a seguinte ilustragao do que estamos falando: JESUS Pd 9 Anatureza humana Natureza Divina 6 lnitacia pelo Cnipresente NATUREZA] NATUREZA => tempo. espaco. HUMANA] OIVINA . Anotueza dvina / \ 6 limitada oo ww Calvino ensinou que, embora 0 corpo ¢ 0 sangue de Cristo permanecam no céu, eles se “tornam presentes” espiritualmente a nés por meio da sua nature- za divina onipresente. Onde quer que a natureza divina de Cristo esteja presente, ele esta verdadeiramente presente. Este argumento é consistente com 0 ensino do proprio Jesus de que estava “indo embora”, mas que permaneceria conosco. Quando 0 encontramos no momento da Ceia do Senhor, temos comunhao com ele. Ao encontrar-nos em sua presenga divina, somos conduzidos misticamente A sua presenga humana, porque sua natureza divina nunca se separa de sua nature- za humana. A natureza divina nos dirige ao Cristo que subiu ao céu, e na Ceia do Senhor podemos provar um pouco do céu. 20 A Ceia do Senhor Sumario 1, Lutero ensinava que 0 corpo ¢ o sangue de Cristo eram adicionados ao pao e ao vinho, sob eles e através deles. 2. Zuinglio ensinava a visdo memorial da Ceia do Senhor. 3. Calvino negava a presenga fisica de Cristo na Ceia do Senhor, mas afirmava a presenga real de Cristo. 4. A natureza humana de Jesus esta no céu; sua natureza divina é onipresente. Para discussGo e avaliagéo 1. Qual é 0 ponto de vista Luterano sobre o assunto? 2. Que ensinou Calvino? 3. Por que Calvino foi acusado de concordar com a heresia nestoriana? 4, Que o autor quis dizer quando escreveu: “na ceia do Senhor nés provamos 0 céu"? 5. Vocé acredita realmente que ao participar da ceia do Senhor, voc esta se alimentando e fortalecendo espiritualmente? Por que? 21 A TRANSUBSTANCIAGAO Marcos 14.22-25; 1 Corintios 11.23-26 Nao hd momento mais sagrado ou mais solene na vida da igreja do que a cele- bragao da Ceia do Senhor, Ela é chamada de Santa Comunhdo porque durante esta refeigao um encontro especial entre Cristo e seu povo. Naquele momento Jesus esta presente conosco de uma maneira unica. A pergunta é: como é que Cristo est4 presente no momento da Ceia do Senhor? Esta pergunta tem sido o tema de interminaveis controvérsias entre os crist&os. Nao tem sido apenas um ponto de atrito entre o protestantismo e 0 catolicismo romano, foi também uma area de conflito que os lideres da Reforma: Lutero, Calvino e Zuinglio nao puderam resolver entre si. A Igreja Catélica Romana ensina a doutrina da transubstanciagdo, a qual significa que durante a missa ocorre um milagre, pelo qual a substancia dos elementos ordinarios do pao e do vinho se transforma na substancia do corpo e do sangue de Cristo. Aos sentidos humanos, 0 pao e o vinho nao exibem nenhu- ma mudanga perceptivel. Entretanto, os catdlicos romanos créem que embora os elementos ainda paregam pao e vinho, tenham sabor de pao e vinho, tenham cheiro de pao e vinho, etc., se tornam 0 corpo e o sangue reais de Cristo. Para entender essa idéia requer-se que conhegamos um pouco da filoso- fia de Aristoteles. Ele ensinava, em termos simples, que todo objeto (entidade) é feito de substdncia e acidentes. A substdncia é a esséncia mais profunda, ou “a matéria” de uma coisa, Os acidentes se referem a aparéncia externa, superficial de um objeto. Refere-se as qualidades de um objeto que podemos ver, sentir, provar ou cheirar, Para Arist6teles, sempre havia uma relacdo inseparavel entre um objeto e seus acidentes. Um carvalho, por exemplo, sempre tem a substancia ¢ os aci- dentes pertinentes a um carvalho, Para que algo tenha a substancia de uma coisa, eos acidentes de outra coisa, é necessario que haja um milagre. cl! ACID ey ~ o Substancia = Esséncia: SUBSTANCIAS Acidentes = Qualidades exteriores Peiceptiveis 22 A Transubstanciagdo Este é 0 alegado milagre da transubstanciagao. Os elementos do pao e do vinho se transformariam na substancia do corpo e do sangue de Cristo. Ao mesmo tempo, os acidentes do pao e do vinho permanecem. Portanto, na Euca- ristia teriamos a substancia do corpo e do sangue de Cristo sem os acidentes do corpo e do sangue, e temos os acidentes do pao e do vinho sem a subst&ncia do paio edo vinho. Sem um suposto milagre acontecer, temos a substincia e os acidentes do pao e do vinho. AO P & , z oe ° : 4 Pe Vinno = Substéincia SUBSTANCIA DO oe e acidentes PAO EDO VINHO. juntos Depois do milagre, teriamos a substancia do corpo e do sangue de Cris- to com os acidentes do pio e do vinho. Mais importante do que a controvérsia em torno da transubstanciagao era a questo concernente 4 natureza humana de Jesus. Corpo e sangue perten- cem a humanidade de Jesus, nao a sua divindade. Visto que a Eucaristia é cele- brada em diferentes partes do mundo ao mesmo tempo, a pergunta é: como a natureza humana de Jesus (corpo e sangue) pode estar em mais de um lugar a0 mesmo tempo? pAO ¢ Substincia = Corpo e songue de Cristo CORPO E SANGUE Acidentes = PGo e Vinho DE CRISTO 23 wnciiais da ¥8 Cristal PETIT Ferdades bi O poder de ser onipresente, de estar presente em todos os lugares, é um atributo da divindade e nao da humanidade. Para que a natureza humana de Jesus pudesse se espalhar por varias partes do mundo ao mesmo tempo, teria de haver a deificagdo da natureza humana. Tanto Lutero quanto 0s catélicos roma- nos ensinavam que a natureza divina de Cristo (a qual possui 0 atributo da onipresenga) comunica seu poder a natureza humana, de maneira que esta, em- bora normalmente permanega num lugar, pode estar presente em mais de um lugar ao mesmo tempo. Para Calvino e outros, porém, esta idéia da comunicag&o dos atributos divinos A natureza humana era vista como uma violago do Concilio de Caleed6nia (ano de 451), 0 qual afirmou que as duas naturezas de Cristo, a humana e a divina, eram unidas de tal maneira que nao tinham mistura, confusdo, separagao ou divis&o, cada natureza mantendo seus préprios atributos. Assim, para Calvino e a maioria dos reformadores, a transubstanciacao manifestava uma for- ma dessa heresia, Sumario 1, Transubstanciagdo significa que, durante a Eucaristia, 0 pao e o vinho sao milagrosamente transformados no corpo e no sangue de Cristo, embora con- tinuem parecendo, aos sentidos humanos, pao e vinho. 2. Substdncia se refere a esséncia de um objeto, enquanto os acidentes se referem as suas qualidades exteriores perceptiveis. 3, A transubstanciagio requer a capacitagao da natureza humana de Cristo com atributos divinos para que seu corpo e sangue possam estar em mais de um lugar ao mesmo tempo. 4, Calvino rejeitou a transubstanciago como uma violagao do Concilio de Calcedénia. Para discussao ¢ avaliagao 1. Que ensina a doutrina catdlica romana a respeito da presenga do corpo e do sangue de Jesus na ceia do Senhor? 2, Qual era a filosofia de Aristdteles a respeito dos objetos? 3. Qual é 0 ponto principal que a doutrina da transubstanciagao envolve? 4, Por que para Calvino e outros tedlogos reformados a doutrina da transubstanciagao era uma violagdo do Concilio de Calcedénia? 24 O DIA DO SENHOR Génesis 2. 1-3; Exodo 20, 8-11; Isafas 58.13, 14; Mateus 12. 1-14; Atos 20.7; 1Corintios 16.1,2; Apocalipse 1.10 A santidade do Sabado foi instituida na Criagao. Depois dos seus seis dias de atividade criadora, Deus descansou no sétimo dia ¢ 0 santificou. Por meio desta santificagdo, Deus separou o sétimo dia e 0 consagrou como santo. A observan- cia apropriada do Sabado era um dos Dez Mandamentos dados no Monte Sinai. E importante lembrar que sua instituigdo foi uma parte integrante da alianga da criagao. No Antigo Testamento, a violagdo do sdbado era uma ofensa capital. A palavra Sdbado significa “descanso”. Alguns insistem em que o nosso Sabado é 0 unico dia apropriado para celebrar o saba e que nfo é legitimo observa-lo no Domingo. Entretanto, o cristianismo histérico sempre tem obser- vado o Domingo como o sabd porque no Novo Testamento ele é 0 “dia do Senhor’, o dia da ressurrei¢ao de Cristo. O principio fundamental do saba, um em sete, permanece intacto. O Sdbado semanal tem estado perpetuamente em vigor desde a Criagao ¢ foi observado pelos apéstolos. Quest6es sobre 0 observancia adequada do Sabado continuam sendo discutidas entre os tedlogos. A maioria concorda que 0 Sabado inclui uma or- dem para o descanso de todo o labor ou trabalho regular. O Sdbado também é& um tempo para a adoragao corporativa e a atengo especial ao estudo da Pala- vra de Deus. E uma ocasiio especial para nos alegrarmos na ressurrei¢ao de Cristo e na esperanga do nosso descanso sabatico no céu. Existe discérdia com relagdo a recreagao e obras de misericérdia. Al- guns consideram 0 lazer como uma violago mundana do Sabado, enquanto outros insistem em que é uma parte importante do descanso e do refrigério. A Biblia em lugar algum promove ou proibe explicitamente o lazer ou a recreagao no Sdbado, embora o significado de “interesses” [a tradugdo em Inglés diz “‘pra- zeres”| em Isaias 58.13 possa sugerir que seja proibido. Um debate menos estridente focaliza-se na questéo das obras de miseri- cérdia. Muitos apelam para 0 exemplo de Jesus, exercendo um ministério espe- cial no Sabado como uma ordem implicita para que os crist&os estejam ativa- mente engajados em obras de misericérdia no Sabado, tais como visita aos en- fermos, etc. Outros argumentam que o exemplo de Jesus prova que é legitimo e bom estar envolvido em tais atividades, mas que aquilo que é permitido nao é 25 PTT Verdades Essenciais da Fé Crista necessariamente exigido (é claro que tais obras de misericérdia no estariam restritas apenas ao Sabado). Sumario 1, O Sabado foi instituido por Deus na Criag&o ¢ ainda esté em vigor. 2. Sabd significa “descanso”. Refere-se a um ciclo de um dia em sete. 3, A igreja primitiva celebrava o sabé no Dia do Senhor, deslocando o saba do SAbado para o Domingo (0 primeiro dia da semana). 4. O Sdbado requer a interrupgao de todo trabalho regular (exceto os trabalhos essenciais) e a reuniao dos santos para a adoragao corporativa. 5. Existe controvérsia sobre a propriedade da recreagdo e a necessidade de se realizar atividades de misericérdia no Sabado. Para discusséo ¢ avaliagéo 1. Qual é 0 significado da palavra Sabado? 2. Por que no Novo Testamento os apdstolos comecgaram a se reunir no domingo? 3, Qual 6a maneira correta de guardarmos o Sabado? 4. No mundo de hoje, 0 dia de descanso faz alguma diferenga na vida das pessoas? Em que sentido? 5. Como 0 cristéo pode resgatar hoje o real sentido do Sabado? 26 JURAMENTOS E voTOos Deuteronémio 10.20; 2 Crénicas 6.22,23; Esdras 10.5; Mateus 5.33-37; Tiago 5.12 Quando eu era menino ouvi a histéria lendaria de George Washington e a cerejei- ra. Quando 0 jovem George foi confrontado pelo pai, aborrecido pela sua tra- vessura de ter destrufdo uma arvore, o menino disse: “Nao consigo mentir; eu cortei a cerejeira”. Levei muitos anos para perceber que a confissao de Washington na ver- dade era uma mentira. Dizer “nao consigo mentir” € mentir sobre a propria habi- lidade para falar mentiras. Havia muitas coisas que George Washington nao con- seguia fazer: nao podia voar; néo podia estar em mais de um lugar ao mesmo tempo; etc. Mas George Washington conseguia contar uma mentira. Ele era um homem. Todos os seres humanos sao capazes de mentir. A Biblia declara que “todo homem é mentiroso” (SI 116.11). Isso nao significa que todas as pessoas mentem todo o tempo. Também temos a habilidade de falar a verdade. O pro- biema surge quando precisamos confiar na palavra de alguém e nao sabemos com certeza se a pessoa esta falando a verdade. Para enfatizar a importancia da verdade ao se fazer promessas e a im- portancia que se da aos testemunhos, apelamos para o pronunciamento de jura- mentos e votos, Antes de testemunhar num tribunal, a testemunha tem de jurar. Ela se compromete a “dizer a verdade, toda a verdade e nada mais além da verdade, com a ajuda de Deus”. No voto, o apelo é feito a Deus e somente a Deus, como testemunha suprema da declaragao. Deus é 0 guardiao dos votos, juramentos e promessas. Ele proprio é o manancial da verdade e é incapaz de mentir. O que era falso sobre George Washington é verdadeiro com relagao a Deus. Ele nfo pode men- tir (Tt 1.2; Hb 6.17,18). Deus também nao pode associar-se a mentirosos. Ele adverte contra o fazer votos precipitados ou falsos: “Quando a Deus fizeres algum voto, nao tardes em cumpri-lo; porque ndo se agrada de tolos. Cum- pre o voto que fazes. Melhor é que ndo votes do que votes e no cumpras” (Ec 5.4,5). Os Dez. Mandamentos incluem uma clausula contra 0 falso testemu- nho (Ex 20.16). Visto que todo 0 nosso relacionamento com Deus se baseia nas promes- sas da alianga, Deus santifica a questéo dos votos, juramentos e promessas. A confianca nos relacionamentos humanos (como casamento e sociedades comer- ee Essenciais da Fé Crist Ved ciais) é algo necessario para o bem-estar da sociedade. Um juramento legitimo é parte da adora¢ao; as pessoas, buscando assegurar a veracidade do que falam, invocam a Deus como testemunha daquilo que declararam ou prometeram. A implicagao é que se aqueles que fazem os juramentos estiverem mentindo, Deus ir puni-los com rapidez e severidade. A igreja cristé sempre tem afirmado o valor dos votos e dos juramentos. A Confiss&o de Westminster listou as seguintes estipulagdes e limites, com base nas Escrituras: O nico nome pelo qual se deve jurar é o Nome de Deus, Nome que se pronunciara com todo santo temor ¢ reveréncia; jurar, pois, falsa ou te- merariamente por este glorioso e tremendo Nome, ou jurar por qualquer outra coisa é pecaminoso e abominavel. Contudo, como em assuntos de gravidade e importancia, o juramento é autorizado pela Palavra de Deus, tanto sob o Nova Testamento quanto sob o Antigo, o juramento, sendo exigido pela autoridade legal, deve ser prestado com referéncia a tais assuntos. Art, 22.2-3 Uma estipulacao adicional é que um juramento nao deve ser feito de forma equivocada ou com reservas mentais. Deus nao aceita “dedos cruzados”, mas apenas a total honestidade. Nao se deve fazer um juramento levianamente. E um recurso que deve ser guardado para ocasides solenes e para promessas solenes. Até mesmo os governos civis reconhecem isso, insistindo que haja jura- mento nos casamentos e antes que seja dado um testemunho legal. Mesmo em situagdes menos solenes, o crente é chamado a honestidade — que o sim seja sime o no seja nao. Esta é a responsabilidade do discipulo fiel de Cristo. Sumario 1. Os seres humanos tém capacidade para proferir mentiras. 2. Deus, a fonte da verdade, nao pode mentir e ¢ 0 guardiao da verdade. 3, Juramentos e votos so uma parte legitima da adoragao. 4. Juramentos devem ser feitos apenas em nome de Deus. Nenhuma criatura pode ser a testemunha suprema da verdade. 5. Votos nado devem ser feitos precipitadamente ou com reservas. Para discusséo ¢ avaliagGo 1. Por que se usam juramentos e votos? 2. Qual é 0 valor dos juramentos e votos para a igreja? 3. Por que um juramento nao deve ser feito com equivocos ou reservas mentais? 4. O cristéo deve fazer uso dos votos e juras em suas conversas e promessas? Por qué? 28 A ESPIRITUAUDADE € A VIDA NESTA ERA i. FRUTO DO ESPiRITO Romanos 12. 1-21; 1 Corintios 12.1—14.40; Galatas 5. 19-26; Efésios 4.1—6.20 O fruto do Espirito Santo ¢ um dos aspectos mais negligenciados do ensino biblico sobre santificagao, Ha varias razGes para isso: 1, A preocupagdo com as coisas exteriores. Embora os estudantes muitas vezes murmurem e reclamem quando t@m de fazer uma prova na escola, ha um sentido em que realmente queremos fazer as provas. Sempre encontramos nas revistas modelos de testes que medem habilidades, realizacdes ou conheci- mentos. As pessoas gostam de saber em que nivel esto. Sera que consegui alcangar a exceléncia numa certa area, ou estou afundando na mediocridade? Os cristaos nao so diferentes. Tendemos a medir nosso progresso na santificagdo examinando nosso desempenho de acordo com padrées externos. Proferimos maldigées e palavrées? Bebemos muito? Vamos muito ao cinema? Esses padrées so freqiientemente usados para medir a espiritualidade. O ver- dadeiro teste —a evidéncia do fruto do Espirito Santo — geralmente é ignorado ou minimizado. Foi nesta armadilha que 0s fariseus cairam. Nos nos afastamos do verdadeiro teste porque o fruto do Espirito é dificil demais. Exige muito mais do cardter pessoal do qué os padrdes exteriores superficiais, H muito mais facil evitar falar um palavrao do que adquirir o habito de ter uma paciéncia piedosa. 2. A preocupagdo com os dons. O mesmo Espirito Santo que nos guia na santidade e produz fruto em nds também distribui os dons espirituais aos crentes. Parecemos muito mais interessados nos dons do Espirito do que no fruto, a despeito do ensino claro na Biblia de que alguém pode possuir dons ¢ ser imaturo no progresso espiritual. A carta de Paulo aos Corintios deixa isso muito claro. 3. O problema dos descrentes justos. 6 frustrante medirmos nosso pro- gresso na santificagao pelo fruto do Espirito Santo porque as virtudes relaciona- das as vezes so exibidas num nivel maior por descrentes. Todos nés conhece- mos pessoas nfo-cristéis que demonstram mais bondade ou mansidao do que muitos cristaos. Se as pessoas podem ter o “fruto do Espirito” independen- temente do Espirito, como podemos determinar nosso crescimento espiritual desta maneira? Ha uma diferenga qualitativa entre as virtudes do amor, alegria, paz, longanimidade, etc., engendradas em nds pelo Espirito Santo e aquelas exibidas 30

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