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-$1(,52)(9(5(,52
1964

REVISTA
-
ELETRONICA
ÍNDICE

9 AMPLIFICADOR HI-FI A TRANSISTORES


12 MATERIAL SEMICONDUTOR EM CABEÇOTES REPRODUTORES PARA
FITA MAGNÉTICA.
17 O AMPLIFICADOR DE F, VíDEO
22 A PROVA DE TRANSISTORES COM ôHMETRO
24 AS FREQUÊNCIAS DOS CANAIS DE TELEVISÃO
25 MODULAÇÃO EM BANDA LATERAL ÚNICA (SSB)
29 FONTE ESTABILIZADA DE 6 VOLTS.
30 A APLICAÇÃO DE ONDAS SôNICAS NA INDúSTRIA
37 INTERCOMUNICADOR A TRANSISTORES
39 CIRCUITOS BÁSICOS COM TRANSISTORES.

OS ARTIGOS ASSINADOS
REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO: SÃO OE EXCLUSIVA RES-
PONSABILIDADE OE SEUS
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AV. GUILHERME COTCHING, 85 TEL . 93·7425 C. POSTAL 9.127 S . PAULO 6 NÚMEROS Cr.S 1.200.00
AMPLIFICADOR
H l-FI
A No estágio pré-excitador foi utilizado um
transistor projetado para uso em altas fre-
TRANSISTORES qüências, tipo AF118, que apresenta, em rela-
ção aos tipos específicos para audio-freqüên-
MARC AUBERT
cia, baixa capacitância de realimentação e
baixa condutância de saída. A baixa capa-
citância de realimentação é de grande impor-
tância para evitar aparecimento de insta-
bilidade e oscilações indesejáveis, ao passo
que a baixa condutância de saída é um
fatôr necessário à obtenção de uma curva de
Nos circuitos convencionais de amplifica- resposta ampla.
dores transistorizados, várias limitações de-
A polarização de base dêste estágio é
vem ser levadas em consideração, principal-
conseguida através do resistor R• que retorna
mente em se tratando de equipamentos de à massa, e do conjunto R" C" R,., que retorna
alta fidelidade . Os transformadores, excita- aos estágios de saída. Em paralelo com R" R,.
dor e de saída, são os componentes de maior existe um resistor, R,. cuja finalidade é pro-
influência sôbre o desempenho do aparelho, porcionar uma realimentação negativa nêste
l!mitando a sua dinâmica, introduzindo dis- estágio. O capacitar c,. é utilizado para com-
torções e não permitindo um nível suficiente pensar uma ligeira instabilidade, que pode
de realimentação negativa. Outra desvanta- aparecer em freqüências superiores a 15 kHz.
gem é que, de um modo geral, o pêso e o
A polarização de emissor foi realizada de
volume dos transformadores são muito maio- maneira a permitir o ajuste preciso do valôr
res que os de todo o restante dos componentes. apropriado da tensão coletor-emissor v,. 1.:.
Os circuitos amplificadores de áudio sem Êste ajuste é necessário a fim de evitar o
transformadores excitador e de saída são , aparecimento de distorção por corte assimé-
evidentemente, de pêso muito inferior, permi- trico. O resistor variável R 7 é utilizado para
tindo, além disso, trabalhar com correntes o ajuste do valôr ideal da corrente quiescente
do transistor T 1 (AF118l . O estágio excita-
baixas e tensões mais elevadas, vantagem in-
dor 0 é composto de dois transistores comple-
discutível no projeto e construção da fonte mentares NPN-PNP, tipos AC127 e AC132.
de alimentação. Muito mais importante, po-
rém, é a melhora na qualidade obtida na re- A utilização de um circuito parafase em
produção, graças à eliminação dos inconve- terminação simples (single-ended-push-pul!)
nientes acarretados pelos transformadores . com transistores, apresenta diversas vanta-
gens sôbre um amplificador parafase con-
O amplificador que apresentamos neste vencional.
artigo, dispensando o uso de transformadores,
Em primeiro plano podemos pôr a elimi-
foi idealizado para proporcionar uma repro-
nação do transformador de saída que traz
dução sonora de alta fidelidade, em monta- sensível melhora na faixa de resposta, au-
gem bem mais compacta que as normalmente menta o rendimento e baixa a distorção, além
possíveis com circuitos a válvulas ou mesmo de permitir montagem mais leve e compacta.
a transistores.
A utilização de um estágio excitador com
O circuito (Fig. 1) compõe-se de três um par complementar PNP-NPN permite
estágios : pré-excitador usando um transistor uma inversão de fase sem utilizar transfor-
AF118, excitador aplicando um par casado mador driver, o que apresenta as mesmas
AC127/AC132 e de saída utilizando um par vantagens que a eliminação do transforma-
casado 2-AD139. dor de saída.

JAN./ FEV. 1964 9


AC132 AD139

c3
22pF
CJ
25~-LF
an
o--{ji---4-----+---=1-...._~-[

FIG. I
Circuito esquemático do amplificador de alta fidelidade transistorizado. Os valores
dos componentes são:

RESISTORES R,o 68 n c4 100 IJ.F, 16 v


R, 270 kQ R, 10 n C 5 IOO!J.F, 16 v
R, 39 kQ R, 2 68 n C 6 3750 IJ.F, 40 v
R" 4,7 k n RJ .I n
R_, 3,9 kQ RI .', n TRANSISTORES
R ,; I kQ T, AFl/8
Ra 5.6 k n CAPACITORES r. AC/27
R, 500 n c, 25 IJ.F, 25 I' T , ACI32
Rs 1,2 kQ c. 25 iJ.F, 25 I ' T_, ADI39
R, /80 n c" 22 pF T.; ADI39

Além disso, a tensão de alimentação do O estágio de saída utiliza um par balan-


estágio de saída pode chegar quase ao valôr ceado de transistores AD139. Os resistores
máximo da tensão Vc~; permissível, sem da-
nificar os transistores. Isto não acontece 0.3
num circuito push-pull classe B convencional, --r- .-----

~L
onde esta tensão deve ser mantida abaixo
de um valôr correspondente a VcE/2. A uti-
lização de tensões elevadas faz desaparecer
os principais problemas que surgem em am- -r±
plificadores convencionais, relativos às altas !E.
correntes.
Obviamente, o par complementar pode
ser usado no estágio de saída, mas, neste
caso, a potência de saída máxima conseguida
estaria abaixo de lW. Por essa razão, no nos- FIG. 2
Dimensões da aleta de refrigeração
so caso, foram usados meramente como ex- recomendada para os transistores do
citadores/inversores de fase. estágio excitador.

lO REVISTA ELETRÕNICA
R 11 e R 12 , empregados para a polarização das cia de 8Q) é ligado aos emissores de T 4 e Tr;
bases dos transistores de saída T 4 e T 5 através de um capacitar, 0 6 .
(2-AD139), servem simultâneamente à polari-
zação dos emissores dos transistores do está- MONTAGEM
gio excitador, T 2 e T3 (AC127 I AC132).
A montagem não apresenta dificuldades
ou partes críticas. Os transistores de saída
devem ser montados sôbre chapas de alu-
mínio enegrecido de 3 mm de espessura e
área de 90 x 90 mm. Os transistores do es-
tágio excitador devem ser montados em ale-
tas de refrigeração (fig. 2) .
FIG. 3
Circuito da fonte de alimentação A figura 3 mostra o circuito da fonte de
para o amplificador. alimentação dêste amplificador; pode ser

FfG. 4 -•f:_.-: m
Curva de resposta de fre- -3'--- .
f- -
{ 1 w- ----
0,1 w •··· ·-···
0,01 w ----

qüência do amplificador - -
para várias potências, até
8W.
•o •oo 1000 10000 K>O.OOO
-fiHzl

A realimentação negativa dêste estágio é usado um transformador com secção do nú-


limitada pelo capacitar 0 4 ; o valôr dessa cleo de 18 mm x 18 mm, 1200 espiras de fio
realimentação é determinado pelo resistor R 8 . esmaltado n.0 29 AWG no primário e 230 es-
Da junção de R 11 e R 12 são retiradas, a ten- piras de fio esmaltado n .0 19 AWG no se-
são de polarização da base, bem como a reali- cundário.
mentação negativa à base de T 1 .
Na figura 4 é dada a curva de resposta
Como o circuito dispensa o uso do trans- de freqüência do amplificador para várias
formador de saída, o alto-falante (impedân- potências, até 8W. lllllllll

JAN./FEV. 1964 li
MATERIAL
SEMICONDUTOR
EM há necessidade de gravar alguma coisa a
velocidade normal e reproduzi-la em baixa
CABEÇOTES velocidade, para efeito de análise. Outra
aplicação é quando são gravados pulsos de
REPRODUTORES contrôle ou referência, que devem ser dete-
tados e contados a velocidades diferentes e
variáveis, mesmo quando a gravação diminui
PARA de velocidade, pára e recomeça.
Foram sugeridos vários métodos para ca-
FITA MAGNÉTICA beças que seriam sensíveis não à variação do
fluxo , mas ao próprio fluxo. Estas cabeças
têm uma resposta intrinsecamente plana até
a freqüência zero, como na fig. 1-(B) . Uma
classe de detetores sensíveis ao fluxo é basea-
da na idéia de interromper ou modular o
fluxo da gravação a uma velocidade bastante
Os cabeçotes usados comumente para a alta, dando assim uma taxa de variação de
reprodução de gravações magnéticas são sen- fluxo que pode ser detetada com uma bo-
síveis sómente às variações do fluxo magné- bina. Foram sugeridas aletas movidas por um
tico da fita, e assim têm uma característica motor e varetas vibráteis no núcleo da ca-
básica importante : quando a freqüência di- beça, mas o resultado pode ser conseguido
minui, a tensão de saída cai proporcional- mais simplesmente pelo princípio do modu-
mente, chegando a zero para freqüência nula. lador magnético, onde o fluxo de sinal é
Isto resulta na familiar curva de resposta modulado por meio de enrolamentos auxiliares
de corrente da fig. 1-(A). Para compensar a numa parte saturável da cabeça.
queda em baixas freqüências, os amplificado- Outra classe de detetores utiliza efeitos
res usados com os cabeçotes de reprodução co- magneto-elétricos que não a indução eletro-
muns requerem um refôrço nos graves, de -magnética, incluindo magneto-resistência,
30 a 40 dB em 30 Hz. Em freqüências efeito Hall, a deflexão de feixes eletrônicos,
ainda mais baixas, atinge-se um ponto em e a (pequena) sensibilidade dos transistores
a um campo magnético.
1 o c---"'
••160 •
iTT
i . Podem ser usados ainda outros efeitos
!---' J magnéticos, tais como rotação de feixes de
o
luz polarizada, fôrças magneto-mecânicas, e
o I
o
1-f.- - r-- ...I mudanças na permeabilidade incremental.
De todos êles, o princípio do modulador

tf ti ~'
I I
! i
- magnético provàvelmente tem sido o de maior
~ .
o I ···--·-

10
/ii
I i li ' , I sucesso. Entretanto, êle tem algumas limita-
o
~
li li I 2 3
11111 1 '2
ções: é necessário uma fonte de excitação de
2
20 ' 1
100
2 '
1000 10000 20000 alta freqüência; há ruído de fundo devido ao
-HHzl
efeito Barkhausen; um limite superior da
FIG. I resposta de freqüência é inerente à estrutura
Resposta em freqiiência (ntio-equalizada) de dois tipos
de cabeças quando reproduzim/c. o mesma gravação do núcleo ferromagnético; e são ainda ne-
de corrente constante. cessários enrolamentos como nas cabeças con-
vencionais.
que a saída da cabeça é baixa demais para Os elementos sensíveis ao efeito Hall não
ser útil, e deve-se encontrar outro método têm as limitações acima (apesar de terem
para reproduzir a gravação da fita. algumas outras, que lhes são próprias, como
Uma aplicação em que se exige uma res- logo veremos). A possibilidade de baixo custo
posta a freqüência muito baixas é quando de fabricação e a resposta de reprodução ine-

I2 REVISTA ELETRÕNICA
rentemente plana permitiriam eventualmente A fórmula acima corresponde ao racio-
que tais cabeças viessem a substituir as con- cínio de que a tensão gerada deve ser pro-
vencionais, que até o presente não tiveram porcional à intensidade do campo (H)., à
competidores, exceto para usos especiais e Em densidade de corrente U / LE), e à separação
instrumentos, onde o preço não era conside- <L) entre os pontos de medida da tensão.
ração primordial. Conseqüentemente, cápsulas Os materiais condutores comuns têm um
com elementos Hall foram investigadas, ana- efeito Hall muito pequeno para ser de algu-
lítica e experimentalmente, para determinar ma utilidade na detecção de campos magné-
a · possibilidade de ser realizado um projeto ticos. Mas, determinados semicondutores pos-
vantajoso. suem coefi~iente de Hall apreciávelmente
maior, tornando prática a detecção de campos
O EFEITO HALL magnéticos de gravações em fita magnética.

O efeito Hall recebeu êste nome devido CABEÇOTES DE REPRODUÇAO


a E . H . Hall, que descobriu em 1879 que êle
podia modificar a direção das linhas equipo- Um cabeçote reprodutor utilizando o
tenciais num condutor elétrico pela aplicação efeito Hall pode ter a mesma estrutura do
de um campo magnético. núcleo que um cabeçote convencional, mas
O efeito Hall é ilustrado na fig. 2. Um
condutor de largura L e espessura E é per-
corrido por uma corrente I. Na ausência de
/
~---------------------------------.F"-itfo
7
um campo magnético, um voltímetro V co-
nectado às extremidades opostas de uma mes- Peço POlar
ma linha equipotencial, fornecerá leitura zero .
Quando é aplicado um campo magnético H
perpendicular aos eixos de tensão e corren-
te, o voltímetro apresenta imediatamente
uma deflexão. A magnitude desta tensão de
Hall é
RIH

E
onde R é o coeficiente de Hall, característico
do material. FIG. 3
Elementos de uma cabeça de efeito Hall com
ahert11ra posterior.
,----1~1----{"- 1:-A---,
em vez do enrolamento, um elemento semi-
condutor é colocado onde o fluxo magnético
da fita possa agir sôbre êle. A fig. 3 mostra
um elemento Hall colocado no entreferro pos-
terior de um par de núcleos em forma de C,
ficando o entreferro (abertura) anterior em
contato com a fita de gravação. Há quatro
FIG. 2 terminais dos quais dois recebem excitação
O efeito Hall
por uma corrente contínua de aproximada-
Ten.wío de Hall, V 11 RI H /E mente 50 a 500 miliamperes. Nos outros dois
I = corrente terminais aparece uma tensão de saída que
H == campo magnético depende do fluxo magnético da fita, recolhi-
E espessura do pelo núcleo. Isso é válido mesmo que a
n ==
número de
fita não esteja em movimento; neste caso a
portadores
R = coeficiente de Hall v /ne e= carga pe r saída é uma tensão contínua de polaridade
p = rel istividade = I I neu portador positiva ou negativa, dependendo da direção
R/p = 11 I=
I 11 mobilidade do fluxo no núcleo.
dos porta- Mas um núcleo convencional não é ne-
11 2 000 para o germamo
l dores
cessário, e na realidade é possível construir
11 30 000 para o antimc.nieto de índio (/11SB) uma cabeça sem núcleo (bem como sem bo-

JAN./ FEV. 1964


bina), como mostra a fig. 4(a). Aqui uma tão ilustradas três maneiras para alcançar
lâmina de material semicondutor é montada êsse fim. Na fig. 5 (a) é estabelecido um
de modo que a parte mais estreita pressiona ponto equipotencial "fantasma" conectando-
a fita. O campo da fita age diretamente se um dos terminais de saída a um resistor
sôbre o elemento. Na ausência de bobinas ligado em lugar do terminal que falta no
e núcleos, a resposta em alta freqüência semicondutor. Com êste arranjo é perdida
desta cabeça é limitada apenas pelo efeito cêrca de metade da tensão de saída. A fig.
Hall; e o efeito Hall opera em freqüências 5 (b) é um elemento com cinco terminais
onde a corrente de excitação circula em di-
[lemel\loholl
reções opostas do centro para cada extre-
midade ; assim os terminais de saída b e d
podem estar ao mesmo potencial quiescente,
mas assumem potenciais opostos quando es-
tiver presente um campo magnético. Os me-
lhores resultados sob o ponto de vista de
saída e baixo ruído foram obtidos com um
elemento em forma de K (fig. 5c).

FATORES PARA UM PROJETO IDEAL

Para cabeças de reprodução estamos in-


teressados em linearidade, sensibilidade e
baixo nível de ruído. A linearidade é pràti-
b
FIG. 4
Cabeças de efeito Hall com abertura anterior.

que podem chegar a 10.000 MHz. Não exis- Soido

tem efeitos ferromagnéticos, tais como não-


-linearidade, histérese, e ruído Barkhausen. o
Embora a elegância de um projeto sem
núcleo possa ter um interêsse especial para
matemáticos e entusiastas de alta-fidelidade,
a omissão do núcleo age em detrimento do
poder de resolução e da sensibilidade da ca-
Sai do
beça. Se não precisamos de tôda a resposta
até 10 000 MHz (e provàvelmente não preci-
saremos até que os engenheiros mecânicos b
nos dêem mecanismos de transporte da fita
mais rápidos) poderemos reforçar a ação do
elemento com pedaços de ferrite, como na
fig. 4 (b) e ainda alcançar respostas até
aproximadamente 100 MHz. Ou podemos usar
núcleos finos de metal se o limite superior
de frequência não exceder uns poucos me-
gahertz. Por conveniência, as cabeças acima
são designadas como cabeças de entreferro c
anterior ("front gap" heads) . FIG. 5
Circuitos para uso com cabeças de entreferro anterior:
Cabeças como as da fig. 4, onde o ele- (a) três terminais com equipotencial "fantasma".
mento está próximo da fita, têm o problema (b) elemento push-pull de cinco terminais.
de como ligar o terminal à face do semicon- (c) elemento K de quatro terminais.
dutor sôbre a qual deslisa a fita. Vários
métodos foram propostos para fazer essa co- camente perfeita, mesmo com os campos mais
nexão. Entretanto, a construção e operação fortes encontrados em gravações magnéticas,
da cabeça são grandemente facilitadas se a como indica a curva experimental da fig. 6.
ligação for eliminada de todo. Na fig. 5 es- típica para elementos Hall.

14 REVISTA ELETRõNICA
A sensibilidade é determinada pela geo- A maior limitação é o calor gerado por per-
metria da cabeça e do elemento, e pelas pro- das ôhmicas no circuito de excitação. Os
priedades eletromagnéticas do elemento. Vol- elementos semicondutores são sensíveis à
tando novamente à fig. 2 e à equação da temperatura, e o nível da saída irá variar
tensão Hall com o aquecimento da cabeça. A corrente
RIH de excitação é portanto determinada pela
estabilidade com a temperatura, bem como
VH = ----
pela possibilidade de queima.
E
é evidente que devemos procurar um material
cujo coeficiente de Hall (R) fôsse o maior
possível. A experiência indica que isto não
TO "'
é suficiente porque a resistividade (p) do ma- I
I
terial é também importante de duas manei- 50
......
ras: 1) baixa resistividade provoca menor 40

aquecimento e permite o aumento da corren- 30


te (1) de excitação; e 2) menor resistividade I
20
'\
significa que a tensão de saída pode ser I \
10
aplicada a uma carga de menor impedância. Nl...el de 1uido I
Um bom índice de mérito eletromagnético é a o20 100 5 1000 2 5 '10000 zoooo
-l="ttQUiiiC IO QIOYO,êiO/OtCif"od1,1Ç60(Hz)
mobilidade, que é o coeficiente de Hall divi-
dido pela resistividade. FIG. 7
Características de resposta não-equalizada de uma
R cabeça experimental de efeito Hall.
mobilidade = fi.
p O campo (H) é resultante de qualquer
O germânio tem uma mobilidade de apro- fluxo da fita que possa ser canalizado através
ximadamente 2000, enquanto que a mobilidade do elemento Hall. Uma fita da largura de
do antimonieto de índio é aproximadamente um quarto de polegada, na saturação, pode
proporcionar cêrca de 1/2 Maxwell; mas para
comprimentos de onda, intensidades e lar-
v guras da trilha normalmente gravados, uma
5

2
v estimativa realista seria um até dez por cento
dêsse total. Fugas e perdas no núcleo redu-
zem isto ainda mais, de modo que o elemento
1/ opera em níveis muito baixos. Um projeto
5

2
v magnético eficiente é mais importante em
cabeças de efeito Hall que nos tipos comuns
lO
11'
/ porque as baixas tensões de saída, que são
5
v uma fração de milivolt, não permitem mar-
gem de segurança. As fugas e pêrdas de aco-
2
I
v plamento devem ser reduzidas ao mínimo.
o, / A espessura (E) aparece no denominador
5/
da equação da tensão de Hall, e assim deve
O,2
ser a mínima possível. A redução da espes-
0I
'1 2 5 10 2 5 100 2 510002 510000 sura da lâmina de Hall também melhora a
- Compo magnético (oersteds)
eficiência magnética pela redução da relutân-
FIG. 6 cia do circuito magnético. Estas vantagens
Variação de saída com o campo para um elemento
Hall de germânio. são compensadas por uma seção transversal
menor do elemento e conseqüentemente, maior
30 000. Experiências com cabeças usando êsses resistência ôhmica, de modo que a corrente
semicondutores confirmaram que o antimo- de excitação deve ser reduzida. Desde que
nieto de índio é superior. o aquecimento varia com 12, a corrente pre-
A corrente de excitação (1) será normal- cisa ser reduzida somente em proporção à
mente fixada no mais alto valor possível, que raiz quadrada da maior resistência ôhmica,
ainda ofereça segurança, uma vez que a e há vantagem global no uso de elementos
tensão de saída aumenta proporcionalmente. delgados.

JAN ./ FEV. 1964 15


APLICAÇõES m ensões da abertura, faz da cabeça Hall
uma ferramenta útil no estudo do próprio
As cabeças magnéticas empregando o efei- processo de gravação.
to Hall são a forma mais simples de detetor As limitações de alta freqüência e não-
para reproduzir informações em baixa fre- -linearidade do núcleo ferromagnético e cons-
qüência de fitas em baixa velocidade. Isto
trução da bobina podem ser evitadas por
é vantajoso na análise de informações, sis-
certos projetos de cabeças Hall.
temas de contrôle, e instrumentação.
As cápsulas de efeito Hall são também
A saída da cápsula é um sinal análogo
úteis para usos gerais como por exemplo re-
do fluxo magnético registrado. Assim, formas
produção de áudio de alta fidelidade ; mas
de onda complexas podem ser reproduzidas e
sua aplicação nesse campo depende do as-
observadas sem distorção de fase.
pecto económico de sua produção, e relativa
A sensibilidade estática a áreas magne- vantagem nos circuitos, se comparada com
tizadas muito pequenas, da ordem das di- as cabeÇas atuais. 1!11!11!1

IDÉIAS
PRÁTICAS

-t- o------IIII-IM----41"., T

Aparelhos transistorizados são muito sensíveis à inver-


são da polaridade da tensão alimentadora. Para evitar
danos quando acidentalmente é feita uma inversão, basta
usar o arranjo da figura (em cima) . Caso se queira um
alarma, é usado o arranjo da figura de baixo. O diodo
usado pode ser do tipo BY 100 ou semelhante.

IMAGEM DE TV EM OSCILOSCóPIO nexão de grade da válvula de salda horizon-


tal) .
Freqüentemente, na reparação de televi- - A entrada do eixo Z é ligada à grade
sores, é vantajoso substituir o cinescópio por ou ao catodo do cinescópio, dependendo se o
um osciloscópio. A maneira de realizar essa receptor emprega modulação por grade ou
substituição é simples (é necessário possuir-se catodo .
um osciloscópio com modulação de feixe-
eixo Zl: - A massa do osciloscópio é ligada à do
televisor e o contrôlle de freqüência horizontal
- A entrada vertical do osciloscópio é li- é colocado na posição "externo".
gada ao anodo da válvula de saída vertical. Observação : ao desligar o receptor de TV,
- A entrada horizontal é ligada à saída é necessário antes reduzir a intensidade do
do oscilador horizontal do receptor TV (co- teixe do osciloscópio ao mínimo.

16 REVISTA ELETRôNICA
o
AMPLIFICADOR
pacitância de fiação e a capacitância da vál-
DE FI vula (grande relação L/C) . O valor destas
, capacitâncias em um estágio amplificador
VIDE O normal atinge aproximadamente 15 pF. Com
43 MHz a impedância será :

<UC

250 ohms
o amplificador de FI de um receptor de 6,28 X 43 X 106 X 15 X 10-12
televisão deve amplificar corretamente o si-
nal de vídeo, modulado em AM até as Então, pode-se determinar também a re-
mais altas freqüências de modulação, isto é, sistência de ressonância do circuito, ou seja
de 4 MHz. Isto significa que o amplificador Rres= Q.R0 =
10,8 X 250 ohms 2,7 kilohms. =
de FI deve ter uma curva de resposta com Em vista do fator de mérito real do circuito
largura de faixa da ordem de 4 MHz. Esta - e, portanto, em vista da resistência de
largura de faixa pode ser comparada com ressonância do circuito de sintonia ser subs-
a amplitude total da curva de sintonia da tancialmente maior, a resistência de resso-
faixa de ondas médias de 1 MHz (500 kHz - nância deve ser diminuída para 2,7 k!), de-
1500 kHz), na recepção de rádio AM. Se a vendo-se para isto, empregar um resistor de
curva de resposta fôsse formada por um úni- amortecimento adicional. Cada circuito res-
co circuito, teria o aspecto da curva apre- sonante no amplificador de FI do receptor
sentada na fig. 1. tem, portanto, um resistor de amortecimento
adicional.
Pode-se agora determinar a estrutura
fundamental de um estágio amplificador de
FI. A fig. 2 mostra que o circuito ressonante
0.7 é formado pela indutância L e pelas capa-
citâncias de fiação e da válvula, represen-
tadas por C8 , enquanto a qualidade correta
do circuito, e consequentemente, a largura
de faixa requerida são determinadas pelo re-
sistor de amortecimento R. A resistência de
2,7 K do circuito proporciona a resistência
" de carga para a válvula amplificadora de FI.
FIG. I Se supormos um ganho real de 5 mA/ V para
a válvula amplificadora de FI, obtemos um
Desde que a largura de faixa B em um fator de amplificação de:
circuito ressonante é derivada da relação en-
tre a freqüência ressonante e o fator de mé-
g1 = S.Rn =
5 X 10-a X 2,7 X l()S 13,5 vêzes, =
no estágio amplificador de FI.
rito do circuito, torna-se fácil avaliar as
qualidades requeridas.
Suponhamos uma freqüênc!a ressonante I
(meio da faixa) de 43 MHz. Obtém-se, en- I
oJ..
tão, o valôr de Q =
f, 43
= 10,8 ics
I
B 4
A fim de se conseguir maior amplifica-
ção possível em cada estágio considera-se ••• +
como capacitância do circuito sômente a ca- FIG. 2

JAN./FEV. 1964 17
Um receptor de televisão moderno deve Entretanto, uma vez que se requer uma
apresentar um ganho igual a 10 000 vêzes na largura de faixa total de 4 MHz no ampli-
amplificação total de FI, a fim de se obter ficador de FI, é necessário tornar a largura
uma certa estabilidade e segurança contra de faixa substancialmente maior em cada
interferência, mesmo com os menores si- circuito individualmente. Uma largura de
nais de entrada. Deve-se, portanto, ligar 4 faixa maior em cada circuito, entretanto, re-
estágios amplificadores de FI iguais, cada um quer uma resistência de amortecimento me-
com amplificação da ordem de 10 vêzes. In- nor e, conseqüentemente, menos amplificação
felizmente ao fazer isto, estreita-se a faixa em cada estágio. A fim de se conseguir a
consideràvelmente e consequentemente pro-
voca-se uma perda na largura de faixa total.
O diagrama simplificado da figura 3 ilustra
o que acima citamos. Dois estágios com um
circuito ressonante de largura de faixa igual
a 4 MHz cada, são ligados em série. Como
consequência disto os estágios de amplificação
são multiplicados um pelo outro. Podemos,
portanto, multiplicar as curvas de resposta
uma pela outra pois estas representam a am-
FIG. 4
plificação dos estágios com respeito à fre-
qüência.
amplificação total necessária, deve-se nova-
Cada um dos dois circuitos tem uma lar- mente usar mais do que quatro estágios de
gura de faixa de 4 MHz e as curvas de res- amplificação. Isto, entretanto, estreita ainda
posta apresentam uma queda nos limites da mais a largura de faixa e, desde que as duas
faixa (pontos onde o ganho cal a 0,7 vez o influências mencionadas acima são interde-
valôr máximo) - veja figura 3. pendentes, é quase impossível construir um
Dois estágios ligados em série, portanto, amplificador de FI, em ligação série, com
apresentam uma queda de amplificação de circuitos perfeitamente sintonizados em cada
0,7 x 0,7 "" 0,5 vez nos mesmos limites da estágio, sem grande dispêndio de esfôrço e
faixa (B =
4 MHzl. o mesmo se aplica aos dinheiro.
valores localizados entre os dois acima cal- Por esta razão, aplica-se o princípio de
culados. "sintonia escalonada" no amplificador de FI.
As freqüênclas ressonantes de cada um dos
Dêstes valôres obtemos a curva de res-
circuitos são escalonadas através de tôda a
posta Indicada pela linha Interrompida (fig.
gama de resposta.
3), com a largura de faixa correspondente
Portanto, cada circuito tem uma freqüên-
cia ressonante diferente e, similarmente, sua
1 ----------- largura de faixa depende da posição da fre-
/': '\ qüência ressonante na curva de resposta.
I 1 \
I
I
I
'
\
\ Sintonizando-se cada um dos circuitos para

'
0.1 --~---~ as freqüências ressonantes e larguras de fai-
L.-----!.!.-... \I
xa corretas, pode-se obter uma largura de fai-
o.s ------- -1-r--t- -~' xa total de 4 MHz, com uma amplificação
I
,' : : :\ I \ média de 10 vêzes para cada estágio, inde-
/ I \ pendentemente do número de estágios. A
fig. 4 apresenta o aspecto básico das curvas
,, _, de um amplificador sintonizado pelo princí·
FIG. 3 pio de escalonamento.
Naturalmente, baseando-se nestas curvas,
é possível construir um amplificador de FI
B' (queda 0,7 vez) que, agora, tem somente
que possua filtros de banda passante ao invés
cerca de 3 MHz. Se quatro estágios forem
de circuitos simples.
ligados em série, é evidente que a largura
de faixa total de todos os estágios torna-se A curva de resposta de FI em receptores
consideràvelmente menor. que funcionam no sistema interportadoras,

18 REVISTA ELETRóNICA
2R.
40 40
I I I
dB
dB I I
t c- - Curva de resposta t - t--
l.;urvo de resposta
s22 (45, 75 MHzl
- - s 19 (41,25 MHzl
S1e (42,0 MHzl
- t-- 5 23 (44,0 MHz)
30 - - 30

20 20
I
J I
/ I
17 I
10 I lO 1\ I
\ /
\ / _\
\ / I

41
\
42
/ 1 - - .........
43 44 45
/
46 47 41
" 42
r---.
..........
43 44
./
45
I
46 47
-MHz ~MHz

40 40
I I I
dB
dB I I I
t t- t--
Curvo de resposta
s25/S27 (43,5 MHzl
t r- 1--- Total
Curva de resposta

~ t-- s2e/S29 (43,0MHzl


30 ~ t-- 30
S32/S33 (43,0MHzl

I
I I
20 20 I I
I I
I I
I I
7 I li
10 ~ 10
I
I I
I I I
\ I I
~ I
\, /
41 42 43 44 45
/
46
-MHz
47

FIG. 5
41 42
" 43 44 45 46
~MHz
47

nas proximidades da portadora de som do inversa, a interferência de modulação de am-


canal sintonizado, apresenta uma queda gra- plitude muito grande da portadora de vídeo
dual em forma de degrau. Esta queda se ve- na freqüência interportadoras resultante, ou
rifica entre alturas de 5 a 8% em relação seja, 4,5 MHz.
ao meio da faixa, evitando a influência da Na descrição do circuito, que faremos a
portadora de som na de vídeo e, de forma seguir, encontraremos, portanto, os cinco cir-

JAN./ FEV. 1964 19


cultos ressonantes do amplificador de FI de mano do filtro e a capacitância de grade da
quatro estágios. A portadora de som do canal válvula seguinte, para o circuito do secundá-
sintonizado tem um circuito de absorção. rio, com as respectivas capacitâncias de
fiação.
DESCRIÇAO DO CIRCUITO
O valôr destas capacitâncias é de 10 a
O amplificador de FI de quatro estágios 15 pF para cada circuito. Cada circuito é
consiste das válvulas B8, B9, B10 e Bll, com provido de uma resistência de amortecimento
os cinco filtros de banda passante correspon- separada, a fim de se obter as larguras de
faixa necessárias.
A fig. 6 apresenta a disposição básica do
"'
----~~---~r-~--·I filtro de banda passante 822-823. O circuito
do primário é formado pela bobina 822, com
j;o+-Cs
S23 Rsg7 a capacitância de anodo e capacitância de
I fiação c. + C8 , sendo R67 a resistência de
amortecimento requerida. O circuito do se-
cundário, que é acoplado indutivamente ao
FIG. 6

dentes, ou seja, 818-819, 822-823, 826-827,


828-829, e 832-833. J!:stes cinco filtros de
banda passante determinam a forma comple- --,
..1..
ta da curva de resposta, por meio das res- ____Teq
pectivas freqüências de sintonia e pelas lar-
guras de faixa de cada circuito; a inclusão
de filtros de onda aplicados nos limites da
faixa tem uma influência decisiva sôbre o "'
aumento da inclinação da curva de resposta. FIG. 7
Os quatro estágios da fig. 5 apresentam a
constituição da curva de resposta total dos circuito do primário, consiste da bobina 823,
filtros de banda passante montados em série. das capacitâncias de grade e de fiação Cg +
Os cinco filtros de banda passante não
c. e da resistência de amortecimento R69.
têm capacitâncias paralelas adicionais; assim A porção da curva de resposta que re-
pode-se conseguir a relação L/ C mais favo- presenta o som no sistema de interportadoras
rável e, conseqüentemente, a mais alta am- é formada pela combinação C73-819/C74;
plificação. 8õmente as capacitâncias da vál- 819/C74 tem características indutivas com
vula e da fiação agem como capacitância do respeito à portadora FI de som de 41,25 MHz
circuito. A capacitância de anodo da válvula e juntamente com C73 forma um circuito de
precedente é decisiva para o circuito do pri- absorção para esta freqüência. A atenuação

"•o

,-t--t---;
S32 :is~~~.~
33
Ceg
de v•deo

Ro c90

+ + +
FIG. 8

20 REVISTA ELETRôNICA
em relação ao meio da curva de resposta de esteja em equilibrio com a atenuação da ca-
FI é aproximadamente 20 vêzes. pacitância de entrada da válvula Cg. A queda
na tensão alternada de catodo Vc- propor-
Com uma tensão de C A G e com o au- ciona a tensão de contrôle Vs t · Esta tensão
xílio da primeira válvula de contrôle de FI,
aumenta em tal proporção que a corrente
B8, a tensão de saída é mantida constante,
independente da tensão de entrada. Desde
alternada de grade r.- seja constante, ape-
que a capacitância de entrada da válvula c., sar de a capacitância de grade Cg mudar
dependendo do potencial de contrôle, altera- com a tensão de CAG. Com um resistor de
se em 2 ou 3 pF, aplica-se um resistor de catado não desacoplado, de 68 ohms, a vál-
68 ohms não desacoplado ao catado da vál- vula B8 mantém quase constante e uniforme
vula de FI sob contrôle, B8 (fig. 7) . a carga do circuito de grade, sôbre a ex-
tensão da faixa de contrôle.
Se a carga capacitiva do circuito resso-
nante deve ser constante na grade da vál- A fig. 8 apresenta o circuito completo de
vula de FI sob contrôle, a corrente de gra- um amplificador de FI de quatro estágios.
de r.-, bem como, a tensão alternada de Os filtros ou elementos desacopladores no
grade v. - devem igualmente ser constantes. circuito são assinalados por C0 ou R0 , res-
Consegue-se isto calculando-se o resistor de pectivamente. No último estágio amplificador
catado não desacoplado, R0 , de tal forma que, de FI, Bll, o supressor de interferência 831
com um aumento do potencial negativo de é acoplado ao circuito ressonante 832 por
contrôle, (ganho menor) por exemplo, a di- meio de R80, enquanto o díodo detetor de
minuição da tensão alternada de catado Vc- vídeo é ligado ao circuito do secundário 833.

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JAN. / FEV. 1964 21


A
PROVA
Um critério muito adequado para o jul-
DE gamento de um transistor é fornecido pelas
correntes de fuga. São uma consequência da
TRANSISTORES resistência inversa não ideal dos diodos. Nesta
prova, é necessário que o transistor esteja à
COM temperatura ambiente, pois, as correntes de
fuga variam fortemente com a temperatura.
"
OH METRO Um transistor apresenta quatro tipos di-
ferentes de corrente de fuga de coletor :
IcEo• para a base aberta, leso• para emissor
aberto, Ic.,1, para curto-circuito entre base e
emissor, IcER• quando há um resistor entre
coletor e emissor. Tôdas essas correntes po-
Ao se trabalhar com transistores, é mui- dem ser medidas com bastante precisão,
usando-se um pequeno circuito auxiliar, de
tas vêzes conveniente uma verificação rápida fácil montagem (V. fig. 1).
e fácil de seu funcionamento correto. Isto é
de particular importância para os amadores,
que normalmente fazem suas experiências
-9V
utilizando transistores retirados da "sucata"
e que não dispõem de meios para a aquisi-
ção de um provador para fazer a verificação
mais elaborada.
Um ôhmetro permite apenas uma verifi-
cação aproximada do funcionamento das
junções do transistor. :a:sse processo é mais
seguro no exame individual dos diodos cons-
tituintes do transistor, para a constatação de
... ~----------------~+
Bu1
interrupção ou curto-circuito.
FIG. I
Para constatar interrupção, basta ligar o Circuito básico para o teste de
pólo negativo do ôhmetro à base do transis- transistores PNP por meio de um
tor, ligando a seguir, alternadamente, o outro multímetro. As medidas efetuadas
para as várias posições de S 1 são
pólo ao coletor e emissor. se a resistência
relacionadas na Tabela I. Nas po-
indicada fôr inferior a 1 kQ, não há inter- sições 1, 2 e 4 é usada a bucha
rupção dos dois diodos. Bu 2 e na posição 3, a bucha Bu I
Para o teste de condução inversa, pro-
TABELA I
cede-se de maneira inversa, isto é, liga-se o
pólo positivo à base e o negativo, alternada-
mente ao coletor e emissor. A indicação do POSIÇAO DE S 1 MEDIÇAO
ôhmetro deve ser superior a 5 k(.l; caso con-
trário, as junções do transistor estão com 1 I('Eit
defeito. A única exceção são os transistores
de avalanche ("drift"), cujo diodo emissor- 2 IcEo
-base tem resistência muito baixa. Possuem
também uma tensão de ruptura do emissor 3 Icno
muito baixa, da ordem de 0,7 - 2 V. Porém,
a limitação da corrente pelo ôhmetro impede 4 lcct
que uma sobrecarga danifique o transistor.

22 REVISTA ELETRôNICA
Em sene com o coletor do transistor em escala bastante sensível, por exemplo com
prova, é colocado um resistor de proteção e 30 JLA de deflexão total. O pólo positivo da
o multímetro M. Como as correntes de fuga bateria será ligado, através da bucha Bu 1 e
são em geral bastante diminutas, da ordem da posição 3 da chave Sp à base do transis-
de 1 a 10 !J.A, o multímetro deve possuir uma tor, para a medição de Icno ou então, através
da bucha Bu 2, ao emissor. A tabela I dá
as indicações necessárias para a medição.
A base fica sem ligação na posição 1 da
chave Sp na posição 2 fica ligada ao emissor
através de R. e. na posição 4 diretamente ao
pólo positivo" (Bu 2). O circuito da fig. 1
pode ser utilizado para transistores PNP;
para transistores NPN é necessário inverter
os pólos da bateria.
Pode-se aperfeiçoar o circuito, substituin-
do a chave S 1 por um tipo de 2 pólos (ao
9V
invés de 1) e 4 posições, e colocando uma
chave adicional, de 4 pólos 2 posições, para
FIG. 2 a inversão da bateria e do medidor (fig. 2).
Circuito aperfeiçoado, permitindo faz er todos os
testes com a bateria ligada às mesmas buchas e a O conjunto todo pode ser montado sôbre
escolha do tipo de medição é feita pela chave uma pequena placa de material Isolante. Con-
S 1 ; S 2 permite testar, com o mesmo arranjo, transis- vém usar um soquete especial para transis-
tores NPN ou PNP. As posições de S 1 correspondem tores, a fim de facilitar a colocação e retirada
também à Tabela I dêstes do circuito. 1:11:11:1

IDÉIAS PRÃTICAS

Rebarba.s de furos feitos em chapas de ferro, alumínio,


latão ou outro material usado para fazer chassis podem ser
retirados com a ferramenta simples mostrada no clichê: um
pedaço de tubo de aço, de diâmetro apropriado e com um re-
corte em "V".

Um método "elegante" para cortar os da lâmina de serra ao ponto onde se deseja


eixos de potenciómetros ou outros contrôles cortar. A rebarba ficará assím no centro e o
emprega uma máquina elétrica de furar.
Prende-se o eixo no mandril e, colocando o corte mais limpo. Naturalmente, êsse método
motor em funcionamento, apoia-se os dentes não funciona com eixos chanfrados.

JAN. / FEV. 1964 23


AS
.. "
FREQUEN CIAS Canal N . 0 Faixa de Freq. Port. Ví deo Port . Audio

MHz MHz MHz


DOS 33 584 - 590 585,25 589,75
34 590 - 596 591,25 595,75
CANAIS 35 596 - 602 597,25 601,75
36 602 - 608 603,25 607,75
DE TV 37
38
608 - 614
614 - 620
609,25
615,25
513,75
619,75
39 620 - 626 621,25 625,75
40 626 - 632 627,25 631,75
41 632 - 638 633,75 637,75
42 638 - 644 639,25 643,75
43 644 - 650 645,25 649,75
44 650 - 656 651,25 655,75
VHF
45 656 - 662 657,25 661 ,75
Canal N .0 Faixa de Freq . Po rt. Vídeo Port . Áudio
667,75
46 662 - 668 663,25
MHz MHz MHz 47 668 - 674 669,25 673,75
48 674 - 680 675,25 679,75
2 54- 60 55,25 59,75
61,25 65,75 49 680 - 686 681,25 685,75
3 60- 66
67,25 71,75 50 686 - 692 687,25 691,75
4 66- 72
81,75 51 692- 698 693,25 697,75
5 76- 82 77,25
52 698 - 704 699,25 703,75
6 82- 88 83,25 87,75
53 704- 710 705,25 709,75
7 174 - 180 175,25 179,75
181,25 185,75 54 710- 716 711,25 715,75
8 180 - 186
55 716- 722 717,25 721,75
9 186 - 192 187,25 191,75
197,75 56 722 - 728 723,25 727,75
10 192 - 198 193,25
57 728- 734 729,25 733,75
11 198 - 204 199,25 203,75
58 734 - 740 735,25 739,75
12 204- 210 205,25 209,75
59 740- 746 741 ,25 745,75
13 210 - 216 211,25 215,75
60 746 - 752 747,25 751 ,75
61 752 - 758 753,25 757,75
UHF
62 758 - 764 759,25 763,75
Canal N. 0 Faixa de Freq. Po rt . Video P ort. Áudio
63 764 - 770 765,25 769,75
MHz MHz MHz 64 770- 776 771 ,25 775,75
14 470 - 476 471,25 475,75 65 776- 782 777,25 781 ,75
15 476 - 482 477,25 481,75 66 782 - 788 783,25 787,75
16 482 - 488 483,25 487,75 67 788 - 794 789,25 793,75
17 488 - 494 489,25 493,75 68 794 - 800 795,25 799,75
18 494 - 500 495,25 499,75 69 800 - 806 801,25 805,75
19 500 - 506 501 ,25 505,75 70 806 - 812 807,25 811,75
20 506 - 512 507,25 511,75 71 812 - 818 813,25 817,75
21 512 - 518 513,25 517,75 72 818 - 824 819,25 823,75
22 518 - 524 519,25 523,75 73 824 - 830 825,25 829,75
23 524 - 530 525,25 529,75 74 830 - 836 831 ,25 835,75
24 530- 536 531,25 535,75 75 836 - 842 837,25 841 ,75
25 536 - 542 537,25 541,75 76 842 - 848 843,25 847,75
26 542 - 548 543,25 547,75 77 848 - 854 849,25 853,75
27 548 - 554 549,25 553,75 78 854 - 860 855,25 859,75
28 554 - 560 555,25 559,75 79 860 - 866 861,25 865,75
29 560 - 566 561,25 565,75 80 866- 872 867,25 871,75
30 566- 572 567,25 571,75 81 872 - 878 873,25 877,75
31 572 - 578 573,25 577,75 82 878 - 884 879,25 883,75
32 578 - 584 579,25 583,75 83 884 - 890 885,25 889,75

24 REVISTA ELETRÕNICA
MODULAÇÃO
EM
BANDA trapassam 3 kHz; portanto, a largura de
faixa requerida é de 6 kHz.
LATERAL
,
Como a onda portadora não transmite
qualquer informação, sendo usada somente
UNICA como meio de transporte do sinal de baixa
freqüência, poderá ser suprimida no trans-
missor, desde que seja reintroduzida artifi-
(SSB) cialmente no receptor. Neste último, um os-
cilador local pode se encarregar de reintro-
duzir a onda portadora suprimida no trans-
missor, contanto que seja projetado para
operar na ;nesma freqüência desta. Isto é
necessário para recuperar o número correto
Os rádio-amadores têm à sua disposição de oscilações de baixa freqüência após o cir-
uma faixa de fonia relativamente estreita. cuito detetor do receptor.
Portanto, tratam de usá-la tão racionalmente l!;ste método de transmissão resulta em
quanto possível. Um dos meios existentes considerável aumento de eficiência, pois a
para melhor se aproveitar as faixas de trans- energia que seria consumida pela onda por-
missão disponíveis é a modulação em banda
lateral única ("single sideband") .
IIR2

O objetivo dêste artigo é proporcionar aos


amadores de radiodifusão que ainda desco-
nhecem os princípios do "SSB", uma análise
resumida a respeito dêste sistema de modu-
lação. Para que se entenda melhor o prin-
cípio do SSB, deve-se compará-lo com a
modulação em amplitude, comumente empre-
gada. Analisando o espectro de freqüências FIG. 2
da transmissão pelo sistema AM, verifica-se
que uma onda portadora é continuamente taciora pode ser utilizada para transmissão
transmitida. Se o transmissor fôr modulado, apenas das duas bandas laterais.
aparecerão duas bandas laterais, que serão A onda portadora pode ser fàcilmente
simétricas com respeito à onda portadora suprimida no transmissor ; no receptor, en-
(veja Fig. 1). tretanto, podem surgir dificuldades, pois a
onda portadora adicionada pelo oscilador lo-
cal pode estar fora de fase em relação àque-
la suprimida no transmissor. Entretanto, se
uma das bandas laterais for também supri-
mida na transmissão, a fase da onda porta-
dora adicionda não terá grande importância
durante a deteção.
A supressão de uma das bandas laterais
Portodoro Fc +3KHz
não afeta a modulação a ser transmitida, pois
FIG. I ambas as bandas são simétricas com respeito
à onda portadora, possuindo portanto, cada
A largura de faixa, dentro da qual um uma, a mesma informação. Com isto, o au-
transmissor de AM opera, depende do sinal mento de eficiência, com respeito à modula-
de baixa freqüência a ser transmitido. Nas ção AM, torna-se ainda maior. A Fig. 2 mos-
faixas destinadas aos amadores, os sinais de tra o espectro da freqüência resultante da
baixa freqüência transmitidos raramente ui- supressão de uma das bandas laterais.

JAN./ FEV. 1964 25


Para fazermos uma comparação entre as potência da onda portadora é igual a 2/3 da
modulações AM e SSB, suponhamos que um potência total da alta freqüência; a potên-
sinal de alta freqüência esteja 100% modu- cia de cada banda lateral é somente 1/6 da
lado com um sinal de 3 kHz. Observando-se potência total.
Em outras palavras, um transmissor de
SSB de 100 W funciona tão eficientemente
quanto um transmissor de AM de 600 W.
fls !li
Se a onda portadora for suprimida jun-
I tamente com uma das bandas laterais, te-
I remos então a energia total para ser aplicada

/
/r \ I
em uma única banda lateral. Desta forma,
a eficiência de potência é aumentada em
I "--...._ - --"' mais ou menos 6 vêzes. Outra vantagem do
I 1--------~Portodoro sistema SSB reside no fato de que, em re-
I \ lação ao sistema AM, pode-se operar com
+--·-- . ____ j_ somente metade da largura de faixa. Conse-
I I qüentemente, basta que a largura de faixa
\ I na saída do transmissor seja de 3 kHz.
\ I As interferências existentes nas proximi-
\. I I
n Rl
" "'---.....__I _ __.._. . . , :Oo% /
modulo,õo
dades do receptor são reduzidas considerà-
velmente, devido à pequena largura de faixa
I empregada. Como a onda portadora não é
FIG. 3 transmitida, é impossível que o sinal de SSB
seja prejudicado por "fading" seletivo. Por
o diagrama representativo da modulação AM outro lado, um sinal de SSB causa menos in-
(veja Fig. 3) nota-se que a 100% de modu- terferências, que os sinais de AM.
lação a amplitude da banda lateral é igual
à metade da amplitude máxima da onda por-

D O·
tadora. A Fig. 4 apresenta o espectro da
freqüência correspondente .
Analisaremos, em primeiro lugar, o
que uma porção percentual de potência da
onda portadora representa com respeito à 11R5
potência das bandas laterais. Se a tensão de FIG. 5

Em princípio, um transmissor de SSB


deve preencher dois requisitos:
a) Suprimir a onda portadora
b) Suprimir uma das bandas laterais
0.5 0,5

Fc -3KHz Fc +3KHz Supressão da onda portadora


FIG. 4
Existem diversas formas de suprimir a
pico da onda portadora tem valor 1, a tensão onda portadora. O circuito mais usado para
de pico de cada uma das bandas laterais êste fim é um modulador balanceado <veja
terá o valor 0,5; se a potência de pico da Fig. 5).
onda portadora fôr igual a 1, a potência de A tensão da onda portadora é aplicada
pico de cada banda lateral deve ser 0,25. simetricamente através das duas derivações
<Wpico é proporcional a Vpico2 )* . Segue que a centrais do primeiro transformador, enquanto
a tensão de modulação é aplicada ao enrola-
(*) Potência da onda PQrtadora : Potência da primei-
banda lateral : Potência da segunda banda lateral = mento prlmá11io do mesmo. Deve-se fazer
11411211
1:-
com que a amplitude da onda portadora seja
4 um múltiplo da amplitude do sinal de baixa

26 REVISTA ELETRóNICA
freqüência, ou seja, o fator de modulação Há um 3. 0 método, mas êste é bastante
deve ser pequeno. A onda portadora faz os complicado, razão pela qual não entraremos
dois diodos conduzirem ou não, de acôrdo em detalhes a respeito. O método de filtra-
com sua freqüência. Os diodos, pràticamente, gem é o mais simples e, portanto, o mais
desempenham a função de interruptores. Se empregado. Aqui, o sinal de dupla banda
os dois diodos conduzirem, os dois transfor- lateral produzido pelo modulador balanceado
madores estarão ligados em série e somente é aplicado a um filtro de banda lateral única.
a tensão de modulação passará através deles. "Êste filtro permite a passagem de uma só
Se os dois diodos estiverem cortados, a liga- banda lateral.
ção entre os dois transformadores estará in-
Verifica-se pela Fig. 1, que êste filtro deve
terrompida. Então, a tensão de baixa fre-
qüência é interrompida de acôrdo com a apresentar uma curva de resposta com um
freqüência da tensão da onda portadora. declive muito bom para desempenhar bem
a sua função. Atualmente, conhece-se dois
tipos de filtro que apresentam o declive re-
querido, ou seja, o filtro de cristal e o filtro
eletromecânico. Muitos dos filtros eletrome-
cânicos são baseados no assim chamado efeito
magnetostritivo. Entretanto, êste tipo de fil-
tro é muito caro e, além disso, os amadores
não são capazes de construí-lo.
Um bom declive pode ser conseguido tam-
bém com o uso de um filtro de cristal, que
FIG. 6 possui a vantagem adicional de ser mais ba-
rato e poder ser eventualmente construído
A forma da tensão de saída do modula- pelo amador.
dor <Vm) é mostrada na Fig. 6. Durante t 1
os diodos conduzem - durante t~ os diodos Com o método de alteração de fase é
estão cortados. Se esta curva fôr analisada necessário introduzir uma mudança de fase
de acôrdo com "Fourier", pode-se notar que, de 90.0 na tensão de modulação, através de
primordialmente, as duas bandas laterais tôda a gama de freqüência de áudio, e tam-
(f port. + f mod.) e
(f port. - f mod.) estão presentes.
A freqüência da onda portadora não está
mais presente pode-se observar que o modu-
lador é perfeitamente simétrico, pois as cor-
rentes da onda portadora nas duas metades
do enrolamento são opostas e iguais entre si.
O mesmo resultado pode ser obtido por meio
o
de válvulas (modulador balanceado) . Neste
caso as grades de um circuito "push-pull" FIG. 7
são excitadas em anti-fase enquanto os ano-
dos são ligados em paralelo <veja Fig. 7l.
bém alterar os sinais de alta freqüência de
Com êste circuito, a tensão v, obtida 90.0 entre si. Isto ocasiona dificuldades na
representa as duas bandas laterais de um construção e ajuste dos moduladores. Além
sinal AM, sem qualquer componente da onda
disso, a supressão da banda lateral é de me-
portadora.
nor eficiência do que com o método de fil-
tragem.
Supressão de uma das bandas laterais
A Fig. 8 apresenta o diagrama em blocos
Existem dois meios para se efetuar a su- de um transmissor simples para SSB. A su-
pressão de uma das bandas laterais: pressão da onda portadora é efetuada no
modulador M 1 , que é um modulador balan-
1- Método de filtragem
ceado ou em anel. M 1 é alimentado com o
2- Método de alteração de fase sinal de um oscilador a cristal, proporcionado

JAN./ FEV. 1964 27


llRB

Oscilador Oscilador de
Cristal Frequência variável
(Baixo frequência) (Alta frequência)
x.o. V.F.O.
FIG. M

por XO, que representa a onda portadora, e para operar na banda superior (f port. + 2
ainda com um sinal de baixa freqüência kHzl , será transmitido um sinal de 3,602 MHz.
(modulação). Na saída do modulador, apa- O receptor é sintonizado em 3,602 MHz e
recem somente as duas bandas laterais. Uma tem uma FI de 470 kHz. Se a freqüência
das bandas laterais é suprimida no filtro F do oscilador local do receptor for menor que
e o sinal da outra é combinado com o sinal a freqüência de entrada (3,130 MHz), o sinal
de um VFO no estágio misturador M 2 . do transmissor excita uma FI de 472 kHz.
O sinal resultante é amplificado no es- Fornecendo o oscilador de batimento uma
tágio de saída. Os estágios de alta freqüência freqüência de 470 kHz a combinação desta
e de saída não podem provocar distorção, ra- freqüência com a de FI (472 kHz) dará lugar
zão por que só podem ser ligados em classe B a um sinal-diferença de 2 kHz, correspon-
(ou em classe A). dente à freqüência de modulação.
Ao se trabalhar com SSB devem ser to-
Recepção de um sinal de SSB
madas tôdas as precauções para que, tanto
o transmissor quanto o receptor tenham a
Na recepção de um sinal de SSB a onda máxima estabilidade de freqüência.
portadora suprimida na saída do transmissor
deve ser reintroduzida no receptor. Supo- Se as freqüências do transmissor e do
nha-se que um transmissor de SSB opere receptor não forem exatamente iguais, ocor-
numa freqüência de 3,6 MHz, isto é, a onda rerá uma mudança total da modulação de
portadora suprimida tem uma freqüência de baixa freqüência. Uma mudança de 50 Hz já
3,6 MHz. Se êste transmissor fôr modulado resulta em uma distorção apreciável na qua-
com um sinal de bai:x;a freqüência de 2 kHz, lidade do som. 1:11:11:1

28 REVISTA ELETRôNICA
FONTE
DE ALIMENTAÇÃO
Um aumento da tensão de saída fornecida
ESTABILIZADA pela fonte não regulada, constituída pelo
transformador e pelo retificadorJ acarreta
PARA um aumento na corrente através do díodo
Zener e, conseqüentemente, um aumento na
queda de tensão através do transistor T 2
6 VOLTS SATOSHI YOKOTA
(OC74}. Portanto, o díodo Zener fornece a
corrente de contrôle para T2 e, através dêste,
para T 1 (0C26 ou ASZ18} . R 1 é o resistor de
polarização para os transistores e o díodo
Nas expenencias com circuitos transisto- Zener; seu valôr (390 Q} foi escolhido de tal
rizados é importante poder-se contar com maneira que, mesmo com a máxima tensão
uma tensão de alimentação bastante estável. de rêde que possa ser esperada, a corrente
como em geral a rêde elétrlca, na maioria
através do dlodo Zener nunca possa ultra-
das localidades em nosso país, está sujeita a
passar o valor máximo permissível. O valor
Hutuações bastante acentuadas, é difícil, de R 2 é de 270 Q, e o capacitar C2 é de
sem provisões especiais, conseguir a necessá-
ria estabilidade. Uma solução seria o uso de 1000 fJ.F, 10V. .
A fonte de tensão não regulada e cons-
pilhas, mas nem sempre isto é interessante
tituída pelo transformador TR e pelo retifi-
ou possível.
cador. Neste, podem ser empregados dois
Por essa razão, resolvemos publicar, no
diodos de silício do tipo BY 100, que, poden-
presente artigo, a descrição de uma dessas
do fornecer até 500 mA de corrente retifi-
fontes, capaz de propiciar uma regulação
cada, trabalharão "folgados". O capacitar C1
satisfatória, sem que o tamanho fôsse ex-
é de 650 !J.F, 16 V.
cessivo. No projeto, foram levadas em conta
O transformador de força <TR} possue
variações da tensão de rêde, entre 80 e 130 V,
secção do núcleo de 1!2" x 1/2" 02 x 12 mm)
pois tais variações são frequentemente en-
c<>m primário (110 V} constituído por 2000
contradas nas rêdes de distribuição de ener-
espiras de fio n.0 35 AWG esmaltado e se-
gia elétrica em algumas regiões de nosso país.
cundário de 2 x 175 espiras de fio n.0 29
AWG esmaltado.
Na montagem, não se fazem necessárias
recomendações especiais. O díodo Zener dis-
pensa, no caso presente, o uso de um dissi-
pador de calor, o mesmo acontecendo com o
transistor T. (0C74}. O transistor regulador
(T } OC26 Õu ASZ18, trabalhando bastante
ab~ixo de sua máxima potência admissível,
requer apenas um dissipador de área mode-
rada. Pode ser, por exemplo, usada uma
chapa de alumínio enegrecido com 3 mm de
espessura e 50 cm2 de área, para temperatu-
FIG. 1 ras ambientes até 600C.
Circuito esquemático completo da fonte de tensão Nas medições experimentais realizadas
estabilizada de 6 V .
com esta fonte, foram os seguintes os resul-
tados constatados :
O circuito utilizado neste projeto é capaz Tensão de Rêde Corrente de carga Tensão de saída
de fornecer tensão de 6V, a uma corrente de (V} (mA} (V)
até 200 mA. Foram usados, um total de dois 80 200 5,4
transistores e um díodo Zener, na parte re- 110 200 5,7
guladora. A figura 1 evidencia a simplicidade 130 200 5,8
do circuito. 130 20 6,0
o díodo zener, do tipo BZZ 10, é usado Resistência de saída: 1,1 Q
apenas para fornecer um padrão de tensão. "Ripple" (C. A. sobreposta) : 0,05%

JAN./FEV. 1964 29
A
APLICAÇÃO
DE Cem pressão
Roref.o.çõo móxim7
"
ONDAS SONICAS
max•moj
.,
I I
I I
I I
NA I I
, : I
1 I

INDUSTRIA I I

-
Oireçõo de
propagação
..I

Direçõo do movimento
do porticulo
FIG . l·A
Na propagação de uma onda elástica com·
Durante os últimos vinte e cinco anos pressiona/, as partículas que formam o
desenvolveu-se uma nova classe de técnicas meio condutor do som vibram em direção
paralela à da propagação.
industriais empregando ondas sônicas para
as mais diversas finalidades. O conhecimen-
to dos fenômenos fundamentais destas téc-
nicas surgiu, em muitos casos, de simples
pesquisas que a princípio não se destinavam
a qualquer aplicação imediata. Os desenvol-
vimentos subseqüentes permitiram o aperfei-
çoamento de valiosas "ferramentas" indus-
triais. Outras ainda estão em fase de exe-
cução e experiência.
Para que se possa apresentar um esbôço
da atual situação é conveniente dividir o
campo de aplicação das ondas sônicas em
duas áreas. A primeira delas compreende as
aplicações de "processamento". A onda acús-
tica é aqui empregada para produzir trabalho
ativo e para iniciar ou acelerar alguma mo- FIG. 1-B
dificação nas propriedades do material sob O movimento da partícula, de forma
trabalho. A segunda área de aplicação refe- transversal, é perpendicular à direção
re-se a uma variedade de técnicas de inspe- propagação.
ção e teste, nas quais a onda acústica é
usada para proporcionar informações sôbre
as propriedades de materiais ou componentes. Direçõo do movimtn·
Antes de examinar em detalhes as téc- Regiões de desloca- to do porticuta
mento máximo
nicas disponíveis é útil observar resumida-
mente as propriedades das ondas sônicas e
definir alguns dos termos que usaremos. O
som é transmitido através de meios sólidos,
líquidos ou gasosos por ondas elásticas, que
podem ser de diversos tipos. Por exemplo, o
meio pode vibrar de forma compress!onal
<transmissão comum do som no ar), de
fonna transversal (as partículas do meio
FIG. l·C
movem-se perpendicularmente à direção da Em um bastão fino podem existir vibrações de forma
propagação), ou de forma torsional (como torcida. O bastão oscila em direção de sua extensão
aconteceria com uma vara fina e comprida (longitudinalmente) .

REVISTA FLETRÕNICA
se uma de suas extremidades fôsse súbita- 1) Apitos, nos quais um líquido ou gás
mente torcida). processado é bombado através de um orifício,
Nos meios líquidos o som, normalmente, provocando vibrações ao colidir com uma lâ-
só pode ser propagado de forma compressio- mina, ou então, é introduzido por uma cavi-
nal. Os modos ou formas de propagação são dade ressonante.
ilustrados na fig. 1. Podem ocorrer também
ondas de superfície, como as ondulações de Êste processo pode ser empregado somente
um lago. com líquidos de fluidez média.
As freqüências das ondas sônicas percep- 2) Transdutores magnetostritivos, que
tíveis pelo ouvido humano, em média, loca- são feitos de certos tipos de materiais ferro-
lizam-se abaixo de 16 000 Hertz. As freqüên- magnéticos. Tais materiais possuem a pro-
cias superiores a 16 000 Hz são chamadas priedade de mudar suas dimensões quando
ULTRA-SONICAS. Estas freqüências - que colocados num campo magnético. Um campo
podem alcançar alguns milhões de Hertz, são magnético alternado é produzido pela passa-
particularmente úteis na indústria, sendo o gem de corrente, fornecida por um gerador
têrmo "ultra-som" empregado corriqueira- elétrico de alta freqüência, através de uma
mente para qualquer processo que envolva bobina que envolve o transdutor. Isto faz com
ondas sonoras. que o transdutor passe a vibrar. Extrema-
O valor particular destas altas freqüên- mente resistentes, êstes transdutores são usa-
cias no trabalho industrial consiste princi- dos em diversas aplicações, em freqüências
palmente de duas propriedades que possuem. acima de 100 kHz.
As freqüênclas na escala de 10 kHz a 1 MHz 3) Transdutores "piezoelétricos" e ele-
são capazes de produzir em líquidos o fenô- trostritivos, feitos de materiais que respon-
meno conhecido como cavitação, Isto é, for- dem a um campo elétrico de modo similar
mação de bôlhas de gás dissolvido dentro do àquele onde os materiais magnetostritivos res-
líquido, por meio de vibrações. Estas vibra- pondem a um campo magnético. Os materiais
ções provocam choque entre as ondas e pro- adequados para sua fabricação são : quartzo.
porcionam pressões de muitas atmosferas. titanato de bário, ou zirconato de chumbo.
(As bôlhas são produzidas quando a pressão Consideràvelmente mais frágeis, são emprega-
instantânea no líquido atinge valôr inferior dos em altas freqüências, notadamente acima
à sua pressão de vaporização. Normalmente, de 100 kHz, onde os transdutores magnetos-
são necessárias intensidades substanciais de tritivos são impraticáveis.
som para que se Inicie êste fenômeno). Estas
os geradores elétricos empregados para
grandes pressões de choque produzem efeitos
poderosos de erosão e destruição que são excitar os tipos de transdutores magnetostri-
tivos e eletrostritivos são em geral equipados
utilizados para limpeza ultra-sônlca, proces-
com válvulas termlônlcas robustas. Usual-
sos de emulsão, etc.
mente, compõem-se de um oscilador que ex-
A segunda propriedade, de particular
cita um estágio de saída, mas às vêzes, con-
importância, é mais evidente em ondas sô-
sistem de uma grande válvula de potência
nicas de freqüências de 1 MHz para cima. usada como auto-oscilador. Em algumas
Estas ondas sônicas podem ser comparadas aplicações de alta potência requerendo diver-
com um feixe de luz, sendo que os fenôme- sos kW em freqüências relativamente peque-
nos de reflexão e refração ocorrem da mesma nas, abaixo de 25 kHz por exemplo, empre-
maneira. Podem, portanto, ser dirigidas para gam-se alternadores rotativas.
dentro de um material qualquer a fim de
verificar possíveis falhas ou defeitos inter- LIMPEZA E PROCESSAMENTO DE
nos, exatamente como uma luz visível poderia MATERIAIS
ser usada para examinar um diamante. A
transparência relativa dos materiais para o Provàvelmente, a aplicação do ultra-som
som e o modo pelo qual êste é refletido e mais divulgada é a limpeza ultra-sônica. Re-
retratado propiciam informações a respeito sultados absolutamente notáveis foram alcan-
das propriedades elásticas e da homogenei- çados em grande variedade de aplicações e
dade dos materiais. grandes melhoramentos foram obtidos em re-
Os métodos empregados para gerar ondas lação aos métodos convencionais, tanto no
acústicas são numerosos, mas para finalida- que se refere à rapidez como aos resultados
des práticas somente três são importantes: da limpeza.

JAN. / FEV . 1964 11


Os sucessos mais admiráveis são obtidos Equipamento aproximadamente similar é
no caso de pequenos objetos de superfície usado para vários tipos de outros processa-
irregular, tais como, esferas de mancais, com- mentos. A extração de óleos e decapagem de
ponentes de relógios, elementos de válvulas metais são processos que se destacam. Para
eletrônicas, etc. Trabalhos recentes, entre- decapagem de metais fundidos e das folhas
tanto, têm propiciado a extensão destas téc- de metal normalmente submete-se o material
nicas para muitos componentes volumosos, a um banho de ácido, cuja concentração é
tais como, corpos de válvulas hidráulicas e razoàvelmente alta. Com o uso de ultra-som
para peças fundidas antes do processo de no banho de decapagem a concentração pode
galvanoplastia, sendo que neste setor novos ser reduzida em alguns casos a um vigésimo
melhoramentos já se fazem notar. Em prin- do valôr normal. Além da economia resultan-
cípio, os componentes a serem submetidos à te, isto significa redução do risco de danifi-
limpeza são imersos em um solvente adequa- car a superfície do material.
do, que é posto em estado de cavitação por A extração de óleos essenciais de muitos
irradiação de ondas sónicas de alta intensi- produtos naturais, incluindo os destinados à
dade. A freqüência empregada, normalmente alimentação, pode ser consideràvelmente ace-
não ultrapassa 1 MHz. A cavitação desprende lerada, com o emprêgo de irradiação de som
as partículas de sujeira, que são então eli- de grande intensidade. A matéria prima é
minadas pelo solvente. Em freqüências mais tratada em quantidades, ao invés de peça
altas parece provável que a alta aceleração por peça, devendo ser colocada em um tan-
das partículas no solvente também desem- que provido de diversos transdutores e con-
penhe parte importante na ação de limpeza. tendo um líquido que age como portador do
Existem tanques de limpeza de vários tipos óleo extraído: Os transdutores normalmente
e tamanhos, cuja capacidade varia desde são do tipo magnetostritivo. O líquido deve
algumas frações de litro a vários litros. ser agitado por meios mecânicos a fim de
assegurar uma irradiação uniforme. A quan-
tidade de produto extraído, para uma certa
proporção de matéria prima, é aumentada
significativamente e o tempo de extração é
substancialmente reduzido, em relação ao
normalmente necessário.
Emulsificação de líquidos e dispersão de
pigmentos também podem ser executadas com
FIG. 2 equipamento similar ao acima descrito. En-
Princípio da limpeza u/tra-sônica. tretanto, para tais processos, é mais comum
- Objeto a ser limpo; 2 - Líquido; o emprêgo do sistema de fluxo contínuo,
3 - Recipiente; 4 - Transdutor; 5 - usando apitos de alta freqüência, devendo o
Gerador de ultra-som . iíquido passar diretamente através de um
conduto portador. A intensa cavitação produ-
Pequenas "tijelas" de limpeza, operando zida pelo ultra-som rompe as características
do líquido e proporciona completa mistura
desde 50 W de potência elétrica, são fabrica-
dos componentes, produzindo uma emulsão
das para usos em bancadas de montagem.
ou suspensão muito boa.
Servem para efetuar a limpeza de pequenos
componentes de precisão antes de seu em- Existem diversos tipos de reações quími-
prêgo na montagem de um equipamento cas que podem ser iniciadas ou aceleradas
qualquer. Existem também grandes instala- por meio do ultra-som, sendo que a eletro-
ções utilizando diversos kW de potência, que -galvanização destaca-se entre estas. Embora
são necessárias para fazer parte de métodos ainda esteja sendo usada experimentalmente,
modernos de alta produção. :ltstes equipa- as conclusões obtidas permitem que se espere
mentos grandes de limpeza possuem outras ótimos resultados. Um aumento de dez a quin-
vantagens, tais como : pré-lavagem, enxagua- ze vêzes na intensidade de corrente resultou
mento e possibilidade de constante filtragem em melhoria da qualidade de galvanização.
e distilação do solvente. Pode-se encontrar Já se encontram em uso pequenos equipa-
também equipamentos de capacidades inter- mentos para deposição de ródio e para banho
mediárias. de ouro.

REVISTA ELETRóNICA
TÉCNICAS DE FABRICAÇAO palmente como um martelo impulsionando as
partículas abrasivas, não há limitações sôbre
Os processos já descritos referiam-se a a forma dos cortes que se pode efetuar.
trabalhos químicos ou acabamento de super- Sem dúvida, as aplicações mais úteis refe-
fícies. Além dêstes, entretanto, desenvolveu- rem-se à perfuração de materiais intratáveis
se um sem número de técnicas que são de dotando-os · de orifícios das mais variadas
grande valôr na própria fabricação de com- formas, o que requereria muitas horas de
ponentes. trabalho manual pelos métodos convencionais.
Existem perfuradores ultra-sônlcos nas
diversas medidas em que são encontradas as
brocas rotativas padronizadas. Uma pequena
5 máquina de bancada, é ideal para efetuar
orifícios acima de 9,5 mm em vidros, cerâ-
6 mica e carbonetos sinterizados. Tal máqui-
na opera em 20 kHz, alimentada por um
2 gerador de 60 W. Existem máquinas maiores,
trabalhando com potência acima de 2 kW e
capazes de efetuar cortes numa espessura de
76 mm. Tais máquinas são, às vêzes, provi-
das de dispositivos de transporte, como nas
máquinas ferramentas. Outra máquina, re-
3 centemente desenvolvida, operando com base
em princípio diferente, é adaptada para per-
furar e escariar orifícios redondos em mate-
4 riais duros e quebradiços.

FIG. 3
Construção de uma perfuratriz
ultra-sônica.
- Registro de duas vias; 2 - Tu-
bulação ao bocal de saída, à mesa e
aos jatos; 3 - Bomba; 4 - Tanque
de sedimentação; 5 - Bocal de saída;
6 - Mesa de trabalho; 7 - Tubulação
de retôrno.

A tendência atual para o uso de mate-


riais excessivamente duros, particularmente a
cerâmica, foi iniciada pelo desenvolvimento
de equipamentos ultra-sônicos. Isto permite
que tais materiais, resistentes aos métodos
normais, posam ser trabalhados com relativa
facilidade. Uma ferramenta de metal mole,
fabricada para proporcionar um orifício de
determinada forma, é posta a vibrar em alta
freqüência, com uma amplitude de alguns
milésimos de milímetro. Esta ferramenta é
posta em contato com a peça que se preten-
de perfurar, aplicando-se um jato de água FIG. 4
e um pó abrasivo fino. Com a vibração as O soldador a u/tra-som (em cima) e a
maneira como funciona (em baixo).
partículas abrasivas são impulsionadas para
o interior da peça extraindo desta pequenos
fragmentos. Devido aos milhares de golpes No. que se refere à junção de metais, a
que ocorrem a cada segundo, o tempo de corte soldagem e ligação ultra-sônica oferecem cer-
é muito pequeno. tas vantagens. Muitos metais podem ser uni-
dos pela aplicação de suficiente pressão, par-
Pode-se notar que, desde que a ferra- ticularmente em altas temperaturas, mas
menta não efetua rotações, mas age princi- normalmente não se pode juntá-los em vista

JAN./FEV. 1964 33
da presença de uma camada de óxido que espccies dnerentes. Alem diso, não ocorre lU-
se forma sôbre a superfície. O ultra-som pode ~ao excesslVa aas peças. :t;sta tecnica ainda
ser Wlado para eliminar esta camada e per- nao encontrou aplicaçào comercia! em nosso
mitir que as superfícies limpas do metal es- pa1s, mas poderá tornar-se valiosa quando
tejam em perfeito contato. No caso da solda, ror melhor conheciaa.
a camada de óxido é destruída pelo efeito
de cavitação na própria solda fundida. APLICAÇõES EM INSPEÇAO E TESTE
~ste método é tão eficiente que, por exemplo, UE MA'l'.ERIAIS
o alumínio e suas ligas, que são pràtica-
mente impossíveis de soldar, são fàcilmente Não menos importantes que as aplicações
estanhados. Usa-se dois tipos de equipamen- Ja descritas, são as técnicas de inspeção, que
to. Componentes pequenos podem ser esta- se tornaram possíveis com o uso do ultra-som.
nhados mergulhando-os em um banho de Dentre estas, a que mais se desenvolveu
solda fundida, que é colocada em estado de é a deteção de defeitos de materiais. Nos
cavitação por meio de irradiação ultra-sônica. casos onde a segurança de um componente é
Um soldador ultra-sônico, no qual a ponta considerada vital, como ocorre na indústria
de um ferro aquecido de modo convencional de aviões, ou onde maquinária de grande va-
é posto a vibrar ultra-sônicamente, é ade- lor deve funcionar com exatidão, é importante
quado para uso em componentes que não que se examine a estrutura interna dos prin-
possam ser bem estanhados por imersão. cipais componentes a fim de assegurar a
aWlência de defeitos sérios. Em muitos casos
a deteção ultra-sônica de defeitos proporcio-
na um excelente meio de realizar êste exame.
Como já foi mencionado, os feixes de
ondas sônicas de alta freqüência comportam-
se da mesma forma que os raios de luz. Se
um transdutor de cristal for pressionado con-
A tra a face de uma peça, poderá ser Wlado
para propagar um pulso de energia sônica
para o interior do material que constitui a
peça. Se êste pulso de som encontrar um
defeito no material, será parcial ou totalmente
refletido e o conseqüente eco poderá ser re-
cebido por êste ou por outro transdutor. ~ste
processo é ilustrado na fig. 6. O intervalo de
FIG. 5 tempo entre o pulso transmitido e o retôrno
Princípio da união ultra- do eco é a medida da profundidade do defei-
-sônica de m etais. to. Fazendo com que os ·dois pulsos sejam
A - apoio fixo ; P - visualizados por um tubo de raios catódicos,
fôrça que comprime as a profundidade da falha pode ser indicada
duas chapas; V - Ele- visualmente.
mento de compressão, vi·
brando na direção da seta. Pràticamente todos os detetores de de-
feitos operam sob tal princípio, embora o
A união de metais por meio de ultra-som número de variações seja grande. ~ muito
é um desenvolvimento relativamente novo. comum, por exemplo, o uso de um transdutor
Os dois componentes a serem juntados são montado sôbre uma peça de acoplamento,
unidos e presos entre as garras da máquina, feita de "Perspex". Isto permite o emprêgo
não com muita fôrça. Uma das garras é vi- de ondas transversais, que são preferíveis às
brada ultra-sônicamente, rompendo as cama- ondas de compressão, proporcionando melhor
das de óxido que separam as superfícies dos definição. Outros cabeçotes transdutores em-
dois metais e permitindo que estas fiquem pregam cristais moldados para adaptação sô-
em perfeito contato. Proporciona-se então . bre tubos e outras superfícies irregulares,
uma união por pressão. Normalmente, as além de cristais duplos <transmissores e re-
operações de união consideradas difíceis, po- ceptores) adaptados em um cabeçote, dispo-
dem ser fàcilmente executadas. Os metais sitivos especiais de acoplamento, destinados a
podem ser unidos mesmo em camadas es- eliminar certos componentes indesejáveis da
pêssas e pode-se juntar também metais de onda sônica, além de muitos outros apetre-

34 REVISTA ELETRÕNIC ',


chos especiais para melhorar a operação do mente desenvolvidos proporcionam resultados
instrumento. mais precisos. Um transdutor é acoplado a
uma face da chapa a ser medida, sendo ali-
A fim de transmitir energia acústica do mentado com uma onda senoidal ininterrupta
transmissor para o material que está sendo proporcionada por um gerador de freqüência
examinado, ~ necessário assegurar boa união · variável.
acústica, empregando-se para tanto um meio
acoplador. Isto se faz, comumente, com óleo Esta freqüência, por ser variável, passa-
ou com água, que se aplica em fina camada rá por certos valôres nos quais a espessura
sôbre a face do transdutor. da chapa tornar-se-á ressonante e a impe-
dância aparente do transdutor sofrerá mo-
Para componentes grandes, de forma ir-
dificação. Esta, poderá ser indicada por um
regular, é sempre difícil obter resultados pre-
medidor adequado. A recíproca da freqüên-
cisos devido ao mau acoplamento acústico
cia ressonante pode ser usada como medida
entre o cabeçote de prova e a superfície ir-
da espessura, desde que a velocidade do som
regular do componente. Em tais casos a peça
na chapa que está sendo medida seja conhe-
tôda deve ser imersa em um tanque de lí-
cida. São utilizados dois aperfeiçoamentos
quido, juntamente com os cabeçotes transdu-
deste sistema. No primeiro, o oscilador é mo-
tores. Os cabeçotes, neste caso, nem sempre
dulado em freqüência, em banda estreita, por
precisam estar em contato com a superfície
da peça e podem, de fato, ficar a vários cen-
tímetros de àistância. :mste método, por si só,
proporciona exame semi-automático. Os ca-
beçotes são movimentados em vários sentidos
sôbre a peça a ser examinada até que tôda
sua superfície tenha sido percorrida. O ope-
rador, então, precisa sàmente observar a tela
do tubo de raios catódicos.
Um desenvolvimento que ainda não está
em uso geral, e que dispensa o tubo de raios
catódicos, emprega um registrador gráfico,
que pode ser ligado de forma a representar
secções completas da peça, assinalando qual-
quer defeito ou irregularidade desta. Tais
equipamentos, que estão sendo rápidamente
melhorados, podem em breve dar resultados
equivalentes aos dos raios X, sem muitos de
seus inconvenientes.
A freqüência na qual o aparêlho detetor FIG . 6
Princípio de operação de um detetor ultra-sônico de
de falhas é operado, é determinada pelo ta- defeitos. A deflexão horizontal do osciloscópio é
manho mínimo da falha que se pretende lo- disparada pelo pulso transmitido.. O eco que chega
calizar. Empregando-se uma freqüência de ao transdutor receptor é usado para produzir uma
def/extío do traço do osciloscópio.
de 5 MHz, que é a máxima comumente em-
pregada, pode-se localizar defeitos e porosi-
dades cujas dimensões não atingem um mi- uma freqüência de áudio (AF). Sob condi-
límetro. O som de tal freqüência, entretanto, ções de ressonância esta freqüência de áudio
é em geral rápidamente atenuado, razão pela aparecerá como uma componente da corren-
qual, para objetos grandes, pode ser neces- te de anodo da válvula que alimenta o trans-
dutor. Esta freqüência de áudio, então, pode
sário o emprêgo de freqüência mais baixa.
ser amplificada e injetada em fones. Ao
Surgem problemas quando se torna ne- invés de efetuar manualmente a sintonia da
cessário medir a espessura de chapas e outros ressonância, é possível variar a freqüência do
componentes estruturais, onde sàmente uma oscilador automàticamente, através de tôda a
face é convenientemente acessível. Evidente- gama de freqüências do instrumento. A res-
mente, um detetor de defeitos do tipo já sonância pode, então, ser mostrada por meio
descrito poderia ser usado para esta finali- de um tubo de raios catódicos que pode ser
dade, mas medidores de ressonância especial- equipado com um painel calibrado de acôrdo

JAN./ FEV. 1964 35


com as especificações do material que se a freqüência e o tempo de duração do teste
deseja medir. em segundos. Desde que a freqüência em-
pregada nêste método de teste de fadiga é
A velocidade do som, no que se refere usualmente de 20 kHz, enquanto os testadores
ao meio através do qual êste se propaga, é convencionais operam em uma freqüência
independente do movimento que o próprio
máxima de cêrca de 100 Hz, a economia de
meio possa executar. Ê:ste princípio serve de tempo é indubitável. De fato, um teste que
base a um método de medida, destinado a levaria semanas pelos métodos convencionais,
determinar a velocidade do fluxo de líquidos. pode ser efetuado em uma ou duas horas.
Se forem lançados pulsos de som no interior
de uma substância líquida, em duas direções
opostas entre si, as duas velocidades aparen- CONCLUSÃO
tes nas duas direções, serão diferentes. Se
chamarmos c à velocidade do som no líquido A literatura técnica que trata das apli-
e u à velocidade do próprio líquido, as duas cações industriais do ultra-som é abundante
velocidades aparentes serão: e muito variada. Centenas de aplicações pos-
v1 =c + u e c-u síveis são descritas em detalhes. Muitas destas
são de grande valôr potencial, outras já são
Então,
consideradas impraticáveis no que se refere
u ao problema econômico, ou porque a demanda
2 não é suficientemente grande para compen-
sar os esforços de um desenvolvimento co-
Pode-se notar que, se v1 e v2 podem ser mercial. Pudemos, neste artigo, mencionar
determinados e medidos, u pode ser derivado. somente algumas das aplicações mais impor-
Uma vez que as diferenças v 1 - c e c - v 2 tantes no campo industrial, mas cremos ter
são em geral pequenas a medição é usual- incluido o suficiente para esclarecer as van-
mente executada por um método de compa- tagens que o emprêgo das técnicas ultra-sô-
ração de fase. nicas pode trazer.
Nas técnicas de lnspeção e medida já Quando calculado, em escala industrial,
mencionadas a onda sônica foi empregada o custo da instalação de equipamentos ultra-
como uma "ferramenta" exploratória não sônicos pode em alguns casos parecer multo
destrutiva. Existe uma aplicação que se ba- grande. Enquanto em muitos casos êste custo
seia em um princípio bastante diferente, ou poderá ser comparado favoravelmente com o
seja, o teste ultra-sônico de fadiga dos ma- dos equipamentos convencionais, em outros,
teriais. Aqui, a amplitude de vibração de um onde simples métodos tradicionais têm sido
transdutor magnetostritivo é amplificada até empregados, o custo poderá ser considerado
que seja suficientemente grande para produ- não econômico. Entretanto, freqüentemente,
zir em uma amostra do metal que se deseja a economia obtida em mão-de-obra e nos
medir, esforços mecânicos alternados até que materiais é de tal monta que a inversão ini-
excedam seu limite ·de fadiga. É possível, cial para as instalações é ràpldamente com-
então, efetuar testes de fadiga sôbre uma pensada.
variedade muito grande de metais.
Deve-se lembrar também que as industrias
O valor dos esforços alternados a serem modernas esforçam-se contínuamente para
aplicados pode ser obtido medindo-se a am- desenvolver geradores e transdutores mais
plitude de vibração e a constante elástica do econômicos e é de se esperar que surja uma
material sob teste. O número de ciclos de considerável expansão no que se refere ao
esforço mecânico alternado necessários para emprêgo de equipamentos ultra-sônlcos na
produzir a falha é dado pelo produto entre indústria. mmm

36 REVISTA ELETRôNIC.\
INTERCOMUNICADOR
A
TRANSISTORES
demais tipos de amplificadores de áudio.
Importante é, por outro lado, uma potência
PAULO FIGUEIREDO L. ANDRADE suficiente para possibilitar perfeita audibili-
dade, mesmo em ambientes onde o ruído é
acima do normal.
O intercomunicador descrito neste artigo
Aparelhos intercomunicadores já não fornece potência de saída máxima de 1 W,
constituem mais novidade; existem mumeras sem saturação, com distorção máxima de
versões e execuções diferentes, mas o seu 8,8% . Está portanto, apto a propiciar desem-
funcionamento básico difere muito pouco. penho satisfatório, mesmo em ambientes onde
No entanto, a grande maioria dos aparelhos o ruído atinge níveis relativamente altos.
existentes emprega válvulas e, como estas Alimentado com pilhas de lanterna, de 1,5 V,
devem ficar permanentemente com os fila- consome aproximadamente 210 mA.
mentos ligados, há um desperdício considerá- A figura 1 representa o circuito esquemá-
vel de energia elétrica. Além disso, depois de tico completo do amplificador. A fim de
algumas horas, a caixa do intercomunicador obter uma sensibilidade adequada, foi neces-
aquece bastante, especialmente nos meses de sano utilizar um estágio preamplificador.
verão. Dessa forma, falando-se normalmente, a uma
Tudo isso contribuiu para tornar o tran- distância de 50 cm do alto-falante/microfone,
sistor extremamente adequado para o serviço consegue-se uma potência de saída de 600 mW.
de intercomunicação, acrescido do fato de, Por outro lado, porém, deve ser evitado um
excesso de sensibilidade, que provocaria corte
por ser a sua alimentação a pilhas, indepen-
der de eventuais interrupções no forneci- no amplificador, com uma. conversação nor-
mento de energia elétrica da rêde. mal. Conseguiu-se contornar o problema apli-
cando uma carga reduzida no estágio pré-
Em intercomunicadores, a consideração -amplificador (2,2 k(l) . Na entrada dêsse
primária não é a fidelidade de reprodução, estágio foi utilizado um transformador com
motivo porque pode ser tolerada uma dis- relação de espiras de 6,1/1, para adaptar a
torção relativamente mais elevada que nos impedância do alto-falante (usado como mi-

Rn
~--.---------------~--~--~NW~--~--~r---------~-------o-Ebb
1son
Ra.
1,51(

Tr3 Z=3,2 n

IC---~~
1 ~ 1'11

Entrado
FIG. I
Circuito esquemático completo do amplificador do intercomunicador transistorizado.

JAN./FEV. 1964 37
crofone) à impedância de entrada do tran- tanto o alto-falante local como o remoto estão
sistor. Poderia ser obtido um aumento de mudos (desligados do circuito), reduzindo ao
sensibilidade utilizando uma relação de es- mínimo o consumo de corrente, ou seja a
piras maior. cêrca de 6,5 mA.
Os estágios excitador e de saída são con- No modêlo experimental foi colocada ape-
vencionais. No primeiro, foi empregado um nas uma estação remota. O sistema de co-
transformador com relação de espiras de mutação ilustrado na figura 2, utiliza um
2,2/ 1+1; o transformador de saída, por sua relé na estação local, para o comando remoto,
vez, possue relação de 1,9+1 ,9/1. partir da sub-estação.

FIG. 2
Diagrama do sistema de comu-
tação Local/ rem oto, utilizado na
construção do protótipo.
2'

Mediante o emprêgo de um sistema ade- Com referência à montagem, o umco cui-


quado de comutação, é possível usar um úni- dado é o de manter afastadas as ligações do
co amplificador para duas ou mais estações. estágio pré-amplificador das do estágio de
Outra possibilidade oferecida é o comando, saída, a fim de evitar a introdução de rege-
desde qualquer das estações remotas; basta neração, pois, o estágio de entrada é bastante
para isso que o amplificador permaneça cons- sensível. A maneira mais elegante de fazer
tantemente ligado. Não há inconveniente nis- essa montagem é por meio de um painel de
so, pois, na posição de repouso das chaves, circuito impresso.

RELAÇAO DOS COMPONENTES

a) Alto-Falantes R,. 2,2 kQ 1/4 w


Usamos alto-falantes de 4" de 3,2 O de R, 2,7 kO 1!4 w
impedância, Novik N41, freqüência de resso- R,, 10 k(l 1/4 w
nância 180 Hz. Rr. 2 k(l 1/4 w
b) Transformadores R, 270 ;(l 1/ 2 w
Tr1 - Entrada : Douglas AS B06246-072 RR 1,5 k(l 1!2 w
com relação de espiras de 6,1 + 6,1!1. Ru 33 (l 1/2 w
Usamos somente um tap., ou seja 6,1/1. RlO 4 (l 1/ 2 w
Tr2- Driver: Audium 7450 de relação 3,2/ 1 +1 Rl i 15o n 1/ 2 w
Tr3 -Saída : Audium 7470 de relação 3,8/ 1. cl 640 ~.F 16 v
c) Relé c" 10 ~.F 25 v
com as seguintes características : c,l 40 !J.F 16 v
Bobina p / 6v, 13 mA c., 100 !J.F 25 v
2 pólos, 2 posições c,, 100 tJ.F 25 v
!fabricação Metaltex) eJ Transistores
dJ Resistores e Capacitares T, OC71
R1 120 kO 1!4 W T" = OC75
R2 22 kO 1!4 W T :v T, = OC74

38 REVISTA ELETRôNICA
CIRCUITOS
,
BASICOS
COM uma freqüência baixa - a freqüência in-
termediária de, digamos, 455 kHz.
TRANSISTORES 3) Um ou mais estágios amplificadores de FI.
4) Um estágio detetor, no qual o sinal de
AF é separado da portadora de freqüên-
cia intermediária.
5) Um ou mais estagias amplificadores de
Os transistores e diodos de cristal, isola- AF, o último dos quais é comumente de-
nominado de estágio excitador.
damente ou em conjunto, quando empregados
em circuitos adequados podem desempenhar, 6) o estágio de saída, que desenvolve a po-
pràticamente, tôdas as funções que há al- tência de áudio necessária para operar.
gum tempo eram executadas somente por
válvulas termiônicas de alto vácuo. Por 7) o alto-falante.
exemplo, um transistor em ligação de emis-
sor comum é comparável ao circuito de ca- o número de estágios amplificadores e o
tado-à-massa de uma válvula termiônica ; a número de circuitos ressonantes incluídos nos
ligação de base comum é uma versão tran- estágios de antena e amplificador de FI, de-
sistorizada do circuito de grade-à-massa; e. terminam entre si a sensibilidade e a sele-
finalmente , a ligação de coletor comum é ti vidade do receptor.
análoga ao circuito de seguidor catodino. A sensibilidade é definida como o sinal
Tal como nos equipamentos que utilizam de RF (modulado a 30%) na antena, em !J.V,
válvulas termiônicas, os aparelhos transisto- necessário para proporcionar uma salda de
rizados compõem-se de um ou mais estágioo, 50 mW de áudio ; a seletividade s,. é a ate-
cada um com sua função especial. A seleção, nuação do sinal quando o receptor está des-
quantidade e sequência dêstes estágios de- sintonizado em 9 kHz.
pendem, principalmente, da aplicação e de-
sempenho pretendidos, mas usualmente, os
CASAMENTO
mesmos são baseados em modêlos mais ou
menos padronizados.
Antes de considerar em detalhe o circuito
Neste artigo vamos analisar detalhada- básico de cada estágio, convém ressaltar que
mente os circuitos básicos dos diversos está- os diversos estágios devem ser acoplados elé-
gios de um rádio-receptor superheterodino. tricamente, de tal forma que a saída de um
O estudo dêstes estágios permitirá que se se torne a entrada do seguinte. Para máxima
conheça boa parte dos requisitos de outros transferência de potência, a impedância de
equipamentos, cujas aplicações nem sempre entrada do estágio seguinte deve ser casada
se relacionam com o setor de entretenimento. (e idealmente ser igual) à impedância d ~
Essencialmente, um receptor superhetero- saída do estágio precedente.
dino de alta qualidade é composto dos se-
guintes estágios : Consegue-se isto, empregando um trans-
formador redutor com núcleo de ferro para
amplificadores de AF, ou, com núcleo de
1J Um circuito de antena, sintonizado, para "Ferroxcube" para altas freqüências . Como,
seleção do sinal de RF (freqüência da entretanto, o transformador é um componente
estação) desejado. Em alguns casos, um
dispendioso e ocupa muito espaço, costuma-se
estágio amplificador de RF é associado ao substituí-lo por um circuito acoplador R-C ,
circuito de antena.
embora com pequenos prejuízos ao bom ca-
2) Um estágio conversor de freqüência, no samento, ou, nos amplificadores de alta fre-
qual a modulação do sinal de RF dos di- qüência, por um circuito ressonante com de-
versos transmissores é transferida para rivação.

JAN ./ FEY. 1964 39


Se Z0 indica a impedância de saída de ESTAGIOS DE SAíDA
um determinado estágio e Z10 a impedância
de entrada do estágio seguinte <veja fig. 1) O estágio de saída de um rádio-receptor
consegue-se um casamento considerado óti- deve ser projetado de forma a proporcionar
mo, no caso do transformador de acoplamen- máxima potência ao alto-falante. tste está-
gio pode consistir em um único transistor

o,,.
FIG. I funcionando em classe A, ou, como é mais
n:l ou 1:1 Ilustração do casamento de comum, de dois transistores em ligação "push-
dois estágios acoplados a -pull", funcionando, ou em classe A, ou em

~o
transformador com impe- classe B.
dância de saída Z 0 e impe-
dância de entrada Z;n res- Naturalmente, procura-se carregar o tran-
pectivamente (Z 0 >> Zin sistor ou transistores ao máximo, porém, deve-
4RI em circuitos transistoriza- se reconhecer que a dissipação máxima per-
dos) supondo z. =n• zin.

to, quando a relação de transformação, isto é,


a relação do número de espiras do primário
para o número de espiras do secundário, for

n =v o------~~--------o+
supondo-se um transformador ideal, ou seja, 4R3
livre de perdas.
Infelizmente, não existe um transforma-
dor livre de perdas; a eficiência de um trans-
formador pode ser calculada pela fórmula:

"lltr =
n2 Rcaron + n2 Rsoc + Rpr
Na prática, esta eficiência é de cêrca de
70 a 80%.
No acoplamento por meio de um circuito
ressonante com derivação, a posição do ponto
FIG. 3
de derivação pode ser determinada de forma Circuito (a) e característica (b) de um estágio de
que Rin =
t 2 R 0 , (veja fig. 2). saída classe A , com carga acoplada a transformador.
A bateria fornece V 8 / 01 watt de potência d.c .
Potência a.c. proporcionada
V8 101
v,·ms . l, . ms == - - -
y2 2
Eficiência teórica: 50%.

missivel para o coletor limita a potência de


Nos tópicos a seguir os diversos estágios saída. Como a dissipação é dependente da
não serão considerados na ordem em que se resistência térmica K, - P mox sendo igual a
encontram dispostos em um receptor. O es- (Tlmox - T.l/K - é essencial proporcionar
tágio de salda será analisado em primeiro meios adequados para a remoção do calor
lugar; depois os estágios detetor e amplifica- gerado.
dor de AF e assim por diante, até o circuito Tais providências incluem o uso de ale-
de antena. Esta sequência foi escolhida de- tas de refrigeração, um dissipador, boa cir-
liberadamente, por permitir que se analise os culação de ar, etc.
problemas relativamente simples de baixa As figs. 3a e 3b apresentam o circuito e
freqüência antes de considerar os problemas características de um estágio de saída em
especiais relacionados com operação em altas classe A, com carga (alto-falante) acoplada
freqüências. por transformador. Desde que, com transfor-

40 REVISTA ELETRÕNICA
mador de acoplamento pode aparecer apro- Teóricamente, a eficiência máxima de um
ximadamente o dôbro da tensão de alimen- estágio amplificador classe A, com o emprêgo
tação no coletor, em vista da auto-indutância de um só transistor ou dois transistores em
do transformador, o valor de v. não deve "push-pull", é de 50% . Em um estágio de
exceder 1/2 Vc~-:m, x· Em operação classe A, saída "push-pull" em classe B, cujo circuito
onde o ponto de funcionamento se encontra básico é mostrado na fig. 4, a eficiência teó-
situado mais ou menos no centro do intervalo rica é de 78 %, com excitação total.
de variação permissível da tensão pode-se Na prática, a eficiência é um pouco me-
considerar êste ponto como correspondente nor do que 78 %, uma vez que o transistor
a V, . pode ser excitado sómente entre o limite
Ic = I, .., e v,. = V;,,.1, , , pois não se dispõe
do intervalo total de variação. Além disso,
existe uma perda de potência entre o tran-
sistor e o alto-falante, já que a eficiência
do transformador é sómente cêrca de 80 %.
O volume ocupado por um transformador
de saída e o dispêndio monetário resultante
de seu emprêgo podem ser evitados, empre-
gando-se o circuito de saída "push-pull" sem
transformador, mostrado na fig. 5. Entre-
tanto, neste circuito precisam ser usadas
-...---~-._ ____....__+------<>+ duas baterias idênticas, ou uma só bateria
v5 com derivação central. A saída pode ser ob-
L----------4-------<>- tida através de um transformador cujo en-
··~ rolamento primário não tem derivação, ou,
FIG. 4
ligando-se o alto-falante diretamente ao cir-
Estágio de saída "push-pulf' classe B. cuito caso sejam empregados transistores de
Valor r.m.s. da corrente (meio seno)= l r ms =I cM / tt potência adequados.
A bateria fornece 2 X V 8 . 1""' = 2 V 8 I 0 M j tt
Potência a.c. forne cida = 1 j 2 I cM V ,
Eficiência teórica = =
-:: j 4 . 100% 78%
o DETETOR

A fig. 6 apresenta um circuito detetor


para sinais de AM. O sinal de alta freqüên-
Em operação "push-pull" classe A a po- cia <RF ou FI) é retificado por um diodo de
tência total de saída é o dôbro da obtida
com um só transistor em classe A.

FIG. 6
Diagrama do circuito de um detetor para sinais
de AM.

cristal; o capacitar C", cuja capacidade deve


ser convenientemente alta, é carregado com
a tensão de pico do sinal de alta freqüência .
O sinal de AF aparece, então, sôbre o resis-
tor de carga do diodo (R 1 ) e é aplicado ao
primeiro estágio amplificador de AF.
Em principio, êste circuito é igual ao
circuito de um diodo detetor termiônico, mas,
••• como a impedância de entrada R 1, de um
FIG. 5 transistor é muito menor que a de uma vál-
Estágio de saída "push-pu/1'' sem transformador. vula termiônica, ela introduz um grande

JAN ./ FEV. 1964 41


amortecimento sôbre o circuito ressonante de por meio de um transformador (fig. 8-a),
RF, L 1 C1 , que, efetivamente, está em para- cujo enrolamento do primário deve ter uma
lelo com R 1 . Além disso, a ligação paralela impedância de uns poucos quilo-ohms em
dos pequenos valores de R; 11 e R 1 apresenta baixas freqüências de áudio. Caso se queira
somente uma pequena reatãncia ao sinal evitar o emprêgo dêsse transformador, pode-
de AF. se substituí-lo por um resistor em série (R 8 )
(veja fig. 8-b). A fim de reduzir o amorte-
A fig. 7 mostra as características de de- cimento e melhorar a relação RAc/Rnc• o
tecção, isto é, a corrente média do diodo, re- valor de R. deve ser alto. Como, entretanto,
presentada em função da tensão contínua a perda de potência em R. é proporcional ao
negativa que aparece sôbre R 1 , com a tensão seu valor, é necessário, na prática, estabele-
cer um compromisso de modo que R, seja
Ia v de cinco a dez vêzes maior que R;n·

t ESTÁGIOS AMPLIFICADORES DE AF

Ao sair do estágio detetor, o sinal de AF


é injetado em um estágio amplificador de
AF, ou em dois ou mais dêstes estágios em
cascata, onde é amplificado em tal propor-
ção que o estágio excitador possa proporcio-
nar uma variação de corrente suficiente para
carregar ao máximo o transistor ou transis-
tores do estágio de saída. O conjunto total
da seção AF do receptor deve ser projetado
-Voe em R1 - - - de tal forma que um funcionamento perfeito
FIG . 7 ~eja assegurado, mesmo sob as piores con-

Características de deteção com linhas de carga a.c.


dições de temperatura, variação de caracte-
e d.c. rísticas de transistores, etc.
É óbvio que os estágios amplificadores de
AF e, naturalmente, o estágio de saída devem
de RF como parâmetro. A resistência R 1 é possuir meios de estabilização, a fim de evi-
representada pela linha de carga (d.c.), de- tar avalanche térmica ou mudança do ponto
terminando então o ponto de funcionamento de funcionamento, efeitos êstes que ocorrem
P. A detecção real, entretanto, segue a linha como resultado da variação das caracterís-
de carga a.c., RAc• que também passa sôbre P. ticas do transistor.

o b
FIG. 8
la) - Acoplamento de um estágio amplificador de AF ao eJtágio detetor por meio de um transformador.
(h) - Acoplamento por meio de um resistor série (R).

Pode-se notar que, em profundidades de mo- O número de estágios de AF requerido


dulação maiores que RAc/Rnc ocorrerá gran- é determinado de acôrdo com a sensibilidade
de distorção em vista do corte dos picos de desejada e, portanto, depende da amplitude
modulação. do sinal recebido do detetor e da intensi-
Êstes efeitos podem ser eliminados aco- dade do sinal necessário para excitar o es-
plarído-se o detetor ao amplificador de AF tágio de saída.

42 REVlST A ELETRôNICA
H:... \1
c
(a) - Circuito hâ>·ico do
acoplamento R-C de dois
estágios amplificadores de
AF.
!h)- Circuito equil·a/ente.

--------~--~--_. _____.__ +
4RIO

a b
O último estágio amplificador de AF, ou guma redução no ganho. li:ste sofre uma
seja, o excitador, é usualmente acoplado ao queda de 3 dB quando se emprega transfor-
estágio de saída por meio de um transfor- mador de FI de dupla sintonia ao invés de
mador, mas, entre os demais estágios usa-se, transformador de sintonia simples. Portanto,
normalmente, um acoplamento R-C. Para isto a escolha dos elementos de acoplamento, em
emprega-se um capacitor eletrolítico de cêrca cada caso, será determinada pela sensibili-
de 1 [J.F (veja fig. 9). dade e seletividade que se requer.
Os transistores introduzem um elemento
AMPLIFICADOR DE FREQü~NCIA de realimentação no circuito, representado por
INTERMEDIARIA (FI) Y 1 ~ no sistema Y de parâmetros. Isto não
só afeta a largura de faixa e o ganho, mas,
Os estágios amplificadores de FI são aco- o que é mais sério, resulta em um risco de
plados por meio de filtros de banda passante instabilidade (oscilação), ou pelo menos em
pré-sintonizados (transformadores de FI), que uma curva de ressonância assimétrica. O pro-
são responsáveis pela maior parte da seleti- jeto e os cálculos do circuito, particularmente
vidade do receptor. A seletividade, designada com respeito ao amortecimento dos circuitos
pelo símbolo 8 0 , é numêricamente definida sintonizados e portanto de seus fatores de mé-
como a quantidade de atenuação de um sinal rito, devem ser feitos de modo a manter a
quando o receptor está dessintonizado por 9 estabilidade elétrica.
kHz. É determinada pelo número e pelo fator
de mérito (Q) dos circuitos sintonizados de
radiofreqüência e freqüência intermediária.
Para se conseguir bôa seletividade, ou
seja, um valor de 8 0 de cêrca de 50 a 100,
em geral é necessário empregar dois estágios
de FI, desde que o estágio de entrada de RF
aumenta a seletividade de um fator de só-
mente 1,5. O emprêgo de dois estágios de
FI proporciona também bôa sensibilidade RF
o-----_.--+---~--~_.--~~----._-+
e assegura alta eficiência do detetor, sendo
preferível, portanto, ao emprêgo de um es-
tágio de AF adicional, que proporcionaria o FIG. 10
mesmo ganho total. Transformador sintonizado, derivado. indutit,..amente,
Na prática, tanto os circuitos de sintonia como elemento acop!tulor em um circuito de FI.
simples como os transformadores de FI (fil-
tros de banda passante) são usados como ele- A fig. 10 mostra um estágio de FI com
mentos sintonizados de acoplamento. Com um transformador de acoplamento sintoniza-
filtros de banda passante de dupla sintonia do ; os enrolamentos do primário e do se-
a largura de faixa pode ser aumentada para cundário possuem derivação a fim de obter
duas ou três vêzes em comparação àquela amortecimento suficiente, para assegurar a
obtida com circuitos de sintonia simples, estabilidade, e proporcionar o maior ganho
tendo a mesma seletividade, porém, com ai- possível de potência e boa seletividade .

.IAN. / FEV. 1964


Os pontos de derivação t 1 e t 2 , definidos A queda de tensão continua através de
como uma porcentagem do número de espi- Ro não é problemática, pois costuma-se ali-
ras dos respectivos enrolamentos, devem ser m~ntar os transistores de FI com uma ten-
escolhidos de forma que o amortecimento pa- são mais baixa que a do estágio de saída.
ralelo das bobinas do primário e secundário Neste último, usualmente, aplica-se a tensão

Fig. 11
Circuito prático para conversor
de freqüência ef!l receptores de
onda média.

~-+----~----_. ____________.____ +
4RI2

seja R0 I t 1 2 e R 111 I t 2 2 respectivamente, onde total de bateria. Pela mesma razão, no cir-
R0 é a resistência de saída do transistor cuito de derivação indutiva da fig. 10 é in-
T 1 e R; 11 a resistência de entrada do tran- cluído um resistor em série no circuito de
sistor T 2 . No diagrama estas resistências es- coletor. Entretanto, neste caso, R 1 deve ser
tão indicadas com ligações de linha inter- desacoplado por um capacitor de grande va-
rompida. lor, indicado no diagrama como C~.
Também pode ser empregada uma deri- O resistor de coletor pode, ao mesmo tem-
vação capacitiva, como indicado na fig. 11, po, ser usado para estabilização do ponto de
com a vantagem de se poder usar transfor- funcionamento, quando o circuito é alimen-
madores de FI padronizados, sem derivação. tado com metade da tensão da fonte, ou
Entretanto, esta combinação necessita de ali- em conjunto com um resistor de base (R 1 ).

Circuito RC neutralizador

----------4---~~~~--------~--._~~-t~+

L---
4RIJ

CAG
FIG 12
Combinação para neutralização básica em um estágio de FI.

mentação paralela (através do resistor R 2 , Esta combinação é usualmente preferível à


no diagrama). Isto introduz amortecimento estabilização feita com um potenciómetro de
adicional no circuito ressonante, reduzindo o base e resistor de emissor desacoplado, uma
ganho em cêrca de 3 dB por estágio. vez que assegura um valor de amortecimento

44 REVISTA ELETRÕNICA
mais constante e, conseqüentemente, um au- A seção osciladora do conversor de fre-
mento na uniformidade da seletividade e da qüência é sintonizada simultâneamente com
largura de faixa dentro das variações das o circuito de antena estando os capacitares
características do transistor. de sintonia C1 e C2 , acoplados mecânicamente.
O valor de C2 em relação a C1 , é escolhido
A realimentação também pode ser redu- de forma que a "diferença" de freqüência ,
zida por neutralização, permitindo eventual- isto é, <w,., - <ilose l seja constante em um
mente um ganho maior. Para isto, aplica-se valor conveniente (por convenção = 455 kHz).
à base, através de uma combinação R-C, um Os circuitos de acoplamento de FI são pré-
sinal obtido do primário do transformador em -sintonizados para a freqüência de FI, de
fase oposta à realimentação. O sinal de neu- modo que esta freqüência é separada e pos-
tralização deve ser ajustado de modo que a teriormente amplificada.
realimentação Y 12 , seja zero ou de valor in-
significante . O circuito básico de neutraliza- A oscilação local, <ilosc• é obtida pela in-
ção é mostrado na fig. 12. clusão de um circuito LC sintonizado no cir-
cuito de coletor, acoplado indutivamente ao
Seria ideal que cada transistor fôsse in- circuito de emissor. O oscilador é do tipo
dividualmente neutralizado, mas isto apresenta auto-oscilante e as oscilações se verificam
dificuldades práticas. Estas, entretanto, po-
dem eventualmente ser contornadas, empre-
gando-se um elemento neutra!izador fixo e
sub-dimensionado, que pode consistir, por Circuito
exemplo, de um simples capacitar. de R.F.

Desde que, nos transistores "alloy" a ca-


pacitância C12 é muito pequena, os circuitos
que empregam transistores dêste tipo não
precisam, via de regra, ser neutralizados.

O CONVERSOR DE FREQüÊNCIA I
I
I
No estágio conversor de freqüência o si- I I
nal de RF (freqüência da estação) é combi- L-~-------- _ I 4RI4

nado com uma oscilação de RF gerada lo- FIG. 13


calmente. Esta combinação produz uma fre- Diagrama do circuito básico de um conversor de
qüência mais baixa, constante, que serve de freqüência.
portadora do sinal original de modulação.
Como pode ser visto pelo circuito básico re- mediante excitação do circuito por um ruído
produzido na fig. 13, os dois sinais a serem casual, após o que estas são mantidas na
combinados são aplicados efetivamente em freqüência sintonizada.
série entre a base e o emissor. Ê!ste é o único
método prático para a conversão, com um Em um receptor projetado para diversas
dispositivo de três terminais como um tran- faixas de onda, ou seja, faixa de ondas mé-
sistor. dias OM e faixas de ondas curtas OC 1 , OC 2
e OC 3 , é possível às vêzes, evitar o emprêgo
A operação do conversor de freqüência de uma bobina osciladora separada para cada
pode ser explicada como segue: A caracterís- faixa, adotando-se uma conversão do "segun-
tica ib I vb de um transistor é não linear, e do harmônico". Por exemplo, para as OM
portanto a componente alternada da corren- (0,5 - 1,6 MHz) o circuito oscilador deve
te de base e ib = a, vh + a 2 Vb2 + ser sintonizado na faixa de 0,95 - 2,05 MHz.
Na mistura aditiva, v" é substituído por Os segundos harmônicos desta faixa de fre-
A A qüências abrangem 1,9 - 4,1 MHz e, por-
v,., sen w,,t + vose sen <iloset. tanto, são apropriados para uso com a faixa
Portanto, na corrente resultante apare- OC 3 , ou seja, 1,45 - 3,65 MHz. Similarmente,
cem componentes de várias freqüên- o segundo harmÓnico da freqüência do osci-
cias, incluindo aquelas com freqüência lador, usado para a faixa OC 2 , pode ser usa-
<w,, + <ilosel e <w,, - Ülose ). do na faixa oc,. de modo que somente duas

JAN./FEV. 1964 45
bobinas osciladoras são necessanas para ope- dos por tôda a faixa de sintonia teria varia-
ração nas quatro faixas. ções de diversas ordens de grandeza, com o
Um circuito prático para um conversor conseqüente risco de danificar o receptor.
de freqüência auto-oscilante, para a faixa de O CAG compensa também as flutuações na
ondas médias, é apresentado na fig. 14. Para intensidade de entrada ("fading") causadas
assegurar um casamento ótimo e mínimo por mudanças nas condições atmosféricas.

FIG. 14
Circuito prático para
conversor de freqüên-
cia em receptores de
onda média.

9V
I~
~~~------4-------------_.~------o+
L----------------------~ 4RI5

amortecimento, o coletor é ligado a uma de- O CAG funciona por meio de ajustes au-
rivação no primário do transformador de FI. tomáticos do ganho de um ou mais estágios
O circuito é estabilizado por meio do di- na seção de RF do receptor e por realimen-
visor de t€nsão da base, R 1 R 2 , e do resistor tação d.c. proporcional à amplitude da onda
de emissor R R, de modo convencional. portadora de RF. É derivado do detetor ou
de um estágio amplificador adjacente. Usual-
CONTRôLE AUTOMATICO DE GANHO (CAG) mente a tensão de CAG é usada para con-
trolar a corrente de emissor de um dos tran-
O contrôle automático de ganho assegura sistores de FI, ajustando assim vários parâ-
uma saída mais ou menos constante, inde- metrf'.s, resultando em redução do ganho.
pendente das variações do sinal de entrada, Se necessário, o conversor de freqüência e os

,
FIG. 15
--
Contrôle automático de ganho
pela variação das condições de
polarização de um transistor de
FI.

-
Corrente de controle
4RI6

-~~
isto é, das flututações de intensidade da onda : stágios amplificadores de RF podem ser
portadora, causadas pelas diferenças de po- controlados da mesma forma.
tência das estações transmissoras e pela dis- O contrõle da corrente de emissor é ob-
tância entre estas e o receptor. Na ausência tido variando-se a corrente de base por meio
do CAG a saída obtida dos sinais distribui- do sinal de CAG; isto resulta na alteração

46 REVISTA EI.ETRóNJCA
das condições de polarização do transistor, for projetado de forma que o estágio possa
como indicado na fig. 15. O sinal de CAG operar simultâneamente como um amplifica-
é aplicado através da combinação R-C, que dor c.c. e como um amplificador de AF.
opera como filtro de AF uniforme, para evi- Outro método de controlar o ganho de
tar realimentação de AF nos circuitos de RF. um estágio de FI é pela variação do amor-

CAG 41tl7

FIG. 16
Contrô/e automático de ganho de um estágio de FI pela variação do amortecimento do circuito ressonante ,
por meio do diodo D.

Para reduzir as inevitáveis perdas de potên- tecimento do circuito ressonante por meio de
cia no filtro acima, um reator poderia subs- um diodo, D, que é polarizado negativamente.
tituir o resistor, entretanto, como tal com- A corrente de contrôle do detetor é aplicada,
ponente é dispendioso, prefere-se empregar a então, à base do transistor de FI, como in-
combinação R-C. dicado na fig . 16.
O CAG requer uma considerável potência Com sinais fracos no detetor a corrente
c.c., uma vez que o arranjo para estabiliza- de coletor é grande, pois a tensão de contrô-
ção do transistor sob contrõle, evidentemente, le v. é pequena. Enquanto V, for menor que
se opõe à ação do CAG. Portanto, torna-se V" o díodo D estará cortado e o circuito LC
necessário que a estabilização do transistor de F.I. não estará amortecido. Com o au-
ou transistores sob contrõle não seja dema- mento progressivo dos sinais no detetor a
siado rígida, a fim de se obter suficiente corrente de base do transistor diminui, e com
contrõle com a potência c.c. disponível. A isto a corrente de coletor. A tensão efetiva
potência disponível para o CAG pode ser au- sôbre o diodo D torna-se, então, positiva, e
mentada, tomando-se o sinal de CAG do úl- começa a passar corrente através dele. Como
timo transformador de FI, por meio de um a resistência interna do diodo varia em pro-
díodo separado, ao invés de fazê-lo do de- porção inversa à tensão aplicada, o amorte-
tetor. Pode-se ainda obter o sinal de CAG cimento do circuito ressonante aumenta com
de um amplificador c.c. que segue o detetor. o aumento da intensidade do sinal e, portan-
Para esta última alternativa pode-se usar o to, o ganho do estágio sob contrôle diminui.
primeiro amplificador de AF, se o circuito I:JI:JI:J

.J.'\1\j ./ FFV. 19ó4 47

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