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Capitulo II A ASCENDENCIA ECONOMICA DO CAPITAL MULTINACIONAL E ASSOCIADO Introducao A Segunda Guerra Mundial pode ser considerada um divisor de Aguas crucial que tmarcou a consolidacto econdmica e a supremacia politica do capital monopolista nos centros industriais e financeiros.' As novas formas de capitalismo, que se realizavam em nivel global através de uma articulacao complexa e contraditéria com as varias formacoes sociais nacionais, tiveram como expressdo organizacional basica as corporacdes multinacionais.’ O capitalismo brasileiro, tardio ¢ dependente, viria a ser tanto transnacional quanto oligopolista ¢ subordinado aos centros de expansao capitalista, O capital “nacional”, que fora predominante no governo de Getulio Vargas, oe ——C—C—C=—C=C=C ‘ CS em ra ets Pertencentes ao Estado,’ Mesmo nesse itltimo caso, o capital transnacional teria ainda um papel central através de joint ventures (empreendimentos conjuntos) entre o Estado e corporacées multinacionais, além de exercer controle multinacional parcial das acdes de empresas estatais brasileiras, Penetracdo multinacional e integracao da industria* ‘As mudancas na divisdo internacional do trabalho® e a penetragao na economia brasileira de um bloco multinacional liderado por interesses americanos dersse lugar a Rovas relacdes econdmicas e politicas, tais como a) uma crescente concentracao econdmica ¢ centralizacao de capital® com a predominancia de grandes unidades industriais e financeiras integradas; 5) um processo de controle oligopolista do mercado. O crescente peso econdmico e a relativa importancia politica do bloco de poder ‘multinacional eassociado no Brasil em prineipios da década de sessenta forare claramente Tevelados através dos dados fornecidos por uma pesquisa seminal realizada ro Instituto de Ciéncias Sociais — ICS — da Universidade Federal do Rio de Janeiro.* he ee r f + i | | i i | II s) al er 0 René Armand Dreifuss 59 Através da pesquisa foi feito um levantamento de dados dos grandes grupos econdmicos ¢ estimado um universo de 276 grupos bilionarios. Desses grupos, 221 tinham um valor de capital mais reservas das empresas que se situavam na faixa de 900 milhoes a 4 bilhoes de cruzeiros. Foram identificados 55 grupos cujo capital proprio ultrapassava a cifta dos + bilhoes de cruzeiros; esses foram chamados de “grupos multbilionarios” Esses 55 grupos, que tinham um papel estrategico na economia brasileira, ocupavam as posicdes de lideranca nos setores principais onde operavam, controlando uma parte substancial da producao e circulacao de bens.? Mais da metade desses grupos tinha a sua sede em Sao Paulo, aproximadamente um terco deles no Rio de Janeiro e um pequeno numero em Minas Gerai O estudo do ICS examinou 83 grupos biliondrios escolhidos para integrarem uma amostra aleatéria de um universo estimado em 221 unidades. Desses 83 grupos, 54, ou seja, 65%, eram “nacionais” e 29 multinacionais. Vinte e cinco dos 54 grupos nacionais, ou seja, 46%, tinham ligagdes através de empreendimentos comuns com grupos multinacionais. Se essas percentagens forem generalizadas em relacdo ao universo de 221 grupos bilionarios, elas mostrariam 144 “nacionais” (65,1%) e 77 multinacionais (34,9%), dos quais +3 (55,2%) eram grupos multinacionais ndo-americanos.'° De um total de 144 grupos “nacionais”, somente 78 no tinham ligacdes bem definidas com interesses multinacionais. A classificagao por valor de capital dos grupos bilionarios permitiu compor a Tabela 1 Tabelal Valor do capital Grupos % Grupos % estrangeiros nacionais 900 milhdes a 1 bilhao e 500 milhdes 19 65,5 15 27,7 1 bilhao ¢ 500 milhdes a 3 bilhées 10. 34,5 34 62,9 3.a4 bilhdes = = 5 94 Fonte: T. dos Santos, 1969, p. 52-53. io Pessoa de Queiroz, ICS, 1965, p. 152, (Em 1962, 0 valor do détar aumentou de CrS 100,00 para Cr$ 200,00 no fim do ano.) Apesar da superioridade numérica dos grupos nacionais na faixa dos grupos bilionarios, eles se ressentiam de uma menor capacidade de concorréncia, com sua atividade limitada por desvantagens tecnoldgicas, tendo de operar dentro de um mercado oligopolista controlado por companhias multinacionais. Além disso, 58% dos grupos bilionarios transnacionais e 37,5% dos grupos nao-americanos faziam parte do micleo predominante do mercado de seu produto principal. Dez grupos de posicao importante (8 americanos e 2 multinacionais) eram os maiores produtores em seus respectivos mercados.!! © capital transnacional americano era proeminente dentro dos grupos multinacionais bilionarios. Os americanos representavam 13 grupos (48%) do total de 60 1964: A Conguisra po Estapo 29 grupos multinacionais bilionarios. Os americanos representavam também 48% do total de interesses multinacionais e 15,6% do total de grupos biliondrios nacionais « multinacionais Dos 55 grupos multibilionarios encontrados no Brasil, 31 deles (56,4%) eram tnultinacionais ¢ 24 deles (43,6%) eram locais ou “nacionais”, dos quais, por sua vez, 62.5% tinham ligagdes variadas com grupos transnacionais. Desces 24, somente 9 grupos 57.5%) nao tinham agoes nas maos de corporacdes multinacionais, ao Passo que 2 deles tinham diretorias imterligadas com as de corporacdes multinacionsin'” A Sepremacia multinacional mostrava-se mais intensa a medida que eram feitas FomparacOes entre as diferencas do montante de capital de grupos multinacionais ¢ locais. Dezenove grupos “nacionais” (79,0%) de um total de 24 tinham capital entre 4 —rt—“C—™r—SOSO—SSOOSsS Os bancos tornaram-se agentes centrais do processo de concentracdo ¢ acumulacao.” © processo geral de concentracao e centralizacao economicas internacionais : apresentava outro aspecto além do processo de monopolizacao de mercado. A 1 concentragao econdmica dava-se também em nivel financeiro ¢ realizava-se através de : ‘um proceso de integracao entre as empresas ¢ através do controle de um tinico grupo : sobre varias empresas. © processo de integracdo entre as empresas dava-se S principalmente através de Holdings transnacionais - organizagoes financeiras que ) mantinham e geriam 0 controle de acdes eas operacdes de um certo grupo de empresas Ja o mesmo nao acontecia com os grupos nacionais. Neles essa integracao tinha caracteristicas de uma organizacdo interfamiliar. A familia ocupava um lugar tao significativo na estrutura de controle ¢ administracao das empresas que se pode falar de grupos nitidamente familiares, sejam eles uni ou multifamiliares. Foi esse 0 caso de grupos oligopolistas como os de Ermirio de Moraes, Bueno Vidigal, Quartim Barbosa, Villares, Mourao Guimaraes e Matarazzo, entre outros. Os grupos nacionais eram controlados por grupos familiares que distribufam as agdes e as posicdes administrativas entre si, seus parentes, ou entre grupos familiares menores, ligados as familias nucleares, C mas nao necessariamente aparentados, como era 0 caso do grupo Almeida Prado. Em principio da década de sessenta, somente 3 dos grupos nacionais multibilionatios nao 70 1964: A Conguista po Esrano seguiriam essa estrutura familiar; 7 eram formados pela reuniao de empresatios isolados € somente 12 grupos podiam ser considerados como liderados por administradores Dos 55 grupos, 28 (50,9%) possuiam holdings puros dentre as firmas que os compunham, sendo que a maioria deles era de grupos nacionais de origem local e nao de imigrantes. Os grupos multinacionais operavam através do controle acionario majoritério de suas empresas.* Os grupos multinacionais multibilionarios viam de 80 a 90% de suas acoes em poder da matriz e somente 3 exerciam controle minoritario de suas empresas. Os grupos multinacionais bilionarios mostravam tendéncias semelhantes, ao passo que era mais acentuado o controle minoritétio nos grupos multibilionarios locais. Nenhuma formacao € mais representativa do processo de integragao capitalista Cinternacionalizacao, centralizacao organizacional e fusio ¢ interpretacao financeiro- industrial) que ocorria em meados da década de cinquenta e principios da década de sessenta do que a do gigantesco Atlantic Community Development Group for Latin America, mais conhecida por sua sigla ADELA. A ADELA foi formada em 1962 a partir de recomendacoes feitas por um think-tank* encabecado pelo vice-presidente da Standard Oil of New Gersey (grupo Rockefeller) e pelo vice-presidente da FIAT (complexo Agnelli).” A ADELA foi posta em acao por parlamentares da OTAN e senadores dos Estados Unidos, entre os quais exerceram papel importante Hubert Horatio Humphrey e Jacob Javits, entao senadores e membros do Council for Foreign Relations. A ADELA foi registrada no Grao-Ducado de Luxemburgo em setembro de 1964, operando na América Latina através de um escritério em Lima, Peru. A organizagao consolidou-se no fim da década de sessenta e, em fins de 1972, os acionistas da ADELA inclufam cerca de 240 companhias industriais, bancos ¢ interesses financeiros de 23 paises, cuja lista é apresentada no Apéndice A. A organizacao é financiada por alguns dos maiores complexos industriais e financeiros internacionais, © que faz com que ela tenha consideraveis recursos e canais de informacao. A ADELA € também capaz de exercer forte pressao sobre os governos dos pafses onde opera.” As suas fungdes sao explorar as oportunidades de investimentos para as corporacées multinacionais ¢ criar um cima favoravel para investimentos usando sécios locais, um Papel politico que era interiormente exercido pelos governos dos paises onde as matrizes destas companhias estavam situadas. Além disso, a ADELA objetiva o desenvolvimento de uma estratégia de penetracao através de investimentos diretos, assisténcia técnica ¢ pericia administrativa, andlise de mercado e comunicagées com focos locais de poder. A ADELA se propde também a realizar contratos com instituicdes financeiras internacionais, estendendo suas atividades a praticamente todos os setores econdmicos. A lista de corporagdes multinacionais que fazem parte da ADELA sugere claramente © poder subjacente a organizacio. A ADELA ¢ uma organizagao supranacional para 0 * NT: grupo de especialistas organizado por uma empresa, agéncia governamental etc. € Comissionado para realizar estudos intensivos e pesquisa de problemas especificos. René Armand Dreifuss a marketing internacional. Mas isso nao é tudo, Além de ser uma organizacao de consultoria, a ADELA opera também como investidora ¢ esta diretamente envolvida em atividades econémicas. No Brasil, a ADELA operava diretamente através das companhias apresentadas no Quadro 1. A ADELA assumiu também o papel de mediadora entre instituigdes financeiras internacionais e os paises latino-americanos no planejamento do desenvolvimento desses tiltimos. O Relatorio Anual de 1968 mostrou que a ADELA tinha, em conjunto com a International Finance Corporation - IFC e o Banco Interamericano de Desen- volvimento, “contacto continuo e livre troca de informacoes, de maneira a evitar duplicidade de esforcos nas areas de desenvolvimento e participar conjuntamente das andlises de oportunidades para investimentos”. A ADELA tinha um grande mimero de projetos em comum coma IFC, incluindo joint ventures (empreendimentos conjuntos) em grandes investimentos."' A IFC foi fundada em 1956 em bases semelhantes as da ADELA. A IFC investe isoladamente ou em conjunto com outras corporagées multina- cionais em alguns dos grandes grupos associados e empresas puiblicas do Brasil. O Quadro 2 mostra a sua rede operacional. E interessante notar que companhias participantes da ADELA e ligadas & IFC estariam a frente da campanha contra o governo de Joao Goulart, dando apoio financeiro € agindo através de seus diretores que operariam como ativistas politicos. O capital monopolista, mediado pela penetracao de corporacoes multinacionais, redefinia a divisao internacional do trabalho e estabelecia um novo centro produtivo- chave e um bloco organizacional dentro da estrutura socioeconémica brasileira, A industrializagao do Brasil seria integrada e absorvida por corporacdes multinacionais de acordo com a estratégia de expansio do capital global, sublinhando os novos graus de internacionalizacao, centralizacdo e concentracao de capital. O capital monopolista transnacional ganhou uma posicao estratégica na economia brasileira, determinando © ritmo ea direcdo da industrializacao ¢ estipulando a forma de expansio capitalista nacional. A tendéncia para a desnacionalizacao, concentracao ¢ predominancia em setores industriais especificos das multinacionais aumentou fundamentalmente apés 1964, uma vez que as condicées politicas e econdmicas para esse movimento ascendente foram impostas. Nesse proceso, o capital americano estabeleceu sua supremacia entre 08 interesses multinacionais. Em 1969, a “apropriagéo” da economia brasileira por interesses multinacionais era um fato consumado. Companhias multinacionais controla- vath 37,7% da industria do ago, 38% da indiistria metaltirgica, 75,9% dos produtos quimicos e derivados de petroleo, 81,5% da borracha, 60,9% das maquinas, motores € equipamentos industriais, 100% dos automoveis ¢ caminhoes, 77,5% de pecas ¢ acessorios para veiculos, 39,8% da construgao naval, 71,4% do material para construcao de rodovias, 78,8% dos méveis de aco e equipamenios para escritorio, 49,1% dos aparelhos eletrodomésticos, 37,1% do couro e peles, 55,1% dos produtos alimenticios, 47% das bebidas, 90,6% do fumo, 94,1% dos produtos farmacéuticos, 41% dos perfumes € cosméticos ¢ 29,3% da industria textil.”® 72 1964: A Conguista po Esrapo Em um estudo preparado para o Subcommittee on Multinational Corporations do Committee on Foreign Relations do Senado americano, Richard Newlarmer Willard e Mueller mostraram que a intensa penetracao de investimentos multinacionais na economia brasileira e a sua concentracao em setores econémicos-chave levaram a uma desnacionalizacao industrial significativa. Mencionaram ainda que as tomadas de decisio empresariais nas induistrias dominadas por multinacionais pareciam ter sido transferidas efetivamente para as matrizes no exterior.” De acordo com a sua estimativa, aproxima- damente 70,0% dos 7 bilhoes de dolares de investimentos estrangeiros no Brasil em 1972 iam para a manufatura, 3 industrias principais — transportes, produtos quimicos € maquinario - responsaveis por mais de 3/4 do ativo liquido americano e por mais de 2/3 das vendas das industrias. “Além disso, poucas corporacées multinacionais controlam, em cada setor industrial, a maior parte do ativo e das vendas. Firmas americanas ¢ de outros paises respondem por 158 das 500 maiores empresas nao finan- ceiras no Brasil em todos os setores. Na industria, elas totalizam 147 das 300 maiores firmas. Mais importante ainda, corporagoes multinacionais controlam 59 das 100 maiores corporagdes industriais (as 100 companhias dominantes possuem mais de 3/ 4 do ativo das 300 maiores)”.* Conseqiientemente, Newfarmer ¢ Mueller chamavam a atencao para 0 fato de que as empresas privadas brasileiras gozavam uma posicio semelhante de proeminencia somente em trés setores industriais: minerais ndo- metalicos, produtos de madeira e papel e inchustria alimenticia, Empresas estatais predo- minavam na producao de aco ¢ refinamento de petrleo (as empresas estatais associavam-se a multinacionais na produgao de aco). Newfarmer e Mueller também salientavam que a “desnacionalizacao se interliga a concentracéo industrial ja que as corporagées multinacionais acham-se geralmente localizadas em mercados con- centrados. A manufatura é geralmente bastante concentrada: em 176 de 302 induistrias, as 4 fabricas dominantes produziam mais de 50% do valor da producao. Firmas estrangeiras possuiiam 3 ou 4 das fabricas dominantes em 32 industrias, o que respondia Por 26% da producao industrial. Quando combinadas as industrias nas quais pelo menos 2 das 4 fabricas dominantes pertenciam a corporacées multinacionais, firmas estrangeiras dominavam 66 industrias, compreendendo 44% da producdo manufa- tureira. As firmas estrangeiras mostravam uma concentracéo média mais alta do que as. firmas nacionais, pelo fato de operarem mais freqtentemente em industrias oligopolistas”.** Assim, com quase metade da indtistria sob controle multinacional. o relatorio do Senado americano salientou que corporacdes multinacionais conduziam- se como “um determinante critico da performance econdmica brasileira”. relatorio tevelou ainda que “como muitas firmas estrangeiras sao oligopolisticas, a desnacio- nalizacao esta ligada a concentracao de mercados de produtos. A concentracao de mercado outorga poder adicional as corporacdes multinacionais livres das restrigdes do mercado competitive. Se a desnacionalizacao ¢ a concentracao de mercados de Produtos continuarem a aumentar, a economia brasileira tornar-se-d cada vez mais vulneravel ao poder de decisdo exercido por executivos nas sedes das corporacdes multinacionais” René Armand Dreifuss 73 Conclusao O mero peso econdmico de interesses multinacionais na economia brasileira tornou-se um fator politico central no final da década de cinqutenta. A fim de impelir seus interesses especificos, o capital transnacional apoiou-se nao somente em seu poder econémico, mas também desenvolveu pericia organizacional e¢ capacidade politica proprias para influenciar as diretrizes politicas no Brasil. Essa pericia e capacidade foram incorporadas em uma intelligentsia politica, militar, técnica e empresarial, isto é, nos intelectuais organicos dos interesses multinacionais e associados e nos organizadores do capitalismo brasileiro. Eles formavam, com efeito, a estrutura do poder politico corporativo do capital transnacional, que se desenvolveu durante o processo de insercao consolidacao das corporacées multinacionais no Brasil. Como foi visto anteriormente, a partir de meados da década de cinqitenta os interesses multinacionais e associados cresceram e se fortaleceram rapidamente, tornando-se, indubitavelmente, a forca econdmica dominante em principios da década de sessenta. Os intelectuais organicos do bloco oligopolista que nao tinham lideranca politica, pois essa estava nas maos de interesses populistas, e excluidos da representacdo associativa pela convergéncia de classe no poder, tentariam contornar os canais politicos e administrativos tradicionais de articulacdo e agregacao de demandas. Os interesses novos objetivavam uma ruptura efetiva ou o esvaziamento do corporativismo associative populista, pelo estabelecimento de novos loci e focos de poder econdmico no interior do aparelho de Estado e de novas formas de comunicacao de classe com centros de tomada de decisao. Esse capitulo tentou mostrar o dominio econdmico do capital multinacional na economia brasileira, O proximo capitulo tratara das agéncias e agentes criados e utilizados pelos interesses multinacionais e associados, assim como da formacao de novos atores politicos que responderiam ao desenvolvimento da sociedade brasileira NOTAS BIBLIOGRAFICAS 1. Para uma analise do capital monopolista e das mudancas na estrutura do capital nacional € internacional, vide (a) Paul SWEEZY. The theory of capitalist development, London, P. Dobson Ltd., 1962, p. 254-269, 287-319. (b) P. BARAN & P. SWEEZY. Monopoly capital. Gra-Bretanha, Pelican Books, 1965, p. 215-323. 2. (a) Herbert de SOUZA. Notes on world capital, In: The internationalization of capital. Toronto, LARU, feb. 1978, v: 2,n. 2, p. 9, 55, 69, (b) Teotdnio dos SANTOS. El nuevo caricter de La dependencia In: MAR, José Matos ed. La crisis dei desarrollismo y la nueva dependencia. Argentina, Amorrortu Ed., 1969, p. 12 (Instituto de Estiidios Peruanos). 3. Vide (a) Eli DINIZ. Empresario, Estado ¢ capitalismo no Brasil 1930-1945, Rio de Janeiro, Paz ¢ Terra, 1978. (b) Eli DINIZ & Renato Raul BOSCHI, Empresariado nacional ¢ Estado no Brasil. Rio de Janeiro, Forense Universitaria, 1978, 4. Este capitulo faz uso das informacocs ¢ conclusoes de tres trabalhos muito importantes. © primeiro deles € 0 Report to the Subcommittee on Multinational Corporations do Committee on Foreign Relations 74 1964: A Conauista bo Estano do Senado dos Estados Unidos. Fsse relat6rio foi preparado por Richard S. Newfarmer ¢ Willard F, Mueller para uma comissao presidida pelo Senador Frank Church que estudava as empresas multinacionais no Brasil e no Mexico, comissao estabelecida em agosto de 1975.0 segundo trabalho € ploneiro em sua area. Seus autores so Mauricio Vinhas de Queiroz, Luciano Martins ¢ José Antonio Pessoa de Queiroz, responsaveis pelos artigos Grupos multibilionarios, Grupos bilionatios nacionais © Grupos bilionarios estrangeiros, respectivamente. Esses artigos foram publicados na Revista do Instituto de Ciencias Sociais, Rio de Janeiro (2), 1965. Essas duas primeiras andlises proporcionaram informacdo fatual para um niimero de estudos explicativos sobre o processo economico e politico brasileiro usados neste capitulo. © terceiro trabalho € o Research Memorandum of the Bureau of Intelligence and Research, produzido para o Departamento de Estado americano em fevereiro de 1963; uma cdpia desse memorando encontra-se nos Arquivos John F Kennedy em Boston, Massachusetts, 5. T. dos SANTOS. The multinational Corporation ~ cell of contemporary capitalism. LARU, sL., 2(2):34-9, Feb, 1978 6. Para a percepcao do processo brasileiro de concentracao e centralizacao, vide Maria da Conceigao TAVARES. Da substituicdo de importacoes ao capitalismo financeiro. Rio, Zahar, 1975. p. 125-147, 173- 208 7. Pode-se obter informacao sobre o controle oligopolista do mercado por corporagdes multinacionais © associadas na composicdo setorial da economia brasileira nos guias BANAS, 1960-1965. 8, Entre os autores que se valeram dessa importante pesquisa estao: (a) O. IANNI. Crisis in Brazil, New York, Columbia Univ. Press, 1970, p. 148-149. (b) EH. CARDOSO. As tradigdes do desenvolvimento associado. Estudos CEBRAP Sao Paulo, (8):43-73, CEBRAP, abr./jun. 1974. (c) T dos SANTOS, op. cit., 1969, p. 37-60. 9. O.IANNI, op. cit, p. 157. 10. T. dos SANTOS, op. cit, 1969, p. 38-39, 11. BH. CARDOSO. Hegemonia burguesa y independencia econdmica: raices estructurales de la crisis politica brasilena, In; FURTADO, Celso; JAGUARIBE, Hélio & WEFFORT, Francisco C. et alii Brasil hoy, Mexico, Siglo XI, 1968, p. 105, 12. FH. CARDOSO, 1968, id. 1. T. dos SANTOS, op. cit, 1969, p. 52. 14. (@) T. dos SANTOS, op. cit., 1969, p. 53. (b) Francisco de OLIVEIRA. A economia da dependéncia imperfeita, Rio de Janeiro, Graal, 197. 15, R, NEWFARMER & W. MUELLER, op. cit., p. 103-104, 16. Considerando-se 1955 como ano base (1955 = 100), a industria mais internacionalizada ¢ sofisticada de bens de consumo subiu para 323 em 1960. Vide O. IANNI, op. cit., p. 157-158. 17 (a) EH. CARDOSO, op. cit., 1968, p. 154-185. (b) FH, CARDOSO, Mudancas sociais na América Latina. $20 Paulo, DIFEL, 1969, p. 170. Segundo NEWFARMER & MUELLER, op. cit,, p. 105, “Os investimentos manulatureiros americanos concentravam-se primordialmente em industrias-chave: produtos quimicos, transportes e maquinario. Essas tém sido inclusive as industrias mais dinamicas em termos de crescimento no Brasil. Uma pesquisa do Departamento de Comércio americano revelou que esses trés grupos industriais, de suma importancia, compreendiam mais de 75% do total do ativo Kiquido investido no Brasil em 1970 Por firmas americanas participantes da pesquisa. © maquinério elétrico ¢ o nao-elétrico combinados responsabilizavam-se por outros 11%”, “Dentro de cada uma dessas tres maiores industrias que respondem pela grande maioria do total do ativo liquido americano e seu mercado, menos de quinze firmas controlam a parte maior do ative e das vendas”. “As mesmas trés industrias de proa sto responsiveis por 71% de todo 0 ativo liquido ¢ de todo o mercado americano no Brasil” 18. T. dos SANTOS, op. cit., 1969, p. 56. René Armand Dreifuss 75 19. (a) T. dos SANTOS, op. cit. 1969. p. 36-37, 56-57. (b) José Antonio Pessoa de QUEIROZ, Revista do Instituto de Ciencias Sociais, Rio de Janeiro, 1965. 20. T. dos SANTOS, op. cit., 1969. p. 58-59 21. T. dos SANTOS, op. cit., 1969. p. 38. 22, Entre os grupos bilionarios que controlavam a economia brasileira, 11 dos grupos americanos (84,6%) incluidos na amostragem estavam entre 0s 500 maiores dos Estados Unidos; 6 grupos (46%) da amostragem estavam entre 05 200 maiores e entre esses achavam-se os 4 maiores produtores de seus respectivos setores. Quanto 40s grupos nao-americanos que faziam parte da amostragem dos grupos bilionarios, 41,6% estavam entre 0s 500 maiores grupos financeiros fora dos Estados Unidos Assim sendo, o controle financeiro da economia brasileira estava entregue aos 1.000 principais grupos econdmicos privados globais. Torna-se evidente que esses ntimeros passam a ter significado diferente se considerarmos 0 grau de inter-relagdo entre os grupos internacionais e sua insercdo em grupos holding, centrados, em muitos casos, em grupos familiares, como € 0 caso dos Rockefeller, Morgan Mellon, Dupont, Wallenberg ¢ Agnelli. Vide T. dos SANTOS, op. cit., 1969, p. 39. 23. NEWFARMER & MUELLER, op. cit, p. 31 24. Estados Unidos. Department of State. Bureau of Intelligence and Research - RHR 8. Research Memorandum: U.S, private investment in Brazil. 14 Feb, 1963 (Arquivos John F Kennedy, Boston), 25. BIR ~ Department of State, id, p. 5. Sobre recomendacdes quanto ao comportamento das corporagdes multinacionais nos paises onde elas se instalaram, vide W. BAER & M.H. SIMONSEN, American capital and Brazilian nationalism Yale Review, Estados Unidos, 53(2): 192-198, Winter 1964 26. BIR — Department of State. ibid., p. 1-2. 27, BIR - Department of State. ibid, p. 2 28, BIR - Department of State. ibid., p. 3. 29. O grupo Mellon operava no Brasil através das seguintes companhias: ~ Gulf Oil: Cia, Brasileira de Petréleo Gulf. — Westinghouse Electric: Westinghou-se Elétrica do Brasil. Tratores do Brasil. ~ Aluminium of America: Cia, Aluminio Pocos de Caldas, Aluminio do Brasil S.A., Aluminium Limited Sales, Eletroquimica Brasileira S.A. ELQUISA. ~ Pittsburgh Plate Glais: Cia, Vidratia Santa Marina, Pittsburgo de Vidro ¢ Cristais Ltda., Vidros Corning do Brasil S.A. — Koppers Revere Co.: Cia. Brasileira de Estireno, Cia. Brasileira de Plisticos Kopper S.A., Kopper Comercio e Servicos Ltda. = Jones and Langhlin Intemational Co. - ARMCO Steel Co.: ARMCO Industrial e Comercial $.4., ARMCO ‘ubos, 30. BIR ~ Department of State, op. cit, p. 4 31. A Brazilian Traction - Light & Power, que tinha a participacao do grupo Morgan (30% do ativo total), operava no Brasil atraves de: = Rio Light S.A, — Sao Paulo Light S.A. — Brazilian Hidroelétrica Co. Led. ~ Cia, Brasileira Administradora de Servicos COBAST ~ Cia, Ferrocarril J. Botanico, Cia, Telefonica Brasileira — Cia, Telefonica do Espirito Santo 76 1964: A Conguista po Esrano ~ Cia. Telefonica de Minas Gerais. ~ City of Santos Improvement Co. Ltd = Forca ¢ Luz de Vera Cruz. Listas Telefénicas Brasileiras. = Sao Paulo Flectrie Co. Ltd ~ The Sao Paulo Gas Co. Led. ~ Société Anonyme du Gaz do Rio de Janeiro. ~ Cla, Carris Luz Forea do Rio de Janeiro. = Cia. Eletricidade Sao Paulo ¢ Rio: Cia. Luz e Forca Guaratingueta, Forca e Luz Norte de Sao Paulo, Forga ¢ Luz Jacarei € Guararema, Empresa Luz ¢ Forca Jundiaf, Empresa de Melhoramentos Porto Feliz, Empresa Fletricidade Sao Paulo e Rio, Empresa Hidroelétrica Serra da Bocaina A Light S.A. controlava 57% do consumo e 54% da poténcia. 32. O grupo Rockefeller controlava, entre outras: ~ Standard Oil of New Jersey: Esso Brasileira de Petroleo, Cia, Maritima Brasileira, Brasilmar Meridional de Navegacao, Cia. Brasileira de Gas-GASBRAS, Cia. Ultragas S.A. ~ Atlantic Refining Co.; Atlantic Refining Co. of Brazil, Empresa Importadora Carioca $.A. ~ Socony Vacuum: Socony Vacuum Servicos Técnicos, ~ Standard Oil of California: Asfaltes California S.A. ~ Texas Co.: Texas Oil Co., Transmar S.A., Oleos Galena Signal S.A = Manhattan Chase National Bank: Interamericana de Financiamentos e Investimentos, Int. Basic Enonomy Group-IBEC, Cargill Agricola e Comercial S.4., Sementes Agroceres S.A., Empresa de Mecanizacao Agricola. ~ DELTEC Corporation. © grupo Rockefeller participava também das seguintes empresas: ~ BORDEN Co. ~ Alba S.A. Adesivos e Lacticinios Bra: ~ Coca-Cola S.A. = Metro Goldwin Mayer. jeiros. ~ 20 th Century Fox. ~ Bethlehem Steel Corp.-ICOML 33. O grupo Morgan era proprietério e controlava: ~ EBASCO Bond & Share Co.: Cia. Auxiliar de Empresas Elétricas Brasileiras (Eugenio Gudin, P Américo Werneck), Cia. Brasileira de Energia Elétrica (César Rabelo), Cia. Central Brasileira de Forca Eletrica, Cia. Brasileira de Forca Eletrica, Cia. Energia Elétrica da Bahia, Cia, Energia Elétrica Rio-grandense, Cia. Forca Luz de Minas Gerais S.A. (Mario Werneck A. Lima), Cia, Forca e Luz Nordeste do Brasil, Cia, Forca e Luz do Parana, Cia. Linka Circular de Carris da Bahia, Cia, Paulista de Forcae Luz, Pernambuco Tramways and Power Co. Ltd., Rio-grandense Light and Power Syndicate Ltd., Southem Brazil Electric Co. Ltd., Telephone Co. of Pernambuco. ~ ITT: All America Cables (Alberto Torres Filho), Cia. Internacional de Iméveis, Cia. Radio Internacional do Brasil (Alberto Torres Filho), Cia. Telefonica Paranaense, Standard Flectric S.A (Fernando Machado Portela), Westrex Co, Brasil, Cia. Telefonica Nacional ~GE Co. Electrical Export Corp., Financiadora Comercial S.A., Assis Ribeiro). A. (US. Steel). eneral Electric S.A. (José Carlos de = Brazaco $ nnn OTR etree SE Ea ee SE EEE ESSE Ee TEE EEE ET René Armand Dreifuss — Cia, Meridional de Mineracao (U.S. Steel), — First National City Bank of New York. _ Bates Valve Bay Corporation (Saint Regis Paper) — Nabisco Brasileira de Biscoitos (Nat. Bis. } — Monsanto do Brasil ~ Produtos Quimicos € Farmacéuticos. © grupo Morgan IBM World Trade Corp. ~ Coca-Cola Exp, Corp. S.A. (grupo Rockefeller) sticipava de — Refrigerantes Bauru = RCA Victor. ~ Sears, Roebuck & Co. (grupo Rockefeller) — Frigorifico Swift Cia. Ultramar de Armazéns Gerais. — Panamericana de Material. ~ Pan Am (grupo Rockefeller). = Firestone & Tyre Rubber Co. ~ Great Atlantic & Pacific Tea Corp. = American Coffee. 34. BIR - Department of State, op. cit., p. 6-7. Esses dados foram usados concomitantemente as srfonmagdee apresentadas nos BANAS Investment Cuides, Vide principalmente Roberto BORGEARD sri Ouem eontrola 0 qué 0 capital estrangeiro no Brasil. Sa0 Paulo, Ed, BANAS, 1961. V.2,p.39 35, T. dos SANTOS, op. cit., 1969, p. 41 36, Vide (a) BANAS. Bancos, bolsas ¢ inv simentos, Sao Paulo, 1966, p. 44. (b) T. dos SANTOS. Foreign investment and the large enterprises in Latin America: the Brazilian case. In PETRAS, James CeOEITLIN. Maurice, ed, Latin America; reform or revolution. New York, Fawcett Publications, 1968 Segundo o Anudrio Estatistico do Brasil, de 19502 1964 o numero de bancos ¢ agencias aumentou de 2.596 para 6.878, a0 passo que o numero de matrizes diminuiu de 413 para 328, 37. Asinformacoes utlizadas sobre o relacionamento de grupos Financelros.estrutura agrocomercial foram obtidas em H. Ferreira LIMA. Notas sobre a estrutura bancaria brasileira. Revista Brasiliense, Rio de Janeiro (8):141-152, nov/dez. 1965. 38, T. dos SANTOS, op. cit., 1968, p. 45% 39, NEWFARMER & MUELLER, op. cit. p. 97. 40, Luciano MARTINS. Nacao ¢ corporacao multinacional, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 197 41. Relat6rio anual da ADELA. Vide L. MARTINS, op. cit. p. 83. 42, NEWFARMER & MUELLER, op. cit. p. 112 43, NEWFARMER & MUELLER, op. cit., p. L16. 44, NEWFARMER & MUELLER, op. cit, p- L17. 45, NEWEARMER & MUELLER, op. cit, p. 117 46, NEWEARMER & MUELLER, op. cit. p. 117. 51 5. p. 81-85.

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