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Be eee rca ee ENG. [REVISTA BRASILETRA DE ENGENHARIA QUIMICA Engenharia de Processos: Complemento Indispensavel a Formacao do Engenheiro Quimico RESUMO ‘Na maioria dos cursos de Engenharia Quimica do Pais, 0 ensino formal estruturado comega nas ciéncias bé- sicas e termina nos equjpamentos, que ‘880, no entanto, estudados de forma ‘compartimentada. O ensino de proces- ‘sos 6 praticado de forma descritiva e individvalizada: processo por proces- 80. O projeto ¢ ensinado de forma arlesanal, quase sempre como uma prdtica em fim de curso. Os alunos for- ‘mam-se, entéo, com uma visao desin- tegrada dos processos, com a impres- ‘80 de que os processos nada possu- ‘em em comum e de que projeto & uma atividade destituida de sistematica. Tal situagao decorre do desconhecimen- to da Engenharia de Processos, - par- te integrante da Engenharia Quimica, {que trata os processos quimicos como sistemas integrades -, que revela uma ‘estrutura comum a todos os procas- ‘808 da indlistria quimica, @ que ofere- ce uma sistematica para o projeto de processos. O ensino da Engenharia de Processos complela a formacao do fengenheiro quimico, servindo de ele- ‘mento de integrapa0 curricular e do corpo docente dos cursos de Engenha- 1a Quimica. INTRODUGAO Os conhecimentos pertinentes A En- genharia Quimica podem ser agrupa- dos em quatro nivels, a saber: as Cl éncias Basicas, os Fundamentos, a Engenharia de Equipamentos a En- genharia de Processos, como mostra a Figura 1. 10 Volume 17 Figurat - Classificacao dos conhe- cimentos na Engenharia Quimica No primeiro nivel, encontra-se o alicer- ce de todas as Engenharias, as cién- clas basicas, que tratam da descrigao eda quantificagao dos fendmenos na- turais. No nivel seguinte, estéo osfun- damentos da Engenharia Quimica, as- sociados & compreenséo @ & modela~ gem matematica dos fenémenos que ‘ocorrem nos equipamantes. O tercel- ro nivel corresponde & engenharia de ‘oquipamentos, que trata do astudo do projeto dos equipamentos da in- distria quimice. Aengenharia de pro- ‘cessos completa a formacao do en- Carlos Augusto G. {genhelro quimico tratando do estudo @ do projeto dos processes industrais. Os conhecimentos de cada nivel in- corporam, explicita ou implicitamente, 08 dos niveis anteriores. Uma descontinuldade importante € observada na passagem da Engenha- ria de Equipamentos para a Engenha- ria de Processos, caracterizada pelo seguinte: (@) NaEngenharia de Equipamen- tos, os problemas séo de natu- reza eseencialmente numérica, ‘consistindo da modelagam mate- rmatica de fend menos e de equi- pamentos, © da resolugo dos ‘modelos para conjuntos de espe- cificagdes. Na Engenharia de Processos, além de problemas de natureza numérica, existem problemas de natureza légica € combinatéria inerentes a selecao dos equipamentos e dos seus ar- ranjos, que aparecem durante a ‘concepgao de tluxogramas. ‘Na Engenharia de Equipamen- tos, 08 equipamentos sao trata- Perlingeiro Engenheiro Quimico pela Escola de Quimica da UFRU, Mesire om Engenharia ‘Quirmic,0.S2.em Engenharia Quimica no Stevens Instiute of Technology, Hoboken, NU, EVA, om 1970. Inciou carrera docents ne COPPE e na Escola de Quimica em 1964, Introduzi 0 ensino cbrigatoio de computacao na Escola de Quimica da UFRJ em 1864, ‘Sendo 0 autor do um dos primeiros fextos estuturados sobre computacao em portugues, Introcugio & Comunicagao com os Computadores Digtals.Inroduziv o ens formal da Engenharia de Processos na Escola de Quimica @ na COPPE em 1976. Membro do ‘primeira Comité Assessor do CNP9, de 1976 a 1978. Coordenador do Programa de Engenharie Quimica de 1969 4 1974, © de 1995 a 1906. Vice-iretor da COPPE de 1974 1975. Encortou as suas atvidades na COPPE om dozembro de 1996, transterindo-so ‘para a Escola de Quimica, ande se dedlea ao ensino, a redagdo de urn lito texto.0 ‘laborapao de umm higertexto sobre Engenharia de Processos. Agraciado com o titulo de _professor emsrito da UFRJ em agosta de 1897. Indicado para dretor da Escole de (Quimica para o periodo de 1996-200". ‘E-mait per@peq.coppe.uth.br a4. 1997/1998, dos individualmente. Na Enge- nharia de Processos, os equi- pamentos sao elementos interde- pendentes de um sistema inte- grado, com racicios, 0 que au- mente consideravelmente 0 por- te © a complexidade dos proble- mas numéricos. Historicamente, os conhecimentos re- lativos aos trés primeiras niveis encon- tram-se ha muito tempo organizados sob a forma de disciplinas consagra- das quo constituom a esséncia dos cur- riculos classicos de Engenharia Quimi- a, transmitidos imutavelmente, ha dé- cadas, a diversas gerapses de enge- Inheiros quimicos. A Engenharia de Pro- 08808, par outro lado, 86 comepou a ser estruturada no final da década de 1980, a partir da percepcao de que qualquer aprimoramento inovador nos processos daveria considerar @ con- cepedo dos fluxogramas, @ nao ape- nas 08 equipamentos. As seguintes questdes, até entao abordadas de for- ‘ma intuitiva, tiveram que ser tratadas de forma sistemtica (@) ainterdependéncia dos equipa- mentos; (b) a selecto de equipamentos ak ternativos para uma mesma operagao; (c)_osdiferentes arranjos possiveis de equipamentos num mosmo proceso, tratamento intelramen- te alheio & engenharia quimica classica. ‘Ao mesmo tempo, questées anélogas vvinham sendo tratadas em outros cam- os da Engenharia, resultando numa Unificagao de conceitos © de provedi- mentes. Originou-se, entio, uma Teo- Fla de Projeto, de cunho interdisci- plinar, baseada na Teoria de Sistemas ena Inteligéncia Artificial, cuja mani- festagao, na Engenharia Quimica, vei sera Engenharia de Processos. De- sencadeou-se, entdo, uma intensa ati- vidade de pesquisa, resultando em cer- ca de 200 trabalhos publicados nos principais perédicos de Engenharia Quimica, somente na década de 1970. Atualmente, um centro de referéncia nase assunto é o Engineering Design Research Center, da Camegie Mellon Essa realidade permanece, porém, desconhecida ou ignorada pala maior parte do nosso corpo docente. Por esse motivo, © ensino de processes pade- 19, na maioria dos cursos, dos seguin= tes males: (@) @ praticado de forma deseritiva @ enciclopédica, pro- ‘e850 por proceso, REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA QUIMICA Oprojeto de processos pode ser repre- sentado, de uma forma simplificada, por uma Arvore de estados, como mostra a Figura 2, para a produgao de um pro- duto hipotético P, Na ralz da arvore se encontra oobjeti- vo do processo, que & a producéo de . Astrés interrogacdes correspondem na base da memo- rizagao, em tungao dos conhecimentos de cada professor, ‘como se os proces: sos nada tivessem do corrige a visdo desintegrada que 0 censino compartimen- tado dos equipamen- tos proporciona aos alunos; © projeto de proces- (e) © NT 8 3G) oo s08 é ensinado de for- ma artesanal, tam- bem em fungao da ex- periéncia de cada professor, i- mitando-se muitas vezes 20 0 (otimizacao) A analise do proceso pode ser enrique- cida com a previsao do sou comportamen- to sob condigdes de operagao diferentes

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