Você está na página 1de 59
Os Arautos do Liberalismo Maria Helena Capelato Cafeiculeura Homens, mulheres ¢ capital (1850-1980) Verena Stoleke ‘Da Monanquia a RepGblica Emilia Viotti Formagio do Brasil Contemporineo Caio Prato J. Hist6ria Eoonémica do Brasil Caio Prado Jr. 1930 siléncio dos vencidos Edgar de Decea Partido Republicano Paulista (1889-1926) Jost Bnio Casalecchi A Revolugio de 30 Boris Fausto Vargas: O Capitalisnso em Construgdo Pedro César D, Fonseca Colegio Tudo € Histéria A Civilizagdo do Agicar Vera Ferlini OCoronelismo _* Matia de Lourdes Janott ‘A Economia Cafecira J.R. do Amaral Lapa A Familia Brasileira Eni de Mesquita Samara A Industeializagho Brasileira Francisco Igléssias A BURGUESTA BRASILEIRA wgNG BRO? Bibierece - GE editora brasiliense Copyright © by Juco Gorenster, 198) Nentume parte desta publicaciopode ser gravetda, cemzenada em sistemas eletronicas, forocopiada, repr por meiox mavanios oon gate ~ sean antorizacéo prévia do editor NIDADE - 1FCH i Ne CHamadad30.12% Gash, ee sso 95.11-02020.2 SATB Primeiva edit, 181 3B | . edigao, 1990 - ee Juno de 1998 Artistas Graficos, EDITORA BRASILIENSE S/A RUA AIRI, 22 - TATUAPE CEP 03310-010 - SAO PAULO-SP TELEFONE E FAX: (Oxxt1} 218-1488 e-mail: brasilienseedit@uol.com.br home page: www.editorabrasiliense.com.br | I | { | i i a A Burguesia Brasileira INDICE Génese do capitalismo brasileiro .... . Duas variantes na formagao do capitalismo «.. Desenvolvimento do capitalismo na Primeira Republica . sesee Origens e caracteristicas da burguesia industrial Industria e economia de exportagao: ajustamen- toe oposigao . A virada de 1930 . Burguesia e Estado .....++++++++ Burguesia e capital estrangeiro ... A burguesia como classe dominante principal Conelusées ....- tee . . Indicagées para leitura Jacob-Gorender A Burguesia Brasileira GENESE DO CAPITALISMO BRASILEIRO © leitor j4 conta 4 sua disposi¢io com uma teoria sobre o tema deste capitulo num dos volumes da colegio Primeiros Passos, da Ed. Brasiliense. Re firo-me a O Que E 0 Capitalismo de Airfinio Mendes Catani, o qual, em sua exposig%o, se apbia nas obras dos Profs. Fernando Novais ¢ Joio Manuel Cardoso de Mello. Acontece que discordo da linha de pensa- mento desses historiadores e devo,. pois, apresentar, sempre no estilo de roteiro para leituras posteriores, minha propria concepcdo sobre o assunto. Uma vez que n3o me deterei na argumentagiio das divergén- cias, careco de deixar claro, nfo obstante, a dife- renga do ponto de partida, pois este 6 um aspecto decisivo, Tal diferenca consiste em que Novais ¢ Car- doso de Mello partem do sistema colonial mundial como totalidade que determina 0 conteiido da for- magiio social no Brasil, ao passo que eu inicio minha andlise com o modo de producio escravista colonial, a cuja dinamica propria atribuo uma determinacao fundamental. ‘Uma vez que, julgo indispensavel adquirir 0 en- tendimento do mencionado modo de produgio, nao me resta alternativa sendo a de remeter 0 leitor a minha obra O Escravismo Colonial, na qual abordo 0 tema de um ponto de vista -abrangente ¢ sistemAtico. Acumulagio originaria do capital e burguesia mercantil A constituigao do modo de producio capitalista, qualquer que seja a via pela qual se processe, tem sempre uma fase precedente — a da acumulacao origindria (também chamada primitiva) do capital. Ou seja, trata-se de uma acumulagiio do capital rea- lizada por meio de mecanismos ainda nao essencial- mente capitalistas, nfo se baseando, portanto, na produgo de mais-valia mediante a exploragio do trabalho assalariado livre. Ao atingir certo nivel ¢ num quadro social ja transformado, a acumulacio originaria do capital culmina na constituigdo do mo- do de producao capitalista. Na Europa, a acumulacio originaria do capital realizou-se no bojo do feudalismo. No Brasil, nunca houve feudalismo, o que Caio Prado Jr. foi o pri- meiro a demonstrar de maneira fundamentada. A acumulagio originaria do capital se processou no Jacob Gorender ; anilise com o modo de produgao escravista colonial, a cuja dinamica prépria atribuo uma determinagio ; tendimento do mencionado modo de produgio, nao * minha obra O Escravismo Colonial, na qual abordo o fundamental. Uma vez que julgo indispensdvel adquirir 0 en- me resta alternativa sendo a de remeter o leitor 4 tema de um ponto de vista abrangente ¢ sistematico. Acumulagio originaria do capital e burguesia mercantil Aconstituic¢do do modo de produg&o capitalista, qualquer que seja a via pela qual se processe, tem sempre uma fase precedente — a da acumulagio origindria (também chamada primitiva) do capital. Ou seja, trata-se de uma acimulacio do capital rea- lizada por meio de mecanismos ainda nao essencial- mente capitalistas, nao se baseando, portanto, na produgio de mais-valia mediante a exploracio do trabalho assalariado livre. Ao atingir certo nivel e num quadro social j4 transformado, a acumulagio originaria do capital culmina na constitui¢do do mo- do de producio capitalista. Na Europa, a acumulagio originaria do capital realizou-se no bojo do feudalismo. No Brasil, nunca houve feudalismo, 0 que Caio Prado Jr. foi o pri- meiro a demonstrar de maneira fundamentada. A acumulagio originaria do capital se processou no A Burguesia Brasileira 9 Ambito do escravismo colonial e tendo este como a fonte da propria acumulacao. Mais ainda: a base para a acumulac&o origina- ria do capital comecou a se formar na época em que 0 Brasil foi colénia de Portugal. Nem toda a renda produzida no Brasil era, ent4o, dirigida para fora, conforme supde Florestan Fernandes (v. A Revolu- ao Burguesa no Brasil, p. 61 € ss.), porém uma parte muito considerfivel ficava na prépria Colénia, soja para a ampliacdo direta da produgao escravista, em mios dos plantadores, seja sob a forma de capital mercantil, em mios dos mercadores, que financia- yam e comercializavam a producio das plantagens escravistas. A Abertura dos Portos, decretada pelo Regente D. Jofio em 1808, e a Independéncia politica, con- quistada em 1822, nao alteraram em nada a esséncia do modo de produgio dominante na formagio social vigente no Brasil. O modo de produgdo continuou tio escravista e tio colonial (no sentido econdmico) quanto o fora sob o dominio da Metrépole portu- guesa. Em 1850, quando se extinguiu o trffico de escravos africanos, 0 quantitativo servil no Pafs al- cancou seu pico maximo (2500000 escravos, em ter- mos estimativos). Se acrescentarmos a este fato a prosperidade da cafeicultura, concluiremos que a acumulacio do capital mercantil se incrementou, no Brasil independente, por conseqiéncia da expansio do préprio escravismo colonial. Contudo, isto ndo significa que a Independéncia tenha sido acontecimento indiferente para # econo- 10 Jacob Gorender A Burguesia Brasileira mia, A instituigdo de um Estado nacional unificado, sob o dominio dos plantadores escravistas, teve re- percussées positivas sobre o fortalecimento da bur- guesia mercantile, mais tarde, sobre o aparecimento dos primeiros micleos da burguesia industrial. Tais repercussSes podem ser sumariadas nos seguintes pontos: a) Eliminagao da intermediacdo parasitéria do comércio portugués. A exportacio e a.importacio passaram a ser feitas diretamente através dos portos brasileiros, sem a baldeacdo. obrigatéria ¢ onerosa nos portos lusitanos. Os portos brasileiros, sobretudo 0 Rio de Janeiro, cresceram como centros comerciais ese fortalecen a burguesia mercantil neles radicada. b) A receita dos impostos de exportag&o e im- portacdo, antes pertencente 4 Coroa lisboeta, passou aintegrar a receita orgamentria do Estado nacionat brasileiro, o que representou considerdvel acréscimo Arenda circulante dentro do Pais. c} Os artigos de importacdo, tanto os bens de consumo como os bens de produgho, tornaram-se mais baratos para os brasileiros, pois chegavam j4 sem gravame do comércio e do fisco de Portugal. Isto viabilizou e prolongou a existéncia do escravismo brasileiro, numa conjuntura em que os pregos dos escravos subiram em elevadas proporgées. d) .As fungdes estatais superiores (Governo, tri- bunais, forga militar, etc.), antes concentradas em Lisboa, transferiram-se para o Brasil, Dai formar-se, aqui, uma burocracia estatal desenvolvida, contri- buindo para o crescimento do Rio de Janeiro e de seu mercado urbano. Surgimento da burguesia industrial O engrossamento da burguesia mercantil, com oseu desdobramento em comerciantes ¢ banqueiros, nfo caracterizava a existéncia do capitalismo, nem era incompativel com a sobrevivéncia prolongada do escravismo colonial no Brasil. A burguesia mercantil prospera nas formagdes sociais anteriores ao capita- lismo, enquanto o agente organizador do modo de producio capitalista € somente a burguesia indus- trial. Esta pode engendrar-se, em grande parte, na propria burguesia mercantil, como sucedeu no Brasil ¢ outros paises, na medida em que certo mimero de comerciantes investe na industria e organiza a pro- dugiio de artigos, que antes se limitava a comprar € vender. Mas o capital industrial, como diz Marx, é a unica forma do capital cuja fungdo n&o consiste ape- nas na apropriagao da mais-valia, pois também é 0 promotor da sua criagao. Somente ele, por conse- guinte, modela a forma capitalista de produgio, aquela em que a exploragdo do sobretrabalho e a extragio do sdbreproduto se fazem com operrios assalariados livres (e n&o com escravos ou servos) como agentes diretos do processo de criaciio do valor. see Antes de abordar os comecos da burguesia in- | 1. ———————————— —————— 12 Jacob Gorender A Burguesia Brasileira 13 dustrial no Brasil, devo dedicar algumas linhas a um personagem certamente excepcional: Irineu Evange- lista de Sousa, Visconde de Maua (1813-1889), Como situar este grande empresfrio do ponto de vista da formacio do capitalismo brasileiro? Notemos que Maus foi banqueiro e quase todas suas iniciativas empresariais visaram suprir servigos ptiblicos, como concessdes do Estado em condicdes de monopélio e, em varios casos, com subvencdes ou empréstimos do Estado. Foi assim que organizou empresas de transportes urbanos e de iluminaciio publica a gés, companhias de navegacdo fluvial a vapor, varias estradas de ferro e a comunicacdo por meio de cabo submarino. Entre suas numerosas em- presas, quase a unica de transformagio industrial direta — o Estaleiro e Fundicao da Ponta da Areia, que chegou a reunir cerca de mil trabalhadores —, mesmo esta surgiu do projeto de fornecimento de tubos de ferro ao Governo, com vistas 4 canalizagao das Aguas do rio Maracan4. Por conseguinte, os em- preendimentos de Maud eram compativeis com o regime escravista e contribufram para tornar viivel seu funcionamento, num perfodo j4 de declinio. Ade- mais, uma vez que dependia do Estado, empenhou- se em intensa atividade politica e teve bom relaciona- mento com v&rios gabinetes ministeriais do Império, que © nobilitou com os titulos de bardo e visconde. Quando o Império se recusou a cobrir os débitos do Banco Maui, faliu. E faliu também porque, na cons- trucdo da Estrada de Ferro Santos a Jundiaf ( que yeio a se chamar Sao Paulo Railway), recebeu uma. rasteira do capital inglés, ao qual diversas vezes. re- corren, antecipando um comportamento comum a burguesia brasileira posterior. O fenémeno Maud teria sido impossivel se i nao houvesse capitais acumulados dentro do Brasil e cuja disponibilidade aumento apés a cessagio do trAfico de escravos africanos. Mas © préprio Vis- conde nao foi mais do que um tipo de transi¢do, ainda um capitalista inserido na formagio escravista, embora se chocasse com a estreiteza dos seus limites para a realizagio de empreendimentos modernos que, sob outro aspecto, ndo deixavam de prenunciar o advento do capitalismo. Do ponto de. vista da formag4o da burguesia industrial e a da afirmagio do modo de produgio capitalista, muito maior importancia tiveram as cen- tenas de pequenos e médios.empresfrios que, dos anos 40 aos. 80 do século XIX, instalam e adminis- tram, em varios pontos do Pais, fabricas téxteis e de artigos de vestuério, de massas e outros produtos alimenticios, de cerveja, de chapéus ¢ calgados, de pegas de mobilidrio, de artigos'de ceramica, de mate- riais de construgio, de implementos para a agricul- tura, etc. A principio, algumas dessas f&bricas em- pregaram escravos ao lado de operfrios livres. As vezes. a forca motriz veio inicialmente da roda de Agua e sé depois da mAquina a vapor. De maneira geral, os produtos de tal inddstria fabril incipiente eram de baica qualidade e concorriam com os simi- lares locais de origem artesanal. Ndo se tratava ainda da substituigdo de importagées, que tdo-somente fl i Jacob Gorender mais tarde se acentuaria, porém da substituigzo do artesanato local. O “‘pano de Minas", por exemplo, produzido por centenas de artesdos domiciliares ¢ com uma tradicto mercantil de meio século, quase desapareceu de circulagio nos anos 60 do século passado, O mercado das primeiras fabricas téxteis nacio- nais era o de roupas para escravos € para as camadas pobres da populacio livre, bem como, o de sacaria para os produtos agricolas de exportacdo, substi- tuindo as caixas de madeira e os fardos de couro que anteriormente os acondicionavam. Em 1866, um relat6rio oficial registrou o funcio- namento de nove fabricas de tecidos de algodao em todo o Pais, sendo cinco na Bahia, duas no Rio, uma em Alagoas e uma em Minas Gerais, com um total de 768 operfrios. Fundada em 1844, a mais antiga e a maior delas era a Todos os Santos, na cidade de Valenga (Bahia), com 200 operdrios, 4600 fusos ¢ 136 teares. Em 1881, jA eram 44 as fébricas de tecidos, reunindo mais de tr€s mil operérios e com a seguinte distribuicdo geografica: Bahia — 12; Sao Paulo — 9; Minas Gerais — 8; Rio de Janeiro (provincia) —6; Rio de Janeiro (capital) — 5; Alagoas — 1; Pernam- buco — 1; Rio Grande do Sul ~ 1; Maranhao — 1, Com o declinio do modo de producto escravista colonial ¢ ainda nos quadros da formagdo social es- cravista, houve, portanto, um desenvolvimento de forcas produtivas sob a direcdo da burguesia indus- trial emergente. Com ela ¢ 0 jovem proletariado, nas- cia o modo de produgio capitalista no Brasil, DUAS VARIANTES NA FORMACAO DO CAPITALISMO O feudalismo-como meio ambiente original Ao nascer nas entranhas do feudalismo euro- peu, 0 modo de producdo capitalista deveria enfren- tar, no processo de sua expansio, obstaculos bem caracteristicos da ordem feudal dominante. Veja- Mos, numa exposicAo esquematica, quais eram estes obstaculos, cabendo observar que sua incidéncia va- riou conforme cada pais: a) Os camponeses, que representavam © grosso da forga de trabalho, estavam vinculados a terra sob diferentes formas. Em alguns paises, como Portugal e Inglaterra, a serviddo da gleba desapareceu nos séculos XIII ¢ XIV, mas em outros, como Alemanha e Russia, persistiu até meados do século XIX. Em Jacob Gorender A Burguesia Brasileira geral, a servidio da gleba foi substitufda pela vincu- lagiio da enfiteuse — uma instituic#io que dava ac camponés o direito de explorar a terra, transmiti-la por heranca ou mesmo vendé-la, porém niio o tor- nava proprietério pleno, pois permanecia a obriga- cho perpétua de pagar uma renda, como foreiro, ao senhorio feudal. b) Salvo excecdes pouco expressivas, a proprie- dade da terra nfo era alodial: estava sempre gravada pelos tributos privados que deviam ser pagos a um senhorio da nobreza, 20 clero ou ao monarca: * c) O mercado de terras se submetia a extremas restrigdes juridicas. Com a vigéncia do institute do morgadio, os feudos sé podiam ser herdados pelo filho primogénito e, além de indivistveis, tinham a condigio de inaliendveis (nko podiam ser transfe- ridos por via de compra a um novo proprietirio). Cerca de um terco das terras da Europa, durante a Idade Média, pertencia A Igreja Catélica e, por con- seguinte, era insuscetivel de transacdes mercantis. d) Os artigos industriais, produzidos ainda com uma técnica artesanal, constitufam privilégiolegal das corporacées ou guildas, em cada localidade. Cabia- thes regulamentar o nimero de produtores, os pro- cessos de produciio, a qualidade e a quantidade dos artigos, seus precos, ete. A ptoducio industrial se achava, portanto, rigidamente controlada. e) O trifego de mercadorias, além de inseguro, sofria tributagio toda vez que passava por um feudo. Cada feudo cobrava impostos privativos, cunhava sua propria moeda e usava um padrio particular de pesos ¢ medidas. Tudo isso entravava a circulagho de mercadorias. f) A nobreza e o clero constituiam estamentos privilegiados: nio pagavam impostos e monopoli- zavam © acesso aos cargos piiblicos das instAncias superiores do Estado, Com maior ou menor radicalismo, as revolugdes burguesas européias eliminaram os obstéculos acima enumerados e desobstrufram o caminho ao desenvol- vimento do modo de producdo capitalista e a afir- magao da burguesia como nova classe dominante. Assim é que, em resumo, as revolugdes burguesas desvincularam os camponeses da terra e jogaram uma parte deles (na Inglaterra, praticamente todos) no mercado de trabalho assalariado, onde podiam ser livremente contratados pelos capitalistas. A terra tornou-se alodial, completamente isenta de encargos privados, Extinguiu-se o morgadio e a Igreja teve os seus dom{nios confiscados e postos A venda. Criou-se um mercado capitalista de terras. As corporag&es foram dissolvidas, suas regulamentacdes anuladas a instalagio de manufaturas e fabricas deixou de sofrer qualquer restric. Unificou-se o mercado na- cional e ficou estabelecida a uniformidade moneté- ria, tributéria e de pesos e medidas. Cumpriu-se o jJema dos economistas liberais: laissez-faire, laissez- passer (liberdade para produzir e circular). Aboli- ram-se os privilégios estamentais da nobreza e do clero, .

Você também pode gostar