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Apocalipse Adiado

A História das Testemunhas de


Jeová
SEGUNDA EDIÇÃO

Desde 1876, as Testemunhas de Jeová têm acreditado que estão a viver nos
últimos dias do mundo actual. Charles T. Russell, o seu fundador, anunciou aos
seus seguidores que os membros da igreja de Cristo seriam arrebatados em
1878, e por volta de 1914 Cristo destruiria as nações e estabeleceria o seu
reino na terra. A primeira profecia não se cumpriu, mas o eclodir da Primeira
Guerra Mundial deu alguma credibilidade à segunda profecia. Desde esse
tempo, as Testemunhas de Jeová têm predito que o mundo acabará 'em
breve'. O seu número cresceu para muitos milhões em mais de duzentos
países. Elas distribuem um bilião de peças de literatura anualmente e
continuam a antecipar o fim do mundo.

O apocalipticismo é o aspecto chave nesta história detalhada, mas existem


outros. Como membro de longa data da seita, actualmente expulso, Penton
oferece uma visão geral de um movimento religioso notável. O livro está
dividido em três partes, cada uma apresentando a história das Testemunhas
num contexto diferente: histórico, doutrinal e sociológico. Alguns dos assuntos
que ele discute são conhecidos do público em geral, como a oposição da seita
ao serviço militar e às transfusões de sangue. Outros envolvem controvérsias
internas, incluindo o controlo político da organização e o tratamento da
dissensão entre as fileiras.

Penton combinou a visão especial de alguém que está por dentro do


movimento com a análise crítica de um observador que agora tem um
distanciamento do seu objecto de estudo. Com base nisto, ele criou um estudo
profundo de um fenómeno que se expande pelo mundo.

Nesta segunda edição, um posfácio do autor dá-nos uma actualização dos


acontecimentos desde que Apocalypse Delayed [Apocalipse Adiado] foi
publicado pela primeira vez em 1985. Penton considera mudanças na doutrina,
prática e administração em assuntos tais como tratamento médico, educação
superior, apóstatas e o apocalipse. Esta edição inclui uma bibliografia revista e
aumentada.

M. JAMES PENTON é professor aposentado de história e estudos religiosos,


Universidade de Lethbridge, Alberta, Canadá.
APOCALIPSE
ADIADO
A História das
Testemunhas de Jeová
SEGUNDA EDIÇÃO

M. James Penton
UNIVERSITY OF TORONTO PRESS

Toronto Buffalo London

© University of Toronto Press Incorporated 1985, 1997


Publicado em 1985. Segunda Impressão em 1986
Segunda edição 1997
Copyright da tradução portuguesa © 2000-2001 Observatório Watchtower
Reservados todos os direitos
Toronto Buffalo London
Impresso no Canadá

ISBN 0-8020-7973-3

Impresso em papel sem ácido

Canadian Cataloguing in Publication Data

Penton, M. James, 1932-


Apocalypse delayed : the story of Jehovah's Witnesses

2nd ed.
Includes bibliographical references and index.
ISBN 0-8020-7973-3

I. Jehovah's Witnesses. I. Title.


BX8526.P45 1997 289.9'2 C97-930106-8

A University of Toronto Press agradece a assistência financeira ao seu


programa
de publicação concedida pelo Canada Council e pelo Ontario Arts Council.

Para Marilyn -- amiga, camarada,


esposa e irmã em Cristo --
sem a qual este livro
nunca teria sido escrito.

A eternidade parece mais sublime e


benévola se o tempo se torna mais adverso
e mais hostil.

--THOMAS CARLYLE

Índice
ILUSTRAÇÕES XI

TABELAS XII

PREFÁCIO XIII

Introdução 3

PRIMEIRA PARTE: HISTÓRIA

1 O Começo de um Movimento 13
Charles Russell: Os Anos Iniciais 13
George Storrs 15
Russell e o Objecto e Maneira da Volta de Cristo 17
Dr. Nelson H. Barbour e os Três Mundos 18
Cismas Iniciais: 1878 e 1881 22
O Ministério Independente de Russell 24
A Associação dos Estudantes da Bíblia 29
Russell como o Servo Fiel e Sábio 33
As Tribulações Maritais de Russell 35
O Cisma do Novo Pacto 40
Adversários Externos de Russell 42
Últimos Anos e Morte de Russell 44

2 A Criação de uma Teocracia 47


Joseph Franklin Rutherford 47
O Cisma da Watch Tower de 1917 48
Os Estudantes da Bíblia e a Primeira Guerra Mundial 55
Reorganização no Pós-Guerra 56
Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão 57
O Ministério de Rutherford 58
Congressos 58
O Poder Crescente de Rutherford 59
O Novo Nome 62
O Desenvolvimento do Governo Teocrático 62
Alienação Social Crescente 65
O Crescimento da Comunidade dos Estudantes da Bíblia/Testemunhas 68
A Vindicação do Nome de Jeová 69
O Ataque à Religião 70
A Grande Multidão 71
Vida Pessoal e Últimos Dias de Rutherford 72
Morte e Legado de Rutherford 74

3 A Era de Expansão Global 77


Os Sucessores de Rutherford 77
O Caso Olin Moyle 80
A Remodelação da Comunidade das Testemunhas 83
O Crescimento da Comunidade das Testemunhas 84
As Assembleias do Novo Mundo 86
Lutando Pela Liberdade de Adoração 88
Comissões Congregacionais e Desassociação 89
Uma Desaceleração no Crescimento 91
Mantenham-se Vivos Até 1975 91
Liberalização Organizacional e Congregacional 96

4 Fracasso Profético, Reacção e Rebelião 99


Resposta ao Fracasso Profético 99
O Ataque aos Intelectuais 103
Fechando as Portas do Céu 108
Vacilações Doutrinais 109
O Crescimento da Dissensão 117
As Testemunhas de Jeová Hoje 123

5 Relações com o Mundo 127


Atitudes em Relação a Outras Religiões 127
Perseguição Religiosa 130
A Natureza da Propaganda Anti-Testemunhas 133
A Acusação de Sedição 135
As Concepções das Testemunhas Sobre as Relações com o Estado 138
Oposição à Pregação 141
Serviço Militar 142
Exercícios Patrióticos e Neutralidade Política 143
Perseguição Marxista 146
Compromissos das Testemunhas com o Mundo 146
Atitudes Sociais Gerais 151
Transfusões de Sangue 153
Separação e Preocupações Sociais 154

SEGUNDA PARTE: CONCEITOS E DOUTRINA

6 Base da Autoridade Doutrinal 159


O Escravo Fiel e Discreto 159
Revelação Progressiva 165
Teologia Natural e a Bíblia 171
Interpretação Bíblica 176
Filosofia da História 179

7 Doutrinas Principais 184


Teologia 184
Cristologia e Soteriologia 185
Relacionamentos Pactuados 187
Criaturas Espirituais 189
A Natureza do Homem 190
Baptismo e a Ceia do Senhor 191
A Igreja 193
A Grande Multidão 194
Criação 196
Cronologia Bíblia e Profecias Escatológicas 197
A Ressurreição 201
A Santidade da Vida e do Sangue 202
O Trabalho de Pregação 206

TERCEIRA PARTE: ORGANIZAÇÃO E COMUNIDADE

8 Estrutura Organizacional 211


A Hierarquia das Testemunhas 211
O Presidente da Watch Tower Society 214
O Corpo Governante 216
Comissões do Corpo Governante 220
A Sede Mundial 221
As Corporações Legais 227
Riqueza da Watch Tower 229
Literatura da Watch Tower 231
Superintendentes de Distrito e de Circuito 233
Filiais 236
Anciãos e Servos Ministeriais 237
Pioneiros 239
Reuniões Congregacionais 241
Evangelismo 242
Controlos Organizacionais Formais 245
Controlos Informais 249
Eficiência Organizacional 251

9 A Comunidade das Testemunhas 253


Membros, Recrutamento e Conversão 253
Sexo, Casamento e a Família 261
Educação 270
Entretenimento, as Artes e a Literatura 274
Valores Morais e Relacionamentos Sociais 279
Comportamento Moral 283
Atitudes Étnicas e Raciais 284
A Saúde Mental das Testemunhas 288
Zelo Decrescente 292
Dissonância e Dissensão 295
Resposta à Dissensão 297
Os Efeitos da Política da Watch Tower 300
A Instabilidade e Conservadorismo das Testemunhas 302

Conclusão 303

As Testemunhas de Jeová desde 1985: Um Posfácio 307

NOTAS 337

BIBLIOGRAFIA 399

ÍNDICE 425

Ilustrações
 A Tabela das Eras de Russell 28
 Assistência dos Estudantes da Bíblia ao Memorial 1917-28 61
 O Ano de Resgate de Jeová -- Um calendário proposto pelas
Testemunhas de Jeová 67
 Auge de publicadores activos 1928-58 92
 Auge de publicadores activos 1959-82 92
 Assistência ao Memorial 1928-58 93
 Assistência ao Memorial 1959-82 93
 Anti-Catolicismo típico da Watch Tower Society 128
 A perspectiva das Testemunhas sobre a sua perseguição na Europa
132
 A perspectiva da Watch Tower sobre Franklin Roosevelt e o Novo Pacto
nos Estados Unidos 137
 Uma 'conspiração' contra as Testemunhas de Jeová na questão da
saudação à bandeira 144
 A ressurreição terrestre 200
 O conceito da Sentinela sobre um ministro do evangelho 207
 Vestimenta bem aprumada e boa apresentação beneficiam os ministros
cristãos 208
 O diagrama idealizado da Sentinela sobre o governo teocrático das
Testemunhas de Jeová 212
 A estrutura organizacional das Testemunhas de Jeová 213
 Vias de mobilidade organizacional ascendente entre as Testemunhas de
Jeová 240
 O Sagrado Matrimónio -- a conceito da The Golden Age sobre a
natureza do matrimónio 263
 O trovador honesto -- o conceito da The Golden Age sobre a natureza
da música romântica 264
 Imbecilidade -- a perspectiva da Watch Tower sobre a educação
superior 272
 Média e auge de publicadores, 1986-95 308
 Número de baptizados, 1986-95 309
 Assistência ao Memorial, 1986-95 310
 Percentagem de crescimento de publicadores activos em países
desenvolvidos e mundialmente, 1986-95 313

Tabelas
1. Crescimento mundial das Testemunhas de Jeová, 1942-77 84
2. Crescimento mundial das Testemunhas de Jeová, 1968-76 96
3. Rácio entre pioneiros e publicadores das congregações, 1950-80 292
4. Auge de publicadores e assistência ao Memorial, 1950-80 293
5. Percentagem de crescimento de publicadores em países desenvolvidos,
1986-95 312

6. Prefácio
7. M. James Penton
8.
O prefácio de um autor não devia ser uma apologia pro vita sua, mas
este tem de o ser, pelo menos em parte. O motivo é que há uns oito
anos eu escrevi o livro Jehovah's Witnesses in Canada: Champions of
Freedom and Worship [Testemunhas de Jeová no Canadá: Campeões
da Liberdade e da Adoração], uma obra que é muito diferente do
presente volume no tom. Consequentemente, é devida alguma
explicação àqueles leitores que se podem interrogar por que é que
nesse livro eu apresento uma visão muito favorável sobre as
Testemunhas e neste apresento uma visão muito mais crítica.
9. Os factos são os seguintes: O meu bisavô, Henry Penton, tornou-se num
Estudante da Bíblia, nome pelo qual as Testemunhas de Jeová eram
então conhecidas, por volta de 1900. Pouco tempo depois, a minha avó,
Margaret Thomas Penton, também se converteu; e depois, através dela,
todos os membros da minha família imediata se tornaram Testemunhas
de Jeová. Em resultado disso, os meus avós e pais sofreram muito
durante as duas guerras como membros de uma religião que, no
Canadá, estava sob restrição governamental durante a Primeira Guerra
Mundial e sob proscrição definitiva durante a Segunda Guerra Mundial.
Assim, cresci num lar de Testemunhas e senti pessoalmente muitos dos
eventos que descrevo em Jehovah's Witnesses in Canada e também no
presente estudo.
10. Ao longo dos anos, servi em muitas capacidades em congregações das
Testemunhas de Jeová nos Estados Unidos, Porto Rico e Canadá. Entre
1973 e 1979 fui ancião das Testemunhas na comunidade onde tenho
actualmente o meu lar, Lethbridge, Alberta [Canadá]. Portanto é muito
natural que eu decidisse escrever um livro sobre as Testemunhas no
Canadá e, em particular, sobre a sua longa luta pela liberdade religiosa
sob a lei canadiana.
11. Conforme penso ter demonstrado em Jehovah's Witnesses in Canada, a
comunidade das Testemunhas teve um impacto muito importante na lei
canadiana, facto também reconhecido por membros dos meios jurídicos
canadenses tão conhecidos como o falecido Jean-Charles Bonenfant,
Walter Tarnopolsky e Thomas Burger. No que diz respeito à sociedade
em geral, elas foram definitivamente 'campeões da liberdade de
expressão e de adoração'. Além disso, enquanto minoria oprimida, por
vezes elas estavam sinceramente preocupadas com as liberdades civis
e direitos de outros. Mas nesse estudo anterior, eu não discuti outra
faceta das Testemunhas de Jeová -- o facto de em muitos sentidos elas
se parecerem com os Puritanos Ingleses e da Nova Inglaterra do século
dezassete que, ao mesmo tempo que estavam dispostos a lutar contra
as tiranias de uma igreja estabelecida e de um rei despótico no nome da
liberdade cristã, estavam igualmente dispostos a ser tirânicos para com
dissidentes nas suas próprias fileiras.
12. A seguir à publicação de Jehovah's Witnesses in Canada, o Professor
Herbert Richardson do St Michael's College da University of Toronto
instou comigo para que realizasse um estudo que serviria como
perspectiva geral da história, doutrina e comunidade das Testemunhas.
Contudo, à medida que comecei a investigar a história do movimento
nos Estados Unidos de um modo que não tinha feito previamente, fiquei
com cada vez mais dúvidas sobre as alegações tradicionais das
Testemunhas no que diz respeito à autoridade espiritual. Além disso,
tomei conhecimento dos estudos que estavam sendo feitos por alguns
académicos Testemunhas, como Richard Rawe, de Salt Lake,
Washington; Jerry Bergman, de Bowling Green, Ohio; e Carl Olof
Jonsson, de Partille, Suécia. Todos eles estavam a descobrir
informações que tornavam certos aspectos da doutrina das
Testemunhas inacreditáveis para muitos de nós que trabalhávamos no
campo.
13. Ainda assim, tal como esses homens e muitos outros -- que,
praticamente sem excepção, foram excomungados ou renunciaram às
Testemunhas de Jeová -- eu estava muito relutante a deixar a
comunidade na qual fora criado. Com o passar do tempo não tive
alternativa. À medida que eu viajava por todo o Canadá e Estados
Unidos fazendo a minha investigação, fui-me apercebendo cada vez
mais das severas punições a que Testemunhas individuais estavam
sendo sujeitas em todo o lado pelos seus líderes quando diferiam de
algum modo das doutrinas ou políticas organizacionais oficiais, ou até
quando pessoalmente incorriam no desfavor de alguém em posição de
autoridade na organização. Em resultado disso, viajei para a sede
mundial das Testemunhas de Jeová em Brooklyn, Nova Iorque, no
Verão de 1979, simultaneamente para continuar a minha investigação e
para expressar um sentimento de preocupação e frustração sobre o que
estava a ocorrer no interior da comunidade das Testemunhas a
Raymond Franz, que nessa altura era membro do corpo governante das
Testemunhas de Jeová e homem que eu conhecera pela primeira vez e
aprendera a respeitar enquanto ensinava na University of Puerto Rico,
em 1959.
14. A minha deslocação a Brooklyn foi desoladora. Embora todos os que
encontrei na sede de Brooklyn fossem basicamente leais ao movimento,
havia muitos que, tal como eu, acreditavam que as Testemunhas de
Jeová precisavam de passar por uma reforma ou, no mínimo, uma
renovação espiritual. Porém, o corpo governante não parecia estar
preparado para escutar qualquer conselho do exterior. Raymond Franz
admitiu que tinha conhecimento de muitos dos problemas sérios que eu
descrevi, mas ele pediu-me para ser paciente. No entanto, isso era algo
que eu já não podia fazer de boa consciência. Consequentemente,
depois de regressar a casa, em Agosto de 1979, decidi expressar por
escrito para a liderança das Testemunhas como um todo as minhas
preocupações e críticas sobre o que estava a ocorrer na comunidade
das Testemunhas em geral -- decisão que, depois de um ano de grande
labuta pessoal, levou à minha desassociação pública ou excomunhão
das Testemunhas de Jeová, sob acusações equivalentes a heresia.
15. Estes acontecimentos levaram-me a parar a minha investigação e
escrita durante algum tempo. Além de achar necessário continuar a
minha própria reorientação espiritual em desenvolvimento e dar muito
tempo e atenção a muitos outros que foram forçados a deixar a
comunidade das Testemunhas quando ficaram comigo, senti que devia
deixar passar algum tempo antes de completar o presente trabalho.
Dessa forma, eu esperava poder recuperar alguma da objectividade que
inevitavelmente se perde durante um período de grande crise espiritual.
Com o passar do tempo, contudo, peguei na minha caneta e completei
Apocalypse Delayed: The Story of Jehovah's Witnesses [Apocalipse
Adiado: A História das Testemunhas de Jeová].
16. Os meus leitores decidirão se consegui ser justo e razoavelmente
objectivo na minha apresentação. No entanto, há alguns pontos que
gostaria de salientar. Ao apresentar a informação, tentei documentar as
minhas declarações escrupulosamente. Quando alguma informação
específica que apresento não é adequadamente documentada ou não é
do conhecimento público, tentei sempre classificá-la como rumor. No
que diz respeito ao tratamento das doutrinas das Testemunhas, evitei
tomar uma posição definitiva, excepto onde pode ser demonstrado que
estas doutrinas são certas ou erradas, historicamente, empiricamente ou
logicamente. Não é da responsabilidade de um historiador, que é o que
sou em primeiro lugar, argumentar a partir de uma posição doutrinal
particular. A questão de saber se as doutrinas das Testemunhas são
'ortodoxas' ou 'heterodoxas' de um ponto de vista religioso é pouco
relevante para um historiador enquanto tal. No entanto, também não
tenho que apresentar uma apologia devido ao facto de fazer o que
espero que sejam avaliações com conhecimento de causa derivado
tanto da minha própria experiência como da minha investigação. Isto
não é só o meu direito; é o meu dever.
17. É necessário dizer algumas palavras sobre a organização de Apocalipse
Adiado. Conforme se pode constatar, está dividido em três partes: a
primeira, histórica; a segunda, conceptual e doutrinal; a terceira,
sociológica e psicológica. Esta estrutura, é claro, foi adoptada com um
propósito especial. Estudos anteriores sobre as Testemunhas de Jeová
usaram os mesmos géneros académicos, mas geralmente misturaram-
nos de tal modo que é difícil distinguir a abordagem em qualquer
momento específico. Portanto, para evitar este problema, tentei separar
discretamente os vários géneros disciplinares que usei ao examinar as
Testemunhas de Jeová.
18. Naturalmente, tenho uma grande dívida para com aqueles que
estudaram as Testemunhas de Jeová antes de mim. Em particular,
aprendi muito da perspicácia de homens como William Cumberland,
Joseph Zygmunt, Alan Rogerson, James Beckford, Melvin Curry, Gérard
Hébert, Quirinus Munters, Bryan Wilson e muitos outros que
examinaram as Testemunhas de um ponto de vista académico, em vez
de apologético ou polémico. Acima e para além destes, porém, baseei-
me muito no excelente estudo de Timothy White, A People for His Name
[Um Povo para o Seu Nome].
19. Como todos os acima citados, excepto Cumberland, Hébert e White, são
sociólogos profissionais, baseei-me muito nos seus trabalhos,
especialmente nos capítulos 8 e 9, sobre organização e comunidade.
Embora tenha tentado desenvolver algumas perspectivas novas nesses
capítulos, baseado tanto em estudos académicos como no meu
conhecimento em primeira mão sobre as Testemunhas de Jeová, não
tentei criar quaisquer teorias sociológicas novas ou profundas. Penso
que isso deve ser feito -- se é que há de ser feito -- por alguém com
capacidades como cientista social muito maiores do que as que tenho
ou alguma vez terei. Ainda assim, espero que alguma da informação que
providenciei na terceira secção de Apocalipse Adiado possa ser útil a
cientistas sociais bem como a pessoas leigas interessadas.
20. Pela ajuda que me deram em obter informação nova e significativa, devo
muito a Richard Rawe, Jerry Bergman, Heather e Gary Botting, Jacques
Dupond, Edward Dunlap, Dwane Magnani, Carl Prosser, Willy Holiday e
James Parkinson. Contudo, a minha maior dívida de apreço neste
assunto é para com Carl Olof Jonsson e Raymond Franz, que foram
ambos muito generosos em providenciar informação que só eles
possuíam. Raymond Franz também me ajudou muito na leitura de uma
versão preliminar deste trabalho para verificar a exactidão, bem como
Peter Gregerson e John Poole. Os meus colegas James Tagg, Dean
Frease, e Reginald Bibby examinaram a versão preliminar de um ponto
de vista académico e o Professor Bibby em particular fez várias
sugestões importantes para ajudar a melhorá-la. Outros que merecem
menção pela sua ajuda são Herbert Richardson, Moses Crouse, James
Beverley, e Edward Orchard e Bahir Bilgin, que deram assistência
importante traduzindo materiais de línguas que não domino.
21. Recebi muita ajuda em obter materiais de pesquisa da University of
Lethbridge. Alguns anos atrás a universidade concedeu-me uma bolsa
que me permitiu comprar cerca de 1.800 dólares de fontes primárias
sobre os Adventistas, Estudantes da Bíblia e Testemunhas de Jeová.
Desde então, também tem providenciado outras bolsas pequenas mas
muito úteis e recentemente ajudou-me na obtenção uma bolsa do Social
Sciences and Humanities Research Council of Canada para a
preparação final do meu manuscrito. Mas não é só à universidade que
quero expressar os meus agradecimentos; várias pessoas de lá deram-
me ajuda especial na preparação do texto de Apocalipse Adiado. Estas
incluem Owen Holmes, Lawrence Hoye, Phil Connolly, Ian Newbould,
Ellie Boumans, Leanne Wehlage, Lana Cooke, Kerry Bullock e Stan
Devitt. Lisa Atkinson ajudou em editar, e a dactilografia final do
manuscrito foi feita por Charlene Sawatsky e Evelyn Harris.
22. Na University of Toronto Press, desejo agradecer a Virgil Duff pelo seu
apoio constante e Beverley Beetham-Endersby pelos muitos
melhoramentos editoriais que ela fez neste trabalho. Foi um prazer
trabalhar com ambos.
23. Também estou grato tanto ao Social Sciences and Humanities Research
Council of Canada como à Canadian Federation for the Humanities. Em
particular, agrada-me dizer que este livro foi publicado com a ajuda de
uma bolsa da Canadian Federation for the Humanities, usando fundos
providenciados pelo Sciences and Humanities Research Council of
Canada. Também recebi assistência do Publications Fund of the
University of Toronto Press.
24. Acima de tudo, estou em dívida para com o meu filho David, que me
ajudou com muitas sugestões sobre assuntos de estatística em várias
partes deste livro, e à minha amorosa esposa, Marilyn. Sem a sua ajuda
constante, Apocalipse Adiado nunca teria visto a luz do dia.
25. M. JAMES PENTON
The University of Lethbridge
Lethbridge, Alberta [Canadá]
Julho de 1984
26.
27. [imagem]
Nelson H. Barbour. Desenho a tinta por Otto Rapp, baseado num original do século XIX.
28. [imagem]
Charles T. Russell, aos 27 anos
The Watch Tower Reprints, vol. I (1919)
29.
Charles e Maria Russell, c. 1890
The Jerry Bergman collection
30. [imagem]
John Paton
The Jerry Bergman collection
31. [imagem]
J. F. Rutherford
The M. James Penton collection
32. [imagem]
Leo Greenlees, W. Glen How, Nathan H. Knorr, Percy Chapman -- Montreal 1947
The M. James Penton collection
33. [imagem]
Betel, Brooklyn, Nova Iorque
Postal da Torre de Vigia (1958)
34. [imagem]
A maior gráfica ou "fábrica" da Sociedade Torre de Vigia, Brooklyn, Nova Iorque
Postal da Torre de Vigia (1958)
35.
Frederick W. Franz
The Raymond V. Franz collection

36.
Raymond V. Franz
The Raymond V. Franz collection
37.
Uma perspectiva dissidente sobre um ataque a uma das principais doutrinas da Torre de Vigia

38.
39. APOCALIPSE ADIADO
40. Salvo indicação em contrário, todas as citações bíblicas são da
Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas

Introdução
M. James Penton

A comunidade religiosa agora conhecida como Testemunhas de Jeová


originalmente desenvolveu-se até se tornar numa seita separada na década de
1870 e assim tem permanecido desde então. H. Richard Niebuhr em 1929
supôs que uma seita, confrontada com sucesso crescente, mobilidade social
ascendente dos seus membros e reconciliação com o mundo, tornar-se-ia
quase automaticamente numa denominação -- uma seita rotinizada e
acomodada.1 Contudo, isto não aconteceu com as Testemunhas, como tem
sido reconhecido por sociólogos da religião tão conhecidos como Bryan Wilson
e Thomas O'Dae. Em vez disso, as Testemunhas de Jeová tornaram-se numa
'seita estabelecida',2 que embora rotinizada, ainda é hostil à sociedade em
geral.

O factor motivador por detrás do seu desenvolvimento como seita e da sua


insistência em permanecer como tal -- um movimento religioso alienado do
mundo que afirma ser o único portador da 'verdade' -- tem sido a sua peculiar
escatologia milenarista. Melvin Curry escreveu recentemente: 'De facto,
podemos dizer apropriadamente que o milenarismo tem sido o factor
determinante em muitas mudanças doutrinais e organizacionais entre as
Testemunhas de Jeová.'3 Porém, mesmo no reconhecimento desse facto, Curry
não foi suficientemente longe. Deve ser dito que, se não fosse a sua
escatologia milenarista nas suas várias formas, as Testemunhas de Jeová não
teriam crescido até se tornarem no grande movimento sectário mundial que são
agora, nem manifestariam as peculiares características organizacionais e
sociológicas que têm agora.

Nenhum outro movimento sectário cristão têm sido tão insistente em profetizar
o fim do mundo actual de um modo tão definitivo em datas tão específicas
como as Testemunhas de Jeová, pelo menos desde os Milleritas e os adeptos
do Segundo Adventismo do século XIX, que foram os predecessores
milenaristas directos das Testemunhas. Durante os anos iniciais da sua
história, eles encararam datas específicas -- 1874, 1878, 1881, 1910, 1914,
1918, 1920, 1925, e outras -- como tendo um significado escatológico definido.
Charles Taze Russell, o seu fundador, organizador e primeiro presidente da
Watch Tower Society (a sociedade legal primária deles), acreditava
originalmente que 1874 tinha marcado o início da 'presença invisível' de Cristo,
que 1878 e depois 1881 veriam a 'mudança' dos membros da igreja de corpos
carnais para corpos espirituais, e que 1910 presenciaria o início dos problemas
globais que levariam ao fim do mundo -- um evento que ocorreria em 1914.
Quando estas profecias falharam, tiveram de ser reinterpretadas,
espiritualizadas ou, em alguns casos, completamente abandonadas.4 Porém,
isto não dissuadiu Russell nem os seus seguidores de estabelecer novas
datas, ou de simplesmente proclamar que o fim deste mundo ou sistema de
coisas estava apenas a poucos anos ou talvez mesmo meses de distância.
Como Melvin Curry apropriadamente observa: 'A cronologia bíblica é a massa
de farinha dos milenaristas. Pode ser esticada para se adaptar a qualquer
tabela cronológica que se precise, ou pode ser reduzida a uma massa de datas
e números sem significado de modo que predições futuras possam ser
modeladas a partir da massa inicial.'5 Assim, durante mais de um século, o
tema constante dos Estudantes da Bíblia--Testemunhas de Jeová tem sido: 'O
fim está próximo; Cristo revelar-se-á em breve para trazer destruição sobre as
nações e sobre todos os que se opõem ao seu reino messiânico.'

É evidente que o apocalipse não veio quando os Estudantes da Bíblia--


Testemunhas esperavam; de facto, tem sido adiado vez após vez. No entanto,
paradoxalmente, esse facto tem sido tanto um trunfo como uma fraqueza. É
verdade que houve grande desapontamento e alguma 'peneiração' de
membros quando falharam profecias que envolviam datas específicas. Mas, tal
como os adeptos do Segundo Adventismo antes deles, os líderes dos
Estudantes da Bíblia--Testemunhas sempre têm argumentado que a 'coisa [ou
coisas] erradas tinham ocorrido no tempo certo.' Apesar de tudo, eles têm
defendido que o seu plano de salvação e tabelas cronológicas para o fim deste
mundo e para a aurora do próximo têm estado correctas, ou pelo menos
aproximadamente correctas. Por isso Deus na realidade tem-lhes dado 'nova
luz', 'verdade actual' e tem-nos favorecido e àqueles que os escutam de um
modo especial. Se, por conseguinte, alguém quer ter a aprovação de Deus,
tem de estar em associação próxima com aqueles que conhecem
verdadeiramente o significado do plano divino -- o 'canal' ou 'organização' de
Deus -- e, por definição, com aqueles que a dirigem.

Esse apelo a um conhecimento especial, uma espécie de gnosticismo, tem sido


comum a vários grupos dentro do Judaísmo, Cristandade, e Islão durante
séculos. Basta que nos lembremos dos exemplos de messias cabalísticos
como Abraham Abulafia, Solomon Molka, e Sabbatai Zevi dentro do Judaísmo,
os Montanistas, os Anabaptistas de Münster, os Homens da Quinta Monarquia,
os Milleritas, os Adventistas, os Mórmons, e outros do Cristianismo; e a
tradição Mahdista dentro do Islão, para vermos como isso tem ocorrido. Além
disso, é relativamente fácil reconhecer que tais movimentos surgiram a partir
das tradições histórico-proféticas das grandes religiões monoteístas do Médio-
Oriente cujas cosmologias são tão diferentes daquelas das grandes religiões
orientais. Pois se, conforme essas grandes religiões monoteístas ensinam, a
história se está realmente a encaminhar para algum lado e tem algum propósito
último, então é importante saber porquê, como, onde e quando. Por isso, se
alguém sabe as respostas a estas questões, pode alegar que tem
conhecimento e autoridade especiais.

Líderes e movimentos religiosos não são os únicos que fizeram alegações


equivalentes a autoridade 'profética'; alguns movimentos seculares também o
fizeram. Marx e os seus seguidores fizeram-no certamente com a sua doutrina
do determinismo histórico e, em menor grau, os movimentos Fascistas fizeram
o mesmo. A dialéctica Hegeliana, que é fundamental para o 'socialismo
científico', tem as suas raízes no conceito Judeo-Cristão da progressão linear
na história, e o sonho de Hitler de um 'Reich de mil anos' foi plagiarizado do
apocalipticismo Judeu, do livro de Revelação e dos ensinos dos primeiros Pais
da igreja Cristã. Assim, num sentido muito real, tanto o Marxismo como o
Fascismo são movimentos quase religiosos cujos líderes tiveram pretensões de
autoridade quase religiosas ou 'proféticas'.

As pretensões de tais 'movimentos proféticos' -- e todos os discutidos acima


foram-no ou são-no -- muitas vezes levam a algum género de totalitarismo.
Afinal, duvidar dos que alegam possuir a verdade com um 'V' maiúsculo é fazer
de si mesmo inimigo de 'Deus', da 'luz', da 'revelação', da 'história', do 'povo',
da 'nação', ou de qualquer outra coisa que esteja a ser usada como base para
a autoridade do líder ou líderes proféticos. Por isso as pessoas têm de adoptar
uma posição: Têm de ser a favor da liderança ou contra ela; têm de ser ou
filhos da luz ou filhos da escuridão. Assim, à medida que esses movimentos
proféticos se desenvolveram, tornaram-se insistentes em guiar, dirigir e
disciplinar os seus próprios aderentes e em manter uma atitude de alienação
em relação ao mundo exterior.

Foi exactamente isto que aconteceu às Testemunhas de Jeová. Nos seus anos
formativos, o movimento dos Estudantes da Bíblia, como as Testemunhas
eram então chamadas, era bastante 'liberal' no sentido em que acreditava que
outros Cristãos -- em particular vários Protestantes -- eram parte da igreja de
Cristo e podiam ganhar a salvação. Todavia, com o passar do tempo, Russell e
os seus seguidores ficaram persuadidos de que ele tinha um papel especial:
ele é que era 'aquele servo' mencionado em Mateus 24:45-47, que devia
providenciar 'alimento no tempo apropriado' para a casa da fé.
Consequentemente, por volta da primeira década do século XX, ele começou a
encorajar o seu rebanho a realizar Estudos da Bíblia direccionados ou
Bereanos, em vez de um estudo livre da Bíblia, e em 1910 asseverou que os
seus Studies in the Scriptures [Estudos das Escrituras] eram praticamente a
Bíblia em forma de tópicos.6 No entanto, Russell tentava sempre persuadir os
seus seguidores em vez de os obrigar. Assim, ficou para o seu sucessor, o Juiz
Joseph F. Rutherford, a tarefa de metamorfosear os Estudantes da Bíblia,
governados congregacionalmente, nas Testemunhas de Jeová altamente
estruturadas, governadas 'teocraticamente', entre os anos 1917 e 1938. O que
Leon Trotsky declarou sobre o partido Comunista sob Lenin foi praticamente o
que aconteceu às Testemunhas sob Rutherford.7 Eles evoluíram de um
movimento com uma base de apoio bastante ampla, democraticamente
governado, para um movimento governado por um único homem, um ditador.
Por isso, não surpreende que pelo menos um estudioso das Testemunhas de
Jeová na era pós-Rutherford, Werner Cohn, as tenha comparado a vários
movimentos totalitários.

Escrevendo há mais de vinte e cinco anos em The American Scholar [O Erudito


Americano], Cohn declarou que através de um estudo detalhado das
Testemunhas de Jeová, ele estava em condições de as colocar na mesma
categoria sociológica 'proletária' de várias seitas religiosas radicais, do
movimento tradicional da juventude alemã (o Wandervögel), de vários grupos
de juventude Sionistas, e dos Nazis e comunistas.8 Ao declarar isto, ele queria
dizer que as Testemunhas de Jeová são um grupo socialmente separado que
tem um sentimento de alienação em relação às sociedades mais amplas em
que vivem. No entanto, além de as classificar ele examinou e analisou a
escatologia milenar básica e as visões utópicas que sublinham a natureza da
sua comunidade e, através desse exame e análise, explicou a natureza do seu
sistema de 'governo teocrático' virtualmente totalitário. Cohn diz:

A forma de cebola [do governo] das Testemunhas de Jeová é quase um


duplicado exacto da [forma de governo] dos totalitários. Há o líder e a elite que
o rodeia; há várias classes de oficiais de campo e várias classes de membros
das fileiras. Algumas destas classes são reconhecidas institucionalmente -- há
'pioneiros', 'pioneiros especiais' e 'publicadores da companhia' (o escalão mais
baixo) -- embora o sistema de estratificação como um todo não esteja
institucionalizado nem seja completamente estável. Recordemos que embora
existissem vários estratos oficiais de membros nazis -- as S.A., as S.S. e as
suas várias formações especiais, entre muitos outros -- o sistema de
estratificação dos Nazis como um todo dependia das posições momentâneas
relativas do partido, da polícia do Estado e do exército, bem como de uma
identificação com uma clique pessoal. O arranjo das Testemunhas é similar. 9

A análise de Cohn é indubitavelmente válida embora possa parecer demasiado


severa para o leitor que conhece as Testemunhas de Jeová como 'pessoas
pacíficas e bons vizinhos'. No entanto, se ele tivesse pintado a sua imagem de
forma mais ampla, talvez a sua análise não parecesse tão áspera. Pois será
que o sectarismo, o exclusivismo e o totalitarismo não têm eles próprios
frequentemente as suas raízes nas grandes tradições monoteístas do passado
e do presente? Não é o conceito da raça escolhida, do Judaísmo, basicamente
sectário? Não era o Cristianismo primitivo um culto até à crucificação de Cristo
e uma seita até ao tempo do Imperador Constantino? Também, será que a
primitiva liderança colectiva sob os apóstolos e anciãos da igreja não evoluiu
muito rapidamente para o papel de bispos monárquicos? No tempo da
Reforma, não estavam os Católicos, os Calvinistas, os Anglicanos e por fim até
os mais benignos Luteranos, dispostos a executar os hereges? E, muitas
vezes, será que a doutrina extra ecclesiam nulla salus, conforme expressa em
dezenas de formas diferentes, não significava lealdade à liderança, clero,
hierarquia ou seja lá o que for, de um culto, seita ou até de uma grande igreja
como a de Roma? Assim, o que Cohn diz sobre das Testemunhas de Jeová
poderia ser dito sobre muitos movimentos religiosos e políticos organizados do
ocidente. Mas isso não desvirtua a correcção da sua análise; só a coloca num
enquadramento histórico mais amplo.

Porém, há um aspecto importante em que as Testemunhas de Jeová são


únicas; elas têm pregado o milenarismo há mais tempo e mais
consistentemente do que qualquer outro grande movimento sectário do mundo
moderno. O milenarismo tem sido um fenómeno comum a muitos movimentos
ao longo dos séculos, mas pelo menos na sua forma puramente religiosa, teve
em geral de ser relegado para um plano inferior, espiritualizado, ou
abandonado dentro de pouco tempo. Por volta do segundo século da era cristã,
a igreja já estava avançando na direcção de abandonar a excitação milenarista
do primeiro século. Milenaristas extremos, como Papias e os Montanistas,
tornaram-se num embaraço para cristãos sóbrios,10 e na parte oriental do
Império Romano até o livro de Revelação caiu em disputa entre os membros da
igreja durante algum tempo. Novamente, quando o milenarismo ganhou alguma
popularidade durante a alta Idade Média, durante a Reforma e no século XVII,
raramente ou nunca se tornou num conceito doutrinal importante que tenha
sido defendido durante mais de uma geração; e quando isso aconteceu,
geralmente a segunda vinda de Cristo e o milénio foram preditos para algum
ponto no futuro distante.11 Assim, o padrão normal tem sido os movimentos
milenaristas renderem-se, ignorarem ou modificarem significativamente os seus
ensinos milenaristas -- como aconteceu com os Adventistas do Sétimo Dia, os
Santos dos Últimos Dias e muitos fundamentalistas -- ou tornarem-se muito
isolados da sociedade -- algo que ocorreu com os Cristadelfos.
Surpreendentemente, isto não aconteceu às Testemunhas de Jeová que,
apesar de muitos fracassos proféticos durante mais de um século, continuaram
a pregar a proximidade do milénio e cresceram até se tornarem um movimento
com cerca de 2,7 milhões de membros activos e vários milhões de aderentes
adicionais por todo o mundo.

As Testemunhas estabeleceram um império de impressão e edição altamente


sofisticado, desenvolveram um programam missionário mundial e uma
organização hierárquica altamente estruturada para governar a sua
comunidade, sendo tudo isto feito através da sua principal associação legal, a
Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania. Apesar do seu espírito
sectário, elas também tiveram um profundo impacto em muitas das sociedades
em que têm vivido, em particular nas do mundo de língua inglesa. Sobretudo
nos Estados Unidos e no Canadá, elas têm tido uma grande influência na lei
constitucional e têm feito muito para ampliar direitos civis em áreas como a
liberdade de expressão, adoração e imprensa. Elas também têm feito muito
para obrigar muitos países a levar os objectores de consciência mais a sério do
que no passado.12 E, finalmente, elas têm servido simultaneamente como
críticos do exercício da profissão médica e cobaias para a medicina em
resultado da sua recusa em aceitar transfusões de sangue. Assim, a sua
história, doutrinas, comunidade e os seus problemas actuais têm um
significado que poucos movimentos sectários similares têm hoje.

A história das Testemunhas de Jeová não é inteiramente uma história de


sucesso. Em anos recentes, o tempo e a história parecem tê-las apanhado.
Elas já não se podem gabar, como fizeram tanto na década de 1950 como na
de 1970, dizendo que eram a religião cristã que crescia mais rapidamente; e
nem podem dizer que são uma comunidade unida. Hoje elas são dilaceradas
por cismas pequenos mas significativos e estão sendo analisadas e criticadas
por ex-membros como nunca antes na sua história.

Em muitos sentidos, as Testemunhas tornaram-se fossilizadas. Já há muitas


décadas elas têm seguido as mesmas técnicas missionárias com poucos
ajustes que contemplem as mudanças sociais ou tecnológicas. Elas tornaram-
se cada vez mais hostis a novos desenvolvimentos intelectuais, ao mundo
intelectual e a intelectuais com uma mentalidade independente dentro das suas
próprias fileiras. E, o que é ainda mais significativo, a sua liderança tornou-se
uma casta que se auto perpetua e que se recusa a abrir-se a criticismo novo e
construtivo de praticamente qualquer tipo.

A seriedade desta situação é revelada nos acontecimentos que se abateram


sobre as Testemunhas desde 1975. Antes dessa data, durante um período de
nove anos, os líderes das Testemunhas, e especialmente o actual presidente
da Watch Tower Society, Frederick W. Franz, proclamaram esse ano como a
data provável para o fim do mundo, e uma nova excitação milenarista varreu a
comunidade das Testemunhas. Em resultado disso, o número de novos
convertidos disparou de forma significativa, em especial entre os anos 1968 e
1975. Porém, tal como sempre aconteceu no passado, as Testemunhas
sofreram um desapontamento: o apocalipse foi novamente adiado; houve
novamente uma 'peneiração' dos membros -- desta vez na ordem das centenas
de milhares. Além disso, uma liderança envelhecida parecia incapaz de
desenvolver algo como uma resposta satisfatória para aquilo que não
aconteceu em 1975. Durante vários anos depois deste último fracasso
profético, a única explicação dada pela Watch Tower Society foi uma
explicação que eles tinham abandonado antes de 1966.13

Porém, gradualmente os líderes das Testemunhas tentaram desviar a atenção


do seu rebanho enfatizando novamente o evangelismo: Mais pessoas têm de
ter a oportunidade de ouvir as boas novas de que o milénio está prestes a
surgir perante um mundo que não sabe disso, e só as Testemunhas de Jeová
serão salvas da ira de Deus na batalha do Armagedom. Curiosamente, porém,
o actual corpo governante das Testemunhas não fez qualquer tentativa séria de
rever a sua tabela cronológica escatológica, e presentemente a Watch Tower
Society ainda ensina, tal como tem feito durante muitas décadas, que o fim tem
de vir antes de desaparecer a geração que tinha idade suficientemente para
saber o que estava a acontecer em 1914, o ano que agora é assinalado como
sendo o começo da presença invisível de Cristo e o estabelecimento do seu
governo régio no céu. Embora alguns membros dos corpo governante tenham
tentado recentemente mudar a sua última 'data âncora' de 1914 para 1957, 14 a
maioria do corpo recusou apoiar essa mudança. Portanto, neste momento as
Testemunhas de Jeová ainda são confrontadas com a possibilidade de outra
grande refutação em assuntos de profecia no futuro próximo.15

As páginas seguintes são, pois, uma tentativa de dar uma visão geral da
história, sistema doutrinal, e comunidade das Testemunhas de Jeová desde
que surgiram na segunda metade do século XIX e de demonstrar que, embora
o seu milenarismo essencialmente adventista tenha sido durante muito tempo a
base do seu crescimento e sucesso, também é a sua maior fraqueza. Como o
fim deste mundo tem sido adiado para elas durante mais de cem anos -- algo
que nunca esperaram que acontecesse -- elas não se têm podido ajustar
satisfatoriamente aos acontecimentos mundiais ou a um mundo que, na sua
perspectiva, continua 'gemendo'.

Notas

Por razões de economia, alguns títulos de publicações da Watch Tower são


abreviados conforme é dito em seguida. Excepto quando aparecem pela
primeira vez na Introdução, nos capítulos individuais ou na Conclusão, as
publicações aparecem sob os seus títulos abreviados. Especificamente, são
Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose [As Testemunhas de Jeová no
Propósito Divino], que aparece como Divine Purpose [Propósito Divino]; Aid to
Bible Understanding (1972) [Ajuda ao Entendimento da Bíblia], que é
designado como Aid [Ajuda]; Organized to Accomplish Our Ministry (1983)
[Organizados Para Efectuar o Nosso Ministério], que é mencionado como
Organized [Organizados]. Visto que a revista conhecida desde Março de 1939
como The Watchtower Announcing Jehovah's Kingdom [A Sentinela
Anunciando o Reino de Jeová] era originalmente Zion's Watch Tower and
Herald of Christ's Presence (1879-1908) [Torre de Vigia de Sião e Arauto da
Presença de Cristo], depois The Watch Tower and Herald of Christ's Presence
(1909-31) [A Torre de Vigia e Arauto da Presença de Cristo], The Watchtower
and Herald of Christ's Presence (1931-8) [A Torre de Vigia e Arauto da
Presença de Cristo], The Watchtower and Herald of Christ's Kingdom (1938-9)
[A Torre de Vigia e Arauto do Reino de Cristo], é simplesmente citada como
WT em todas as ocorrências. Os Yearbooks of Jehovah's Witnesses [Anuários
das Testemunhas de Jeová] são geralmente mencionados por um ano
específico e a palavra Yearbook [Anuário].

Quando é feita referência a 'WT reprints', essa designação indica que a citação
em questão é de Zion's Watch Tower and Herald of Christ's Presence ou de
The Watch Tower and Herald of Christ's Presence (Julho de 1879 até Junho de
1919) conforme editada e publicada em forma de volume em 1919. Visto que a
paginação é sequencial em volumes ou 'reprints', como são geralmente
chamados, os números das páginas são, é claro, muito diferentes daqueles
que apareceram nas edições originais da revista.

1H. Richard Niebuhr, The Social Sources of Denominationalism [As Fontes


Sociais do Denominacionalismo] (Nova Iorque: Henry Holt and Co. 1929).

2 Thomas F. O'Dae, The Sociology of Religion [A Sociologia da Religião]


(Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall, Inc. 1966), 66-9; Bryan R. Wilson, Sects
and Society [Seitas e a Sociedade] (Berkeley: University of California Press
1961).

3 Melvin Dotson Curry, Jr, 'Jehovah's Witnesses: The Effects of Millenarism on


the Maintenance of a Religious Sect' [Testemunhas de Jeová: Os Efeitos do
Milenarismo na Manutenção de uma Seita Religiosa] (dissertação de
doutoramento, Florida State University, Gainsville 1980), 243.

4 Veja as páginas 44-5.

5 Curry, 183.

6 Veja a página 32.

7 Trotsky chamou ao esquema de governo de Lenin uma 'teocracia ortodoxa' e


declarou: 'Os métodos de Lenin levam a isto: primeiro a organização do Partido
[o caucus] coloca-se no lugar do partido como um todo, depois o Comité
Central coloca-se no lugar da organização; e finalmente um único "ditador"
coloca-se no lugar do Comité Central.' Isaac Deutscher, The Prophet Armed,
Trotsky: 1879-1921 [O Profeta Armado, Trotsky: 1879-1921] (Londres: Oxford
University Press, 1954), p. 90.

8 Werner Cohn, 'Jehovah's Witnesses as a Proletarian Movement'


[Testemunhas de Jeová como um Movimento Proletário], em The American
Scholar [O Erudito Americano], 24:3 (Verão 1955), p. 288.

9 Ibid, p. 292.

Veja 'Millennium, Millenarianism' [Milénio, Milenarismo], em The New Schaff-


10

Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge [A Nova Enciclopédia Schaff-


Herzog de Conhecimento Religioso] (Grand Rapids, Michigan: Baker Book
House 1977), 7:374-8.

11Para uma discussão do milenarismo ao longo dos séculos, veja Norman


Cohn, The Pursuit of the Millennium [A Busca do Milénio] (Nova Iorque: Oxford
University Press 1961), e Edwin Leroy Froom, The Prophetic Faith of Our
Fathers [A Fé Profética dos Nossos Pais] (Washington, DC: Review and Herald
Publishing Association 1954), volumes 1-4.

12Sobre este assunto, veja especialmente Jesús Jiménez, La Objectión de


conciencia in España (Madrid: Editorial Cuadernos para el Diálogo, SA. 1973).

13 Veja as páginas 99-100.

14 Veja a página 218.

15 Veja a página 305.

Primeira Parte: História


Capítulo 1: O Começo de um
Movimento
M. James Penton

As Testemunhas de Jeová surgiram do meio religioso do protestantismo


americano do fim do século XIX. Embora elas possam parecer muito diferentes
dos protestantes tradicionais e rejeitem algumas doutrinas centrais das grandes
igrejas, num sentido real são os peculiares herdeiros americanos do
adventismo, dos movimentos proféticos do evangelismo britânico e americano
do século XIX, do metodismo, e do milenarismo proveniente tanto do
anglicanismo do século XVII como do não-conformismo protestante inglês. De
fato, existe muito pouco no seu sistema doutrinal que seja exterior à vasta
tradição protestante anglo-americana, embora existam certos conceitos que
elas têm mais em comum com o catolicismo do que com o protestantismo. Se
elas são únicas em muitos aspectos -- como indubitavelmente são -- isso deve-
se simplesmente às combinações e permutações teológicas particulares das
suas doutrinas, em vez de ser por causa da novidade. Também tem de ser
sublinhado que o impulso tanto das suas idéias como das suas práticas tem
sido desenvolvido principalmente, senão mesmo exclusivamente, nos Estados
Unidos durante o fim do século XIX e no século XX. Por isso, a menos que
compreendamos algo dos amplos temas da história americana durante este
período, é difícil compreender as Testemunhas de Jeová. No entanto, dito isto,
o melhor modo de começar o estudo das Testemunhas é examinar a história
pessoal de um homem -- Charles Taze Russell, o primeiro presidente do que é
agora a Watch Tower Bible and Tract Society [Sociedade Torre de Vigia de
Bíblias e Tratados], a principal pessoa responsável pela divulgação das
doutrinas que serviram como base para os ensinos dos International or
Associated Bible Students [Estudantes da Bíblia Internacionais (ou
Associados)], nomes pelos quais as Testemunhas eram conhecidas antes de
1931.

Charles Russell: Os Anos Iniciais

Nascido em 1852 em Pittsburgh, Pennsylvania, Russell1 foi criado como


presbiteriano pelos seus pais profundamente religiosos, Joseph L. e Eliza
Birney Russell, ambos de descendência escocesa-irlandesa (Ulster
Protestante). Quando ele era criança, a mãe tinha-o encorajado a considerar o
ministério cristão, mas depois de ela morrer, o pai treinou-o para se tornar seu
sócio nos negócios. O jovem Russell recebeu uma educação modesta em
escolas públicas, complementada pelo estudo sob tutores privados. Quando
ele tinha catorze anos, o seu pai começou a empregá-lo na administração da
sua loja de vestuário e no ano seguinte enviava-o a várias centenas de milhas
de distância, a Filadélfia, como seu agente de compras. Pouco tempo depois
ele tornou-se sócio do pai, e juntos desenvolveram um grande negócio de lojas
de vestuário. No fim da década de 1870 ou nos primeiros anos da década
seguinte ele tinha acumulado uma fortuna apreciável.2

Apesar do seu sucesso no mundo dos negócios, Russell continuou muito mais
interessado em assuntos religiosos. Enquanto rapaz ele tinha sido um
calvinista devoto que por vezes escrevia avisos tenebrosos acerca do fogo do
inferno em lugares públicos conspícuos para encorajar os trabalhadores a
emendar os seus caminhos iníquos.3 Contudo, ele ainda estava na
adolescência quando tanto ele como o pai começaram a tornar-se de certa
forma 'libertos' religiosamente. Charles juntou-se à igreja congregacionalista
local, que era menos austera do que a igreja presbiteriana, e Joseph começou
a mostrar interesse no Adventismo.4 Então, quando tinha apenas dezasseis
anos de idade, Charles Russell 'começou a ficar abalado na fé a respeito de
muitas doutrinas que aceitara há muito tempo.' De fato, tal como tantos jovens
sérios, ele 'caiu presa fácil da lógica da infidelidade.' Ao tentar converter um
'infiel', não foi capaz de defender com sucesso as suas crenças e perdeu a fé
na Bíblia. Ainda assim, ele continuou a orar a Deus e continuou a sua busca da
verdade.

O motivo por que o jovem piedoso ficou abalado não é difícil de perceber.
Conforme os seus escritos mais antigos mostram, ele foi poderosamente
influenciado pelo espírito racionalista da sua época e, da adolescência em
diante, nunca deixou de se interrogar sobre como um Deus amoroso podia
punir pecadores com os tormentos infinitos do inferno de fogo. Mas igualmente
importante, sem dúvida, foi o sentimento de Russell para com o Todo-
Poderoso. Para ele, Deus era seu pai num sentido preeminente, e como ele
tinha tido sempre um relacionamento tão caloroso e amoroso com o seu pai
humano, Joseph Russell, parece que ele nunca poderia conceber que o Senhor
Jeová fosse outra coisa senão uma deidade misericordiosa.
Algures em 1869, Jonas Wendell, um pregador do Advento Cristão, estava a
realizar um serviço num 'salão poeirento, pouco asseado', em Allegheny,
Pennsylvania. Russell deparou-se com a reunião, ficou e escutou. Em
resultado disso, a sua fé na Bíblia foi restaurada. Porém, ele não se tornou num
'Segundo Adventista' nesse tempo nem, do seu próprio ponto de vista, em
qualquer altura posterior. Quase imediatamente ele contactou vários amigos
que começaram a estudar as Escrituras com ele. Sob a sua liderança, foi
formada uma classe de estudo da Bíblia que haveria de evoluir gradualmente
até se tornar num movimento separado.

Tem sido dada muita atenção aos conceitos e ensinos de Russell;


surpreendentemente, pouca atenção tem sido dada às fontes dos mesmos,
quer pelos seus amigos quer pelos seus inimigos. As razões são um tanto
complexas. Parece que, como muitos dos seus seguidores o encararam
durante muito tempo como sendo o 'servo fiel e sábio' de Mateus 24:45-47 e o
'Mensageiro Laodicense',5 eles enfatizaram o seu papel pessoal como líder
religioso em vez do seu débito para com os seus predecessores. Ao contrário,
os seus críticos têm estado ansiosos por representar as doutrinas dele como
não tendo qualquer tradição respeitável por detrás e, por essa razão, também
fracassaram em examinar com qualquer profundidade as origens do seu
pensamento. Além disso, as próprias Testemunhas de Jeová têm estado tão
envolvidas na proselitização na expectativa do apocalipse, que têm tido pouco
tempo ou desejo de estudar os seus próprios antecedentes. Mas Russell
identificou pelo menos alguns dos homens e o movimento para com os quais
estava em dívida por terem-no ajudado a chegar ao sistema doutrinal que
desenvolveu ao longo de quarenta e cinco anos.

Ele indicou francamente a sua 'dívida para com os adventistas bem como
outras denominações' e mencionou duas pessoas, George Stetson e George
Storrs, que lhe tinham oferecido assistência espiritual. Falando sobre o período
de 1869 a 1872, ele disse: 'O estudo da Palavra de Deus com estes amados
irmãos levou-me, passo a passo, até esperanças mais verdejantes e brilhantes
para o mundo, embora não tenha sido senão em 1872 que eu obtive uma
imagem clara do trabalho do nosso Senhor como o nosso preço de resgate,
que descobri que a força e a fundação de toda a esperança de restituição
reside nessa doutrina.'6

Quem, pois, eram Stetson e Storrs, e quais foram as contribuições deles para o
pensamento de Russell? A resposta à primeira parte desta pergunta é que
ambos tinham longos antecedentes no 'Segundo Adventismo'. De fato, Stetson
era um ministro do Advento Cristão,7 enquanto Storrs8 tinha sido um dos
principais fundadores da Life and Advent Union [União da Vida e do Advento].
Contudo, ambos eram de mentalidade independente e pouco depois de Russell
e dos seus amigos terem começado o seu estudo da Bíblia, Storrs cortou todos
os laços com a União.

George Storrs

Destes dois homens que influenciaram Russell, George Storrs foi de longe o
mais importante. Nascido em 1796 em Lebanon, New Hampshire, ele, tal como
Russell, foi criado num austero ambiente calvinista. Mas aos vinte e nove anos
de idade tornou-se num convertido ao metodismo e mais tarde foi ordenado
ministro da Igreja Metodista Episcopal. A sua posição por fim tornou-se
insustentável quando na década de 1830 tornou-se num adversário aberto da
escravatura nos Estados Unidos. Em 1840 ele renunciou da igreja.

Mais importante foi o fato de em 1837 ele ter lido um tratado da autoria do
'Diácono' Henry Grew,9 um pastor de origem inglesa, ex-batista, de Filadélfia.
Devido ao tratado, Storrs passou a acreditar no que é chamado
'condicionalismo':10 a idéia de que o homem não tem uma alma imortal mas,
antes, ganha a vida eterna sob a condição de receber tal dádiva de Deus
através de Cristo. Depois disso, Storrs tornou-se no principal proponente
americano do condicionalismo, ou 'aniquilacionismo', 11 como era por vezes
chamado, e do ensino de que os mortos estão inconscientes ou dormindo até à
ressurreição. Em 1841 ele publicou An Inquiry: Are the Souls of the Wicked
Immortal? In Three Letters [Uma Pesquisa: Será Que as Almas dos Iníquos são
Imortais? Em Três Cartas], e no ano seguinte uma ampliação do mesmo tema
em An Inquiry: Are the Souls of the Wicked Immortal? In Six Sermons [Uma
Pesquisa: Será Que as Almas dos Iníquos são Imortais? Em Seis Sermões].
Significativamente, cerca de 200.000 cópias de Six Sermons estavam em
circulação nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha em 1880.12

Em 1842 Storrs também se envolveu com o movimento liderado por William


Miller, um batista de New England que estava convencido, com base no seu
cálculo da 'cronologia bíblica', que o segundo advento de Cristo ocorreria
algures entre março de 1843 e março de 1844. Storrs tornou-se então um dos
principais apoiantes da escatologia Millerita e pregou por toda a parte em 1842
e 1843 a respeito do esperado advento. Quando Cristo não apareceu como
Miller tinha esperado, um re-exame dos seus cálculos pelos seus seguidores
produziu a sugestão de que o Senhor Jesus viria nas nuvens em outubro de
1844. Quando essa data também não trouxe o advento, Storrs abandonou o
movimento Millerita. De fato, ele sentiu que ele e outros tinham sido
mesmerizados pelo emocionalismo Millerita. Além disso, William Miller e alguns
líderes Milleritas proeminentes rejeitaram a doutrina do condicionalismo de
Storrs. No entanto, a associação de Storrs com os Milleritas e com os seus
sucessores, os vários aderentes do Segundo Adventismo, levou à adoção do
condicionalismo por vários movimentos dos séculos XIX e XX: a Igreja do
Advento Cristão, os Adventistas do Sétimo Dia, a União da Vida e do Advento,
a Igreja Mundial de Deus, e talvez os Cristadelfos.13 Durante a sua associação
com o Millerismo em 1843, Storrs fundou um jornal chamado Bible Examiner
[Examinador da Bíblia] que passou a ser publicado numa base regular em
1847. O seu objetivo era expresso no lema 'Não há Imortalidade nem Vida
Eterna a não ser somente através de Jesus Cristo'. Em 1863 o Bible Examiner
tinha-se tornado tão influente que os seus apoiantes juntaram-se a Storrs na
formação da União da Vida e do Advento. Como resultado, foi-lhe pedido que
editasse um jornal semanal chamado Herald of Life and the Coming Kingdom
[Arauto da Vida e do Reino Vindouro]. Ao mesmo tempo, ele suspendeu a
publicação do Examiner.
Em 1871 ele separou-se da União da Vida e do Advento. Anteriormente ele
tinha acreditado que o destino final de todos os homens seria fixado
inalteravelmente na morte, sem levar em consideração a inevitável ignorância
na qual tinham sido colocados nesta vida. Depois ele abandonou essa crença,
ensinando que aqueles que tinham morrido sem conhecimento de Cristo
receberiam uma oportunidade de aprender sobre o seu sacrifício em favor
deles depois de uma ressurreição na terra e, caso se mostrassem fiéis,
receberiam a dádiva da vida eterna numa terra paradísica restaurada. Os seus
associados na União da Vida e do Advento rejeitaram essa posição, e Storrs
fez renascer o Bible Examiner.

Por volta dessa época Russell estava a tomar conhecimento de Storrs, e é


perfeitamente óbvio que Storrs contribuiu muito para o pensamento do jovem
da Pennsylvania. Um exame do Bible Examiner revela claramente que Russell
aprendeu as doutrinas do resgate expiatório de Cristo e a restituição da
humanidade a uma terra paradísica diretamente de Storrs e dos seus
associados14 e ainda, é claro, a doutrina do condicionalismo. Também é
evidente que a prática de celebrar o Memorial da Ceia do Senhor uma vez por
ano na suposta data da Páscoa judaica, 14 de Nisã, tal como é feito pelas
Testemunhas de Jeová hoje, foi algo que Russell aprendeu do editor de Bible
Examiner.15 Finalmente, os sentimentos negativos de Russell em relação às
igrejas e organizações religiosas podem ter vindo diretamente de Storrs. Mas
Russell não obteve de Storrs a sua atitude igualmente negativa em relação à
autoridade secular, ao voto ou ao serviço militar. Jonathan Butler está errado
ao descrever Storrs como um adventista 'apocalíptico apolítico'. 16 De fato, em
Herald of Life and the Coming Kingdom [Arauto da Vida e do Reino Vindouro]
Storrs opôs-se regularmente ao pacifismo e apoiou a supressão dos Estados
Confederados pelos exércitos da União durante a Guerra Civil Americana
devido ao seu intenso ódio à escravatura.17

Russell e o Objeto e a Maneira da Volta de Cristo

Não se deve assumir que Russell e os seus associados durante os anos 1869
a 1875 estavam simplesmente a tomar as suas idéias de Storrs e de Stetson.
Russell era um estudante ávido e começou a desenvolver o seu próprio
sistema doutrinal baseado num exame meticuloso das Escrituras, de vários
comentários da Bíblia e de idéias comuns a muito do protestantismo americano
do século XIX. Por exemplo, ele seguiu o Dr. Joseph A. Seiss, um proeminente
pastor luterano de Filadélfia e editor do Prophetic Times [Tempos Proféticos]
(1863-1881), o principal jornal milenarista nos Estados Unidos durante a
segunda metade do século XIX, ao afirmar que Cristo fora ressuscitado no
espírito, não na carne.18 Além disso, depois de examinar a Emphatic Diaglott,
uma tradução interlinear da recensão de Griesbach do Novo Testamento de
Benjamin Wilson, um membro da Igreja de Deus (Fé de Abraão), ele notou que
a palavra grega parousia, traduzida 'vinda' na King James Version, muitas
vezes significa mais propriamente 'presença'. Assim ele passou a defender que
nos últimos dias, imediatamente antes da sua revelação em ira na batalha do
Armagedom, Cristo estaria invisivelmente presente. Nesse tempo, apenas os
seus seguidores fiéis sabiam esse fato. Assim, em meados da década de
1870,19 Russell imprimiu e publicou 50.000 cópias de um pequeno panfleto
intitulado The Object and Manner of Our Lord's Return [O Objeto e Maneira da
Volta de Nosso Senhor] para tornar conhecidas as suas idéias.

Algumas das idéias presentes em The Object and Manner eram comuns a
grande parte do protestantismo evangélico do século XIX. Por exemplo, Russell
tirou informação diretamente dos comentários bíblicos de Adam Clarke e de Sir
Isaac Newton,20 do qual tirou a interpretação historicista padrão 21 do livro de
Revelação. Muitos outros dos seus conceitos, tal como são apresentados no
panfleto, parecem ter sido obtidos diretamente de George Storrs e do
adventismo.

Mas as idéias principais em The Object and Manner não vieram das fontes
citadas por Russell. Num artigo em três partes publicado recentemente em The
Bible Examiner [O Examinador da Bíblia],22 Carl Olof Jonsson demonstra
claramente que existiram muitos outros tanto na Grã-Bretanha como na
América que acreditavam no que é chamado 'doutrina da vinda em duas
etapas', a idéia da presença invisível de Cristo antes da sua revelação no fim
do mundo atual e o ensino de um arrebatamento invisível dos santos durante a
sua presença ou parousia -- tudo idéias apresentadas em The Object and
Manner. De fato, Jonsson mostra de forma muito conclusiva que estes
conceitos foram originados em 1828 por Henry Drummond, um evangélico
inglês proeminente que, com Edward Irving, foi um co-fundador da Igreja
Católica Apostólica, ou Irvinguitas. Mais tarde, porém, muitas das idéias de
Drummond foram popularizadas e espalhadas por toda a Grã-Bretanha e
Estados Unidos por John Nelson Darby, da Irmandade de Plymouth (que tinha
estado em associação próxima com Drummond e Irving), pelo Reverendo
Robert Govett, um clérigo anglicano, e nas décadas de 1860 e 1870 pelo
Rainbow [Arco-íris], um importante jornal milenarista britânico que foi editado
em 1886 e 1887 pelo bem conhecido tradutor da Bíblia Joseph B. Rotherham.
Além disso, as doutrinas de Drummond foram adotadas pelo Dr. Joseph Seiss.
Portanto, conclui Jonsson, Russell com toda a probabilidade tomou
emprestadas as idéias centrais que aparecem em The Object and Manner of
Our Lord's Return destes predecessores milenaristas e, em particular, de Seiss.
Jonsson declara: 'É bastante óbvio que Russell não originou por si mesmo a
sua opinião sobre a vinda e presença invisível de Cristo, mas tomou-a de
outros, e embora isso não possa ser estabelecido com certeza absoluta, a
evidência disponível indica fortemente que ele plagiarizou as opiniões do Dr.
Seiss nesta matéria.'23

O Dr. Nelson H. Barbour e os Três Mundos

Em janeiro de 1876 Russell entrou em contato com o Herald of the Morning


[Arauto da Manhã], publicado em Rochester, Nova Iorque, pelo Dr. Nelson H.
Barbour, um pregador adventista independente que também tinha sido um
Millerita e associado de George Storrs. Barbour tinha estado ligado ao círculo
do qual Jonas Wendell fora membro. Tal como Wendell, ele usou a cronologia
que dizia que o ano 1873 tinha marcado 6.000 anos desde a criação de Adão.

No Herald of the Morning [Arauto da Manhã] Barbour e um co-trabalhador,


John H. Paton, tinham ido muito para além de Wendell e dos seus associados,
que tinham originalmente acreditado que 1873 presenciaria o segundo advento
e a consumação da terra por fogo. Quando nada de visível aconteceu naquele
ano, eles primeiro ficaram muito perplexos até que B. W. Keith, 24 um leitor do
Herald, descobriu a tradução de Benjamin Wilson de parousia como 'presença'.
Então, tal como Russell, Barbour e Paton começaram a acreditar na idéia de
uma presença invisível de Cristo, que eles achavam ter começado segundo o
plano em 1874.

Russell, que anteriormente tinha rejeitado a cronologia e o estabelecimento de


datas dos adventistas, tal como George Storrs depois de 1844, agora pagou as
despesas de Barbour para que visse a Filadélfia encontrar-se com ele e
mostrar-lhe 'completamente e biblicamente, se pudesse, que as profecias
indicavam 1874 como sendo a data em que começara a presença do Senhor e
a "colheita".' Conforme o jovem mercador, então com apenas vinte e quatro
anos, declarou mais tarde: 'Ele veio, e a evidência satisfez-me.'25 Mais uma vez
Russell ficou impressionado por idéias racionalistas.

Seguiram-se imediatamente vários desenvolvimentos importantes. Russell deu


o seu apoio financeiro ao Herald of the Morning [Arauto da Manhã], deu
dinheiro a Barbour para preparar um livro representando as suas crenças a
respeito do fim da era, e reduziu certas atividades de negócios para se
envolver em viajar e pregar enquanto Barbour escrevia e publicava. Pouco
depois, segundo o relato de Russell, ele pediu que Paton se lhe juntasse na
pregação e também lhe pagou as despesas. Assim começou uma breve mas
importante associação.

As particularidades das datas que Barbour explicou a Russell foram expostas


na primavera de 1877 em Three Worlds and the Harvest of This World [Três
Mundos e a Colheita Deste Mundo], o livro que Russell o tinha encorajado a
escrever. Embora apresentasse os nomes dos dois homens como autores, o
livro foi composto inteiramente por Barbour.26 Consequentemente, Three
Worlds, com a sua cronologia elaborada, especulação profética e escatologia,
continha alguns dos seus pensamentos originais, além de conceitos tirados de
várias fontes. Entre outras coisas, ele continuou a usar o sistema ano-dia27 de
interpretação de numerosas profecias; também aceitou a idéia de um 'ano
profético' de 360 dias28 e uma interpretação historicista do livro de Revelação.
Mais significativo, ele foi buscar muita informação aos estudos milenaristas de
vários escritores do século XIX ao formular um sistema que demonstrou
'correspondências' biblico-matemáticas surpreendentes, um fato que
impressionou grandemente Russell e que levou muitos milhares de pessoas a
aceitar o sistema de Barbour desde esse tempo.

Quais foram, então, os principais aspectos do 'plano da redenção' conforme


delineado em Three Worlds? Primeiro, como indica o título dessa obra, Barbour
viu a história dividida em três grandes períodos, ou 'mundos', além de várias
dispensações dentro desses mundos. Isso, porém, não era importante em si
mesmo. Antes, o que era significativo era que ele inferiu que se podia calcular
as datas das várias eras a partir da cronologia e das profecias da Bíblia e
assim determinar o cronograma de Deus para a segunda vinda de Cristo, o
arrebatamento dos santos, e a restauração da terra a um paraíso como o Éden.
Barbour não tinha dúvidas de que o bispo James Usher, cuja cronologia era
então usualmente impressa nas margens das bíblias King James Version, tinha
estado errado nos seus cálculos da idade da humanidade. Ele tinha 'cento e
vinte e quatro anos a menos'.29 Sem hesitar perante as dificuldades da
cronologia bíblica, Barbour escreveu: 'uma noite passada com a Bíblia, papel e
lápis, junto com uma determinação completa para conhecer exatamente o que
ela ensina, habilitá-lo-á a dominar todo o assunto, e medir por si mesmo.'
Usando este método, ele calculou simplesmente que seis mil anos de história
humana tinham terminado no outono de 1873 e declarou que estava prestes a
começar uma 'manhã de alegria' para a humanidade. Como um dia para o
Senhor é mil anos, segundo o salmista, tinham passado seis 'dias'. O sétimo, o
milênio, seria um grande sábado de restituição.30 Igualmente importante era o
conceito dos dois pactos das dispensações judaicas e do evangelho. Com a
sua aritmética simples, Barbour calculou a idade da dispensação judaica que,
acreditava ele, se estendera durante um período de 1845 anos desde a morte
de Jacó até à morte de Cristo em 33 E.C. Então, baseando-se na sua
interpretação de Isaías 40:2 na King James Version: "Confortai-vos, confortai-
vos, meu povo, diz o vosso Deus; confortai Jerusalém e gritai-lhe que a sua
guerra [margem: tempo designado] cumpriu-se, que a sua iniquidade está
perdoada, pois ela recebeu da mão do Senhor, a dobrar, por todos os seus
pecados', ele argumentou que a dispensação do evangelho tem de ser o
'dobro' da mesma extensão de tempo da era judaica. Assim, começando na
morte de Cristo, ele defendeu que a era do evangelho tem de terminar em
1878.31

Além disso, como as duas dispensações eram paralelas em todos os sentidos,


e os últimos três anos e meio da era judaica, desde o batismo de Cristo até à
sua crucificação, tinham sido uma 'época de colheita', o mesmo tem de ser
verdade para o período desde o outono de 1874 até à primavera de 1878.
Consequentemente, Barbour esperava que os santos fossem levados no
arrebatamento neste último ano. Ele estava tão certo disso, que quando
elaborou Three Worlds em 1877 escreveu: 'Se tem o espírito de uma
criancinha, por favor arranje um grande pedaço de papel, a sua Bíblia e lápis, e
comece com Gên. 5:3. Deixe-me dizer-lhe, mais alguns meses e "A Colheita
terá passado, o verão acabado."'32

Para fortalecer ainda mais os seus argumentos, ele usou o que era conhecido
como o ciclo dos jubileus. Sob a lei mosaica, todo o qüinquagésimo ano era um
ano no qual as possessões, quer fossem pessoais ou ancestrais, deviam
reverter aos seus proprietários ou aos herdeiros dos seus proprietários. Os
escravos também deviam ser libertos. Por isso, Barbour viu no ano do jubileu
um tipo para o grande dia de restituição de Deus -- o milênio. Mas ele também
o viu como tendo significado para o início da era milenar. Segundo Barbour, se
os jubileus tivessem continuado a ser celebrados desde a era judaica até ao
seu próprio dia, um ano de jubileu teria ocorrido em 1875, começando (para ser
exato) em 6 de abril.33

Ao desenvolver o seu sistema, Barbour foi grandemente influenciado pelo seu


velho mentor, William Miller, e incorporou algumas das idéias de Miller no seu
sistema. Ele acreditava, por exemplo, tal como muitos outros, que o 'tempo,
tempos e metade de um tempo' de Revelação 12:14 tinham terminado em 1798
e que os 2.300 dias (anos) de Daniel 8:14 tinham terminado em 1843. 'O erro
de [Miller e] do movimento de 1843 não foi no argumento que prova que os
"dias" acabaram ali, mas em assumir que cobriam toda a visão.' 34 No entanto,
por muito importantes que as idéias de Miller fossem para Barbour, não foram
mais importantes do que as do inglês John Aquila Brown.35

Talvez o aspecto mais importante de interpretação profética encontrado em


Three Worlds ao qual as Testemunhas de Jeová ainda aderem largamente
envolva o cálculo da duração dos 'tempos dos gentios' mencionados em Lucas
21:24. Isso foi algo que intrigou Russell. Depois de o aprender de Barbour, ele
publicou um artigo no Bible Examiner de outubro de 1876 intitulado 'Gentile
Times: When Do They End?' [Tempos dos Gentios: Quando Terminam?] 36
Portanto Russell realmente tornou sua essa interpretação mesmo antes da
publicação de Three Worlds. No entanto, na realidade, o sistema de calcular os
tempos dos gentios nem se originou com ele, como muitas vezes se crê, nem
com Barbour.

De fato, foi John A. Brown quem primeiro explicou o que considerava ser a
chave para a duração desses tempos num livro chamado Even-Tide, publicado
em Londres em 1823. O que ele propôs foi que o típico reino de Judá tinha
caído sob domínio gentio em 604 a.C. Depois disso, não haveria governo de
Deus na terra até quatro grandes impérios -- o babilônico, o medo-persa, o
macedônio e o romano -- terem o seu domínio. Então Cristo, como herdeiro de
Davi, governaria em Jerusalém. Mas quanto tempo passaria antes que esses
impérios expirassem? Brown encontrou aquilo que era para ele a resposta no
quarto capítulo do livro de Daniel.

Nesse capítulo, Nabucodonosor, o rei de Babilônia, é retratado como tendo tido


um sonho de uma grande árvore. Por ordem divina, a árvore foi cortada e uma
banda colocada sobre o toco, e não lhe seria permitido crescer novamente até
terem passado 'sete tempos'. Quando Daniel interpretou o sonho, foi aplicado
diretamente a Nabucodonosor que haveria de passar por sete tempos (anos?)
de loucura antes de ser restaurado ao seu trono. Mas Brown viu em
Nabucodonosor um tipo da família humana. Antes da sua loucura ele era visto
como representante da teocracia judaica; durante a sua loucura foi encarado
como um tipo das 'animalescas' nações gentias; e depois da sua recuperação,
um tipo do reino messiânico de Jesus Cristo.

Para calcular os 'sete tempos' Brown raciocinou que estes eram sete anos de
360 dias proféticos cada. Usando o princípio ano-dia, ele simplesmente
multiplicou 360 dias por sete e chegou a um período de 2.520 anos.
Finalmente, contando 2.520 anos desde 604 a.C., chegou ao ano 1917 A.D.,
que designou como a data para o fim daqueles tempos.37

Barbour decidiu que Brown tinha marcado o início dos sete tempos -- que ele
encarava como os tempos dos gentios -- dois anos mais tarde. Ele defendia
que os tempos dos gentios tinham começado com aquilo que acreditava ter
sido a data da destruição de Jerusalém por Nabucodonosor. Assim, em vez de
usar 1917 como o término para esses tempos, calculando ligeiramente
diferente ele marcou-os como tendo a sua conclusão no outono de 1914. 38
Nesse ano, o reino de Cristo viria para assumir domínio completo sobre a terra,
e os judeus, como povo, seriam restaurados ao favor de Deus. Durante o
intervalo entre o tempo em que escreveu Three Worlds e 1914, Barbour
esperava que ocorressem muitas coisas. Além do arrebatamento dos santos,
ele acreditava que o mundo testemunharia um tempo de tribulação como nunca
antes vira.39

Barbour estava muito impressionado pelo seu próprio sistema. Ele declarou
que 'não estava disposto a admitir que o seu cálculo estivesse errado nem
sequer um ano'. Para ele havia 'esta quantidade de evidência':

Muitos dos argumentos, a maioria deles, de fato, não são baseados na teoria
ano-dia, e alguns deles, nem sequer são baseados na cronologia; e no entanto
existe harmonia entre todos eles. Se você resolveu um problema difícil em
matemática, pode muito bem duvidar se possivelmente não terá feito algum
erro de cálculo. Mas se resolveu esse problema de sete maneiras diferentes,
todas independentes umas das outras, e em cada um dos casos alcançou o
mesmo resultado, seria um louco se continuasse a duvidar da exatidão desse
resultado.40

Até George Storrs, um homem há muito tempo hostil a tal estabelecimento de


datas escatológico, encarava a cronologia de Barbour como 'a melhor que
jamais vi'. Embora ele tornasse claro que não podia concordar com as
conclusões a que Barbour tinha chegado, indicou que não tinha qualquer
vontade de se lhes opor.41 E não é de admirar que qualquer pessoa vivendo na
América do fim do século XIX e impressionada pelas assim chamadas 'provas'
matemáticas pudesse encarar Three Worlds como um importante estudo
profético, se tivesse a tenacidade de lê-lo. Referindo-se ao sistema de Barbour,
tal como adotado por Russell praticamente sem mudança, Timothy White
comenta: 'Os padrões cronológicos, profecias e paralelos de Russell são
suficientes para desafiar a imaginação. Cada uma das datas 1799, 1874 e
1914 são o resultado de vários métodos de cálculo inteiramente
independentes. Todo o sistema torna-se muito harmonioso e equilibrado.'42

Three Worlds é portanto um trabalho muito importante. De fato, contém dentro


de si a maior parte das idéias que Russell e aqueles em associação com ele
haveriam de promulgar durante os cerca de quarenta anos seguintes. Mesmo
hoje, muitos dos conceitos desse livro -- embora freqüentemente, mas nem
sempre, alterados de modo importante -- ainda são ensinados pelas
Testemunhas de Jeová. Assim Barbour, que na melhor das hipóteses recebe
não mais do que uns poucos parágrafos, geralmente hostis, nos relatos
costumeiros das Testemunhas sobre a sua história,43 foi e é um dos maiores
contribuintes para todo o seu sistema doutrinal.

Cismas Iniciais: 1878 e 1881

Pouco tempo depois, Barbour, Russell e Paton estavam unidos para pregar e
publicitar as idéias delineadas em Three Worlds. Russell começou rapidamente
a fazer convertidos, incluindo A. D. Jones, um dos seus funcionários, e A. P.
Adams, um ministro metodista da Nova Inglaterra. Mas rapidamente surgiram
problemas. O pequeno bando de adventistas sem nome esperava, como Three
Worlds ensinava, que a primavera de 1878 os veria, como santos escolhidos
de Cristo, levados embora para o céu. Quando isso não aconteceu, ocorreu
desilusão e divisão.

Russell permaneceu leal aos ensinos expressos em Three Worlds enquanto


Barbour enveredou por outra direção. Russell desenvolveu a explicação de que
aqueles morrendo no Senhor de 1878 em diante teriam uma ressurreição
celestial imediata em vez de terem de dormir nas suas sepulturas; portanto,
defendia ele, 1878 foi um ano marcado. Mas Barbour recusou-se a adotar essa
solução e começou todo um novo exercício no estabelecimento de datas. 44
Além disso, ele tomou então uma posição em conflito com a defendida tanto
por Russell como por Paton sobre a natureza da expiação. Segundo Russell:
'O Sr. Barbour pouco depois escreveu um artigo para o Herald negando a
doutrina da expiação -- negando que a morte de Cristo fosse o preço de
resgate de Adão e da sua raça, dizendo que a morte de Cristo não foi mais um
pagamento da penalidade pelos pecados do homem do que a introdução de
um alfinete através do corpo de uma mosca, causando-lhe sofrimento e morte,
seria considerado por um pai humano como um pagamento justo pelo mau
comportamento do seu filho.'45

Russell discordou da nova posição de Barbour e seguiu-se um cisma. Barbour


era um homem particularmente orgulhoso, severo, e certamente tinha sido o
membro mais proeminente da pequena associação que se tinha formado em
1876. Mas Russell estava determinado a diferir dele naquilo que considerava
uma doutrina fundamental. Ele argumentou abertamente contra a posição de
Barbour sobre a expiação e obteve o apoio de Paton num artigo que foi
publicado no Herald de dezembro de 1878. No início de 1879 a separação
entre Barbour -- com A. P. Adams no seu campo -- e Russell e Paton tornou-se
completa. Russell acusou Barbour de retirar dinheiro que ele (Russell) tinha
depositado e de o tratar como se fosse seu. Então, quando Russell fundou uma
nova revista, Zion's Watch Tower and Herald of Christ's Presence [Torre de
Vigia de Sião e Arauto da Presença de Cristo], Barbour 'derramou sobre o
Editor da TORRE os mais vis insultos pessoais'.46 O que se seguiu foi uma
batalha entre os ex-associados para ganhar apoio dos que recebiam os dois
jornais, pois os leitores deles eram as mesmas pessoas. 47 Nesse tempo, Paton,
tanto como Russell, servia como líder daqueles que se tinham separado de
Barbour. Russell insistiu com Paton para que escrevesse um livro chamado
Day Dawn [Aurora do Dia], para substituir Three Worlds, e A. D. Jones
concordou em publicá-lo. Contudo, foi principalmente Russell quem
empreendeu a luta com Barbour e foi ele que produziu um pequeno livro
chamado Tabernacle Teachings [Ensinos do Tabernáculo] em resposta a
algumas das críticas que Barbour fizera às suas doutrinas.

Paton não objetou abertamente a qualquer das idéias de Russell;


evidentemente ele era um homem muito mais pacífico do que Barbour. Mas
também ele começou a produzir artigos que Russell encarava como uma
negação da doutrina da expiação como resgate. Consequentemente, em 1881,
ele recusou-se a publicar mais artigos de Paton e os dois separaram-se com
alguma amargura.48

Em 1881, dos cinco associados principais que tinham tomado uma posição a
favor das doutrinas delineadas em Three Worlds, só A. D. Jones continuou em
associação com Russell; e mesmo esse relacionamento não resistiu. Com a
bênção de Russell, Jones fundou um jornal chamado Zion's Day Star [Estrela
do Dia de Sião] na cidade de Nova Iorque. Dentro de um ano, também ele
negou a teoria do resgate de Russell e posteriormente haveria de repudiar a
própria Bíblia.49

O Ministério Independente de Russell

Pode muito bem ser dito, portanto, que Russell, ainda um jovem com menos de
trinta anos de idade, assumiu a liderança daqueles que apoiavam os seus
ensinos, não tanto porque o desejasse fazer, mas antes porque se sentiu
compelido a manter uma defesa daquilo que considerava ser uma doutrina
cristã básica -- a teoria da expiação enquanto resgate ou, de fato, expiação
substitutiva. Além disso, ele estava determinado a apegar-se à cronologia de
Russell mesmo depois do próprio Barbour ter abandonado certos aspectos
dela. Portanto, embora ele pareça não ter tido idéias de grandeza específicas
nesse tempo, achava que Deus estava a guiá-lo e dirigi-lo de um modo muito
definido.

Que ele não tinha um desejo a longo prazo de se estabelecer a si próprio como
um novo profeta americano ou o fundador de uma nova religião, nos anos 1879
até 1881 pelo menos, é evidente a partir da sua escatologia de curto prazo.
Novamente baseando a sua conclusão na cronologia de Barbour, ele assumiu
que a 'chamada celestial' ou colheita dos supostos '144.000 santos eleitos' de
Revelação 7 e 14, terminaria em 1881. Escrevendo em maio de 1881, ele
declarou: 'o favor que termina este outono, é o de entrar na companhia da
Noiva [os 144.000]. Acreditamos que a porta de favor está agora aberta e
qualquer um que consagre tudo e dê tudo, pode vir ao casamento e tornar-se
membro da Noiva, mas neste ano a companhia será declarada completa e a
porta para essa chamada celestial (não a porta da misericórdia) será fechada
para sempre.'50

Melvin Curry escreve: 'O efeito desta predição a curto prazo foi duplo: serviu
para desviar a atenção dos Estudantes da Bíblia do desapontamento de 1878 e
forneceu um ímpeto para uma maior atividade evangelística'; 51 não obstante,
Russell estava sem dúvida sério em acreditar nessa predição. Pois ele também
predisse que em 1881 as igrejas (Babilônia) começariam a desmoronar-se e,
mais importante, ele esperava que o arrebatamento dos santos -- dos quais se
considerava a si próprio membro -- teria lugar nesse ano.52 Em vez de planear
empreender uma grande campanha evangélica para além das três décadas e
meia seguintes, ele esperava estar no céu com o seu Senhor.

De fato, em novembro de 1880, ele 'quase criou uma crise' entre os seus
seguidores ao sugerir que o arrebatamento ou 'mudança' seria 'invisível para os
seres carnais, tal como é Ele [Cristo], e os Anjos.'53 Na edição de dezembro da
Zion's Watch Tower [Torre de Vigia de Sião], ele escreveu a respeito da
mudança:

Portanto agora, comparando escritura com escritura, tentaremos definir o modo


como isto será cumprido. Primeiro, não pensamos que as escrituras ensinam
que aqueles que são levados, serão levados para qualquer local (não para o
Monte Sião, nem qualquer ponto específico), nem pensamos que aqueles,
quando tomados, e durante algum tempo depois disso, serão invisíveis para os
à sua volta. Não, acreditamos que, depois de serem tomados, eles serão
visíveis e em todo o aspecto exatamente iguais, mas na realidade, eles não
serão os mesmos que eram antes de serem tomados, pois, se fossem, então
ser tomado não significaria nada.54

Por outras palavras, conforme ele prosseguiu explicando, eles seriam seres
espirituais materializados, como o Cristo ressuscitado que tinha aparecido
como homem.

Mais tarde, ele mudou novamente a sua posição tanto quanto à natureza como
quanto ao tempo do arrebatamento. Escrevendo em maio de 1881, ele disse:
'Quanto a quando a nossa mudança ocorrerá, só podemos dizer: Segundo o
nosso entendimento, ocorrerá em qualquer altura depois de 2 de outubro de
1881, mas não sabemos de nenhuma evidência das escrituras quanto a em
que tempo seremos mudados de naturais para espirituais, de mortais para
imortais.'55 Algumas vezes ele até fez declarações que à superfície parecem ser
falsidades descaradas. Por exemplo, na edição de maio de 1881 de Zion's
Watch Tower [Torre de Vigia de Sião] (na página 224 desse jornal conforme
reimpresso em forma de volume em 1919), ele declara: 'A TORRE DE VIGIA
nunca afirmou que o corpo de Cristo será mudado para seres espirituais neste
ano. Tal mudança ocorrerá algures. Nós não tentamos dizer quando, mas
dissemos repetidamente que isso não poderia ter lugar antes do outono de
1881.' No entanto, na edição de janeiro de 1881 da mesma revista, na página
180 das reimpressões, A. D. Jones, um 'contribuinte regular' para a Zion's
Watch Tower [Torre de Vigia de Sião], tinha escrito: 'No artigo a respeito da
nossa mudança, no jornal de dezembro [Zion's Watch Tower (Torre de Vigia de
Sião) de dezembro de 1880], nós expressamos a opinião de que isso estava
mais perto do que muitos supunham, e embora não tentássemos provar [que] a
nossa mudança [ocorreria] em qualquer tempo em particular, ainda assim
propomos olhar para algumas das evidencias que parecem mostrar a tradução
ou mudança da condição natural para a espiritual, a ocorrer nesta altura ou no
outono do nosso ano 1881.' E não pode haver qualquer dúvida que o próprio
Russell concordava com Jones. Na página 172 das reimpressões da edição de
1880, ele declara que 'a "chamada celestial" -- para ser a noiva -- o templo[,]
terminará no outono de 1881' e depois mais adiante, na mesma página, diz:
'Quando "o corpo", "a noiva", "o templo", ficar assim completo, todos terão sido
assim mudados.'

Como pode isto ser explicado? Temos de assumir que Russell foi
completamente desonesto? Provavelmente não. Parece, em vez disso, que ele
estava a racionalizar tanto para si como para os seus leitores e estava a
praticar auto-engano em grande escala. Embora as suas conjeturas
escatológicas e posteriores negações das mesmas possam parecer ultrajantes
para o leitor comum hoje, eram tão surpreendentemente contraditórias que a
explicação mais razoável é que o próprio Russell acreditasse nelas. 56 Ele era
evidentemente sincero ao acreditar que o seu ministério não duraria mais do
que uns poucos anos no máximo.

Mesmo antes, em 1879, o papel de Russell como um líder religioso do fim do


século XIX e princípio do século XX, tinha começado a revelar-se. Nesse ano
ele casou com uma mulher muito capaz e inteligente, Maria Frances Ackley.
Mas não deu consideração à idéia de se estabelecer numa calma vida de
casado. Em vez disso, ele e os seus associados estavam atarefados a
organizar uns trinta grupos de estudo ou congregações em sete estados entre
a costa leste dos Estados Unidos e Ohio. No ano seguinte, ele fez arranjos
para visitar essas congregações -- mais conhecidas por eclésias, classes ou
igrejas -- para passar sessões de seis horas de estudo com cada uma. Além
disso, começou a estabelecer um padrão fixo de reuniões baseado no costume
da sua congregação original em Allegheny/Pittsburgh.

Apesar das suas vacilações doutrinais, o seu zelo infatigável e personalidade


dinâmica prenderam a atenção de outros numa medida muito maior do que no
caso das atividades ou personalidades dos seus associados iniciais. Ele era
também notado pela sua grande habilidade em falar e pelo seu entusiasmo e
bondade pessoal. Por isso não é surpreendente que fosse em breve
reconhecido em geral como o 'Pastor', uma posição para a qual foi eleito pelos
seus irmãos em Allegheny/Pittsburgh em outubro de 1876, e mais tarde em
muitos outros centros.57

O seu otimismo sem limites e a fé de que Deus estava a dirigi-lo levaram-no a


anunciar [o objetivo de] 1.000 pregadores logo em 1881. 58 Também, quando
um após outro dos seus associados rejeitaram a doutrina da expiação como ele
entendia que as Escrituras a ensinavam, começou a escrever uma corrente de
artigos, livros, panfletos e sermões, cujo número é enorme.

Ao todo, as suas obras totalizaram cerca de 50.000 páginas impressas, e na


altura da sua morte cerca de 20 milhões de cópias dos seus livros tinham sido
impressos e distribuídos por todo o mundo.59 Embora ele nunca tivesse tido
qualquer treinamento universitário ou seminarista formal -- um fato que os seus
adversários nunca lhe permitiram esquecer -- o seu estilo de escrita era
razoavelmente bom. As suas obras demonstravam que tinha um amplo
conhecimento do mundo em que vivia e de boa parte da literatura
contemporânea e histórica.

A partir de 1880, o Pastor Russell e os seus associados começaram a publicar


e a distribuir tratados. Em 1881 ele produziu dois pequenos livros: Tabernacle
Teachings [Ensinos do Tabernáculo], mencionado acima, e Food for Thinking
Christians [Alimento Para Cristãos Reflexivos] que deu, entre outras coisas, um
esboço do seu pensamento em assuntos tais como a expiação, a ressurreição,
a predestinação e o livre arbítrio, a parousia, e o 'plano das eras' de Deus.
Foram distribuídas cerca de 1,45 milhões de cópias de Food for Thinking
Christians [Alimento Para Cristãos Reflexivos].60 O que estava a acontecer era
que um novo movimento religioso se estava a começar a desenvolver.

Russell, seguindo os passos de George Storrs, a princípio não queria


estabelecer outra denominação, nem se considerava a si mesmo como tendo
qualquer papel particular para além de ser um pregador e irmão em Cristo. Ele
recusou ver-se como um profeta ou uma pessoa divinamente inspirada em
qualquer sentido.61 Além disso, ele rejeitou desde cedo qualquer nome
denominacional, dizendo que ele e os seus irmãos na fé prefeririam ser
conhecidos como membros da 'Igreja de Cristo', não tivesse esse nome sido já
tomado por outro grupo.62 Ainda assim, Russell e os seus companheiros
crentes estavam postos de parte de muitas maneiras, e portanto estavam a ser
obrigados a tornar-se uma organização religiosa separada e distinta.

Eles já tinham começado a desenvolver as suas próprias práticas e formas de


governo congregacionais. Tinham-se separado da maioria das igrejas pela sua
aceitação do condicionalismo, o entendimento básico da redenção de George
Storrs, e pela escatologia pré-milenarista. Depois, através das separações de
Barbour e de Paton, elos diretos com o adventismo foram enfraquecidos. Mas
se tudo isso não fosse suficiente, em 1882 Russell rejeitou abertamente a
doutrina da Trindade e adotou o que é geralmente encarado como uma
teologia ariana.63 Assim ele separou-se muito definitivamente de outra forma
dos seus anteriores associados, Barbour e Paton, e até de George Storrs, que
não tinha sido claro sobre qualquer doutrina respeitante à natureza de Deus.64
Outro modo em que as congregações e indivíduos isolados associados com
Russell em breve se tornariam distintos era na sua insistência em tornarem-se
uma irmandade pregadora. Na edição de julho-agosto de 1881 de Zion's Watch
Tower [Torre de Vigia de Sião], página 241 nas reimpressões, Russell
perguntou: 'QUEM DEVE PREGAR? Respondemos', disse ele, 'Todos os que
recebem o espírito de unção e são assim reconhecidos como membros do
corpo de Cristo'. Assim, esperava-se de todos aqueles que encaravam Russell
como seu Pastor que pregassem aos seus vizinhos de todas as formas
razoáveis, uma prática seguida pelas Testemunhas de Jeová até hoje. No
entanto, ao contrário das Testemunhas, eles não encaravam a pregação como
seu dever primário. Em vez disso, estavam interessados em reunir um pequeno
rebanho de santos que, através de santificação gradual e desenvolvimento de
caráter, se tornariam novas criaturas em Cristo.65 Russell e os seus associados
acreditavam que a vasta maioria da humanidade receberia a sua oportunidade
de alcançar a salvação durante o milênio. Não havia, por isso, qualquer
necessidade de pregar a todos. A conversão dos pagãos nesse tempo era
difícil, embora não impossível, ao passo que a conversão dos judeus, na
maioria dos casos pelo menos, teria de esperar até depois de 1914.66

Ao longo dos anos seguintes, Russell tornou-se bem conhecido por todo o
mundo ocidental. Usando a sua riqueza pessoal, em 1886 publicou o volume I
de Millennial Dawn Series [Série da Aurora do Milênio] ou os Studies in the
Scriptures [Estudos das Escrituras]. Esse livro, que se tornou conhecido como
The Divine Plan of the Ages [O Plano Divino das Eras], teve larga circulação;
até à data da morte de Russell tinham sido distribuídas 4.817.000 cópias.67 Em
1889 ele produziu o volume II, The Time Is at hand [O Tempo É Iminente]; em
1891, o volume III, Thy Kingdom Come [Venha o Teu Reino]; em 1897, volume
IV, The Battle of Armageddon [A Batalha do Armagedom]; em 1899, o volume
V, At-one-ment between God and Man [Expiação entre Deus e o Homem]; e
em 1904, o volume VI, The New Creation [A Nova Criação]. Ao longo do
mesmo período, a Zion's Watch Tower [Torre de Vigia de Sião] foi distribuída
ainda mais extensamente, e numerosos colportores distribuíram livros, folhetos
e tratados da Watch Tower [Torre de Vigia] por toda a América e em outras
terras. Em 1881, já tinham sido enviados a Inglaterra dois missionários,68 e
poucos anos

A Tabela das Eras de Russell (retirado de The Divine Plan of the Ages [O Plano Divino das Eras])

mais tarde, os Estudantes da Bíblia, como se chamavam a si mesmos nessa


época, começaram a organizar congregações no Canadá. 69 Na altura da
Primeira Guerra Mundial eles encontravam-se em muitas terras.

Tornou-se necessária maior organização ao longo dos anos. Para preencher


essa necessidade, em 1884 Russell incorporou a Zion's Watch Tower Tract
Society, agora conhecida como Watch Tower Bible and Tract Society of
Pennsylvania [Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados de
Pennsylvania]. Anos mais tarde, quando ele mudou a sede da sociedade para
Brooklyn, Nova Iorque, outra corporação, a People's Pulpit Association
[Associação do Púlpito do Povo], agora Watchtower Bible and Tract Society of
New York, Incorporated, foi formada em 1909. Em 1914 foi estabelecida uma
corporação britânica conhecida como International Bible Students Association
[Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia].
Russell não se tornou conhecido -- e os Estudantes da Bíblia não cresceram
em número -- apenas em resultado da distribuição da literatura da Watch
Tower; ele provou ser um evangelista espantosamente ativo que fez
numerosas viagens por todo o território dos Estados Unidos, Canadá,
Inglaterra, Europa e à volta do mundo. Ele envolveu-se em importantes
debates com dois pregadores proeminentes, Dr. E. L. Eaton da Igreja Metodista
Episcopal e L. S. White dos Discípulos de Cristo.70 A partir da primeira década
do século XX, os seus sermões passaram a ser impressos em milhares de
jornais que eram lidos por quinze a vinte milhões de pessoas semanalmente. 71
Além disso, ele falou freqüentemente em convenções dos Estudantes da Bíblia
que, particularmente de 1893 em diante, se tornaram numa característica
regular da vida dos Estudantes da Bíblia.

Finalmente, nos últimos anos da sua vida, sob a sua direção a Watch Tower
Society [Sociedade Torre de Vigia] produziu o 'Photo-Drama of Creation' [Foto-
Drama da Criação], um programa que combinava slides pintados à mão e
imagens móveis, sincronizado com discos fonográficos que continham
discursos gravados e música. Só nos Estados Unidos, o 'Foto-Drama' foi visto
por cerca de dez milhões de pessoas durante os anos da Primeira Guerra
Mundial. Na tempo em que Russell morreu, ele tinha-se tornado Pastor e
principal porta-voz para um movimento internacional com milhares de
membros.

A Associação dos Estudantes da Bíblia

O movimento que Russell organizou a princípio tinha poucas das marcas


organizacionais de uma seita ou denominação. Tal como George Storrs,
Russell detestava as igrejas da cristandade, vendo-as como Babilônia, a
Grande. Ainda assim, ele achava possível ser um membro gerado pelo espírito
da verdadeira igreja -- a igreja de Cristo -- enquanto ainda membro de uma das
igrejas da cristandade. Contudo, depois de reconhecer que 'a simplicidade
maior de Cristo' não era geralmente observada exceto entre os membros da
Associação dos Estudantes da Bíblia, era necessário que os verdadeiros
cristãos deixassem a cristandade nominal -- particularmente depois de 1881 --
e se associassem primariamente com outros verdadeiros cristãos, membros da
Nova Criação -- os Estudantes da Bíblia. Mas tal associação devia ser
inteiramente livre e voluntária. Ao descrever a natureza das congregações dos
Estudantes da Bíblia em 1915, Russell declarou:

Em certa ocasião fui abordado por um ministro da igreja Reformada. Ele queria
saber como é que eu administrava a minha igreja. Eu disse-lhe: 'Irmão --, eu
não tenho igreja.' Ele disse: 'Sabe o que quero dizer.' Respondi: 'Também
quero que saiba o que quero dizer. Nós afirmamos que só há uma igreja. Se o
senhor pertence a essa igreja, pertence à nossa igreja.' Ele olhou-me com
surpresa. Depois disse: 'O senhor tem uma organização; quantos membros há
nela?' Respondi: 'Não sei dizer; nós não mantemos listas de membros.' 'Vocês
não mantêm qualquer lista dos membros?' 'Não. Nós não mantemos qualquer
lista; os nomes deles estão escritos no céu.' Ele perguntou: 'Como é que o
senhor tem a sua eleição?' Eu disse: 'Nós anunciamos uma eleição; e todo e
qualquer do povo de Deus, que seja consagrado e se costume reunir conosco
nesta companhia, ou congregação, pode ter o privilégio de expressar o seu
julgamento sobre quem seria a preferência do Senhor para anciãos e diáconos
na congregação.' 'Bem,' disse ele, 'isso é a própria simplicidade.' Eu
acrescentei: 'Nós não pagamos salários; não há nada para fazer as pessoas
disputar. Nós nunca fazemos coletas.' 'Como é que conseguem o dinheiro?',
perguntou ele. Respondi: 'Ora, Dr. --, se eu lhe disser a verdade mais simples o
senhor dificilmente conseguirá acreditar nela. Quando as pessoas se
interessam por este caminho, não encontram qualquer cesto colocado sob o
seu nariz. Mas elas vêem que há despesas. Elas dizem a si mesmas: "Este
salão custa algo, e vejo que é servido um almoço grátis entre as reuniões para
aqueles que vivem a alguma distância. Como é que posso dar algum dinheiro a
isto[?]"' Ele olhou-me como se pensasse: 'Por quem me toma -- por um
ingênuo?' Eu disse: 'Ora, Dr. --, estou a dizer-lhe a verdade nua e crua. Eles
fazem-me esta mesma pergunta: "Como é que posso dar algum dinheiro a esta
causa?" Quando uma pessoa recebe uma bênção e tem algum meio, ele quer
usá-lo para o Senhor. Se não tem meios, por que deveríamos picá-lo por isso?'

Não há nada de onde sair, como organização, se uma pessoa for um


Estudante Internacional da Bíblia. Não se pode sair de algo para o qual não se
entrou. Se alguém me puder dizer como é que entrou em Babilônia por se ter
interessado nos assuntos da Watch Tower Bible and Tract Society [Sociedade
Torre de Vigia de Bíblias e Tratados], que me mostre como e ele sairá, e eu
sairei com ele.72

Conforme Russell indicou, todos os anciãos e diáconos dos Estudantes da


Bíblia nas suas congregações eram eleitos. Se a maioria da congregação não
achava que eles estavam a ensinar ou a comportar-se corretamente, tinha o
direito de não os eleger novamente para o cargo no ano seguinte. 73 E se
houvesse um cisma? Aqueles que discordavam da maioria podiam
simplesmente formar outra eclésia e podiam continuar em associação com os
Estudantes da Bíblia, desde que não negassem doutrinas fundamentais. É
claro que, depois de terem deixado a sua anterior eclésia, não deviam interferir
com as suas atividades.74

A disciplina da igreja não era direito nem responsabilidade de quaisquer


funcionários em eclésias locais ou entre os Estudantes da Bíblia, mesmo
incluindo o próprio Russell. Quando interrogado sobre se os anciãos se podiam
sentar num tribunal de inquirição, ele foi brusco: 'A palavra do Senhor não
autoriza que qualquer tribunal de Anciãos, ou de qualquer outra pessoa, se
tornem abelhudos. Isto seria voltar às práticas da Idade das Trevas durante a
inquisição; e nós estaríamos mostrando o mesmo espírito dos inquisidores.' 75
Vez após vez Russell colocou o maior valor na liberdade cristã e no direito de
todos serem dirigidos pela sua própria consciência.76

Que dizer das dificuldades nas várias congregações de Estudantes da Bíblia?


Russell acreditava que a maioria dos problemas podiam ser resolvidos por
amor e nunca se deveriam tornar assuntos sérios. Contudo, se houvesse um
assunto grave, os indivíduos deveriam ser guiados pelo conselho de Jesus em
Mateus 18:15-18. Segundo esses versículos, se um irmão pecasse contra um
membro da congregação, este deveria contatar o outro pessoalmente para
resolver o assunto. Se isso falhasse, ele podia tomar outros dois ou três para
averiguar os fatos e procurar a reconciliação. Só se esse segundo passo
falhasse é que ele levaria o seu caso perante toda a congregação para
julgamento. Se o irmão em erro não se arrependesse então do seu pecado,
aquele contra quem se pecou e a eclésia deviam tratá-lo legitimamente como
um 'homem pagão e um publicano' -- isto é, como se não fosse cristão de
modo nenhum.77

E se o pecado de uma pessoa fosse contra a eclésia como um todo? Seguindo


os passos acabados de enunciar, uma pessoa podia, se não se arrependesse,
ser desassociada da congregação. Mas Russell reconheceu que as maiorias
podiam estar tão erradas como os indivíduos e enfatizou a necessidade de
unanimidade quase completa na congregação ao privar uma pessoa da
associação cristã.78 Mesmo se uma pessoa fosse desassociada por uma
eclésia particular, isto não significava que ela era ostracizada em todas as
circunstâncias sociais ou por todos os outros Estudantes da Bíblia. Assim, a
disciplina era moderada e mantida em não mais do que o mínimo para
preservar a harmonia pessoal e congregacional. Para além disso, Russell e os
Estudantes da Bíblia recusavam-se a ir, pelo menos em teoria.

Russell também acreditava em muita tolerância e latitude na crença.


Comentando Romanos 14:5: 'esteja cada [homem] plenamente convencido na
sua própria mente', em New Criation [Nova Criação], ele reconheceu que
embora a unidade cristã fosse importante, era essencial notar que a
uniformidade doutrinal não devia ser imposta: 'O povo do Senhor não só tem
cabeças desenvolvidas de modo diferente, e diferenças em experiência e
educação, mas além disso eles têm idades diferentes como Novas Criaturas --
bebês, jovens, maduros.' É claro que todos tinham de reconhecer e concordar
com certas doutrinas: 'Eles têm de compreender os [aspectos] fundamentais --
que todos eram pecadores; que Cristo Jesus, nosso Líder, nos redimiu pelo
seu sacrifício consumado no Calvário[,] que estamos agora na Escola de Cristo
para sermos ensinados e equipados para o Reino e o seu serviço; e que
ninguém entra nesta Escola exceto depois de uma completa consagração de
todo o seu ser para o Senhor.'79 Para além disto, havia grande liberdade.
Mesmo o batismo em água não era absolutamente necessário, 80 e cada um
devia ter o direito de expressar os seus sentimentos em todas as questões
doutrinais de uma maneira ordeira.81 Ninguém devia deixar de o reconhecer
como irmão, a menos que ele se recusasse a concordar com os poucos
aspectos fundamentais. Por isso, Russell e os Estudantes da Bíblia tomaram
como seu lema não oficial: 'Nos aspectos essenciais, unidade; nos não
essenciais, caridade.'82

Apesar de não querer tornar-se um líder religioso autoritário, Russell tornou-se


um líder religioso dominante. Afinal era ele que tinha tomado a iniciativa de
pregar no período de 1877 a 1881; e quando se separou dos seus anteriores
associados, Barbour, Paton e os outros, foi só ele que teve o ímpeto, a
habilidade pessoal, e o dinheiro para desenvolver um movimento religioso
significativo. Além disso, como ele continuava a dirigir a Zion's Watch Tower
Society [Sociedade Torre de Vigia de Sião] depois da sua incorporação em
1884, foi ele que pôde manter o controlo sobre o que era publicado na literatura
dos Estudantes da Bíblia, sobre as atividades dos colportores que distribuíam
essa literatura,83 e sobre as atividades de pregadores viajantes chamados
'peregrinos'84 que, depois de 1894, visitavam regularmente as congregações
dos Estudantes da Bíblia. Embora ele não usasse intencionalmente a
Sociedade como uma agência centralizada -- ele encarava-a como não mais do
que uma organização de negócios -- ainda assim ela teve tendência a tornar-se
o veículo através do qual os Estudantes da Bíblia passaram a ser soldados
numa comunidade religiosa mais coesa.

À medida que o tempo foi passando, Russell também teve tendência a impor
cada vez mais os seus próprios ensinos aos Estudantes da Bíblia. Isso não foi
porque ele estivesse sedento de poder, mas simplesmente porque acreditava
tão firmemente que tinha descoberto a 'verdade atual' e queria que outros a
conhecessem. Em 1895 ele sugeriu que as eclésias estudassem parágrafo por
parágrafo os seus volumes de Studies in the Scriptures [Estudos das
Escrituras] publicados até esse tempo.85 Em 1905 ele estabeleceu o que eram
conhecidos como Estudos Bereanos -- estudos direcionados em vários tópicos
escolhidos pelo próprio Russell para todo o movimento. Em resultado disso, o
estudo da Bíblia versículo por versículo foi substituído em praticamente todas
as congregações pelos Estudos Bereanos que, portanto, significavam que
Russell podia exercer maior controlo sobre as crenças dos seus seguidores. 86

Em 1910 Russell ensinou, e sem dúvida acreditava, que os seis volumes de


Studies in the Scriptures [Estudos das Escrituras] 'eram praticamente a Bíblia
ordenada por tópicos.'87 Embora isto fosse um exagero grosseiro, pelo qual foi
severamente censurado,88 duas coisas devem ser reconhecidas: (1) Russell,
embora autor dos seis volumes, não era o originador da maior parte das idéias
neles, e (2) embora ele acreditasse que os Estudos Bereanos eram superiores
ao estudo 'livre' da Bíblia, deu liberdade a cada eclésia para decidir que
sistema adotaria.89 O seu poder era persuasivo em vez de coercivo, em nítido
contraste com a política atual da Watch Tower Society [Sociedade Torre de
Vigia].

Contudo, havia um grande perigo naquilo que Russell estava a fazer. Em The
Watch Tower [A Torre de Vigia] de Janeiro de 1913 ele escreveu: 'Nós não
paramos para perguntar o que o Irmão Calvino ou o Irmão Wesley ensinaram,
nem o que outros ensinaram antes ou depois deles. Nós recuamos até aos
ensinos de Cristo e dos apóstolos e profetas, e ignoramos todos os outros
ensinos. É verdade que todas as denominações alegam mais ou menos a
mesma coisa, mas eles estão mais ou menos impedidos de o fazer devido às
suas tradições e credos. Eles vêem através de lentes coloridas. Nós ignoramos
tudo isso e esforçamo-nos para ver as palavras de inspiração somente à luz do
contexto, ou à luz refletida de outras passagens das Escrituras.' 90 De fato, ele
estava a praticar auto-engano em grande escala, e os Estudantes da Bíblia,
tanto como quaisquer outros, estavam a olhar através de 'lentes coloridas'.
Conforme Timothy White diz: 'Os comentários dele tornaram-se para muitos
como os credos que ele tanto desprezava'.91
Russell como o Servo Fiel e Sábio

Uma das principais razões porque Russell se estava a enganar a si próprio era
que, apesar das suas boas intenções e falta de disposição para assumir o
papel de profeta, depois de 1895 ele detinha uma posição entre os Estudantes
da Bíblia que era mais do que apenas a do seu Pastor. O que aconteceu foi
que a Sra. Russell, que nesse tempo defendia vigorosamente o seu marido
contra os anteriores associados, inventou uma nova doutrina a respeito de
Mateus 24:45-47. Esse texto, na King James Version, diz: 'Quem é, então, o
servo fiel e sábio, a quem o seu senhor fez governante sobre os seus
domésticos, para lhes dar alimento na época devida? Abençoado é aquele
servo, a quem o seu senhor encontrar, quando vier, a fazer isso. Em verdade
vos digo, que ele o fará governante sobre todos os seus bens.' E Maria Russell
decidiu aplicar o termo 'servo fiel e sábio' da ilustração de Jesus ao seu marido.

Anteriormente, Russell tinha defendido que 'esse servo' era realmente uma
ilustração para a igreja -- o pequeno rebanho de 144.000 mencionados em
Revelação 7 e 14.92 Mas a sua esposa apontou para o fato de o 'servo' ser
singular, enquanto a igreja, os 'domésticos' [ou casa] da fé, ser plural. Além
disso, se a igreja era 'aquele servo' e também os 'domésticos', acabaria por se
estar a servir a si própria. Escrevendo em dezembro de 1895, Maria Russell
enfatizou fortemente o seu ponto a George Woolsey, um Estudante da Bíblia
de Nova Iorque:

Mas quando chegamos a Mat. 24:45-51, parece-me ser um caso totalmente


diferente [de Revelação 16:15]. Aqui são trazidos à nossa atenção -- 'aquele
servo', 'os seus co-servos' e os 'domésticos'. Ora, se o Senhor desejasse
indicar um servo principal da verdade, e co-servos assistindo-o em servir o
alimento na época devida à casa da fé, ele não podia ter escolhido linguagem
mais precisa para transmitir esse pensamento. E, pelo contrário, ignorar tal
ordem e razoabilidade no relato, na minha mente lança toda a narrativa em
confusão, tornando os 'servos' (plural) e 'aquele servo' termos
intercambiáveis.93

Depois ela continuou argumentando que como Cristo estava presente e tinha
assumido o seu cargo de rei em 1878, a casa da fé estava sendo ricamente
aprovisionada com 'alimento no tempo apropriado' por um servo. 94 Ela não teve
de dizer especificamente a quem se referia.

Russell foi um pouco cauteloso em adotar a doutrina da sua mulher,


provavelmente porque tinha sido acusado há pouco tempo de ser autoritário.
Não obstante, ele estava sem dúvida lisonjeado pelo novo e aumentado papel
que ela, pela sua exegese, tinha criado para ele. Assim ele aceitou a lógica da
sua interpretação, e os seus próprios escritos começaram a fazer declarações
ligeiramente veladas no sentido de ele ser 'aquele servo'. 95 É verdade que
Russell nunca se chamou a si próprio o 'servo fiel e sábio' publicamente.
Também, ele estava convencido que se 'aquele servo' se tornasse infiel e
indiscreto, Deus lançá-lo-ia fora.96 Para ele o papel de 'servo' era um serviço
amoroso, não uma superintendência arrogante. No entanto, é certo que ele se
encarava a si próprio como o 'servo fiel e sábio', apesar dos comentários da
Watch Tower Society [Sociedade Torre de Vigia] durante as últimas décadas
que dizem o contrário.97 A Edição Memorial da The Watch Tower [A Torre de
Vigia] de 1.º de Dezembro de 1916 tornou isto explícito: 'Milhares de leitores
dos escritos do Pastor Russell acreditam que ele preencheu o cargo daquele
"servo fiel e sábio", e que o seu grande trabalho foi dar à casa da fé o alimento
na época devida. A sua modéstia e humildade impediram-no de reivindicar
abertamente este título, mas ele admitiu isso em privado.'98

Outro título que lhe foi dado pelos seus seguidores foi o 'Mensageiro
Laodicense'. Segundo Three Worlds, as sete igrejas da Ásia Menor
mencionadas nos primeiros três capítulos de Revelação representavam a igreja
de Cristo como um todo durante diferentes eras. A igreja laodicense era vista
como um tipo da 'última fase da igreja'.99 Consequentemente, como os
Estudantes da Bíblia acreditavam que a última fase tinha começado em 1874, e
Russell estava sendo usado como porta-voz escolhido de Jeová para a
exposição de 'novas verdades' para a igreja, ele era, por definição, o
'Mensageiro Laodicense'.100 Um terceiro título dado a Russell era 'o homem
com o tinteiro'. Em Ezequiel 9, o profeta teve uma visão de seis homens com
armas de matança nas suas mãos e um sétimo homem com um tinteiro de
escritor no seu lado. O sétimo homem devia colocar uma marca nas testas dos
habitantes de Jerusalém que estavam suspirando e chorando por causa das
abominações cometidas na cidade. Outros que não fossem marcados dessa
forma deviam ser mortos pelos seis homens com armas. Os Estudantes da
Bíblia acreditavam que esta visão teria um cumprimento antitípico durante a
segunda presença de Cristo, e Russell era portanto visto como aquele
marcando os que suspiravam e choravam devido às abominações cometidas
na antitípica Jerusalém, ou Cristandade.101

Com efeito, para os Estudantes da Bíblia, o Pastor Charles Taze Russell


tornou-se o porta-voz de Deus, o seu canal, dispensando alimento espiritual de
um modo que nenhum outro podia.102 Conforme notado, Russell sempre
acreditou que o alimento tinha de ser bíblico, e num sentido real ele sempre
tentou manter a tradicional doutrina sola scriptura -- só a Bíblia -- do
protestantismo. No entanto, ao lhe conferirem um papel de ensino especial, os
Estudantes da Bíblia (e o próprio Russell) estavam a começar a adotar algo
semelhante ao conceito Católico Romano de um magisterium do papado.

As Tribulações Maritais de Russell

Apesar de sucesso e adulação, Russell não escapou a problemas ou a críticas


amargas. Durante a sua vida, ocorreram dois cismas agudos entre os
Estudantes da Bíblia: o primeiro em 1894 que resultou do sentimento entre
alguns dos seus co-trabalhadores de que ele era demasiado dominador; o
segundo em 1908 e 1909 devido ao assunto doutrinal do Novo Pacto. Muito
mais dolorosa, porém, foi a sua separação da esposa em 1897, o julgamento
que legalizou essa separação em 1906, e a amargura que se seguiu. A
separação de Russell da sua esposa infelizmente ocasionou e continua a
ocasionar ataques severos e largamente injustos à sua reputação. Um exame
de perto sobre o que ocorreu a partir de documentos originais103 demonstra
esse fato claramente.
Durante muitos anos Maria Russell foi uma apoiante leal do seu marido; ela até
serviu como secretária-tesoureira da Zion's Watch Tower Society [Sociedade
Torre de Vigia de Sião]. Quando ocorreu o cisma de 1894, ela dirigiu uma
digressão de palestras às congregações de Estudantes da Bíblia em defesa de
Russell. Mas pouco depois os dois desentenderam-se. Logo desde o início, o
relacionamento entre eles era de certa forma pouco saudável, pela maioria dos
padrões. Quando casaram, eles tinham entrado num acordo de que a sua
união não devia ser consumada nesse tempo, nem deviam coabitar no futuro. 104
Tomado com base no seu entendimento de Mateus 19:12 e numa atitude
Vitoriana em relação ao sexo, [o acordo] sem dúvida causou alguma tensão
entre eles. Russell parecia não ter problema, pois evidentemente ele tinha
pouco interesse num relacionamento físico. Ele parece ter tido pouca libido,
talvez devido à sua preocupação constante com assuntos religiosos. No
entanto, ele declarou que se a sua esposa lhe tivesse pedido, ele teria
cumprido as suas obrigações para com a sexualidade dela. 105 Ele simplesmente
'preferia viver uma vida de celibatário'. Mas o caso deve ter sido muito diferente
com ela. Embora ela 'concordasse e expressasse o mesmo como sua
preferência', no seu julgamento para divórcio de comida e cama, o advogado
dela 'tentou concluir disso que ela foi privada de um dos maiores prazeres da
vida'.106 Desta declaração e dos acessos de ciúmes dela, pode-se reconhecer
que Maria Russell era, compreensivelmente, uma mulher sexualmente
frustrada. Estranhamente, quase ninguém que discutiu as dificuldades maritais
de Russell lidou com qualquer destes detalhes, embora o Pastor Russell o
tenha feito de forma muito cândida.

Mas as dificuldades sexuais não eram a causa direta da sua discórdia. Antes, a
causa era o desejo de Maria de um maior reconhecimento e autoridade, ligado
a uma disputa de família sobre assuntos de dinheiro. Pelo menos em 1894,
estava a começar a desenvolver-se entre os Russells uma séria tensão. Maria
estava a tornar-se profundamente ciumenta em relação a qualquer atenção que
o seu marido mostrasse para com outras mulheres, incluindo Rose Ball, uma
rapariga adolescente a quem os Russells encaravam quase como uma filha
adotiva.107 Além disso, Maria ressentiu-se daquilo que considerava ser a falta
de respeito de Russell por ela. Ela era uma pessoa com muito mais educação
do que ele. Não só se tinha graduado da escola secundária, como também
recebeu treino de professora na Pittsburgh Curry Normal School. Por isso ela
estava habilitada para ajudar o seu marido na redação da Zion's Watch Tower
[Torre de Vigia de Sião], escreveu numerosos artigos para esse jornal, e foi co-
autora dos primeiros quatro volumes de Studies in the Scriptures [Estudos das
Escrituras].108 Não obstante, talvez porque não havia um relacionamento íntimo
entre eles, ele mostrava pouco interesse por ela exceto como uma assistente
de redação e edição. Por isso ela passou a sentir que ele não tinha mais
consideração por ela do que por uma criada.109

Alguns dos que se envolveram na revolta de 1894 contra a autoridade de


Russell, que resultou em cisma, simpatizaram com Maria e tentaram recrutá-la
para a sua causa. Segundo o Pastor, estes 'conspiradores tentaram semear
discórdia no coração da minha esposa através de lisonja, argumentos sobre os
direitos das mulheres, etc.'110 Mas na realidade eles provavelmente apenas
acharam que ele era desnecessariamente condescendente para com ela -- o
que parece ser justificado. No entanto, quando os críticos de Russell dentro da
Sociedade o atacaram abertamente para expor os seus problemas maritais,
foram demasiado longe: Maria permaneceu lealmente, embora não estivesse a
ser totalmente honesta, ao lado do marido. 'O nosso lar', disse ela, 'longe de
ser um lar discordante, é o exato oposto, -- muito feliz.'111 Ela também defendeu
o caráter moral do pastor e empreendeu a digressão mencionada
anteriormente para falar a favor dele. E foi depois do seu regresso em
dezembro de 1895 que ela indicou abertamente que acreditava que ele era o
'servo fiel e sábio' de Mateus 24:45-47.112

No entanto, mesmo quando Maria estava defendendo e promovendo Russell


publicamente, os dois estavam em disputa amarga. Segundo a declaração
juramentada dela, em 1895 Russell propôs uma separação: 'Ele propôs, com
base em incompatibilidade, que nos separássemos', afirmou ela, 'e se eu
fizesse isso, ele dar-me-ia aquela casa na qual estávamos vivendo, e quando
eu recusei a sugestão, ele disse que se eu não concordasse com isso, não
receberia nada.'113

Sem dúvida o comportamento de Russell em relação à esposa nesta ocasião


foi cruel, e as suas próprias declarações mostram que ele tinha uma opinião
exaltada de si mesmo nas suas relações com ela.114 No entanto, ela também
parece não ter estado sem séria falta durante esse tempo. Ele tinha chegado a
um ponto de exasperação extrema, acreditando que ela lhe queria dizer o que
fazer no seu ministério. 'Eu era', declarou ele, 'continuamente assediado com
sugestões para alterações nos meus escritos.'115

Parte do problema era, claro, que Russell e a sua mulher tinham opiniões muito
diferentes sobre a natureza do papel de uma mulher no casamento. Ele era um
tradicionalista e, condizente com as atitudes comuns entre os cristãos
americanos do seu tempo, acreditava que as esposas tinham a obrigação de
estar subordinadas aos seus maridos. Ela, em contraste, estava a tornar-se de
certa forma uma feminista. Falando acerca dela em 1895 e pouco depois, ele
disse mais tarde: 'as idéias dos direitos das mulheres e a ambição pessoal
começaram a vir ao de cima, e eu percebi que a campanha ativa da Sra.
Russell em minha defesa, e a recepção muito cordial que lhe foi dada pelos
queridos amigos [...] fizeram-lhe mal por aumentarem o seu auto-apreço.'116
Deste ponto de vista, portanto, a desaprovação dele em relação às idéias e
comportamento dela não só era própria mas também, como cabeça cristão
dela, era um dever. Ela, claro, não via as coisas desse modo. Escrevendo em
1906 numa pequena apologia chamada The Twain One [O Par], ela
argumentou a favor da igualdade dos sexos e defendeu que as mulheres
deviam corretamente servir como instrutoras na igreja. Pensando com toda a
probabilidade no seu próprio casamento, ela declarou: 'Se alguém na igreja se
torna impulsivo, a igreja precisa de ter cuidado. Ou se o marido cristão,
desencaminhado pelo adversário através do orgulho, ou egoísmo, ou amor do
poder, pretender assim dominar a sua esposa e interferir com a suprema
aliança dela com Deus, então a esposa cristã tem de se acautelar, e não se
deixar encantar através de uma "humildade voluntária" que colocaria sob um
jugo de servidão ao pecado uma alma a quem Cristo fez livre.'117
Em 1896 Maria Russell enfrentou outro problema, de sua própria autoria. Se
Russell era o 'servo fiel e sábio' de Mateus 24:45-47 como ela tinha postulado,
como é que ela podia tomar uma atitude tão negativa em relação à autoridade
dele? A resposta é que ela rapidamente chegou à conclusão de que ele estava
a tornar-se o 'servo mau' descrito nos quatro versículos seguintes do mesmo
capítulo. O relato de Russell diz:

Gradualmente a interpretação dela sobre 'aquele servo' influenciou-lhe a


mente. Primeiro ela sugeriu que tal como no corpo humano há dois olhos, dois
ouvidos, duas mãos, dois pés, etc., isto poderia representar apropriadamente o
par -- ela e eu como necessariamente um no casamento e no espírito e no
Senhor. Mas a ambição não parou aqui -- (é uma planta de crescimento pouco
parcimonioso). Dentro de um ano a Sra. Russell tinha concluído que a última
parte da declaração (nomeadamente, Mateus 24:45-51) não era meramente
um aviso, mas teria cumprimento real -- que isso significava que o seu marido
cumpriria esta descrição, e que ela em conseqüência tomaria o seu lugar como
'aquele servo' em dispensar alimento na época devida.118

É impossível dizer se a declaração de Russell é inteiramente verdadeira ou


não. No entanto, parece razoável acreditar que ele estava a apresentar os
fatos. Maria foi a originadora da doutrina do 'servo fiel e sábio' e mais tarde
defendeu que ele se tornara infiel a esse cargo. Também, ela pensava que era
capaz de fazer tudo o que ele tinha feito como 'aquele servo'. Ainda assim, não
há evidência de que ela tenha alguma vez aplicado abertamente o título a si
mesma.

No início de 1897 a fratura entre os dois ampliou-se, e Maria organizou 'um


comitê [da igreja] segundo as instruções de Mat. 18:17' para ouvir acusações
contra Russell. Além de levantar a questão de saber se ela tinha ou não o
direito de publicar artigos não censurados na Zion's Watch Tower [Torre de
Vigia de Sião] -- um assunto sobre o qual os dois tinham estado a discutir -- ela
levantou dois assuntos adicionais. Primeiro, ela e a irmã, Emma Ackley
Russell, acusaram o Pastor de ter influenciado impropriamente o seu pai,
Joseph Russell, ao preparar o testamento. Joseph tinha casado com Emma
alguns anos antes e tinha tido uma filha dela na sua velhice. Mas quando ele
quis preparar um testamento, tinha-se voltado para o filho para conselho -- um
fato que tinha enfurecido Emma. Ela evidentemente acreditava que o seu
enteado, que também era seu cunhado, estava a tentar enganá-la e à sua
criança, e Maria concordou. Segundo, Maria acusou Russell de ter falhado em
mostrar o devido respeito a ela numa certa reunião.119

Russell respondeu que o testamento ofensivo tinha sido destruído algum tempo
antes para aplacar Emma e era por isso um assunto morto. Quanto à sua
suposta rudeza para com a esposa na reunião em questão, ele afirmou que
tinha pedido perdão cinco vezes anteriormente, e ela já o tinha perdoado cinco
vezes. Sem surpresas, o comitê inteiramente constituído por homens ficou do
lado do Pastor. Eles devem ter ficado desconcertados pelas respostas de
Russell às acusações contra ele, e um deles, W. E. Page, de Milwaukee,
Wisconsin, deve ter ficado mais do que um pouco perturbado por ter sido
trazido de centenas de milhas de distância para mediar aquilo que era pouco
mais do que uma disputa doméstica. Quanto à questão da exigência da Sra.
Russell de que lhe fosse permitido escrever o que desejasse na Zion's Watch
Tower [Torre de Vigia de Sião], eles 'disseram-lhe delicadamente mas muito
claramente que nem eles nem quaisquer outras pessoas no mundo tinham o
direito de interferir com a Administração da TORRE DE VIGIA pelo Irmão Russell:
que isso era apenas uma incumbência dele, e só ele era responsável pela sua
administração.'120

Embora os Russells se tenham beijado e feitos as pazes, as tréguas entre eles


não duraram muito. A pedido dela, ele pô-la a mandar numa reunião semanal
de mulheres da igreja dos Estudantes da Bíblia de Allegheny. Assim, ela
tornou-se a líder de um grupo de mulheres que depressa se tornou um centro
de descontentamento contra o Pastor. Evidentemente, também, Maria foi
apoiada pelas suas irmãs, Emma Russell, Lena Guibert e Laura Raynor, em
levar a cabo uma campanha de boatos contra ele e em declarar que elas já não
eram mais membros da igreja de Allegheny.121

Quando Russell soube do que se estava a passar, tomou ação drástica. Em


clara violação dos seus próprios princípios declarados, ele convocou algumas
das mulheres apoiantes da sua esposa perante uma reunião do corpo de
anciãos da igreja de Allegheny para acusá-las de calúnia. Usando o argumento
de que Maria e as suas irmãs se tinham retirado da igreja, ele excluiu-as da
reunião. Em seguida, ele escreveu cartas iradas ao seu pai, a Emma Russell e
a Laura Raynor, nas quais lhes pediu que 'não recebam, nem abriguem, nem
recebam como hóspede a minha esposa sob o vosso teto sob nenhum
pretexto'. Assim ele tentou de forma bem sucedida afirmar a sua autoridade
tanto na congregação como na sua própria casa; e os Russells tentaram de
novo outra reconciliação. Em setembro de 1897 Russell, Maria e as suas irmãs
assinaram um acordo escrito para esquecer as ofensas passadas e para se
tratarem uns aos outros com bondade. Mas em 9 de Novembro do mesmo ano,
Maria deixou a sua casa marital, para nunca mais voltar.122

Ela viajou imediatamente para Chicago, onde tentou de novo lançar acusações
contra Russell perante aquela que era a segunda maior congregação de
Estudantes da Bíblia no mundo. Quando não conseguiu realizar nada ali, ela
propôs voltar para o seu marido. Mas ele recusou recebê-la, a menos que ela
concordasse com as suas condições. Em janeiro de 1899, ela regressou a
Allegheny para viver com a então viúva Emma Russell e para renovar os seus
ataques públicos ao Pastor. Quinze meses depois os Russells fizeram as
pazes novamente e Maria mudou-se para uma casa de hóspedes que era
propriedade de Russell, perto da casa da sua irmã. Embora recusasse apoiá-la
diretamente, ele forneceu-a de mobiliário e permitiu-lhe viver dos proveitos que
ela podia obter de vários hóspedes.

Embora estivessem a viver separados, as tréguas entre eles não duraram


muito. Entre abril de 1899 e os meses iniciais de 1903, Maria Russell pôs de
lado dinheiro suficiente para preparar, imprimir e publicar um tratado que era
um relato das suas relações com o seu marido ao longo dos anos e era mais
um ataque amargo contra ele. Nesse tratado ela publicou correspondência
entre eles e tentou, com algum sucesso, retratá-lo como um tirano arrogante.
Para tornar as coisas piores, ela distribuiu tratados a todos os Estudantes da
Bíblia que pôde alcançar e enviou pacotes adicionais de tratados a vários
clérigos, com uma nota dizendo que eles deviam pôr os tratados em circulação
entre os Estudantes da Bíblia em todos os lugares onde isso fosse possível.

Russell ficou furioso, para dizer o mínimo, e decidiu punir a esposa pela sua
ação. Algures em meados de março de 1903, ele e vários associados da Casa
da Bíblia, a sede da Torre de Vigia, tomaram posse da casa dos hóspedes na
qual ela e quatro ou cinco hóspedes viviam, e removeu todos os pertences
pessoais deles. Russell até chegou ao ponto de tomar a bolsa da sua esposa
com todo o dinheiro de rendas que ela ainda tinha aí e quase se envolveu
numa luta de murros com um dos locatários quando este descobriu que as
suas propriedades e as do seu companheiro de quarto tinham sido removidas
dos seus quartos. Sem surpresas, Russell foi rapidamente posto em tribunal.
Dois hóspedes furiosos processaram-no por violar os seus contratos de
arrendamento, um deles acusou-o de assalto, e Maria processou-o para obter
um divórcio de comida e cama. Russell perdeu em todos os casos, exceto na
acusação de assalto, da qual foi absolvido.123

Maria Russell acabou por se tornar no opositor mais amargo do seu marido. No
seu julgamento para separação, ela tentou magoá-lo de um modo muito
incorreto declarando que ele tinha dito que 'ele era como uma medusa
flutuando, abraçando todos os que respondessem'. Embora esse testemunho
fosse proibido e ela admitisse mais tarde sob juramento que não pensava que
ele fosse culpado de adultério, a Sra. Russell foi bem sucedida em macular a
reputação do seu marido.124 Mais tarde, a batalha deles continuou sobre a
questão da recusa dele em pagar o apoio financeiro decidido pelo tribunal, e
novamente ela fez tudo o que era legalmente possível para fazê-lo parecer mal
aos olhos do mundo. Ele alegou que não tinha o dinheiro e de qualquer
maneira sem dúvida não queria dá-lo pois ela pretendia usar parte desse
dinheiro para imprimir e publicar ataques contra ele. 125 Embora ela sem dúvida
tivesse algumas queixas muito justificadas contra ele, é difícil não sentir que,
pelo menos de 1903 em diante, o comportamento dela em relação a ele foi
completamente vingativo. No entanto, ao longo dos anos, ao avaliar as
disputas amargas entre Charles e Maria Russell, os historiadores não
conseguiram chegar sequer perto de um consenso na questão de saber qual
dos dois tinha mais culpa.126

O Cisma do Novo Pacto

Pouco depois do caso do divórcio de Russell, veio o amargo e significativo


cisma do Novo Pacto. Basicamente, o que aconteceu é que durante a sua
disputa com Nelson Barbour, Russell tinha desenvolvido o que veio a ser
conhecido como 'a doutrina do Mistério', algo que o jovem Pastor, os seus
seguidores, e muitos outros desde então conceberam como 'uma nova
verdade'. De fato, o Mistério, conforme entendido por Russell, significava que
não só Jesus, o homem, se tinha oferecido a si mesmo como sacrifício de
resgate pela humanidade, mas o corpo de Cristo, os 144.000 membros da sua
igreja, também participavam no trabalho de resgate e expiação. 127 Claro que
Russell não se apercebeu que esta 'nova verdade' tinha de um modo geral sido
parte da doutrina católica durante séculos.128 Isso, porém, não importava. O que
importava era que em resultado da doutrina do Mistério, ele também passou a
defender que os membros da igreja de Cristo não estavam sob o Novo Pacto
de que as Escrituras falavam como substituindo o pacto que Deus tinha feito
com Israel através de Moisés. A razão é que o Novo Pacto não se podia aplicar
a toda a humanidade até que todos os membros do corpo de Cristo tivessem
sido sacrificados, ressuscitados, arrebatados, e se juntassem ao seu Senhor no
céu. E depois de 1881, Russell não esperava que isso acontecesse senão em
1914.

Em 1880 ele foi muito explícito sobre o Novo Pacto. Ele declarou
enfaticamente: 'Não deve ser interpretado como sendo o pacto de Deus
conosco -- "a semente", não [deve ser interpretado] que foi parte do pacto
abraâmico, e embora em harmonia um com o outro, não são o mesmo, nem é
o "novo pacto" feito com a igreja de modo nenhum.' 129 No entanto, visto que,
conforme já foi demonstrado, Russell certamente nem sempre era um
pensador claro, dentro de um ano, aparentemente muito inconscientemente,
ele reverteu para a opinião cristã tradicional segundo a qual a igreja estava sob
o Novo Pacto.130 Conforme Timothy White nota, ele parece ter estado
completamente confuso sobre o assunto.131 Não obstante, como a maioria dos
Estudantes da Bíblia vivendo na primeira década do século XX tinham-se
juntado ao movimento depois de 1880, nada sabiam sobre os seus
pensamentos anteriores. Consequentemente, quando Russell reafirmou o seu
ensino de 1880 com alguns embelezamentos, muitos dos Estudantes da Bíblia
mais qualificados ficaram chocados.

Russell provavelmente não teria notado a discrepância nos seus ensinos se


não fosse Paul S. L. Johnson, um qualificado mas excêntrico colportor que
haveria de ter uma grande influência na história dos Estudantes da Bíblia em
anos posteriores. Johnson tinha sido criado como judeu, foi convertido ao
cristianismo, tornou-se pastor luterano e finalmente Estudante da Bíblia. Sendo
talvez o associado de Russell com melhor educação e mais estudioso, através
de pesquisa ele encontrou a opinião de Russell de 1880, indicou-a a Russell, e
encorajou-o a reafirmá-la.132 Escrevendo na edição de janeiro de 1907 de Zion's
Watch Tower [Torre de Vigia de Sião], Russell fez isso.

Muitos associados próximos fizeram o seu melhor para que Russell


abandonasse esta peculiar doutrina reafirmada do Novo Pacto. Pois ele não só
defendia que a igreja não estava sob ou dentro desse pacto, mas até dizia que
os 144.000 não precisavam nem tinham um mediador. O mediador para o resto
da humanidade, o Cristo, seria Jesus e a igreja juntos -- a Cabeça e o corpo.133
Mas não era possível persuadir Russell a abandonar esta doutrina.

A teimosia de Russell fez muitos dos seus Estudantes da Bíblia críticos


acreditar que ele se estava a tornar autocrático, e os seus sentimentos nesta
matéria foram reforçados por um assunto secundário -- o curioso caso do 'voto'.
O caso do divórcio de Russell trouxe à atenção o assunto de 'conduta própria
entre os sexos' entre os Estudantes da Bíblia. Assim, no início de 1908, o
Pastor desenvolveu e adotou um voto [ou promessa solene] ao Senhor que,
entre outras coisas, declarava: 'Prometo ainda que, com a excepção abaixo,
vou em todas as alturas e em todos os lugares comportar-me em relação aos
do sexo oposto em privado exatamente como faria em público -- na presença
de uma congregação do povo do Senhor, e tanto quanto seja razoavelmente
possível evitarei estar sozinho num quarto com qualquer pessoa do sexo
feminino, a menos que a porta do quarto fique bem aberta -- excepção feita no
caso da esposa, filhos, mãe e irmãs.'134

É claro que ninguém objetou a Russell tomar tal voto. No entanto, ele não
parou nesse ponto; ele começou a promover o voto para outros. Primeiro,
sugeriu que todos os peregrinos a tempo inteiro e parcial trabalhando sob os
auspícios da Sociedade Torre de Vigia, e todos os 'irmãos da família da Casa
da Bíblia' em Pittsburgh, também deviam fazer esse voto. Numa carta geral de
março de 1908, ele pediu que todo o peregrino e membro da família da Casa
da Bíblia se 'vinculasse com um voto para o Senhor' e que indicasse a Russell
por escrito que tinha feito isso.135

Seguiu-se uma tempestade. A maioria daqueles a quem se requeria que


tomassem o voto fizeram isso, mas alguns objetaram fortemente a toda a idéia.
Estes últimos citaram alguns dos ensinos anteriores de Russell contra votos e
expressaram ressentimento por o seu Pastor ter tomado a liberdade de publicar
os nomes dos que tinham tomado o voto, no que eles encararam como uma
forma menos do que subtil de exercer pressão espiritualmente.136 Russell
respondeu com animosidade. Disse ele: 'Parece evidente que alguns irmãos
normalmente brilhantes perderam a sua educação no que diz respeito ao
significado da palavra "voto"' e afirmou que não tinha forçado ninguém a tomar
o voto.137 Embora concordasse em não publicar no futuro os nomes dos que
tinham tomado o voto, ele escreveu: 'continuem a avisar-nos, se fazem favor,
quando tomarem o voto. Nós vamos preservar uma lista alfabética que pode vir
a ser útil em algum momento.'138 Claro que os seus críticos passaram
imediatamente a encarar esta lista como uma lista de lealdade e ficaram ainda
mais alienados. Assim, o voto tornou-se um segundo sinal de alarme para
muitos daqueles preocupados com o assunto do Novo Pacto.

Os principais oponentes da reafirmada doutrina de Russell sobre o Novo Pacto


e do voto eram tanto Estudantes da Bíblia proeminentes como homens e
mulheres que estavam entre os associados próximos e queridos de Russell.
Eles incluíam A. E. Williamson (marido da sobrinha do Pastor); M. L. PcPhail;
E. C. Henninges, a sua esposa, Rose; e a própria irmã de Russell, Mae Land. 139
Entre estes, McPhail tinha servido como o primeiro peregrino a tempo inteiro da
Torre de Vigia em 1894.140 Henninges tinha servido durante algum tempo como
secretário-tesoureiro da Watch Tower Society [Sociedade Torre de Vigia], tinha
promovido atividades dos Estudantes da Bíblia na Inglaterra, e tinha
estabelecido um escritório de filial da Torre de Vigia em Melbourne, Australia.141
Além disso, ele era casado com Rose Ball, a filha adotiva dos Russell e a
jovem mulher a quem, segundo Maria Russell tinha afirmado, o seu marido
contara a infame história da medusa.142

Em 1909 Henninges escreveu uma longa carta de protesto a Russell. 143 Pouco
depois foi posta em circulação uma 'carta aberta' dirigida 'a todos os
[Estudantes da Bíblia] que compreendem a necessidade de ficarem firmes para
o Senhor e a Sua Palavra no meio de tentações subtis e julgamentos deste
tempo presente: a todos os que apreciam Jesus como seu Mediador, e o Seu
sangue do Novo Pacto como a sua base de favor durante esta Era do
Evangelho.'144 A seguir à publicação desta carta, a maioria da congregação de
Melbourne, alguns americanos -- incluindo Williamson em Brooklyn -- e outros
Estudantes da Bíblia em todo o mundo saíram para formar os New Covenant
Believers [Crentes no Novo Pacto].145

Russell não queria que os Crentes no Novo Pacto saíssem e teria continuado
em associação com eles. O que ele parece não ter percebido é que a sua
posição como 'servo fiel e sábio', editor da Zion's Watch Tower [Torre de Vigia
de Sião], e Pastor eleito das congregações de Estudantes da Bíblia lhe dava
um papel proeminente como seu guia espiritual. Assim, era impossível opor-se
aos seus ensinos e continuar dentro da comunidade dos Estudantes da Bíblia,
e os Crentes no Novo Pacto recusaram-se a permanecer calados. Para eles a
doutrina tradicional do Novo Pacto era tão importante em 1909 como a doutrina
da expiação substitutiva tinha sido para Russell em 1878. Consequentemente,
várias centenas de um total de talvez 10.000 Estudantes da Bíblia separaram-
se.146 Russell parece não ter compreendido que tinha contribuído grandemente
para o sectarismo que tanto odiava.

Adversários Externos de Russell

Problemas causados por cismas entre Estudantes da Bíblia e contendas


domésticas não eram as únicas tribulações que Russell sofreu. Muito cedo na
sua carreira ele passara a encarar a maioria dos clérigos como falsos pastores:
Eles não estavam a fazer qualquer esforço para pregar o reino de Cristo, eram
freqüentemente influenciados pela alta crítica, ou estavam ensinando as
doutrinas do fogo do inferno ou da imortalidade da alma, que desonram a
Deus. Além disso, ele encarava a passagem de pratos de coleta na igreja como
uma violação do princípio bíblico: 'De graça recebestes, de graça dai'. Por isso
ele adotou como uma espécie de marca registrada nos anúncios das suas
reuniões as palavras: 'Entrada Livre, Não se fazem Coletas'.147 Tanto Russell
como os Estudantes da Bíblia deixavam transparecer os seus sentimentos a
respeito dos 'falsos pastores' na página impressa e onde quer que fossem. Em
resultado disso, remexeram num ninho de vespas.

Naturalmente, Russell ficou sob intenso ataque pessoal. Jornais e eclesiásticos


individuais insinuaram, depois da sua separação legal em 1906, que ele era um
adúltero.148 Ele foi acusado de trapaça financeira, particularmente no que ficou
conhecido como o episódio do Trigo Milagroso. Ele foi rotulado de perjuro por
um eclesiástico batista canadiano, o Reverendo J. J. Ross, que afirmou que
Russell tinha mentido na posição de testemunha dizendo que 'sabia grego',
quando não sabia. Tanto o caso do Trigo Milagroso como o de Ross merecem
algum comentário.

Em 1904 um homem chamado Stoner, que nada sabia acerca de Russell ou


dos Estudantes da Bíblia, descobriu em Fincastle, Virginia, [E.U.A.], uma
variedade de trigo espantosamente produtiva a que chamou 'Trigo Milagroso'.
Sete anos depois, dois Estudantes da Bíblia doaram trinta alqueires desse trigo
à Sociedade Torre de Vigia para serem vendidos a um dólar cada libra como
grãos de semente. Os lucros -- uns 1.800 dólares -- deviam ser usados pela
Sociedade para levar a cabo as suas atividades. Russell não ganhou nada
pessoalmente dos lucros, mas os seus inimigos alegaram que a venda foi uma
fraude religiosa. Um jornal de Nova Iorque, o Brooklyn Daily Eagle, atacou-o e
ridicularizou tanto Russell como o Trigo Milagroso num cartoon.

Russell processou o Eagle mas perdeu. Ele foi evidentemente muito sincero
em vender o famoso grão mas foi mais entusiástico sobre as suas qualidades
do que devia. O Trigo Milagroso aparentemente nada mais era do que uma
estirpe mutante, uma 'sport'. Depressa perdeu a sua vitalidade fora do normal e
não era, como ele verdadeiramente acreditava, um sinal de que a terra seria
restaurada em breve a condições paradísicas.149

A acusação de J. J. Ross de que Russell cometeu perjúrio tem sido repetida e


têm acreditado nela repetidamente. No entanto, foi Ross, e não Russell, quem
deu um falso testemunho. Num panfleto publicado depois da ação criminal de
Russell contra ele, Ross citou fora do contexto o seu advogado como
perguntando a Russell se ele 'conhecia o grego'. Na realidade, o que o
advogado, George Lynch-Staunton, perguntou foi: 'Conhece o alfabeto grego?'
Russell respondeu simplesmente: 'Oh, sim'. Ele não fez qualquer alegação
sobre conhecer algo mais do grego ou qualquer outra segunda língua para
além disso. Portanto Ross distorceu a verdade.150

É impossível lidar aqui com todos os julgamentos e tribulações de Russell, mas


um exame cuidadoso de cada um indica que ele era basicamente honesto
mesmo quando estava completamente enganado. De fato, a sua vida pessoal
foi em geral livre de mácula. Além disso, ele era geralmente um homem
atrativo, bondoso, que estava completamente devotado ao cargo de
despenseiro que acreditava ser o seu. Mas não pode haver dúvida de que ele
tinha um pouco de orgulho arrogante e que por vezes era sincero ao ponto da
ingenuidade. Num relacionamento importante -- o seu casamento -- faltou-lhe
sensibilidade e afeição normal. Embora sem dúvida ele fosse inocente de
fraude no assunto do Trigo Milagroso, devia ter tido melhor senso do que
vender grão com esse nome em apoio do evangelismo. Se ele tivesse usado
um pouco de premeditação, teria compreendido o mau cheiro que tal
especulação comercial causaria. Também, se ele tivesse tomado tempo para
pensar, teria reconhecido a frustração sexual da sua esposa e ter-se-ia tornado
um marido para ela em mais do que apenas no nome. Mas apesar dessas
falhas reais, ao compará-lo com outros líderes religiosos americanos do século
XIX e início do século XX, como Joseph Smith, Ellen White, Mary Baker Eddy e
Amee Semple McPherson, a personagem de Russell sai-se muito bem.

Últimos Anos e Morte de Russell

Durante os seus últimos anos, Russell era tratado com muito respeito pela
comunidade dos Estudantes da Bíblia, e os seus sermões eram publicados
tanto na América como na Europa, enquanto ele viajava extensamente de
comboio e barco a vapor. De muitas maneiras, a vida deve ter sido agradável
para ele. Nas viagens ele não poupava despesas para tornar as coisas muito
confortáveis para si e para os seus companheiros de viagem, que incluíam
médicos, generais aposentados, professores e juizes. Quando ele visitava as
suas congregações dispersas, era regularmente rodeado por homens e
mulheres que o adoravam. Afinal, não era ele o seu Pastor, 'aquele servo'?
Ainda assim, a sua vida estava longe de ser um mar de rosas. Esteve quase
constantemente envolvido em litígios entre 1903 e 1913, e durante esse
período foi severamente criticado tanto pelos eclesiásticos como por alguns
segmentos da imprensa. Também trabalhou arduamente, obrigando-se a
continuar quando a sua saúde começava a falhar. Finalmente, à medida que
1914 se aproximava, ele começou a ficar nervoso com a possibilidade da não
confirmação da profecia dos Tempos dos Gentios que tinha sido uma parte tão
proeminente dos seus ensinos desde antes da sua separação de Nelson
Barbour.

Durante anos, Russell e os Estudantes da Bíblia tinham esperado que as


nações gentias do mundo desaparecessem na destruição durante esse ano, ou
talvez em 1915 se a data 1914 se provasse errada. Os santos deviam ser
levados para o céu para estar com Cristo (visto que isso não tinha acontecido
em 1874, 1878 ou 1881) e o domínio milenar de Cristo sobre a terra devia
começar. Contudo, à medida que o ano fatídico se aproximava, Russell
começava a ser vago nas suas idéias a respeito dele. Originalmente, ele tinha
estado absolutamente certo de que 1914 traria o fim. Em The Time Is at Hand
[O Tempo É Iminente] ele tinha escrito que 1914 marcara 'o limite mais
longínquo do domínio do homem imperfeito',151 mas nas primeiras décadas do
século XX ele estava a tornar-se cada vez mais cauteloso. Melvin Curry
declara:

Russell usou vários artifícios para negar antecipadamente o efeito do falhanço


profético. Primeiro, negou que era inspirado e argumentou que as suas
predições eram baseadas na fé e consequentemente não eram infalíveis, no
entanto, ele ainda argumentou que a evidência bíblica era tão forte 'que a fé na
cronologia quase se torna conhecimento'. Segundo, afirmou que este falhanço
em predizer com exatidão os eventos de 1914 'meramente provaria que a
nossa cronologia, o nosso "relógio de alarme", despertou um pouco antes do
tempo', e que 'o erro não podia ser muito grande'. Por exemplo, ele concedeu
que os Tempos dos Gentios 'podem terminar em outubro de 1914, ou em
outubro de 1915'. Terceiro, ele reduziu as predições de modo que foram
restringidas a eventos sobrenaturais não-empíricos, como o término da 'licença
de poder atribuída às nações gentias' e o fim do 'período de colheita da Era do
Evangelho'. Quarto, em 1904 ele inverteu a seqüência de eventos cuja
ocorrência se esperava e argumentou que 'anarquia mundial' seguir-se-ia ao
fim dos Tempos dos Gentios em 1914, em vez de preceder esse fim. Quinto,
ele mudou a sua predição de que o colapso da cristandade seria 'súbito e
horrível' e passou a negar que as nações 'todas cairão em pedaços nesse ano'.
Em vez disso, afirmou que a fase terrestre do reino seria estabelecida mais
tarde do que 1914; isto deixou um período de tempo depois do término da
licença dos gentios para a queda das nações e o 'estabelecimento gradual do
reino na terra'. Finalmente, ele comparou o seu possível erro cronológico com
outras incertezas bíblicas.152
No entanto, Russell continuou a acreditar naquilo que era agora o seu próprio
sistema, e em 1913 houve grande excitação milenarista entre os Estudantes da
Bíblia. Assim, quando a Primeira Guerra Mundial eclodiu em 1914, Russell viu
isso como uma confirmação das suas especulações cronológicas e proféticas.
Ao contrário de muitos dos seus seguidores, mesmo na sede da Watch Tower
Society [Sociedade Torre de Vigia] em Brooklyn, ele não foi vencido pelo fato
de não terem sido levados embora nas nuvens. No seu livro Faith on the March
[A Fé em Marcha], A. H. Macmillan conta o que aconteceu no outono de 1914:
'sexta-feira de manha (2 de outubro) nós estávamos todos sentados na mesa
do pequeno almoço quando Russell desceu. Ao entrar na sala ele hesitou um
momento como era seu costume e disse alegremente: "Bom dia a todos." Mas
nesta manhã, em vez de continuar para o seu lugar como era normal, ele bateu
palmas vigorosamente e anunciou: "Os tempos dos gentios terminaram; os reis
já tiveram seus dias." Todos nós aplaudimos.'153

Estudantes da Bíblia dispersos em muitas partes do mundo aplaudiram.


Embora 1914 não tivesse trazido o fim, tal como as Testemunhas de Jeová
hoje eles estavam muito dispostos a aceitar a idéia de que o eclodir da Primeira
Guerra Mundial na Europa tinha realmente provado que a cronologia
Barbour/Russell era basicamente sólida.154 No entanto, embora a vinda da
guerra tenha salvo a sua comunidade de outra grande crise de fé -- pelo menos
imediatamente -- criou outros problemas extremamente graves. Por um lado,
como na opinião deles os Tempos dos Gentios tinham terminado, o
'apocalipticismo apolítico' dos Estudantes da Bíblia aumentou grandemente.
Russell tomou uma posição mais forte em apoio da objeção de consciência e
condenou os eclesiásticos no Canadá por agirem como agentes de
recrutamento para os 'dentes do dragão da guerra.' 155 É claro que ao tomarem
esta posição nos Estados Unidos entre 1914 e 1916 ele e os seus seguidores
não estavam fora da tendência da maioria dos seus compatriotas. Mas o
mesmo não era verdade em outras partes do mundo; e no verão de 1916
Russell foi proibido de entrar no Canadá por funcionários de imigração
canadianos, furiosos com ele por 'interferir com o recrutamento' no Império
Britânico.156

Muito mais sério para os Estudantes da Bíblia foi o fato de Russell ter morrido
em grande dor num comboio no sudoeste dos Estados Unidos em 31 de
outubro de 1916.157 Ele estava cansado e doente há algum tempo mas insistiu
em continuar os seus deveres de pregação e pastoreio para o seu rebanho
disperso mesmo até ao fim. Pois nos seus últimos anos de vida ele estava
convencido que a Primeira Guerra Mundial terminaria em 1918 na batalha do
Armagedom e no arrebatamento da igreja.158 Assim, embora a sua morte o
tenha salvo da desilusão que poderia ter sentido se tivesse vivido para ver a
guerra acabar e sem que as nações do mundo passassem para o
esquecimento, veio numa ocasião muito inoportuna para os seus seguidores.
Eles não tinham esperado ver o seu Pastor, 'aquele servo', morrer antes do fim
do mundo e não estavam psicologicamente preparados para continuar o seu
ministério e o deles no futuro. Mais significativo, eles haviam de ficar
grandemente perturbados pelo fato de a igreja mais uma vez não ter sido
'levada para casa' para o céu, os judeus não serem restaurados à Palestina, e
as nações do mundo não estarem quebradas em pedaços como Russell tinha
predito, quando a guerra acabou com o Tratado de Versailles em vez do
apocalipse. De fato, o movimento dos Estudantes da Bíblia quase desapareceu
em 1917 e 1918 devido a lutas entre os sucessores de Russell e devido à
perseguição de governos seculares e turbas que se lançaram sobre eles
depois de os Estados Unidos entrarem na guerra em abril de 1917. Embora
Russell tivesse feito alguns planos para a sua morte e a continuação do seu
trabalho depois disso, não podia ter imaginado o que estava para acontecer em
breve.

Notas

1Salvo indicação em contrário, a informação sobre Russell é tirada de Zion's


Watch Tower [Torre de Vigia de Sião], 1906, reimpressões pp. 3820-3828; The
Watch Tower [A Torre de Vigia], 1916, reimpressões pp. 5997-6013; The
Laodicean Messenger [O Mensageiro Laodicense] (Chicago: The Bible
Students Book Store, 1923); Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose [As
Testemunhas de Jeová no Propósito Divino] (Brooklyn, NY: Watchtower Bible
and Tract Society, 1959); Timothy White, A People for His Name [Um Povo
Para o Seu Nome] (Nova Iorque: Vantage Press, 1967).

2Segundo Richard Rawe, de Soap Lake, Washington, que investigou de perto


as actividades comerciais de Russell, muitas das alegações a respeito do seu
grande talento para o negócio são um tanto exageradas. Por exemplo, em The
Laodicean Messenger [O Mensageiro Laodicense] o seu biógrafo diz na página
6 que o negócio das lojas 'em breve enriqueceu-o, e pouco depois de atingir a
maioridade ele já tinha um quarto de milhão de dólares.' Rawe argumenta que
a riqueza de Russell só veio algum tempo mais tarde, depois de ter herdado
6.000 dólares (que usou para investimento de capital) de um tio. Não obstante,
Russell era um empresário extremamente hábil que usou a sua riqueza inicial,
muito modesta, para acumular uma fortuna significativa.

Russell admitiu em 1907 que tinha 'bens no valor de 60.000 dólares em 1879,
que incluíam duas lojas de roupas em Allegheny e três em Pittsburgh.' De fato,
ele provavelmente tinha muito mais do que isso. Numa carta a um tal Sr. J. H.
Brown, enviada aproximadamente em 1898, ele tinha escrito: 'Você conheceu-
me através dos negócios há 20 anos atrás, quando me vendeu mercadoria.
Você provavelmente sabia nesse tempo que eu tinha uma avaliação nas
agências comerciais de cerca de 150.000 dólares -- que eu tinha a maior loja
de vestuário para homem em Pittsburgh, além de várias sucursais mais
pequenas.' Transcrição do registro no caso Russell v. Russell em apelo no
Tribunal Superior de Pennsylvania (abril de 1907), pp. 23, 42, 43.

3 Pastor Russell's Sermons [Sermões do Pastor Russell] (Brooklyn, NY:


International Bible Students Association, 1917), p. 517.

4 Menção da correspondência de J. L. Russell aparece no Herald of Life and


the Coming Kingdom [Arauto da Vida e do Reino Vindouro] da Life and Advent
Union [União da Vida e do Advento].
5 Veja o prefácio do autor em The Laodicean Messenger [O Mensageiro
Laodicense] e em The Finished Mystery [O Mistério Consumado] (Brooklyn,
NY: International Bible Students Association, 1917), pp. 45-47.

6 WT, 1906, reimpressões, p. 3821.

7 Stetson pregou durante algum tempo em Pittsburgh mas depois mudou-se


para Edinboro, Pennsylvania, onde serviu como pastor de uma grande
congregação. Uma referência à sua morte pode ser encontrada na WT, 1879,
reimpressões, p. 46. O último desejo dele foi que Russell devia dirigir o seu
serviço fúnebre.

8 A maior parte da informação apresentada aqui sobre Storrs é tirada de Herald


of Life and the Coming Kingdom [Arauto da Vida e do Reino Vindouro], 7 de
janeiro de 1880; Bible Examiner [Examinador da Bíblia], março de 1880; Frank
S. Mead, Handbook of Denominations in the United States [Manual de
Denominações nos Estados Unidos] (Nova Iorque: Abingdon-Cokesbury Press,
1951), p. 19; e LeRoy Edwin Froom, The Conditionalist Faith of Our Fathers [A
Fé Condicionalista dos Nossos Pais] (Washington, DC: The Review and Herald
Publishing Association, 1967), vol. 2, pp. 305-315.

9 Froom, vol. 2, pp. 300-305.

10A história do condicionalismo de Froom, em dois volumes, é a única história


completa do assunto em inglês. Para uma abordagem mais breve, veja
'Annihilationism' [Aniquilacionismo] na The New Schaff-Herzog Encyclopedia of
Religious Knowledge [A Nova Enciclopédia Schaff-Herzog de Conhecimento
Religioso], vol. 1, pp. 236, 237.

11 Veja 'Annihilationists' [Aniquilacionistas] na McClintock and Strong


Cyclopaedia of Biblical, Theological and Ecclesiastical Literature [Enciclopédia
de McClintock e Strong de Literatura Bíblica, Teológica e Eclesiástica] (Grand
Rapids, Michigan: Baker Book House, 1980), vol. 1, pp. 236, 237.

12 Bible Examiner [Examinador da Bíblia], março de 1880, p. 404.

13O Dr. John Thomas, fundador dos Cristadelfos, associou-se durante um


breve período com os Milleritas. Tal como muitos que se associaram com os
Milleritas, ele passou a aceitar o condicionalismo.

14 'Synopsis of Our Faith' [Sinopse da Nossa Fé], em Bible Examiner


[Examinador da Bíblia], janeiro de 1877, p. 104. As últimas idéias de Storrs
sobre o resgate e a restituição foram elaboradas em 1870 e 1871.

15O hábito de celebrar a Ceia do Senhor em 14 de Nisã começou entre os


membros da União da Vida e do Advento na década de 1860. Storrs continuou
a prática até à sua morte. Veja, por exemplo, Bible Examiner [Examinador da
Bíblia], fevereiro de 1877, p. 131.
16Jonathan M. Butler, 'Adventism and the American Experience' [Adventismo e
a Experiência Americana], em Edwin Scott Gaustad, ed., The Rise of the
Adventism [A Ascensão do Adventismo] (Nova Iorque: Harper and Row, 1974),
p. 177.

17É verdade que Storrs teve outra opinião sobre a matéria depois da Guerra
Civil Americana.

18Em The Last Times and Great Consumation [Os Últimos Tempos e a Grande
Consumação] (1863), Seiss ensina nas páginas 218-220 que depois das suas
ressurreições Cristo e os santos têm 'corpos espirituais glorificados'.

19 Há real incerteza quanto à data exata da primeira publicação de The Object


and Manner of Our Lord's Return [O Objeto e Maneira da Volta de Nosso
Senhor]. Embora a Sociedade Torre de Vigia apresente a data 1873, parecem
não existir quaisquer cópias que contenham uma data anterior a 1877, quando
foi publicada uma edição por The Herald of the Morning [O Arauto da Manhã],
editado por Nelson H. Barbour. Além disso, segundo Paul S. L. Johnson, o
próprio Russell declarou que passou a aceitar a doutrina da presença invisível
de Cristo em outubro de 1874. Paul S. L. Johnson, The Parousia Messenger [O
Mensageiro da Parousia] (Filadélfia: Paul S. L. Johnson, 1938), pp. 368, 369,
437.

20C. T. Russell, The Object and Manner of Our Lord's Return [O Objeto e
Maneira da Volta de Nosso Senhor] (Rochester, NY: The Herald of the Morning,
1877), p. 45.

21 Existem três interpretações tradicionais de Revelação: a preterista, que


afirma que as profecias foram cumpridas no fim do primeiro século; a
historicista, que argumenta que Revelação fornece uma história simbólica,
profética, desde o primeiro século até depois do fim do milênio; e a futurista,
que defende que Revelação só trata de eventos escatológicos que começam
imediatamente antes do segundo advento de Cristo. Ao adotar a posição
historicista, Russell estava de acordo com a maior parte do protestantismo
inglês e americano.

22O artigo de Jonsson, intitulado a 'Theory of Christ's Parousia as an "Invisible


Presence"' [Teoria da Parousia de Cristo como uma "Presença Invisível"],
aparece nas edições de novembro-dezembro de 1982 e janeiro-fevereiro de
1983 do The Bible Examiner [O Examinador da Bíblia], publicado por Christian
Koinonia International of Lethbridge, Alberta, Canadá.

23Carl Olof Jonsson, The Bible Examiner [O Examinador da Bíblia] (janeiro-


fevereiro de 1983), vol. 3, p. 12. Para um excelente estudo sobre história do
milenarismo na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos durante o século XIX, veja
Ernest R. Sandeen, The Roots of Fundamentalism: British and American
Millenarianism, 1800-1930 [As Raízes do Fundamentalismo: Milenarismo
Britânico e Americano, 1800-1930] (Chicago: University of Chicago Press,
1970).
24Alan Rogerson, Millions Now Living Will Never Die [Milhões Que Agora Vivem
Nunca Morrerão] (Londres: Constable and Co. Ltd., 1969), pp. 8, 9. Durante os
anos 1879 a 1882 Keith escreveu vários artigos para a Zion's Watch Tower
[Torre de Vigia de Sião] sobre as doutrinas do resgate, da igreja, da presença
invisível de Cristo e da restituição de todas as coisas.

25 WT, 1906, reimpressões, p. 2822.

26 Herald of the Morning [Arauto da Manhã], maio de 1879, p. 88. Russell


também se refere repetidamente a Barbour como 'o autor' de Three Worlds nos
primeiros números de Zion's Watch Tower [Torre de Vigia de Sião].

27A idéia, tirada de Números 14:33, 34 e Ezequiel 4:1-8, de que dias proféticos
como aqueles mencionados em Daniel e em Revelação em particular deviam
ser entendidos como representando anos, foi geralmente aceite por muitos
apocalípticos e milenaristas católicos e protestantes desde o tempo de Joaquim
de Flora até ao tempo de Russell, incluindo Wycliffe e muitos dos principais
reformadores.

Curiosamente, o mentor de Russell, George Storrs, encarava a teoria do ano-


dia como sendo um disparate. Num artigo do Herald of Life and the Coming
Kingdom [Arauto da Vida e do Reino Vindouro] de 2 de outubro de 1867, na
página 2, ele congratula o seu velho adversário Dr. Josiah Litch por abandonar
a teoria.

28 O 'ano profético' de 360 dias é muitas vezes chamado um ano lunar. Na


realidade, um ano lunar é um pouco mais do que 354 dias, e não existe
evidência de que um calendário de 360 dias fosse sequer usado pelos antigos
israelitas, a menos que o tenham usado em relação a outros povos antigos
como os egípcios. O ano profético enquanto tal, é baseado numa extrapolação
protestante do século XVII de Revelação 12:6, 14, onde 1.260 dias são
igualados a 'um tempo, tempos, e metade de um tempo'. Com base nestes
versículos e, também, Revelação 13:5, muitos 'estudantes proféticos' passaram
a defender que 'tempo' era um 'ano' de 360 dias.

29N. H. Barbour e C. T. Russell, Three Worlds and the Harvest of This World
[Três Mundos e a Colheita Deste Mundo] (Rochester, NY: The Herald of the
Morning, 1877), p. 42.

30 Ibid, p. 63, 67-77, 93-103.

31 Ibid, p. 85-93.

32 Ibid, p. 68.

33 Ibid, p. 93-103.

34 Ibid, p. 158.

35 Praticamente nada se sabe acerca de Brown.


36 Páginas 27, 28.

37 John A. Brown, The Even-Tide: or Last Triumph of the Blessed and Only
Potentate, the King of Kings, and Lord of Lords: Being a Development of the
Mysteries of Daniel and St. John [A Noite: ou Último Triunfo do Abençoado e
Único Potentado, o Rei dos Reis, e Senhor dos Senhores: Sendo um
Desenvolvimento dos Mistérios de Daniel e S. João] (Londres: J. Offor e outros
editores, 1823), vol. 2, pp. 130-152. Brown não se referiu aos 2.520 anos como
os Tempos dos Gentios de Lucas 21:24; isso foi feito por várias pessoas
incluindo William Miller, que seguiu a sua interpretação de Daniel 4.

38Barbour e Russell, pp. 77-85. Evidentemente John Brown tinha reconhecido


que se começássemos os 'sete tempos' no outono do ano 604 a.C., os 2.520
anos terminariam em 1917 A.D., não em 1916.

Karl Burganger diz, acerca de Russell e do término em 1914: 'Gradualmente,


Russell e os seus associados tinham começado a perceber que a aritmética
[usada por Barbour] empregada na contagem dos 2.520 anos desde 606 a.C.
até 1914 A.D. (2520-606 = 1914) não era tão simples como tinha parecido
inicialmente. Foi apontado que desde outubro de 606 a.C. até ao início da era
cristã não passaram 606 anos completos, mas 605 anos e 3 meses. Isto
deslocaria a data final dos "tempos dos gentios" de outubro de 1914 para
outubro de 1915.' Karl Burganger, The Watch Tower Society and Absolute
Chronology: A Critique [A Sociedade Torre de Vigia e a Cronologia Absoluta:
Uma Crítica] (Lethbridge: Christian Fellowships International, 1981), p. 9. Veja
também WT, 1912, reimpressões, pp. 5141, 5142.

39 Barbour e Russell, pp. 19-22.

40 Ibid, p. 84.

41 Bible Examiner (julho de 1877), p. 317.

42 White, pp. 80, 81.

43 Veja por exemplo Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose [As


Testemunhas de Jeová no Propósito Divino] (Brooklyn, NY: Watchtower Bible
and Tract Society, 1959), pp. 17-21.

44Ibid. Barbour continuou a publicar as suas ideias no Herald e em 1907


publicou um livro intitulado Washed in His Blood [Lavados no Seu Sangue], que
apresenta uma imagem clara do seu pensamento nos anos posteriores.

45WT, 1906, reimpressões, p. 3823. Na realidade, a imagem dada por Russell


e pelas Testemunhas de Jeová hoje é um tanto tendenciosa, para dizer o
mínimo, e Russell certamente citou Barbour fora do contexto. O que Barbour
negou foi a doutrina da expiação substitutiva e o significado da morte de Cristo.
Até ao fim da sua vida, Barbour continuou a usar os termos 'resgate' e
'expiação'.
A posição dele é completamente delineada em The Herald of the Morning [O
Arauto da Manhã] (agosto de 1877), páginas 26-28 e em resposta a críticas de
Russell e Paton nas páginas 40-43 da edição de setembro e páginas 56-58 da
edição de novembro. A primeira declaração de Russell sobre este assunto
aparece na edição de setembro nas páginas 39 e 40; a de Paton, mais
conciliadora, aparece na página 56 da edição de outubro.

É difícil acreditar que Russell ou Barbour compreendessem as ramificações


dos assuntos sobre os quais estavam a argumentar. Embora Barbour
acreditasse na doutrina da incarnação, a sua posição de 1877 a respeito da
expiação era muito mais sociniana (unitariana) na natureza do que ortodoxa.
No entanto, Russell, que não acreditava na incarnação em qualquer sentido
ortodoxo, defendeu a expiação substitutiva. Se analisarmos as suas idéias
sobre este assunto, eram virtualmente arminianas. Para uma breve perspectiva
histórica da doutrina da expiação, veja Louis Berkhof, The History of Christian
Doctrine [A História da Doutrina Cristã] (Grand Rapids, Michigan: Baker Book
House, 1975), pp. 165-199.

46WT, 1906, reimpressões, pp. 3822, 3823. Na sua descrição do ataque de


Barbour a ele, Russell certamente não estava a exagerar. Por exemplo, veja
The Herald of the Morning [O Arauto da Manhã], maio de 1879, pp. 87, 88.

47 WT, 1906, reimpressões, pp. 3822, 3823.

48 Ibid.

49 Ibid.

50Ibid, 1881, reimpressões, p. 224. Veja também WT, 1880, reimpressões, p.


172.

51Melvin Dotson Curry, Jr., 'Jehovah's Witnesses: The Effects of Millenarianism


on the Maintenance of a Religious Sect' [Testemunhas de Jeová: Os Efeitos do
Milenarismo na Manutenção de uma Seita Religiosa] (dissertação de
doutoramento, Florida State University, 1980), p. 147.

52 WT, 1881, reimpressões, pp. 224, 288, 289.

53Veja Curry, p. 150, e Joseph F. Zygmunt, 'Prophetic Failure and Chiliastic


Identity: The Case of Jehovah's Witnesses' [Falhanço Profético e Identidade: O
Caso das Testemunhas de Jeová], em Patrick H. McNamara, ed., Religion
American Style [Religião ao Estilo Americano] (Nova Iorque, Harper and Row
Publishers, 1974), p. 148. O comentário de Russell em Zion's Watch Tower
[Torre de Vigia de Sião] encontra-se em reimpressões, p. 152, na edição de
novembro de 1880.

54 WT, 1880, reimpressões, p. 167.

55 Ibid, p. 224.
56O compromisso de Russell com a cronologia de Barbour era tão completo
que ele tinha a certeza de que algo importante tinha de acontecer no outono de
1881. No entanto, ele tinha sido obrigado a espiritualizar o falhanço de 1878 e
parecia inseguro na sua própria mente sobre como a 'mudança' ocorreria em
1881. Por isso ele fez sugestões para ajustar os fatos à teoria numa base
quase mensal e, no seu zelo para o fazer, contradisse-se de uma maneira
extraordinária.

57James Parkinson, The Bible Student Movement in the Days of Pastor Russell
[O Movimento dos Estudantes da Bíblia nos Dias do Pastor Russell] (Los
Angeles: impressão privada, 1975), A-2.

58 WT, 1881, reimpressões, p. 214.

59The Laodicean Messenger [O Mensageiro Laodicense], pp. 62, 63, 105, 106;
Divine Purpose [Propósito Divino], pp. 62, 63.

60 WT, 1916, reimpressões, p. 5998.

61 WT, 1906, reimpressões, pp. 3745, 3746.

62 Ibid, 1884, reimpressões, pp. 584, 585; 1887, reimpressões, p. 918; 1887,
reimpressões, p. 1071; 1906, reimpressões, p. 3746.

63 Ibid, 1882, reimpressões, pp. 369-377.

64Barbour e Paton eram trinitaristas. Nas páginas 57 e 58 de Three Worlds


Barbour atacou os cristadelfos por negarem a personalidade do Espírito Santo.
Para a posição de George Storrs sobre o assunto, veja Bible Examiner (maio
de 1878), p. 231.

Embora Henry Grew e George Stetson -- outros dois que o influenciaram --


fossem não-trinitaristas, Russell não tomou posição na matéria, pelo menos
publicamente, até depois da sua separação de Paton. As suas declarações
anteriores sobre cristologia realmente forçaram-no a tomar uma posição ariana.

65 Como segundo Russell a Igreja de Cristo estava limitada a 144.000


membros, a maioria das pessoas ou ganhariam salvação como membros da
'Grande Companhia' -- uma classe celestial secundária -- ou sobreviveriam
para um novo paraíso edênico na terra. Os judeus naturais seriam restaurados
na Palestina. Veja Russell, Thy Kingdom Come [Venha o Teu Reino], capítulos
VI e VIII.

66 WT, 1907, reimpressões, pp. 3942, 3943; 1916, reimpressões, p. 5998.

67 Ibid.

68Para um relato completo sobre o desenvolvimento do movimento Estudantes


da Bíblia/Testemunhas na Grã-Bretanha, veja o 1973 Yearbook [Anuário 1974],
pp. 88-141.
69M. James Penton, Jehovah's Witnesses in Canada [Testemunhas de Jeová
no Canadá] (Toronto: Macmillan of Canada, 1976), pp. 35, 36. Veja também o
1979 Yearbook [Anuário 1980], pp. 78-80.

70 Estes debates foram reimpressos recentemente pelos Chicago Bible


Students [Estudantes da Bíblia de Chicago] em Harvest Siftings, vol. 1
(Chicago: Chicago Bible Students, sem data).

71 The Laodicean Messenger [O Mensageiro Laodicense], p. 99.

72 WT, 1915, reimpressões, p. 5730.

73 C. T. Russell, The New Creation [A Nova Criação] (Brooklyn, NY:


International Bible Students Association, 1924), p. 280.

74 Todas as classes eram mantidas completamente independentes. Leslie W.


Jones, MD, ed., What Pastor Russell Said [O Que Disse o Pastor Russell]
(Chicago: impressão privada, 1917), p. 346. Veja também WT, 1915,
reimpressões, p. 5743; e 1916, reimpressões, pp. 5981, 5982.

75 Jones, pp. 479, 480.

76Ibid, pp. 100-102, 232; Russell, The New Creation [A Nova Criação], pp. 263,
264, 326-328.

77 Russell, The New Creation [A Nova Criação], pp. 289-293.

78Ibid. Para uma excelente discussão de todo este assunto, veja White, pp.
115-117.

79Russell, The New Creation [A Nova Criação], pp. 326-328. Veja também WT,
1913, reimpressões, p. 5284.

80 The New Creation [A Nova Criação], pp. 449, 450.

81 Ibid, pp. 263, 264.

82Para a atitude geral de Russell nesta matéria, veja a edição extra da WT,
abril de 1894, pp. 16, 17.

83Para uma discussão do controlo de Russell sobre a sociedade, veja White,


pp. 122, 123. Embora Russell geralmente fosse muito cuidadoso para não
tentar controlar a 'igreja' ou eclésias locais através do seu cargo de presidente
da sociedade, dentro da sociedade ele mantinha controlo firme. Um cisma em
1894 resultou largamente desse fato. Veja a edição extra da WT, abril de 1894.

84 WT, 1894, reimpressões, p. 1320. Timothy White diz: 'Houve apenas um


ponto, tanto quanto sei, onde Russell usou a corporação descuidadamente, e
isto foi ao designar os seus peregrinos como representantes da corporação em
vez de serem representantes de si mesmo ou de uma congregação' (White, p.
123).

85 WT, 1895, reimpressões, p. 1868.

86 Ibid, 1905, reimpressões, pp. 3517, 3518.

87 WT 1910, reimpressões, pp. 4684-4686.

88 Veja White, pp. 135-137; e Walter R. Martin, Jehovah of the Watchtower


[Jeová da Watchtower] (Chicago: Moody Press, 1974), pp. 24, 25.

89Timothy White acusa Russell de se basear numa 'tirania da maioria' ao forçar


a sua vontade sobre os seus irmãos. Veja White, pp. 129-137. No entanto,
Russell estava disposto a basear-se na sua influência, não na sua autoridade
administrativa, para conseguir que fosse feita a sua vontade entre os seus
irmãos. Embora fosse por vezes cáustico em relação a Estudantes da Bíblia
críticos, ele nunca os condenou à maldição eterna como a Watch Tower
Society [Sociedade Torre de Vigia] atualmente.

90 Reimpressões, p. 5156.

91 White, p. 137.

92 WT, 1881, reimpressões, p. 291.

93 Ibid, 1906, reimpressões, p. 3811.

94 Ibid.

95 Ibid. Veja também WT, 1895, reimpressões, pp. 1796, 1797; e 1896,
reimpressões, p. 1946.

96 Ibid, 1895, reimpressões, p. 1797.

97The Watch Tower [A Torre de Vigia] de 15 de fevereiro de 1927, página 56,


declarou que Russell nunca tinha afirmado ser o servo fiel e sábio. A revista
disse textualmente: 'Ele próprio nunca fez essa afirmação.'

Mais recentemente a Sociedade disse o mesmo. O livro God's Kingdom of a


Thousand Years Has Approached [Aproximou-se o Reino de Deus de Mil Anos]
cita a declaração de Russell da Watch Tower [Torre de Vigia] de 1881
(reimpressões, p. 291) nas páginas 345 e 346 e depois observa: 'Disto se torna
bem claro que o redator e editor da Torre de Vigia de Sião repudiava qualquer
reivindicação de ser individualmente, na sua pessoa, esse "servo fiel e sábio".
Nunca afirmou ser tal.'

Numa nota de rodapé a esta declaração, o autor do livro Aproximou-se o Reino


de Deus, de modo muito estranho, remete o leitor para o livro de Russell The
Battle of Armageddon [A Batalha do Armagedom], p. 613. Nessa página
Russell indica claramente que considera que o 'servo fiel e sábio' é uma
pessoa, não a igreja cristã. Evidentemente, portanto, o autor do livro
Aproximou-se o Reino de Deus não compreendeu de todo as observações de
Russell ou é culpado de tentar distorcer os fatos.

98 Reimpressões, p. 5998.

99 Barbour e Russell, pp. 96-99. A idéia era e é comum entre os


dispensacionalistas protestantes.

100 WT, 1918, reimpressões, p. 6212.

101 The Laodicean Messenger, p. 150.

102 WT, 1918, reimpressões, p. 6212; The Laodicean Messenger, p. 150.

103Para a discussão de Russell sobre as suas tribulações com a esposa, veja


Watch Tower, 1906, reimpressões, p. 3808-3820. Pode ser encontrada
informação adicional nas transcrições do registro nos julgamentos de Russell v.
Russell no tribunal de Common Pleas of Allegheny, Pennsylvania (junho de
1906), e na apelação perante o Supremo Tribunal de Pennsylvania (abril de
1907); a opinião de Justice Orlady a favor do Supremo Tribunal em 37
Pennsylvania Superior Court 348, Russell v. Russell (1908); e J. F. Rutherford,
A Great Battle in the Ecclesiastical Heavens [Uma Grande Batalha nos Céus
Eclesiásticos] (Brooklyn, NY: Impressão privada, 1915), pp. 17-19.

104 Watch Tower, 1906, reimpressões, p. 3815.

105 Ibid.

Ibid. Nenhuma declaração neste sentido aparece na transcrição do registro


106

de Russell v. Russell (1906). Russell, no entanto, refere-se indubitavelmente a


uma conferência que ocorreu entre o advogado de Maria e o seu próprio
perante o juiz sobre numa 'matéria delicada'. Parece que o juiz não permitiria
que fosse discutido abertamente no tribunal o falhanço de Russell de coabitar.

107 Veja a transcrição do registro em Russell v. Russell (1906), pp. 10-17.

Veja a transcrição do registro em Russell v. Russell (1907 em apelo), pp.


108

117-127.

109 Ibid. Veja também WT, 1906, reimpressões, p. 3816.

110 WT, 1906, p. 3810.

111 Ibid.

112 Ibid.

113 Transcrição do registro em Russell v. Russell (1907 em apelo), pp. 130.


114 Justice Orlady, ao falar pelo Supremo Tribunal da Pennsylvania, foi
particularmente crítico em relação à conduta de Russell para com Maria. Numa
decisão em que avaliou as próprias observações de Russell, Orlady disse: 'O
seu [de Russell] modo de conduta em relação à esposa evidenciou tal egoísmo
insistente e auto-elogio extravagante que seria manifesto para o júri que a sua
conduta em relação a ela foi de contínua dominação arrogante, que
transformaria necessariamente a vida de qualquer mulher cristã num fardo e
tornaria a sua condição intolerável.' 37 Pennsylvania Superior Court 348,
Russell v. Russell (1908).

115 WT, 1906, reimpressões, p. 3812.

116 Ibid, reimpressões, p. 3811.

117 Página 99.

118 WT, 1906, reimpressões, p. 3812.

119 Ibid.

120 Ibid.

121 Ibid, reimpressões, p. 3813.

122 Ibid.

Ibid, reimpressões, pp. 3814, 3815. Veja também a transcrição do registro


123

em Russell v. Russell (1907 em apelo), pp. 210, 211, 225-228.

124A 'História da Medusa' ainda é repetida por muitos críticos de Russell como
se tivesse substância real. De fato, a 'História da Medusa' reflete-se mais
negativamente sobre Maria Russell do que sobre Charles. Parece, a partir de
toda a evidência, que ela estava excessivamente amarga em relação a ele --
talvez com alguma justificação -- e queria simplesmente atacá-lo de qualquer
modo.

125 White, p. 39.

126Conforme Timothy White observa com razão, as duas perspectivas sobre o


divórcio de Russell que se tornaram populares são ambas 'extremas'. A
verdade provavelmente está algures no meio. White, pp. 33-39.

127WT, 1906, reimpressões, pp. 3824, 3825; Russell, Tabernacle Shadows of


the Better Sacrifices [Sombras do Tabernáculo de Sacrifícios Melhores],
passim.

128A doutrina católica das indulgências é baseada neste conceito. Veja a


Catholic Encyclopedia, vol. 8, pp. 784, 785.

129 WT, 1909, reimpressões, pp. 4370, 4371.


130 Ibid, 1881, reimpressões, p. 283.

131 White, pp. 109, 110.

132 Ibid, 110.

133 WT, 1909, reimpressões, p. 4310.

134 WT, reimpressões, pp. 4191, 4192.

135 Ibid.

Veja 'What the Vow Signifies' [O Que Significa o Voto], reimpressões, pp.
136

4263-4266.

137 Ibid.

138 Ibid.

139 White, p. 111; Parkinson, P-3, P-4.

140 White, p. 111.

141 Ibid.

142 P-3, P-4.

143 White, p. 111.

144 Ibid.

145 Ibid; Parkinson, P-3, P-4.

146 Parkinson, P-4.

147 Rutherford, p. 10.

148 Ibid, p. 19.

Ibid, pp. 22-30. Uma cópia da transcrição do registro da ação judicial de


149

Russell contra o Brooklyn Eagle está na Biblioteca de Betel da Watch Tower


Society [Sociedade Torre de Vigia] em Brooklyn, NY.

150 Para uma discussão completa deste caso, veja Penton, Apêndice A.

151C. T. Russell, The Time Is at Hand [O Tempo É Iminente] (Brooklyn, NY:


International Bible Students Association, 1908), p. 77.

152 Curry, pp. 157, 158.


153 Macmillan, p. 47.

154Ibid, pp. 48-63. Macmillan refere-se ao eclodir da Primeira Guerra Mundial


como 'a coisa errada no tempo certo', uma idéia defendida pelas Testemunhas
de Jeová até hoje.

155 Penton, pp. 42-47.

156 Ibid, p. 4.

Para detalhes sobre a sua morte, veja WT, 1916, reimpressões, pp. 5997-
157

6016.

158 WT, 1916, reimpressões, pp. 5950-5951.

Capítulo 2: A Criação de uma


Teocracia
M. James Penton

Em 6 de janeiro de 1917, o Juiz Joseph Franklin Rutherford, 1 que durante


alguns anos tinha sido o advogado pessoal de Russell, foi escolhido como
presidente da Watch Tower Bible and Tract Society [Sociedade Torre de Vigia
de Bíblias e Tratados] e suas organizações associadas para substituir o
falecido Pastor. Com a sua eleição, começou uma nova era na história dos
Estudantes da Bíblia/Testemunhas de Jeová.

Joseph Franklin Rutherford

Nascido em 8 de novembro de 1869 no Missouri e criado na pequena quinta


dos seus pais Batistas, Rutherford era um homem muito diferente de Russell.
Em vez de crescer numa atmosfera de grande cidade sob a orientação
amorosa de um pai próspero e benevolente, Rutherford teve de trabalhar muito
duramente quase na pobreza. Graças a um grande esforço pessoal, ele
estudou direito sob o velho sistema de aprendizado então muito comum nos
Estados Unidos e passou nos seus exames de advogado em 1892. Em
algumas ocasiões serviu como juiz substituto. Provavelmente em resultado
destas experiências iniciais, e de um compromisso com os ideais populistas de
William Jennings Bryan,2 ele desenvolveu uma forte personalidade, uma
simpatia sincera embora raramente exteriorizada pelos oprimidos, e um
desprezo completo pelo alto comércio, pelos políticos e, mais tarde, pelo clero.

Tal como Russell, Rutherford era um homem alto que, só pela sua presença,
impunha respeito. Ele tinha uma voz alta, estrondosa, e parecia mesmo um
senador americano de um Estado do Sul ou de perto das fronteiras. Ao lidar
com amigos ele podia ser despótico; ao lidar com inimigos, implacável. A
história oficial da Sociedade Torre de Vigia, Jehovah's Witnesses in the Divine
Purpose [As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino], descreve-o como 'um
tipo de pessoa enérgica e direta' com uma 'frontalidade na abordagem de
problemas ao lidar com os seus irmãos que fazia com que alguns ficassem
ofendidos.'3 De fato, ele era mal-humorado e por vezes brusco até ao ponto da
grosseria, tendo um temperamento explosivo que podia ocasionalmente exaltá-
lo até chegar à violência física. Também tinha um sentido de auto-justificação
que o levava a encarar qualquer pessoa que se lhe opusesse como sendo do
Diabo. Mais curioso ainda é o fato de apesar de em alguns aspectos ele ser um
Puritano dos Puritanos, em outros era completamente dissoluto. Usava
linguagem vulgar, sofria de alcoolismo, e foi certa vez acusado publicamente
por um dos seus associados mais próximos de ter assistido a um espetáculo
burlesco de nus, em companhia de dois anciãos e uma jovem mulher
Estudante da Bíblia numa noite de quarta-feira antes da celebração do
Memorial da Ceia do Senhor.4

No entanto, havia muito mais sobre ele do que esta descrição resumida, muito
pouco lisonjeira, indicaria. Rutherford entrou em contato com os Estudantes da
Bíblia pela primeira vez em 1894. Em 1906 ele foi batizado e pouco depois
tornou-se um peregrino. Depois de algum tempo, ele tornou-se bastante
popular entre os seus companheiros de crença porque, como advogado, travou
batalhas em tribunal para limpar o nome de Russell, debateu publicamente em
defesa das doutrinas dos Estudantes da Bíblia e, em 1915, escreveu uma
apologia em benefício de Russell, intitulada A Great Battle in the Ecclesiastical
Heavens [Uma Grande Batalha nos Céus Eclesiásticos].

Assim, foi a habilidade de Rutherford, a sua retórica dinâmica, e a sua


disposição de lidar com os adversários dos Estudantes da Bíblia como um
Jeremias do século 20 que fez dele um sucessor lógico de Russell.
Consequentemente, apenas dois meses depois da morte de Russell,
Rutherford foi eleito unanimemente como presidente da Sociedade Torre de
Vigia e seus órgãos associados, embora Russell certamente não o tivesse
designado como seu herdeiro espiritual.

De fato, Russell esperava que a sua posição como principal porta-voz para os
Estudantes da Bíblia fosse assumida por uma liderança coletiva. Segundo a
vontade dele, The Watch Tower [A Sentinela] devia estar sob a
superintendência de uma comissão editorial de cinco pessoas, e nenhum artigo
devia ser publicado sem o acordo de pelo menos três membros dessa
comissão.5 Curiosamente, Rutherford não foi nomeado para a comissão e foi
nomeado apenas como um de cinco membros alternativos possíveis. 6 Portanto,
embora Russell não tivesse tido qualquer intenção de passar a sua autoridade
ou papel intacto para qualquer sucessor individual, Rutherford tinha outras
idéias.

Rutherford era um autocrata que obviamente acreditava que para o bem da


Sociedade -- e de todos os Estudantes da Bíblia -- ele devia governá-la com
mão de ferro em vez de simplesmente administrar as decisões do seu corpo de
diretores. Embora ele se recusasse a assumir o título de 'Pastor' em deferência
para com a memória de Russell,7 usou a reverência dos Estudantes da Bíblia
por Russell como uma estaca para a sua própria autoridade. Além disso, é
óbvio que desde antes da sua primeira eleição, ele pretendia ter tanto ou mais
poder do que o seu predecessor.8

O Cisma da Watch Tower de 1917

A história oficial das Testemunhas sugere que durante o curto período entre a
morte de Russell e a eleição de Rutherford como presidente da Torre de Vigia,
outros estavam conspirando para também alcançar esse cargo. São
mencionadas várias figuras entre os 'conspiradores', mas o arquivilão, segundo
este relato, era Paul S. L. Johnson. Assim, Johnson é descrito como sendo o
principal instigador daquilo que em breve se tornaria um grande cisma na
comunidade dos Estudantes da Bíblia durante o verão de 1917.
Resumidamente, o relato da Torre de Vigia diz o seguinte.

Antes da sua morte, Russell tinha dado instruções a Alexander H. Macmillan, o


seu assistente presidencial pessoal, para enviar Johnson à Grã-Bretanha para
supervisionar as atividades da Associação Internacional dos Estudantes da
Bíblia (IBSA) ali. Consequentemente, como parte do triunvirato que administrou
os assuntos da Sociedade desde novembro de 1916 até à primeira semana de
1917, Rutherford despachou-o para Londres. Quando ele chegou, descobriu a
organização britânica em tumulto e demitiu dois dos gerentes locais da
Sociedade, H. J. Shearn e William Crawford. Segundo Johnson, estes homens
estavam a conspirar para criar uma organização separada independente da
Sociedade Torre de Vigia da América. Mas o próprio Johnson então tentou
assumir um papel independente e alegou que ele, pessoalmente, era o
sucessor de Russell e o encarregado que pagava o denário, mencionado na
parábola de Jesus em Mateus 20:1-16. Depois de receber informação sobre o
que se passava, Rutherford enviou um cabograma a Johnson ordenando-lhe
que restabelecesse Shearn e Crawford.9

Nesse ponto Johnson começou a enviar cabogramas a Rutherford, com a


certeza de que se ele fosse 'iluminado', iria apoiar Johnson. Ele acreditava que
Rutherford era 'sem dúvida a vítima duma campanha de cabogramas
engendrada por Shearn e Crawford'.10 Por isso ele enviou cabogramas com 85
a 115 palavras cada, nos quais se identificou a si próprio e a outros com
Esdras, Neemias e Mordecai. Evidentemente ele pediu a Rutherford para servir
como seu 'braço direito'.11

Rutherford ficou convencido que Johnson estava louco e enviou-lhe um


cabograma, com a ordem de regressar à América. Depois disso Johnson
enviou um cabograma para o Vice-Presidente da Torre de Vigia, Alfred I.
Ritchie e para o Secretário-Tesoureiro William E. Van Amburgh, os outros dois
membros do triunvirato, repudiando a autoridade de Rutherford. Usando a
declaração de poderes que lhe fora concedida quando tinha sido enviado para
a Grã-Bretanha, ele bloqueou a conta bancária dos Estudantes Internacionais
da Bíblia e assumiu o controlo dos escritórios de Londres da IBSA. Ele e outro
Estudante da Bíblia chamado Housden apoderaram-se de toda a
correspondência, abriram o cofre da associação, e apoderaram-se de todo o
dinheiro em caixa. Em resultado disso, Rutherford, que nessa altura era
presidente, enviou por escrito um cancelamento da designação de Johnson e o
advogado deste foi obrigado a desistir de um processo em tribunal para proibir
os partidários de Rutherford de usarem as 800 libras que tinham sido
temporariamente bloqueadas no banco.12

Liderados por Jesse Hemery, um partidário de Rutherford, um grupo de


Estudantes da Bíblia nos escritórios e na residencial de Londres da IBSA
acabaram por barricar Johnson no seu quarto. Para escapar, ele foi obrigado a
sair pela janela e descer agarrando-se ao cano de escoamento de água.
Depois disso, ele regressou a Nova Iorque, onde 'Rutherford concluiu que
Johnson estava perfeitamente são em cada ponto, exceto um, a saber, sobre si
mesmo.'13 Rutherford então reorganizou o trabalho da Sociedade na Grã-
Bretanha sob Hemery e trouxe a paz. Johnson continuou a pedir para ser
enviado de volta para aquele país, mas Rutherford recusou-se a enviá-lo.14

Seguiu-se uma luta áspera entre Joseph F. Rutherford e quatro membros da


diretoria da Sociedade Torre de Vigia: Alfred I. Ritchie (que em janeiro tinha
sido substituído na vice-presidência por Andrew N. Pierson), Robert H. Hirsh,
Isaac F. Hoskins, e Dennis Wright. Segundo a versão da Torre de Vigia sobre
estes acontecimentos, estes homens estavam descontentes com Rutherford no
início de 1917 e 'ambiciosamente procuraram obter controle administrativo da
Sociedade.' Em resultado disso, quando Johnson regressou a Brooklyn, ele
influenciou a diretoria para trabalhar contra Rutherford.15

O relato da Torre de Vigia em seguida afirma que a diretoria decidiu emendar


os estatutos da Sociedade com o objetivo de despojar Rutherford da sua
autoridade legítima e transformá-lo numa figura ornamentativa. Em resultado
disso, Rutherford foi obrigado a removê-los dos cargos. Ele obteve a opinião
escrita de um advogado de Filadélfia, que não era Estudante da Bíblia, dizendo
que como os quatro diretores não tinham sido eleitos legalmente em janeiro de
1917, mas eram meramente designados por Russell, não tinham direito legal
de continuar no controlo da Sociedade. O Anuário das Testemunhas de Jeová
de 1976 declara:

C. T. Russell designara tais homens quais diretores, mas os estatutos da


Sociedade exigiam que os diretores fossem eleitos pelo voto dos acionistas.
Rutherford tinha dito a Russell que os recomendados tinham de ser
confirmados por meio de voto na seguinte reunião anual, mas Russell jamais
dera tal passo. Assim, apenas os diretores principais que tinham sido eleitos na
reunião anual de Pittsburgo eram membros da diretoria devidamente
constituídos. Os quatro recomendados não eram membros legais da diretoria.
Rutherford sabia disso durante todo o período de dificuldades, mas não
mencionara isso, esperando que tais diretores cessassem sua oposição. No
entanto, a atitude deles mostrava que não estavam aptos a ser diretores.
Corretamente, Rutherford os demitiu, e designou quatro novos membros da
diretoria, cuja designação pudesse ser confirmada na seguinte reunião geral da
Sociedade, no início de 1918.16

Assim, em 12 de julho de 1917 Rutherford declarou secretamente que os


quatro tinham sido removidos e substituiu-os por A. H. Macmillan, W. E. Spill, J.
A. Bohnet, e G. H. Fisher, todos apoiantes de Rutherford que seriam
confirmados na seguinte reunião geral da Sociedade.17

Em 17 de julho, Rutherford lançou The Finished Mystery [O Mistério


Consumado] como um sétimo volume dos Studies in the Scriptures [Estudos
das Escrituras] de Russell.18 Russell tinha falado muitas vezes da sua intenção
de escrever o sétimo volume19 mas nunca tinha encontrado a 'chave' ou, mais
provavelmente, o tempo e energia para o escrever. Agora, porém, Rutherford
lançava um livro constituído por vários comentários retirados das obras de
Russell, e por numerosos acréscimos dos co-autores, Clayton J. Woodworth e
George H. Fisher, num comentário sobre Revelação, Ezequiel e o Cântico de
Salomão. Descrito como sendo o trabalho póstumo do Pastor Russell, O
Mistério Consumado era uma interpretação alegórica dos três livros das
Escrituras e um panegírico a Russell.

O lançamento de The Finished Mystery [O Mistério Consumado] para a família


do Betel da Torre de Vigia reunida -- o pessoal -- ao pequeno almoço, foi como
uma bomba e, segundo a história da Torre de Vigia, serviu para causar um
cisma aberto. Johnson, os diretores depostos e os seus apoiantes censuraram
Rutherford num debate longo, amargo, à mesa do pequeno almoço.20 Em 27 de
julho, para manter a paz, Rutherford pediu a Johnson para sair de Betel e,
pouco depois, ele saiu com os ex-diretores.21

Em tudo isto, os apoiantes de Rutherford retrataram-no como sendo paciente e


completamente justificado nas suas ações. Alexander H. Macmillan,
escrevendo muitos anos depois, observou: 'Ele fez tudo o que podia para
ajudar os seus opositores a verem o seu erro, fazendo várias reuniões com
eles, tentando raciocinar com eles e tentando mostrar-lhes como o proceder
deles era contrário à escritura da Sociedade e a todo o programa que Russell
tinha seguido desde que a organização fora formada.' 22 Mas, de fato, o relato
oficial da Torre de Vigia e o retrato que Macmillan faz de Rutherford não
passam de completas distorções da verdade.

Mesmo a descrição básica dada nos relatos da Torre de Vigia não é exata. É
bem verdade que vários indivíduos viam-se a si mesmos como sucessores de
Russell em perspectiva em novembro e dezembro de 1916. Também é verdade
que Paul Johnson era uma pessoa estranha, errática, que causou muitos
problemas a Russell através dos seus maus conselhos e que tinha visões de
glória, para dizer o mínimo.23 Fora isso, a versão oficial [da Torre de Vigia]
sobre os eventos de 1917 é falsa história.

Em primeiro lugar, Rutherford e os seus apoiantes estavam a praticar


duramente políticas da igreja [ou congregação] e não eram anjos. Embora
Rutherford certamente tivesse sido o candidato mais proeminente para a
presidência, a sua eleição tinha sido largamente engendrada por dois homens -
- Alexander H. Macmillan e William E. Van Amburgh.24 Segundo, à época da
sua eleição, ele tinha insistido que os diretores aprovassem uma série de
regulamentos que davam aos representantes da Sociedade uma autoridade
grandemente ampliada.25 Terceiro, a designação que Rutherford fez para a
escrita e publicação de The Finished Mystery [O Mistério Consumado] foi uma
ação de exercício de autoridade demonstrando falta de consideração,
unilateral, que certamente ignorou os direitos e prerrogativas da diretoria de
vários membros da comissão editorial da Sociedade. 26 Embora Rutherford
alegasse que estava exercendo direitos que lhe tinham sido conferidos sob a
escritura da People's Pulpit Association [Associação Púlpito do Povo] que dava
ao presidente 'a supervisão geral e controlo e administração dos negócios e
assuntos da dita corporação', isto não lhe dava poderes plenipotenciários para
formular políticas.27 Além disso, tal como é o caso hoje com a Sociedade Torre
de Vigia de Nova Iorque, a People's Pulpit Association [Associação Púlpito do
Povo] era, para todos os efeitos práticos, tratada como subsidiária da
Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados e recebia dessa corporação
todos os seus fundos de operação. Quarto, ele e o seu 'gabinete de cozinha'
praticamente ignoraram os direitos de supervisão, não só dos quatro diretores,
mas também do Vice-Presidente Pierson.28 Quinto, Rutherford, ao tentar agir
como Russell fizera, de fato estava a ignorar os desejos expressos de Russell
conforme delineados no seu testamento.29 E, finalmente, se Rutherford tivesse
alguma vez sido levado a tribunal por ter demitido os quatro diretores, ele podia
muito bem ter perdido. A sua afirmação de que eles não tinham sido
legalmente eleitos não tem sustentação se for examinada de perto,
particularmente no caso de Robert Hirsh, que nunca tinha sido designado por
Russell e, durante algum tempo, fora apoiante de Rutherford. Depois, também,
tal como apontaram o Vice-Presidente Pierson, os advogados dos diretores
demitidos, e Paul Johnson, se os diretores não tinham sido legalmente eleitos,
também não o tinham sido os três representantes da Sociedade: Rutherford,
Pierson e Van Amburgh. Para poderem ser escolhidos como representantes
em janeiro de 1917, eles precisavam de ter sido legalmente eleitos diretores.
No entanto, não o tinham sido, e por isso, segundo a própria lógica de
Rutherford, não detinham legalmente os cargos.30

A sugestão de que Rutherford e os seus apoiantes eram razoáveis, ao passo


que os seus adversários não eram, também dificilmente se ajusta aos fatos.
Macmillan, que continuava como assistente do presidente sob Rutherford, era
um homem inteligente com uma personalidade aberta, agradável. Mas ele
também era profundamente odiado pelos diretores que o viam como um
conspirador e um político religioso de primeira ordem. 31 Van Amburgh, um
homem esperto, magro, de cabelo branco, com óculos e pêra, detestava
procedimentos democráticos e controlava as contas da Torre de Vigia de modo
que ninguém além do presidente da Sociedade as pudesse ver. 32 Durante o
julgamento do Trigo Milagroso, ele tinha prejudicado o Pastor Russell tanto
quanto o ajudara, por não estar disposto a dar um testemunho franco. 33 Mas o
menos racional de todos era Clayton J. Woodworth, um dos co-autores de The
Finished Mystery [O Mistério Consumado]. Em anos posteriores ele haveria de
se provar um completo maníaco em assuntos de saúde e um odiador da
profissão médica, ao passo que em 1917 era dado ao gênero de interpretações
selvagens, alegóricas, nas quais Paul Johnson também se envolvera.

Com respeito a essas interpretações alegóricas, Woodworth até foi além de


Johnson, um fato que levou um historiador a comentar que 'com toda a
probabilidade, Johnson era tão são como os seus acusadores'. 34 De fato,
somos tentados a perguntar se, no que ao uso das Escrituras diz respeito, eles
não eram todos igualmente malucos. Woodworth usou Mateus 20 para
interpretar as atividades dos Estudantes da Bíblia em 1917 tal como Johnson
tinha tentado fazer antes, e Rutherford e aqueles à sua volta evidentemente
aceitaram as idéias de Woodworth. Num panfleto de cinco páginas intitulado
The Parable of the Penny [A Parábola do Denário], Woodworth afirmava que o
denário de fato representava The Finished Mystery [O Mistério Consumado],
Cristo era o 'Senhor do vinhedo', e o 'encarregado' a quem Cristo falou na
ilustração não era outro senão o Juiz Rutherford. As três centenas de
colportores da Sociedade foram comparadas aos membros do grupo de Gideão
em Juizes 7:3, 19-23. Os diretores demitidos eram vistos como os
trabalhadores que queriam mais do que um denário como pagamento e que se
queixaram contra o 'dono da casa'. Nesse caso, também se defendia que
Rutherford era aquele 'dono'.

Sem dúvida foi o comportamento pessoal de Rutherford, no entanto, em vez do


comportamento dos seus partidários, o que causou a maior parte dos
problemas. Ele era extremamente secretivo e recusou-se a mostrar qualquer
sentido de responsabilidade perante a diretoria. Ele não só manteve a
impressão de The Finished Mystery em segredo do corpo editorial da
Sociedade, mas também usou para a sua impressão dinheiro doado que nunca
foi colocado nas contas da Sociedade.35 Igualmente sério, ele e Van Amburgh
recusaram peremptoriamente que outras pessoas inspecionassem os livros da
Sociedade ou fizessem uma auditoria. Quando o Vice-Presidente Andrew N.
Pierson, o homem que tinha originalmente nomeado Rutherford para o cargo
de presidente, pediu para vê-los, foi-lhe dito que só o poderia fazer se
concordasse em renunciar ao seu cargo.36 Pierson declarou publicamente por
escrito: 'Nós nunca tivemos um relatório satisfatório do tesoureiro desde que
tenho sido um diretor. Não sabemos qual é a situação do trust fund, nem qual é
a situação da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados. Quais são as
relações financeiras entre a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados e a
Associação do Púlpito do Povo? Como é investido o trust fund? Quais são os
títulos de crédito? Quanto rendem?'37 Depois, também, poucos viam em
Rutherford a bondade que Macmillan via. Johnson afirmou que durante as
audições que o Juiz fez com ele depois de regressar da Grã-Bretanha,
Rutherford foi tanto cruel como cheio de ódio.38

Imediatamente antes de Johnson ter sido obrigado a sair de Betel em 27 de


julho de 1917, os diretores depostos e o Vice-Presidente Pierson afirmaram
que Rutherford voltou-se contra ele num acesso de raiva e atacou-o
fisicamente. O relato completo deles declara:

Na refeição do meio-dia, o Irmão Rutherford relatou à família de Betel que nós


seríamos obrigados a deixar o lar de Betel ao meio-dia de segunda-feira. Os
irmãos então consideraram seu dever fazer uma declaração à Família. O Irmão
Rutherford desejava que a Família só ouvisse a declaração dele; mas nós
insistimos, e um de nós disse que desejava ler uma carta do Irmão Pierson
declarando que ele 'tomaria posição a favor da antiga diretoria'. O Irmão
Rutherford recusou-se a deixar que a carta fosse lida e gritou que o Irmão
Johnson tinha ido ver o Irmão Pierson e tinha deturpado o assunto para ele.
Depois de o Irmão Johnson ter negado isso firmemente, o Irmão Rutherford
correu para ele e, usando força física, que quase levantou o irmão Johnson no
ar, disse num acesso de fúria: 'Você vai deixar esta casa antes da noite; se
você não sair, será posto fora.' Antes de anoitecer esta ameaça foi cumprida.
Os pertences pessoais do Irmão Johnson foram literalmente postos fora do Lar
de Betel e foram colocados irmãos como vigias em várias portas para o impedir
de entrar novamente na casa.39

De fato, ao tomar o controlo completo da Sociedade Torre de Vigia em 1917,


Rutherford agiu exatamente como se estivesse a levar a cabo uma purga ao
estilo do partido comunista em vez de proteger a Sociedade de 'opositores'. Ele
não tinha visto nada de errado em mandar Macmillan chamar um polícia para
que Wright, Hoskins, Ritchie e Hirsh -- nessa altura plenamente reconhecidos
como diretores da Sociedade Torre de Vigia -- fossem expulsos dos escritórios
da Sociedade na Hicks Street,40 apesar de ele ainda estar sob obrigação de os
encarar como irmãos em Cristo. E quando os quatro foram obrigados a
abandonar o Betel de Brooklyn, foram tratados com a maior rudeza que
Rutherford e os seus apoiantes conseguiam manifestar. Mais tarde Hirsh e
Hoskins foram removidos de diretores da People's Pulpit Association
[Associação Púlpito do Povo], provavelmente de forma bastante ilegal, quando
em 31 de julho Rutherford e Macmillan usaram procurações de detentores das
ações dessa organização, que lhes tinham sido confiadas para a eleição de
janeiro anterior, para fazerem uma votação e removê-los dos cargos.41

Não se deve inferir disto que os diretores demitidos estavam sem falhas; não
estavam. A eclésia de Nova Iorque dos Estudantes da Bíblia viu falhas em
ambos os lados das querelas no interior da Sociedade. 42 O Vice-Presidente
Pierson vacilou entre Rutherford e os seus adversários, mas no fim morreu em
associação com o presidente da Sociedade.43 No entanto, retrospectivamente,
o que Ritchie, Hirsh, Hoskins e Wright exigiam de Rutherford parece muito mais
razoável do que a Sociedade gostaria de admitir hoje. Talvez mesmo os
representantes da Sociedade saibam isso. Tão recentemente como em 1950,
quando William Cumberland, então trabalhando numa dissertação de
doutoramento na Universidade de Iowa, procurou examinar os documentos da
Sociedade relativos ao cisma de 1917, eles recusaram-se a deixá-lo vê-los. Ele
foi obrigado a obtê-los dos Dawn Bible Students [Estudantes da Bíblia da
Aurora], em muitos sentidos os herdeiros dos adversários de Rutherford. 44

A expulsão de Johnson e dos ex-diretores de Betel foi seguida por uma guerra
de panfletos, com as várias partes apresentando as suas versões da questão.
Os oponentes de Rutherford esperavam desalojá-lo na próxima reunião anual
dos detentores das ações da Sociedade, agendada para janeiro de 1918. Eles
sugeriram que Menta Sturgeon, o secretário privado de Russell e o homem que
estava com ele quando morreu, daria um bom presidente. 45 Mas Rutherford
puxou-lhes completamente o tapete debaixo dos pés. O juiz convocou uma
sondagem democrática entre os Estudantes da Bíblia em novembro de 1917.
Embora a sondagem não fosse vinculativa, lançou a base para a reeleição dele
e dos seus associados. Sem dúvida a comunidade dos Estudantes da Bíblia
olhava para a Sociedade como uma instituição sagrada porque esta tinha
estado associada tão de perto com Russell. Assim, como Rutherford controlava
a Sociedade durante o outono e inverno, ele obteve o apoio da maioria dos
Estudantes da Bíblia, embora uns poucos soubessem o que se estava a
passar.46

Quando os detentores das ações se reuniram, Rutherford foi reeleito ao passo


que os seus oponentes só receberam uma pequena percentagem dos votos.
Até o Vice-Presidente Pierson, que tinha vacilado no seu apoio ao juiz, falhou
em manter uma posição na diretoria.47 Consequentemente, os quatro diretores
depostos e Johnson tinham de se submeter a Rutherford e aos seus
associados ou separar-se permanentemente. Eles escolheram este último
rumo.

Na primavera de 1918 os dissidentes resolveram reunir-se separadamente


para a celebração anual do Memorial da Refeição Noturna do Senhor, com
aqueles grupos de Estudantes da Bíblia que os apoiavam. Desenvolveram-se
dois novos movimentos: um à volta de três dos quatro anteriores diretores da
Torre de Vigia, e outro à volta de Paul Johnson. Estes foram o Pastoral Bible
Institute [Instituto Bíblico Pastoral] e o Laymen's Home Missionary Society
[Sociedade Missionária da Casa do Leigo].48 Na costa oeste dos Estados
Unidos e do Canadá um terceiro grupo, chamndo-se a si mesmos
'Standfasters' [Intransigentes], também se separou da Sociedade. Embora sem
dúvida eles tivessem sido afetados pelos acontecimentos de Nova Iorque, a
sua preocupação primária era que a Sociedade não se tinha oposto com
firmeza ao envolvimento em ações patrióticas durante a Primeira Guerra
Mundial.49

Os Estudantes da Bíblia e a Primeira Guerra Mundial

Conforme indicado anteriormente, Russell e os Estudantes da Bíblia opunham-


se fortemente à participação na guerra. Embora a vissem como um
cumprimento da profecia, eles encaravam as nações envolvidas como estando
controladas por demônios e fora do favor de Deus. Em resultado disso, homens
dos Estudantes da Bíblia que se recusavam a servir como combatentes quando
eram convocados para o serviço militar muitas vezes passavam por
aprisionamento e tratamento brutal, e em alguns casos foram executados.50

Quando a Sociedade Torre de Vigia lançou uma campanha acutilante contra o


apoio do clero à guerra nos Estados Unidos, Canadá e Grã-Bretanha durante o
verão de 1917, a reação não se fez esperar. Durante o outono desse ano os
Estudantes da Bíblia canadianos distribuíram em grandes números O Mistério
Consumado e tratados intitulados The Bible Students Monthly [O Mensário dos
Estudantes da Bíblia], e ambos continham ataques ao militarismo e ao clero. 51
Em janeiro de 1918, o governo canadiano baniu essas publicações e começou
uma campanha de perseguição em larga escala contra os Estudantes da
Bíblia.52

O clero e outros levantaram um clamor contra eles nos Estados Unidos.


Estudantes da Bíblia começaram a ser presos, atacados por multidões,
cobertos por alcatrão e penas, e molestados em todo o país. 53 Foram dadas
ordens de prisão para oito diretores da Sociedade Torre de Vigia: J. F.
Rutherford, W. E. Van Amburgh, A. H. Macmillan, R. J. Martin, C. J.
Woodworth, G. H. Fisher, F. H. Robinson e Giovanni De Cecca. A acusação
contra eles era sedição sob os termos da Lei Americana de Espionagem. Em
21 de junho, sete deles foram sentenciados a vinte anos [de prisão] cada um
na penitenciária federal de Atlanta, Georgia [E.U.A.]; De Cecca foi condenado a
dez anos. Treze dias mais tarde, depois de lhes ter sido recusada fiança
enquanto esperavam pela apelação, os oito foram levados para Atlanta, onde
ficariam detidos durante nove meses. Nesse tempo, o resto do pessoal da sede
da Sociedade Torre de Vigia mudou-se de Brooklyn de volta para Pittsburgh.
Embora eles continuassem a publicar The Watch Tower and Herald of Christ's
Presence [A Torre de Vigia e Arauto da Presença de Cristo], em praticamente
tudo o resto os Estudantes da Bíblia pareciam estar quase destruídos enquanto
movimento.54

Depois do inverno, Rutherford e os seus diretores associados foram


encorajados pela sua reeleição para os cargos por membros da Sociedade
Torre de Vigia reunindo-se em Pittsburgh em janeiro de 1919. Macmillan
encarou essa eleição como um sinal do favor de Jeová. Admitindo
involuntariamente que todas as eleições anteriores dos representantes da
Sociedade tinham sido predeterminadas -- incluindo aquela realizada em 1917
-- ele disse ao Juiz Rutherford: 'Esta é a primeira vez desde que a Sociedade
foi incorporada que se tornou claramente evidente quem Jeová gostaria que
servisse como presidente.'55 Claro que o grupo anti-Rutherford já tinha sido
purgado das fileiras da Sociedade e já não era uma ameaça. Em segundo
lugar, os diretores detidos eram agora vistos como mártires por Estudantes da
Bíblia que estavam eles próprios a ser perseguidos. Considerando todas as
coisas, teria sido surpreendente se Macmillan não tivesse recebido o seu sinal
de favor divino.

Em março de 1919, o Juiz Louis Brandeis do Supremo Tribunal dos Estados


Unidos ordenou que Rutherford e os seus diretores associados fossem
libertados sob fiança. Em abril, o Juiz Ward do Segundo Tribunal Federal de
Apelação de Nova Iorque declarou: 'Os réus neste caso não tiveram o
julgamento moderado e imparcial ao qual tinham direito, e por esta razão o
julgamento é anulado.' Um ano mais tarde o governo dos Estados Unidos
desistiu de todas as acusações contra eles.56

Reorganização no Pós-Guerra

Depois da sua libertação de Atlanta, o Juiz Rutherford começou uma grande


reorganização das atividades dos Estudantes da Bíblia. Em 4 de maio de 1919,
ele discursou num congresso em Los Angeles, e quando os seus comentários
foram bem recebidos, ele decidiu convocar um congresso geral dos Estudantes
da Bíblia americanos e canadianos em Cedar Point, Ohio. 57 Em Cedar Point ele
declarou que os Estudantes da Bíblia têm de 'levar ao mundo a mensagem
divina de reconciliação'; e para ajudá-los ele anunciou a publicação de uma
nova revista, The Golden Age [A Idade de Ouro],58 em violação de uma
provisão específica no testamento de Russell.59

No outono de 1919, os Estudantes da Bíblia começaram a distribuição regular


de casa em casa da The Golden Age.60 Mais importante, em 1920
'trabalhadores de classe', isto é, Estudantes da Bíblia individuais envolvidos em
evangelização pública, começaram a relatar as suas atividades à Sociedade
Torre de Vigia. Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose [As Testemunhas de
Jeová no Propósito Divino] indica de forma um tanto incorreta o que estava
então ocorrendo sob o novo presidente da Sociedade Torre de Vigia: 'O
endurecimento da responsabilidade de pregação começou em 1920 quando se
requereu que todos na congregação que participavam no trabalho de pregação
entregassem um relatório semanal. Antes de 1918 só os colportores ou
pioneiros [evangelistas a tempo inteiro] tinham relatado a sua atividade de
serviço. Designações específicas de território estavam sendo feitas às
congregações para o seu próprio trabalho de campo. No primeiro ano de
relatórios, 1920, havia 8.052 "trabalhadores de classe" e 350 pioneiros.' 61 Assim
começou uma das maiores campanhas de proselitismo na história -- uma
campanha que continua até hoje.

Rutherford estava ansioso por estender as atividades de pregação a terras fora


dos Estados Unidos. Assim, em 1920, ao mesmo tempo que o trabalho de
pregação pública estava sendo reorganizado ao nível congregacional, ele fez
várias mudanças importantes na organização dos Estudantes da Bíblia no
estrangeiro. O escritório da filial canadiana dos Estudantes Internacionais da
Bíblia foi mudado de Winnipeg, Manitoba, para Toronto, Ontário.62 Numa
viagem à Grã-Bretanha, continente europeu, Palestina e Egito, o juiz
providenciou para o estabelecimento de um escritório e complexo de impressão
numa filial Centro-Européia da Torre de Vigia em Zurique, Suíça. 63
Adicionalmente, ele criou outra filial em Ramallah, Palestina, à vista de
Jerusalém.64 Em 1921 houve mais expansão, e a Torre de Vigia contava
dezoito filiais estrangeiras e doze escritórios de filial americanos, formados
para servir grupos de línguas estrangeiras nos Estados Unidos.65

Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão

Um fator importante no crescimento do número e atividade dos Estudantes da


Bíblia durante o início da década de 1920 era algo mais do que organização
melhorada; era a campanha 'Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão'.
Pouco antes da sua detenção em 1918, o Juiz Rutherford tinha dado um
discurso com esse título na Califórnia, mas não foi senão em setembro de 1920
que um livro com o mesmo nome foi publicado e anunciado por um grande
programa de discursos e anúncios em jornais. O livro foi traduzido para onze
línguas estrangeiras -- incluindo yiddish, malaio e burmês -- e tornou-se um
best-seller. O que evidentemente suscitou tanto interesse, além do título da
nova publicação, foi a sugestão de que o milênio começaria em 1925. Essa
projeção, baseada nos cálculos do Ano do Jubileu originalmente publicados em
Three Worlds, levou Rutherford a especular que haveria uma 'restauração
completa' da humanidade nesse tempo. Além disso, ele declarou: 'podemos
esperar em 1925 a volta desses homens fiéis de Israel [Abraão, Isaque e Jacó],
ressurgindo da morte e completamente restituídos à perfeição humana, os
quais serão visíveis e reais representantes da nova ordem das coisas na
terra.'66
É verdade que o juiz, tal como o Pastor Russell antes dele, não alegava
inspiração para as suas idéias e no ano seguinte adotou uma posição mais
cuidadosa em The Harp of God [A Harpa de Deus]. Ali ele observou: 'A
cronologia, pelo menos em certa medida, depende de cálculos exatos e há
sempre alguma possibilidade de erros. Profecia cumprida é o registo de fatos
físicos que realmente existem e estão definitivamente fixos.' 67 No entanto, nem
Rutherford nem os seus colegas prestaram realmente muita atenção a essa
qualificação e continuaram a proclamar as predições publicadas em Milhões
Que Agora Vivem Jamais Morrerão. Por exemplo, em The Way to Paradise [O
Caminho Para o Paraíso], publicado em 1924, William E. Van Amburgh
profetizou em detalhe ainda maior tudo o que ocorreria no ano seguinte e
imediatamente depois.68 Consequentemente, à media que 1925 se aproximava,
foi gerada grande excitação entre os Estudantes da Bíblia. Segundo relatos
ainda circulados por pessoas que eram membros da comunidade dos
Estudantes da Bíblia naquela época, muitos desistiram dos seus negócios,
empregos e até venderam as suas casas na expectativa de em breve estarem
vivendo num paraíso terrestre. Assim, quando o Juiz Rutherford admitiu na
Watch Tower de 15 de fevereiro de 1925 que talvez se tivesse esperado
demasiado para aquele ano,69 era tarde demais. Muitos agricultores Estudantes
da Bíblia tanto no Canadá como nos Estados Unidos recusaram-se a semear
os seus campos na primavera e ridicularizaram os seus correligionários que o
fizeram. Assim, quando 1926 chegou sem o aparecimento de Abraão e dos
outros 'notáveis da antigüidade', e sem sinais do paraíso, houve grande
desapontamento.

Embora Rutherford não admitisse qualquer culpa real sobre o assunto nas
publicações da Sociedade, ele deu desculpas descaracterizadas em
congressos da IBSA. Evidentemente, ele também estava desgostoso. Num
discurso público dado na Austrália no início de 1975, o atual [1985] presidente
da Sociedade Torre de Vigia, Frederick W. Franz, declarou que o juiz tinha
admitido 'que fizera figura de asno em 1925'. No entanto, isto não o impediu de
continuar a proclamar que o fim do mundo estava 'iminente' e que poderia ser
esperado dentro de poucos anos ou até poucos meses. O fato de ele ter
profetizado falsamente também não lhe parece ter dado segundos
pensamentos sobre a campanha de pregação dos Estudantes da Bíblia, sobre
o seu ministério ou o seu desejo de manter e aumentar os seus poderes
pessoais. Mas como os acontecimentos acabariam por mostrar, muitos
Estudantes da Bíblia tinham um sentimento muito diferente: a débâcle de 1925,
junto com o crescente ressentimento contra o presidente da Torre de Vigia,
levaria muitos milhares a sair do movimento nos anos seguintes.

O Ministério de Rutherford

Durante os anos que se seguiram a 1925, Rutherford fez sair um dilúvio de


novos livros e folhetos, incluindo Deliverance [Libertação] em 1926, Creation
[Criação] em 1927, Reconciliation [Reconciliação], Government [Governo] e
Life [Vida] em 1929, e vários outros até à publicação de Children [Filhos], a sua
última obra, em 1941. De fato, ele produziu uma média de um livro por ano, e
as suas publicações alcançaram um total de 36 milhões de cópias. 70 Mas ele
não era apenas um escritor. Ele provou ser em todos os pormenores tanto um
dínamo humano como o Pastor Russell tinha sido. Vez após vez ele discursou
nos congressos da Torre de Vigia, na rádio nacional e internacional entre
meados da década de 1920 e 1937, e em muitas gravações de fonógrafos.

Congressos

Também muito importante foi o fato de Rutherford ter transformado os


congressos dos Estudantes da Bíblia/Testemunhas de Jeová em grandes
eventos de publicidade. Embora os congressos tivessem sido importantes
durante a vida de Russell, pouco mais eram do que reuniões espirituais para os
próprios Estudantes da Bíblia. Sob Rutherford isso mudou dramaticamente.

Entre 1922 e 1928 a Sociedade Torre de Vigia realizou uma série de


congressos que as Testemunhas de Jeová hoje acreditam terem sido os sete
toques angélicos de trombeta mencionados em Revelação 8:1-9 e 11:15-19.71
Assim, cada congresso condenou parte da 'organização de Satanás' ou o
próprio Satanás. Em 1922, em Cedar Point, Ohio, o apoio do clero à Liga das
Nações foi condenado como deslealdade ao reino de Cristo. Imediatamente
depois, cerca de 45 milhões de cópias de uma resolução nesse sentido foram
distribuídas em todo o mundo. No ano seguinte, em Los Angeles, os
Estudantes da Bíblia presentes aprovaram uma resolução intitulada 'Um Aviso',
que mais uma vez atacava o clero e também foi circulada por todo o mundo.
Em Columbus, Ohio, em 1924, eles adotaram a 'Acusação' contra homens do
clero e distribuíram ainda mais cópias de um tratado intitulado Ecclesiastics
Indicted [Acusados os Eclesiásticos] do que tinham feito com resoluções
anteriores. Depois, em 1925, em Indianapolis, Indiana, proclamaram uma
'Mensagem de Esperança' para a humanidade mas continuaram a condenar a
cristandade e os seus líderes religiosos. Em Londres, Inglaterra, em 1926, eles
bradaram em aprovação de 'Um Testemunho aos Governante das Nações',
que censurava a Grã-Bretanha e o mundo. No ano seguinte, em Toronto,
Ontario, o Juiz Rutherford leu uma resolução a 15.000 Estudantes da Bíblia
reunidos, intitulada 'Aos Povos da Cristandade'. Um discurso de apoio,
'Liberdade para os Povos', foi transmitido por uma cadeia internacional de
cinqüenta e três estações de rádio, um número espantoso para aquele tempo.
Finalmente, em 1928, em Detroit, Michigan, os Estudantes da Bíblia aceitaram
uma 'Declaração Contra Satanás e a Favor de Jeová'.72

Em anos posteriores outros congressos também foram de grande importância,


especialmente um realizado em Washington, DC, em 1935, e outro realizado
em St. Louis, Missouri, em 1941. Nesta assembléia, a última do Juiz
Rutherford, estiveram presentes cerca de 115.000 pessoas, 73 e as
Testemunhas de Jeová puderam desafiar abertamente a terrível perseguição
que então as estava a atingir como uma onda gigante em resultado da
acusação de que elas eram não eram patrióticas e eram inimigas das nações
em que viviam.

O Poder Crescente de Rutherford

Ao mesmo tempo que estava a realizar as suas atividades de escrita e


pregação, Rutherford gradualmente começou a ganhar maior controlo sobre a
comunidade dos Estudantes da Bíblia. Ele tinha-se tornado absoluto no que
dizia respeito aos negócios da Sociedade em 1917. Em 1925 ele tornou-se
igualmente absoluto na determinação de quais as doutrinas que deviam ser
ensinadas nas publicações da Torre de Vigia. Passando por cima das objeções
da comissão editorial da Sociedade, ele publicou um artigo importante e
revolucionário em termos doutrinais, intitulado 'Nascimento da Nação'.74 Em
resultado disso, ele destruiu a comissão.75 Mas as eclésias ainda eram
relativamente independentes sob os seus próprios anciãos eleitos. No entanto,
isso não duraria muito. Tal como Paul Johnson tinha suspeitado
anteriormente,76 Rutherford estava determinado a colocá-los sob o controlo
centralizado da Torre de Vigia em nome do que ele mais tarde decidiu chamar
'Governo Teocrático'.

Segundo Rutherford, o propósito principal da comunidade dos Estudantes da


Bíblia era pregar. Para cumprir esse requisito, tinha de ser feito tudo para
promover o evangelismo -- especialmente evangelismo de porta a porta com as
publicações da Sociedade. Assim, todos os congressos de 1919 em diante
enfatizaram a importância de anunciar a mensagem da Torre de Vigia.

Com o passar do tempo, a barragem constante de propaganda convenceu


muitos Estudantes da Bíblia de que, num sentido estranho, eles tinham de
'publicar ou perecer'. Na década de 1920 Rutherford passou a afirmar que
todos os cristãos têm de pregar publicamente em cumprimento de Mateus
24:14. No entanto, apesar de tal pressão constante, outros -- talvez a maioria --
resistiram a ser arregimentados para o trabalho de pregação. Muitos ainda
mantinham a crença, dos tempos de Russell, de que a edificação do caráter ou
santificação cristã era mais importante do que o proselitismo. Muitos também
não podiam aceitar o argumento de que se requeria que todos
testemunhassem de porta em porta. E, mais importante, muitos anciãos eleitos
ressentiram-se da crescente autoridade e manipulação da Sociedade sobre as
congregações locais. Consequentemente, para atingir o seu objetivo de um
domínio completo sobre a comunidade dos Estudantes da Bíblia, Rutherford
teve de tomar algumas medidas. Entre estas, ele teve de destruir o conceito de
santificação ou desenvolvimento do caráter, e também a idéia de que Russell
tinha sido o servo fiel e sábio.

Para realizar a primeira medida, ele publicou um artigo na The Watch Tower [A
Sentinela] de 1.º de maio de 1926, na qual desacreditou completamente o
termo 'desenvolvimento do caráter'. Curiosamente, se olharmos para esse
artigo e o compararmos com as declarações de Russell na matéria, veremos
que Rutherford estava a atacar um straw man [caricatura ou deturpação das
declarações de Russell]. No entanto, ao desacreditar o velho conceito dos
Estudantes da Bíblia da santificação como 'obra de retidão', ele pode,
paradoxalmente, colocar maior ênfase na obra do evangelismo.

Era óbvio, porém, que enquanto a Sociedade distribuísse as obras de Russell e


continuasse a encará-lo como o servo fiel e sábio, os Estudantes da Bíblia
estariam relutantes em adotar inquestionavelmente as idéias de Rutherford.
Assim, na Watch Tower [Sentinela] de 1.º de janeiro de 1927 Rutherford
publicou um artigo que foi obviamente produzido para desacreditar a reputação
de Russell. Entre outras coisas esse artigo declarou: 'O esquema do inimigo é
afastar o homem de Deus, induzindo o homem a reverenciar algum outro
homem; e dessa forma muitos caem no laço do Diabo.'77

Pouco depois, em fevereiro do mesmo ano, a Sociedade abandonou a idéia de


que Russell tinha sido o servo fiel e sábio; dali em diante 'aquele servo' devia
ser encarado como sendo o remanescente dos eleitos de Deus na terra --
aqueles dos 144.000 santos de Revelação 14:1 que ainda não se tinham
juntado a Cristo na glória celestial.78

Ao mesmo tempo que Rutherford estava a desacreditar a memória de Russell e


os seus ensinos, ele estava

Assistência ao memorial dos Estudantes da Bíblia, 1917-1928

a aumentar a sua própria autoridade. Conforme Timothy White indica de forma


tão convincente através da citação de excertos da The Watch Tower [A
Sentinela], o que Rutherford fez foi mudar a definição do termo 'Sociedade'
para passar a significar a inteira comunidade dos Estudantes da Bíblia -- de
fato, a igreja. Segundo White, em 1919 e 1920 Paul Johnson pôs em circulação
um artigo intitulado 'The Church Organized in Relation to the Society' [A Igreja
Organizada em Relação com a Sociedade]. Nesse artigo Johnson argumentou
que a Sociedade devia ser o servo da igreja (os Estudantes da Bíblia) em vez
de ser o seu dono. Em resposta, Rutherford defendeu que: 'Embora a
Sociedade seja uma pessoa jurídica que tem necessariamente representantes
e servos, em si mesmos estes não constituem a Sociedade. Num sentido mais
amplo, a Sociedade é composta do corpo de cristãos organizados de maneira
ordeira sob a direção do Senhor para o desempenho do seu trabalho.' Por esta
definição, conforme White afirma, Rutherford estava a alegar que por ser o
presidente da Sociedade, ele era também de fato o 'presidente da igreja.' 79
Embora o juiz não se atrevesse a fazer essa alegação de forma tão explícita,
por volta de 1940 a Sociedade Torre de Vigia tinha passado a reconhecer esse
fato abertamente. Consolation [Consolação] (a The Golden Age [A Idade de
Ouro] sob um novo nome) declarou: 'A Teocracia é presentemente
administrada pela Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, da qual o
Juiz Rutherford é o presidente e administrador geral.'80

O Novo Nome

Durante os anos que se seguiram a 1919, Rutherford e os seus associados


rotularam os seus companheiros Estudantes da Bíblia que já não aceitavam as
direções da Sociedade como 'servos iníquos', a 'classe de Judas' e a 'classe de
Dalila'. No entanto, muitos Estudantes da Bíblia associados com a Torre de
Vigia ainda continuavam a encarar tais pessoas como irmãos em Cristo.
Consequentemente, para diferenciar mais claramente os seus seguidores dos
muitos Estudantes da Bíblia independentes, em 26 de julho de 1931, às 16
horas, Rutherford leu uma resolução perante um congresso da Torre de Vigia
reunido em Columbus, Ohio, na qual os convidou para que aceitassem o novo
nome: 'Testemunhas de Jeová'.81

Os argumentos que o Juiz usou eram uma obra prima de lógica falaciosa e má
exegese. Por exemplo, ele usou Isaías 62:1, 2 na tradução de Rotherham para
mostrar que o povo de Deus haveria de receber 'um novo nome'. Mas,
conforme Timothy White observa, se ele se tivesse dado ao trabalho de ler
mais dois versículos teria descoberto que o novo nome seria 'Hefzibá', e não
'Testemunhas de Jeová'.82 No entanto, a escolha do novo nome foi um
audacioso golpe de gênio da parte de Rutherford. Pois provavelmente mais do
que qualquer outra coisa, deu uma proeminência e singularidade aos apoiantes
da Torre de Vigia que nada mais poderia ter dado. Também serviu como uma
importante separação psicológica em relação a Russell e ao passado dos
Estudantes da Bíblia, e foi um passo importante na criação de um arranjo
'teocrático' altamente centralizado sob Rutherford e os seus sucessores
escolhidos a dedo. É claro que isso ofendeu alguns Estudantes da Bíblia que
antes tinham permanecido leais à Sociedade; de fato, isso representava a
adoção de um nome sectário em violação de um dos ensinos mais sentidos de
Russell. Mas Rutherford sem dúvida queria que tais pessoas se submetessem
ou abandonassem o movimento de qualquer maneira. Para o juiz, todos os que
não estavam completamente a favor dele, estavam contra ele -- e contra Jeová
também.

O Desenvolvimento do Governo Teocrático

As mudanças nas doutrinas dos Estudantes da Bíblia a respeito de escatologia,


desenvolvimento do caráter e o servo fiel e sábio levaram muitos a sair do
movimento.83 O artigo 'Nascimento da Nação' em 1925 por si só evidentemente
fez com que muitos saíssem.84 Porém, enquanto as congregações ou eclésias
locais fossem governadas pelos seus próprios anciãos e organizassem os seus
próprios assuntos, podiam, se assim entendessem, ignorar a maior parte dos
pronunciamentos de Rutherford e continuar em associação com outros
Estudantes da Bíblia. Por isso, Rutherford decidiu dominar os anciãos ou, se
isso não resultasse, aboli-los como classe.

Conforme observado anteriormente, ele usou o argumento de que a Sociedade


(a inteira comunidade dos Estudantes da Bíblia) era consagrada para levar a
cabo um grande testemunho ou trabalho de pregação nos 'últimos dias'.
Consequentemente, qualquer pessoa que se opusesse ao trabalho da
Sociedade (a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados) conforme
dirigida pelo seu presidente, estava a opor-se à vontade de Deus. Assim, ele
disse que os anciãos que se recusassem a obedecer às ordens de Brooklyn
eram 'vaidosos', 'arrogantes' e uma legião de outros epítetos que Rutherford
gostava de usar para se referir a eles.85

O juiz era demasiado prudente para simplesmente atacar os anciãos sem ter
outros para colocar no seu lugar. Durante os anos de 1919 a 1932, ele
aumentou gradualmente o seu controlo sobre congregações locais de
Estudantes da Bíblia através do desenvolvimento de novas atividades de
pregação dirigidas pela Sociedade, que foram colocadas sob a
superintendência dos diretores de serviço que tinham primeiro sido nomeados
para distribuir a The Golden Age [A Idade de Ouro] em 1919. Estas novas
atividades incluíam a circulação de várias resoluções adotadas em congressos
e, a partir de 1926, a distribuição de casa em casa de literatura da Torre de
Vigia. Consequentemente, o que Rutherford estava a fazer era construir em
cada congregação um corpo de diretores pregadores partidários da Sociedade.
Embora fossem nomeados localmente pelas eclésias, eram designados pela
Sociedade, e tendiam a ser leais a Rutherford e à Sociedade em todos os
assuntos.86

Ao mesmo tempo, Rutherford decidiu enfraquecer a autonomia congregacional


mudando a natureza das reuniões locais. Ele sugeriu que as reuniões
tradicionais de oração e testemunho dos Estudantes da Bíblia fossem divididas
em duas partes, uma delas tornando-se uma 'reunião de serviço' -- dedicada
quase exclusivamente a promover o trabalho de pregação pública. Discursos
públicos ou sermões, proferidos sobre vários temas selecionados pelos
anciãos, foram desencorajados ao passo que foram encorajados estudos da
The Watch Tower [A Sentinela], do tipo pergunta-e-resposta. Assim,
gradualmente e subtilmente, o juiz passou a controlar mais e mais a dieta
espiritual administrada às congregações dos Estudantes da Bíblia.87

Rutherford e os seus apoiantes ainda estavam, tão tarde como em 1932,


irritados com a independência de alguns anciãos e a sua má vontade em
aceitar inquestionavelmente as ordens da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias
e Tratados. Depois de muita discussão, o juiz decidiu resolver o problema
eliminando os anciãos. Assim, apareceu na Watch Tower [Sentinela] de 1.º de
fevereiro de 1932 uma carta -- obviamente plantada ali tendo em vista eventos
futuros -- de Charles Morrell, um Estudante da Bíblia de longa data e secretário
privado do Presidente do Supremo Tribunal Canadiano, Sir Lyman Duff. A
carta, que apareceu na página 47, diz:

A seguinte pergunta é submetida tanto para consideração como para resposta,


pois suponho que se o ponto envolvido for sólido, será tratado pela Watch
Tower [Sentinela] no devido tempo.

Essencialmente, o apóstolo diz que o espírito santo fez dos anciãos


superintendentes do rebanho de Deus. Tendo o próprio Senhor agora
assumido a superintendência de Sião, ainda há justificação para o serviço de
anciãos?

Expresso de forma diferente, não era o propósito do Senhor limitar a jurisdição


dos anciãos ao tempo da ausência da terra do Senhor Jesus, começando com
a sua ascensão, e dando o espírito santo como guia e instrutor, e a vinda de
Cristo Jesus ao templo?

Evidência externa para isto pode residir no fato de ter havido lugar para
considerável criticismo dos anciãos em anos recentes, particularmente desde
1922. Chamados a servir, muitos deles provaram ser 'um espinho na carne' da
Sociedade, dos diretores, da organização de serviço e dos trabalhadores fiéis.
A eleição deles, supostamente expressando a 'Vontade do Senhor' pelo
espírito santo, freqüentemente resultou em oposição à 'mente do Senhor'
conforme manifestada através da Sociedade.

Será que a remoção do espírito santo não implica o fim do governo da igreja
das 'fileiras para cima', e a vinda do Rei ao seu templo não implica o governo
da igreja do 'trono para baixo'? E se é assim, não temos nós uma organização
dual, governada do 'trono para baixo' e das 'fileiras para cima'?

Sendo a resposta afirmativa, não seria nos interesses do reino, e biblicamente


correto, dispensar completamente os anciãos e diáconos, e substituí-los por
instrutores da mesma maneira como são nomeados os diretores?

Com caloroso amor cristão, pela Sua graça, sou,

Vosso irmão,

Charles Morrell, Ontario.

Em 'resposta' direta às perguntas de Morrell, os números de 15 de agosto e 1.º


de setembro de 1932 da The Watch Tower [A Sentinela] exigiram a abolição
dos anciãos congregacionais eleitos, indo ao extremo de afirmar que o cargo
de ancião era claramente antibíblico. Em resultado disso, acabou-se com o
sistema de anciãos e diáconos democraticamente eleitos que tinha existido
durante mais de cinqüenta anos. Dali em diante, as publicações da Sociedade
continuaram a lançar ridículo sobre os anciãos eleitos. Eles foram descritos
como 'arrogantes' e 'preguiçosos', não estando dispostos, pelo menos na
maioria dos casos, a envolverem-se no trabalho de pregação das boas novas
do reino de Cristo.88 De fato, o principal pecado deles tinha sido a sua recusa
em trabalhar seriamente de livre vontade sob o Juiz Joseph Franklin
Rutherford.

Durante algum tempo, as comissões de serviço que substituíram os anciãos e


diáconos foram eleitas pelas congregações locais. Mas em 1938 todos os seus
representantes ou 'servos', como eram então chamados, passaram a ser
nomeados pela Sociedade Torre de Vigia. A democracia congregacional foi
substituída pelo governo teocrático. Os Estudantes da Bíblia, agora
Testemunhas de Jeová, tinham-se tornado um exército de evangelizadores.
Até os nomes que usavam eram de natureza militar. Já não se deviam mais
referir às suas congregações como 'classes', 'eclésias' ou 'igrejas' como tinham
feito durante tanto tempo; agora eram 'companhias' sob 'servos de companhia',
os sucessores dos diretores de serviço. Os colportores eram agora
evangelizadores a tempo inteiro conhecidos como 'pioneiros', muitos dos quais
tinham servido como 'atiradores de elite' numa guerra espiritual contra o Diabo
e o seu sistema.

Alienação Social Crescente

Outras mudanças significativas sob a presidência de Rutherford contribuíram


para tornar os Estudantes da Bíblia/Testemunhas de Jeová sociologicamente
mais sectários ou, como Werner Cohn os descreveu, mais 'proletários' no
sentido Marxista original desse termo.89 Com efeito, eles tornaram-se mais
completamente isolados e alienados do resto da sociedade num sentido
psicológico, uma comunidade que vive e trabalha em, mas não comunga de,
sociedades mais amplas.

O Juiz Rutherford passou a achar, por exemplo, que seriam ressuscitadas


menos pessoas do que Russell pensava. O Pastor, um ser humano geralmente
caloroso e bondoso, não tinha acreditado na salvação universal, mas tinha
chegado perto disso. Mas para choque de muitos Estudantes da Bíblia, em
1923 The Watch Tower [A Sentinela] declarou diretamente que não havia
esperança para o clero da cristandade.90 Mais tarde, Estudantes da Bíblia
dissidentes foram classificados como 'servos iníquos' e 'o homem da perdição'
e por isso foram condenados à destruição eterna.91 No fim da década de 1930,
a literatura da Sociedade estava a ensinar, em nítido contraste com as opiniões
de Russell, que Adão e Eva, Caim e os habitantes de Sodoma e Gomorra,
Salomão, os escribas e fariseus e uma legião de outros tinham perecido
eternamente. Além disso, a literatura passou a defender que qualquer pessoa
que rejeitasse a mensagem das Testemunhas de Jeová depois de 1918, e
todas as crianças pequenas incluindo bebês de colo que morressem no
Armagedom não teriam esperança de ressurreição.92 E embora Estudantes da
Bíblia ao estilo antigo que continuavam em associação com a Sociedade
muitas vezes se recusassem discretamente a aceitar tais ensinos, os novos
convertidos, que substituíram gradualmente e em breve superaram em número
o punhado de leais à Torre de Vigia dos dias de Russell, aceitavam-nos.

Nas edições da The Watch Tower [A Sentinela] de 1.º de junho e 15 de junho


de 1929, Rutherford também introduziu uma nova exegese de Romanos 13:1-
7, que fez com que as Testemunhas encarassem o Estado secular como
demoníaco e virtualmente sem aspectos redentores. Em 1932, ele e a
Sociedade abandonaram uma longa tradição que tinha ensinado que judeus
naturais e o Sionismo tinham um papel especial no plano divino de Jeová;
agora as próprias Testemunhas deviam ser encaradas como o único Israel de
Deus.93 E em 1935 as Testemunhas, encorajadas pelas ações dos seus irmãos
na Alemanha e por um discurso do Juiz Rutherford, tomaram uma posição mais
forte contra a saudação de bandeiras nacionais e levantar-se quando eram
entoados hinos nacionais.94
Rutherford e aqueles que lhe eram próximos também tinham uma influência
cada vez maior sobre as Testemunhas de outras maneiras. O Juiz era um
homem muito tendencioso e com preconceitos profundos. Assim, como um
populista à maneira antiga, ele tinha uma muito alardeada simpatia pelos
pobres e, seguindo as pisadas de Russell, geralmente manifestava um senso
de tolerância racial. No entanto, curiosamente, a sua aparente simpatia para
com os judeus e negros era muitas vezes misturada com uma intolerância
branca, [típica] do sul da América, em relação a esses grupos. Por exemplo,
enquanto dava um discurso sobre o regresso dos judeus à Palestina na
profecia, num congresso dos Estudantes da Bíblia em Winnipeg, Manitoba, no
início da década de 1920, ele disse: 'Estou a falar do judeu da Palestina, não
estou a falar do pequeno indivíduo de nariz curvo e ombros inclinados que fica
de pé nas esquinas das ruas tentando extorquir-lhe todos os tostões que você
tem.'95 No que diz respeito às mulheres, ele era completamente misógino. Ele
viveu afastado da esposa durante anos e odiava feministas. Assim, ele até
chegou ao extremo de sugerir que era moralmente errado para homens
cristãos levantar o chapéu às senhoras, levantar-se quando elas entravam
numa sala, ou mostrar qualquer deferência particular a mulheres. Ele encarava
o Dia da Mãe como uma conspiração feminista. Mas talvez mais espantoso
ainda, ele citou abertamente a descrição de Kipling de uma mulher como 'um
novelo de cabelo e um saco de ossos.'96 Como seria de esperar, muitas
Testemunhas, particularmente trabalhadores das classes baixas, de colarinho
azul, adotaram os valores do juiz, explícita ou implicitamente.

O juiz por vezes também era uma pessoa austera e a austeridade tornou-se
um regra da vida das Testemunhas. Natal, festas de aniversário e outros
costumes populares foram descritos como sendo de origem pagã, anti-cristãos,
e consequentemente não deviam ser celebrados ou praticados. 97 Durante
algum tempo até foram proibidos os cânticos nas congregações.98 Barbas,
freqüentemente usadas por muitos Estudantes da Bíblia em imitação do Pastor
Russell, foram proibidas nos escritórios e tipografias da Torre de Vigia em todo
o mundo.99 A barba era encarada como um sinal de presunção, embora muitas
Testemunhas mais antigas ignorassem Rutherford neste assunto e
continuassem a usar barba.

Rutherford não era a única influência da comunidade dos Estudantes da


Bíblia/Testemunhas de Jeová nas décadas de 1920 e 1930, embora
certamente fosse a mais importante. Clayton Woodworth era uma segunda
influência, e por isso também merece alguma descrição. Conforme observado
anteriormente, Woodworth era mais do que apenas um pouco excêntrico.
Como conseqüência disso, ele haveria de impor às Testemunhas algumas
idéias muito pouco ortodoxas através das páginas da The Golden Age [A Idade
de Ouro], da qual era editor. Entre outras coisas, ele odiava a Associação
Médica Americana, negava a teoria das doenças provocadas por germes,
atacava constantemente as vacinas contra a varíola como sendo um costume
nojento de injetar pus animal no sistema humano, e levou a cabo uma vendetta
contra a indústria do alumínio. Os utensílios de alumínio, segundo Woodworth,
eram venenosos.100 Assim, as Testemunhas receberam dele mais algumas
atitudes e práticas estranhas. Muitas vezes, quando ficavam mal dispostas
depois de comerem num restaurante ou café, as famílias de Testemunhas
atribuíam a sua indisposição aos utensílios de alumínio em vez de a uma
intoxicação alimentar, embora esta última hipótese fosse mais provavelmente a
causa.

Talvez a atividade mais extrema de Woodworth tenha sido a criação de um


novo calendário para as Testemunhas de Jeová. Nas edições da The Golden
Age [A Idade de Ouro] de 13 de março, 27 de março e 10 de abril de 1935, ele
publicou um artigo em três partes intitulado 'The Second Hand in the Timepiece
of God'. Com o seu zelo típico, ele derramou vitríolo verbal sobre o clero da
Igreja de Roma e passou a descrever praticamente todos os calendários em
uso corrente como sendo do Diabo. Depois de uma discussão muito enrolada
sobre vários textos bíblicos e

[imagem]
O Ano de Resgate de Jeová (da The Golden Age [A Idade de Ouro] de 13 de março de 1935, p. 381)

cálculos astronômicos, ele apresentou o seu novo calendário 'teocrático' na


página 381 da The Golden Age [A Idade de Ouro] de 13 de março. Todos os
nomes dos meses e dos dias da semana eram diferentes daqueles
normalmente usados. Além disso, o novo calendário começava com a
crucificação em vez de começar com o nascimento de Cristo, e os novos anos
deviam começar na primavera. Finalmente, o número de dias nos novos meses
foi um pouco modificado. Felizmente, o Juiz Rutherford teve o bom senso de
nunca permitir que o calendário teocrático de Woodworth fosse usado.

O Crescimento da Comunidade dos Estudantes da Bíblia/Testemunhas

Durante a maior parte da administração de Rutherford, o crescimento do


número de Estudantes da Bíblia/Testemunhas foi surpreendentemente lento,
particularmente se considerarmos a grande quantidade de literatura da Torre
de Vigia distribuída, o número de sermões de Rutherford pregados através da
rádio, e o número de horas gastas na realização de visitas domiciliares por
zelosos 'publicadores do reino'. Praticamente não houve crescimento
permanente antes de 1928, e durante a década seguinte o número de
publicadores ou pregadores ativos aumentou apenas 2,97% por ano para um
total de 59.047.101 Em 1938 apenas 69.345 assistiram ao Memorial anual da
Ceia do Senhor.102 Portanto, em termos numéricos, até esta altura dificilmente
se poderia dizer que as Testemunhas de Jeová se tinham tornado num grande
sucesso, e a grande campanha de proselitismo de Rutherford provavelmente
alienou muito mais membros do público do que atraiu.

Um dos principais fatores inibindo um crescimento mais rápido era que, ao


mesmo tempo que estavam sendo feitos numerosos novos convertidos, quase
tantos Estudantes da Bíblia de longa data estavam cortando a sua associação
com a Sociedade.103 Mudanças doutrinais contínuas e a luta entre o Juiz
Rutherford e os anciãos levou muitos mais a afastarem-se; e quando em 1929
e 1930 um movimento mais ativo, tradicionalmente 'Russellita', o Dawn Bible
Students Association, começou a surgir, muitos juntaram-se-lhes.104 Depois
disso, quando as Testemunhas de Jeová procuravam a associação mais liberal
e tradicional dos Estudantes da Bíblia, tendiam a gravitar para esse grupo.
No entanto, lentamente, as Testemunhas de Jeová começaram a expandir-se e
nos últimos anos da vida do juiz milhares de novos convertidos juntaram-se-
lhes. Vários fatores, todos merecendo alguma análise, foram responsáveis por
esse crescimento. Estes incluem a organização melhorada sob governo
teocrático, a doutrina da vindicação do nome de Jeová, a nova doutrina da
'grande multidão' e condições graves em todo o mundo, provocadas pela
Depressão, a ascensão do Fascismo e o eclodir da Segunda Guerra Mundial.
Finalmente, a firme fidelidade das Testemunhas durante perseguição terrível
nas décadas de 1930 e 1940 deu-lhes uma proeminência e simpatia que atraiu
muita gente a eles.

O governo teocrático mudou a natureza da comunidade das Testemunhas. Não


só os servos de companhia e os seus assistentes eram nomeados diretamente
pela Sociedade, mas as companhias locais eram organizadas em 'zonas' sob
'servos de zona' que as visitavam regularmente para encorajar o trabalho de
pregação e 'manter a unidade de ação'. Eram reunidas cerca de vinte
congregações numa área particular para formar uma zona e de tempos a
tempos eram realizados congressos de zona. As zonas eram por sua vez
organizadas em regiões sob servos regionais que visitavam as zonas na época
dos congressos. Em 1.º de outubro de 1938, os Estados Unidos estavam
divididos em onze regiões que estavam subdivididas em 148 zonas. 105 Assim, o
governo teocrático compreendia a criação de um sistema plenamente
desenvolvido de governação teocrática com 'servos' que detinham exatamente
tanta autoridade entre as Testemunhas de Jeová como os arcebispos e bispos
entre os Católicos Romanos. E estes servos enfatizavam, até um ponto como
nunca antes tinha sido feito, que se uma pessoa queria ser aprovada pela
Sociedade, e consequentemente por Jeová, ela tinha de pregar.

Em 1938 eram poucos os Estudantes da Bíblia de mentalidade mais


independente que ainda permaneciam em associação com a Sociedade Torre
de Vigia. Opor-se à teocracia de qualquer modo significava ser rotulado de
'perturbador' e evitado. Com poucas excepções, isto significava que a maioria
das Testemunhas de Jeová apoiavam completamente a pregação de casa em
casa e tudo o resto publicado na The Watchtower [A Sentinela]. Conforme uma
Testemunha idosa da Califórnia disse: 'Se The Watchtower [A Sentinela]
dissesse que a lua era feita de queijo verde, eu acreditaria nisso.' Felizmente,
The Watchtower [A Sentinela] não foi tão longe; no entanto, quando a
Sociedade instruía as Testemunhas a levar a cabo uma campanha de
evangelização sob todas e quaisquer circunstâncias, elas estavam prontas a
obedecer até à própria morte. Não admira que os Nazis as considerassem um
movimento político perigoso e rival.106

A Vindicação do Nome de Jeová

Um fator importante por detrás desse zelo era a doutrina da vindicação do


nome de Jeová, uma doutrina que ainda é ensinada pelas Testemunhas de
Jeová hoje. Sob Russell, a doutrina central dos Estudantes da Bíblia tinha sido
o resgate expiatório de Cristo que era visto como a expressão do amor de
Deus pela Humanidade. Consequentemente, para Russell e para os
Estudantes da Bíblia dos seus dias, o Novo Testamento era encarado como
sendo mais importante do que o Velho Testamento. Embora às vezes
enfatizassem a importância da ira de Deus, não era uma doutrina primária para
eles. Sob Rutherford, tudo isso mudou. Escrevendo na página 320 do livro
Jehovah [Jeová], publicado em 1934, ele declarou taxativamente: 'Deus
providenciou que a morte de Cristo Jesus, o seu amado filho, fornecesse o
resgate ou preço redentor para o homem; mas essa bondade e amor para com
a humanidade são secundários em relação à vindicação do nome de Jeová.' O
juiz enfatizou como, sendo fiel à sua comissão, as testemunhas de Deus ao
longo da história tinham tido uma parte na vindicação do nome divino. Mas a
vindicação definitiva do Todo-Poderoso viria no Armagedom quando os iníquos
fossem destruídos. Usando interpretação alegórica, Rutherford argumentou
que ao trazer vingança sobre os iníquos nos dias do antigo Israel, Jeová estava
simplesmente prefigurando o que faria nos últimos dias deste mundo iníquo.
Por isso tornou-se da máxima importância que os homens escolhessem entre
juntar-se a Jeová, a Cristo e à Teocracia, ou desaparecer junto com o Diabo e
o seu sistema na batalha do grande dia de Deus, o Todo-Poderoso.

Significativamente, a doutrina da vindicação do nome de Jeová era de muitas


maneiras como a doutrina de João Calvino sobre a majestade de Deus.
Igualmente significativo, foi sem dúvida um dos principais fatores no
desenvolvimento de um zelo ardente, quase fanático, nas Testemunhas do
século vinte exatamente como o ensino de Calvino tinha feito entre os seus
seguidores no século dezasseis. Isso significava que, tal como os calvinistas
dessa era, as Testemunhas tornaram-se cada vez mais intolerantes para com
tudo e todos que não estivessem em harmonia com a nova nação de Deus, a
Teocracia, como eles a viam.

O Ataque à Religião

Ligada à doutrina da vindicação do nome de Jeová estava uma campanha


rancorosa de invectivas contra aqueles que as Testemunhas encaravam como
inimigos de Deus. O juiz Rutherford e os seus associados próximos nunca
esqueceram o trauma de 1918 e 1919. Assim, até à sua morte em 1942, ele
lançou uma série se ataques ao comércio, política e religião -- 'os três
principais instrumentos do Diabo'. No que diz respeito ao capitalismo, o juiz
odiava-o tal como Russell antes dele, e é de certo modo compreensível que os
Estudantes da Bíblia e as Testemunhas da década de 1930 tenham sido
ocasionalmente acusadas de simpatias marxistas, ou pelo menos socialistas.107
O juiz, no entanto, não tinha os políticos de esquerda em mais alta conta do
que quaisquer outros; ele afirmava que seriam todos destruídos no
Armagedom. Porém, nem o comércio nem a política receberam o abuso verbal
que Rutherford, Woodworth e as Testemunhas lançaram sobre as igrejas e, em
particular, sobre o clero.

Rutherford, corretamente, culpou membros do clero pela sua detenção em


1918 e, embora ele certamente fosse contrário ao protestantismo e judaísmo,
guardou os epítetos da sua escolha para os padres e hierarquia da Igreja de
Roma. Por exemplo, num estilo típico, no livro Enemies [Inimigos], o juiz
declarou: 'Todas as organização na terra que estão em oposição a Deus e ao
seu reino, por conseguinte, tomam necessariamente o nome de "Babilônia" e
"meretriz", e esses nomes aplicam-se especificamente à organização religiosa
que ocupa a liderança, a igreja Católica Romana, que afirma ser a mãe da
assim chamada "religião cristã". Essa poderosa organização religiosa, predita
nas Escrituras, usa o método das meretrizes para induzir políticos e traficantes
comerciais e outros a caírem nos seus braços e renderem-se aos supostos
charmes dela.'108

Os ataques de Rutherford tornaram-se cada vez mais vitriólicos,


particularmente à medida que as Testemunhas ficaram sob terrível perseguição
na Alemanha Nazi, Itália, Grã-Bretanha, Canadá e Estados Unidos. Depois ele
até passou a usar o termo 'religião' para significar religião falsa, que condenou
publicamente como 'um laço e uma extorsão'.109 E, à medida que as jeremíadas
de Rutherford foram ficando mais severas, as Testemunhas derivaram mais
deleite em publicá-las.

Quando em meados da década de 1930 o juiz foi obrigado a sair das ondas de
rádio em resultado da pressão tanto da comunidade comercial como das
igrejas no Canadá e nos Estados Unidos,110 a Sociedade Torre de Vigia
produziu discos de fonógrafo com as suas denúncias tonitruantes, que eram
tocadas em fonógrafos portáteis levados de casa em casa por Testemunhas de
Jeová voluntárias. Noutros casos, essas mesmas Testemunhas tocavam os
discursos de Rutherford através de altifalantes para comunidades inteiras,
muitas vezes de católicos irados. Num caso, na província do Quebec, elas
chegaram ao extremo de construir um carro sonoro com proteções de chapa --
do qual ainda existem várias imagens -- a partir do qual podiam transmitir
condenações à Igreja de Roma para turbas hostis em duas línguas.

Noutros casos, centenas de publicadores das Testemunhas invadiram vilas e


cidades hostis, muitas vezes em violação de leis locais contra vendedores
ambulantes e em face de ameaças de prisões em massa. 111 Por fim, em
demonstrações tanto de coragem como do seu desprezo pelo 'mundo de
Satanás', um grande número delas, jovens e idosas, homens e mulheres,
marchavam através de cidades e vilas do mundo de língua inglesa no que
eram chamadas 'marchas de informação'. Espalhados em longas filas, eles
caminhavam através de passeios movimentados, carregando sinais e placares
com slogans cunhados pelo Juiz Rutherford, como 'Religião É Laço e Extorsão'
e 'Sirva Deus e Cristo o Rei'.112

Naturalmente, muitos achavam o comportamento das Testemunhas ofensivo e


bizarro. No entanto, os seus ataques constantes ao comércio, política e religião
atraíram muitos. Durante a década de 1920 e ao longo da Depressão, líderes
sindicais muitas vezes elogiavam o Juiz Rutherford devido aos ataques dele ao
alto comércio.113 Trabalhistas, políticos liberais e socialistas admiravam as suas
denúncias igualmente severas de Mussolini, Hitler, Franco e movimentos de
extrema direita em todo o mundo. Milhares de protestantes e anti-clericais
concordavam com tudo o que as Testemunhas tinham a dizer sobre a
hierarquia Católica Romana e admiravam a coragem delas ao dize-lo.
Finalmente, como as Testemunhas de Jeová muitas vezes buscavam
abertamente o martírio e o encaravam com bravura, até os seus inimigos
começaram a desenvolver um grau de respeito por elas.
A Grande Multidão

Provavelmente o fator mais significativo para o crescimento mais rápido da


comunidade das Testemunhas durante os últimos anos da vida de Rutherford
foi a nova doutrina da 'grande multidão'. Quase desde o princípio do seu
ministério, o Pastor Russell tinha ensinado que os Estudantes da Bíblia eram
membros da classe eleita dos 144.000 mencionados em Revelação 7 e 14, que
reinariam como reis-sacerdotes com Cristo durante o milênio. Além disso, ele
enfatizou que a vasta maioria da Humanidade herdaria vida perfeita através da
ressurreição num paraíso restaurado -- a terra. Mas além dos 'eleitos' e da
maioria dos humanos salvos, The Watch Tower [A Sentinela] tinha ensinado
que havia um terceiro grupo, a 'grande multidão' de Revelação 7:9, que
receberia vida celestial num plano secundário. The Watch Tower [A Sentinela]
também explicou que haveria uma 'classe de ovelhas' mencionada em Mateus
25:31-46, que seria separada dos 'cabritos' no tempo do fim. Em 1932
Rutherford declarou que essas 'ovelhas' eram retratadas por Jonadabe, líder
recabita da antigüidade que se tinha juntado ao Rei Jeú de Israel quando este
destruiu os sacerdotes de Baal da Rainha Jezabel.114

Esses conceitos eram complexos e, mais importante, significavam que as


Testemunhas viam o seu trabalho de pregação como dirigido apenas ao
ajuntamento dos 144.000 eleitos de Deus. O próprio Jeová lidaria com as
outras classes da Humanidade no seu próprio tempo devido. Tudo isso mudou
dramaticamente quando, na primavera de 1935, o presidente da Sociedade
Torre de Vigia fez um discurso em Washington, DC, no qual argumentou que a
'grande multidão', as 'ovelhas' de Mateus 25 e os 'Jonadabes' eram todos uma
classe que receberia vida eterna na terra como recompensa pela sua fé e
obediência ao reino de Cristo.115 Em resultado disso, as Testemunhas sentiam
que tinham de reunir um grande número de pessoas para a organização de
Deus de modo que pudessem ser salvas da iminente batalha do Armagedom,
para a vida numa nova terra. Em vez de simplesmente pregar para reunir os
eleitos e anunciar o vindouro fim do mundo, elas iniciaram um esforço muito
mais concentrado para ganhar conversos.

Vida Pessoal e Últimos Dias de Rutherford

Algum tempo depois de se ter tornado presidente da Sociedade Torre de Vigia,


o Juiz Rutherford e a sua esposa, Mary, estavam discretamente separados.
Embora ela seja geralmente descrita por Testemunhas mais antigas como 'uma
semi-inválida que não podia render ao juiz as suas obrigações maritais', a
separação deles não se ficou a dever só à falta de saúde dela ou ao trabalho
dele. Eles estavam alienados e obviamente tinham muita amargura entre si,
embora o motivo exato não seja claro. Talvez fatores que causaram contendas
entre eles tenham sido o temperamento colérico e convencido de Rutherford e
o seu evidente caso sério de alcoolismo.

Embora as Testemunhas de Jeová tenham feito tudo o que era possível para
esconder relatos dos hábitos de bebida do juiz, estes são simplesmente
demasiado notórios para poderem ser negados. Ex-trabalhadores da sede da
Torre de Vigia em Nova Iorque contam histórias sobre os seus estados de
embriaguez. Outros contam histórias de como por vezes era difícil fazê-lo
chegar à tribuna para dar discursos nos congressos, devido à sua embriaguez.
Em San Diego, Califórnia, onde ele passou os verões desde 1930 até à sua
morte, uma senhora idosa ainda fala de como lhe vendeu grandes quantidades
de bebidas alcoólicas quando ele vinha comprar medicamentos à farmácia do
marido dela. Mas talvez o relato mais revelador dos hábitos de bebida de
Rutherford seja aquele que apareceu numa carta aberta que lhe foi dirigida
pelo anterior superintendente da filial da Torre de Vigia no Canadá, Walter
Salter.

Durante anos, Salter foi um amigo e confidente próximo do juiz, mas em 1936
ele afastou-se do juiz devido a divergências doutrinais e foi desassociado. Em
1 de abril de 1937 ele publicou a carta mencionada anteriormente, que era uma
violenta acusação pessoal contra Rutherford e que, nos seus contornos gerais,
é bastante exata. Assim, Salter afirmou que tinha comprado 'whisky a 60
dólares cada caixa' para o presidente da Torre de Vigia 'e caixas de aguardente
e outras bebidas alcoólicas, além de caixas de cerveja sem conta,' tudo com o
dinheiro da Sociedade. Para que ninguém pensasse que estas bebidas eram
para outros, o ex-superintendente da filial no Canadá declarou: 'Uma garrafa ou
duas de bebidas alcoólicas não chegava; era para o PRESIDENTE e nada era
demasiado bom para o PRESIDENTE.' Depois de descrever o estilo de vida
faustoso de Rutherford, Salter disse com amarga ironia: 'E, ó Senhor, ele
[Rutherford] é tão corajoso e a fé que tem em Vós é tão grande que se esconde
atrás de quatro paredes, ou rodeia-se literalmente de guarda-costas armados e
põe-se a clamar os seus sonhos ... e manda-nos de porta em porta para
enfrentar o inimigo enquanto ele vai de "bebida em bebida" e diz-nos que se
não formos de porta em porta seremos destruídos.'

No que diz respeito a acomodações e confortos pessoais, Salter relata que


Rutherford vivia como um príncipe ou barão da indústria. Ele alugou um
apartamento com mobílias luxuosas em Nova Iorque, que segundo a estimativa
de Salter valia pelo menos 10.000 dólares por ano, durante a Depressão. Além
disso, o presidente da Torre de Vigia tinha uma 'residência palacial' em Staten
Island, 'camuflada' como se fosse essencial para a estação de rádio da
Sociedade, a WBBR. Também em Staten Island, ele mantinha uma residência
pequena, numa zona remota da floresta, onde se podia isolar do mundo. Além
disso, eram mantidos para ele alojamentos dispendiosos em vários outros
sítios incluindo Londres e, antes da subida dos Nazis ao poder, em
Magdeburgo [na Alemanha]. E como se tudo isso não fosse ainda suficiente,
devido à sua saúde ele começou a construir Bete-Sarim em 1929, uma mansão
em San Diego [na Califórnia] que se tornaria a sua casa de inverno.

Estranhamente, Rutherford encontrou uma desculpa doutrinal para construir


Bete-Sarim na qual, pelo menos em parte, ele pode ter mesmo acreditado.
Segundo a exegese de Sociedade sobre o Salmo 45:16 (Versão Rei Jaime) --
'Em vez de teus pais haverá teus filhos, a quem poderás fazer príncipes em
toda a terra' -- Cristo ressuscitaria Abraão, Isaque, Jacó, Davi e muitos outros
servos de Jeová pré-cristãos para governar a Humanidade durante o milênio.
Além disso, tinha sido dito a Daniel, também um destes 'notáveis da
antigüidade', que ele estaria na sua herança 'no fim dos dias', e a Sociedade
Torre de Vigia ensinou que isto seria antes do Armagedom. O Juiz Rutherford e
a Sociedade concluíram assim que esses homens fiéis pré-cristãos podiam
voltar a qualquer momento nos poucos anos ou meses seguintes. De fato,
muitas Testemunhas de Jeová comuns freqüentemente esperavam que os
'príncipes' ressuscitados estivessem presentes no próximo grande congresso
da Torre de Vigia. Assim, quando foi supostamente doado ao juiz o dinheiro
para construir Bete-Sarim numa propriedade de cem acres em San Diego, ele
'humildemente' fez a escritura para si em nome de Davi e dos outros 'príncipes'
que em breve precisariam de um lugar agradável para residir. 116 Isso, porém,
não o impediu de viver ali com um séquito bastante numeroso de aderentes e
com um dos seus dois Cadillacs de dezasseis cilindros que, segundo o folclore
popular das Testemunhas, lhe tinha sido dado 'como o maior homem na terra'
por um crente abastado de Iowa.

Apesar de tudo isto, de algum modo estranho o Juiz Joseph Franklin


Rutherford continuava a levar a sério a si mesmo e às doutrinas que
proclamava. Consequentemente, quando a Segunda Guerra Mundial veio,
parecia-lhe ser o cumprimento de profecias apocalípticas, e ele ficou
convencido que a guerra levaria diretamente à destruição tanto dos demônios
como da Humanidade iníqua no Armagedom. Assim, no último ano da sua vida,
à medida que ele mostrava sinais inconfundíveis de ser um homem muito
doente morrendo de cancro, a partir de Bete-Sarim ele começou a desmantelar
parte da estrutura organizacional que tinha estabelecido pouco tempo antes.
Em dezembro de 1941 ele descontinuou os cargos de servos regionais e de
zona e acabou com o costume de realizar congressos de zona. Nesse tempo
ele escreveu: '"O estranho trabalho" do Senhor [o trabalho de pregação pública]
está a aproximar-se do fim e requer pressa, com vigilância, sobriedade e
oração.'117 Porém, ele insistiu que todas as Testemunhas deviam continuar
esse trabalho até Deus mandar parar. 'Com plena determinação de ser
obedientes ao Senhor', disse ele, 'que estas palavras do Senhor sejam um
slogan orientador: "Esta coisa farei" que é anunciar A TEOCRACIA.'118

Morte e Legado de Rutherford

Rutherford morreu em Bete-Sarim em 8 de janeiro de 1942, depois de uma


doença prolongada. No entanto, ele morreu ainda ativo ou, como os seus
companheiros Testemunhas relataram, 'combatendo com as suas botas
calçadas'.119 Ele tinha expressado o desejo de ser sepultado num desfiladeiro
cerca de noventa metros abaixo da Casa dos Príncipes que ele tinha usado e
gozado durante muito tempo enquanto aguardava o regresso dos 'notáveis' da
antigüidade pré-cristã,120 mas isso não aconteceria. A área não estava
projetada para a criação de cemitérios privados e os vizinhos queixaram-se
dizendo que sepultar o juiz onde ele tinha pedido diminuiria o valor das suas
propriedades. Por isso, funcionários locais recusaram-se a conceder uma
autorização de enterro.121 Publicações da Torre de Vigia asseveraram
amargamente que este era simplesmente um último ato de despeito da
organização do Diabo contra o porta-voz fiel de Jeová que partira,122 e
Testemunhas locais levaram a cabo uma prolongada batalha de três meses
para honrar o último desejo de Rutherford.
Registos do caso mostram que havia pouca substância para as acusações da
Torre de Vigia sobre preconceito religioso,123 e evidência física em Bete-Sarim
sugere que os vizinhos tinham alguma razão para preocupação. Em vez de
querer sepultar o corpo Rutherford numa simples campa do desfiladeiro, como
mais tarde afirmaram, os seus aderentes pessoais mais próximos -- a 'família'
de Bete-Sarim -- queriam colocá-lo numa grande cripta de cimento, muito
imponente, que começaram a construir quando ele estava a morrer.
Consequentemente, os vizinhos sem dúvida receavam que o prospectivo
túmulo de Rutherford se poderia muito bem tornar num monumento que seria
visitado por Testemunhas de Jeová de todo o lado.

Claro que isso não aconteceu. Quando funcionários do Condado de San Diego
finalmente recusaram autorização para que o Juiz Rutherford fosse enterrado
em Bete-Sarim, os seus restos mortais foram levados para Rossville, Nova
Iorque, e colocados ali,124 e foram rapidamente esquecidos por todos exceto
uns poucos amigos próximos. Os registos da tentativa de enterrá-lo em Bete-
Sarim mostram que nem os funcionários da Torre de Vigia nem a sua viúva e
filho, Malcolm, pareciam muito preocupados com a sua última morada, pois
eles foram notórios nas audições sobre o assunto pela sua ausência. Além
disso, como o próprio juiz tinha ensinado as Testemunhas a serem leais à
organização de Jeová, a teocracia, em vez de a qualquer homem, eles foram
rápidos em dar a sua completa lealdade aos seus sucessores no Betel de
Brooklyn. Assim, hoje apenas um punhado de Testemunhas, que têm cerca de
sessenta anos ou mais, sabem bastante sobre o homem que reformulou o seu
movimento, e são ainda menos as que sabem que Bete-Sarim e a cripta de
cimento inacabada de Rutherford ainda existem como monumentos a ele --
embora a Casa dos Príncipes já não seja mantida para todos os homens justos
desde Abel até João, o Batizador.

No entanto, o verdadeiro monumento do Juiz Rutherford não é uma cripta de


cimento; é o movimento que, depois da morte do Pastor Russell, ele pastoreou
através dos dias negros da Primeira Guerra Mundial e reformulou depois. Num
sentido real, foi ele, em vez do Pastor, quem desenvolveu as Testemunhas de
Jeová no que elas são hoje -- um fato continuamente enfatizado pelos grupos
de Estudantes da Bíblia anti-Torre de Vigia. Embora sem dúvida ele fosse uma
pessoa dura, implacável e freqüentemente desagradável cujo raciocínio era
dominado muito mais por casuística do que os seus companheiros
Testemunhas gostariam de admitir, é provável que só alguém como ele
pudesse ter criado a base para fazer das Testemunhas de Jeová o movimento
sectário importante, mundial, que são hoje. Pois sob o seu exterior severo ele
parece ter acreditado, tal como Russell antes dele, que tinha uma missão
divinamente designada. Apesar dos cismas dos Estudantes da Bíblia,
perseguição externa, prisão pessoal, e o falhanço do fim do mundo em 1918 ou
1925, ele conseguiu manter o controle sobre um corpo de homens e mulheres
zelosos que continuaram a aguardar a aproximação da revelação de Cristo e a
batalha do Armagedom. E foi a sua dureza e capacidades organizacionais, por
vezes impopulares, que acabariam por dar às Testemunhas de Jeová a
personalidade férrea que precisavam para passar através da perseguição das
décadas de 1930 e 1940.
Conforme William Whalen notou, o Juiz Joseph F. Rutherford foi para o Pastor
Charles T. Russell o que Brigham Young foi para o profeta Mórmon Joseph
Smith.125 Embora Smith e Russell fossem líderes religiosos capazes, em grande
medida ambos eram visionários muito ingênuos que podiam -- através do uso
de imaginação fértil -- enganar tanto a si mesmos como a outros. Mas Young e
Rutherford eram pragmáticos duros que deram um grau de permanência aos
movimentos que dominaram. Embora o juiz tivesse pouco tempo ou interesse
numa esposa, e muito menos num harém, ainda assim ele parecia-se com o
severo Mórmon Lião do Senhor em muitos aspectos -- embora provavelmente
nem as Testemunhas de Jeová nem os Mórmons apreciem a comparação.

Notas

1A maior parte da informação sobre Rutherford vem de Marley Cole, Jehovah's


Witnesses: The New World Society [Testemunhas de Jeová: A Sociedade do
Novo Mundo] (Nova Iorque: Vantage Press, 1955); Timothy White, A People for
His Name [Um Povo Para o Seu Nome] (Nova Iorque: Vantage Press, 1967); A.
H. Macmillan, Faith on the March [A Fé em Marcha] (Englewood Cliffs, NJ:
Prentice-Hall, 1957); Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose [As
Testemunhas de Jeová no Propósito Divino] (Brooklyn, NY: Watchtower Bible
and Tract Society, 1959); e ficheiros do Departamento de Justiça sobre o caso
United States v. Rutherford et al. nos U. S. National Archives em Washington,
DC.

2 Rutherford de fato fez campanha a favor de Bryan em 1896.

3 Página 68.

4 Em 27 de abril de 1926, George H. Fisher escreveu uma carta para W.


Nieman, de Magdeburg, Alemanha, acusando Rutherford de ter comparecido
ao Al Jolson's Winter Theater para ver a Edição Parisiense do então notório
espetáculo 'Artistas e Modelos'. Fisher queria trazer Rutherford, como ancião
por inerência de todas as eclésias de Estudantes da Bíblia, perante as igrejas
individuais para disciplina. Fisher alegou que tinha as testemunhas necessárias
para fazer isso. Mas em julho do mesmo ano Fisher morreu e o assunto nunca
foi mais adiante. Nieman, porém, publicou a carta de Fisher e uma análise das
suas acusações num prospecto intitulado 'Irmão George H. Fisher'. A fraca
resposta de Rutherford à acusação de Fisher foi que estava demasiado
ocupado no trabalho do Senhor para se incomodar em responder a tal
criticismo e, de qualquer modo, ele nunca tinha visto Al Jolson na sua vida e
não sabia como era o aspecto dele. Veja The Golden Age [A Idade de Ouro] (4
de maio de 1927), p. 505, 506.

5 WT, 1916, reimpressões, pp. 5999, 6000.

6 Ibid.

7 Ibid, 1917, reimpressões, p. 6035.


8 Para mais detalhes, veja a página 51.

9Macmillan, pp. 75, 76. Anuário das Testemunhas de Jeová de 1974, pp. 101-
106.

10 Anuário de 1974, p. 101.

11 Ibid, pp. 101, 102.

12 Ibid, pp. 102, 103.

13 Ibid, pp. 103-105.

14 Ibid, p. 106; Anuário de 1976, p. 89.

15Macmillan, pp. 76, 77; Divine Purpose [Propósito Divino], p. 70; Anuário de
1976, p. 87.

16 Páginas 91, 92.

17 J. F. Rutherford, Harvest Siftings -- Part I [Peneiramento da Colheita -- Parte


I] (Brooklyn, NY: International Bible Students Association, 1917), p. 17.

18 Anuário de 1976, pp. 90, 91.

19 WT, 1906, p. 3825.

20 Divine Purpose [Propósito Divino], pp. 70, 71.

21 Rutherford, Harvest Siftings -- Part II [Peneiramento da Colheita -- Parte II].


Para outros relatos deste evento, veja A. N. Pierson, J. D. Wright, A. I. Ritchie,
I. F. Hoskins, e R. H. Hirsh, Light after Darkness [Luz Após as Trevas]
(Brooklyn, NY: impressão privada, 1917), p. 9; Paul S. L. Johnson, Merarism
(Filadélfia: Paul S. L. Johnson, 1938), pp. 73-84.

22 Macmillan, p. 81.

23 Veja os próprios comentários de Johnson em Harvest Siftings Reviewed


[Análise do Peneiramento da Colheita] (Brooklyn, NY: impressão privada,
1917), p. 8, onde ele diz: 'Parecia-me que as minhas experiências na Grã-
Bretanha eram retratadas pelas de Neemias, Esdras e Mordecai (o Irmão
Hemery acreditava que ele anti-tipificava Eliasibe e Hanani em Neemias): que
as minhas credenciais estavam em Esdras 7:11-26 e simbolizadas em Ester
8:2, 15. Concluí que eu era privilegiado para me tornar o mordomo e o
sucessor do Irmão Russell.'

Outros além de Rutherford pensaram que Johnson estava mentalmente


doente. Francis H. McGee, um advogado que era Estudante da Bíblia e que
apoiou os quatro diretores demitidos, certamente pensava isso. Numa carta
aberta escrita para os quatro em 15 de agosto de 1917, que foi publicada em
Light after Darkness [Luz Após as Trevas], ele tornou isso muito claro. Veja a
página 18.

24Johnson, Harvest Siftings Reviewed [Análise do Peneiramento da Colheita],


pp. 83, 84; Pierson et al., pp. 5, 6; Rutherford, Harvest Siftings -- Part I
[Peneiramento da Colheita -- Parte I], p. 10; Alan Rogerson, Millions Now Living
Will Never Die [Milhões Que Agora Vivem Nunca Morrerão: Um Estudo Sobre
as Testemunhas de Jeová] (Londres: Constable and Co., Ltd. 1969), pp. 33, 34.

25Johnson, Harvest Siftings Reviewed [Análise do Peneiramento da Colheita],


pp. 82, 83. Pierson et al., pp. 3, 4.

26Rutherford, Harvest Siftings -- Part I [Peneiramento da Colheita -- Parte I], p.


20.

27 Ibid, p. 16.

28 Veja 'Vice-President's Statement against the Management in August' ['As


Declarações do Vice-Presidente contra a Administração em Agosto'] em A. I.
Ritchie, J. D. Wright, I. F. Hoskins, e R. H. Hirsh, Facts for Shareholders of the
Watch Tower Bible and Tract Society [Factos para os Detentores de Acções da
Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados] (Brooklyn, NY: impressão
privada, 1917), p. 5.

29O Testamento de Russell, conforme foi publicado pouco depois da sua morte,
pode ser visto na WT, 1916, reimpressões, pp. 5999, 6000.

30Barbara Grizutti Harrison, Visions of Glory: A History and a Memory of


Jehovah's Witnesses [Visões de Glória: Uma História e uma Memória Sobre as
Testemunhas de Jeová] (Nova Iorque: Simon and Schuster, 1978), pp. 118-
120.

31William H. Cumberland, 'A History of Jehovah's Witnesses' (dissertação de


doutoramento, Universidade de Iowa, 1958), p. 131.

32 Pierson et al., p. 4.

33 Harrison, pp. 118-120.

34 Cumberland, p. 131.

35 Rutherford, Harvest Siftings -- Part I, pp. 19, 20.

36 Ritchie et al., p. 5.

37 Ibid.

38Rutherford, Harvest Siftings -- Part I, p. 20; Johnson, Harvest Siftings


Reviewed, p. 19.
39 Pierson et al., p. 8.

40Ibid, p. 6; Macmillan, pp. 78-80. Os relatos dados pelos diretores demitidos e


por A. H. Macmillan sobre o que aconteceu nesta ocasião estão de acordo
exceto quando os diretores demitidos afirmam que o polícia não os obrigou a
sair, ao passo que Macmillan afirma o contrário. O relato de Light after
Darkness é como se segue: '"Guarda, ponha estes homens na rua!" disse o
representante do Presidente. "Vamos, cavalheiros!" disse o polícia para os
Diretores. "Guarda, você não tem o direito de nos pôr na rua," respondeu um
dos Diretores; "nós somos empregados por esta Sociedade e não estamos a
perturbar nada nem ninguém." "É claro que não tenho direito de os pôr na rua!"
respondeu o polícia. "Em vez disso, sou eu quem devia sair"; e lá foi ele.'

O relato de Macmillan diz: 'Eu disse "Guarda, estes homens não têm que estar
aqui. O lugar deles é na Columbia Heights, 124, e eles estão a perturbar o
nosso trabalho aqui. Eles recusaram sair quando lhes ordenamos que saíssem.
Agora apenas pensamos em chamar a lei."

'Eles saltaram e começaram a argumentar. O polícia rodopiou o bastão e disse:


"Cavalheiros, agora [a situação] está a ficar séria para vocês. Faith e eu
conhecemos estes dois, Macmillan e Martin, mas a vocês eu não conheço.
Agora é melhor que vocês comecem a ir embora, por receio de que vá haver
sarilhos."

'Eles apanharam os seus chapéus e desceram os degraus dois a dois e


apressaram-se para Borough Hall para entrarem em contato com um
advogado.'

Sejam quais forem os fatos do caso, Macmillan admite que não queria que os
diretores obtivessem um quorum para efetuarem negócios e estava decidido a
impedi-los de realizar uma reunião de negócios quando Rutherford estava
ausente. Macmillan estava por isso a mentir quando disse que os diretores
estavam a perturbar o trabalho das pessoas que estavam nos escritórios da rua
Hicks. Além disso, ele não menciona que os quatro estavam em Hicks St
Chapel quando ele chamou a polícia para os expulsar.

41 Pierson et al., p. 10.

42'An Open Letter to People of the Lord Throughout the World' [Uma Carta
Aberta Para o Povo do Senhor em Todo o Mundo] e 'A Petition to Brother
Rutherford and the Four Deposed Directors of the W.T.B. and Tract Society'
[Uma Petição ao Irmão Rutherford e aos Quatro Diretores Depostos da
Sociedade T.V.B. e Tratados]. Ambos sem data, 1917.

43 WT, 1918, reimpressões, pp. 6197, 6198.

44 Cumberland, p. 118.

45 Ritchie et al., p. 3.
46 WT, 1917, reimpressões, pp. 6184, 6185.

47 Rogerson, p. 39.

48Para uma discussão destes movimentos desde 1918, veja Alan Rogerson,
'Qui est schismatique?' [Quem é Cismático?], em Social Compass 24:1 (1977),
pp. 33-43; e J. Gordon Melton, The Encyclopedia of American Religion
(Wilmington, NC: McGrath Publishing Co., 1978), pp. 487-491.

49 Os Standfasters também acreditavam que o trabalho de pregação estava


terminado e que a porta para a 'chamada celestial' (para a santidade entre os
144.000) se fechara. O 'Preamble and Resolutions of the Stand Fast Bible
Students Association' [Preâmbulo e Resoluções da Associação dos Estudantes
da Bíblia Intransigentes] de 1.º de dezembro de 1918 começava com as
palavras: 'CONSIDERANDO, Agora que a Páscoa de 1918 já passou, e
consequentemente que a "Colheita" terminou, finda a "Era do Evangelho", o
"Trigo" reunido, os "Santos" selados e a "Porta" fechada ...' Para mais detalhes
sobre o movimento standfast e os grupos que se originaram dele, veja
Johnson, Merarism, pp. 731-749.

50The Golden Age (edição inglesa e canadiana), 29 de setembro de 1920,


passim; J. F. Rutherford, Millions Now Living Will Never Die [Milhões Que
Agora Vivem Jamais Morrerão] (Brooklyn, Nova Iorque: International Bible
Students Association, 1920), p. 83; M. James Penton, Jehovah's Witnesses in
Canada [Testemunhas de Jeová no Canadá] (Toronto: Macmillan of Canada,
1976), pp. 56-62.

51 Divine Purpose, pp. 74-78.

52 Penton, pp. 69-80.

53Divine Purpose, pp. 81-83; The Golden Age (29 de setembro de 1920),
passim.

54 Divine Purpose, p. 83.

55 Macmillan, pp. 105, 106.

56 Ibid, pp. 107-109.

57 Ibid, pp. 112, 113.

58 WT, 1919, p. 280; Divine Purpose, pp. 89, 90.

59Russell tinha declarado especificamente: 'Tal como a Sociedade já me jurou


que não publicará quaisquer outros periódicos, também será requerido que a
Comissão Editorial não escreva nem esteja ligada a quaisquer outras
publicações de nenhuma maneira ou grau. O meu objetivo nestes
requerimentos é salvaguardar a comissão e a revista de qualquer espírito de
ambição ou orgulho ou liderança, e que a verdade possa ser reconhecida e
apreciada pelo seu próprio valor, e que o Senhor possa mais particularmente
ser reconhecido como a Cabeça da igreja e a Fonte da verdade.' WT, 1916,
reimpressões, p. 5999.

60 Divine Purpose, p. 95.

61 Ibid, p. 96.

62 Penton, p. 84.

63 Divine Purpose, pp. 96, 97.

64 Ibid.

65 Ibid.

66Rutherford, Millions Now Living Will Never Die [Milhões Que Agora Vivem
Jamais Morrerão], p. 88 [pp. 110, 111 em português].

67 Rutherford, The Harp of God [A Harpa de Deus] (Brooklyn, Nova Iorque:


International Bible Students Association, 1921), pp. 230, 231.

68 Páginas 214-236.

69 Página 57.

70William J. Whalen, Armageddon Around the Corner [Armagedom ao Virar da


Esquina] (Nova Iorque: The John Day Company, 1962), p. 66.

71Cumprir-se-á, Então, o Mistério de Deus (Brooklyn, Nova Iorque: Watchtower


Bible and Tract Society, 1971), pp. 209-247, 283-296.

72Ibid. Veja também Divine Purpose, pp. 101-111; e o Anuário de 1976, pp.
135-139.

73 Anuário de 1976, p. 192.

74 WT, 1925, pp. 67-74.

75WT, 1938, p. 185. Veja também White, pp. 186-188. Os outros membros da
comissão editorial -- W. E. Van Amburgh, J. Hemery, R. H. Barber e C. E.
Stewart -- eram todos partidários de Rutherford. Mas quando eles se opuseram
às idéias de Rutherford, ele achou que eles estavam a agir de forma contrária à
vontade do Senhor. Escrevendo em 1938 na edição da The Watchtower [A
Sentinela], citada acima, ele declarou: 'The Watchtower [A Sentinela] de 1.º de
março de 1925 publicou o artigo "Nascimento da Nação", significando que o
reino tinha começado a funcionar. Uma comissão editorial, providenciada
humanamente, nessa altura era suposta controlar a publicação de The
Watchtower [A Sentinela], e a maioria da comissão objetou energicamente à
publicação do artigo "O Nascimento da Nação", mas pela graça do Senhor, o
artigo foi publicado e isso realmente marcou o princípio do fim da comissão
editorial, indicando que o Senhor está ele mesmo a governar a organização.'

76 White, pp. 181, 182.

77 Página 7.

78 WT, 1927, pp. 51-57.

79 WT, 1921, p. 329; White, pp. 181, 182.

80 Consolation [Consolação], 4 de setembro de 1940, p. 25.

81 WT, 1931, pp. 278, 279.

82 White, p. 260.

83 Veja o gráfico na página 61.

84 Sem dúvida muito do descontentamento causado por este artigo estava


ligado ao falhanço da profecia da Torre de Vigia a respeito de 1925 e ao
gradual repúdio dos ensinos de Russell.

85Para se compreender quão completamente Rutherford e os representantes


da Sociedade detestavam os anciãos eleitos, repare na lista de artigos que os
atacam sob cabeçalhos tais como 'expostos e impuros' e 'rebeldes' no Watch
Tower Publications Index: 1930-1960 [Índice de Publicações da Torre de Vigia:
1930-1960], p. 91.

86Anuário de 1976, p. 165. Veja também William J. Schnell, Thirty Years a


Watchtower Slave [Trinta Anos Escravo da Torre de Vigia] (Grand Rapids,
Michigan: Baker Book House, 1956), pp. 56, 57, 59.

87 Isto começou logo em 1923. Divine Purpose, p. 104.

88 Veja por exemplo WT, 1938, pp. 87, 233.

89 Werner Cohn, 'Jehovah's Witnesses as a Proletarian Movement'


['Testemunhas de Jeová enquanto Movimento Proletário'], em The American
Scholar, 24 (1955), pp. 281, 282.

90 WT, 1923, pp. 310-313.

91 WT, 1930, pp. 275-281.

92Consolation [Consolação], 6 de maio de 1936, p. 508; WT, 1938, pp. 133,


313, 314, 326, 376, 377; 1939, p. 170; J. F. Rutherford, Salvation [Salvação]
(Brooklyn, Nova Iorque: Watch Tower Bible and Tract Society, 1939), p. 43.
93J. F. Rutherford, Vindication -- Book II [Vindicação -- Livro II] (Brooklyn, Nova
Iorque: Watch Tower Bible and Tract Society, 1932), pp. 257, 258.

94 Divine Purpose, pp. 143, 144.

95Baseado no relato do meu pai, Levis B. Penton, que estava presente nessa
ocasião.

96Rutherford, Vindication -- Book I [Vindicação -- Livro I, pp. 155-157, 188, 189;


The Golden Age [A Idade de Ouro] (20 de junho de 1934), p. 594. A citação
Rutherford sobre Kipling foi feita no congresso da Torre de Vigia em St. Louis,
Missouri, em 1941, perante milhares de Testemunhas de Jeová. Causa alguma
ofensa.

97 Anuário de 1976, pp. 147-149.

98Só foram restaurados mais de dois anos depois da morte de Rutherford.


Divine Purpose, p. 215.

99 Anuário de 1975, pp. 97, 98.

100White, p. 173. Uma idéia clara sobre as idéias de Woodworth só pode ser
obtida examinando a própria The Golden Age [A Idade de Ouro]. Embora White
descreva Woodworth como 'inteligente', temos de questionar a estabilidade
emocional dele ao publicar as muitas coisas que publicou.

101 Divine Purpose, p. 312.

102 Ibid, p. 313.

103É impossível dizer exatamente quantos Estudantes da Bíblia dos dias de C.


T. Russell depois cortaram a sua associação com a Sociedade, mas o próprio
Rutherford admitiu que muitos tinham feito isso. WT, 1930, p. 342. Veja
também White, pp. 251-258.

When Pastor Russell Died [Quando o Pastor Russell Faleceu], pp. 24-30.
104

Melton, p. 491.

105 Divine Purpose, p. 190.

106John S. Conway, The Nazi Persecution of the Churches 1933-1945 [A


Perseguição Nazi às Igrejas 1933-1945] (Toronto: Ryerson Press, 1968), pp.
195-200.

107 Penton, p. 128.

108 Página 198.

109 Este era o título de outro dos discos de fonógrafo de Rutherford.


110 Divine Purpose, pp. 134-140; Penton, pp. 94-110.

111 Divine Purpose, p. 133.

112 Ibid, p. 145.

113 Penton, pp. 98, 106.

114 Divine Purpose, p. 140.

115 Ibid.

116The Golden Age [A Idade de Ouro] (19 de março de 1930), pp. 404-407;
Herbert H. Stroup, The Jehovah's Witnesses [As Testemunhas de Jeová] (Nova
Iorque: Columbia University Press, 1945), p. 42.

117 Divine Purpose, pp. 191, 192.

118 Ibid.

119 Ibid, p. 194.

120 The San Diego Union (12 de janeiro de 1942), p. 2A.

The Tribune-Sun (San Diego), 21 de janeiro de 1942, p. 12; The San Diego
121

Union, 21 de janeiro de 1942, p. 3A.

WT, 1945, p. 45; Consolation [Consolação], 4 de fevereiro, 17 e 27 de maio,


122

pp. 3-16.

123Minutes of Regular Meeting of the County Planning Commission [Minutas da


Reunião Regular da Comissão de Planeamento do Condado] (San Diego,
Califórnia), 24 de janeiro de 1942, pp. 229-235. Meeting of the Board of
Supervisors [Reunião da Diretoria de Supervisores] (San Diego, Califórnia), 26
de janeiro de 1942, no. 63. Minutes of Regular Meeting of the County Planning
Commission [Minutas da Reunião Regular da Comissão de Planeamento do
Condado], 28 de fevereiro de 1942, pp. 240-243. Minutes of the Meeting of the
County Planning Commission [Minutas da Reunião da Comissão de
Planeamento do Condado], 14 de março de 1942, p. 247.

124 Whalen, p. 67.

125 Ibid.

Conclusão
M. James Penton
Nenhuma religião no mundo moderno demonstra o tremendo poder das ideias
milenaristas de forma mais óbvia do que as Testemunhas de Jeová, mesmo no
que tem sido frequentemente chamado 'era secular'. Esta religião mostra a
predisposição de milhões de pessoas para confiar na autoridade profética de
certos indivíduos ou de um grupo, mesmo apesar do facto de as suas profecias
se terem revelado falsas vez após vez. Isso também indica como, usando uma
escatologia baseada em datas, que tem prometido desde há muito tempo
grandes recompensas -- tantos espirituais como materiais -- para a
comunidade dos Estudantes da Bíblia/Testemunhas, homens como Charles
Taze Russell, Joseph Franklin Rutherford e os seus sucessores passaram a
deter uma influência quase 'Orwelliana' sobre essa comunidade.

Mas ainda tem de se fazer a pergunta: Como é que isto pode acontecer? Ao
contrário de Tertuliano, as Testemunhas de Jeová não proclamam uma fé
baseada no absurdo; elas são racionalistas par excellence. Claro que muitas
Testemunhas comuns simplesmente desconhecem o fracasso das profecias
apocalípticas feitas pela Watch Tower Society no passado e as muitas
contradições lógicas que sempre estiveram presentes nos ensinos da
Sociedade. Poucas têm idade suficiente ou estiveram associadas com as
Testemunhas há tempo suficiente para estarem a par da sua história inicial, e
não são encorajadas a examinar o assunto. Quanto às doutrinas, a menos que
se faça um estudo concentrado delas, é difícil perceber mesmo um pequeno
número de incongruências, paradoxos e distorções flagrantes da verdade
histórica que têm estado e ainda estão presentes nelas. No entanto, a
ignorância não é o único factor que mantém as Testemunhas de Jeová leais à
Watch Tower Society. Tal como muitas seitas cristãs, as Testemunhas já há
muito tempo que acham que só elas são o 'Israel espiritual', sucessores do
Israel natural. Assim, embora as mais sofisticadas e bem informadas dentre
elas estejam a par de muitos dos sérios problemas doutrinais e organizacionais
criados, em última análise, pela escatologia baseada no estabelecimento de
datas da sua organização, elas muitas vezes argumentam que embora os seus
líderes possam ser 'iníquos', tal como muitos reis do antigo Israel e Judá, Deus
está de algum modo a guiar e a dirigir a sua comunidade, a sua 'nação', para
um propósito divino especial. Eles defendem que por fim Jeová limpará a sua
organização e removerá aqueles que os governaram com severidade e
injustiça. Tal como alguns dos trabalhadores do Betel de Brooklyn no Outono
de 1979, eles esperam que 'o Rei Saul morra'. A este respeito, é instrutivo
notar que enquanto alguns dos que foram classificados como 'apóstatas' pela
Watch Tower Society deixaram voluntariamente as Testemunhas de Jeová, a
esmagadora maioria foi afastada por importunação ou por excomunhão.

Porém, há outros factores que levam a maioria das Testemunhas a


permanecer leais aos seus líderes e à Sociedade. Eles são, conforme Joseph
Zygmunt indicou, um 'grupo de contraste' que vive em negação do mundo e
que está espantosamente isolado psicologicamente das sociedades mais
amplas nas quais vivem. Como consequência disso, a Testemunha média está
tão preocupada com os males deste 'velho mundo moribundo' e com o seu
envolvimento em fazer proselitismo aos seus vizinhos que normalmente tem
pouco tempo ou desejo de examinar objectivamente a sua fé ou comunidade.
Mesmo que ela desejasse fazê-lo, correria o perigo de ser disciplinada,
'marcada', ou desassociada e afastada da comunidade como sendo um
apóstata. Assim, conforme a Watchtower de 1.º de Janeiro de 1984 diz,
'Testemunhas leais nem sequer "tocam" em tal apostasia.'1

Sem dúvida, também a perseguição externa, um senso geral de alienação do


mundo e as críticas correntes dos chamados apóstatas criaram uma
mentalidade de sítio entre as Testemunhas de Jeová. Em consequência disso,
elas estão agora afligidas, como não ocorria anteriormente desde a Segunda
Guerra Mundial, com um alto grau daquele tipo de paranóia milenarista descrita
tão bem por Norman Cohn2 e discutida de forma tão completa por Richard
Hofstadter no que agora quase se tornou uma interpretação histórica clássica --
o seu The Paranoid Style in American Politics [O Estilo Paranóico na Política
Americana]. Tal como a direita política tanto na Grã-Bretanha como nos
Estados Unidos e o actual regime fundamentalista muçulmano no Irão, os
líderes das Testemunhas reduziram todos os assuntos 'a uma batalha entre a
influência do Bem e do Mal', eles manifestam 'qualidades de exagero exaltado,
suspeitas e fantasias conspiracionistas', e imitam a conduta passada ou
presente de organizações como a Igreja de Roma ou o partido Comunista ao
seguirem práticas inquisitoriais e ao realizarem purgas.3 Embora as suas
atitudes e acções tenham causado muita turbulência no seio da comunidade
das Testemunhas e alienação em relação a essa comunidade, eles têm
conseguido reunir o apoio da maioria dos seus seguidores que agora 'se
mantêm atarefados no serviço do reino'.

Isto não significa que eles não continuam a perder uma larga porção dos seus
membros tanto para a 'apostasia' como para a 'impureza moral'. Isso continua a
acontecer, e eles estão profundamente preocupados com isso.4 No entanto,
enquanto eles converterem mais pessoas do que as que perdem e o número
total de membros continuar a crescer, os seus líderes parecem estar
determinados a manter o rumo que, em geral, têm seguido desde que o Juiz
Rutherford criou 'a Teocracia' nas décadas de 1920 e 1930.5

Então, qual é a situação das Testemunhas de Jeová hoje? O movimento delas


sofre de problemas internos significativos. Logo na década de 1960 elas
começaram a sentir 'uma tensão insuportável nas estruturas de gestão da
Watch Tower.'6 e desde então não tem havido desenvolvimentos satisfatórios
que amenizem o que continua a ser um problema crescente. A liderança delas
está envelhecida e parece muito incapaz de desenvolver novas ideias. De
facto, desde 1978 eles tentaram, com grande sucesso, fazer as condições
recuar para as que existiam na década de 1960 e em alguns casos até para as
que existiam na era de Rutherford. Além disso, os ataques contínuos sobre os
dissidentes e sobre os que violam a rigidez moral da Watch Tower causam
tensões contínuas a nível congregacional e uma apreciável quantidade de
publicidade desfavorável que a longo prazo poderá ter sérias consequências
negativas para o movimento. Pessoas desassociadas estão-se a voltar cada
vez mais para os tribunais seculares com processos contra anciãos locais,
contra a Watch Tower Society, e contra o corpo governante das Testemunhas
de Jeová;7 e se o movimento começasse a perder esses processos, os efeitos
poderiam ser dispendiosos tanto em termos monetários como em prestígio. Ao
mesmo tempo, alguns governos seculares estão a ficar cada vez mais
preocupados com aquilo que vêem como sendo acções extremas de várias
seitas e cultos religiosos (incluindo as Testemunhas de Jeová), e no Canadá o
governo federal propôs recentemente legislação que, se tivesse sido aprovada,
teria limitado o seu poder de excomungar.8

Conversamente, o movimento parece estar a conseguir alguns sucessos


notáveis. A preocupação por causa do fracasso de 1975 agora parece estar
largamente esquecida ou, entre os convertidos mais recentes, desconhecida.
Assim, em 1984 as Testemunhas de Jeová tiveram uma taxa de crescimento
de 7,1% no número de publicadores regulares (mensais) em relação ao ano
1983 e contaram um total de 7.416.974 pessoas na sua celebração anual (na
Primavera) do Memorial da Ceia do Senhor. Embora a maior parte desse
crescimento tenha ocorrido em sítios como o México, Japão, Brasil, e Itália,
mesmo na Austrália, Grã-Bretanha, Canadá, e nos Estados Unidos houve
aumentos impressionantes no número de novos convertidos.9

Como seria de esperar, estes sucessos são usados pela Watch Tower Society
para afirmar que Jeová ainda está a abençoar as suas Testemunhas, e tudo
está essencialmente bem com a sua organização. Consequentemente, mesmo
algumas ex-Testemunhas como Raymond Franz esperam poucas mudanças
ou reformas no movimento. Franz acredita que aqueles que sucederão à actual
liderança da Watch Tower estão tão comprometidos com as actuais políticas
como estes; e acha que eles conseguirão inventar uma nova doutrina que lhes
permitirá abandonar o seu ensino que diz que o mundo tem de acabar antes
que morra a geração que tinha idade suficiente para testemunhar os eventos
de 1914.10

A curto prazo, Franz provavelmente tem razão. Mas qualquer afastamento da


'data-âncora' de 1914 certamente terá grandes repercussões, especialmente
agora que ex-Testemunhas estão a fazer análises devastadoras sobre a prática
da Watch Tower de estabelecer datas. Mais significativo, contudo, é o facto de
que se o crescimento das Testemunhas continuar como no último ano ou dois,
a actual organização hierárquica da Watch Tower tornar-se-á cada vez menos
satisfatória em sentido administrativo. James Beckford reconheceu em 1977
que 'o enorme influxo de novas Testemunhas criou dificuldades
organizacionais que requerem uma estrutura de relações de autoridade mais
flexível e menos remota',11 e isto é mais verdadeiro hoje do que em 1977.
Portanto, futuramente, quer gostem ou não, os líderes das Testemunhas
podem ter de abandonar algum do seu controlo apertado sobre a comunidade
das Testemunhas. Quando e se isso acontecer, mudanças de natureza
importante seguir-se-ão quer elas queiram ou não, como ocorreu na Igreja de
Roma depois do Concílio Ecuménico Vaticano Segundo.

Também é muito pouco provável que a Watch Tower Society consiga manter o
alto nível de dedicação entre as Testemunhas fiéis durante qualquer período de
tempo sem estabelecer outra data apocalíptica iminente como objectivo pelo
qual se empenhar. Porém, fazer isso poderia ser muito perigoso. Por fim, é
difícil acreditar que a Sociedade conseguirá continuar o seu actual sistema de
coerção 'judicial', com todos os seus sérios efeitos pessoais, familiares,
organizacionais, e sociais sem incorrer em custos que são demasiado altos e
que não compensam. Por outras palavras, se a Sociedade for o objecto de
muito litígio ou interferência governamental directa, terá de suavizar ou abolir
as suas tácticas coercivas ou enfrentar sérias consequências legais de um tipo
que não pode suportar.

Assim, embora seja sempre arriscado predizer o futuro, é razoável acreditar


que embora a curto prazo as Testemunhas de Jeová manterão o seu estilo
sectário adverso ao mundo, eventualmente serão obrigadas a fazer as pazes
com o mundo que hoje elas gostariam tanto de ver destruído. Isto é, a menos
que a Humanidade como um todo seja surpreendida por aquele grande
apocalipse ou batalha do Armagedom que não apenas as Testemunhas de
Jeová mas também muitos outros encaram como sendo uma possibilidade real
durante os últimos dias do século XX.

Notas

1 Página 30.

2Norman Cohn, The Pursuit of the Millennium [A Busca do Milénio] (Londres:


Oxford University Press, 1957), pp. 309-310; veja também pp. 58-74.

3Richard Hofstadter, The Paranoid Style in American Politics and Other Essays
[O Estilo Paranóico na Política Americana e Outros Ensaios] (Nova Iorque:
Alfred A. Knopf, 1965), pp. xii, 3, 5, 21, 22.

4 WT, 1984, p. 30.

5 Ibid, pp. 8-13.

6 James Beckford, 'Jehovah's Witnesses World-Wide', em Social Compass,


24:1 (1977), p. 14.

7Veja, por exemplo, o Calgary Herald, de 13 de Dezembro de 1983, BI. Nos


Estados Unidos várias ex-Testemunhas lançaram uma série de processos
contra anciãos das Testemunhas, contra a Watch Tower Society, e contra o
corpo governante das Testemunhas de Jeová.

8 A legislação originalmente proposta tornaria ilegal que qualquer organização


voluntária expulsasse membros por qualquer coisa não considerada ilegal sob
a lei canadiana. Embora a proposta de lei em questão tenha sido modificada
devido a pressão das igrejas e de várias organizações religiosas que
argumentavam que isso envolvia o Estado em assuntos geralmente
considerados fora da sua jurisdição, alguma versão modificada da proposta de
lei ainda pode ser apresentada ao Parlamento.

9 WT, 1.º de Janeiro de 1985, pp. 20-23.


10Raymond Franz, Crisis of Conscience [Crise de Consciência] (Atlanta:
Commentary Press, 1983), pp. 336-355.

11 Página 17.

As Testemunhas de Jeová desde


1985: Um Posfácio
M. James Penton

Durante os anos que passaram desde que Apocalypse Delayed [Apocalipse


Adiado] foi publicado pela primeira vez em 1985, o número de Testemunhas de
Jeová aumentou significativamente. O trauma causado pelo desapontamento
de 1975 parece estar praticamente esquecido dentro da comunidade
actualmente; enquanto em 1986 havia um auge de 3.299.022 publicadores das
Testemunhas e 8.160.597 presentes na celebração do Memorial, em 1995
esses números tinham aumentado para 5.199.895 publicadores e 13.147.201
presentes no Memorial.1

Os gráficos nas páginas seguintes mostram a média e o auge de publicadores


das Testemunhas, o número de pessoas baptizadas como Testemunhas de
Jeová e o número de pessoas presentes no Memorial em cada ano entre 1986
e 1995.

Se analisada isoladamente, esta informação indica que as Testemunhas de


Jeová continuam a ser um movimento religioso dinâmico com um futuro
brilhante. A Watch Tower Society afirma que Jeová tem abençoado o trabalho
mundial de pregação das Testemunhas e aponta para o aumento como 'prova'
dessa bênção. Eles alegram-se por as Testemunhas terem sido capazes de
prosperar dramaticamente nas nações anteriormente comunistas da Europa de
Leste e na maioria das repúblicas que anteriormente formavam a União
Soviética. Além disso, a Sociedade expressa satisfação pelo grande aumento
da comunidade das Testemunhas em países tais como o Brasil, o Japão e,
sobretudo, o México. Em 1995 o Brasil tinha 416.638 publicadores, um rácio de
1 Testemunha para cada 380 brasileiros. Um total de 1.144.271 pessoas
compareceram ao Memorial anual (na Primavera) das Testemunhas durante
esse mesmo ano.2 Quanto ao Japão, as Testemunhas de Jeová parecem ser
uma das poucas, se não a única, religião cristã ocidental que consegue um
aumento significativo nesse país largamente budista/xintoísta. Em 1995 havia 1
publicador das Testemunhas para cada 603 japoneses -- um rácio muito
superior ao de muitas nações não-cristãs. Também invulgares são certos
factos sobre o movimento das Testemunhas japonesas: mais de 40% de todos
os publicadores japoneses são evangelistas pioneiros, as taxas de crescimento
no Japão continuam maiores do que na maioria dos países industrializados e
as Testemunhas japonesas tendem a ser extremamente leais à sua fé e às
instruções da Watch Tower Society que emanam de Brooklyn. 3 É no México,
contudo, que as Testemunhas conseguiram os ganhos mais espectaculares em
anos recentes. Em 1986 havia

[Gráfico]
Figura 1: Média e auge de publicadores, 1986-1995

198.003 publicadores na república e 838.467 assistiram à celebração do


Memorial, mas em 1995 houve 443.640 publicadores e 1.492.500 estiveram
presentes no Memorial. Tal crescimento tornou o rácio de publicadores das
Testemunhas para a população total muito mais alto no México do que nos
Estados Unidos. Em 1995 o rácio era 1 publicador para 206 pessoas no
México, comparado com 1 publicador para 274 pessoas nos Estados Unidos. 4

O tamanho crescente da comunidade das Testemunhas levou a um aumento


no número de congregações, filiais e edifícios da Watch Tower.
Adicionalmente, o corpo governante providenciou mais instrução para anciãos
e servos ministeriais das Testemunhas nas Escolas do Ministério do Reino.
Porém, talvez o resultado mais importante tenha sido o estabelecimento de
Serviços de Informação Hospitalar (SIH), no modelo do sistema das comissões
hospitalares que foram desenvolvidas pela primeira vez no Canadá na década
de 1970. De 1988 em diante, os SIH começaram a treinar anciãos das
Testemunhas nos Estados Unidos e noutros países para se tornarem membros
das Comissões de Ligação com Hospitais [COLIH's], cujo objectivo é apoiar as
Testemunhas na sua oposição a certos

[Gráfico]
Figura 2: Número de baptizados, 1986-1995

tipos de terapia que envolve sangue, especialmente transfusões, e encorajar


médicos e hospitais a respeitarem os desejos das Testemunhas individuais
nesta matéria.5

As Comissões de Ligação com Hospitais têm sido indubitavelmente uma


grande influência no decréscimo da oposição à posição das Testemunhas a
respeito das terapias que envolvem sangue. Contudo, a preocupação pública
acerca da transferência de SIDA, hepatite C e doença de Creutzfeldt-Jakob
através de soro sanguíneo e de fracções do sangue, e alguns escândalos
envolvendo a Cruz Vermelha e bancos de sangue em vários países, tiveram
provavelmente um efeito mais importante. Embora as Testemunhas continuem
a enfrentar objecções sérias das profissões médica e legal quando rejeitam
transfusões para crianças menores e, em particular, bebés recém-nascidos, o
'assunto do sangue' já não parece ser um grande problema para as
Testemunhas de Jeová no mundo de língua inglesa e em muitos países do
terceiro mundo.

As Testemunhas de Jeová também tendem a sofrer menos perseguição do que


no passado. Embora ainda estejam banidas nos poucos países comunistas que
ainda restam no mundo, em muitos Estados islâmicos e em Singapura, é só
neste último país
[Gráfico]
Figura 3: Assistência ao Memorial, 1986-1995

que elas foram recentemente sujeitas a muita perseguição directa. Nesse país
elas foram ilegalizadas por recusarem serviço militar e por uma falta de
patriotismo geral, e têm sido detidas, colocadas na prisão e multadas por
realizarem reuniões ilegais. O advogado canadiano das Testemunhas, Glen
How, agiu recentemente em defesa delas na apelação dos seus casos para o
supremo tribunal de Singapura; contudo, o juiz presidente ridicularizou-o
abertamente nesses esforços e confirmou as sentenças originais contra os
irmãos de How em Singapura.6 Deve-se enfatizar, contudo, que em
comparação com os níveis de perseguição que as Testemunhas tiveram no
passado, as suas dificuldades em Singapura e no resto do mundo são bastante
reduzidas.

Porém, existe outro lado da situação, que a Watch Tower Society não anuncia.
Em primeiro lugar, basta dizer que embora os aumentos numéricos das
Testemunhas de Jeová nas repúblicas da ex-União Soviética, no Japão e na
maior parte do terceiro mundo não-muçulmano sejam bastante altos, a taxa de
crescimento nos países industrializados da Europa, da América do Norte e dos
Antípodas tem diminuído apreciavelmente.7 Em segundo lugar, ainda há um
grande número de indivíduos que são obrigados a sair do movimento ou que
saem voluntariamente. Segundo as próprias estatísticas da Sociedade,
aproximadamente 40.000 pessoas têm sido desassociadas anualmente da
comunidade mundial das Testemunhas,8 e muitos outros milhares dissociaram-
se formalmente das Testemunhas de Jeová ou isolaram-se simplesmente das
suas congregações.9 Em terceiro lugar, e talvez mais significativo, a Sociedade
está agora sob ataque de anteriores membros, num grau nunca antes visto, e
tanto a doutrina da Watch Tower como o movimento das Testemunhas estão
sendo estudados, avaliados e criticados como nunca antes. Assim, os líderes
da Watch Tower e a comunidade das Testemunhas como um todo manifestam
um sentimento cada vez maior de paranóia e de ódio aberto em relação aos
'apóstatas' e 'opositores'. Estes factores são discutidos adiante com mais
detalhe.

A Tabela 5 (p. 312) mostra o crescimento das Testemunhas de Jeová entre


1986 e 1995 nos países largamente industrializados, ou 'primeiro mundo', da
Europa ocidental e mediterrânea, Austrália, Canadá, Japão, Coreia do Sul,
Nova Zelândia e Estados Unidos. Deve-se notar que os números para a
Alemanha no ano 1985 não estão completos visto que não incluem estatísticas
para o que era então a República Democrática Alemã (RDA, ou Alemanha de
Leste). Com base no que foi relatado no Anuário das Testemunhas de Jeová
de 1991 (p. 40), existiam 20.874 publicadores na RDA em 1990. Assim, boa
parte do crescimento aparente na Alemanha durante a década 1986-1995 é
atribuível à reunificação alemã em vez de a um aumento numérico real. O
gráfico na página 313 compara o crescimento das Testemunhas nos países
desenvolvidos com o crescimento mundial.
Mudanças nas Práticas e Doutrinas da Watch Tower

Apesar do facto de a comunidade das Testemunhas se estar a expandir


rapidamente e estar actualmente a enfrentar menos antagonismo das
autoridades seculares, de outras religiões e da profissão médica, do que nos
tempos desde antes da Primeira Guerra Mundial, é óbvio para observadores
cuidadosos que o corpo governante e as suas sociedade legais não estão a
responder adequadamente aos problemas que o movimento enfrenta. É
verdade que o corpo governante tem feito algumas mudanças organizacionais
e doutrinais desde meados da década de 1980, mas estas têm sido largamente
respostas a factores externos sobre os quais eles têm pouco controlo. A
inabilidade em mudar de modos que, a longo prazo, serão necessários para a
saúde e desenvolvimento da comunidade demonstra a aridez intelectual da
liderança das Testemunhas.

Uma mudança que presentemente parece ter pouco significado ocorreu em


1992, quando o corpo governante designou um certo número de altos
funcionários da sua confiança, da classe da 'grande multidão', para os
assistirem em levar a cabo o governo das Testemunhas de Jeová, incluindo
sentarem-se nas anteriormente exclusivas comissões administrativas do corpo
governante.10

Tabela 5: Percentagem de aumento de publicadores nos países desenvolvidos,


1986-1995

Países ou filiais Média de publ.--1986 Média de publ.--1995 % de aumento

Alasca 1.868 2.146 15

Andorra 98 137 40

Austrália 42.998 59.474 38

Áustria 16.185 20.598 27

Bélgica 21.343 26.853 26

Grã-Bretanha 101.863 125.138 23

Canadá 84.343 109.168 29

Chipre 1.096 1.627 48

Dinamarca 14.796 15.604 5

Finlândia 15.533 18.906 22


França 89.785 123.408 37

Alemanha 116.152 165.746 43

Gibraltar 124 234 89

Grécia 22.815 25.764 13

Islândia 173 302 75

Irlanda 2.472 4.372 77

Itália 134.677 210.012 56

Japão 108.702 201.266 85

Coréia, Rep. da 41.751 78.782 89

Liechtenstein 43 60 40

Luxemburgo 1.246 1.796 44

Países Baixos 28.367 31.142 10

Nova Zelândia 9.165 12.573 37

Noruega 7.929 9.687 22

Portugal 29.617 43.633 47

Espanha 63.453 97.674 54

Suécia 20.350 23.792 17

Suíça 13.373 18.196 36

E.U. da América 710.344 912.002 28

Total 1.700.661 2.340.092 38

Conhecidos pelos nomes esotéricos de 'Netineus', 'filhos dos servos de


Salomão', ou 'Dados', este corpo de indivíduos sem dúvida foi criado porque
aqueles que agem como corpo governante estão a desaparecer gradualmente
ou, com a excepção de um membro recentemente designado, têm idade
avançada. Os Netineus podem eventualmente assumir papéis de liderança
principais, o que poderia levar a reformas no interior do movimento das
Testemunhas. Presentemente, porém, o corpo governante recusa-se a
renunciar à sua autoridade. Existe igualmente outra barreira para uma maior
autoridade dos Netineus -- nomeadamente, para que eles possam ganhar
maior controlo sobre a Watch Tower Society e sobre as Testemunhas de
Jeová, têm de ser feitas mudanças doutrinais. Esta barreira deve ser
ultrapassável: se a história das Testemunhas

[Gráfico]
Figura 4: Percentagem de crescimento de publicadores nos países desenvolvidos e no mundo inteiro, 1986-1995

ensina alguma coisa, é que grandes mudanças doutrinais surgem em resposta


às necessidades práticas das pessoas que controlam a organização. À medida
que o actual corpo governante for morrendo, membros da classe dos Netineus
podem substituir membros do chamado restante ungido nos cargos mais
elevados do movimento das Testemunhas.

Outro factor que pode ter grande importância é o corpo governante ter
suavizado a sua posição em relação à educação superior ou avançada.
Conforme indicado anteriormente, historicamente o movimento Watch Tower
tem-se oposto à educação superior, excepto em casos raros. Embora nunca
tenha existido uma proibição absoluta contra o ingresso na Universidade,
declarações negativas constantes nas publicações da Watch Tower e pressão
psicológica de anciãos, de superintendentes de circuito e de membros de
família fizeram com que muitas Testemunhas jovens não ingressassem em
instituições de ensino superior. No entanto, ao longo dos anos algumas
pessoas jovens deixaram o movimento das Testemunhas em vez de desistirem
da oportunidade de seguir estudos universitários, com o resultado de as
Testemunhas de Jeová perderem muitos dos seus membros mais brilhantes.
Assim, em anos recentes a Watch Tower Society apercebeu-se lentamente
que: (1) precisava de indivíduos altamente treinados, particularmente em áreas
como a contabilidade, a ciência computacional e o direito, para levar a cabo as
suas próprias actividades; e (2) em muitos países do mundo industrializado, a
educação superior estava a tornar-se um pré-requisito essencial para
empregos que oferecem remunerações adequadas para manter homens e
mulheres jovens e suas famílias. A Sociedade também se apercebeu que
muitos pioneiros estavam a desistir dos seus ministérios porque não
conseguiam obter empregos decentes. The Watchtower [A Sentinela] de 1.º de
Novembro de 1992 disse: 'Que situação se encontra hoje muitas vezes?
Relatou-se que, em alguns países, muitos jovens bem-intencionados
abandonaram a escola depois do período mínimo obrigatório, a fim de se
tornarem pioneiros. Não tinham nenhum ofício, nem qualificações seculares.
Os que não recebiam ajuda dos pais tiveram de achar um emprego por meio
período. Alguns tiveram de aceitar trabalhos que exigiram deles trabalhar
muitas horas para ganhar o suficiente para o sustento. Ficando fisicamente
esgotados, desistiram do ministério de pioneiro. O que podem esses fazer para
sustentarem a si mesmos e voltar ao serviço de pioneiro?' De forma muito
relutante, a revista oficial disse ainda: '... quando pais e jovens cristãos, hoje
em dia, depois de avaliar com cuidado e oração os prós e os contras, decidem
a favor ou contra estudos depois da escola secundária, outros na congregação
não devem criticá-los.'11
Isto não significa que a Sentinela estivesse a abandonar a sua aversão aberta
pela educação superior; a sua mudança de posição era claramente pragmática
e é acompanhada por uma declaração curiosa: 'Caso se façam cursos
adicionais, o motivo certamente não deve ser o de se destacar em erudição ou
de empenhar-se por uma prestigiosa carreira no mundo. Os cursos devem ser
escolhidos com cuidado. Esta revista tem colocado ênfase nos perigos da
educação superior, e isto é justificável, porque grande parte da educação
superior se opõe ao "ensino salutar" da Bíblia. (Tito 2:1; 1 Timóteo 6:20, 21)
Além disso, desde os anos 60, muitas escolas de ensino superior tornaram-se
berços de iniqüidade e de imoralidade. "O escravo fiel e discreto" tem
fortemente desestimulado ingressar em tal ambiente. (Mateus 24:12, 45) Deve-
se admitir, porém, que os jovens, atualmente, se confrontam com esses
mesmos perigos nas escolas secundárias e em escolas técnicas, e até mesmo
no lugar de trabalho. -- 1 João 5:19.'12

Qualquer que tivesse sido o seu pensamento, o corpo governante das


Testemunhas de Jeová, falando através da Sentinela, abriu o mundo da
educação superior para a juventude das Testemunhas de Jeová e agora muitos
estão a entrar nele. Consequentemente, isto pode levar a uma comunidade das
Testemunhas de mente mais aberta e mais questionamento da estrutura de
autoridade das Testemunhas. Mas seria errado ficar demasiado optimista sobre
a probabilidade disso acontecer. A Watch Tower Society ainda enfatiza que a
educação superior só deve ser seguida para se obter um razoável nível de
vida; eles nunca sugerem que os cursos superiores ou universitários deviam
ser seguidos para alargar o conhecimento geral dos estudantes sobre o
universo em que vivem. De facto, parece que os líderes das Testemunhas -- tal
como grandes segmentos das comunidades religiosas conservadoras e de
negócios do mundo industrializado -- nunca ouviram falar do conceito de
educação liberal. O mais provável é que, tal como acontece com outros grupos
sectários, em particular os Mórmons, haverá uma tendência para as
Testemunhas de Jeová mais jovens optarem por cursos em 'campos práticos'
como computadores, contabilidade e gestão de empresas, que tendem a não
ameaçar o seu sistema de crenças. É provável que poucos façam estudos em
áreas como as humanidades, as ciências sociais ou as ciências biológicas,
disciplinas que são muito ameaçadoras para a visão do mundo que as
Testemunhas têm.

Mais recentemente a Watch Tower Society também adoptou uma atitude mais
positiva em relação à educação e aos educadores do ensino elementar e
secundário -- novamente devido a razões obviamente pragmáticas. Durante
anos a brochura da Watch Tower Society School and Jehovah's Witnesses [A
Escola e as Testemunhas de Jeová] tinha veiculado uma mensagem extrema
para os professores e administradores das escolas a respeito das coisas que
as crianças das Testemunhas não podiam fazer na escola. De facto, A Escola
e as Testemunhas de Jeová era praticamente insultuosa sobre muitos
programas escolares extracurriculares, e sobre estudantes não-Testemunhas,
que eram rotulados de 'associações impróprias'.13 Porém, talvez mais
significativo tenha sido o facto de pais não-Testemunhas e ex-Testemunhas
terem começado a usar a brochura em casos de tribunal envolvendo custódia
de crianças para provar que, se os seus filhos ficassem com os pais
Testemunhas, seriam privados de uma educação normal e de vidas
psicologicamente saudáveis.14 Assim, em 1995 a Watch Tower Society fez uma
brochura muito menos inflamatória, intitulada Jehovah's Witnesses and
Education [As Testemunhas de Jeová e a Educação]. Esta publicação, para
distribuição junto dos professores e administradores, concluía com a seguinte
declaração: 'As Testemunhas esforçam-se a encarar a vida de forma realística,
de modo que dão muita importância à educação. Por isso desejam colaborar o
máximo possível com os professores. As Testemunhas de Jeová, da sua parte,
no lar e nos seus lugares de adoração, em todo o mundo, continuarão a
incentivar os filhos a desempenharem o seu papel nesta colaboração
produtiva.'15

Frederick W. Franz, o quarto presidente da Watch Tower Society, morreu em


22 de Dezembro de 1992,16 e o seu desaparecimento pareceu abrir a porta
para pelo menos uma mudança doutrinal de grande importância. Franz era em
muitos sentidos o último elo de autoridade com as eras de Russell e de
Rutherford, e a última pessoa a ter algum impacto carismático na comunidade
das Testemunhas como um todo.17 Como ele tinha guiado e desenvolvido a
doutrina da Watch Tower desde o tempo do Juiz Rutherford até pouco tempo
antes da sua morte, parece evidente que os outros membros do corpo
governante estavam relutantes em fazer, antes de Franz falecer, quaisquer
mudanças que não estivessem em harmonia com as suas ideias. O seu
sobrinho, Raymond Franz, tinha tentado fazê-lo da maneira mais suave
possível e fora expulso do corpo governante e das Testemunhas de Jeová em
resultado disso. Mas, com a morte do quarto presidente da Watch Tower, sem
dúvida ficou mais fácil fazer mudanças doutrinais.

Oito dias depois da morte de Frederick Franz, Milton G. Henschel sucedeu-lhe


como presidente da Watch Tower Bible and Tract Society e de outras
sociedades das Testemunhas de Jeová.18 Tal como Franz, Henschel também é
um membro conservador do corpo governante, mas não tem aquela vivacidade
pública que era tão característica de Russell, Rutherford e Franz. Embora ele
seja um dos membros mais importantes do corpo governante, a sua posição
como presidente da sociedade é mais honorária do que no caso dos anteriores
presidentes da Watch Tower.19 Assim, tem sido possível ao corpo governante
tratar um assunto doutrinal que se estava a tornar num sério embaraço para as
Testemunhas de Jeová.

Durante anos a Watch Tower Society tinha proclamado que Cristo retornara
invisivelmente em 1914 e a geração que presenciara esse ano veria o 'fim
definitivo' do sistema de coisas. A seguir ao colapso de 1975, esta doutrina
começou a ser cada vez mais um embaraço. O livro The Gentile Times
Reconsidered [Os Tempos dos Gentios Reconsiderados], de Carl Olof
Jonsson, levantou sérias questões sobre a assim chamada cronologia bíblica,
da Sociedade, que é usada para apoiar a data 1914. A Sociedade
desconsiderou em grande medida esse trabalho, desassociando Jonsson e
ignorando os aspectos mais danosos trabalho dele numa área que é
demasiado complexa para a Testemunha de Jeová média compreender. No
entanto, à medida que os anos passavam e a geração de 1914 começou a
morrer, tornou-se óbvio que, se o Armagedom fosse adiado outra vez, tinha de
ser feita alguma coisa para evitar outra crise iminente nas datas estabelecidas
pelas Testemunhas. Consequentemente, a partir da edição de 15 de Fevereiro
de 1994 da revista The Watchtower [A Sentinela] a Sociedade começou a rever
a sua escatologia.

Raymond Franz observa: 'Durante cerca de meio século, a Watchtower


[Sentinela] ensinou e argumentou que a declaração de Jesus a respeito de
"sinais no sol e na lua e nas estrelas, e na terra angústia de nações" se aplica
de 1914 em diante. (Veja como apenas um de muitos exemplos, a Watchtower
de 15 de Julho de 1946, página 217.) Agora, estes foram mudados para o
futuro, para depois do início da vindoura "grande tribulação" e estes artigos
atribuíram um período alargado a esta tribulação.' Baseando outros
comentários num estudo não publicado, intitulado 'This Generation Shall Not
Pass Away' [Esta Geração Não Passará], de Ray Mattera, de Wheaton, Illinois,
Franz aponta para o facto de a Watch Tower agora defender que 'a selagem
dos escolhidos', o remanescente dos 144.000, só ocorrerá no futuro e terá
lugar durante a grande tribulação.20

Embora tipicamente difícil de perceber, mesmo para Testemunhas de Jeová


leais, este novo ensino serviu como um pequeno prenúncio de eventos futuros
e mostrou que a Watch Tower Society estava a dar maior ênfase a
interpretações futuristas de profecias escatológicas do 'pequeno apocalipse' de
Mateus 24, Marcos 13, Lucas 21 e Revelação. Na edição de 15 de Outubro de
1995 da The Watchtower [A Sentinela], a Sociedade decidiu que a separação
das ovelhas dos cabritos, mencionada por Jesus em Mateus 25, não tinha
estado a ocorrer desde que Jesus regressara invisivelmente em 1914 mas
também ocorreria durante a futura grande tribulação. É claro que, de modo
típico, The Watchtower [A Sentinela] afirmou que a grande tribulação ocorreria
em breve, e as ovelhas e os cabritos (a Humanidade em geral) seriam então
julgados com base no modo como tinham tratado o restante ungido das
Testemunhas de Jeová.21 Mais uma vez, esta foi uma mudança de significado
menor.

Em 1 de Novembro de 1995, a Sociedade atacou o seu maior problema


escatológico imediato reinterpretando o significado do termo 'esta geração',
usado por Jesus em Mateus 24:34. Conforme foi dito acima, a Watch Tower
Society ensinava há muito tempo que aqueles que estavam vivos em 1914
veriam o fim do actual mundo ou sistema de coisas. Assim, 'esta geração' era
compreendida como significando as pessoas vivendo contemporaneamente,
neste caso com o grande evento da presença e entronização invisível de Cristo
em 1914. Até uma semana depois de a Sociedade ter mudado a doutrina de
'esta geração', a revista Awake! [Despertai!] ainda estava a fazer esta
proclamação sobre si mesma no seu editorial: 'Importantíssimo, é que esta
revista gera confiança na promessa do Criador de uma Nova Ordem pacífica e
segura antes que passe a geração que viu os acontecimentos de 1914.'
Consequentemente, por causa desta doutrina antiga, as Testemunhas de
Jeová tinham especulado vez após vez ao longo dos anos sobre a duração de
uma geração bíblica. Na Watchtower [Sentinela] de 1.º de Novembro de 1995,
porém, a Sociedade decidiu que era errado defender que o termo 'esta
geração' podia ser fixado a uma data específica. A revista citou com aprovação
a declaração do professor de história Robert Wohl em The Generation of 1914
[A Geração de 1914]: '"Uma geração histórica não é definida pelos seus limites
cronológicos... Não é uma zona de datas."' [Tradução da edição inglesa]
Depois afirmou que 'no cumprimento final da profecia de Jesus [em Mateus 24
e 25] hoje, "esta geração" aparentemente refere-se àquelas pessoas que vêem
o sinal da presença de Cristo mas deixam de corrigir os seus caminhos.'22

O que isto significa é que a Watch Tower Society, agindo pelo corpo
governante das Testemunhas de Jeová, criou uma situação através da qual
pode continuar a argumentar que Cristo veio invisivelmente em 1914 e que o
'fim definitivo' está muito próximo, mas a Sociedade pode dizer, com algum
equívoco, conforme se observa adiante, que já não prega nem sequer uma
data aproximada para os eventos apocalípticos da grande tribulação. Por isso
agora não é tão provável que as Testemunhas de Jeová sofram um
desapontamento se o velho sistema de coisas não for finalmente destruído
nem o milénio começar no ano 2000.

Uma mudança menos doutrinal mas importante na prática veio na edição de 1.º
de Maio de 1996 da The Watchtower [A Sentinela]. Durante décadas a
Sociedade tinha defendido que as Testemunhas de Jeová não devem realizar
serviço cívico alternativo em substituição do recrutamento para as forças
armadas de muitas nações onde esse recrutamento ainda existe. Em resultado
disso, muitos milhares de homens comuns das Testemunhas e algumas
mulheres sofreram encarceramento devido às suas crenças, em alguns casos
durante muitos anos. Por outro lado, quando algumas Testemunhas individuais
aceitaram designações de serviço cívico alternativo, foram tratadas como
espiritualmente fracas e foram-lhes negados muitos privilégios nas suas
congregações. Mas no artigo 'Paying Back Caesar's Things to Caesar'
[Pagamos a César as Coisas de César], The Watchtower [A Sentinela] de 1.º
de Maio de 1996 declarou que, se uma Testemunha de Jeová decidir realizar
serviço cívico nacional, isso é um assunto de 'consciência pessoal'. Disse
ainda: 'Essa é a sua decisão perante Jeová. Anciãos designados e outros
devem respeitar completamente a consciência do irmão e continuar a encará-lo
como um cristão de boa reputação.'23 [Tradução do inglês]

Os Efeitos das Mudanças Doutrinais da Torre de Vigia Sobre a Comunidade das


Testemunhas

Em grande medida, a comunidade das Testemunhas respondeu às novas


mudanças doutrinais com apatia. Alguns dos novos ensinos da Watchtower
[Sentinela] são demasiado complexos para serem entendidos pela maioria das
Testemunhas de Jeová, e muitas simplesmente não lhes prestam muita
atenção, encarando-os como 'nova luz' do escravo fiel e discreto. Conforme
James Beckford observou: 'O que é sociologicamente interessante sobre as
testemunhas de Jeová é que elas sentem satisfação psicológica em
perceberem um padrão coerente nas suas crenças apesar de possíveis
inconsistências internas, e mesmo se notam inconsistências, elas podem então
rejeitar a responsabilidade pessoal pelas suas próprias crenças na convicção
segura de que alguém, em algum lugar na Sociedade Torre de Vigia, deve ser
capaz de resolver o problema. Uma premissa implícita no argumento é
normalmente que, se as inconsistências detectadas fossem reais, então as
crenças não teriam ganho uma ampla popularidade.'24

Seria errado assumir que todas as Testemunhas de Jeová têm esta atitude. De
cada vez que a Sociedade Torre de Vigia faz uma grande mudança doutrinal, e
às vezes até uma pequena mudança, perde muitos aderentes, entre os quais
estão frequentemente os mais inteligentes e por vezes as Testemunhas mais
activas. Está-se a tornar cada vez mais evidente para essas pessoas que
mesmo a escatologia milenar da Sociedade -- a força motriz por detrás do élan
e crescimento da comunidade -- está feita de modo a manter a organização
das Testemunhas sob o domínio do corpo governante. Conforme Ray Mattera
comentou em privado: 'As Testemunhas de Jeová têm pouca teologia,
cristologia e pneumatologia verdadeiramente sistemática. De facto, elas quase
não têm de todo um sistema doutrinal consistente, excepto num aspecto: elas
têm uma eclesiologia que enfatiza a lealdade à organização Torre de Vigia
sobre tudo o resto.' Portanto, quando a Sociedade anunciou a sua nova
doutrina sobre 'esta geração', em Novembro de 1995, muitos ministérios de ex-
Testemunhas dirigidos a Testemunhas de Jeová receberam muitas chamadas
telefónicas de publicadores comuns das Testemunhas, e até de muitos
anciãos, pedindo ajuda espiritual.25 Mais recentemente, tem havido algumas
saídas devido à mudança que foi feita a respeito do serviço cívico nacional.
Muitos indivíduos que foram forçados a ir para a prisão em vez de fazerem o
serviço cívico alternativo devido à legislação da Torre de Vigia interrogam-se
por que tiveram de sofrer o encarceramento se agora não há nada de mal com
esse serviço alternativo.

Atitudes e Políticas do Corpo Governante

No apêndice à última edição de Crisis of Conscience [Crise de Consciência],


Raymond Franz indica que em muitos sentidos o corpo governante e a
Sociedade Torre de Vigia tornaram-se mais, em vez de menos, conservadores
desde que ele foi expulso da sede da Sociedade em Brooklyn em 1980. 26 Além
de desenvolverem uma linha muito mais dura no que diz respeito à
ostracização de pessoas desassociadas e uma nova sentença que diz que
pessoas que renunciam voluntariamente das Testemunhas de Jeová devem
ser tratadas como se fossem desassociadas, em 1983 o corpo governante
regressou à sua posição anterior segundo a qual as Testemunhas podiam ser
desassociadas por praticarem sexo oral ou anal com os seus cônjuges. 27
Depois, para lidar com a afirmação de muitos indivíduos que estavam a deixar
a comunidade das Testemunhas, de que tinham feito a sua dedicação e
baptismo a Jeová Deus e a Jesus Cristo em vez de a uma organização, a
Sociedade mudou a natureza das perguntas feitas aos candidatos ao baptismo.
Segundo a The Watchtower de 1.º de Agosto de 1970 (p. 465), as duas
perguntas eram: (1) 'Reconhece que é um pecador que precisa da salvação de
Jeová Deus? E reconheceu que esta salvação procede dele, e através do seu
resgatador Jesus Cristo?'; e (2) 'Na base desta fé em Deus e na sua provisão
para a redenção, dedicou-se a si mesmo sem reservas a Jeová Deus para
fazer a sua vontade de agora em diante do modo como ela se revelar a si
através de Jesus Cristo e através da Palavra de Deus conforme o espírito
santo torna claro?' Contudo, na The Watchtower de 1.º de Junho de 1985 (p.
30), foram impressas em negrito as novas perguntas, como se segue: (1) 'Com
base no sacrifício de Jesus Cristo, arrependeu-se dos seus pecados e dedicou-
se a Jeová para fazer a sua vontade?'; e (2) 'Compreende que a sua dedicação
e baptismo o identificam como uma das Testemunhas de Jeová em associação
com a organização de Deus dirigida pelo espírito?' Finalmente, depois de
vacilar muitas vezes sobre o assunto, a Sociedade decidiu outra vez que os
habitantes das antigas cidades de Sodoma e Gomorra não terão uma
ressurreição.28 Curiosamente, a Sociedade não está preparada para deixar esta
decisão a Jeová.

A razão subjacente ao conservadorismo do corpo governante reside


principalmente nas atitudes das pessoas que o compõem, muitas das quais
foram escolhidas pelo seu 'longo serviço e dependência organizacional' em vez
de serem escolhidas por terem alguma habilidade particular ou espiritualidade
proeminente. Eles são como muitos dos velhos burocratas do partido que
chegaram ao poder na União Soviética depois da morte de Estaline: leais ao
passado, eles têm pouco ou nenhum desejo de mudar a natureza da doutrina
ou governação básica das Testemunhas. Eles parecem contentes em esperar
pela sua 'recompensa celestial', que acham estar muito perto. Com base no
que Raymond Franz diz, em Julho de 1996 as idades dos membros do corpo
governante eram as seguintes: Gerrit Loesch, que é o único membro
acrescentado ao corpo governante em mais de uma década e meia, tem agora
55; Ted Jaracz, 71; Milton Henschel, 76; Dan Sydlik, 77; Lloyd Barry, 80; Jack
Barr, 83; Albert Schroeder, 85; Lyman Swingle, 86; e Carey Barber e Karl Klein,
91.29 O que isto significa é que, mesmo contando com Loesch, a média de
idades dos membros do corpo governante é 79,5 anos. Portanto, com a
excepção de Loesch, os membros do corpo governante são a 'velha guarda'
em todo o sentido desse termo. Além disso, os três membros mais influentes
do Sinédrio das Testemunhas são Jaracz, Henschel e Barry, todos conhecidos
pelo seu conservadorismo extremo e desejo de pressionar as Testemunhas a
fazer o trabalho de pregação de porta em porta.

O conservadorismo do corpo governante é expresso de maneiras que podem


ser descritas como mais do que apenas um pouco enganadoras. Por exemplo,
durante muitos anos as Testemunhas de Jeová e os colportores dos
Estudantes da Bíblia antes delas tinham 'colocado' ou 'vendido' literatura da
Torre de Vigia de porta em porta, aos potenciais convertidos, por 'contribuições'
monetárias fixas, incluindo taxas de assinatura para The Watchtower [A
Sentinela] e as suas revistas acompanhantes -- The Golden Age [A Idade de
Ouro], Consolation [Consolação] e Awake! [Despertai!] Durante o fim da
década de 1980, porém, o Jimmy Swaggart Ministries [organização religiosa de
um televangelista] foi para tribunal para tentar ter as suas publicações
religiosas, pelas quais cobrava dinheiro, isentas dos impostos da Califórnia
sobre as vendas.30 Apesar do seu antagonismo em relação a todas as outras
religiões, a Sociedade Torre de Vigia apoiou o Jimmy Swaggart Ministries com
um pedido de amicus curiae perante o Supremo Tribunal dos Estados Unidos.
Mas quando o tribunal decidiu que a literatura religiosa estava sujeita a
impostos, a Watch Tower mudou a sua política nos Estados unidos quase
imediatamente, e em outros países mudou-a algum tempo depois. Conforme
observou Comments from the Friends [Comentários dos Amigos], uma
publicação de ex-Testemunhas de Stoughton, Massachusetts: 'Em 25 de
Fevereiro [de 1990] uma carta da sede de Brooklyn foi lida em Salões do Reino
por todos os Estados Unidos, anunciando uma grande mudança na política da
Watchtower. Invertendo uma prática de 110 anos, já não seriam mais
estabelecidos preços para os livros, revistas ou assinaturas. Numa carta
posterior datada de 21 de Fevereiro, a Sociedade explicou a nova política deste
modo: "Adoptando um método de distribuição de literatura baseado
inteiramente em donativos, o povo de Jeová pode simplificar grandemente o
nosso trabalho de educação bíblica e separar-nos daqueles que comercializam
a religião."'31 O que isto significava era que, antes de deixarem os salões do
reino, esperava-se que as Testemunhas 'contribuíssem o que desejassem' pela
literatura que ofereceriam no seu ministério de porta em porta. É claro que a
Sociedade fez sugestões através de anciãos locais quanto ao que os
publicadores deviam 'desejar contribuir'. Assim, a Sociedade Torre de Vigia
passou a responsabilidade de pagar pelas suas publicações do público em
geral para as Testemunhas de Jeová.

Conforme o Brooklyn Heights Press reconheceu, a Sociedade tinha uma razão


menos espiritualmente elevada para a sua nova política: ao oferecer a literatura
gratuitamente ao público, evitava pagar impostos que podiam ascender a
muitos milhões de dólares.32 Comments from the Friends observou que se tinha
exigido que o Jimmy Swaggart Ministries pagasse 183.000 dólares em
impostos sobre vendas de literatura no valor de 2 milhões de dólares. Portanto,
se a Watch Tower Society tivesse de pagar uma importância proporcional pela
venda dos seus livros, folhetos, brochuras e revistas colocados junto do público
dos Estados Unidos só em 1989, teria de pagar 6,5 milhões de dólares em
impostos sobre vendas.33

Um exemplo similar de cinismo da organização está relacionado com a


mudança do estatuto da Sociedade no México. Apesar do facto de as
Testemunhas de Jeová terem durante muitos anos completa liberdade religiosa
nesse país sob a constituição de 1917, conforme foi observado anteriormente a
Sociedade tinha escolhido ser registada como uma sociedade cultural. Isto
significava que a Sociedade podia possuir directamente propriedades, em vez
de apenas usá-las ao passo que eram possuídas pela república. No entanto, as
Testemunhas de Jeová mexicanas foram forçadas a pagar um alto preço pelo
estratagema da Sociedade. Os seus salões do reino eram chamados 'salões
culturais' e as Testemunhas não podiam orar neles nem iniciar as suas
reuniões com 'cânticos do reino'. Elas não podiam ir de porta em porta com a
Bíblia, como faziam na maioria dos outros países democráticos. Depois de o
México ter mudado a sua constituição no fim da década de 1980, em 1.º de
Abril de 1989 as Testemunhas tornaram-se subitamente numa religião segundo
a lei mexicana.34 Comentando este desenvolvimento, Raymond Franz diz:

Depois de quase meio século em que teve o estatuto de uma organização


'cultural' no México, a organização Watch Tower mudou finalmente esse
estatuto para o de uma organização religiosa. A revista Watchtower [Sentinela]
de 1.º de Janeiro de 1990 (página 7) anunciou que a 'mudança de estatuto' das
Testemunhas de Jeová tinha ocorrido em 1989. A revista descreveu as
Testemunhas mexicanas como podendo pela primeira vez usar a Bíblia ao irem
de casa em casa, e pela primeira vez poderem iniciar as reuniões com oração.

A revista descreve como esta mudança foi 'emocionante' para as Testemunhas


mexicanas e como isso lhes trouxe 'lágrimas de alegria'. A revista atribui um
aumento imediato de mais de 17.000 'publicadores' a esta mudança.

O artigo não diz ao leitor absolutamente nada quanto a qual tinha sido o
estatuto anterior, por que prevaleceu, ou como a mudança de estatuto surgiu.
Qualquer pessoa que lesse o artigo assumiria que a mudança do estatuto, com
os benefícios descritos, era algo que a organização sempre quis. Lendo o
artigo, suporíamos que era o governo do México ou as suas leis que até essa
altura tinham impedido as Testemunhas de orar nas reuniões ou de usar a
Bíblia na sua actividade de porta em porta. A revista nunca diz ao leitor que a
razão pela qual as Testemunhas mexicanas foram privadas destas coisas --
durante pelo menos meio século -- foi porque a sede da sua própria
organização escolheu que isso fosse desse modo, optou voluntariamente em
favor de outro estatuto. A revista não diz ao leitor que estas mudanças
'emocionantes' que trouxeram 'lágrimas de alegria' sempre tinham estado
disponíveis, durante muitas décadas, requerendo apenas uma decisão
organizacional de abandonar a sua pretensão de que a organização das
Testemunhas no México não era uma organização religiosa e sim 'cultural'. A
única razão porque as Testemunhas mexicanas não se tinham envolvido
nestas coisas antes era porque a organização da sede os instruiu a não o
fazer, para proteger o estatuto escolhido de organização 'cultural'. Estes são
factos conhecidos por aqueles em posições de responsabilidade na
organização mexicana das Testemunhas. Não são conhecidos pela vasta
maioria das Testemunhas no exterior desse país e a Watchtower [Sentinela] de
1.º de Janeiro de 1990 manteve-os na escuridão sobre este assunto.
Apresentou um imagem 'expurgada' da ocorrência, que era tão enganadora
como a prática anterior a 1989, de fingir que eram algo diferente de uma
organização religiosa, ao passo que sabiam muito bem que o eram.

Conforme mostra um artigo mais recente, na Awake! [Despertai!] de 22 de


Julho de 1994, a disposição da organização Watch Tower abandonar o seu
fingimento que já durava há décadas estava relacionada com as emendas à
constituição mexicana que têm sido progressivamente adoptadas pelos corpos
legislativos ali. Sob as novas emendas, as igrejas são mais uma vez
autorizadas a possuir edifícios e propriedades. Isto é verdade não apenas no
caso da Igreja Católica mas também no caso de todas as denominações. 35

A Promoção Continuada de História Falsificada

Tal comportamento da parte do corpo governante demonstra que está


primariamente interessado em manter a autoridade da organização Torre de
Vigia por todos os meios, incluindo meios sinuosos, ao mesmo tempo que
critica outros movimentos religiosos por terem falta de integridade moral. O
mesmo vale para a história (se é que lhe podemos chamar história)
incrivelmente distorcida que eles continuam a publicar para os fiéis das
Testemunhas. Em 1993 a Watchtower Society of New York [Sociedade Torre
de Vigia de Nova Iorque] e a International Bible Students Association
[Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia] publicaram um livro de 750
páginas intitulado Jehovah's Witnesses: Proclaimers of God's Kingdom
[Testemunhas de Jeová: Proclamadores do Reino de Deus]. Segundo o
prefácio, 'Os redatores desta obra empenharam-se em ser objetivos e em
apresentar uma história cândida.' Mas se eles 'empenharam-se em ser
objetivos' -- o que é mais do que duvidoso -- falharam, e o livro Proclamadores
está longe de ser 'cândido'.

Em primeiro lugar, está escrito num estilo que torna difícil reunir os vários
eventos cronologicamente ou no contexto. Certas ocorrências são discutidas
em sítios diferentes do livro em vez de o serem cronologicamente, e dessa
forma muitos factos embaraçosos são branqueados. Em segundo lugar, o livro
branqueia vários acontecimentos que a Sociedade ignorou durante muito
tempo até terem sido trazidos à luz em Apocalypse Delayed [Apocalipse
Adiado] e em outras publicações que não são da Torre de Vigia. Em terceiro
lugar, várias personagens e acontecimentos historicamente importantes são
completamente omitidos. Por exemplo, não há menção do ex-advogado da
Torre de Vigia, Olin Moyle, nem do seu bem sucedido processo judicial contra o
corpo de directores da Watch Tower Society of Pennsylvania e da Watchtower
Society of New York, por estes o terem difamado, apesar do facto de o caso
Moyle ter sido central para o estabelecimento das comissões de
desassociação, ou judiciais, da Torre de Vigia. É ainda mais curioso que
Raymond Franz nunca seja mencionado no livro quando é amplamente
conhecido que ele desempenhou um papel central no desenvolvimento do
actual corpo governante e foi membro desse grupo durante alguns anos.
Talvez não seja tão surpreendente que o livro Proclamadores nunca mencione
que dois membros do corpo governante -- Ewart Chitty e Leo Greenlees --
foram obrigados a sair desse concílio por práticas homossexuais continuadas
mas nunca foram desassociados.36 Em quarto lugar, o livro Proclamadores
repete várias falsidades flagrantes que se tornaram parte da mitologia da Torre
de Vigia. O livro argumenta, tal como fizeram muitas publicações da Torre de
Vigia no passado, que a razão pela qual o Juiz J. F. Rutherford despediu das
suas funções quatro directores da Watch Tower Society em 1917 foi por eles
se oporem à publicação do livro The Finished Mystery [O Mistério Consumado],
que ele tinha autorizado pessoalmente. De facto, isso é completamente
mentira, conforme é claramente mostrado pelas próprias declarações de
Rutherford feitas em tribunal, sob juramento, em 1918. 37 Igualmente mentirosa
é a declaração feita na página 78 do livro Proclamadores. É feito o comentário
de que depois de ter falhado a profecia da Sociedade que dizia que os
antepassados fiéis de Jesus seriam ressuscitados e o mundo acabaria em
1925, '... a vasta maioria dos Estudantes da Bíblia permaneceu fiel' à Torre de
Vigia.38 Ainda mais chocante, contudo, é o livro Proclamadores ainda ignorar o
facto de o segundo presidente da Sociedade ter tentado fazer o movimento das
Testemunhas cair nas boas graças de Adolf Hitler e dos Nazis em Junho de
1933.39

Não é só no livro Proclamadores que o corpo governante e a Sociedade têm


sido desonestos. A revista Awake! [Despertai!] de 22 de Agosto de 1995 tinha
na sua capa a pergunta 'O Holocausto: Quem Denunciou?' acima de uma nota
que dizia que essa edição estava a ser publicada no '50.º Aniversário da
Libertação dos Campos'. Dentro da própria revista, havia vários artigos curtos
alegando que as Testemunhas de Jeová foram 'uma voz' que denunciou a
opressão Nazi. No entanto, não é dita uma palavra sequer sobre a natureza
anti-semita da Declaration of Facts [Declaração de Factos] de 1933, da
Sociedade, nem sobre a sua carta aduladora enviada para Hitler ao mesmo
tempo.40 Por outro lado, a Despertai! de 22 de Agosto de 1995 continuou a sua
política que já dura há muito tempo de atacar outras igrejas pela sua
colaboração com o governo de Hitler, e até imprimiu novamente várias imagens
anti-católicas lúgubres retiradas das publicações da Torre de Vigia desse
período do Terceiro Reich. Neste assunto, os líderes da Torre de Vigia
comportam-se como Lord Frollo do filme de desenhos animados da Disney,
The Hunchback of Notre Dame [O Corcunda de Notre-Dame] que, segundo o
narrador do filme, 'via o mal em todo o lado menos em si mesmo'.

A revista The Watchtower [A Sentinela] de 1.º de Maio de 1996 também


apresenta história falsificada similar. Com o objectivo de argumentar que a
Sociedade desenvolveu um entendimento cada vez mais progressivo sobre
quem eram as 'autoridades superiores' de Romanos 13, a revista faz várias
declarações. Na página 13 diz o seguinte: 'Em 1904 o livro The New Creation
[A Nova Criação] declarou que os verdadeiros cristãos "deviam estar entre os
mais acatadores da lei na época actual -- não agitadores, nem altercadores,
nem procurando defeitos." Isto foi entendido por alguns como significando uma
submissão total aos poderes actuais, mesmo até ao ponto de aceitarem serviço
nas forças armadas durante a Primeira Guerra Mundial.' [Tradução do inglês]
Em seguida a revista descreve brevemente a doutrina de 1929 do Juiz
Rutherford, segundo a qual Jeová Deus e Cristo Jesus eram as 'autoridades
superiores' ou 'poderes superiores' de Romanos 13, em vez dos governos
seculares -- uma doutrina que descrevia todas as instituições seculares deste
mundo como sendo 'do diabo'. Finalmente, a revista discute o ensino de 1962
da Sociedade sobre as relações com os governos seculares, ao qual se refere
como sendo uma doutrina de 'sujeição relativa'.41

Há muitas coisas erradas no artigo em questão. Em primeiro lugar, não existe


evidência de que, durante a Primeira Guerra Mundial, os Estudantes da Bíblia
acreditassem numa submissão total aos 'poderes actuais'. Houve uma questão
sobre até que ponto eles deviam ser obedientes à autoridade secular, mas
todos acreditavam no princípio da 'submissão relativa'. Em segundo lugar, a
doutrina de Rutherford de 1929 é descrita como sendo de alguma forma
positiva. Não existe a admissão de que essa doutrina foi exegese errada,
apesar dos seus efeitos, ou de a própria Sociedade a ter ignorado
posteriormente. The Watchtower [A Sentinela] declara: 'Olhando para trás, tem
de ser dito que este ponto de vista, exaltando, como fez, a supremacia de
Jeová e do seu Cristo, ajudou o povo de Deus a manter uma posição neutral
sem compromissos através deste período difícil.'42 Em terceiro lugar, The
Watchtower [A Sentinela] afirma que a sua doutrina mais recente sobre as
'autoridades superiores' surgiu depois de se completar a New World Translation
of the Holy Scriptures [Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas], em
1961. Segundo eles, 'a sua preparação tinha requerido um estudo profundo da
linguagem textual das Escrituras. Esta tradução exacta das palavras usadas
não só em Romanos capítulo 13 mas também em passagens como Tito 3:2 e 1
Pedro 2:13, 17 tornou evidente que o termo "autoridades superiores" se referia,
não à Autoridade Suprema, Jeová, e ao seu Filho, Jesus, mas em vez disso às
autoridades governamentais humanas.'43 Mas este relato é completamente
enganador. A New World Translation of the Christian Greek Scriptures
[Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs] tinha sido publicada
em 1950, e essa edição continha todas as passagens relevantes discutidas
acima. Portanto, se os exegetas da Sociedade tinham empreendido 'um estudo
profundo da linguagem textual das Escrituras' a respeito deste assunto, foram
incrivelmente lentos. Além disso, a Watch Tower Bible and Tract Society
[Sociedade Torre de Vigia de Bíblia e Tratados], a Watchtower Bible and Tract
Society Incorporated of New York [Sociedade Torre de Vigia de Bíblia e
Tratados de Nova Iorque], a International Bible Students Association
[Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia], e outras sociedades das
Testemunhas continuaram legalmente como corpos incorporados sob governos
'satânicos'. As Testemunhas de Jeová também tinham estado a fazer há vários
anos apelações a sistemas judiciais 'satânicos' em todo o mundo democrático.
Por isso os líderes e advogados das Testemunhas teriam sido
excepcionalmente obtusos se não se tivessem apercebido que, se os corpos
legislativos e os tribunais fossem totalmente dominados pelo diabo, então não
teriam estado a dar abrigo legal às várias sociedades das Testemunhas, nem
teriam decidido casos de tribunal uns atrás dos outros a favor das
Testemunhas de Jeová. Por essa razão, é perfeitamente evidente que a
mudança doutrinal surgiu mais em resposta a circunstâncias externas do que
por estudo abstracto, mas enquanto concílio governante humano da
'organização do Senhor', é difícil para o corpo governante das Testemunhas de
Jeová admitir isso. Portanto, embora a actual doutrina sobre as 'autoridades
superiores' seja explicada de forma mais concreta do que nos dias de Russell,
é essencialmente a mesma que ele enunciou durante a Primeira Guerra
Mundial. Porém, se o corpo governante dissesse isso, colocaria em perigo o
ensino básico que os seus membros usam para impor mudanças doutrinais à
comunidade das Testemunhas -- o conceito de revelação progressiva através
do canal da organização de Deus.

O Crescente Estudo Crítico Sobre as Testemunhas de Jeová

Quase desde o início, o movimento dos Estudantes da Bíblia--Testemunhas


tem tido críticos severos. No passado, as críticas ao movimento em geral eram
feitas principalmente por razões doutrinais, pela sua atitude em relação às
responsabilidades cívicas, ou por causa da questão das transfusões de
sangue. Embora seja verdade que alguns dissidentes que saíram da
Sociedade também censuraram a estrutura de autoridade e as inconsistências
da teologia da Torre de Vigia, poucos deles tentaram levar as suas
preocupações ao público em geral. A partir de 1980, tudo isso mudou.

Ao longo dos anos, a Sociedade Torre de Vigia tinha conseguido fazer sair
muitas pessoas do movimento com pouco ou nenhum dano para si mesma. A
única grande excepção foi Olin Moyle. Depois de o seu caso contra os
directores da Sociedade ter terminado em 1944, os advogados da Torre de
Vigia conseguiram criar uma situação na qual era praticamente impossível
ganhar um processo judicial contra a Sociedade ou contra os seus funcionários
por difamação, desassociação imprópria, ou disciplina administrada a pessoas
consideradas dissidentes ou problemáticas. Quando a Sociedade e os seus
lugar-tenentes começaram a tomar acções duras contra várias pessoas hábeis
do meio das Testemunhas no fim da década de 1970 e início da década de
1980, desenvolveu-se uma situação inteiramente nova. Em vez de tentarem
obter reparação das ofensas primariamente através do sistema legal, muitos
destes indivíduos, a quem a Sociedade rotula de 'apóstatas', começaram a
levar os seus casos à imprensa pública e aos meios noticiosos. Vários deles
começaram a escrever e a publicar livros sobre as suas experiências e sobre
as práticas e doutrinas das Testemunhas de Jeová. Alguns formaram uma
variedade de ministérios direccionados a ajudar pessoas que deixavam o
movimento. Foram realizadas várias conferências e congressos de ex-
Testemunhas em toda a América do Norte e Europa, e noutras partes do
mundo. Alguns dos ministérios de ex-Testemunhas começaram a publicar
jornais [ou periódicos] e revistas. À medida que a Internet se tornou popular,
foram formados vários grupos de discussão, e vários sites da Internet foram
estabelecidos para avaliar criticamente cada aspecto das doutrinas e práticas
das Testemunhas de Jeová. Comentando estes factos, Ray Mattera diz: 'No
passado, os líderes das Testemunhas encorajavam a confrontação face-a-face
com oponentes. Porém, o devastador criticismo desencadeado contra a
Sociedade, especialmente desde 1980, não tem sido direccionado à sua
negação de doutrinas como a Trindade ou o inferno de fogo, em vez disso tem
sido direccionado ao coração do movimento: a sua eclesiologia. A história da
Torre de Vigia, de especulação com base em datas, alteração e mudança de
doutrinas, e a estratégia de ocultação de erros, tem sido exposta com o recurso
à própria literatura da Torre de Vigia. O efeito é minar a autoridade dos líderes
que, conforme argumentei, é o princípio central da religião das Testemunhas. O
criticismo é de tal ordem, que os líderes das Testemunhas não têm conseguido
responder adequadamente. Por essa razão, os representantes da Torre de
Vigia passaram a dizer que a Bíblia proíbe a leitura de matéria "apóstata", isto
é, anti-Testemunhas.'44

Embora aqueles que deixaram voluntariamente as Testemunhas ou que foram


obrigados a fazê-lo através da desassociação sejam um grupo diversificado e
variem desde indivíduos que agora são ateus até aqueles que ainda mantêm
muitas das crenças das Testemunhas ou que se juntaram a outras religiões,
muitos deles sentem extrema amargura para com o corpo governante, a
Sociedade e aqueles que pertencem à congregação das Testemunhas. Em
resultado disso, alguns dos ataques que essas pessoas fazem às
Testemunhas de Jeová são mal formulados, e por vezes são bastante injustos.
Contudo, boa parte do material recentemente publicado que foi elaborado por
ex-Testemunhas está bem documentado e satisfaz os cânones da investigação
sólida. Isto é particularmente verdade no caso dos trabalhos de Raymond
Franz, Carl Olof Jonsson, Rud Persson, e Achille Aveta. O livro Crisis of
Conscience [Crise de Consciência], de Franz, foi traduzido para várias línguas
e foi actualizado recentemente. Franz também escreveu In Search of Christian
Freedom [Em Busca de Liberdade Cristã] (Atlanta: Commentary Press, 1991),
um trabalho importante e revelador. Um capítulo deste livro, sobre a posição
das Testemunhas de Jeová relativamente ao tratamento médico que envolve
sangue, foi traduzido para espanhol. Jonsson tem continuado a trabalhar na
cronologia antiga do Médio Oriente e sua relação com o esquema escatológico
das Testemunhas, escreveu um suplemento ao seu livro The Gentile Times
Reconsidered [Os Tempos dos Gentios Reconsiderados] e está presentemente
a actualizar esse trabalho. Em 1987 ele e Rud Persson, que nessa altura
escrevia sob o pseudónimo Wolfgang Herbst, publicaram The Sign of the Last
Days -- When? [O Sinal dos Últimos Dias -- Quando?] (Atlanta: Commentary
Press, 1987), que é uma crítica histórica à posição indefensável das
Testemunhas e de vários fundamentalistas, que dizem que as condições
mundiais têm estado piores durante o século XX do que em qualquer outro
tempo no passado. O trabalho mais importante de Aveta no seu idioma
materno, o italiano, é I Testimoni di Geova: un'ideologia che logora [As
Testemunhas de Jeová: Uma Ideologia Que Consome] (Roma: Edizioni
Dehoniane, 1989). Em co-autoria com Sergio Pollina, ele também publicou I
Testimoni di Geova e la politica: martiri o opportunisti? [As Testemunhas de
Jeová e a Política: Mártires ou Oportunistas?] (Roma: Edizioni Dehoniane,
1990).

Outro livro de uma ex-Testemunha, publicado há pouco tempo pela Lutterworth


Press of Cambridge, Inglaterra, que certamente devia ser classificado como um
estudo académico, é Counting the Days to Armageddon: The History of
Jehovah's Witnesses Doctrine of the Second Presence of Christ and the
Kingdom of God [Contando os Dias Para o Armagedom: A História da Doutrina
das Testemunhas de Jeová Sobre a Segunda Presença de Cristo e o Reino de
Deus]. Esse livro apresenta em linhas gerais a influência de William Miller e de
John Nelson Darby sobre Charles Taze Russell, demonstra a consistência da
escatologia de Russell baseada em datas, apesar do seu fracasso, e mostra
como a doutrina escatológica da Watch Tower pós-Russell é completamente
inconsistente e cheia de contradições internas.

Embora vários autores que no passado foram Testemunhas, como Jerry


Bergman, Duane Magnani, David Reed e Randy Watters tenham em geral sido
mais polémicos nas suas críticas aos Estudantes da Bíblia/Testemunhas de
Jeová, e os últimos três tenham afirmado que as Testemunhas de Jeová são
uma seita que controla a mente dos adeptos, as investigações deles
contribuíram muito para a compreensão da natureza histórica e contemporânea
do movimento das Testemunhas. A bibliografia de Bergman, Jehovah's
Witnesses and Kindred Groups [Testemunhas de Jeová e Grupos Aparentados]
continua a ser um trabalho valioso, e o seu artigo recentemente publicado,
'Dealing with Jehovah's Witnesses Custody Cases' [Lidando com Casos de
Custódia de Filhos de Testemunhas de Jeová], é uma grande contribuição para
o estudo das lutas legais mais importantes das Testemunhas na actualidade. 45
Várias das publicações de Reed também são importantes fontes de referência
e históricas.46 O trabalho mais importante de Magnani tem sido coleccionar,
copiar e reproduzir muitas publicações antigas da Torre de Vigia e também
colocar algumas dessas publicações em CD-ROMs para computadores -- uma
grande contribuição para quem estuda o movimento da Torre de Vigia.47
Watters publica The Free Minds Journal e tem escrito várias obras que são
úteis para a compreensão do movimento contemporâneo das Testemunhas. A
mais importante destas obras é Thus Saith the Governing Body [Assim Disse o
Corpo Governante] (Manhattan Beach, CA: Impressão privada, 1996).48

Fundamental Freedoms and Jehovah's Witnesses [Liberdades Fundamentais e


as Testemunhas de Jeová] (Calgary: University of Calgary Press, 1993), de
Gary Botting, é um trabalho diferente. É um exame imparcial sobre as
contribuições das Testemunhas para as liberdades civis no Canadá, e mostra
claramente que uma ex-Testemunha de Jeová pode escrever coisas positivas
acerca dos seus anteriores irmãos, contrariamente ao que diz a propaganda da
Torre de Vigia.

Investigadores que nunca estiveram associados com as Testemunhas de


Jeová também produziram muitos estudos sobre o movimento durante a última
década, alguns dos quais têm sido muito significativos. Embora a maioria
destes estudos tenham sido na área das relações entre a igreja e o Estado,
nem todos foram nessa área. Entre os escritos em inglês estão Crisis of
Allegiance: A Study of Dissent Among Jehovah's Witnesses [Crise de Lealdade:
Um Estudo da Dissensão Entre as Testemunhas de Jeová] (Burlington, ON:
Welsh, 1986) de James A. Beverley; Jehovah's Witnesses: The Millenarian
World of the Watch Tower [Testemunhas de Jeová: O Mundo Milenarista da
Torre de Vigia] (Nova Iorque e Londres: Garland, 1992) de Melvin D. Curry;
State and Salvation: The Jehovah's Witnesses and Their Fight for Civil Rights
[O Estado e a Salvação: As Testemunhas de Jeová e a Sua Luta Pelos Direitos
Civis] (Toronto: University of Toronto Press, 1989) de William Kaplan; e Armed
with the Constitution: Jehovah's Witnesses in Alabama and the U. S. Supreme
Court, 1939-1946 [Armados com a Constituição: Testemunhas de Jeová no
Alabama e no Supremo Tribunal dos Estados Unidos, 1939-1946] (Tuscaloosa
e Londres: University of Alabama Press, 1995) de Merlin Owen Newton. Crisis
of Allegiance [Crise de Lealdade], de Beverley, descreve em detalhe a
separação de mais de oitenta pessoas de Lethbridge, Alberta, Canadá, das
Testemunhas de Jeová em 1980 e 1981. Esse livro descreve com
imparcialidade como a Sociedade Torre de Vigia age numa situação dessas, e
como as ex-Testemunhas de Alberta contra-atacaram. Curry desenvolve uma
tese sociológica interessante em oposição a James Beckford e Rosabeth Moss
Kanter, na qual defende que é o milenarismo, e não a manutenção
organizacional, o aspecto central da estrutura organizacional das
Testemunhas. O estudo de Kaplan apresenta uma avaliação detalhada da
perseguição das Testemunhas de Jeová no Canadá e é particularmente forte
no seu relato do assunto da saudação à bandeira. Armed with the Constitution
[Armados com a Constituição], de Newton, é um olhar simpático sobre o
contexto de dois casos importantes que se originaram no Alabama, envolvendo
Testemunhas no Supremo Tribunal dos Estados Unidos.

Trabalhos escritos em outras línguas, importantes para o estudo das


Testemunhas, incluem Les Témoins de Jéhovah: Un Siècle d'histoire [As
Testemunhas de Jeová: Um Século de História] (Paris: Desclée de Brouwer,
1987) de Bernard Blandre; Les Transactions politiques des croyants:
Charismatiques et Témoins de Jéhovah dans le Québec des années 1970 et
1980 [As Relações Políticas dos Crentes: Carismáticos e Testemunhas de
Jeová no Québec das décadas 1970 e 1980] (Otava: Les Presses de
l'Universite d'Ottawa, 1993) de Pauline Côté; Zwischen Widerstand und
Martyrium: Die Zeugen Jehovas im 'Dritten Reich' [Entre a Resistência e o
Martírio: As Testemunhas de Jeová no 'Terceiro Reich'] (Munique: R.
Oldenbourg Verlag, 1993) de Detlef Garbe; e Falschspieler Gottes: Die
Wahrheit über Jehovas Zeugen [A Religião Falsa: A Verdade Sobre as
Testemunhas de Jeová] (Hamburgo e Zurique: Rasch und Rohring Verlag,
1985) de Rolf Nobel. O estudo de Blandre é uma análise da história das
Testemunhas durante o século XX. O trabalho de Côté é um interessante
estudo sociológico sobre as Testemunhas de Jeová e sobre os Cristãos
Carismáticos no Québec. Contrasta a conformidade de grupo das
Testemunhas com o individualismo dos Carismáticos. O livro de Detlef Garbe é
uma revisão da sua tese de doutoramento na University of Hamburg e talvez
seja o melhor relato até à data acerca das Testemunhas de Jeová sob o
Terceiro Reich. Garbe apresenta uma análise cuidadosa do número de
Testemunhas que morreram, seja qual for a causa, às mãos do Estado Nazi.
Ele acha, com base em evidência solidamente apresentada, que em vez de
2.000, número tradicionalmente apresentado, apenas morreram cerca de 1.100
ou 1.200 Testemunhas.49 O estudo de Nobel é extremamente importante
devido à quantidade de informação que contém. Embora o livro seja bastante
polémico, conforme o título indica, e Nobel, um jornalista disfarçado, se tenha
feito passar falsamente por uma pessoa interessada em tornar-se Testemunha
quando estudou com elas, Falschspieler Gottes revela alguns factos
importantes sobre as Testemunhas de Jeová na Europa da Segunda Guerra
Mundial. Entre outra informação que não é do conhecimento geral no mundo
de língua inglesa e que Nobel revela, está o facto de Erich Frost --
superintendente da filial da Watch Tower na Alemanha Ocidental depois da
Segunda Guerra Mundial, durante muitos anos -- ter traído alguns dos seus
irmãos à Gestapo durante o período Nazi50 e a Sociedade das Testemunhas de
Jeová na Suíça ter publicado uma declaração na edição alemã da revista
Consolation [Consolação] dizendo que as Testemunhas não viam nada de
errado em realizar o serviço militar e que muitas tinham feito isso.51

Uma coisa que é notável em todos estes trabalhos 'não-apóstatas' e em muitos


outros é que eles citam e mencionam repetidamente os trabalhos de
investigadores ex-Testemunhas. Contrariamente ao que acontecia no passado,
até mesmo autores evangélicos começaram a dar mais atenção a vários
trabalhos de ex-Testemunhas, independentemente das orientações religiosas
dos seus autores, e estão a obter gradualmente uma compreensão mais
sofisticada do movimento das Testemunhas. Isto é particularmente verdade no
caso de alguém como Ruth A. Tucker, cujo capítulo acerca das Testemunhas
de Jeová no seu livro Another Gospel: Cults, Alternative Religions and the New
Age Movement [Outro Evangelho: Seitas, Religiões Alternativas e o Movimento
da Nova Era] (Grand Rapids: Zondervan, 1989) é muito superior à maioria dos
outros livros e artigos produzidos por críticos católicos ou protestantes do
movimento da Torre de Vigia. Por isso, agora é quase impossível as
Testemunhas de Jeová lerem uma publicação que não é da Torre de Vigia, ou
até mesmo artigos em enciclopédias sobre elas, sem se depararem com os
nomes e trabalhos de pessoas a quem a Sociedade Torre de Vigia chama
'apóstatas'.
A Resposta da Torre de Vigia aos 'Apóstatas'

A Sociedade Torre de Vigia tem-se tornado histérica nos seus ataques aos
'apóstatas'. Na última versão do CD-ROM Watchtower Library, da Sociedade,
que inclui muitas das publicações do movimento desde 1950 até ao presente,
existem 575 referências a 'apóstatas', a maioria das quais se encontram em
publicações imprimidas depois de 1980. É perfeitamente evidente que os
líderes das Testemunhas têm um medo extremo do efeito que podem ter, e
estão de facto a ter, ex-membros críticos sobre a comunidade das
Testemunhas. Em resultado disso, a Sociedade fez tudo o que era possível
para isolar as Testemunhas de Jeová dos 'apóstatas'. Em vez de tentar refutar
as alegações que ex-Testemunhas fizeram contra as doutrinas e práticas da
Torre de Vigia, a Sociedade desencadeou uma campanha de ódio contra elas.

Citações da Watchtower [Sentinela] ilustram isto claramente. Num artigo


intitulado '"Esquadrinha-me, ó Deus"', a Watchtower [Sentinela] de 1.º de
Outubro de 1993 (p. 19) diz:

Sobre estes [pessoas que odeiam Jeová], o salmista disse: "Acaso não odeio
os que te odeiam intensamente, ó Jeová, e não tenho aversão aos que se
revoltam contra ti? Odeio-os com ódio consumado. Tornaram-se para mim
verdadeiros inimigos." (Salmo 139:21, 22) Foi por odiarem intensamente a
Jeová que Davi os encarava com repugnância. Os apóstatas estão incluídos
entre os que mostram seu ódio por Jeová por se revoltarem contra ele. A
apostasia é, na realidade, uma rebelião contra Jeová. Alguns apóstatas
professam conhecer e servir a Deus, mas rejeitam ensinos ou requisitos
delineados na Sua Palavra. Outros afirmam crer na Bíblia, mas rejeitam a
organização de Jeová e tentam ativamente obstaculizar a sua obra. Quando
eles deliberadamente escolhem tal maldade depois de conhecerem o que é
correto, quando o mal se torna tão entranhado que se torna parte inseparável
de sua constituição, o cristão precisa odiar (no sentido bíblico da palavra) os
que se agarraram inseparavelmente à maldade. Os cristãos verdadeiros
compartilham dos sentimentos de Jeová para com tais apóstatas; não são
curiosos a respeito das idéias dos apóstatas. Ao contrário, 'sentem aversão'
para com os que se fazem inimigos de Deus, mas deixam que Jeová execute a
vingança. -- Jó 13:16; Romanos 12:19; 2 João 9, 10.

No artigo 'À Mesa de Quem Se Está Alimentando?', a Watchtower [Sentinela]


de 1.º de Julho de 1994 (pp. 11 e 12) declara: 'O alimento na mesa dos
demônios é venenoso. Por exemplo, considere o alimento fornecido pela classe
do escravo mau e pelos apóstatas. Não é nutritivo nem edificante; não é sadio.
Não pode ser, porque os apóstatas deixaram de se alimentar à mesa de Jeová.
Em resultado disso, desapareceu tudo o que possam ter desenvolvido como
nova personalidade. Não é o espírito santo que os motiva, mas uma amargura
mordaz. Estão obcecados por um único objetivo: espancar seus anteriores co-
escravos, conforme Jesus predisse. -- Mateus 24:48, 49.' Depois de citarem C.
T. Russell dizendo que aqueles que se tinham afastado dele e da Sociedade
Torre de Vigia em resultado no Cisma do Novo Pacto pareciam estar
'contaminados com demência, com hidrofobia satânica', a revista proclamou:
Sim, os apóstatas divulgam publicações que recorrem a distorções, meias-
verdades e rematadas falsidades. Até mesmo fazem piquetes em congressos
das Testemunhas, tentando enlaçar os incautos. Por isso, seria perigoso deixar
que a nossa curiosidade nos induzisse a nos alimentarmos com escritos assim
ou a escutarmos seus ultrajes! Embora talvez não consideremos isso um risco
para nós mesmos, o perigo continua. Por quê? Em primeiro lugar, algumas das
publicações dos apóstatas apresentam falsidades por meio de "conversa
suave" e "palavras simuladas". (Romanos 16:17, 18; 2 Pedro 2:3) Não é isso o
que esperaria receber na mesa dos demônios? E embora os apóstatas talvez
apresentem também certos fatos, usualmente os tiram do contexto, com o
objetivo de desviar outros da mesa de Jeová. Todos os seus escritos
simplesmente criticam e rebaixam! Nada é edificante.

Jesus disse: "Pelos seus frutos os reconhecereis." (Mateus 7:16) Então, quais
são os frutos dos apóstatas e das suas publicações? Há quatro coisas que
distinguem a sua propaganda. (1) Esperteza. Efésios 4:14 diz que eles usam
de "astúcia em maquinar o erro". (2) Inteligência arrogante. (3) Falta de amor.
(4) Diversas formas de desonestidade. Estes são justamente os mesmos
ingredientes do alimento existente na mesa dos demônios, todos destinados a
minar a fé do povo de Jeová.

Diatribes deste género nunca são fundamentadas com exemplos concretos, e a


Sociedade nunca tenta contrariar as afirmações dos 'apóstatas' com
argumentação directa. No passado, a Sociedade Torre de Vigia pediu às
pessoas que não são Testemunhas e, por extensão, às Testemunhas de
Jeová, que examinassem a sua religião livremente. Por exemplo, em 1968 o
livro principal da Sociedade para potenciais convertidos, The Truth that Leads
to Eternal Life [A Verdade Que Conduz à Vida Eterna] declarou na página 13:
'Precisamos examinar não só o que nós mesmos cremos, mas também o que é
ensinado pela organização religiosa com que talvez nos associemos. Estão os
seus ensinos em plena harmonia com a Palavra de Deus ou baseiam-se em
tradições de homens? Se amarmos a verdade, não precisamos temer tal
exame.' Evidentemente, isso já não é verdade hoje: as Testemunhas de Jeová
agora precisam de ter medo do que os 'apóstatas' dizem e escrevem.

Com o objectivo de manter as Testemunhas afastadas dos 'apóstatas' e dos


'ensinos apóstatas', a Sociedade continua a tomar outras medidas. Ela não
abrandou a sua campanha para desassociar toda e qualquer pessoa que
mostre sinais de dissidência, e quando indivíduos são trazidos perante
comissões judicativas das Testemunhas, fazem-lhes quase invariavelmente a
pergunta: 'Aceita a Sociedade Torre de Vigia como o canal de comunicação de
Deus com os cristãos fiéis?', ou algo similar. A menos que a pessoa responda a
essa pergunta sem reservas, ele ou ela sofrerá quase automaticamente a
excomunhão e ostracização, o que por vezes resulta em trauma pessoal,
alienação da família, divórcio, colapso emocional, perda do emprego, e até
suicídio. Conhecendo as possíveis consequências legais de tais
desassociações, a Sociedade tem tentado distanciar-se de quaisquer eventuais
processos judiciais, fazendo com que os anciãos das congregações locais os
enfrentem se eles surgirem. Numa carta pessoal que me enviou em Junho de
1996, um ex-ancião que deseja continuar anónimo para evitar ser expulso da
comunidade das Testemunhas, diz:

A Sociedade só faz as regras que os anciãos têm de seguir e mantém os


registos. A Sociedade tem sido muito cuidadosa para não se envolver
demasiado em casos individuais. Em várias ocasiões quando eu era ancião,
nós contactámos a Sociedade em casos judicativos. Nem sequer uma vez
recebemos o que eu consideraria um resposta directa. Eles indicavam alguns
textos que se aplicavam vagamente e depois diziam-nos para tomarmos a
decisão.

Isto foi enfatizado na última Escola do Ministério do Reino para anciãos que foi
realizada há um ano... Foi ordenado aos anciãos que escrevessem isto no seu
livro 'Pay Attention' [Prestai Atenção]. Foi repetido duas vezes para se
certificarem de que toda a gente tinha compreendido palavra por palavra. Os
formulários S-77 e S-79 são os formulários que os anciãos usam para relatar
uma desassociação à Sociedade.

Seis expressões que não devem ser usadas nos formulários S-77 e S-79: (1)
Qualquer coisa que faça alusão a, ou mencione o nome de um dos advogados
da Sociedade, (2) qualquer menção do Departamento Legal [da Sociedade
Torre de Vigia], (3) quaisquer comentários que se refiram a uma orientação
recebida da Sociedade, (4) quaisquer comentários que mencionem alguém,
além da própria comissão, como possível influência sobre a decisão a que se
chegou, (5) qualquer comentário que sugira à alguém com olhos críticos que a
comissão não chegou sozinha a sua decisão, mas que, em vez disso, de
alguma forma cedeu a influência de alguém de fora, e (6) quaisquer
comentários que indiquem que os anciãos cuidaram erroneamente do caso ou
cometeram qualquer erro na investigação ou no processo da comissão
judicativa.'

Como os contactos familiares são frequentemente o meio mais importante


através do qual as Testemunhas de Jeová recebem o que a Sociedade
considera ideias apóstatas, a proibição contra [contactos com] familiares
desassociados ou 'dissociados' tem sido mantida em vigor, pelo menos
publicamente. A Sociedade ainda declara que não deve haver qualquer
relacionamento [ou confraternização] espiritual com tais pessoas, e a maioria
das Testemunhas ainda são levadas a acreditar que devem evitar os seus
familiares, incluindo pais e filhos adultos. Embora o manual da Escola do
Ministério do Reino para anciãos designados da Sociedade Torre de Vigia, 'Pay
Attention to Yourselves and to All the Flock' [Prestai Atenção a Vós Mesmos e a
Todo o Rebanho], que foi publicado em 1991, indique que normalmente uma
Testemunha de Jeová não deve ser desassociada por se associar com um
familiar desassociado a menos que ele ou ela tenha associação [ou
confraternização] espiritual com esse familiar ou justifique ou tente desculpar o
seu modo de proceder,52 a maioria das Testemunhas de Jeová não sabem isto.
O livro Rebanho, que dedica mais de setenta páginas àquilo que na prática é o
cânon de leis da Sociedade e que avisa que os apóstatas podem contaminar a
congregação como gangrena, tem um aviso severo impresso na página de
título inicial dizendo que o livro pertence à congregação e tem de ser devolvido
à comissão de serviço da congregação quando a pessoa deixa de servir como
ancião. Não se podem fazer cópias de qualquer parte do livro. Por isso muitas
Testemunhas de Jeová, não estando por dentro dos 'assuntos dos anciãos',
não sabem que se podem associar com familiares, pelo menos numa base
familiar regular.

Foram tomadas outras acções para combater a avaliação e criticismo


constante do registo e práticas da Torre de Vigia. A Sociedade tem
aconselhado as Testemunhas a recusarem convites para ir à rádio ou à
televisão quando surge qualquer assunto controverso que envolve a sua fé.53 A
Sociedade tem reduzido a publicidade sobre os congressos e outras
actividades.54 Tem avisado as Testemunhas para não lerem publicações
escritas por 'apóstatas',55 em tem-lhes pedido para evitarem sites da Internet e
grupos de chat [conversa on-line] que são negativos para com a mensagem da
Torre de Vigia.56 A Sociedade também se tem mostrado disposta a fazer
ataques pessoais aos seus críticos57 e a interferir com o trabalho académico de
ex-Testemunhas.58

Infelizmente para a Sociedade Torre de Vigia, as suas actividades anti-


apóstatas muitas vezes têm o efeito contrário ao pretendido. As Testemunhas
de Jeová e a própria Sociedade defrontam-se com uma incidência crescente de
litígios. Nos Estados Unidos, no Canadá e em vários outros países, tem
aumentado muito o número de casos de custódia de crianças envolvendo
casais em que um dos cônjuges é Testemunha de Jeová e o outro não, ou é
uma ex-Testemunha,59 muitas vezes com resultados negativos para as
Testemunhas. Mais séria tem sido a acção legal tomada contra a Sociedade
por um certo número de indivíduos que anteriormente trabalharam nos
escritórios e na tipografia alemã da Torre de Vigia. Durante anos a Sociedade
não pagou qualquer tipo de impostos para fundos de aposentação relativos aos
seus trabalhadores Testemunhas, com base no argumento de que eles não
precisariam de aposentação depois do Armagedom. Em consequência da
acção judicial dos seus ex-trabalhadores, a filial alemã da Torre de Vigia agora
tem de pagar impostos relativos a serviços prestados no passado, e também
tem de pagar para fundos de pensões dos que actualmente são seus
trabalhadores, a um custo considerável.60 Além disso, certos governos
democráticos começaram a examinar, frequentemente com algum
antagonismo, as actividades da Sociedade no que diz respeito ao tratamento
que é dispensado aos ex-membros. Isto tem acontecido particularmente no
Canadá61 e na Dinamarca.62

O facto de as Testemunhas de Jeová serem rotuladas como seita por vários


'ministérios' também está a ter impacto. Embora as Testemunhas estejam
suficientemente bem estabelecidas para serem grandemente afectadas por
essa propaganda na América do Norte, Europa, Austrália e Nova Zelândia, a
situação é diferente num país como o Japão. Recentemente tem havido relatos
na Internet sobre a desprogramação forçada de convertidos das Testemunhas
nesse país, geralmente por ordem de membros da família.

Por fim, à medida que as Testemunhas se expandem no chamado mundo em


vias de desenvolvimento a uma taxa muito mais rápida do que nas nações
industrializadas, a Torre de Vigia pode muito bem começar a sentir problemas
financeiros. A maior parte do dinheiro que a Sociedade usa para financiar o seu
império editorial vem do mundo desenvolvido, e se o crescimento na Europa e
na América do Norte continuar a abrandar, como tem acontecido em anos
recentes, a Sociedade terá de pressionar mais fortemente para obter os fundos
necessários para prosseguir as suas actividades. A Sociedade já começou a
agir mais e mais como outras religiões ao solicitar fundos aos seus aderentes
apesar do facto de, ao fazer isso, estar a violar uma tradição de longa data dos
Estudantes da Bíblia/Testemunhas de Jeová.

O Futuro das Testemunhas de Jeová

Qual é o significado de tudo isto para as Testemunhas de Jeová e o que o


futuro lhes parece reservar? É difícil acreditar que eles mudarão
dramaticamente a curto prazo, embora já tenham acontecido coisas mais
estranhas. Em muitos sentidos eles são como a Igreja Católica antes do
Concílio Ecuménico Vaticano II, ou a União Soviética antes da era Gorbachev.
Tal como essas duas entidades, as Testemunhas são governadas por uma
hierarquia centralizada que está comprometida com as políticas tradicionais do
movimento. Falando da liderança das Testemunhas, Raymond Franz diz:

Se o passado serve de indicação, a direcção tomada por aqueles membros


mais influentes seguirá uma linha conservadora, resistindo a qualquer caminho
ou recomendação que não sustente ou promova os ensinos, métodos e
políticas tradicionais agora em vigor. O que tem sido publicado e feito nos
últimos anos não dá qualquer base para esperar o tipo de 'reforma' que alguns
acham que tem de acontecer. É verdade que apenas um membro do Corpo
Governante (Gerrit Loesch, recentemente designado) tem menos de 70 anos, e
as idades dos outros variam entre 70 e 90 anos. Contudo, novos substitutos
precisam de ter a aprovação dos restantes membros e, em particular, dos que
têm uma influência dominante. Não há dúvida de que se está a tornar cada vez
mais difícil encontrar candidatos 'apropriados' para ser membros do Corpo,
devido ao cada vez menor número de homens 'ungidos'. No futuro isto pode
obrigar o Corpo Governante a abandonar o requisito fundamental de a
admissão de novos membros estar aberta apenas para os da classe dos
ungidos. Isso seria difícil de harmonizar com a sua doutrina sobre o estatuto
privilegiado da 'classe do escravo fiel e discreto', e pode ser adiado tanto
quanto possível. Eles podem ser ajudados pelo facto de, periodicamente,
membros mais jovens da organização decidirem que são 'dos ungidos' e assim
tornarem-se candidatos potenciais para membros do Corpo.63

Franz também está pessimista sobre a possibilidade de grandes 'reformas' no


interior da comunidade das Testemunhas em resultado de mudanças no topo.
Ele declara: 'Um grande erro em esperar reformas provocadas por mudanças
no pessoal está, em minha opinião, em pensar que a situação se deve aos
homens no poder. Só num sentido secundário é esse o caso. Primariamente,
não são os homens. É o conceito que controla, a premissa sobre a qual todo o
movimento está fundado.'64 Este é um ponto discutível. O conceito primário, 'o
conceito que controla', é a necessidade de manter intacta a organização Torre
de Vigia, e se se tornar necessário reformar para salvar a organização, essa
reforma sem dúvida ocorrerá. As lideranças da Igreja Católica e da União
Soviética estavam exactamente tão comprometidas ideologicamente com o
passado e com a manutenção institucional como está a liderança das
Testemunhas de Jeová. No entanto, ninguém pode negar que o Papa João
XXIII e Mikhail Gorbachev -- dois homens que tinham sido criados pelos seus
sistemas respectivos -- foram responsáveis pela introdução de grandes
mudanças nas instituições e comunidades que governaram. Um movimento
religioso americano que certamente estava tão obstinado doutrinal e
organizacionalmente como as Testemunhas, a Worldwide Church of God
[Igreja Mundial de Deus], também passou recentemente por reformas amplas e
dramáticas em resultado de uma mudança na sua liderança. 65 Portanto, é
errado menosprezar a possibilidade de mudança a partir do topo no interior das
Testemunhas de Jeová. Mas a probabilidade é que, quando essa mudança
ocorrer, será gradual e em resultado de pressões provenientes do 'mundo', de
críticas 'apóstatas' ao corpo governante e à Sociedade, e da comunidade das
Testemunhas em geral.

Há um ensino da Torre de Vigia que poderia causar um sério problema às


Testemunhas e poderia provocar uma grande mudança. Embora a grande
tribulação e o Armagedom tenham sido adiados para o futuro indefinido, o
corpo governante continua a ter um sério problema com a sua escatologia. Se
a tribulação não ocorrer razoavelmente em breve, a doutrina da Sociedade
Torre de Vigia sobre a esperança terrestre para a vasta maioria das
Testemunhas de Jeová provar-se-á falsa. Segundo Revelação 7:14, a 'grande
multidão' é constituída por aqueles que sairão da grande tribulação. E segundo
os ensinos da Torre de Vigia, essas pessoas começaram a ser identificadas
como presentes em associação com as Testemunhas de Jeová a partir de
1932. Portanto os mais jovens desse pequeno grupo de pessoas que foram
identificadas num congresso da Torre de Vigia em Washington, D.C., em 31 de
Maio de 1935, são pessoas que estão agora com setenta ou oitenta anos. 66 O
tempo está-se a esgotar para essas Testemunhas de Jeová, e tem o potencial
de afectar adversamente centenas de milhares de outras Testemunhas dentro
dos próximos dez ou vinte anos. Talvez seja usada uma 'reinterpretação', ou
melhor dizendo, um malabarismo doutrinal, para resolver este problema, tal
como aconteceu com a doutrina, mantida durante muito tempo, sobre 'esta
geração'. Mas é difícil ver como isto pode ser feito se o apocalipse for adiado
durante demasiado tempo.

À medida que as Testemunhas vêem o tempo passar sem o cumprimento das


suas esperanças de novos céus e uma nova terra, sem dúvida elas começarão
a estabelecer-se como uma comunidade mais estável, menos adversa em
relação ao mundo, tal como aconteceu com a igreja primitiva quando a
segunda vinda de Cristo foi adiada. Isso significará que a Sociedade já não
poderá mais impor as suas normas tão severamente às Testemunhas de
Jeová, tal como o Vaticano agora não pode impor as suas regras à vasta
maioria dos Católicos. De facto, já há sinais de que isto está a acontecer,
especialmente em culturas onde as ordens ao estilo americano da Torre de
Vigia são encaradas como demasiado severas.
A cortina de ferro espiritual da Sociedade está a começar a ruir. A Sociedade já
não pode impedir muitas Testemunhas de ler livros e outras publicações
produzidas tanto por ex-Testemunhas de Jeová como por outros que fazem um
ataque cerrado à Sociedade. Nem pode impedir que as Testemunhas no
mundo industrializado leiam informação similar na Internet. Além disso, a
Sociedade está a ser minada por um crescente movimento subterrâneo no
interior da comunidade das Testemunhas, que coopera com os chamados
apóstatas na obtenção de informação, às vezes da própria sede da Sociedade,
para ajudar a denunciar as doutrinas e actividades desta. O futuro para as
Testemunhas de Jeová tal como existem hoje -- apesar do crescimento
contínuo -- não parece brilhante. A longo prazo elas terão de mudar e moderar-
se para sobreviver, e isso provavelmente significará que elas vão estabelecer-
se para se tornarem apenas mais uma denominação entre denominações.

Notas

1 WT, 1.º de Janeiro de 1987, p. 13; 1.º de Janeiro de 1996, p. 15.

2 WT, 1.º de Janeiro de 1996, p. 12.

3 Com aproximadamente o mesmo número de publicadores, as Testemunhas


japonesas têm mais do dobro do número de estudos bíblicos domiciliares com
potenciais conversos do que as Testemunhas italianas. Ibid, p. 13.

4 Ibid, pp. 14, 15.

5 Anuário de 1991, pp. 35-37. Veja também as páginas 102-103, 328 nota 20.

6 Um comunicado de imprensa da Amnistia Internacional (229/95) colocado na


Internet e datado de 22 de Novembro de 1995 dá os detalhes das detenções,
multas e aprisionamentos das Testemunhas de Singapura. O comunicado diz
em parte: '"As Testemunhas de Jeová deviam ser autorizadas a reunir-se e a
praticar pacificamente a sua religião sem a ameaça de detenção ou
aprisionamento. A liberdade de religião é um direito fundamental que é
garantido pela Constituição de Singapura," disse hoje a Amnistia Internacional.'

O U.S. News and World Report de 2 de Maio de 1996 relatou a recusa dos
apelos das Testemunhas de Singapura e observou que o juiz presidente Yong
Pung How 'criticou repetidamente os argumentos do advogado de defesa W.
Glen How, do Canadá.' U.S. News and World Report também declarou:
'Mostrando irritação crescente, Yong interrompeu How duas vezes com o
comentário: "Você está louco!" O juiz mais tarde perguntou ao canadiano:
"Você está medicamente bem, Sr. How? Você está a delirar."'

7 O crescimento nestes países recentemente tem sido entre 2 e 3 porcento ao


ano. Por exemplo, em 1994 o crescimento das Testemunhas esteve
dramaticamente baixo na maioria dos países do G-7, as sete nações mais
industrializadas do mundo. A França e a Alemanha tiveram aumentos de 1%. A
Grã-Bretanha e o Canadá, 2%; e a Itália e os Estados Unidos, 3%. O Japão
teve, de longe, o maior crescimento, com um aumento de 6%. De facto, as
Testemunhas de Jeová em geral estão apenas a manter-se ligeiramente à
frente do crescimento normal da população através dos nascimentos e da
imigração na maioria dos países industrializados. Nos países desenvolvidos do
Ocidente, muitos novos convertidos das Testemunhas vêm dos grupos de
imigrantes recentes. Por isso, a população nativa dessas terras está a rejeitar
mais a mensagem das Testemunhas do que no passado.

8WT, 1.º de Abril de 1994, pp. 16-17. É verdade que alguns dos desassociados
são readmitidos mais tarde.

9 Se tomarmos o número dos desassociados mais o número dos que se


dissociam voluntariamente do movimento quer formal quer informalmente, a
perda de membros das Testemunhas de Jeová é muito provavelmente superior
a 1% ao ano.

10 Para detalhes completos sobre este desenvolvimento, veja o artigo


'Jehovah's Provision, the "Given Ones"' [A Provisão de Jeová, os "Dados"], na
The Watchtower [A Sentinela] de 15 de Abril de 1992, pp. 12-17. A terminologia
é retirada do livro de Esdras.

11 Páginas 18, 19-20.

12 Ibid.

13 Veja a página 275.

14Houve muitos casos de custódia de crianças envolvendo pais Testemunhas


de Jeová e não-Testemunhas ou ex-Testemunhas nos Estados Unidos e no
Canadá. Nos Estados Unidos, ex-Testemunhas como Duane Magnani e Jerry
Bergman têm estado activos como testemunhas especialistas no apoio a pais
não-Testemunhas e ex-Testemunhas. Magnani e Bergman têm tentado mostrar
que os pais Testemunhas são treinados pelos advogados da Watch Tower a
negar declarações que foram feitas na brochura School and Jehovah's
Witnesses [A Escola e as Testemunhas de Jeová]. Para mais detalhes a
respeito destes casos de custódia, veja a nota 59, adiante.

15 Página 31.

16 WT, 15 de março de 1993, p. 32.

17 Raymond Franz, Crisis of Conscience [Crise de Consciência] (Atlanta:


Commentary Press, 1992, 1994), p. 392. Embora a segunda edição de Crisis of
Conscience tenha sido publicada em 1992, Raymond Franz depois disso
actualizou-a para a segunda impressão.

18Parece não existir biografia de Henschel na literatura da Watch Tower ou em


qualquer outro lado. O que se sabe acerca dele é que serviu como secretário
particular de N. H. Knorr e que tem sido um orador frequente na escola
missionária de Gileade da Watch Tower e nos escritórios das filiais no
estrangeiro.

19 Franz, Crisis of Conscience [Crise de Consciência], p. 394.

20 Ibid, pp. 389-390.

21 WT, 15 de Outubro de 1995, pp. 24-27.

22 WT, 1.º de Novembro de 1995, pp. 18, 19.

23 Página 20.

24James A. Beckford, The Trumpet of Prophecy: A Sociological Study of


Jehovah's Witnesses [A Trombeta da Profecia: Um Estudo Sociológico das
Testemunhas de Jeová] (Nova Iorque: John Wiley and Sons, 1975), p. 170.

25 Isto aconteceu em particular no caso do Bible Research and Commentary


International que tem uma linha telefónica de ajuda para as Testemunhas de
Jeová, que pode ser contactada nos Estados Unidos e no Canadá ligando para
o número 1-800-WHY-1914. Contudo, outros ministérios também indicaram
muitos contactos com Testemunhas de Jeová desiludidas devido à modificação
da doutrina da Torre de Vigia. Para mais informação, veja BRCI Quarterly,
edições do Inverno, Primavera e Verão de 1996. Cópias dessa publicação
podem ser obtidas escrevendo para Biblical Research and Commentary
International, Inc., 1207 Marston Avenue, Gadsden, AL, 35904-1403 U.S.A.

26Raymond Franz acredita que mudanças na administração não trarão grandes


reformas à Sociedade Torre de Vigia ou às Testemunhas de Jeová. Veja os
seus comentários sobre este assunto nas páginas 333-334, acima.

27WT, 15 de Março de 1983, pp. 30-31. Deve notar-se que uma mudança em
relação à posição anterior da Sociedade sobre a porneia (fornicação) é que
mulheres casadas já não se podem divorciar dos seus esposos por se
envolverem em sexo oral ou anal com elas. Isto provavelmente explica porque
o assunto não tem sido tão importante como foi no passado.

28 O número de mudanças num sentido e noutro que a Sociedade Torre de


Vigia fez neste assunto chega a ser cómico. Na Zion's Watch Tower [Torre de
Vigia de Sião] de Julho de 1879 (p. 8), C. T. Russell defendeu que os homens
de Sodoma e Gomorra seriam ressuscitados. Esta posição continuou a ser
defendida até 1952, quando a edição de 1.º de Junho da Watchtower defendeu
que eles não seriam ressuscitados. Treze anos mais tarde, a Watchtower de
1.º de Agosto de 1965 afirmou que seriam ressuscitados. Publicadas pela
primeira vez em 1982, as primeiras edições do livro You Can Live Forever in
Paradise on Earth [Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra] afirmaram
essa posição (p. 179), tal como fez também o volume 2 do dicionário bíblico da
Sociedade, Insight on the Scriptures (p. 985). Em 1988, The Watchtower [A
Sentinela] de 1.º de Junho decidiu novamente que eles não seriam
ressuscitados. Consequentemente, o livro Revelation -- Its Grand Climax at
Hand [Revelação -- Seu Grandioso Clímax Está Próximo] tomou a mesma
posição, e Our Kingdom Ministry [Nosso Ministério do Reino, edição dos
Estados Unidos] de Dezembro de 1989 declarou: 'Serão feitos alguns ajustes
em futuras edições do livro Live Forever [Viver Para Sempre]. A única mudança
significativa é a respeito dos sodomitas, nas páginas 178 e 179. Esta mudança
apareceu no livro Revelation [Revelação], página 273, e na The Watchtower [A
Sentinela] de 1.º de Junho de 1988, páginas 30, 31. Você poderá desejar tomar
nota disso nas edições anteriores que tem à mão.' Estou em dívida para com
David Reed, Steve Huntoon e John Cornell por terem indexado estas
mudanças em David A. Reed, ed., Index of Watch Tower Errors [Índice de
Erros da Torre de Vigia] (Grand Rapids: Baker Book House, 1990), p. 116.

Será que a linha dura da Sociedade contra os sodomitas e os seus vizinhos de


Gomorra mortos há muito tempo tem alguma coisa a ver com o facto de dois
'sodomitas' terem sido expulsos do corpo governante em décadas recentes?

29Franz, Crisis of Conscience [Crise de Consciência], p. 397. Dois membros do


corpo governante morreram depois do falecimento de Frederick Franz. Foram
George Gangas, que morreu com a idade de 98 anos em 28 de Julho de 1994
e John Booth, que morreu com a idade de 93 anos em 8 de Janeiro de 1996.
[N. do T.: Lloyd Barry morreu em 2 de Julho de 1999.]

30Jimmy Swaggart Ministries v. Board of Equalization of California 110 S. Ct.


688.

31Comments from the Friends [Comentários dos Amigos] 9:3 (Verão de 1990),
pp. 3-4. [N. do T.: Suponho que deve haver aqui um engano na data da carta
de 21 de Fevereiro de 1990.]

32 22 de Fevereiro de 1990, p. 1.

33Comments from the Friends [Comentários dos Amigos] 9:3 (Verão de 1990),
p. 4.

34 WT, 1.º de Janeiro de 1990, p. 7; 1990 Yearbook [Anuário de 1990], p. 10.

35 Franz, Crisis of Conscience [Crise de Consciência], pp. 365-366.

36O Anuário das Testemunhas de Jeová de 1980 (p. 257) disse laconicamente
que 'No ano passado, Ewart C. Chitty deixou o cargo, de modo que atualmente
há 17 membros neste corpo' governante. Quando Leo Greenlees foi expulso do
cargo, não apareceu qualquer declaração nas publicações da Sociedade. O
nome de Greenlees simplesmente desapareceu das publicações da Torre de
Vigia depois de 1984. A única declaração da Torre de Vigia que pode ser
considerada uma alusão a homossexualidade da parte de membros do corpo
governante é um comentário breve que aparece na Watchtower [Sentinela] de
1.º de Janeiro de 1986 (p. 13) que diz: 'Embora seja chocante, mesmo alguns
que foram proeminentes na organização de Jeová sucumbiram a práticas
imorais, incluindo homossexualidade, troca de esposas e molestação de
crianças.' [Tradução do inglês] Ainda assim, os factos que rodeiam a expulsão
tanto de Chitty como de Greenlees são bem conhecidos entre anteriores
trabalhadores do Betel da sede da Watch Tower e entre muitos outros.
Greenlees contactou algumas ex-Testemunhas de Jeová pessoalmente depois
de ter sido exilado de Brooklyn.

A falta de candura da Sociedade a respeito de Chitty e de Greenlees levou


muitas Testemunhas de Jeová a supor erradamente que o comentário da
Watchtower [Sentinela] de 1.º de Janeiro de 1986 se referia a Raymond Franz
e a outros 'apóstatas'. Seja dito em abono de Franz que ele nunca quis expor
Chitty nem Greenlees pelos seus 'pecados', mas como ele e outros associados
ex-Testemunhas são agora o alvo das insinuações das Testemunhas de Jeová
a respeito da homossexualidade, os factos precisam de ser conhecidos.

Rutherford et al. v. The United States, Transcript of Record [Transcrição do


37

Registo], I:981-982 em 2943-2945.

38As próprias estatísticas da Sociedade mostram que isso é falso. Veja o


gráfico sobre a assistência ao Memorial durante a década de 1920 na página
61.

39 Veja as páginas 147-149.

40Depois da publicação da Awake! [Despertai!] de 22 de Agosto de 1995, eu


coloquei cópias da Declaration of Facts [Declaração de Factos] tanto em inglês
como em alemão e uma cópia da carta que a Sociedade enviou a Hitler, junto
com uma tradução para inglês, no Holocaust Museum [Museu do Holocausto]
em Washington, D.C., onde estes documentos podem ser vistos e lidos pelo
público.

41Para uma visão geral sobre as doutrinas da Watch Tower a respeito das
autoridades seculares, veja M. James Penton, 'Jehovah's Witnesses and the
Secular State: A Historical Analysis of Doctrine' [As Testemunhas de Jeová e o
Estado Secular: Uma Análise Histórica da Doutrina], Journal of Church and
State 21:1 (1979), pp. 55-72.

42 WT, 1.º de Maio de 1996, p. 14. [Tradução do inglês]

43 Ibid. [Tradução do inglês]

44Citado, com a permissão do autor, de um artigo agora em preparação para


publicação, intitulado 'Theology and Art in a Sectarian Community' [Teologia e
Arte numa Comunidade Sectária].

45Creighton Law Review, 29:4 (Junho 1996), 1483-1516. Bergman também


publicou recentemente um artigo importante, 'The Jehovah's Witnesses'
Experience in the Nazi Concentration Camps: A History of their Conflict with the
Nazi State' [A Experiência das Testemunhas de Jeová nos Campos de
Concentração Nazis: Uma História dos seus Conflitos com o Estado Nazi], no
Journal of Church and State, 38:1 (1996), pp. 87-113.
46Estas incluem David A. Reed, ed., Index of Watch Tower Errors [Índice de
Erros da Torre de Vigia] e Jehovah's Witnesses Literature: A Critical Guide to
Watchtower Publications [Literatura das Testemunhas de Jeová: Um Guia
Crítico para as Publicações da Torre de Vigia] (Grand Rapids: Baker Book
House, 1993). Ainda não pude examinar o trabalho mais recente de Reed,
Blood on the Altar [Sangue no Altar] (Amherst, NY: Prometheus, 1996).

47 O trabalho de Magnani tem sido feito através da Witness Incorporated.

48Este livro e as outras publicações de Watters podem ser obtidas a partir de


Box 3818, Manhattan Beach, CA 90266 U.S.A. [N. do T.: O livro também está
disponível em espanhol: Lo Que Ha Dicho... El Cuerpo Gobernante de los
Testigos de Jehova.]

49 Páginas 479-488.

50 Nobel apresenta esta informação e fotocópias de registos da Gestapo


assinados por Frost nas páginas 195-200 de Falschspieler Gottes. Esta
informação foi revelada antes pela revista noticiosa alemã Der Spiegel na sua
edição de 19 de Julho de 1961 [página 38, 39] sob o título 'Väterchen Frost'
[Paizinho Frost].

51Datada de 15 de Setembro de 1943, a declaração, traduzida para português


[a partir da tradução para inglês], diz o seguinte:

'Toda a guerra traz inúmeros infortúnios sobre a Humanidade. Toda a guerra


traz dilemas morais difíceis para milhares, sim, milhões de pessoas. Isto aplica-
se especialmente a esta guerra, que não poupou qualquer canto da terra e sido
espalhada através do ar, da água e da terra. Por essa razão, é inevitável que
em tais tempos, não apenas os indivíduos, mas também comunidades de todo
o género, sem querer ou deliberadamente, são falsamente suspeitas.

'Até mesmo as Testemunhas de Jeová não foram poupadas a este destino.


Fizeram de nós uma associação, cujo objecto da actividade é descrito como
"minar a disciplina militar, especialmente para obrigar ou enganar os recrutas
para que se insubordinem contra as ordens militares, negligenciem ou recusem
o dever ou se tornem fugitivos."

'Tal opinião só pode ser avançada por alguém que se equivoca completamente
quanto ao espírito e actividade da nossa Sociedade ou que, apesar de ter um
conhecimento melhor, distorce-o de forma malévola.

'Nós declaramos expressamente que a nossa associação não ordena nem


recomenda, nem sugere de qualquer outra forma, que se tome acção contra as
ordens militares. Perguntas desse tipo não são tratadas pelas nossas
congregações nem na literatura publicada da Sociedade. Nós não nos
preocupamos de todo com tais questões. Nós vemos os nossos assuntos [N.
do T.: lit. negócios] como sendo unicamente prestar um testemunho a Jeová
Deus e proclamar a verdade bíblica a todos os povos. Centenas dos nossos
membros e concrentes realizaram o seu dever militar e continuam a fazê-lo.
'Nós nunca presumimos em tempo algum, e nunca o faremos, encarar a
realização do dever militar, conforme está estabelecido pelos vossos estatutos,
como uma ofensa contra os princípios e aspirações da associação das
Testemunhas de Jeová. Nós pedimos aos nossos membros e concrentes, na
proclamação da mensagem do Reino de Deus (Mateus 24:14), que se limitem
estritamente à proclamação da verdade da Bíblia, e que evitem sempre dar
base para mal entendidos, e certamente que nunca sejam mal entendidos
como se estivessem a oferecer qualquer incitamento à insubordinação contra
as ordens militares.'

52 Página 103.

53Our Kingdom Ministry [Nosso Ministério do Reino] (edição dos Estados


Unidos), Junho de 1982.

54Antes de 1980, a Sociedade procurava publicidade para os seus congressos


e construção de salões do reino. Durante a última década, a Sociedade tem
sido muito menos activa na procura de tal publicidade porque esta tem dado
aos críticos das Testemunhas a possibilidade de tornar conhecidas as suas
opiniões através da imprensa e dos meios electrónicos.

55 WT, 15 de Março de 1986, pp. 12, 13.

56Our Kingdom Ministry [Nosso Ministério do Reino] (edição dos Estados


Unidos), Setembro de 1995.

57 Isto é evidente a partir da declaração juramentada do advogado James M.


McCabe, director do Departamento Legal Americano da Sociedade Torre de
Vigia. Nessa declaração, escrita em parte como resposta às preocupações
expressas pela escritório da filial norueguesa, McCabe alega que existe uma
rede de ex-Testemunhas de Jeová que têm tentado servir como testemunhas
especialistas em casos de custódia de crianças contra pais Testemunhas. Ele
cita os nomes de Jerry Bergman, Dwane Magnani, Raymond Franz e Paul
Blizard -- todos ex-Testemunhas bem conhecidas. Contudo, as únicas pessoas
que ele discute na sua declaração juramentada são Bergman e Magnani, que
ele tenta descredibilizar atacando os seus backgrounds pessoais.

58 Sei disto por experiência pessoal. Quando eu estava a preparar um artigo


sobre as Testemunhas de Jeová para a segunda edição da The Canadian
Encyclopedia [A Enciclopédia Canadiana], o editor dessa obra recebeu uma
carta de Eugene Rosam, dos escritórios da filial canadiana da Sociedade em
Georgetown, Ontário, queixando-se sobre o artigo que eu tinha escrito para a
primeira edição da enciclopédia, e dizendo que, como eu já não estava
associado com as Testemunhas de Jeová, o editor devia encontrar uma
Testemunha bem vista pela Sociedade para escrever o artigo sobre as
Testemunhas. Rosam depois citou o exemplo da The Encyclopedia Americana
[A Enciclopédia Americana], que tinha pedido a Frederick Franz para escrever
o artigo sobre as Testemunhas de Jeová para a sua edição corrente nesse
tempo. Depois disso, a Encyclopedia Americana contactou-me para substituir o
artigo de Franz por um artigo escrito por mim. A edição corrente da
Encyclopedia Americana contém o meu artigo, tal como também acontece com
a terceira edição da The Canadian Encyclopedia [A Enciclopédia Canadiana].

59Conforme Jerry Bergman observa, 'Jeff Atkinson, ex-Presidente da American


Bar Association's Child Custody Committee [Comissão de Custódia de
Crianças da Associação Americana de Advogados], concluiu em 1990 que as
Testemunhas de Jeová provavelmente eram responsáveis por metade dos
casos de custódia constestados que estão nos tribunais em todo o país.'
Bergman, Creighton Law Review, p. 1488.

60Newsletter de e-mail de Stephen E. Wolf, Novembro de 1995, sobre o


estatuto das Testemunhas de Jeová na Alemanha.

61 Susan Alter, do Research Branch of the Library of Parliament [Filial de


Investigação da Biblioteca do Parlamento], em Otava, realizou em 1992 um
artigo (não publicado) para os membros do Parlamento, intitulado 'Jehovah's
Witnesses, Disfellowshipping and Shunning' [Testemunhas de Jeová,
Desassociação e Ostracização], cujas primeiras duas frases dizem: 'A
ostracização ou assédio às anteriores Testemunhas de Jeová (TJ), por
membros activos da seita, é um comportamento ordenado pelo corpo
governante da igreja das Testemunhas de Jeová (cujo nome oficial é Watch
Tower Bible and Tract Society [Sociedade Torre de Vigia de Bíblia e Tratados]).
Sabe-se que a ostracização causa uma angústia emocional severa às
Testemunhas afastadas, levando ocasionalmente até a suicídios.' Embora Alter
no fim tenha decidido, depois de examinar a evidência, que no caso das ex-
Testemunhas desassociadas, 'uma abordagem de auto-ajuda talvez seja mais
eficaz, no fim do dia, do que perseguir meios legais', no seu artigo ela indica
que a lei canadiana está a mudar de maneiras que podem permitir a ex-
Testemunhas tomar acção judicial bem sucedida contra anciãos das
Testemunhas e contra a Sociedade Torre de Vigia no futuro.

Depois da elaboração do artigo de Alter, vários membros do Parlamento,


pertencentes tanto ao governo como à oposição, mostraram preocupação a
respeito da desassociação das Testemunhas. Num caso recente em
Vancouver, Colúmbia Britânica, um membro do parlamento estava tão
preocupado que chegou a oferecer-se para estar presente numa reunião de
desassociação [das Testemunhas de Jeová].

62 Alguns anos atrás, Støttegruppen for tidligere Jehovas Vidner (uma


associação dinamarquesa preocupada com o apoio às ex-Testemunhas)
contactou o Registertilsynets, a Autoridade de Supervisão de Dados
Dinamarquesa, para se queixar de que acreditavam que a Sociedade Torre de
Vigia estava a manter ficheiros contendo informação ilegal sobre Testemunhas
de Jeová desassociadas. Em 1991, uma Testemunha indignada roubou vários
ficheiros dos escritórios da Sociedade Torre de Vigia em Holbaek. Quando ele
depois entregou estes ficheiros à polícia em 1995, o Støttegruppen pediu que o
Registertilsynets examinasse esses ficheiros para se certificar de que a
Sociedade não estava a manter informações ilegais sobre Testemunhas
desassociadas, incluindo as razões porque foram desassociadas. Embora o
Registertilsynets tenha permitido que representantes do Støttegruppen se
encontrassem com representantes da Sociedade, e tenha insistido que a
Sociedade desse passos em conformidade com a lei dinamarquesa para
remover qualquer informação sobre as razões porque disciplinou ou
desassociou alguém, devolveu os ficheiros à filial da Torre de Vigia
dinamarquesa sem tomar acção adicional. Devido aos relatórios da imprensa, o
assunto criou um sério embaraço para as Testemunhas de Jeová em toda a
Dinamarca e Noruega.

63 Franz, Crisis of Conscience [Crise de Consciência], p. 343.

64 Ibid.

65Para uma discussão deste assunto, veja Ruth A. Tucker, 'From the Fringe to
the Fold', Christianity Today, 15 de Julho de 1996, pp. 26-32.

66 Jehovah's Witnesses: Proclaimers of God's Kingdom [Testemunhas de


Jeová: Proclamadores do Reino de Deus] (Brooklyn, NY: Watchtower Bible and
Tract Society e International Bible Students Association, 1993), pp. 83-84.

Capítulo 16: Uma Promessa


Apelativa, Não Cumprida
Raymond Franz

Igual a um homem que sonha que está a comer, mas acorda e a sua fome
continua; igual a um homem sedento que sonha que está a beber, mas acorda
abatido, com a sua sede por saciar. -- Isaías 29:8, New International Version.

A discussão anterior traz uma certa tristeza -- tristeza face a algo que prometia
tanto mas que ficou tão longe dessa promessa. O que aconteceu entre as
Testemunhas de Jeová lembra-me pensamentos expressos há algumas
décadas por um membro do parlamento Inglês.1 Explicando porque é que a sua
conclusão era que "a única categorização que realmente importa é aquela que
divide os homens entre os Servos do Espírito e os Prisioneiros da
Organização," ele demonstrou o modo como o espírito humano desenvolve
uma idéia e depois, com o objetivo de dar substância à idéia, é formada uma
organização. Quanto ao que acontece tão freqüentemente, ele observou:

O fato de a organização ser política, religiosa, ou social em nada altera o meu


argumento. O que acontece é que, tendo-se a idéia materializado na
organização, a organização passa a assassinar gradualmente a idéia que lhe
deu origem....

[Se for uma organização religiosa, a sua] mensagem cristalizar-se-á num


credo. Em breve, a principal preocupação da igreja será sustentar-se como
organização. Para que este objetivo seja alcançado, todo o desvio do credo
tem de ser contrariado e, se necessário, suprimido como heresia. Em poucas
dezenas ou centenas de anos, o que foi concebido como sendo um meio de
veicular uma nova e mais alta verdade tornou-se uma prisão para as almas dos
homens.

... tendo a idéia dado origem à organização, esta desenvolve um interesse


próprio sem relações com a idéia com a qual começou, e torna-se-lhe hostil.
Ora, o que permite que este processo de afastamento ocorra, de forma que a
organização passa a fazer parte do oposto da idéia que originalmente a
inspirou, é a tendência dos homens e mulheres para se tornarem Prisioneiros
da Organização, em vez de serem Servos do Espírito ... a organização torna-se
menos o veículo da idéia do que o canal através do qual interesses particulares
têm de ser satisfeitos.2

O conhecimento humano é uma coisa dinâmica, que se expande, tanto ao nível


pessoal como coletivamente. Quando as crenças se cristalizam na forma de
credos ou ensinos oficiais aos quais se requer que as pessoas se conformem
para perpetuar uma organização, é inevitável que o conflito aconteça. É criada
uma linha divisória entre o que o parlamentar citado chama "Servos do
Espírito" e "Prisioneiros da Organização."

A organização agora conhecida como Testemunhas de Jeová, desde o seu


início há pouco mais de um século atrás, prometeu muito que era apelativo.
Procurou romper com a adoração a Deus ligada a credos, para retornar à
simplicidade do Cristianismo do primeiro século, livre do ritualismo formal,
elitismo, pensamento dominado por clérigos, dogmatismo sectário e
intolerância. Em vez disso, a ênfase devia ser colocada numa irmandade
simples, numa atitude despreconceituosa em relação a todas as pessoas
sinceras independentemente da sua filiação denominacional, discussão aberta
e uma determinação de deixar a mensagem de Deus nas Escrituras ser o
árbitro final em todas as conclusões e decisões. Com o decorrer do tempo
declarou ser seu objetivo providenciar os meios para que pessoas em todas as
terras recebessem educação baseada nessas Escrituras e beneficiassem da
fundação de uma fé baseada unicamente na mensagem Bíblica, e não nas
tradições de homens. Indicava às pessoas um modo de vida que seria sempre
dirigido por Deus e abençoado por Deus, por sempre o reino do seu Filho em
primeiro lugar nas suas vidas, vidas vividas em integridade, amor ao próximo,
devoção total a valores espirituais sãos.

Esses eram os ideais. A realidade não lhe corresponde. E, como Jesus


admoestou, não devemos "julgar pela aparência das coisas mas pela
realidade."3

Não se dá o caso de os objetivos terem sido abandonados completamente, ou


que nenhum progresso tenha sido feito em direção a qualquer deles. Adotar o
ponto de vista segundo o qual não se pode encontrar rigorosamente nada de
bom na religião das Testemunhas de Jeová e adotar, como fazem algumas ex-
Testemunhas, uma atitude de ridicularização, só manifesta intenso preconceito.
Quando pessoas que saíram da organização fazem isto, levantam-se questões
quanto à pureza do seu motivo para sair. Se não havia rigorosamente nada de
bom lá, então porque é que eles foram alguma vez atraídos para lá, ou porque
é que permaneceram lá durante cinco, dez, vinte ou mais anos? Analogamente
no caso daqueles de outras filiações religiosas -- será que não se apercebem
que em muitos casos as pessoas que entraram na organização das
Testemunhas fizeram-no precisamente devido à sua desilusão com as igrejas
às quais pertenceram? Muitas vezes a organização das Testemunhas
consegue captar o interesse das pessoas 'por defeito,' sendo o falhanço em
certas áreas por parte de muitas igrejas um fator tão importante como os
benefícios aparentes oferecidos na organização das Testemunhas.

Muitas vezes as pessoas ficam desiludidas pelo que acham ser hipocrisia entre
muitos líderes e membros das igrejas; estão confusas pelas numerosas
divisões denominacionais e pelo espírito sectário que contribui para essas
divisões. Estão preocupadas com o nacionalismo expresso, o registo de guerra
dentro da Cristandade, a história de opressão das minorias, e com o fato de
ação política ter sido freqüentemente necessária para estabelecer igualdade
racial dentro de comunidades "Cristãs."

Uma ex-Testemunha, que vive na Virgínia do norte [E.U.A.], que se juntou a


uma pequena igreja depois da sua separação da organização da Watch Tower,
contou que ela tinha "sido sempre trabalhadora enquanto Testemunha" e
continuou a sê-lo nesta pequena congregação. Como resultado disso eles
começaram a dar-lhe responsabilidades adicionais, e isto continuou durante um
período de cerca de dois anos. Ela disse, contudo, que quanto mais 'para cima'
eles a colocavam, mais "política da igreja" ela via e finalmente retirou-se.

Um desencanto similar pode resultar, e muitas vezes resulta mesmo, em


contatos com movimentos desenvolvidos por pessoas que deixaram elas
próprias a organização Watch Tower. A mesma pessoa mencionada no
parágrafo anterior escreveu acerca de um telefonema que recebeu de uma
jovem mulher da sua área que tinha sido desassociada por 'ter associação com
uma pessoa desassociada.' Esta jovem mulher disse que tinha sido afetada tão
adversamente por um volumoso pacote sobre leis que lhe fora enviado pelo
advogado da Watch Tower Society, Leslie Long, para mostrar que qualquer
ação legal contra a Sociedade seria fútil, que decidiu contatar algumas ex-
Testemunhas. Primeiro contatou um homem cujo nome descobrira através dos
meios noticiosos. Ela contou que falou com ele por telefone durante cerca de
duas horas. Como resultado do seu dogmatismo persistente ao insistir em certa
doutrina "ortodoxa" e da sua preocupação em receber dinheiro antes de lhe
enviar qualquer informação, o comentário dela foi que 'se ele tivesse sido o seu
único contato com uma ex-Testemunha ela voltaria para a organização Watch
Tower.'

Outra senhora, da Califórnia, escreveu:

O seu livro foi uma mudança refrescante em relação aos livros que atacam e
condenam as Testemunhas de Jeová, escritos por Testemunhas ressentidas.
Eu consigo compreender porque alguns estão ressentidos; eu própria combato
isso, tendo passado 20 anos na organização.
... Preciso desesperadamente de falar com alguém para ter apoio emocional
mas é tão difícil encontrar conselho equilibrado, não condenatório, de grupos
que parecem ter objetivos tão tendenciosos como as próprias Testemunhas....
Já tive uma mente fechada o tempo suficiente para durar muito tempo.

Uma ex-Testemunha que vive em Indiana estabeleceu -- devido à posição


repressiva da organização -- um endereço de correio sob um nome suposto,
por forma a que se pudesse corresponder de maneira segura com ex-
Testemunhas. Ela escreveu:

Muitas ex-Testemunhas que vi na televisão e cuja literatura li mostram uma


atitude que me desagrada, talvez seja euforia ou vontade de vingança.... Penso
que elas próprias são culpadas das coisas de que acusam a Watch Tower:
meias verdades, tirar citações do contexto, etc.

Estou sinceramente grato pelo fato de, como tem sido o caso de muitos outros,
ela me ter escrito esta carta principalmente porque sentiu que Crisis of
Conscience [Crise de Consciência] tinha um espírito diferente.

Portanto, um exame a si mesmo devia preceder sempre uma avaliação crítica


da posição ou alegações de outra pessoa; de outro modo podemo-nos estar a
focar no grão de poeira no olho do nosso irmão e não reparar na trave que
existe no nosso próprio olho.4

Alguns de fato concentram-se e exageram falhas e erros que existem dentro da


organização das Testemunhas, que são essencialmente superficiais. Eles
vêem problemas superficiais mas não reparam nos problemas subjacentes
mais significativos. Eles condenam apenas aquelas áreas em que pensam que
a sua própria posição e afirmações (geralmente opostas) parecerão ser
superiores, para vantagem dos sistemas religiosos particulares que eles
advogam. Deixam de ver os pontos em que os princípios cruciais envolvidos
podem requerer ajustes nas suas próprias atitudes, posições e afirmações. Isto
faz lembrar mais o Farisaísmo do que o Cristianismo.5 De modo similar, quando
as Testemunhas defendem a sua organização colocam muitas vezes grande
ênfase no que é aparente, mais do que na substância, nas alegações em vez
de na realidade, talvez nas intenções em vez de no próprio resultado.

Existe, inquestionavelmente, um enorme potencial para o bem na associação


com milhões de membros vivendo em cerca de duzentas terras. E é isso que
acho particularmente trágico -- o modo como o esforço de pessoas sinceras
para alcançar objetivos nobres, um esforço medido não apenas em horas e
dias, mas freqüentemente em vidas inteiras, é desviado para um canal que o
faz ficar muito aquém desses objetivos. O próprio instrumento que é suposto
ajudá-las a alcançar esses objetivos acaba por ser um obstáculo muito sério a
que os atinjam. Desviou "Servos do Espírito" para se tornarem "Prisioneiros da
Organização." A organização tornou-se "menos o veículo da idéia do que o
canal através do qual interesses particulares têm de ser satisfeitos."
O Paraíso Espiritual

Digo a todos entre vós: não sejais presunçosos nem tenhais uma opinião muito
elevada de vós mesmos; mas fazei uma estimativa sóbria do vosso caminho
baseados na medida de fé que Deus deu a cada um de vós. -- Romanos 12:3,
New English Bible.

Numa assembléia internacional das Testemunhas de Jeová em Nova Iorque,


em 1958, foi dito à audiência:

É o florescimento do paraíso espiritual que explica a felicidade transbordante


das Testemunhas de Jeová .... Este paraíso espiritual reflete a glória de Deus e
testifica o estabelecimento do seu reino.6

Desde aquele tempo em diante tem-se assegurado repetidamente às


Testemunhas de Jeová que elas formam tal "paraíso espiritual" e são as
pessoas mais felizes, mais unidas, e as mais limpas à face da terra. Diz-se que
profecias das Escrituras Hebraicas acerca do 'deserto florescer como a rosa' e
a terra 'tornar-se como o éden,' tiveram um cumprimento espiritual na
organização das Testemunhas.7 Usando palavras apaixonadas para descrever
o esplendor das condições neste "paraíso espiritual," a organização é retratada
como tendo uma harmonia quase perfeita, onde 'pessoas que antes eram
como lobos convivem pacificamente com pessoas semelhantes a cordeiros',
"humanos livram-se de características agressivas e revestem-se de
personalidades marcadas pela paz e pelo amor," "sem competições,
rivalidades, ambiciosos exaltando-se acima de outros ... sem difamação nem
rancor venenosos," onde todos se alimentam num contínuo banquete de rico
alimento espiritual num "lugar espiritualmente são, em que os frutos do espírito
de Deus são produzidos em abundância."8

Muitos deles acreditam nisto, especialmente aqueles que, como era o meu
caso, nunca conheceram nada além da "Sociedade do Novo Mundo." Eles
passaram a ver tudo fora dessa sociedade, incluindo todas as outras
denominações religiosas, como largamente destituídas de genuínos princípios
morais e genuíno amor, ou pelo menos muito inferior aos padrões e níveis que
a sua própria organização diz que exemplifica. A frase seguinte, da Watchtower
de 15 de Março de 1986, página 20 [parágrafos 16 e 17], mostra até que ponto
eles vão neste assunto:

Somente no paraíso espiritual, entre as Testemunhas de Jeová, podemos


encontrar o amor abnegado que Jesus disse identificaria os seus verdadeiros
discípulos. (João 13:34, 35)

Os falsos profetas, pelos seus maus frutos, são expostos como tais. Mas Jesus
indicou que as árvores boas seriam identificadas pelos seus frutos excelentes.
(Mateus 7:15-20) E que frutos excelentes nós temos no paraíso espiritual!
Quase que em cada país há espantosos aumentos....

As Testemunhas de Jeová, por serem ensinadas por Deus, realmente


produzem na sua vida os frutos do cristianismo.... Só os do povo de Jeová se
libertaram completamente das superstições babilônicas. Só eles têm uma
organização que acata plenamente o que a Palavra de Deus tem a dizer sobre
a imoralidade sexual, os abortos, a embriaguez, o furto, a idolatria, o
preconceito racial, e sobre outros empenhos e práticas do mundo. E somente
eles obedecem à ordem de pregar as boas novas do Reino de Jeová. (Mateus
24:14) A própria Palavra de Deus inquestionavelmente aponta para as
Testemunhas de Jeová como o único povo organizado que tem a bênção dele!

Embora nos digam que isto é 'inquestionável,' no interesse da verdade


devemos perguntar quão fatual é realmente essa auto-avaliação da
organização? Eles não dizem que são um pouco melhores ou bastante
melhores ou um melhoramento de outras religiões. Dizem é que são
destacadamente melhores, que têm a exclusividade nestes campos. Eles são
"inquestionavelmente" o único oásis num deserto mundial. Considerando a
exortação encontrada nas palavras do apóstolo Paulo em Romanos 12:3
anteriormente citadas, exortando contra ter uma opinião de nós mesmos mais
elevada do que é devido, quão sóbria é a auto-imagem publicada pela
organização?

O Fruto da Fé

O apóstolo enfatiza três frutos do espírito de Deus como sendo mais


importantes para o Cristão: fé, esperança e amor.9 A fé é a própria base do
Cristianismo. Sobre ela é construído tudo o resto. As próprias Escrituras
ensinam-nos a colocar a nossa fé em Deus e no seu filho. Não encontramos
nas Escrituras qualquer instrução ou encorajamento para colocarmos a nossa
fé em homens ou num sistema humano. O apóstolo declara:

Pois fundação, ninguém pode lançar outra diferente daquela que já foi lançada,
isto é Jesus Cristo.... não existe nada acerca do qual nos devamos jactar
naquilo que é humano: Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a vida e a morte, o
presente e o futuro, todos são vossos servos; mas vós pertenceis a Cristo e
Cristo pertence a Deus.10

Em contraste com isto, as publicações da Watch Tower desviam a fé do seu


verdadeiro objeto, de certa forma fragmentam-na de modo que não fica
totalmente e indivisivelmente dirigida a, e baseada em, Deus e seu Filho. Eles
encorajam as pessoas a "Colocar fé numa organização vitoriosa," como diz o
título da primeira página da Watchtower de 1.º de Março de 1979.
Seria possível encher um livro inteiro com exemplos de declarações acerca de
Deus e Cristo feitas nas Escrituras que eles transferiram para a "organização
visível." Capítulos anteriores deste livro documentaram o modo como a
lealdade a Deus é igualada à lealdade à organização visível, a submissão à
direção de Deus é igualada à submissão à direção da organização visível, a
confiança na Palavra de Deus é igualada à confiança na palavra da
organização visível. Como também foi documentado, passagens das Escrituras
relativas a Cristo são da mesma maneira apropriadas e aplicadas à
organização. Esta tem a presunção de partilhar com Cristo o seu papel de ser
"o caminho, a verdade e a vida."11 De todos os erros evidentes na religião, o
mais grave, penso eu, é este desvio da fé para um sistema humano. A
organização Watch Tower não é o único sistema religioso a fazer isto. Mas
certamente apresenta um exemplo assinalável de apropriação -- uma
apropriação que merece a designação de arrogante -- de algo que
corretamente pertence apenas a Deus e Cristo.

Quando pessoas se deixam levar nesta direção, é inevitável que a pureza da


sua fé sofra. A fé genuína fica adulterada com a credulidade. Quanto maior o
desvio da fé em Deus para fé no homem, mais danosos são os resultados. A
confiança posta num sistema humano e na sua aparente força pode por fim
chegar ao ponto descrito em Jeremias 17:5-9, onde Jeová diz:
Amaldiçoado é o homem que confia em seres humanos, que procura a sua
força na carne, cujo coração se desvia de [Jeová]. Ele é como um arbusto árido
no deserto que não experimenta nenhuma mudança de estação, mas fica num
lugar ressequido, numa terra salgada e vazia. Abençoado é o homem que
confia em [Jeová], cuja esperança é em [Jeová]. Ele é como uma árvore
plantada junto das águas que estende as suas raízes para a corrente: não
teme o calor quando este vem, as suas folhas permanecem verdes; no ano de
seca não mostra angústia, mas ainda dá fruto.12

Quanto mais a fé de uma pessoa se centra num sistema humano, seja qual for
esse sistema, menos espiritual essa pessoa se torna. Existem homens muito
"religiosos" e que apesar disso são essencialmente não espirituais. Eles são
"homens da organização," não são homens de fé. As vidas deles podem estar
preenchidas com atividade que lhes traz a aprovação e apoio da organização,
e o poder que esse apoio permite. Se o apoio organizacional é retirado, a força
aparente que tinham desaparece.13 Não obstante o seu zelo por uma
organização religiosa e pelo crescimento desta, as suas vidas podem ainda
assim ser de fato "estéreis" naquelas coisas que trazem a aprovação de Deus
e a Sua força -- estéreis quanto aos frutos do Espírito em atos de amor, alegria,
paz, paciência, benignidade, bondade, fé, mansidão e autodomínio que sejam
espontâneos, internamente motivados, impelidos pela fé.14

No mesmo ano em que saí da República Dominicana para integrar o pessoal


da sede internacional, o Presidente Knorr designou-me como um dos quatro
instrutores que conduziam aulas especiais de um curso do "Ministério do
Reino" que os superintendentes viajantes (de circuito e de distrito) dos Estados
Unidos freqüentariam.15 As aulas tinham a duração de duas semanas e os
homens vinham em grupos sucessivos de cem por grupo. Eu fiquei surpreso de
ver quão bem se pode conhecer cem homens em duas semanas de discussão
na aula. E fiquei igualmente surpreso ao me aperceber que em qualquer grupo
nunca encontrei mais de dois ou três homens que davam evidência de alguma
profundidade real em conhecimento, em perspicácia ou, mais seriamente, em
espiritualidade. Os outros 97 ou 98 eram basicamente "homens da companhia,"
cujos "discursos de serviço" evidenciavam alguma habilidade oratória mas que
em conteúdo tinham pouco de espiritualmente nutritivo, muitas vezes sendo
pouco mais do que "discursos de entusiasmo," homens que eram em geral
eficazes a "colocar" literatura às portas, e que em conhecimento estavam
acima da média apenas por estarem muito atualizados a respeito da política e
dos regulamentos da Sociedade. Naquele tempo eu próprio ainda era um
crente firme, convencido de que era parte do único povo aprovado por Deus na
terra. No entanto lembro-me de dizer para mim mesmo, "é realmente isto o
melhor que podemos dar aos nossos irmãos para ajudá-los?"

O espírito expresso -- em discursos, em atitudes e ações -- por aqueles que


confiam num sistema humano não é o espírito divino de Deus; reflete uma
fonte diferente, humana.16 Eles podem ser rápidos a punir qualquer desvio das
normas ou dogma da organização. Mas se virem erros sérios cometidos pela
sua própria organização religiosa, ou se reconhecerem falácias cruciais nos
seus ensinos, não têm nem a força interior nem a coragem para falar e
defender o que é correto, nem para tomar o lado da verdade contra a injustiça.
Em vez de produzir pessoas de integridade, a sua confiança implícita e
subserviência quase total a um sistema organizacional -- e medo de perder a
sua aprovação -- converte-os em homens sem vigor. Se todos os do povo de
Jeová de tempos pré-cristãos tivessem sido assim, não teriam existido profetas
em cujas vidas e palavras nós podemos encontrar força e confiança ao
enfrentarmos testes à nossa fé em Deus em vez de em fontes humanas. 17 Nem
teriam existido apóstolos Cristãos que -- acusados de perturbarem a paz da
comunidade religiosa e de minarem a autoridade dos seus líderes --
permaneceram firmes perante o corpo governante do seu povo e disseram:
"Não podemos parar de falar acerca das coisas que vimos e ouvimos ... temos
de obedecer a Deus em vez de aos homens." 18 Em tempos posteriores, não
existiriam relatos históricos de homens como Wycliffe, Tyndale, Servetus, Hus,
Waldo e outros, que colocaram a consciência acima da conformidade com uma
autoridade religiosa e que prepararam o caminho, em maior ou menor medida,
para certas liberdades que desfrutamos atualmente.

Nada disto é dito num espírito condenatório nem com desprezo. Experiências
pessoais fizeram-me ver o efeito incapacitante que a fé numa organização
humana produz, o efeito enfraquecedor que a subserviência à autoridade
humana provoca, a facilidade com que a preocupação de não perder o favor
dessa autoridade se pode infiltrar no nosso pensamento. Não foi fácil libertar-
me desses efeitos. Estou contente por a coragem física não fornecer a força
que uma pessoa precisa. Existem pessoas que enfrentaram grande perigo às
mãos de opositores externos para serem leais à sua organização religiosa, até
mesmo arriscaram as suas vidas em território inimigo em benefício de
concrentes da religião.19 Mas essa coragem por si só não dá nenhuma proteção
garantida contra a covardia moral dentro dessa organização religiosa. Mais
importante, que significado ou mérito tem um homem que toma uma posição
intransigente num certo assunto, talvez até passando algum tempo num campo
de concentração por causa disso, e depois transige quando é confrontado com
um assunto paralelo dentro da sua religião? Que importância tem uma pessoa
recusar envolver-se em conduta que encara como uma idolatrização de um
Estado político, tendo fé nele e obedecendo-lhe cegamente, recusar-se a fazer
declarações que considera implicarem que a salvação está indissociavelmente
ligada a esse Estado, se essa pessoa depois se envolve em conduta que
reflete uma virtual idolatrização de um sistema religioso, tendo fé nele, e
dando-lhe uma obediência praticamente cega ao ponto de acreditar que a sua
salvação está inquestionavelmente ligada a esse sistema? Nem todas as
Testemunhas chegam a esse ponto. Mas um número incrivelmente grande fá-
lo, e a mensagem que recebem persistente e insistentemente condu-los nessa
direção.

Nenhum de nós tem motivo para se vangloriar na sua própria força ou na força
de um sistema humano.20 Era a fé em Deus, não a fé na organização nacional
de Israel ou em qualquer liderança humana, o que distinguia os homens
exemplares de tempos Bíblicos, cuja "fraqueza foi transformada em força." 21
Parece-me correto dizer que a grande maioria dos afiliados da Watch Tower
sabe como "mover-se junto com a multidão," mas acharia difícil funcionar
espiritualmente separados de um sistema humano. Separados dele, sentir-se-
iam sem rumo, desorientados, sem nenhum objetivo real e sem a força para
lutarem pela vida. Se eles tivessem uma fé não adulterada, centrada
unicamente em Deus em vez ser largamente centrada em homens, isso não
aconteceria.

[Nota: no livro este capítulo tem mais 50 páginas.]

Notas

1W. J. Brown, que faleceu em 1960; não pude determinar se as expressões


dele citadas aqui são de um discurso ou tratado.

2 As palavras de Brown são um eco daquelas expressas anteriormente por


Dean Inge (1860-1954) que disse: "Toda a instituição, até mesmo a igreja,
acaba por estrangular as idéias para cuja proteção foi fundada." (Citado na
revista Good News Unlimited [Boas Novas Ilimitadas] de Outubro de 1989,
página 10.)

3 João 7:24, PME.

4 Mateus 7:1-5.

5 Mateus 23:25-28.

6 Citado em Awake! de 22 de Maio de 1987, página 15.

7 The Watchtower, 1.º de Outubro de 1983, página 5.

8 Veja Mankind's Salvation Out of World Distress at Hand! [é Iminente a


Salvação do Homem da Aflição Mundial; 1975] páginas 188, 203, 204; The
Watchtower de 15 de Março de 1986, página 20; 1.º de Outubro de 1983,
páginas 4-7.

9 1 Coríntios 13:13.

10 1 Coríntios 3:11, 21-23, JB.

11 João 14:6.

12 Tradução NAB.

13 Compare com Revelação 3:1, 2, 17, 18.

14 Gálatas 5:22, 23, JB.

15Os outros instrutores designados foram Edward Dunlap, Ulysses Glass e


Fred Rusk.

16 Tiago 3:17, 18.


17 Compare com Isaías 58:1; Hebreus 11:36-38; 12:1-3.

18 Atos 4:5, 12, 18-20; 5:27-29.

19 Compare com 1 Coríntios 13:3.

20 1 Coríntios 1:26, 27, 29.

21 Hebreus 11:32-34, NEB.

Bibliografia
M. James Penton

Obras Académicas Principais

Como o número de estudos académicos, ou supostamente académicos, sobre


as Testemunhas de Jeová é muito limitado, são aqui dadas breves descrições
dos principais em língua inglesa.

Beckford, James A. The Trumpet of Prophecy: A Sociological Study of


Jehovah's Witnesses [A Trombeta da Profecia: Um Estudo Sociológico das
Testemunhas de Jeová]. Nova Iorque: John Wiley and Sons, 1975.

Sociólogo treinado da University of Durham, Beckford produziu um estudo


importante, embora desigual, sobre as Testemunhas de Jeová na Grã-
Bretanha. A sua discussão da estratificação social, conversão, indução e
integração entre as Testemunhas inglesas é excelente. Nas partes em que se
afastou do seu próprio campo e entrou em tópicos históricos e doutrinais, ele é
muito fraco. O trabalho está manchado por erros, suposições e mal entendidos
sobre algumas doutrinas básicas das Testemunhas. Por exemplo, é um tanto
difícil para membros de uma comunidade que ensina que a alma perece na
morte acreditar em fantasmas (p. 106). Finalmente, The Trumpet of Prophecy
está pobremente escrito e muitas vezes é difícil de seguir, especialmente para
aqueles que não estão completamente familiarizados com o jargão das
ciências sociais.

Beverley, James A. Crisis of Allegiance: A Study of Dissent Among


Jehovah's Witnesses [Crise de Lealdade: Um Estudo da Dissensão Entre as
Testemunhas de Jeová]. Burlington, ON: Welsh, 1986.

Este é um relato sensível e bem escrito sobre a saída de mais de oitenta


pessoas (de Lethbridge, Alberta, Canadá) das Testemunhas de Jeová.
Documenta os métodos totalitários da Watch Tower Society, o ódio em relação
a qualquer forma de dissensão entre as Testemunhas de Jeová e o modo
como os dissidentes conseguiram publicitar o que lhes estava a acontecer.
Beverley também tenta dar a versão das Testemunhas sobre esta história, mas
como elas se recusaram a cooperar com ele, as suas fontes são principalmente
os dissidentes, registos de tribunal e a imprensa. Infelizmente, os editores
fizeram um mau trabalho na edição e no grafismo deste livro.

Blackwell, Victor V. O'er the Ramparts They Watched [Eles Observavam


Sobre as Muralhas]. Nova Iorque: A Hearthstone Book, 1976.

Advogado que esteve envolvido em muitos casos judiciais de Testemunhas de


Jeová nos Estados Unidos, Blackwell escreveu um relato interessante. Ele
apresenta uma boa descrição das dificuldades por que as Testemunhas
passaram durante cerca de três décadas e discute as suas vitórias em tribunais
de Estado e em tribunais federais menores. Ele não só enfatiza as importantes
contribuições das Testemunhas para a lei constitucional, como também dá
crédito ao sistema judicial dos Estados Unidos. Ele é obviamente um defensor
dedicado das liberdades civis e um homem com um profundo respeito pela
tradição legal americana. Investigadores interessados no papel das
Testemunhas na história dos Estados Unidos devem consultar este livro.

Botting, Gary. Fundamental Freedoms and Jehovah's Witnesses


[Liberdades Fundamentais e as Testemunhas de Jeová]. Calgary: University of
Calgary Press, 1993.

A obra de Botting é um estudo útil sobre o papel que as Testemunhas de Jeová


desempenharam no desenvolvimento da lei constitucional no Canadá.
Apresenta explicações sobre como as Testemunhas conseguiram influenciar
nada mais nada menos do que Pierre Trudeau e, através dele enquanto
primeiro ministro do Canadá, assegurar que o seu sonho de uma Carta dos
Direitos e Liberdades se tornasse parte da Constituição Canadiana. Um
aspecto que também é útil neste livro é que Botting apresenta uma excelente
análise de livros relacionados com as Testemunhas de Jeová no Canadá.

Botting, Heather, e Gary Botting. The Orwellian World of Jehovah's


Witnesses [O Mundo Orwelliano das Testemunhas de Jeová]. Toronto, Buffalo,
Londres: University of Toronto Press, 1984.

Obra de uma equipa de marido e mulher que foram criados como Testemunhas
de Jeová, The Orwellian World of Jehovah's Witnesses é uma crítica
devastadora ao totalitarismo da Watch Tower. Baseado em parte na
dissertação de doutoramento de Heather em antropologia na University of
Alberta, este livro útil e bem escrito está repleto de abundante informação
factual e ilustrações notáveis retiradas das publicações da Watch Tower. Se o
livro tem algum aspecto menos bom, é o facto de se focar de forma muito
artificial no ano 1984 como sendo outra suposta data apocalíptica da Watch
Tower. Não obstante, o seu tema principal está bem documentado e
fundamentado.

Cole, Marley. Jehovah's Witnesses: The New World Society [Testemunhas


de Jeová: A Sociedade do Novo Mundo]. Nova Iorque: Vantage, 1955.

Uma história semi-oficial das Testemunhas de Jeová, o livro de Cole foi


patrocinado pela Watch Tower Society e tornou-se num best-seller. Fácil de ler,
e escrito no estilo espirituoso do jornalismo, o livro contém uma grande
quantidade de informação útil, especialmente no apêndice. A sua maior
fraqueza é a falta de notas de rodapé e bibliografia, e o facto de fazer
frequentemente afirmações que não têm apoio do ponto de vista das
Testemunhas e que são, no mínimo, polémicas. Se Cole não tivesse sido
'supervisionado' na sua escrita por representantes da Watch Tower, este livro
teria sido melhor do que é.

Cole, Marley. Triumphant Kingdom [Reino Triunfante]. Nova Iorque: Criterion,


1957.

Ao contrário de Jehovah's Witnesses: The New World Society, este livro não foi
patrocinado pela Watch Tower Society e não teve uma grande circulação.
Porém, do ponto de vista do cientista social e do historiador, é um estudo muito
mais útil, pois apresenta uma imagem clara da natureza da sociedade das
Testemunhas na década de 1950. Enquanto crónica da forma como a
Testemunha comum via a vida na sua congregação, a sua fé, e o mundo,
Triumphant Kingdom é um trabalho importante, embora datado.

Curry, Melvin D. Jehovah's Witnesses: The Millenarian World of the Watch


Tower [Testemunhas de Jeová: O Mundo Milenarista da Torre de Vigia]. Nova
Iorque e Londres: Garland, 1992.

Originalmente escrito como uma dissertação sob a direcção do Professor


Richard Rubenstein, este trabalho interessante e útil contém uma boa
quantidade de informação histórica sobre as Testemunhas de Jeová. Curry
desenvolve uma tese, em oposição a James Beckford e Rosabeth Moss
Kanter, que defende que o milenarismo tem sido um factor primário no
desenvolvimento estrutural da organização Watch Tower. Embora a maioria
dos escritores que não são Testemunhas tendam a concordar com Beckford e
Moss Kanter em vez de Curry nesta matéria, é um assunto útil que merece
mais atenção académica. Infelizmente, Curry faz alguns erros factuais sérios
na sua análise das Testemunhas.

Franz, Raymond. Crisis of Conscience [Crise de Consciência, Fortaleza,


Ceará: Impressão Particular, 1.ª edição, 1999, viii + 516 pp.]. Atlanta:
Commentary Press, 1992.

Este livro continua a ser o maior estudo sobre o funcionamento interno da


Watch Tower Society durante as décadas de 1960 e 1970. Obra notavelmente
informativa, fornece a primeira perspectiva a partir de dentro sobre a Watch
Tower Society e sobre o corpo governante das Testemunhas de Jeová, por um
ex-membro do corpo governante. Embora seja uma exposição de primeira
ordem, está escrito mais num tom de tristeza do que de raiva. Bem
documentado e completamente revelador, foi actualizado em 1992 e
novamente na sua impressão mais recente, em 1994. Um novo apêndice é
muito informativo sobre desenvolvimentos na Watch Tower desde 1983.

Franz, Raymond. In Search of Christian Freedom [Em Busca de Liberdade


Cristã]. Atlanta: Commentary Press, 1993.
Segundo grande trabalho de Franz, este volume de 732 páginas desenvolve
muita da informação de Crisis of Conscience e apresenta a opinião não
dogmática do próprio Franz sobre o que é afinal a liberdade cristã. Conforme
escreveu o Professor Stephen Cox: 'In Search of Christian Freedom tem uma
importância única como estudo do movimento das Testemunhas, e como
comentário à sua actual condição, mas a relevância do livro não se limita a
esse movimento. É útil em compreender uma grande variedade de forças
sociais e psicológicas que modelam as interpretações das pessoas sobre a
Bíblia e a vida religiosa, muitas vezes sem que elas o saibam. Raymond Franz
fornece uma perspectiva nova sobre o assunto da liberdade, como esta surge
nas Escrituras, na história religiosa e nas decisões dos homens e mulheres da
actualidade.' Não seria possível fazer uma avaliação melhor.

Gruss, Edmond Charles. The Jehovah's Witnesses and Prophetic


Speculation [As Testemunhas de Jeová e a Especulação Profética]. Phillips-
burg, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing Co. 1972.

Embora Gruss seja conhecido como polemicista anti-Testemunhas, ele


também é um erudito bem treinado e geralmente cuidadoso. Assim, Jehovah's
Witnesses and Prophetic Speculation é uma excelente crítica da escatologia
envolvendo o estabelecimento de datas das Testemunhas e demonstra de
forma simples e directa porque esta não tem credibilidade histórica. Para
qualquer pessoa interessada nas profecias e falhanços das Testemunhas, este
livro é obrigatório.

Harrison, Barbara Grizutti. Visions of Glory: A History and a Memory of


Jehovah's Witnesses [Visões de Glória: Uma História e uma Memória Sobre
as Testemunhas de Jeová]. Nova Iorque: Simon and Schuster, 1978.

O relato autobiográfico de Harrison sobre a sua vida como jovem mulher


trabalhadora em Betel durante a década de 1950 é um trabalho extremamente
perceptivo. O livro transmite parte do sentimento de repressão pessoal e frieza
emocional que os indivíduos mais sensíveis muitas vezes experimentam
enquanto membros da comunidade das Testemunhas. Infelizmente, ao mesmo
tempo que fez um trabalho excepcionalmente importante, Harrison por vezes é
um pouco injusta na descrição de certos indivíduos, como o primeiro presidente
da Watch Tower. Não obstante, este livro apresenta uma imagem das atitudes
e burocracia da Watch Tower mais clara do que qualquer outro que tenha sido
publicado, com excepção das obras de Raymond Franz.

Hodges, Tony. Jehovah's Witnesses in Central Africa [Testemunhas de


Jeová na África Central]. Londres: Minority Rights Group, 1976.

O breve livro de Hodge é um relatório repleto de factos e muito exacto sobre a


perseguição das Testemunhas de Jeová no Malaui, Zâmbia e Moçambique.
Explica as razões por detrás da hostilidade contra as Testemunhas; mostra a
terrível natureza dos ataques contra as Testemunhas africanas,
particularmente no Malaui; e pede o fim da intolerância e barbaridade
governamentais. Finalmente, argumenta energicamente que 'a supressão das
Testemunhas de Jeová tem sido parte das tentativas de vários governantes
africanos de consolidar regimes ditatoriais de partido único.'

Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose [As Testemunhas de Jeová no


Propósito Divino], NY: Watchtower Bible and Tract Society, 1959.

Como primeira história oficial da Watch Tower sobre a comunidade dos


Estudantes da Bíblia--Testemunhas publicada num volume, este é um trabalho
com algum valor. O seu autor teve acesso ilimitado aos ficheiros da Sociedade
de um modo que nenhum perito independente teve, e por essa razão dá
alguma informação útil. No entanto, tem várias falhas: é demasiado breve; não
discute vários assuntos importantes; e está escrito no formato de um diálogo
pouco atractivo e contínuo entre um casal de Testemunhas e uma família
interessada na história e ensinos das Testemunhas de Jeová. Embora faça uso
extensivo de registos de tribunais, em geral ignora outros registos públicos.
Embora contenha alguma informação útil, o pior aspecto deste livro é que
também contém muitas distorções, meias verdades e falsidades completas. É
difícil perceber como é que alguém pode ter escrito um livro destes com uma
consciência limpa.

Jehovah's Witnesses: Proclaimers of God's Kingdom [Testemunhas de


Jeová: Proclamadores do Reino de Deus]. Brooklyn, NY: Watchtower Bible and
Tract Society and International Bible Students Association, 1993.

Obviamente escrito e publicado para contrariar livros escritos por ex-


Testemunhas, o livro Proclamadores, como é geralmente conhecido, contém
mais informação do que Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose. Ainda
assim, é apenas um ligeiro melhoramento sobre esse trabalho. É mais
propaganda hagiográfica do que história e, tal como Jehovah's Witnesses in
the Divine Purpose, contém demasiados relatos expurgados, omissões, meias
verdades e falsidades completas. Além disso, está escrito de um modo que
torna difícil reunir informação sobre muitos assuntos importantes. Qualquer
pessoa que use esse livro para efeitos académicos deve reconhecer que o
mesmo não passa de um mau exemplo de auto-glorificação sectária.

Jonsson, Carl Olof. The Gentile Times Reconsidered [Os Tempos dos
Gentios Reconsiderados, 3.ª edição, 1998]. Atlanta: Commentary Press, 1986.

Este livro é o primeiro estudo completo da doutrina da Watch Tower Society


sobre os Tempos dos Gentios e a sua origem. Jonsson traça a história da
doutrina até ao início do século XIX e certas ideias por detrás dela (como o
chamado princípio ano-dia) até aos judeus medievais e romanos, através da
Inglaterra puritana, dos Reformadores, de John Wycliffe e Joachim of Flora. Ele
também demonstra através de evidência arqueológica, histórica e astronómica
que a cronologia da Watch Tower está errada ao afirmar que Jerusalém caiu
perante Nabucodonosor da Babilónia em 607 A.E.C. Assim, ele mostra
claramente que todo o calendário escatológico das Testemunhas de Jeová é
baseado em suposições demonstravelmente falsas. Este trabalho
extremamente importante, na sua forma dactilografada, ajudou a causar o
cisma na sede da Watch Tower na Primavera de 1980.
Jonsson, Carl Olof, e Wolfgang Herbst. The Sign of the Last Days --
When? [O Sinal dos Últimos Dias -- Quando?]. Atlanta: Commentary Press,
1987.

Jonsson e Herbst produziram um trabalho importante que merece uma


circulação muito maior do que aquela que teve até agora. Nesse trabalho, os
dois suecos -- o nome Wolfgang Herbst é um pseudónimo -- demonstram a
partir de fontes históricas reputáveis que o século vinte não tem sido o pior de
todos os tempos. Eles mostram que as Testemunhas de Jeová e vários
fundamentalistas evangélicos, que tentam usar os eventos actuais como prova
de que estamos a viver nos 'últimos dias', não sabem ou não querem saber os
factos. Uma das razões para a circulação limitada do livro pode muito bem ser
que os evangélicos, que costumam comprar livros escritos por ex-
Testemunhas, sentem-se tão incomodados com as conclusões de Jonsson e
Herbst como a Watch Tower Society.

Kaplan, William. State and Salvation: The Jehovah's Witnesses and Their
Fight for Civil Rights [O Estado e a Salvação: As Testemunhas de Jeová e a
Sua Luta Pelos Direitos Civis]. Toronto, Buffalo, Londres: University of Toronto
Press, 1989.

Embora Kaplan mencione novamente muito do que abrangi no meu livro


Jehovah's Witnesses in Canada e escreva quase inteiramente sobre as
Testemunhas durante a Segunda Guerra Mundial, ele trouxe à luz uma grande
quantidade de nova informação. O aspecto mais saliente de State and
Salvation é o seu excelente relato do mau tratamento dado às crianças das
Testemunhas de Jeová nos assuntos da saudação à bandeira e dos exercícios
patrióticos. Porém, ele comete um erro sério: não compreende que homens
Testemunhas foram enviados injustamente para campos de trabalho de serviço
alternativo quando não estavam sujeitos a recrutamento para o serviço militar.

King, Christine Elizabeth. The Nazi State and the New Religions: Five Case
Studies in Non-conformity [O Estado Nazi e as Novas Religiões: Conco
Casos de Estudo de Não-Conformidade]. Nova Iorque e Toronto: Edwin Mellon
Press, 1982.

No seu livro, King estuda cinco 'novas religiões' na Alemanha durante o período
Nazi: a Ciência Cristã, os Mórmons, os Adventistas do Sétimo Dia, a Nova
Igreja Apostólica e as Testemunhas de Jeová. Destes cinco, só as
Testemunhas de Jeová se opuseram aos nazis até à morte, enquanto os outros
movimentos geralmente tornaram-se mais pró-Nazis do que os próprios Nazis.
A coragem das Testemunhas ganhou a admiração de King, mas ela também
revela o facto de a liderança da Watch Tower ter tentado cair nas boas graças
de Hitler e do Estado Nazi em Junho de 1933. Só depois de os Nazis terem
rejeitado a sua tentativa é que o Juiz Rutherford exortou as Testemunhas a
ficarem firmes contra as exigências do Terceiro Reich.

Macmillan, A. H. Faith on the March [A Fé em Marcha]. Englewood Cliffs, NJ:


Prentice-Hall, 1957.
Macmillan foi, até à sua morte, uma Testemunha de Jeová de longa data que
serviu no Betel de Brooklyn como confidente de três presidentes da Watch
Tower, e por essa razão desempenhou um papel importante, embora de certa
forma maquiavélico, na história das Testemunhas. O seu livro, uma
autobiografia, apresenta um ponto de vista pró-Rutherford, pró-Sociedade.
Embora muito do que ele escreveu seja na forma de uma apologia, e a sua
imagem dos acontecimentos de 1917 seja uma distorção completa, ainda
assim por vezes ele é refrescantemente cândido. Faith on the March é por isso
um livro muito melhor do que Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose ou
Testemunhas de Jeová: Proclamadores do Reino de Deus.

Manwaring, David R. Render unto Caesar: The Flag Salute Controversy


[Dai a César: A Controvérsia da Saudação à Bandeira]. Chicago: University of
Chicago Press, 1962.

Iniciado como uma dissertação de doutoramento na Universidade de


Wisconsin, o livro de Manwaring é excelente. Apresenta uma história útil do
que rodeava a controvérsia da saudação à bandeira, e discute a natureza,
doutrina e recursos das Testemunhas de Jeová nas décadas de 1930 e 1940 e
a história do litígio da saudação à bandeira nos tribunais dos Estados Unidos. É
um trabalho equilibrado, justo e com boa pesquisa, que coloca toda a questão
no contexto da história americana.

Newton, Merlin Owen. Armed with the Constitution: Jehovah's Witnesses


in Alabama and the U. S. Supreme Court, 1939-1946 [Armados com a
Constituição: Testemunhas de Jeová no Alabama e no Supremo Tribunal dos
Estados Unidos, 1939-1946]. Tuscaloosa e Londres: University of Alabama
Press, 1995.

Neste livro, Newton fez um excelente relato sobre os problemas das


Testemunhas de Jeová no Alabama durante o período da Segunda Guerra
Mundial e o seu sucesso nos dois casos principais que chegaram ao Supremo
Tribunal dos Estados Unidos. Newton teve sorte em poder entrevistar um dos
litigantes nesses casos e a viúva de outro litigante. Ela explica as várias
atitudes existentes no Alabama e nos Estados Unidos durante o período e
conseguiu compreender claramente a importância do papel litigioso
desempenhado pelas Testemunhas de Jeová em estender as liberdades civis
sob a Constituição dos Estados Unidos.

Penton, M. James. Jehovah's Witnesses in Canada: Champions of


Freedom of Speech and Worship [Testemunhas de Jeová no Canadá:
Campeões da Liberdade de Expressão e de Adoração]. Toronto: Macmillan of
Canada, 1976.

Escrito como uma narrativa das relações das Testemunhas de Jeová com a
sociedade e governo canadianos, este livro não pretende ser uma história
completa da organização ou doutrina das Testemunhas. É, contudo, o primeiro
relato histórico geral sobre as Testemunhas de Jeová num país específico, e
também o primeiro baseado em grande medida em materiais disponíveis em
arquivos públicos. A sua qualidade deve ser determinada por outros.
Rogerson, Alan. Millions Now Living Will Never Die: A Study of Jehovah's
Witnesses [Milhões Que Agora Vivem Nunca Morrerão: Um Estudo Sobre as
Testemunhas de Jeová]. Londres: Constable, 1969.

Criado como Testemunha e sendo um sociólogo, Rogerson escreveu um livro


útil, embora breve, baseado principalmente em fontes originais. Embora
contenha declarações com as quais muitas Testemunhas de Jeová
discordariam, é muito exacto na sua perspectiva histórica, e é um dos melhores
trabalhos sobre as Testemunhas em inglês. Se tem alguma fraqueza, é que
Rogerson não tem uma compreensão clara sobre a natureza da sociedade e
da religião nos Estados Unidos.

Sterling, Chandler W. The Witnesses: One God, One Victory [As


Testemunhas: Um Deus, Uma Vitória]. Chicago: Henry Regnery, 1975.

O bispo Episcopal aposentado Sterling escreveu um livro estranho. Simpático


em relação ao Pastor Russell e às Testemunhas de Jeová, contém alguns
flashes brilhantes de perspicácia. Ao mesmo tempo, está cheio de erros
factuais e tende a ser superficial. Por essas razões, não pode ser considerado
um trabalho importante.

Stevens, Leonard A. Salute! The Case of the Bible vs. The Flag [Saudação!
O Caso da Bíblia vs. A Bandeira]. Nova Iorque: Coward, McCann and
Geoghegan, 1973.

Conforme o anúncio publicitário do livro declara: 'Salute! é um drama de


tribunal absorvente e cheio de suspense que clarifica o papel vital do Supremo
Tribunal em interpretar e definir as liberdades garantidas pela Constituição [dos
Estados Unidos].' Embora seja menos abrangente do que o trabalho de
Manwaring, é mais acessível para o leitor comum, e demonstra claramente a
importância dos dois principais casos de saudação à bandeira -- Minersville
School District v. Gobitis e West Virginia Board of Education v. Barnette,
ouvidos pelo Supremo Tribunal com base na Primeira Emenda [à Constituição
dos Estados Unidos da América].

Stevenson, W. C. The Inside Story of Jehovah's Witnesses [A História


Interna das Testemunhas de Jeová]. Nova Iorque: Hart, 1967.

Publicado originalmente na Grã-Bretanha como Year of Doom, 1975 [Ano da


Desgraça, 1975], este livro é uma interessante avaliação da comunidade das
Testemunhas por uma ex-Testemunha que esteve associada com o movimento
durante catorze anos. Em muitos aspectos, abrange a mesma história geral de
outros estudos similares e acrescenta pouco que seja significativamente novo.
O último capítulo de Stevenson, 'Whither the Witnesses' [Para Onde Vão as
Testemunhas] é muito significativo. Nele o autor conjectura que, como a
existência das Testemunhas é baseada em 'falsas profecias' a respeito da
proximidade do fim do mundo, a organização não pode continuar a existir
durante muito tempo. Evidentemente ele esperava que o falhanço de 1975
tivesse um efeito mais catastrófico do que teve.
Stroup, Herbert Hewitt. The Jehovah's Witnesses [As Testemunhas de
Jeová]. Nova Iorque: Columbia University Press, 1945.

Este é um livro datado e sofre do facto de ser um pioneiro no campo.


Ocasionalmente, também demonstra a falta de cuidado do seu autor. Por
exemplo, Stroup não dá referências apropriadas para paráfrases e citações.
Num caso, ele também menciona uma citação de uma Watch Tower de Agosto
de 1928 (p. 155 nota 29) que não existe. Apesar disto, existe aqui muita
informação histórica útil e o livro descreve claramente a comunidade das
Testemunhas como esta era no fim da década de 1930 e início da década de
1940.

Whalen, William J. Armageddon Around the Corner: A Report on


Jehovah's Witnesses [Armagedom ao Virar da Esquina: Um Relatório Sobre
as Testemunhas de Jeová]. Nova Iorque: John Day, 1962.

Escrito por um professor de inglês que também é um Católico Romano leigo


interessado na religião nos Estados Unidos, este livro devia ter mais qualidade.
É um trabalho superficial e bem humorado, cheio de erros. Também lhe falta
um posicionamento crítico. Ainda assim, contém muita informação útil que não
está facilmente disponível em outras fontes. O capítulo sobre os cismas e
heresias das Testemunhas é muito informativo. Porém, Whalen é muito pouco
rigoroso ao sugerir que as Testemunhas desenvolveram-se a partir do
Adventismo do Sétimo Dia.

White, Timothy. A People for His Name: A History of Jehovah's Witnesses


and an Evaluation [Um Povo Para o Seu Nome: Uma História das
Testemunhas de Jeová e Uma Avaliação]. Nova Iorque: Vantage Press, 1968.

Este livro de White foi durante muito tempo a história mais completa das
Testemunhas de Jeová e a melhor em muitos sentidos. Um exame de A People
for His Name mostra que o seu autor fez uma espantosa quantidade de
pesquisa e tem uma compreensão rara tanto da história como das doutrinas
dos Estudantes da Bíblia e das Testemunhas de Jeová. Embora muitas
Testemunhas possam discordar de algumas das suas declarações, o que ele
diz não pode ser rejeitado sem hesitações. Ao mesmo tempo, os críticos
profissionais das Testemunhas de Jeová deviam notar que ele refuta muitos
argumentos tradicionais que são apresentados contra as Testemunhas e que
são baseados em pouco mais do que tagarelice e calúnias.

Outros Trabalhos Importantes Sobre as Testemunhas de Jeová

Alfs, Matthew. The Evocative Religion of Jehovah's Witnesses [A Religião


Evocativa das Testemunhas de Jeová]. Minneapolis: Old Theology Book
House, 1991.

American Civil Liberties Union. Jehovah's Witnesses and the War [As
Testemunhas de Jeová e a Guerra]. Panfleto. Nova Iorque: ACLU, 1943.
American Civil Liberties Union. The Persecution of Jehovah's Witnesses [A
Perseguição às Testemunhas de Jeová]. Panfleto: Nova Iorque: ACLU, 1941.

Arellano, Angel. Why You Should Believe in the Trinity [Por Que Você Deve
Crer na Trindade]. Pasadena, CA: Browser's Book Store, 1995.

Assimeng, J. Max 'Sectarian Allegiance and Political Authority: The Watch


Tower Society in Zambia' [Lealdade Sectária e Autoridade Política: a Watch
Tower Society na Zâmbia]. The Journal of Modern African Studies 8 (1970), pp.
97-112.

Aveta, Achille. I Testimoni di Geova: un'ideologia che logora [As Testemunhas


de Jeová: Uma Ideologia Que Consome]. Roma: Edizioni Dehoniane, 1990.

Aveta, Achille, Fortunato Grottola, e Sergio Pollina. I Testimoni di Geova tra


mito e realita: vittime o artefici dell'intolleranz religiosa? [As Testemunhas de
Jeová no Mito e na Realidade: Vítimas ou Artífices da Intolerância Religiosa?].
Foggia: Impressão particular, 1991.

Aveta, Achille, e Sergio Pollina. I Testimoni di Geova e la politica: martiri o


opportunisti? [As Testemunhas de Jeová e a Política: Mártires ou
Oportunistas?] Roma: Edizioni Dehoniane, 1990.

Bach, Marcus. Faith and My Friends [A Fé e os Meus Amigos]. Nova Iorque:


Bobbs-Merrill, 1951.

Bach, Marcus. 'The Startling Witnesses' [As Assustadoras Testemunhas].


Christian Century 74 (1957), pp. 197-199.

Bach, Marcus. They Have Found a Faith [Eles Encontraram Uma Fé]. Nova
Iorque: Bobbs-Merrill, 1946.

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[Liberdade Religiosa vs. Poder Policial: Testemunhas de Jeová]. American
Political Science Review 41 (1947), pp. 266-277.

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The Jehovah's Witnesses' [O Estádio Embrionário do Desenvolvimento de uma
Seita Religiosa: As Testemunhas de Jeová]. A Sociological Yearbook of
Religion in Britain, ed. Michael Hill, vol. 5: pp. 11-32. Londres: SCM Press,
1972.

Beckford, James A. 'Organization, Recruitment and Ideology: The Structure of


the Watch Tower Movement' [Organização, Recrutamento e Ideologia: A
Estrutura do Movimento da Watch Tower]. Sociological Review 23 (1975), pp.
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Beckford, James A. 'Structural Dependence in Religious Organization: From


"Skid-road" to Watch Tower' [Dependência Estrutural na Organização
Religiosa: De "Skid-road" Para Torre de Vigia]. Journal for the Scientific Study
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Beckford, James A. 'Two Contrasting Types of Sectarian Organization' [Dois


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Concentration Camps: A History of their Conflicts with the Nazi State' [A
Experiência das Testemunhas de Jeová nos Campos de Concentração Nazis:
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Fazem]. Nova Iorque: Philosophical Library, 1954.

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Jehovah's Witnesses [Por Detrás da Cortina da Torre de Vigia: A Sociedade
Secreta das Testemunhas de Jeová]. Southbridge, MA: Crowne, 1989.

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Resgatar o Seu Ente Querido da Watch Tower]. Grand Rapids: Baker Book
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Publications [Literatura das Testemunhas de Jeová: Um Guia Crítico Para as
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Desonestidade Académica da Torre de Vigia]. Santa Ana, CA: Caris, 1976.

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Watters, Randy. Letters to the Editor -- Book I [Cartas ao Editor -- Livro I].
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Watters, Randy. Letters to the Editor -- Book II [Cartas ao Editor -- Livro II].
Manhattan Beach, CA: Free Minds, Inc., 1995.

Watters, Randy. Thus Saith the Governing Body [Assim Disse o Corpo
Governante]. Manhattan Beach, CA: Free Minds, Inc., 1996.

Watters, Randy. The Truth Will Set You Free [A Verdade Vos Tornará Livres].
Manhattan Beach, CA: Free Minds, Inc., 1988.

Watters, Randy. Understanding Mind Control among Jehovah's Witnesses


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Wilson, Bryant R. 'Aspects of Kinship and the Rise of Jehovah's Witnesses in


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Japão]. Social Compass 24 (1977), pp. 97-120.

Wilson, Bryant R. 'Jehovah's Witnesses in Africa' [Testemunhas de Jeová em


África]. New Society 25 (12 de Julho de 1973), pp. 73-75.

Wilson, Bryant R. 'Jehovah's Witnesses in Kenya' [Testemunhas de Jeová no


Quénia]. Journal of Religion in Africa 5 (1973), pp. 128-149.

Wilson, Bryant R. 'When Prophecy Failed' [Quando a Profecia Falhou] New


Society 43 (26 de Janeiro de 1978), pp. 18-34.

Zygmunt, Joseph F. 'Jehovah's Witnesses in the U.S.A. -- 1942-1976'


[Testemunhas de Jeová nos E.U.A. -- 1942-1976]. Social Compass 24:1
(1977), pp. 44-57.

Para um exame das fontes subjacentes ao pensamento de Charles Taze


Russell e das Testemunhas de Jeová, são úteis as seguintes obras:
Ahlstrom, Sydney E. A Religious History of the American People [Uma História
Religiosa do Povo Americano]. New Haven: Yale University Press, 1972.

Ball, Bryan W. A Great Expectation: Eschatological Thought in English


Protestantism to 1660 [Uma Grande Expectativa: Pensamento Escatológico no
Protestantismo Inglês até 1660]. Leiden: E. J. Brill, 1975.

Froom, LeRoy Edwin. The Conditionalist Faith of Our Fathers [A Fé


Condicionalista dos Nossos Pais], 2 vols. Washington, DC: Review and Herald
Publishing Association, 1954.

Froom, LeRoy Edwin. The Prophetic Faith of Our Fathers [A Fé Profética dos
Nossos Pais], 4 vols. Washington, DC: Review and Herald Publishing
Association, 1950.

Harrison, J. F. C. The Second Coming: Popular Millenarianism, 1780-1850 [A


Segunda Vinda: Milenarismo Popular, 1780-1850]. Londres: Routledge, 1979.

Hill, John Edward Christopher. The World Turned Upside Down: Radical Ideas
during the English Revolution [O Mundo Virado do Avesso: Ideias Radicais
Durante Revolução Inglesa]. Londres: Temple Smith, 1972.

Persons, Stow. American Minds: A History of Ideas [Mentes Americanas: Uma


História das Ideias]. Nova Iorque: Holt, Rinehart and Winston, 1958.

Sandeen, Ernest R. The Roots of Fundamentalism: British and American


Millenarianism, 1800-1930 [As Raízes do Fundamentalismo: Milenarismo
Britânico e Americano, 1800-1930]. Grand Rapids: Baker Book House, 1970.

Williams, George H. The Radical Reformation [A Reforma Radical].


Philadelphia: Westminster, 1962.

Para compreender influências directas sobre Russell, devem ser consultados


os seguintes trabalhos:

Livros e Panfletos

 Barbour, Nelson H. Washed in His Blood [Lavados no Seu Sangue]. Rochester,


NY: Unique, 1907.
 Barbour, Nelson H., e C. T. Russell. Three Worlds and the Harvest of This
World [Três Mundos e a Colheita Deste Mundo]. Rochester, NY: Office of the
Herald of the Morning, 1877.
 Brown, John Aquinas. The Even-Tide: or, Last Triumph of the Blessed and Only
Potentate, the King of Kings, and Lord of Lords: Being a Development of the
Mysteries of Daniel and St. John [A Noite: ou, Último Triunfo do Abençoado e
Único Potentado, o Rei dos Reis, e Senhor dos Senhores: Sendo um
Desenvolvimento dos Mistérios de Daniel e S. João], 2 vols. Londres: J. Oppor
e outros editores, 1823.
 Gausted, Edwin Scott, ed. The Rise of Adventism [A Ascensão do Adventismo].
Nova Iorque: Harper and Row, 1974.
 Grew, Henry. Future Punishment, Not Eternal Life in Misery but Destruction
[Punição Futura, Não Vida Eterna em Miséria mas Destruição]. Philadelphia:
Stereotyped at Moorbridge's Foundry, 1850.
 Loughborough, J. N. The Great Second Advent Movement [O Grande
Movimento do Segundo Advento], reimpressão: Nova Iorque: Arno, 1972.
 Paton, J. H. The Day Dawn, or the Gospel in Type and Prophecy [A Aurora do
Dia, ou o Evangelho no Tipo e na Profecia]. Pittsburgh: A. D. Jones, 1880.
 Storrs, George. An Inquiry: Are the Souls of the Wicked Immortal? In Six
Sermons [Uma Pesquisa: Será Que as Almas dos Iníquos são Imortais? Em
Seis Sermões]. Philadelphia: Publicado pelo autor, 1847.
 Storrs, George. An Inquiry: Are the Souls of the Wicked Immortal? In Three
Letters [Uma Pesquisa: Será Que as Almas dos Iníquos são Imortais? Em Três
Cartas]. Montpelier, VT: Impressão privada, 1841.
 Storrs, George. A Vindication of the Government of God over the Children of
Men: or 'The Promise and Oath of God to Abraham' [Uma Vindicação do
Governo de Deus sobre os Filhos dos Homens: ou 'A Promessa e Juramento
de Deus a Abraão']. Nova Iorque: Publicado pelo autor, 1871.
 Storrs, George. The Wicked Dead: or Statements, Explanations, Queries
Answered, and Exposition of Texts Relating to the Destiny of Wicked Men [Os
Iníquos Mortos: ou Declarações, Explicações, Interrogações Respondidas, e
Exposição de Textos Sobre o Destino de Homens Iníquos]. Nova Iorque: The
Herald of Life, 1870.
 Tompkins, Peter. The Secrets of the Great Pyramid [Os Segredos da Grande
Pirâmide]. Nova Iorque: Harper and Row, 1971.
 Wellcome, Isaac C. History of the Second Advent Message and Mission,
Doctrine and People [História da Mensagem e Missão, Doutrina e Povo do
Segundo Adventismo]. Yarmouth, ME: I. C. Wellcome, 1874.

Periódicos

 Bible Examiner, 1843-1880.


 The Bible Examiner, 1981-1984.
 Herald of Life and the Coming Kingdom, 1863-1880.
 The Herald of the Morning, 1874-1890.

Muitos outros periódicos e fontes úteis estão enumerados em The Millerites


and Early Adventists:

An Index to the Microfilm Collection of Rare Books and Manuscripts [Os


Milleritas e Primeiros Adventistas: Um Índice para a Colecção Microfilmada de
Livros e Manuscritos Raros], publicado por University Microfilms International.

Publicações que não são da Watch Tower/Estudantes da Bíblia também têm


alguma importância. Estas incluem.

 Edgar, John, MD. The Preservation of Identity in the Resurrection [A


Preservação da Identidade na Ressurreição]. Glasgow: Hay Nisbet and Co.,
s.d.
 Edgar, John, MD. Socialism and the Bible [Socialismo e a Bíblia]. Glasgow: Hay
Nisbet and Co., s.d.
 Edgar, John, MD. Where Are the Dead? [Onde Estão os Mortos?] Glasgow:
Hay Nisbet and Co., 1908.
 Edgar, John, MD. A Tree Planted by the Rivers of Water [Uma Árvore Plantada
perto dos Rios de Água]. Glasgow: Hay Nisbet and Co., s.d.
 Edgar, John, e Morton Edgar. Great Pyramid Passages [Grandes Passagens
da Pirâmide], 2 vols. Glasgow: Morton Edgar, 1912.
 Edgar, Minna. Memoirs of Dr. John Edgar [Memórias do Dr. John Edgar].
Glasgow: Hay Nisbet and Co., s.d.
 Edgar, Morton. Abraham's Life-History an Allegory [Vida e História de Abraão:
Uma Alegoria]. Glasgow: Hay Nisbet and Co., s.d.
 Edgar, Morton. 'Faith's Foundations' and 'Waiting on God' ['Fundações da Fé' e
'Esperando em Deus']. Glasgow: Hay Nisbet and Co., s.d.
 Edgar, Morton. The Great Pyramid and the Bible [A Grande Pirâmide e a
Bíblia]. Glasgow: Hay Nisbet and Co., s.d.
 Edgar, Morton. The Great Pyramid -- Its Scientific Features [A Grande Pirâmide
-- Seus Aspectos Científicos]. Glasgow: Hay Nisbet and Co., s.d.
 Edgar, Morton. The Great Pyramid: Its Spiritual Symbolism [A Grande Pirâmide:
Seu Simbolismo Espiritual]. Glasgow: Bone and Hulley, 1924.
 Edgar, Morton. The Great Pyramid: Its Time Features [A Grande Pirâmide:
Seus Aspectos Temporais]. Glasgow: Bone and Hulley, 1924.
 Edgar, Morton. Mythology and the Bible [Mitologia e a Bíblia]. Glasgow: Hay
Nisbet and Co., s.d.
 Edgar, Morton. 1914 AD and the Great Pyramid [1914 AD e a Grande
Pirâmide]. Glasgow: Hay Nisbet and Co., s.d.
 Edgar, Morton. Prayer and the Bible [Oração e a Bíblia]. Glasgow: Hay Nisbet
and Co., s.d.
 Jehovah's Witnesses: Alternatives to Blood Transfusions [Testemunhas de
Jeová: Alternativas às Transfusões de Sangue]. Toronto: Fotocopiado pelas
Testemunhas de Jeová do Canadá, 1973.
 Jones, Leslie W., MD. What Pastor Russell Said [O Que Disse o Pastor
Russell]. Chicago: The Bible Students Book Store, 1917.
 Jones, Leslie W., MD. What Pastor Russell Taught [O Que Ensinou o Pastor
Russell]. Chicago: Impressão privada, s.d.
 Jones, Leslie W., MD. What Pastor Russell Taught on the Covenants, Mediator
Ransom, Sin Offering, Atonement [O Que Ensinou o Pastor Russell sobre os
Pactos, o Resgate do Mediador, Ofertas pelo Pecado, Expiação]. Chicago:
Impressão privada, 1919.
 Memoirs of Pastor Russell: The Laodicean Messenger: His Life, Works and
Character [Memórias do Pastor Russell: O Mensageiro Laodicense: A Sua
Vida, Obras e Carácter]. Chicago: The Bible Students Book Store, 1923.
 Paton, J. H. The Day Dawn: or The Gospel in Type and Prophecy [A Aurora do
Dia: ou O Evangelho no Tipo e na Profecia]. Pittsburg, PA: A. D. Jones, 1880.
 Russell, Charles T. Object and Manner of Our Lord's Return [Objecto e Maneira
da Volta de Nosso Senhor]. Rochester, NY: Herald of the Morning, 1877.
 Rutherford, Joseph F. A Great Battle in the Ecclesiastical Heavens [Uma
Grande Batalha nos Céus Eclesiásticos]. Nova Iorque: Impressão privada,
1915.

Várias publicações de ou sobre o Pastor Russell e os Estudantes da Bíblia do


seu tempo foram impressas novamente pelos Chicago Bible Students, P.O.
Box 6016, Chicago, IL 60680 U.S.A. Estas incluem volumes intitulados Harvest
Gleanings I, II e III [Antologias da Colheita I, II e III], e Convention Reports
[Relatórios de Congressos] da era de Russell.

Segue-se uma lista razoavelmente completa de obras publicadas pela Watch


Tower Bible and Tract Society [Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados]
e organizações associadas. As publicações estão enumeradas por tipo,
cronologicamente.

Bíblias

 Rotherham, Joseph B. New Testament, 12.ª ed. rev., 1896.


 Holman Linear Bible, 1901.
 Wilson, Benjamin. The Emphatic Diaglot, 1902.
 The Bible Students Edition of the Authorized Version, 1907.
 The Authorized Version, 1942.
 The American Standard Version of 1901, 1944.
 The New World Translation of the Christian Greek Scriptures, 1950.
 New World Translation of the Hebrew Scriptures, vols. 1-5, 1953-1960.
 New World Translation of the Holy Scriptures, 1961.
 New World Translation of the Christian Greek Scriptures, edição holadesa,
francesa, alemã, italiana, espanhola e portuguesa, 1963.
 New World Translation of the Holy Scriptures, edição em letra grande, 1963.
 New World Translation of the Holy Scriptures, edição espanhola, 1967.
 The Kingdom Interlinear Translation of the Christian Greek Scriptures, 1969.
 New World Translation of the Holy Scriptures, revisão de 1970.
 New World Translation of the Holy Scriptures, revisão da edição em letra
grande, 1972.
 New World Translation of the Holy Scriptures, revisão de 1971.
 Byington, Stephen T. The Bible in Living English, 1972.
 New World Translation of the Christian Greek Scriptures, edição japonesa,
1974.
 New World Translation of the Holy Scriptures, edição francesa, 1974.
 New World Translation of the Holy Scriptures, revisão de 1981.
 New World Translation of the Holy Scriptures with References, 1984.
 Kingdom Interlinear Translation of the Greek Scriptures (revisão), 1985.

Livros

 Russell, Charles T. Studies in the Scriptures [Estudos das Escrituras], 7 vols.


1886-1917. Numerosas edições.
 Russell, Charles T. Vol. 1: The Divine Plan of the Ages [O Plano Divino das
Eras], 1886.
 Russell, Charles T. Vol. 2: The Time Is at Hand [O Tempo É Iminente], 1889.
 Russell, Charles T. Vol. 3: Thy Kingdom Come [Venha o Teu Reino], 1891.
 Russell, Charles T. Vol. 4: The Battle of Armageddon [A Batalha do
Armagedom], 1897.
 Russell, Charles T. Vol. 5: The Atonement between God and Man [Expiação
Entre Deus e o Homem], 1899
 Russell, Charles T. Vol. 6: The New Creation [A Nova Criação], 1904.
 Russell, Charles T. Vol. 7: The Finished Mystery [O Mistério Consumado] foi
publicitado como o trabalho póstumo de Russell, visto ter sido principalmente
baseado nas suas notas e escritos. Foi preparado por George Fisher e Clayton
Woodworth pouco depois da morte de Russell.
 Seibert, G. W. Daily Manna for the Household of Faith [Maná Diário Para a
Casa da Fé], 1907.
 Woodworth, Clayton J. Bible Student's Manual [Manual dos Estudantes da
Bíblia], 1909.
 Russell, Charles T. Tabernacle Shadows [Sobras do Tabernáculo], 1911.
 Poems of Dawn [Poemas da Aurora], 1912.
 Russell, Charles T. Scenario of the Photo-Drama of Creation [Cenário do Foto-
Drama da Criação], 1914.
 Russell, Charles T. Pastor Russell's Sermons [Sermões do Pastor Russell],
1917.
 Rutherford, Joseph F. The Harp of God [A Harpa de Deus], 1921.
 Van Amburgh, W. E. The Way to Paradise [O Caminho Para o Paraíso], 1924.
 Rutherford, Joseph F. Comfort for the Jews [Conforto para os Judeus], 1925.
 Rutherford, Joseph F. Deliverance [Libertação], 1926.
 Rutherford, Joseph F. Creation [Criação], 1927.
 Rutherford, Joseph F. Government [Governo], 1928.
 Rutherford, Joseph F. Reconciliation [Reconciliação], 1928.
 Rutherford, Joseph F. Life [Vida], 1929.
 Rutherford, Joseph F. Prophecy [Profecia], 1929.
 Rutherford, Joseph F. Light [Luz], dois volumes, 1930.
 Rutherford, Joseph F. Vindication [Vindicação] (livro um), 1931.
 Rutherford, Joseph F. Vindication [Vindicação] (livros dois e três), 1932.
 Rutherford, Joseph F. Preservation [Preservação], 1932.
 Rutherford, Joseph F. Preparation [Preparação], 1933.
 Rutherford, Joseph F. Jehovah [Jeová], 1934.
 Rutherford, Joseph F. Riches [Riquezas], 1936.
 Rutherford, Joseph F. Enemies [Inimigos], 1937.
 Rutherford, Joseph F. Salvation [Salvação], 1939.
 Rutherford, Joseph F. Religion [Religião], 1940.
 Rutherford, Joseph F. Children [Filhos], 1941.
 The New World [O Novo Mundo], 1942.
 'The Truth Shall Make You Free' ['A Verdade Vos Tornará Livres'], 1943.
 'The Kingdom Is at Hand' ['O Reino É Iminente'], 1944.
 Theocratic Aid to Kingdom Publishers [Ajuda Teocrática Para os Publicadores
do Reino], 1945.
 'Equipped for Every Good Work' ['Equipados Para Toda a Boa Obra'], 1946.
 'Let God Be True' ['Seja Deus Verdadeiro'], 1946.
 'This Means Everlasting Life' ['Isto Significa Vida Eterna'], 1950.
 'What Has Religion Done for Manking?' ['Que Tem Feito a Religião Pela
Humanidade?'], 1951.
 'Let God Be True' ['Seja Deus Verdadeiro'] (revisão), 1952.
 'Make Sure of All Things' ['Certificai-vos de Todas as Coisas'], 1953.
 'New Heavens and a New Earth' ['Novos Céus e Uma Nova Terra'], 1953.
 Qualified to Be Ministers [Qualificados Para Ser Ministros] 1955
 You May Survive Armageddon into God's New World [Poderá Sobreviver ao
Armagedom para o Novo Mundo de Deus] 1955
 Branch Office Procedure of the Watch Tower Bible and Tract Society of Pa.
[Procedimentos do Escritório da Filial da Sociedade Torre de Vigia de Pa.]
1958
 From Paradise Lost to Paradise Regained [Do Paraíso Perdido ao Paraíso
Recuperado] 1958
 'Your Will Be Done on Earth' [Seja Feita a Tua Vontade na Terra] 1958
 Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose [As Testemunhas de Jeová no
Propósito Divino] 1959
 Kingdom Ministry School Course [Curso da Escola do Ministério Teocrático]
1960
 'Let Your Name Be Sanctified' ['Santificado Seja o Teu Nome'] 1961
 Watch Tower Publication Index (1930-1960) [Índice das Publicações da Torre
de Vigia (1930-1960)] 1961
 'All Scripture Is Inspired of God and Beneficial' [Toda Escritura É Inspirada por
Deus e Proveitosa] 1963
 'Babylon the Great Has Fallen!' God's Kingdom Rules! ['Caiu Babilónia, a
Grande!' O Reino de Deus Já Domina!] 1963
 'Make Sure of All Things: Hold Fast to What Is Fine' ['Certificai-vos de Todas as
Coisas: Apegai-vos ao Que É Excelente'] 1965
 'Things in Which It Is Impossible for God to Lie' ['Coisas em que É Impossível
que Deus Minta'] 1965
 Life Everlasting -- in Freedom of the Sons of God [Vida Eterna -- na Liberdade
dos Filhos de Deus] 1966
 Watch Tower Publications Index (1961-1965) [Índice das Publicações da Torre
de Vigia (1961-1965)] 1966
 Did Man Get Here by Evolution or by Creation? [Veio o Homem a Existir Por
Evolução ou por Criação?] 1967
 Qualified to Be Ministers (rev.) [Qualificados para Ser Ministros] 1967
 'Your Word Is a Lamp to My Foot' [A Tua Palavra É uma Lâmpada Para o Meu
Pé] 1967
 The Truth That Leads to Eternal Life [A Verdade Que Conduz à Vida Eterna]
1968
 Is the Bible Really the Word of God? [É a Bíblia Realmente a Palavra de
Deus?] 1969
 'Then Is Finished the Mystery of God' [Cumprir-se-á, Então, o Mistério de Deus]
1969
 Aid to Bible Understanding [Ajuda ao Entendimento da Bíblia] 1971
 Listening to the Great Teacher [Escute o Grande Instrutor] 1971
 The Nations Shall Know That I am Jehovah' -- How? [As Nações Terão de
Saber Que Eu Sou Jeová -- Como?] 1971
 Theocratic Ministry School Guidebook [Manual da Escola do Ministério
Teocrático] 1971
 Watch Tower Publication Index (1966-1970) [Índice das Publicações da Torre
de Vigia (1966-1970)] 1971
 Organization for Kingdom-Preaching and Disciple Making [Organização para
Pregar o Reino e Fazer Discípulos] 1972
 Paradise Restored to Mankind -- By Teocracy! [O Paraíso Restaurado para a
Humanidade -- Pela Teocracia!] 1972
 Comprehensive Concordance of the New World Translation of the Holy
Scriptures [Concordância Compreensiva da Tradução do Novo Mundo das
Escrituras Sagradas] 1973
 God's Kingdom of a Thousand Years Has Approached [Aproximou-se o Reino
de Deus de Mil Anos] 1973
 True Peace and Security -- From What Source? [Verdadeira Paz e Segurança -
- De Que Fonte?] 1973
 God's 'Eternal Purpose' Now Triumphing for Man's Good [O Propósito Eterno
de Deus Triunfa Agora Para o Bem do Homem] 1974
 Is This Life All There Is? [É Esta Vida Tudo o Que Há?] 1974
 Man's Salvation out of World Distress at Hand [É Iminente a Salvação do
Homem da Aflição Mundial] 1975
 Good News -- To Make You Happy [Boas Novas Para Torná-lo Feliz] 1976
 Holy Spirit -- The Force Behind the Coming New Order! [Espírito Santo -- A
Força por Detrás da Vindoura Nova Ordem!] 1976
 Watch Tower Publication Index (1971-1975) [Índice das Publicações da Torre
de Vigia (1971-1975)] 1976
 Your Youth -- Getting the Best Out of It [Sua Juventude -- O Melhor Modo de
Usufruí-la] 1976
 Making Your Family Life Happy [Torne Feliz Sua Vida Familiar] 1978
 My Book of Bible Stories [Meu Livro de Histórias Bíblicas] 1978
 Choosing the Best Way of Life [A Escolha do Melhor Modo de Vida] 1979
 Commentary on the Letter of James [Comentário à Carta de Tiago] 1979
 Watch Tower Publication Index (1976-1980) [Índice das Publicações da Torre
de Vigia (1976-1980)] 1981
 You Can Live Forever in paradise on Earth [Poderá Viver Para Sempre no
Paraíso na Terra] 1982
 Organized to Accomplish Our Ministry [Organizados Para Efectuar o Nosso
Ministério] 1983
 United in Worship of the Only True God [Unidos na Adoração do Único Deus
Verdadeiro] 1983
 Survival into a New Earth [Sobrevivência Para Uma Nova Terra] 1984
 Life -- How Did It Get Here? By Evolution or by Creation [A Vida -- Qual a Sua
Origem? A Evolução ou a Criação?] 1985
 Reasoning from the Scriptures [Raciocínios à Base das Escrituras] 1985
 1986 Yearbook (sem textos diários) [Anuário de 1986] 1985. Todas as edições
posteriores do Anuário têm sido publicadas sem os textos diários.
 True Peace and Security -- How Can You Find It? [Verdadeira paz e Segurança
-- Como Poderá Encontrá-la?] 1986
 Worldwide Security under the 'Prince of Peace' [Segurança Mundial Sob o
Príncipe da Paz] 1986
 Watch Tower Publication Index (1930-1985) [Índice das Publicações da Torre
de Vigia (1930-1985)] 1986
 Insight on the Scriptures [Estudo Perspicaz das Escrituras] 1988
 Revelation -- Its Grand Climax at Hand [Revelação -- Seu Grandioso Clímax
Está Próximo] 1988
 The Bible -- God's Word or Man's [A Bíblia -- Palavra de Deus ou do Homem?]
1989
 Questions That Young People Ask: Answers That Work [Os Jovens Perguntam
-- Respostas Práticas] 1989
 Mankind's Search for God [O Homem em Busca de Deus] 1990
 'All Scripture Is Inspired of God and Beneficial' [Toda a Escritura É Inspirada
por Deus e Proveitosa] 1990
 The Greatest Man Who Ever Lived [O Maior Homem Que Já Viveu] 1991
 'Pay Attention to Yourselves and to All the Flock' [Prestai Atenção a Vós
Mesmos e a Todo o Rebanho] 1991
 Watch Tower Publication Index (1986-1990) [Índice das Publicações da Torre
de Vigia (1986-1990)] 1992
 Jehovah's Witnesses: Proclaimers of God's Kingdom [Testemunhas de Jeová:
Proclamadores do Reino de Deus] 1993
 Knowledge That Leads to Everlasting Life [Conhecimento Que Conduz à Vida
Eterna] 1995

Folhetos

 Russell, Charles T. Food for Thinking Christians [Alimento Para Cristãos


Reflexivos] 1881
 Russell, Charles T. Tabernacle Teachings [Ensinos do Tabernáculo] 1882
 Russell, Charles T. 'Thy Word Is Truth' [A Tua Palavra É a Verdade] 1893
 Russell, Charles T. Harvest Siftings [Peneiramento da Colheita] 1894
 Russell, Charles T. What Say the Scriptures about Hell? [Que Dizem as
Escrituras Sobre o Inferno?] 1896
 Russell, Charles T. What Say the Scriptures about Spiritism? [Que Dizem as
Escrituras Sobre o Espiritismo?] 1897
 Russell, Charles T. The Bible vs. Evolution [A Bíblia versus a Evolução] 1898
 Russell, Charles T. What Say the Scriptures about Our Lord's Return? [Que
Dizem as Escrituras Sobre o a Volta de Nosso Senhor?] 1898
 Russell, Charles T. Berean Studies on the At-one-ment between God and Man
[Estudos Bereanos sobre a Expiação Entre Deus e o Homem] 1910
 Russell, Charles T. Jewish Hopes [Esperanças Judaicas] 1910
 Russell, Charles T. Berean Studies on the Divine Plan of the Ages [Estudos
Bereanos sobre o Plano Divino das Eras] 1912
 Russell, Charles T. Berean Studies on Thy Kingdom Come [Estudos Bereanos
sobre o livro Venha o Teu Reino] 1912
 Russell, Charles T. Berean Studies on the Battle of Armageddon [Estudos
Bereanos sobre o livro A Batalha do Armagedom] 1915
 Russell, Charles T. Berean Studies on the New Creation [Estudos Bereanos
Sobre o livro A Nova Criação] 1915
 Russell, Charles T. Berean Studies on the Time Is at Hand [Estudos Bereanos
Sobre o livro O Tempo É Iminente] 1915
 Outlines on the Divine Plan of the Ages [Esboços sobre o Plano Divino das
Eras] 1917
 Berean Studies on the Finished Mystery [Estudos Bereanos Sobre o livro O
Mistério Consumado] 1917
 Berean Studies on Tabernacle Shadows of Better Sacrifices [Estudos Bereanos
Sobre o livro Sombras do Tabernáculo de Sacrifícios Melhores] 1917
 Rutherford, Joseph F. Can the Living Talk with the Dead? (Talking with the
Dead) [Podem os Vivos Falar com os Mortos? (Falando com os Mortos)] 1920
 Rutherford, Joseph F. Millions Now Living Will Never Die [Milhões Que Agora
Vivem Jamais Morrerão] 1920
 Rutherford, Joseph F. World Distress -- Why? The Remedy [Aflições Mundiais -
- Porquê? O Remédio] 1923
 Rutherford, Joseph F. A Desirable Government [Um Governo Desejável] 1924
 Rutherford, Joseph F. Hell [Inferno] 1924
 Rutherford, Joseph F. Comfort for the People [Conforto para o Povo] 1925
 Rutherford, Joseph F. Our Lord's Return [A Volta de Nosso Senhor] 1925
 Rutherford, Joseph F. The Standard for the People [O Padrão para o Povo]
1926
 Rutherford, Joseph F. Freedom for the Peoples [Liberdade para os Povos]
1927
 Rutherford, Joseph F. Questions on Deliverance [Perguntas Sobre a
Libertação] 1927
 Rutherford, Joseph F. Restoration [Restauração] 1927
 Rutherford, Joseph F. Where Are the Dead? [Onde Estão os Mortos?] 1927
 Rutherford, Joseph F. Prosperity Sure [A Prosperidade É Certa] 1928
 Rutherford, Joseph F. The Last Days [Os Últimos Dias] 1928
 Rutherford, Joseph F. The People's Friend [O Amigo do Povo] 1928
 Rutherford, Joseph F. Judgment [Julgamento] 1929
 Rutherford, Joseph F. Oppression, When Will It End? [Opressão, Quando
Acabará?] 1929
 Rutherford, Joseph F. Crimes and Calamities, The Cause, The Remedy
[Crimes e Calamidades, A Causa, O Remédio] 1930
 Rutherford, Joseph F. Prohibition and the League of Nations [A Proibição e a
Liga das Nações] 1930
 Rutherford, Joseph F. War or Peace, Which? [Guerra ou Paz, Qual?] 1931
 Rutherford, Joseph F. Heaven and Purgatory [Céu e Purgatório] 1931
 Rutherford, Joseph F. The Kingdom, the Hope of the World [O Reino, a
Esperança do Mundo] 1931
 Rutherford, Joseph F. Cause of Death [Causa da Morte] 1932
 Rutherford, Joseph F. Good News [Boas Novas] 1932
 Rutherford, Joseph F. Health and Life [Saúde e Vida] 1932
 Rutherford, Joseph F. Hereafter [De Agora em Diante] 1932
 Rutherford, Joseph F. Home and Happiness [Lar e Felicidade] 1932
 Rutherford, Joseph F. Keys of Heaven [Chaves do Reino] 1932
 Rutherford, Joseph F. Liberty [Liberdade] 1932
 Rutherford, Joseph F. The Final War [A Guerra Final] 1932
 Rutherford, Joseph F. What Is Truth? [O Que É a Verdade?] 1932
 Rutherford, Joseph F. What You Need [O Que Você Precisa] 1932
 Rutherford, Joseph F. Who Is God? [Quem É Deus?] 1932
 Rutherford, Joseph F. Dividing the People [Dividindo o Povo] 1933
 Rutherford, Joseph F. Escape to the Kingdom [Escape para o Reino] 1933
 Rutherford, Joseph F. Intolerance [Intolerância] 1933
 Rutherford, Joseph F. The Crisis [A Crise] 1933
 Rutherford, Joseph F. Angels [Anjos] 1934
 Rutherford, Joseph F. Beyond the Grave [Para Além da Sepultura] 1934
 Rutherford, Joseph F. Favored People [Povo Favorecido] 1934
 Rutherford, Joseph F. His Vengeance [A Sua Vingança] 1934
 Rutherford, Joseph F. His Works [Os Seus Trabalhos] 1934
 Rutherford, Joseph F. Righteous Ruler [Governante Justo] 1934
 Rutherford, Joseph F. Supremacy [Supremacia] 1934
 Rutherford, Joseph F. Truth -- Shall It Be Suppressed? [Paz -- Será
Suprimida?] 1934
 Rutherford, Joseph F. Why Pray for Prosperity [Por Que Orar Pela
Prosperidade?] 1934
 Rutherford, Joseph F. World Recovery [Recuperação Mundial] 1934
 Rutherford, Joseph F. Government -- Hiding the Truth, Why? [Governo --
Escondendo a Verdade, Porquê?] 1935
 Rutherford, Joseph F. Loyalty [Lealdade] 1935
 Rutherford, Joseph F. Universal War Near [Guerra Universal Está Perto] 1935
 Rutherford, Joseph F. Who Shall Rule the World? [Quem Governará o Mundo?]
1935
 Rutherford, Joseph F. Choosing, Riches or Ruin [Escolhendo, Riquezas ou
Ruína] 1935
 Rutherford, Joseph F. Protection [Protecção] 1936
 Rutherford, Joseph F. Armageddon [Armagedom] 1937
 Rutherford, Joseph F. Model Study No. 1 [Estudo Modelo n.º 1] 1937
 Rutherford, Joseph F. Safety [Segurança] 1937
 Rutherford, Joseph F. Uncovered [Descobertos] 1937
 Rutherford, Joseph F. Care [Cuidado] 1937
 Rutherford, Joseph F. Face the Facts [Encare os Factos] 1938
 Rutherford, Joseph F. Warning [Aviso] 1938
 Rutherford, Joseph F. Advice for Kingdom Publishers [Conselho para
Publicadores do Reino] 1939
 Rutherford, Joseph F. Fascism or Freedom [Fascismo ou Liberdade] 1939
 Rutherford, Joseph F. Government and Peace [Governo e Paz] 1939
 Rutherford, Joseph F. Liberty to Preach [Liberdade para Pregar] 1939
 Rutherford, Joseph F. Model Study No. 2 [Estudo Modelo n.º 2] 1939
 Rutherford, Joseph F. Neutrality [Neutralidade] 1939
 Rutherford, Joseph F. Conspiracy against Democracy [Conspiração contra a
Democracia] 1940
 Rutherford, Joseph F. End of Nazism [Fim do Nazismo] 1940
 Rutherford, Joseph F. Judge Rutherford Uncovers Fifth Column [O Juiz
Rutherford Desmascara a Quinta Coluna] 1940
 Rutherford, Joseph F. Refugees [Refugiados] 1940
 Rutherford, Joseph F. Satisfied [Satisfeitos] 1940
 Rutherford, Joseph F. Comfort All That Mourn [Confortai Todos os Que
Choram] 1940
 Rutherford, Joseph F. God and the State [Deus e o Estado] 1941
 Rutherford, Joseph F. Jehovah's Servants Defended [Servos de Jeová
Defendidos] 1941
 Rutherford, Joseph F. Model Study No. 3 [Estudo Modelo n.º 3] 1941
 Rutherford, Joseph F. Theocracy [Teocracia] 1941
 Children Study Questions [Perguntas Para o Estudo do livro Crianças] 1942
 Organization Instructions [Instruções da Organização] 1942
 Peace -- Can It Last? [Paz -- Pode Durar?] 1942
 Hope [Esperança] 1942
 'The New World' Study Questions [Perguntas para o Estudo do livro 'O Novo
Mundo'] 1942
 Course in Theocratic Ministry [Curso do Ministério Teocrático] 1943
 Fighting for Liberty on the Home Front [Lutando pela Liberdade na Frente
Interna] 1943
 Freedom in the New World [Liberdade no Novo Mundo] 1943
 Freedom of Worship [Liberdade de Adoração] 1943
 'The Truth Shall Make You Free' Study Questions [Perguntas para o Estudo de
'A Verdade Vos Tornará Livres'] 1943
 One World, One Government [Um Mundo, Um Governo] 1944
 Religion Reaps the Whirlwind [Religião Ceifa a Tempestade] 1944
 The Coming World Regeneration [A Vindoura Regeneração do Mundo] 1944
 'The Kingdom Is at Hand' Study Questions' [Perguntas para o Estudo do livro 'O
Reino É Iminente'] 1944
 'The Kingdom of God Is Nigh' ['O Reino de Deus Está Próximo'] 1944
 The 'Commander to the Peoples' ['O Comandante dos Povos'] 1945
 The Meek Inherit the Earth [Os Mansos Herdam a Terra] 1945
 'Be Glad Ye Nations' ['Alegrai-Vos, Nações'] 1946
 The Prince of Peace [O Príncipe da Paz] 1946
 The Joy of All the People [A Alegria de Todo o Povo] 1947
 The Permanent Governor of All Nations [O Governante Permanente de Todas
as Nações] 1948
 Counsel on Theocratic Organization for Jehovah's Witnesses [Conselho sobre
Organização Teocrática para as Testemunhas de Jeová] 1949
 Can You Live Forever in Happiness on Earth? [Poderá Viver Para Sempre em
Felicidade na Terra] 1950
 Defending and Legally Establishing the Good News [Defendendo e
Estabelecendo Legalmente as Boas Novas] 1950
 Evolution versus the New World [Evolução versus o Novo Mundo] 1950
 Will Religion Meet the World Crisis? [Será Que a Religião Enfrentará a Crise
Mundial?] 1951
 Dwelling Together in Unity [Morando Juntos em União] 1952
 God's Way Is Love [O Caminho de Deus É Amor] 1952
 After Armageddon -- God's New World [Depois do Armagedom -- O Novo
Mundo de Deus] 1953
 Basis for Belief in a New World [Base Para Crer Num Novo Mundo] 1953
 Preach the Word [Prega a Palavra] 1953
 Counsel to Watch Tower Missionaries [Conselho para Missionários da Torre de
Vigia] 1954
 'This Good News of the Kingdom' ['Estas Boas Novas do Reino'] 1954
 Christendom or Christianity -- Which One Is 'the Light of the World'?
[Cristandade ou Cristianismo -- Qual Delas É 'a Luz do Mundo'?] 1955
 Preaching Together in Unity [Pregando Juntos em União] 1955
 What Do the Scriptures Say about 'Survival after Death' [O Que Dizem as
Escrituras Acerca da Sobrevivência Após a Morte] 1955
 World Conquest Soon -- By God's Kingdom [Conquista do Mundo em Breve --
Pelo Reino de Deus] 1955
 Healing of the Nations Has Drawn Near [A Cura das Nações Tem-se
Aproximado] 1957
 God's Kingdom Rules -- Is the World's End Near? [O Reino de Deus Domina --
Está Próximo o Fim do Mundo?] 1958
 'Look! I Am Making All Things New' ['Vede! Eu Estou Fazendo Novas Todas as
Coisas'] 1959
 When God Speaks Peace to All Nations [Quando Deus Decretar Paz Para
Todas as Nações] 1959
 Preaching and Teaching in Peace and Unity [Pregando e Ensinando em Paz e
União] 1960
 Security during 'War of the Great Day of God the Almighty' [Segurança Durante
a 'Guerra do Grande Dia do Deus Todo-Poderoso'] 1960
 Blood, Medicine and the Law of God [O Sangue, a Medicina e a Lei de Deus]
1961
 Sermon Outlines [Esboços de Sermões] 1961
 Watch Tower Publications Index [Índice das Publicações da Torre de Vigia]
1961
 When All Nations Unite under God's Kingdom [Quando Todas as Nações se
Unirem sob o Reino de Deus] 1961
 Take Courage -- God's Kingdom Is at Hand! [Seja Corajoso -- O Reino de Deus
É Iminente] 1962
 'The Word' -- Who is He? According to John ['O Verbo' -- Quem É Ele?
Segundo João] 1962
 Living in Hope of A Righteous New World [Vivendo na Esperança de Um Novo
Mundo Justo] 1963
 Report on 'Everlasting Good News' Assembly of Jehovah's Witnesses
[Relatório sobre a Assembleia 'Boas Novas Eternas' das Testemunhas de
Jeová] 1963
 When God Is King over All the Earth [Quando Deus for Rei Sobre Toda a Terra]
1963
 'Peace among Men of Good Will' or Armageddon -- Which? ['Paz Entre Homens
de Boa Vontade' ou Armagedom -- Qual?] 1964
 'This Good News of the Kingdom' [Estas Boas Novas do Reino] 1965
 'World Government on the Shoulder of the Prince of Peace' ['Governo Mundial
Sobre os Ombros do Príncipe da Paz] 1965
 What Has God's Kingdom Been Doing since 1914? [Quem Tem Feito o Reino
de Deus Desde 1914] 1965
 Rescuing a Great Crowd of Mankind out of Armageddon [Resgatando do
Armagedom uma Grande Multidão da Humanidade] 1967
 Man's Rule about to Give Way to God's Rule [Domínio do Homem Prestes a
Dar Lugar ao Domínio de Deus] 1968
 When All Nations Collide Head on with God [Quando Todas as Nações
Colidirem de Frente com Deus] 1971
 A Secure Future -- How You Can Find It [Um Futuro Seguro -- Como Poderá
Encontrá-lo?] 1975
 Is There a God Who Cares? [Existe Um Deus Que Se Importa?] 1975
 There Is Much More to Life [Existe Muito Mais Envolvido na Vida] 1975
 Jehovah's Witnesses and the Question of Blood [As Testemunhas de Jeová e a
Questão do Sangue] 1977
 Topics for Discussion [Tópicos para Discussão] 1977
 Unseen Spirits [Espíritos Invisíveis] 1978
 Enjoy Life on Earth Forever [Viva Para Sempre em Felicidade na Terra] 1982
 From Kurukshetra to Armageddon [Do Kurukshetra para o Armagedom] 1983
 In Search of a Father [Em Busca de Um Pai] 1983
 Good News for All Nations [Boas Novas Para Todas as Nações] 1983
 The Time for True Submission to God [Tempo Para Verdadeira Submissão a
Deus] 1983
 The Divine Name That Will Endure Forever [O Nome Divino Que Permanecerá
Para Sempre] 1984
 The Government That Will Bring Paradise [O Governo Que Estabelecerá o
Paraíso] 1985
 Examining the Scriptures Daily [Examine as Escrituras Diariamente] 1986 e
anos seguintes

Brochuras

 Jehovah's Witnesses in the Twentieth Century [As Testemunhas de Jeová no


Século Vinte] 1978
 What Is the Purpose of Life? How Can You Find It? [Qual É o Objectivo da
Vida? Como o Poderá Encontrar?] 1982
 School and Jehovah's Witnesses [A Escola e as Testemunhas de Jeová] 1983
 Centennial of the Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania
[Centenário da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados] 1984
 The Government that Will Bring Paradise [O Governo Que Estabelecerá o
Paraíso] 1985
 Jehovah's Witnesses -- Unitedly Doing God's Will World-wide [As Testemunhas
de Jeová -- Unidas em Fazer Mundialmente a Vontade de Deus] 1986
 Look! I Am Making All Things New [Eis Que Faço Novas Todas as Coisas]
(edição revista) 1986
 Should You Believe in the Trinity? [Deve Crer na Trindade?] 1989
 How Can Blood Save Your Life? [Como Pode o Sangue Salvar a Sua Vida?]
1990
 Spirits of the Dead -- Can they Help You or Harm You? Do They Really Exist?
[Espíritos dos Mortos -- Ajudam ou Prejudicam? Será Que Existem
Realmente?] 1991
 Does God Really Care about Us? [Importa-se Deus Realmente Connosco]
1992
 Jehovah's Witnesses and Education [As Testemunhas de Jeová e a Educação]
1995
 Jehovas Zeugen -- Menchen aus der Nachbarschaft. Wer sind sie? [As
Testemunhas de Jeová -- Seus Vizinhos. Quem São Elas?] 1995

Relatórios de Congressos

 Souvenir (Notes from) Watch Tower Bible and Tract Society's Convention
[Notas do Congresso da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados] 1905
 Souvenir Report from the Convention of the Watch Tower Bible and Tract
Society [Relatório do Congresso da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e
Tratados] 1906
 Souvenir (Notes from) the Watch Tower Bible and Tract Society's Conventions
(Panfletos I e II) [Notas dos Congressos da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias
e Tratados] 1907
 Souvenir Notes of the Watch Tower Convention at Cincinnati, Ohio [Notas
Sobre o Congresso da Torre de Vigia em Cincinnati, Ohio] 1908
 Souvenir Notes Bible Students' Conventions [Notas Sobre os Congressos dos
Estudantes da Bíblia] 1909
 Souvenir Notes Bible Students' Conventions [Notas Sobre os Congressos dos
Estudantes da Bíblia] 1910
 Souvenir Notes Bible Students' Conventions [Notas Sobre os Congressos dos
Estudantes da Bíblia] 1911
 Souvenir Notes Bible Students' Conventions [Notas Sobre os Congressos dos
Estudantes da Bíblia] 1912
 Souvenir Notes Bible Students' Conventions [Notas Sobre os Congressos dos
Estudantes da Bíblia] 1913
 Souvenir Notes Bible Students' Conventions [Notas Sobre os Congressos dos
Estudantes da Bíblia] 1914
 Souvenir Notes Bible Students' Conventions [Notas Sobre os Congressos dos
Estudantes da Bíblia] 1915
 Souvenir Notes Bible Students' Conventions [Notas Sobre os Congressos dos
Estudantes da Bíblia] 1916
 The Messenger [O Mensageiro] 1927
 The Messenger [O Mensageiro] 1928
 The Messenger [O Mensageiro] 1931
 The Messenger [O Mensageiro] 1938
 The Messenger [O Mensageiro] 1939
 The Messenger [O Mensageiro] 1940
 Report of the Jehovah's Witnesses Assembly [Relatório Sobre a Assembleia
das Testemunhas de Jeová] 1941

Panfletos de Instruções da Congregação

 Director [Director] 1935-1936


 Informant [Informante] 1936-1957
 Kingdom Ministry [Ministério do Reino] 1957-1977
 Our Kingdom Service [Nosso Serviço do Reino] 1977-1981
 Our Kingdom Ministry [Nosso Ministério do Reino] 1981 até ao presente

Petições e Cartas

 'A Petition to Bro. Rutherford and the Four Deposed Directors of the W.T.B. &
T. Society' [Uma Petição ao Irmão Rutherford e aos Quatro Directores
Depostos da Sociedade T.V.B. & T.]. De 156 membros da Eclésia dos
Estudantes da Bíblia da Cidade de Nova Iorque, 1917
 'An Open Letter to People of the Lord Throughout the World' [Uma Carta Aberta
para o Povo do Senhor em Todo o Mundo]. Da Eclésia dos Estudantes da
Bíblia da Cidade de Nova Iorque, sem data, mas publicada no Outono de 1917

Livros de Cânticos

 Songs of the Bride [Cânticos da Noiva] 1879


 Poems and Hymns of Millennial Dawn [Poemas e Hinos da Aurora do Milénio]
1890
 Zion's Glad Songs [Canções de Júbilo de Sião] 1900
 Hymns of the Millennial Dawn [Hinos da Aurora do Milénio] 1905
 Kingdom Hymns [Hinos do Reino] 1925
 Songs of Praise to Jehovah [Cânticos de Louvor a Jeová] 1928
 Kingdom Service Songbook [Livro de Cânticos do Serviço do Reino] 1944
 Songs to Jehovah's Praise [Cânticos para o Louvor de Jeová] 1950
 'Singing and Accompanying Yourselves with Music in Your Hearts' ['Cantando e
Acompanhando-vos com Música nos Vossos Corações'] 1966
 Sing Praises to Jehovah [Cantemos Louvores a Jeová] 1984

Tratados

 Bible Students Tracts [Tratados dos Estudantes da Bíblia], mais conhecidos


como Old Theology Quarterly [Trimestral de Teologia Antiga], 1880-1908
 The Bible Students Monthly [Mensário dos Estudantes da Bíblia], conhecido
inicialmente como People's Pulpit [Púlpito dos Povos] e depois como
Everybody's Paper [Jornal de Todos] 1909-1918
 Morning Messenger [Mensageiro da Manhã] 1918. Publicação canadiana
 Kingdom News [Notícias do Reino] 1918 até à actualidade. Publicado
esporadicamente
 The Case of the International Bible Students Association [O Caso da
Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia] 1919
 Proclamation -- A Challenge to World Leaders [Proclamação -- Um Desafio aos
Líderes do Mundo] 1922
 Proclamation -- A Warning to All Christians [Proclamação -- Um Aviso a Todos
os Cristãos] 1923
 Ecclesiastics Indicted [Eclesiásticos Acusados] 1924
 Message of Hope [Mensagem de Esperança] 1925
 Testimony to the Rulers of the World [Testemunho aos Governantes do Mundo]
1926
 'It Must be Stopped' ['Tem de Ser Parado'] 1940
 Quebec's Burning Hate for God and Christ and Freedom Is the Shame of All
Canada [O Ódio Ardente do Québec contra Deus, Cristo e a Liberdade É a
Vergonha de Todo o Canadá] 1946
 Quebec You Have Failed Your People! [Québec Traíste o Teu Povo] 1946
 Awake from Sleep! [Acordai do Sono!] 1951
 Hell-Fire -- Bible Truth or Pagan Scare [Fogo do Inferno -- Verdade Bíblica ou
Temor Pagão] 1951
 Jehovah's Witnesses, Communists or Christians? [Testemunhas de Jeová:
Comunistas ou Cristãos?] 1951
 What Do Jehovah's Witnesses Believe? [Em Que Crêem as Testemunhas de
Jeová] 1951
 Hope for de Dead [Esperança para os Mortos] 1952
 How Valuable Is the Bible? [Quão Valiosa é a Bíblia?] 1952
 Life in a New World [Vida num Novo Mundo] 1952
 The Trinity, Divine Mystery or Pagan Myth? [A Trindade: Mistério Divino ou Mito
Pagão?] 1952
 Do You Believe in Evolution or the Bible? [Crê na Evolução ou na Bíblia?] 1953
 Man's Only Hope for Peace [A Única Esperança de Paz para o Homem] 1953
 The Sign of Christ's Presence [O Sinal da Presença de Cristo] 1953
 Which Is the Right Religion? [Qual É a Religião Correcta?] 1953
 How Has Christendom Failed All Mankind? [Como a Cristandade Falhou
Perante Toda a Humanidade?] 1958
 Has Religion Betrayed God and Man? [Será Que a Religião Traiu Deus e o
Homem?] 1973
 Your Future -- Shaky? or Secure? [O Seu Futuro -- Incerto ou Seguro?] 1975
 How Crime and Violence Will Be Stopped [Como se Acabará com o Crime e a
Violência] 1976
 Why So Much Suffering -- If God Cares? [Porquê Tanto Sofrimento -- Se Deus
se Importa?] 1976
 Blood Transfusion -- Why Not for Jehovah's Witnesses? [Transfusões de
Sangue -- Por Que Não Para as Testemunhas de Jeová?] 1977
 The Family -- Can It Survive? [A Família -- Pode Sobreviver?] 1977
 Relief from Pressure -- Is It Possible? [Alívio da Pressão -- É Possível?] 1978
 Why Are We Here? [Por Que Estamos Aqui?] 1978
 What Has Happened to Love? [Que Aconteceu ao Amor?] 1979
 Hope for Ending Inflation, Crime, Sickness, War? [Esperança Para o Fim da
Inflação, Crime, Doença e Guerra?] 1980
 Is a Happy Life Really Possible? [É Realmente Possível uma Vida Feliz?] 1981
 Is Planet Earth Near the Brink? [Está o Planeta Terra à Beira do Precipício?]
1982
 A United Happy Family -- What Is the Key? [Uma Família Unida e Feliz -- Qual
é a Chave?] 1983
 Life -- How Did It Get Here? By Evolution or Creation? [A Vida -- Qual a Sua
Origem? A Evolução ou a Criação?] 1985
 How to Find the Road to Paradise [Como Encontrar o Caminho Para o Paraíso]
1990
 A Peaceful World -- Will It Come? [Um Mundo Pacífico -- Virá Algum Dia?]
1991
 Does God Really Care about Us? Will the World Survive? [Será Que Deus se
Importa Conosco? Sobreviverá o Mundo?] 1992
 Comfort for the Depressed [Conforto para os Deprimidos] 1992
 Enjoy Family Life [Tenha Prazer na Vida Familiar] 1992
 Who Really Rules the World? [Quem Governa Realmente o Mundo?] 1992

Fontes Dissidentes

 Heard, C. E. 'The Ship' [O Navio]. Um relatório estenográfico de um discurso


feito no Standfast Bible Students Convention [Congresso dos Estudantes da
Bíblia Standfast] em Seattle, WA, 12 de Janeiro de 1919
 Johnson, Paul S. L. Another Harvest Siftings Revised [Outra Peneiração da
Colheita Revisitada]. Filadélfia, PA: Impressão privada, 1918
 Johnson, Paul S. L. Harvest Siftings Reviewed [Análise da Peneiração da
Colheita]. Brooklyn, NY: Impressão privada, 1917
 'A Letter to International Bible Students' [Uma Carta Para os Estudantes
Internacionais da Bíblia] de I. F. Hoskins, Secretário da Comissão dos
Estudantes da Bíblia escolhido em Pittsburgh, PA, em Janeiro de 1918. 1 de
Março de 1918. Está anexa uma declaração da comissão, bem como outros
documentos
 'A Letter to International Bible Students' [Uma Carta Para os Estudantes
Internacionais da Bíblia] de J. D. Wright, I. Margeson, F. H. McGee, R. G. Jolly,
P. S. L. Johnson, I. F. Hoskins, e R. H. Hirsh. 1 de Março de 1918
 Pierson, A. N., J. D. Wright, A. I. Ritchie, I. F. Hoskins, e R. H. Hirsh. Light after
Darkness: A Message to the Watchers, Being a Refutation of Harvest Siftings
[Luz Após as Trevas: Uma Mensagem Para os Vigias, Sendo uma Refutação
de Peneiração da Colheita]. Brooklyn, NY: Impressão privada, 1917
 Ritchie, A. I., J. D. Wright, I. F. Hoskins, e R. H. Hirsh. Facts for Shareholders of
the Watch Tower Bible and Tract Society [Factos para os Detentores de
Acções da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados]. Brooklyn, NY:
Impressão privada, 1917
 Russell, Maria Frances. This Gospel of the Kingdom [Este Evangelho do
Reino]. Pittsburgh, PA: Impressão privada, 1906
 Russell, Maria Frances. 'A Timely Letter of Importance to All Brethren' [Uma
Carta Oportuna de Importância para Todos os Irmãos] de Francis H. McGee.
10 de Setembro de 1918
 Russell, Maria Frances. The Twain One. Pittsburgh, PA: Impressão privada,
1906
 Wright, J. D. A Brief Review of Brother Johnson's Charges [Uma Breve Análise
das Acusações do Irmão Johnson]. Bayonne, NJ: Impressão privada, 1918

Outros Materiais Bibliográficos sobre as Testemunhas de Jeová

Embora já tenham mais de uma década, os livros Jehovah's Witnesses and


Kindred Groups: A Historical Compendium in Bibliography [Testemunhas de
Jeová e Grupos Aparentados: Um Compêndio Histórico em Bibliografia] (Nova
Iorque: Garland 1984) de Jerry Bergman, e The Collector's Handbook of Watch
Tower Publications [O Manual do Coleccionador de Publicações da Torre de
Vigia] (Clayton, CA: Impressão privada, 1984) de Duane Magnani, continuam a
ser excelentes fontes bibliográficas acerca das Testemunhas de Jeová. O livro
de Magnani pode ser obtido escrevendo para Witness Incorporated, P.O. Box
597, Clayton, CA 94517, U.S.A.

Você também pode gostar