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Segunda Avaliação a Distância de Álgebra Linear II

1º Semestre de 2008

Gabarito
1ª Questão (2,5 pts): Determine a matriz, em relação à base canônica de IR3, que representa a rotação
π
de radianos (no sentido positivo) em torno da reta L (no espaço) determinada pelas seguintes
4
x=0
equações paramétricas y=t .
z=t

Você pode deixar indicada a matriz A em termos da relação de semelhança com a matriz rotação Aβ,
determinando a nova base ortonormal β, a matriz Aβ e também a matriz mudança de base da base β
para a base canônica de IR3.

Resolução: Observe que a reta L passa pelo ponto origem (0,0,0) e o vetor v = (0,1,1) é um vetor
direção para L.

Inicialmente, vamos determinar uma base ortonormal β para IR3, que contenha o vetor v = (0,1,1) e
dois outros ortogonais a ele, que sejam ortogonais entre si.

Objetivamos com isso trabalhar com um novo sistema de eixos ortogonais gerados a partir dos três
vetores desta base, de tal modo que o eixo Oz’ corresponda à reta L . Assim, poderemos utilizar a
matriz de rotação conhecida para esse caso:
cos θ − senθ 0
Aβ = senθ cos θ 0 .
0 0 1
Assim, deveremos ter que β = {u1, u2 , u3} tal que u3 tenha a mesma direção de v. Neste caso, basta
v 1 1
considerar que u3 = = 0, , .
v 2 2

Vamos determinar, a seguir, os vetores u1, u2.

Temos que o vetor v é ortogonal ao plano π: y + z = 0. Consideremos, o vetor u = (0,1, –1) ∈ π.


Logo, u ⊥ v.
Vamos obter agora um vetor w = (a,b,c) ∈ π tal que w ⊥ u .

1
(a, b, c) ∈ π b+c =0 2b = 0 b=0
Temos que ⇔ ⇔ ⇔ . Logo, temos w = (a, 0, 0).
w⊥u b−c = 0 b−c = 0 c=0

Fazendo, a = –1, obtemos um vetor w = (–1,0,0), tal que w ⊥ u e w ⊥ v.

u 1 1 w
Façamos u1 = = 0, ,− e u2 = = (-1,0,0), visto que
u 2 2 w

0 −1 0 1 1 1 1
0 0
1 1 2 + (-1) (− 1) det 2 2 2
det 0 = 0. det + 0. det
2 2 1 1 1 1
0 − − 0
1 1 2 2 2 2
− 0
2 2
1 1 1 1
= × − − ×
2 2 2 2
1 1
= +
2 2
= +1

Além disso,
i j k
1 1
u1×u2 = det 0 −
2 2
−1 0 0
1 1 1 1
= ×0 − − × 0 i − − (−1) × − − 0 × 0 j + 0 × 0 − (−1) × k
2 2 2 2
1 1
= (0)i + j+ k
2 2

1 1
= 0, , = u3.
2 2
1 1 1 1
Logo, obtemos base ortonormal β = 0, ,− , (−1,0,0), 0, , , mantendo o mesmo
2 2 2 2
sentido (de rotação) da base canônica.

2
u3

u2

u1

Então, a matriz rotação, em relação à base canônica de IR3, é escrita como:

A = P. Aβ . P-1 = P.Aβ.Pt,

π π 1 1
cos − sen 0 − 0
4 4 2 2
π π 1 1
sendo que Aβ = sen cos 0 = 0 e
4 4 2 2
0 0 1 0 0 1

0 −1 0
1 1
P= 0
2 2
1 1
− 0
2 2

2ª Questão (2,5 pts): Seja T: IR3 → IR3 o operador linear que representa a reflexão em relação ao
plano gerado π pelos vetores v1 = (1,0,1) e v2 = (1, –2, –1), e que contém a origem. Determine T(v),
para um vetor v = (x,y,z) com coordenadas na base canônica de IR3.

Resolução: O vetor v1 × v2 é normal ao plano π. Temos que


i j k
v1 × v2 = det 1 0 1
1 − 2 −1
= (− (− 2) × 1)i − (1 × (− 1) − 1 × 1) j + (1 × (−2) )k
= 2i + 2 j + (− 2 )k = (2,2,−2 ) .

3
Assim, a equação do plano é 2x + 2y – 2z = 0, ou simplesmente, x + y – z = 0.

Logo, podemos tomar um vetor n = (1,1, –1) normal ao plano π.

Novamente, vamos determinar uma base ortonormal β para IR3 , a partir deste vetor e de dois outros
ortogonais a ele, que sejam ortogonais entre si.

Objetivamos com isso trabalhar com um novo sistema de eixos ortogonais gerados a partir dos três
vetores desta base, de tal modo que o plano x’Oy’ corresponda ao plano π e o eixo Oz’ tenha a mesma
direção do vetor n. Assim, poderemos utilizar a matriz de reflexão conhecida para esse caso:
1 0 0
Aβ = 0 1 0 .
0 0 −1
n 1 1 1
Assim, deveremos ter que β = {u1, u2 , u3} tal que u3 = = , ,− .
n 3 3 3

Logo, temos que o vetor v1 = (1,0, 1) ∈ π e v1 ⊥ n.


Além disso, temos que v2 = (1, –2, –1) ∈ π e v2 ⊥ u .

v1 1 1 v2 1 2 1
Assim, podemos considerar que u1 = = ,0, e u2 = = ,− ,− .
v1 2 2 v2 6 6 6
1 1 1 2 1 1 1 1
Temos, então, a base ortonormal β = ,0, , ,− ,− , , ,− .
2 2 6 6 6 3 3 3

Logo, a matriz rotação, em relação à base canônica de IR3, é escrita como:

A = B. Aβ . B-1 = B.Aβ.Bt,
1 1 1
2 6 3
2 1
sendo que B = 0 − .
6 3
1 1 1
− −
2 6 3

Logo,

1 1 1 1 1
0
2 6 3 1 0 0 2 2
2 1 1 2 1
A= 0 − . 0 1 0 . − −
6 3 6 6 6
1 1 1 0 0 −1 1 1 1
− − −
2 6 3 3 3 3
4
1 1 1 1 1
0
2 6 3 2 2
2 1 1 2 1
= 0 − . − −
6 3 6 6 6
1 1 1 1 1 1
− − − −
2 6 3 3 3 3
1 1 1 2 1 1 1 1
+ − − − − +
2 6 3 6 3 2 6 3
2 1 4 1 2 1
= − − − +
6 3 6 3 6 3
1 1 1 2 1 1 1 1
− + + + −
2 6 3 6 3 2 6 3
1 2 2

3 3 3
2 1 2
= −
3 3 3
2 2 1
3 3 3
x − 2 y + 2z
x 3
− 2x + y + 2z x − 2 y + 2z − 2x + y + 2z 2x + 2 y + z
Então, [T(v)] = A y = . Logo, T(x,y,z) = , , .
3 3 3 3
z 2x + 2 y + z
3
Observe que, de fato,
T(1,0,1) = (1,0,1),
T(1, –2, –1) = (1, –2, –1) .
T(1,1, –1) = (–1, –1,1) = (–1) (1,1, –1)

3ª Questão (2,0 pts): Determine um operador ortogonal T: IR3 → IR3 tal que T(1,0,0) é paralelo ao
vetor (1,1,0).

Resolução:

a) Para que o operador T seja ortogonal devemos determinar uma base B para IR3 tal que [T]B seja
uma matriz ortogonal.

Podemos considerar, por simplicidade, a base canônica de IR3. Assim, devemos determinar uma matriz
[T] que seja ortogonal.

Para que isto ocorra, o conjunto {T(1,0,0), T(0,1,0), T(0,0,1)} deve formar uma base ortonormal de
IR3, basta então determinar vetores T(1,0,0), T(0,1,0) e T(0,0,1) ortogonais, dois a dois, e unitários.

5
1 1 1
Como T(1,0,0) é paralelo ao vetor (1,1,0), devemos fazer T(1,0,0) = (1,1,0) = , ,0 .
(1,1,0) 2 2

1 1
Observe que o vetor T(0,1,0) = ,− ,0 e unitário e ortogonal a T(1,0,0).
2 2

Por fim, podemos fazer T(0,0,1) = (0,0,1), dado que esse vetor é unitário e é ortogonal a T(1,0,0) e
também é ortogonal a T(0,1,0), pois:
1 1 1 1
, ,0 , (0,0,1) = ×0 + × 0 + 0 ×1 = 0 e
2 2 2 2
1 1 1 1
,− ,0 , (0,0,1) = ×0 + − × 0 + 0 ×1 = 0 .
2 2 2 2

1 1
0
2 2
1 1
Assim, obtemos a matriz [T] = − 0 que é ortogonal.
2 2
0 0 1

1 1 x+ y
0
2 2 x 2
1 1 x− y
Temos que [T(v)] = [T(x,y,z)] = [T].[v] = − 0 y = .
2 2 2
0 0 1 z z

x+ y x− y
Portanto, temos que T(x,y,z) = , , z e T é um operador ortogonal em IR3.
2 2

4ª Questão (1,0 pt): Determine a matriz A ∈ M2(IR), em relação à base canônica de IR2, tal que A
representa a projeção ortogonal sobre a reta r: 2x + 5y = 0.

Resolução:
O vetor o vetor v1 = (2,5) é um vetor normal à reta r e v2 = (–5,2) é um vetor diretor da reta r, pois
v1 , v 2 = (2,5), (−5,2) = −10 + 10 = 0.
v1 2 5 v2 5 2
Logo, temos u1 = = , , u2 = = − , e uma base ortonormal α = {u1,u2}
v1 29 29 v2 29 29
de IR2.

Assim, como u1 é um vetor unitário, temos que a projeção ortogonal sobre a reta r é determinada pelo
operador T: IR2 → IR2, tal que
T(v) = v, u1 u1

6
Assim,
2 5 2 5
T(v) = T(x,y) = ( x, y ), , ,
29 29 29 29
2x + 5 y 2 5
= ,
29 29 29
4 x + 10 y 10 x + 25 y
= ,
29 29
4 10 10 25
Como T(1,0) = , e T(0,1) = , temos que
29 29 29 29

4 10
A = [T] = 29 29 .
10 25
29 29
v1 2 5
Outra Solução: Tendo determinado a base ortonormal α ={u1,u2}, tal que u1 = = , ,
v1 29 29
v2 5 2
u2 = = − , , o operador ortogonal T que representa a projeção ortogonal sobre a reta r
v2 29 29
satisfaz as seguintes equações:

T(u1) = u1 = 1×u1 + 0×u2

T(u2) = (0,0) = 0×u1 + 0×u2


1 0
Assim, Aα = [T] α = .
0 0
2 5

Então, A = M . Aα .M-1= M . Aβ .Mt, sendo M = 29 29 .
5 2
29 29
Portanto,
2 5 2 5 2 5 4 10
− − 2 5
29 29 . 1 0
29 29 29 29 . 29 29
A= . = 29 29 =. 10
5 2 0 0 − 5 2 5 2 25
0 0
29 29 29 29 29 29 29 29

5ª Questão (2,0 pts): Determine a matriz A ∈ M3(IR), em relação à base canônica de IR3, tal que A
representa a projeção ortogonal sobre o plano π: x + y + z = 0.

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Resolução: Observe que os vetores v1 = (1,0, –1) e v2 = (1, –2, 1) pertencem ao plano π e são
ortogonais, pois (1,0,−1), (1,−2,1) = 1 − 1 = 0. Assim, obtendo um vetor v3 ortogonal a ambos, teremos
uma base ortogonal de IR3 e, conseqüentemente, uma base ortonormal de IR3.

(a, b, c) ⊥ v1 a−c = 0 a−c = 0 c=a


Temos que ⇔ ⇔ ⇔ . Logo, vetores da forma
(a, b, c) ⊥ v 2 a − 2b + c = 0 2a − 2b = 0 b=a
(a,a,a) são ortogonais a v1 e a v2.

Assim, fazendo a = 1, obtemos v3 = ( 1, 1, 1), sendo v3 ⊥ v1 e v3 ⊥ v2.

Observe que v3 é um vetor normal ao plano π, cuja equação é x + y + z = 0.

v1 1 1 v2 1 −2 1 v3 1 1 1
Logo, façamos u1 = = ,0,− , u2 = = ,
, e u3 = = , , ,
v1
2 2 v2 6 6 6 v3 3 3 3
obtendo uma base ortonormal β ={u1,u2,u3}.

Assim, como u1 e u2 são vetores unitários, temos que a projeção ortogonal sobre o plano π é
determinada pelo operador T: IR3 → IR3, tal que
T(v) = v, u1 u1 + v, u 2 u 2
Assim,
1 1 1 1 1 2 1 1 2 1
T(v) = T(x,y,z) = ( x, y, z ), ,0,− ,0,− + ( x, y, z ), ,− , ,− ,
2 2 2 2 6 6 6 6 6 6
x−z 1 1 x − 2y + z 1 2 1
= ,0,− + ,− ,
2 2 2 6 6 6 6
x−z −x+z x − 2 y + z − 2x + 4 y − 2z x − 2 y + z
= ,0, + , ,
2 2 6 6 6
3x − 3z − 3x + 3z x − 2 y + z − 2x + 4 y − 2z x − 2 y + z
= ,0, + , ,
6 6 6 6 6
2x − y − z − x + 2 y − z − x − y + 2z
= , ,
3 3 3

2x − y − z − x + 2 y − z − x − y + 2z
Logo, T(v) = , , .
3 3 3
2 1 1 1 2 1 1 1 2
Como T(1,0,0) = ,− ,− , T(0,1,0) = − , ,− e T(0,0,1) = − ,− , , temos que
3 3 3 3 3 3 3 3 3

2 1 1
− −
3 3 3
1 2 1
A = [T] = − − .
3 3 3
1 1 2
− −
3 3 3

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Outra Solução: Tendo determinado a base ortonormal β ={u1,u2,u3}, tal que u1 =
v1 1 1 v 1 −2 1 v 1 1 1
= ,0,− , u2 = 2 = , , e u3 = 3 = , , , o operador ortogonal T
v1 2 2 v2 6 6 6 v3 3 3 3
que representa a projeção ortogonal sobre o plano π satisfaz a seguintes equações:

T(u1) = u1 = 1×u1 + 0×u2+ 0×u3

T(u2) = u2 = 0×u1 + 1×u2+ 0×u3

T(u3) = (0,0,0) = 0×u1 + 0×u2+ 0×u3

1 0 0
Assim, Aβ = [T] β = 0 1 0 .
0 0 0
1 1 1
2 6 3
2 1
Então, A = P . Aβ .P-1= P . Aβ .Pt, sendo P = 0 − .
6 3
1 1 1

2 6 3
Portanto,
1 1 1 1 1
0 −
2 6 3 1 0 0 2 2
2 1 1 2 1
A= 0 − . 0 1 0 . −
6 3 6 6 6
1 1 1 0 0 0 1 1 1

2 6 3 3 3 3
1 1 1 1 1
0 −
2 6 3 2 2
2 1 1 2 1
= 0 − . −
6 3 6 6 6
1 1 1 0 0 0

2 6 3
1 1 2 1 1 3 1 2 3 1 2 1 1
+ − − + + − − + − −
2 6 6 2 6 6 6 6 6 6 3 3 3
2 4 2 2 4 2 1 2 1
= − − = − − = − − .
6 6 6 6 6 6 3 3 3
1 1 2 1 1 3 1 2 3 1 1 1 2
− + − + − + − + − −
2 6 6 2 6 6 6 6 6 6 3 3 3

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