Agora, sem arrodeio.

Quando a atenção tanto esperada insiste em voltar a face pro outro lado
e dias passam sem que ela novamente dê o ar de sua graça; quando você vê que num passado
nem tão longínquo nem tão próximo assim as coisas poderiam ter tomado um outro rumo;
quando a certeza dá lugar a uma incerteza terrível, corrosível, sufocante dilacerante e a
definição do que é banal foge de ti, e de repente nada mais é a mesma coisa, tudo é um desejo
que se mostra insaciável e, pior de tudo, indiscernível ... que sofrimento eterno, que solidão
gelada. E tudo isso só piora quando a timidez em ti reina, injetando na tua mente tantos
pesadelos, horríveis, pesados, que encarceram a alma e que impedem a harmonia entre teus
medos e desejos. Isso queima por dentro, liquefaz o ser interior fazendo-o perder qualquer
apoio, qualquer ponto de equilíbrio. Até mesmo tuas noites de sono são perturbadas e de
manhã a mente não te deixa em paz; a tarde procuras e não sabes o que; a noite, a esperança
que se frustra. Neste maldito ciclo, onde o pior de tudo é que tudo não passa de ilusão, onde
tu estás completamente sozinho, cagando na tela de um maldito computador, esperando que
assim tudo se resolva enquanto te afundas na merda.