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13 OS ESTUDOS LITERARIOS NA ERA DOS EXTREMOS Quando o Centro Angel Rama nos honrou conf o conyite de par- ticipar deste Encontro em homenagem ao 80° aniversdrio de Antonio Candido, foi-nos transmitido, como recomendagio preliminar, que 0 homenageado aceitava o gesto de respeito e afeto dos seus discipulos, mas preferia que as sessGes tratassem 10 diretamente da sua obra, mas clos temas que sempre o preocuparam, e que naturalmente esto disse- minados nos seus textos. Recebio recado, entendi o gesto discreto que o ditou, mas fiquei dando tratos 4 bola perguntando-me: como falar da situagio dos estu- dos literarios entre nds sem entrar de cheio e de pleno diteito nao sé na obra do homenageado, mas na escola que ele préprio foi criando em meio século de magistétio e de presenga critica? Enfim, era preciso encontrar uma saida e, para repetir ainda uma vero provérbio inglés, onde havia uma vontade, haveria também am Se eee oie aeas ence eee de discrigao do nosso homenageado. Comego por uma nota impressionista. A impressio que ha ja alguns anos me vem daleitura de resenhasensaios feitosaqui, mas nao sé aqui, se aproxima muito do que no terreno do discurso hist6rico, Eric Hobsbawm chamou de “Era dos Extremos", E bastante conhecidlo o livro de Hobsbawm sobre 0 “breve século xx", que teria comegado com a Guerra de 1914 ¢ terminado com a 248 desagregagio da Unitio Soviética e 0 colapso do desenvolvimento no ‘Terceiro Mundo a partir dos anos 80. A obra é absolutamente notivel, ¢ 0 seu teor polémico vem ani- ‘mando boa parte da historiogtafia recente, inspirando um revival do pensamento progressista, pensamento de esquerda democratica, 0 que, a meu ver, esté fazendo bem e arejando o debate ideolégico nessa fase de provagio que estamos atravessando. Mas 0 que me interessa agora ¢ a expressio em si mesma, era dos extremos, no que ea coincide com o sentimento que me despertam as Letras nos tiltimos anos. Letras, aqui, no sentido amplo e compreensi- vo de ficgio e critica literéria. O queestariaacontecendo coma cultura letrada no universo apa- rentemente cadtico que se dé aos nossos olhos neste fim de milénia? Haveria um eixo de polaridades mais vistvel ou mais significativo? Haverd algum método nesta loucura? Ivez. Talver 0 eixo que tem como pélos o individuo-massa ¢ 0 individuo diferenciado. E aqui é possivel combinar antigas observa- ses da Sociologia da Literatura e novas intuigoes da Estética da Recepgao, ambas voltadas para entender a relagdo entre o escritor 0 piiblico. Oindividuo-massa,a personalidadeconstruidaa partir da genera- lizagao da mercadoria, quando encra no universo da escrita (o queé um fendmeno deste século),o faz.com vistas ao seu destinatario, queéo lei- tor-massa, faminto de uma literatura que seja especular ¢ espetacular. Autor ¢leitor perseguem a representagio do show da vida, incrementa- dlo.eamplificado. Autor-mass leitor-massa buscam a projegio dise- ta do prazer ou do terror, do paraiso do consumo ou do inferno do crime — uma literatura transparente, no limite sem mediagées, uma literatura de efeitos imediatos e especiais, que se equipare ao cinema documentitio, a0 jornal televisivo, a reportagem ao vivo. Uma explo- so de imediatidade e uma correlata implosio do descritivismo esti zado que a escrita realista, vinda dos ideais literdrios do século XIX, construiu como mimesis da realidade histérica, Lembro, a propésito, a observagio de Alberto Moravia sobre o impacto do cinema em toda a 249 cultura letrada do século XX: 0 filme, imagem em movimento, teria tor- nado supérflua, para nao dizer indigesca, a descrigéo mitida dita reali ta, que era a honra dos estilistas que precederam as vanguardas do comego deste século. Moravia chega a dizer que, na era do cinema, se tornou obsoleto o estilo com que Balzac abr do longamentea penséo burguesa que vai servir de teatro ao romance. ‘Uma cena de um minuto supriria, no cinema, o queo romancista levou symnais de uma dezena de paginas para compor e comunicar ao seu leitor. Pessoalmente, relendo Balzac, nao concordo com o jufzo de Moravia, mas nao posso deixar de entendé-lo, A literatura da era do cinema ¢, hoje, da televisdo e dos meios eletrdnicos dispensaria as mediagoes lite ririas tradicionais e nos langaria diretamente no mundo das imagens suscitadoras de efeitos imediatos. Brutalmente, fulminantemente. Olhemos de perto essa faixa que correspondea um dos extremos. Essa literatura, seja nas formas brutalistas de crénica policial, seja quando recorre a um imagindrio estercotipado, nco-hollywoodiano, seja provida de elementos picantes ou aterrorizantes, & a literatura- para-massas, é 0 best-seller, mas nao s6: 0s seus procedimentos acaba- ram entrando, involuntéria e depois voluntariamente, no tecido da fic- <0 contemporanea. O que estava confinado ao shrillere’ pornogeafia rompeuas barreiras do best-seller comercial e entrou fundo nos habitos estilisticos do contista edo romancista presumidamente culto, ou, pelo menos, portador de um curso universitério. Chamemos a essa tendéncia de literatura-de-apelo, jé que se trata de uma concepgao de escrita como imediagio, documento bruto ou entretenimento passageiro, de superficie; exatamente o contritio do que Croce e Adorno, dois hegelianos, um de centro, 0 outro de esquet- da, diziam quea arte ou deveria ser. Suspendamos, por um momento, a acao do juizo estético. Ate- nhamo-nos ao objeto. E fagamos a pergunta mais aberta: sera possivel, nesta nossa era de culeura-para-massas, de indistria cultural generali- zada, ou, se quiserem, nesta era de cultura-esperéculo, ignorara vigen- cia eo enraizamento pragmatico dessa concepeao de arte, palpavel nao 86 nas revistas de grande piblico, como também em um sem-niimero. o Pere Goriot desuieven- 250 de livros de fiegao que enchem as livrarias e que, por isso mesmo, con- tinuamos a chamar, usando o termo mercadolégico, dle best-sellers? ‘Tampouco se pode ignorar a presenga daqueles procedimentos- de-efeito na literatura que nos habituamos a considerar “culta’, e que vira assunto de resenhas criticas ¢ até de teses universitdsias. O bruta- lismo corrente na midia entra na ficgo contemporanea mediante uma concepsao e uma pritica hipermimética do texto. E, na medida em que 08 diversos espagos sociais que a produzem ea consomem sao desconti- nuoseheterogéneos, foram-se criando subconjuntos literdvios diferentes ‘na temdtica, mas que tendem a ser homogéneos enquanto todos retomam a concepcao hipermimética da escrita, Surgiram, desde pelo menos os anos 70, uma literatura e uma critica feminista, uma literatura e uma critica de minorias étnicas (os exemplos americanos do romance negro edo romance chicano so bem conhecidos), uma literatura ¢ uma crf- ica homossexual, uma literatura ¢ uma critica de adolescentes, ou de rerceiraidade, ou ecoldgica, ou rerceiro-mundista, ou de favelados etc, etc, O que as diferencia €0 priblico-alvo; o que as aproxima é 0 hiper mimetismo, o qual, no regime da mercadoria em série, cedo ou tarde acaba virando convengiio. (Ora, hd um discurso entre académico ¢ mercadoldgico que valori- za esses varios subconjuntos exclusivamente em funcdo dos seus conteti- dos. O conteudismo, queo formalismo estruturalista acreditava morto c enterrado para todo sempre, mostrou, na cultura contemporinea, que resistin eesté muito bem de satide. Que o digam os estudos cultu rais que sobretudo nos Estados Unidos, mas também nas suas perife- ias, substituiram a interpretagio litersria ea critica estética pela expo- sigio nua e crua do assunto, valorizando-o, se politicamente correto, ¢ condenando-o, se politicamente incorreto, Falei hé pouco em convengio. Ea palavra que convém para ajui- zaros modos expressivos desse hipermimetismo. Convengao: palavra- chave para o historiador da literatura educado na compreensio social detodo fenémeno simbilico. Quem se dedica ao entendimento da for- magio de uma literatura como sistema deve examinar em profundida- deo fendmeno da convengio, Nao hé consolidagio de estilos, nao ha tradigdo cultural sem a vigéneia cle certos padres teméticos ¢ formas Hi padrdes clssicos, barrocos, arcédicos; ¢ até mesmo os rominticos, inimigos tematicas eexpressivas de longa duragio. Quantoa mim, pensei queao ivessem defuntas sem remissao. urados de todo maneirismo, acabaram criando convengoes menos as convengées parnasianas Enganei-me: lendo tradugoes requintadas de poetas neoneovanguar- distas, o crebro estalar de mérmores partidos voltou a perfurar meu pobre ouvido. Alberto de Oliveira, Francisca Julia, ainda hao de dar- vos o reconhecimento devido, posto que tardio. Mas por que estranhar? Chegou a hora da Expo-2000, chegou a hora deexibir todas as convengies, combind-las, apresenté-las e sobre tudo vendé-las en nobre capa de papel verge, em lustroso papel cuché. Ora, é pela anélise da convensio (que subsiste, nao confessadlt cembora, na prética do hipermimetismo) que alcangamos 0 outro pélo deste universo pés-moderno de extremos. 2 O OUTRO EXTREMO: A HIPERMEDIAGAO Mas a Era é dos Extremos. Ao pélo da literatura brutalista ¢ ime- m tcoricamente, 0 pélo da literatura hipermedia~ dora: é 0 maneitismo pés-moderno feito de pastiche ¢ parddia, glosa e colagem, em suma, refacgiio programada de estilos pretéritos ou ainda petsistentes. Este também ¢ um fendmeno da cultura globalizada ¢ se verifica em todasas artes. Quem vaia Lisboa, vé, a0 lado de Chiado, da Alfama, do Castelo de Sao Jorge, do Terreiro do Pago, da Torre de Belém e da Casa das Janelas Verdes, algo estranho, que é 0 maior shopping center das terras lusas, as Amoreiras. Que vem a ser? Mistura de clissico, barroco, neo- romintico, modernoso, onde se aglutinam colunas earcos, torrinhas e pastilhinhas. Rosa-choque ¢ amarelo-pimpao, verde-bandeita ¢ roxo- procisso, O arquiteto que fezas Amorciras definiu sua obraalvarmen- te: “Arquitetura de citai 10". E- comentou: prdpria de um shopping. 252 Quem diria que nos viria do nosso velho Portugal a boa definigio da hipermediagio pés-moderna? Arquitetura de citagio. Derrida dixie: “Todo signo, escrito ou falado, pode ser citado e posto entre aspas”. A desconstrugio é a desfiagio da tessitura textual. Os fios e deseolagem. colados. A operagio prépria do analista de wexto seria a 0 ou dealusao nas dobras do romance ou da poesia hoje correspondeao que ha de anillise retérica desconstrucionis- ta na critica literdria. Uma literatura que pasticha estilos alheios esti- mula ¢ é, em ricochete, estimulada por uma critica para a qual todo texto éuma rede de topo’ ou clichés, decamadas de remissies obliquas, conc Ora, oquehidec retasou ptradas ou disseminadas, voluntiriasou no,em suma, uma critica que desenvolve ¢ promuve uma concepgio cumulativa € patoxistica de intertextualidade. Quando tudo ja vem mediado pela convengao literdia, tudo na verdade ¢ citagéo. Como, jd tinha inferido o nosso arquiteto portugues. deidentidade do sujeito que escreve, quea pritica descons- trucionista tende a exasperar, é, no limite, a morte do autor auspiciada, a certa altura, por Barthes. Sujeito da escrita ¢ autor seriam, em tiltima ins 1ndo passatia unte estével nem uma personalidade criadora de um estilo proprio. A esctita seria, portanto, um produto de aglut nagio de subdiscursos que caberia & Retérica ou a Historia das Men- talidades classificar, nclusivamente, fincia, encenadores méveis de mensagens pelas quai uma consciéneia esa utui ‘TIRE PRECISO Nesse quadro de polaridades, preenchido, de um lado, pelo hiper- realismo brutalista (aparentemente sem véus nem méscaras) e, de outro, pela hipermediagao literéria e retérica, parece restar pouca marg para a consciéncia mediadora. Esta, de fato, se acantona em uma faixa estreita e incdmoda de resistencia, que ora parece saudosis ta, ora utdpica, nunca perfeita e cabalmente contemporiinea do seu préprio tempo. ‘Ora, o estilo de critica que reconhecemos, aqui eagora, como digno de nosso estudo e de nossa homenagem é, precisamente, aquele modo de ler em que sempre se consideraram as mediag interscegao de criacao individual e tradigio cultural, Fomos instruidos na percepgao de uma dialética forte e, a0 mesmo tempo, delicada, de \dividuo e sociedade, escrita e cultura, imaginagio ¢ meméria social, vengao e convengiio. es © 0s processos de Para falar em termos crocianos: poesia ¢ instituigio literdria, Deslocando 0 discurso para o universo da psicandlise cléssica, julga- mos, durante decénios, que a situagio do eu escritural se configurava como uma tensio entre as pulsécs do Tnconsciente eas forgas modela- doras do Superego social ¢ cultural, com as suas formas formadas, os seus géneros, os seus padres de gosto, os seus discursos marcados, os seus temas ¢ lugares historicamente postos, Mas hoje quem dé as cartase conta os pontos do jogo é0 vale-tudo do mercado ou, & sua margem, mas bem protegido pela Academia, 0 discurso sofisticado da desfiagem ret6rica. Nao nos cabe sendo compreender resistindo e resistir compreen- dendo, Em face da midquinna especular e esperacular posta em agao pelo capitalismo ultramodernista, é preciso exercera mediagio da meméria, O perfeito conhecimento, diz platonicamente Schopenhauer, comega pela perfeita reminiscéncia. Lembrar nao sé tudo quanto a humanida- de vem pensando e sentindo e escrevendo desde Homero; mas reviver as formas libertadoras e contraditérias da modernidade, de que ainda somos feitosesem as quais este nosso discurso seria oco ou mesmo invi- vel. Formas diversas mas pregnantes que lemosem’Thomas Mann eem Brecht, cm Dostoicvski ¢ em Maiakovski, em Baudelaire e em Valéry, em Stendhal eem Proust, em Hegel eem Marx, em Nietzsche eem Hei- degger, em Sartre eem Camus, em Pirandello eem Ungaretti, em Ben- jamin ¢ em Adorno, em Machado de Assis ¢ em Guimaries Rosa, em Mario de Andrade e em Drummond. Sao nomes, entre tantos outtos, 254 que representaram aquela tensio fecunda entre a criagao ¢ a tradi sem a qual o imediato é sempre violento, Mas hé também a outra face da resistencia (a resisténcia & hiper- ret6rica), aquela que redime a ago do eu lirico e reconhece a sua sin- gularidade dolorosa c inalienavel. Nao ha duas pessoas com as mesmas impressoes digitais; e, se & verdade que nossa carteira de identidade pode ser falsficaca, serd preciso, para tanto, sobrepor a prépria identi- dadeo nome eo retrato dealgum outro eu. A retérica pés-estrucuralis- ta, que ignora 0 que Starobinski chama de “consciéncia estruturante” da escrita, dé um atestado de dbito & chance de se renovar por dentro a expressio literdria mediante o escavamento da experiéncia pessoal. ‘Tampouco a construgio ousada de um discusso critico, enformado de uum e¢hos sa :0, irénico ou auto-irdnico, sc far possivel se se cor derarem as palavras de seu autor como palavras de um ventriloquo, semprea reproduszir algo que jé foi dito ¢ redito ao longo dos séculos, Nem tudo o que édito novamente ésimplesmente dito “de novo”; novamente pode ser também advérbio de modo; dizer novament dizer de maneira nova. Para terminar, lembro queo pressentimento de mudangas radicais na relagao entre escritor e piiblico, escritor e sociedade, jd inquietava inima c abscuro dos anos 50. E sé agora cito o texto que, a rigor, deveria servir de epigeafe a esta intervengio: Formaram-se entio (a partir de 30) novos lagos entre escritor ¢ paiblico, ‘com uma tendéncia crescente para a reducao dos lagos que antes 0 pren- diam aos grupos restritos de diletantes e “conheecedores’, Mas esse novo publico, 4 medida que crescia, ia sendo rapidamente conquistado pelo grande desenvolvimento dos novos meios de comunicagao. Vi entdo que no momento em que a literatura brasileira conseguia forja ‘uma certa tradigdo litersria, criar um certo sistema expressive que a liga- vvaao passado ¢ abria caminhos para o futuro — nesse momento as ta- dig6es literdrias comegavam a nao mais funciona como estimulante. As formas escritas de expressio entravam em relativa crise, ante a concor- réncia dos mcios expres 1nds — como 0 ridio, o cinema, o teatro atual, as histérias em quadri- /05 novos, ou novamente reequipaclos, para 255 hos. Antes que a consolidagao da instrucao permitisse consoli difusdo da literatura literéria (por assim dizer), estes veiculos possibil taram, gragas palavra oral, imagem, a0 som (que superam aquilo que no texto escrito sio limitagGes para quem nfo se enquadrou numa certa, tradicio), que um niimero sempre maior de pessoas participassem de ‘maneira mais icil dessa quota de sonho e de emoco que garantiao pres- tigio tradicional do livro. Os bons eriticos também sao profetas. 256 14 A ESCRITA E OS EXCLU[DOS Emm meméria de Domingos Barbé Hipelo menos duas maneiras de considerara relagio entre escti- tacos excluidos. I A primeira, em geral praticada pelos historiadores de literatura, consiste em ver o excluido social ou 0 marginalizado como objeto da excrita. Objeto compreende temas, personagens, situagdes narrativas. A arefado estudioso seria, nesse caso, pesquisar os modos de figu- rago das camadas mais pobres na poesia, na prosa narrativa, no teatto, no repert6rio de uma literatura ou ao longo de um ciclo histérico-cul- tural. Creio que os resultados da sondagem seriam dispares. Algumas amostras. O pobre tipificado pelo romance naturalista (por exemplo, O cortigo de Aluisio Azevedo) nao é 0 pobre que sai de ‘um conto regionalista tocado de profunda simpatia pela cultura popu- lar, como acontece no conto gaticho de Simoes Lopes Neto ou no conto caipira de Valdomiro Silveira. Tampouco certas personagens cheias de pathos e poesia que encontramos nos Caboclos de Valdomiro se reduzem ao Jeca estigmatizado na pena do também paulista Mon- tcito Lobato, Euclides da Cunha, por sua ver, nos introduz no univer- 257

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