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Volume 30 | Numero 1 | 2014 | ISSN 0102-9843

A indústria química e o
seu desenvolvimento no
âmbito da engenharia

ARTIGO TÉCNICO ENTREVISTA NOTAS


As Engenharias A importância e Brasileiros são
Químicas e o o desenvolvimento premiados
seu registro dos processos na em evento
profissional Indústria Química internacional
Fone (PABX): (11) 3864-1411
e-mail: vendas@sinc.com.br
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Todos equipamentos XOS aqui apresentados são compatíveis


com a ASTMD7039-13 e ASTMD2622. Essas normas regulamentam
GC-2010 Plus
o método padrão para Enxofre na Gasolina, Diesel, Querosene de
Aviação, Petróleo, Querosene, gasolina-etanol por comprimento
de onda monocromático dispersivo de Raios X.

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Plantas Piloto:
- Polimerização
Reatores Catalíticos: - Extração Supercrítica (SCF)
- MA EFFI- Microactivity Effi - Gaseificação
- MAT-ASTM D3907 - Reator de Agitação Contínua
-Four Runs Microactivity-Test - Projetos Customizados
MENSAGEM DO
MENSAGEM DO PRESIDENTE
PRESIDENTE

A
realidade da produção de energia, versidade Federal da Bahia e aprovada
principalmente a de matriz fóssil, em um concurso para engenheiro de pro-
tem sido pródiga em novas e re- cessamento júnior, Camila não pode com-
veladoras discussões para os tempos atu- parecer cerimônia de entrega do Prêmio
ais. Há muitos anos que não assistíamos Incentivo porque já estava no Rio de Ja-
a debates tão calorosos como nos últimos neiro e trabalhando na própria Petrobras.
10 anos. Ampliando a sua inserção nas faculdades
O Brasil de hoje, com seus recursos tec- e universidades, estamos retomando a
nológicos e investimentos pesados, quer atuação do Professor ABEQ, um importan-
Prezados(as) leitores(as),
chegar a extrair diariamente 1 milhão de te elo entre os estudantes de Engenharia
barris desse petróleo, que está entre 5 Química e a nossa associação. Professora
Nestadeedição
mil e 7 mil metros especial
profundidade numada eREBEQ, destacamos
também gestora a profissão
da Faculdade de Enge-de
Engenheiro Químico, com uma abordagem histórica das mais diversas
longa faixa do oceano Atlântico. nharia Química da Unifesp no campus de
áreas de atuação.
Mas enquanto nos debruçamos sobre o Diadema, cidade na Grande São Saulo, a
Com esta revista, encerramos o ciclo das publicações que foram desenvolvi-
pré-sal, inclusive doutora em Engenharia Química Patrícia
das pela com
gestãoosdamais
ABEQvariados
nos últimos quatro anos sob minha responsabilidade.
incentivos às empresas nacionais, vêm de Fazzio Martins é a mais nova integrante a
Foram nove edições que abordaram os mais diversos temas: os novos
outras partes do mundo
desafios das fazer
as notíciasQuímica,
da Engenharia
parte desse projeto da ABEQ.
química verde, gestão de projetos, en-
conquistasgenheiras químicas,
inacreditáveis sobre ao explora-
desafio dosNaalimentos, novas fronteiras
Unifesp- Diadema, do aprendi-
a professora Patrí-
ção do gászado, petróleo
de xisto, do pré-sal
o shale gas. Osesu-o gáscia
de relata
xisto eque,
biocombustíveis.
em tão pouco tempo de
cessos já sãoGostaria de Estados
visíveis nos agradecer o apoiooferta
Unidos, incondicional
da carreirade
denossos colaboradores,
Engenharia Química,
que trouxeram
com o produto artigos
já substituindo comde
a queima profundidade técnica,
o clima é de opiniões
surpresa pessoais,
e descobertas parare-
gistros de eventos e publicações e temas polêmicos, os quais formaram
carvão para a geração termoelétrica. os alunos matriculados e os professores
um mix propositalmente construído para atingir os interesses dos mais
diversos
Ao lado dos profissionaismais
norte-americanos, qua- contratados.Funcionando desde 2007, o
e pesquisadores.
tro países estão definidosacomo os donos curso teve uma aceitação tão positiva que
Parabenizo Secretaria da ABEQ, que teve um papel fundamental na
logística
das maiores tanto
reservas, com daChina, Méxi- dadeprópria
construção 50 vagas iniciais
revista hoje da
quanto já são 100 e
distribuição
co, Áfricada
domesma
Sul e a através
vizinha do correio e em
Argentina. da Internet. Estendo
dois turnos, diurno as
(10felicitações
semestres) aos
e
membros da Diretoria, pelo apoio, e aos(12
noturno nossos parceiros que cuidaram
semestres).
Ainda faltam muitos avanços nessa ex-
da edição e da gráfica de nossas revistas.
ploração, mas eles, ao final, se rivalizarão Como poderão ler nesta edição, a carreira
Também meu obrigado aos nossos anunciantes, que acreditaram na
com o petróleo e gás do pré-sal, inclusive de Engenharia Química, de uma forma ou
seriedade, abrangência e compromisso das nossas publicações com a
na questão de preços. Química.
Engenharia Teremos que espe- de outra, do pré-sal às salas da acade-
rar mais novidades para termos uma real mia, das oportunidades na indústria ou
Finalmente, registro meu agradecimento especial às nossas leitoras e
perspectiva desse futuro,
leitores, claro. nos apoiaram
que sempre nascom
estratégias dosde
sugestões grandes investidores,
melhoria das publi-
cações, com o carinho
Como o grande tema da REBEQ deste que nos deu
tem força e
estado entusiasmo
sempre em para procurarmos
evidência e com
pautas cada vez mais atuais e de interesse de nossa comunidade.
período é o petróleo, para nós foi uma interesse renovado, o que já marca even-
feliz coincidência a história da estudante tos estudantis ou o nosso Cobeq 2014,
UmaAlmeida,
Camila Ramalho boa leitura
umaa das
todos.
ven- que será realizado em Florianópolis.
cedoras do nosso Prêmio Incentivo, ini- Vamos falar mais disso na próxima edi-
ciativa com apoio da Braskem, Henkel, Edson Bouer,
ção, com diretor presidente da ABEQ
certeza.
Oxiteno e Petrobras. Formada pela Uni- Agora, boa leitura a todos.

Edson Bouer, diretor presidente da ABEQ

www.abeq.org.br Revista Brasileira de Engenharia Química I 2º quadrimestre 2013 3


www.abeq.org.br Revista Brasileira de Engenharia Química I 1º quadrimestre 2014 3
ÍNDICE

REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA QUÍMICA


Volume 30 • Número 1 • 2014 • 1º quadrimestre Nesta Edição
GESTÃO 2012 - 2014
Matéria de Capa�������������������������������������� 6
CONSELHO SUPERIOR
Carlos Eduardo Calmanovici, Eduardo Mach Queiroz, Fernando Baratelli Júnior, A indústria química e o seu
Flávio Faria De Moraes, Gerson De Mello Almada, Gorete Ribeiro De Macedo,
Marcelo Faro, Milton Mori, Selene M.a.g. Ulson De Souza, Raquel De Lima C. desenvolvimento no âmbito da
Giordano, Marcelo Martins Seckler
engenharia
DIRETORIA
Edson Bouer - Diretor Presidente
Gorete Ribeiro de Macedo - Diretora Vice-Presidente Artigos������������������������������������������������� 12
Denise Mazzaro Naranjo - Diretora Vice-Presidente
Maria Cristina S. Nascimento - Diretora Vice-Presidente As Engenharias Químicas e o seu
Suzana Borschiver - Diretora Secretária
David Carlos Minatelli - Diretor Tesoureiro registro profissional

REGIONAIS Análise da recuperação adicional de


Bahia óleo em reservatórios de petróleo
Luciano Sérgio Hocevar - Diretor Presidente
Ricardo de Araújo Kalid - Diretor Vice-Presidente utilizando solução polimérica
Pará
Pedro Ubiratan O. Sabaa Srur - Diretor Presidente
Fernando Alberto de Souza Jatene - Diretor Vice-Presidente
Entrevista��������������������������������������������� 31
A importância e o desenvolvimento
Pernambuco
Maurício A. Motta Sobrinho - Diretor Presidente dos processos na Indústria Química
Laísse C. de A. Maranhão - Diretora Vice-Presidente

Rio de Janeiro
Ricardo Medronho - Diretor Presidente
Notas���������������������������������������������������� 32
Argimiro Resende Secchi - Diretor Vice-Presidente
Projeto Beta EQ
Rio Grande do Norte
Ana Lúcia de Medeiros Lula da Mata - Diretora Presidente
Everaldo Silvino dos Santos - Diretor Vice-Presidente
Brasileiros são premiados em evento
internacional
Rio Grande do Sul
Heitor Luiz Rossetti - Diretor Presidente
Jorge Otávio Trierweiler - Diretor Vice-Presidente

São Paulo
Maria Elizabeth Brotto - Diretora Presidente
Henrique José Brum da Costa - Diretor Vice-Presidente

Diretoria Convidada
Antonio J. G. Cruz - Danniel Luiz Panza - Eric Yuko Minami Taga - Hely de Andrade
Júnior - João Bruno V. Bastos - Mayra C. Matsumoto - Paulo Takakura - Raquel
Lemos Bouer - Reinaldo Giudici - Ricardo da Silva Seabra

Secretaria
Supervisora Administrativa: Bernadete Aguilar Perez
Secretaria: Anderson Rogério da Silva

Secretaria Geral ABEQ


Rua Líbero Badaró, 152 - 11º andar - Centro
01008-903 - São Paulo - SP
Fone: (11) 3107-8747 - Fax: (11) 3104-4649
E-mail: abeq@abeq.org.br

REBEQ – REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA QUÍMICA

Editor Responsável
Edson Bouer

Capa
Shutterstock.com

A Revista Brasileira de Engenharia Química é uma publicação da ABEQ, registrada


no INPI sob o número 1.231/0663-032.
De periodicidade quadrimestral a REBEQ tem circulação nacional, distribuída aos
associados e profissionais da área de Engenharia Química.
A reprodução de seu conteúdo, total ou parcial, é permitida exclusivamente com
menção à fonte.
Os artigos assinados e declarações de entrevistados são de inteira responsabilidade
de seus autores.

Tiragem desta edição é de 3.000 exemplares.


INSCREVA-SE E PARTICIPE DO PRINCIPAL EVENTO
DO ANO VOLTADO À BIOENERGIA

Conferência Brasileira de Ciência


e Tecnologia em Bioenergia
Brazilian BioEnergy Science and Technology Conference

De 20 a 24 de outubro de 2014

De caráter internacional e com a participação


de palestrantes renomados, a conferência será
um fórum de discussão sobre os principais avanços
na área de bioenergia, incluindo aspectos
tecnológicos, sociais, econômicos e ambientais
relacionados à produção e uso de bioenergia

Oito minicursos serão ministrados no evento:


melhoramento da cana-de-açúcar
manejo agrícola da cana-de-açúcar
produção de etanol no Brasil
rotas bioquímicas para produção de etanol celulósico
rotas termoquímicas para a produção de biocombustíveis
biorrefinarias
motores movidos a biocombustível
sustentabilidade da produção de bioenergia.

Os participantes poderão realizar visitas técnicas


à Usina São Manoel, em São Manoel; ao Centro de Tecnologia
Canavieira (CTC), em Piracicaba (SP), e ao Laboratório Nacional
de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), em Campinas.

Pós-graduandos podem participar do BE-BASIC International


Design Competition for Students, enviando
o seu plano de inovação para a produção sustentável de
produtos baseados em bioenergia. O autor
Para maiores informações, acesse da melhor proposta será premiado (R$ 30 mil)
e poderá colocar a sua ideia em prática
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MATÉRIA DE CAPA

A indústria química e o seu


desenvolvimento no âmbito da
engenharia
por Felippe William

Um pouco sobre a história consumo, tais como vidro, sabão e muitas vezes por meio de mineração
da indústria química no têxteis. À medida que a Revolução ou agricultura, podendo formar ma-
Brasil e no mundo Industrial foi avançando e se inseriu teriais de utilização imediata ou para
na produção maciça desses bens, uso futuro em outras indústrias. Esse
A origem da Indústria Química muitos dos produtos naturais já co- período foi de muitas descobertas e
data dos primórdios do século XIX, nhecidos se tornaram insuficientes, elaboração de métodos utilizáveis em
época em que muitos dos princípios e, nesse contexto, surgiram novos pro- vários domínios, como a agricultura, e
químicos já eram utilizados para a cessos industriais para que algumas no desenvolvimento da tecnologia no
produção de bálsamos, colas, sabões dessas matérias-primas pudessem ser ramo de tintas e vernizes. Muitas fá-
e perfumes. Fazem parte da indústria produzidas. Nesses processos, es- bricas se estabeleceram na Europa, e,
química empresas que fabricam pro- tão incluídas reações químicas que na segunda metade do século XIX, um
dutos industriais, como agroquímicos, resultam em uma nova substância, novo campo científico dominou o mer-
polímeros, farmacêuticos, tintas etc. separações baseadas na carga iôni- cado das tintas: o dos polímeros. Isso
Materiais específicos, como carbona- ca dos elementos, destilações, além acarretou novas indústrias focadas na
to de sódio e potássio, passaram a de transformações por aquecimento produção de resinas.
ter grande demanda devido ao cres- ou por métodos diferentes. A indús-
cente desenvolvimento industrial no tria química engloba todo o proces- Marcos históricos da
que tangia à confecção de bens de samento de matérias-primas, obtidas indústria química

Dentre algumas das principais con-


quistas relacionadas à indústria quími-
ca, uma que se destacou notoriamente
até o final do século XIX foi a invenção
do Processo LeBlanc, que possibilitou
a transformação do sal marinho em
carbonato de sódio. Foi desenvolvido
pelo químico francês Nicolas Leblanc e
consistia na produção de sulfato de só-
dio a partir do cloreto de sódio. O pro-
cesso se espalhou e foi utilizado em di-
versos países europeus; entretanto, em
nenhum deles, encontrou força como
na Inglaterra. O país chegou ao seu
apogeu quando, na década de 1970, a
produção inglesa (200 mil toneladas)
era maior que a soma da produção de
todos os demais países.
Infelizmente, o Processo LeBlanc ti-
nha seus pontos fracos, e um deles era o
fato de contribuir consideravelmente com

6 Revista Brasileira de Engenharia Química I 1º quadrimestre 2014 www.abeq.org.br


Fazem parte da
indústria química
empresas que fabricam
produtos industriais,
como agroquímicos,
polímeros,
farmacêuticos, tintas
etc

danos ao meio ambiente. Devido à alta


taxa de emissões nocivas, tornou-se
alvo de grandes pressões por parte da
população e pela legislação ministrante.
Em 1861, com a criação do Processo
Solvay, que não utilizava ácido sulfúrico
e produzia apenas cloreto de cálcio (po-
dendo ser descartado no oceano), este se
mostrou melhor economicamente e, ao
mesmo tempo, era menos poluente. Em Dados econômicos sobre deve-se levar em conta o estudo de
1920, foi decretada a falência da última a indústria química 2008, segundo o qual o faturamento
usina utilizadora do Processo de LeBlanc. brasileira chegou a US$ 122 bilhões.
Na segunda metade do século Do faturamento líquido da indústria
XIX, houve mais desenvolvimento Hoje, no Brasil, os produtos quí- química brasileira no ano de 2012, fo-
no campo científico e, consequente- micos presentes em todos os segmen- ram obtidos os seguintes dados:
mente, dos polímeros. Em 1888, a tos da indústria de transformação, • produtos químicos de uso industrial:
profissão de Engenheiro Químico foi no consumo doméstico e na agricul- US$ 71,2 bilhões;
reconhecida oficialmente. Apesar de tura são obtidos principalmente por • produtos farmacêuticos: US$ 25,5
o termo ter sido utilizado por mui- meio de matérias fósseis. Devido ao bilhões;
to tempo nos meios técnicos desde fato de nos últimos anos a demanda • fertilizantes: US$ 17,1 bilhões;
a década de 1880, não havia edu- ter sido atendida por importações, a • higiene pessoal, perfumaria e cos-
cação formal para esse profissional indústria química brasileira apresen- méticos: US$ 14,3 bilhões;
nesse período. O relatório de 1988 ta grande potencial de desenvolvi- • produtos de limpeza: US$ 7,8 bilhões;
abriu formalmente as áreas de atua- mento, ocupando a nona posição no • defensivos agrícolas: US$ 9,4 bilhões;
ção da Engenharia Química a outras ranking de faturamento líquido da • tintas, esmaltes e vernizes: US$ 4,3
áreas, como Biologia, Matemática, indústria química mundial. Segundo bilhões;
Farmacêutica etc. a Associação Brasileira de Indústria • fibras artificiais e sintéticas:
A evolução da indústria química Química (ABIQUIM), os investimentos US$ 1,3 bilhões;
no Brasil foi constante e, desde en- feitos atualmente são de grande porte, • outros: US$ 2,1 bilhões.
tão, muitas multinacionais foram ins- intensivos em capital e caracterizados
taladas com foco principalmente no por elevados prazos de maturação e O futuro do Brasil como
desenvolvimento petroquímico, agro- extensa vida útil. Como resultado, os potencial líder no mercado
químico e farmacêutico. Dentre as valores desses investimentos são re-
principais, podemos citar a Shell, que presentativos quando confrontados Dados como esses colocam o Brasil
inaugurou o primeiro posto de com- com os montantes despendidos na entre as dez maiores indústrias químicas
bustível no Rio de Janeiro, em 1914. maioria dos outros segmentos indus- do mundo, à frente de grandes potên-
Outra empresa que se estabeleceu de triais. No ano de 2009, chegou-se à cias, como França, Itália e Rússia. O que
forma concreta no ramo farmacêutico conclusão de que a indústria química torna isso possível é o fato de que o
é a Medley, hoje líder do mercado de faturou US$ 103,3 bilhões, porém, país não é só um grande importador,
genéricos desde 2002. devido à crise econômica mundial, mas também exportador de diversos

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produtos químicos. O crescimento do polipropileno em Paulínia e da
setor químico observado nos últimos planta de etileno verde em Triunfo; Hoje, no Brasil,
anos e a possibilidade de continuidade • internacionalização: com a aquisi- os produtos químicos
apresentam grandes desafios e imen- ção, pela Braskem, de ativos nos estão presentes em
sas oportunidades para a indústria quí- Estados Unidos e Europa e constru- todos os segmentos
mica. Esse ponto de vista é reforçado ção de um cracker no México. da indústria de
quando se nota que o crescimento do
setor ocorre de forma mais intensa do Além disso, há alguns fatores es-
transformação
que o da própria economia vista como senciais que contribuíram conside-
um todo. ravelmente para esse crescimento.
Para o coordenador do Grupo “A necessidade de garantir a compe-
de Engenharia de Processos da titividade do negócio é a maior mo- em relação ao que poderia alcançar.
Unidade de Petroquímicos Básicos tivadora da mudança, pois provoca a Em decorrência disso, parte crescente
do ABC, na Braskem, Reinaldo necessidade de adquirir uma escala vem sendo atendida por importações.
Antônio Cardoso, a indústria petro- de produção, acesso a novas maté- “A não realização de investimentos é
química brasileira se desenvolveu rias-primas mais baratas (como o eta- causada pela baixa competitividade
bastante nos últimos anos, princi- no mexicano e o gás de refinaria) e a da indústria. As razões são conheci-
palmente em três aspectos, no caso mercados muito mais diversificados”, das: falta de matérias-primas, custo
da empresa onde atua: ressalta o engenheiro. de energia elevado, custo de inves-
• consolidação: como resultado  da Entretanto, esse não é um pen- timento alto, logística prejudicada
fusão de várias empresas na samento unânime, partilhado por etc.”, afirma.
Braskem, que detém a maior par- todos os profissionais da área. Pedro Para ambos, porém, o agente prin-
te do ramo petroquímico nacional Wongtschowski é engenheiro químico cipal para que a indústria se desen-
atualmente; e escreveu o livro A indústria quími- volvesse em solo nacional é um só:
• crescimento: com a implantação ca: riscos e oportunidades. Para ele, a competitividade. “É necessária uma
dos revamps da planta de São indústria química brasileira tem se de- política clara para as matérias-pri-
Paulo, construção da planta de senvolvido muito abaixo da demanda mas, a qual garanta o acesso a nafta,

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etano, GLP ou outras com preço justo químicos, as projeções indicam um o aumento do ponto percentual do
e competitivo em relação ao mercado consumo doméstico de US$ 260 bi- Produto Interno Bruto, há um au-
internacional”, assegura Reinaldo. lhões no ano de 2020. As oportunida- mento de 1,25% de crescimento
Constatados e superados os obs- des para investir na indústria química no consumo de produtos químicos;
táculos que se opunham à realização no período entre 2010 e 2020 foram • para investimentos totalmente no-
de investimentos, elevou-se a forma- calculadas com base em dados do ano vos, há uma relação entre os vo-
ção bruta de capital fixo da econo- de 2008 e divididas em 5 camadas: lumes de capital e a produção dos
mia brasileira de forma considerável. • o crescimento da economia, impul- segmentos de produtos químicos
Entretanto, é preciso ter em mente sionando a procura por produtos industriais para os segmentos quí-
o fato de que a concretização des- químicos; micos finais.
sas oportunidades de investimentos • a recuperação da baixa demanda O segundo grupo de potenciais
depende, e muito, da criação e ma- por produtos químicos; investimentos está associado à subs-
nutenção de uma série de condições • o desenvolvimento de uma base tituição de importações por exporta-
adequadas, como infraestrutura, tri- renovável para a indústria química ções, revertendo o déficit comercial
butação, preços de energia etc. No em geral; relacionado aos produtos químicos.
caso da indústria química, especifi- • o foco no aproveitamento químico e O terceiro componente refere-se à
camente, é necessário e essencial o nas oportunidades oferecidas pelo criação de uma indústria de base
acesso a matérias-primas em volumes pré-sal; renovável, com química verde e que
e preços competitivos, problema este • o desenvolvimento e pesquisas pa- possibilitará que o Brasil desempe-
que se torna um dos maiores impe- ralelas com as melhores práticas. nhe papel de liderança nessa área.
dimentos para investimentos no se- Há números estimativos de que, em
tor. “Toda a comunidade empresarial, Os investimentos derivados do cres- 2020, a chamada química verde es-
engenheiros químicos incluídos, deve cimento da economia projetado para o teja presente em pelo menos 10% do
lutar para restabelecer as condições período de 2010 a 2020 englobam tan- conjunto de ofertas de produtos petro-
que assegurem a capacidade de a in- to produtos químicos utilizados indus- químicos. Tendo em vista que serão
dústria aqui estabelecida ser competi- trialmente como os demais segmentos realizados os investimentos necessá-
tiva”, defende Pedro Wongtschowski. (adubos e fertilizantes, defensivos agrí- rios, pode-se dizer que o Brasil po-
colas, fibras artificiais e sintéticas, hi- derá deter uma fatia considerável da
O tamanho do desafio giene pessoal, perfumaria e cosméticos, oferta total. Pesquisas mostram que
em relação ao produtos de limpeza, produtos farma- existe uma grande variedade de pro-
desenvolvimento químico cêuticos e tintas, esmaltes e vernizes). dutos químicos os quais podem ser ou
brasileiro O cálculo desses investimentos se apoia já estão sendo produzidos a partir de
nos seguintes argumentos: fontes renováveis e não afetam o meio
Quando falamos do tamanho do • o aumento da demanda por produ- ambiente de maneira prejudicial.
desafio, tendo em vista os dados tos químicos corresponde, em mé- O salto de produção citado ante-
de consumo doméstico de produtos dia, a 1,25%, ou seja, conforme há riormente requer um forte programa

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O engenheiro
químico é um
profissional versátil
que pode trabalhar em
diversas áreas, como
projetos, produção,
pesquisa, etc

de inovação. A adequação para o


desenvolvimento de uma indústria
química sustentável, e que aproveita
as oportunidades apresentadas pelo
pré-sal, exige pesquisas tanto em
novos produtos como em processos
avançados. Com base na experiência
adquirida pela indústria, é possível
prever que parte desse investimento
será realizada em conjunto com ins-
tituições educacionais e de ciências de Desenvolvimento Econômico e trabalhar em um grande conjunto de
da tecnologia, gerando um aglome- Social (BNDES). atividades: indústria de processos
rado de conhecimentos e ideias que Muitas das empresas químicas (química, refino, siderurgia, celulose,
vão além dos projetos já existentes. concorrentes de outras internacio- alimentícia, farmacêutica etc.) e na
A indústria química tem como nais similares que atuam no mun- área de serviços (engenharia, manu-
grande e valiosa característica sua do todo dispõem da obtenção de tenção, pesquisa e desenvolvimento
proximidade com o desenvolvimen- matérias-primas em larga escala, etc.)”, acrescenta Wongtchowski.
to tecnológico e empresas que in- com baixo custo e não sofrem por Já Reinaldo acredita que, para o futu-
vestem em processos tecnológicos deficiências no sistema de compe- ro do engenheiro químico se estabe-
e científicos, como as petroquími- titividade ou por impostos atribuí- lecer realmente, ainda é preciso certo
cas e companhias de petróleo. Com dos às exportações. A possibilidade tempo. “O engenheiro químico é um
forte estrutura, essas empresas têm de aquisição de crédito adequado, profissional versátil que pode traba-
conseguido tornar mais dinâmico os quando se fala em volume e custo, lhar em diversas áreas, como proje-
processos e suas linhas de produto. poderia incentivar muitas empresas tos, produção, pesquisa, negócios,
Em muitos casos, contam inclusive químicas a buscarem novos fluxos avaliação de riscos etc. Atualmente,
com reforços e financiamentos for- de exportação. As condições corretas o mercado não está muito aqueci-
necidos por alguns instrumentos de para financiamento poderiam ajudar do em função do baixo crescimen-
políticas públicas, de caráter tanto essas mesmas empresas a abranger to industrial e das reavaliações de
estadual como federal. Para que a escalas que se adeptem os padrões investimentos por parte de agentes
indústria química possa se desenvol- de competição da atualidade. importantes, como a Petrobras”, fi-
ver inteiramente em todo o seu po- Fica claro que o futuro da indús- naliza o coordenador de engenharia
tencial, é preciso também aprimorar tria química é promissor, porém en- de processos. O caminhar evolutivo
o quadro geral que já existe atual- volve uma série de fatores que devem é lento, demanda tempo, paciência e
mente, melhorando os processos de ser levados em consideração se esse estratégia. Entretanto, com as ações
análise e a liberação dos créditos. for o caminho a ser seguido. Para corretas e investimentos assertivos, é
A obtenção de crédito vem sendo Pedro, a abrangência das áreas de possível enxergar um Brasil líder, for-
ampliada nos últimos anos por meio atuação de um engenheiro químico é te e com muito mais independência
de diversas formas, como a redução muito ampla e pode se desenvolver comercial em relação aos outros paí-
da taxa básica de juros e a expan- ainda mais com o passar dos anos. ses, no que diz respeito à indústria
são dos recursos do Banco Nacional “Os engenheiros químicos podem química em geral.

10 Revista Brasileira de Engenharia Química I 1º quadrimestre 2014 www.abeq.org.br


Local: Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos – ABIMAQ
Av. Jabaquara, 2925 – Planalto Paulista – 04045-902 – São Paulo/SP

DATAS IMPORTANTES

 Envio do trabalho técnico completo: 15 de julho a 14 de setembro de 2014
  

  Análise dos trabalhos técnicos: 01 a 15 de outubro de 2014
  Envio do material para confecção do USB: 15 de outubro de 2014

Recursos Hídricos – Geral e no Semi-Árido Nordestino
Química Analítica, Materiais de Referência Certificados,
Gestão Pública e Privada de Recursos Naturais Programas Interlaboratoriais, Ensaios de Proficiência,
Qualidade e Sustentabilidade dos Recursos Hídricos Gráficos de Controle, Validação de Métodos, Incertezas
de Medição (Áreas da indústria farmacêutica, medicamentos,
Qualidade em Laboratórios cosméticos, mineração, alimentos, manufatura mecânica,
Qualidade de Materiais usados para o Saneamento saúde, têxtil, couro, calçados, madeira e móveis, biocombustíveis
Processos de Saneamento e de Medição e demais indústrias em que se aplicam os temas)
Dados Hidrometereológicos e Previsão de Eventos Metrologia, Acreditação, Normalização, Avaliação da
Extremos–Enchentes, Inundações e Secas Conformidade, Certificação
Ensaios e Calibração Projetos e Programas Governamentais e Privados em
Recursos Hídricos, Captação, Gestão e Gerenciamento da Água Ciência, Tecnologia e Inovação
Capacitação de Recursos Humanos Redes Metrológicas Estaduais
Uso e Reuso da Água na Indústria, Agricultura e Sistema Brasileiro de Tecnologia – SIBRATEC
Construção Civil Água para Consumo Humano – Legislação e Prática

Inscrições pelo site: www.resag.org.br/congressoresagenqualab2014


Promotores: Patrocinadores:
Diamante Ouro Especial

Apoio:

Informações: Rede Metrológica do Estado de São Paulo - Remesp / Rede de Saneamento e Abastecimento de Água – Resag
Av. Paulista, 2200 - 9º andar - 01310-300 - São Paulo/SP - (11) 3283-1073 R. 28/29 - congresso@resag.org.br
ARTIGO

As Engenharias Químicas
e o seu registro profissional
______________________________________________
1 2
Por Abraham Zakon e Sergio de Jesus Alevato

Parte 1 - Origens, profissão. E desenvolveu com seu Concentração – inclui várias


visões e concepções das discípulo Arthur D. Little a ideia das disciplinas do núcleo da Engenharia
operações unitárias (aquelas Química tradicional e estudos
Engenharias Químicas transformações físicas básicas que específicos de áreas relevantes,
compõem a variedade de processos oferecendo uma oportunidade de
A criação do primeiro curso industriais), um laboratório de especialização técnica numa das
de Engenharia Química no pesquisas dedicado a Química quatro áreas de concentração:
Industrial e processos e uma Escola energia, engenharia biomédica,
MIT e as opções atuais de Práticas de Engenharia Química. projeto e processamento de materiais,
Até então, o Curso X foi ministrado no e, ainda, estudos ambientais.
Em 1888, no Massachusetts Departamento de Química. Em 1920 Curso 10 C: Bacharel em Ciência
Institute of Technology (MIT), in- foi criado o Departamento de – é uma escolha sem especificação,
fluenciado pelos desenvolvimentos Engenharia Química sob a chefia do sem acreditação e com menores
das universidades alemãs e por uma Professor Warren K. Lewis. Três anos requisitos de temas da Engenharia
série de palestras sobre as práticas depois, Lewis, Walker e William H. Química, atende os alunos que se
operacionais das indústrias químicas McAdams e alguns dos seus alunos especializam numa área acadêmica
britânicas apresentadas por George diplomados, desenvolveram o livro- diferente (como Biologia, Engenharia
E. Davis na Manchester Technical texto intitulado “Principles of Chemical Biomédica, Economia e Gestão)
School no Reino Unido, o Professor Engineering” que quantificou as enquanto estudam os princípios e
(de Química) Lewis M. Norton criou o operações unitárias e deu aos temas básicos da Química e da
Course X, que foi o primeiro currículo engenheiros químicos as ferramentas Engenharia Química.
de Engenharia Química em quatro para analisar processos químicos Além de Ciências e Engenharia,
anos do mundo. Combinando a
(CHEM E , 2013). os estudantes participam de
Engenharia Mecânica com Química Em 1907, o MIT tornou-se a sequências integradas de temas
Industrial, o Curso X foi concebido primeira escola a conceder o título de sobre Humanidades e Ciências
para ”reunir as necessidades dos Ph.D. de Engenharia Química. Desde Sociais, o que os encoraja para suas
estudantes que desejassem um aquela época, o Departamento de áreas de interesse individual (CHEM
treinamento genérico na Engenharia Engenharia Química liderou a nação
c
E , 2013) e os prepara para atuar na
Mecânica, e ao mesmo tempo para (E.U.A.) na formação de pós- indústria ou no serviço público, para a
dedicar uma parte do seu tempo para a
graduados (CHEM E , 2013). pós-graduação ou, ainda, para a
estudar as aplicações da Química Atualmente, o Departamento de Medicina e os campos da Ciência e
para as artes, especialmente os Engenharia Química do MIT oferece Tecnologia da Saúde, capacitando-os
problemas de Engenharia quatro programas de graduação para escolas de medicina e atividades
relacionados ao uso e fabricação de b
(CHEM E , 2013): específicas para Engenharia
a
produtos químicos” (CHEM E , 2013). Curso 10: Bacharel em Ciência na b
Biomédica (CHEM E , 2013).
Em 1891, o Departamento de Engenharia Química – envolve
Química concedeu sete diplomas de aplicações em áreas específicas,
Bacharel em Engenharia Química, o Antecedentes franceses do
incluindo energia e ambiente, advento da Engenharia
primeiro do seu tipo a ser conferido nanotecnologia, polímeros e coloides,
em qualquer lugar. Após o ciência da superfície, engenharia de Química
falecimento de Norton em 1893, o reações químicas e catálise, projeto
Professor Frank H. Thorpe conduziu o de sistemas e processo, e Strauch (2010), em sua tese de
Curso X a um reconhecimento biotecnologia, envolvendo um núcleo doutorado, relatou que a École
popular crescente. O texto “Thorpe´s de assuntos de (ciências da) Centrale des Arts et Manufactures,
Outline of Industrial Chemistry”, Engenharia Química com uma ênfase hoje École Centrale de Paris, fundada
publicado em 1898, é considerado um em Química. em 1829, formava engenheiros civis
dos primeiros livros-texto na Curso 10B: Bacharel em Ciência em quatro especialidades:
Engenharia Química. Esse trabalho na Engenharia Química Biológica – construção, mecânica, metalurgia e
cunhou a expressão “Química destina-se aos interessados nas química”. Constatou que “ela
Industrial” para descrever os áreas de tecnologias bioquímicas e influenciou as estruturas e as grades
processos industriais aplicados na biomédicas. Demanda disciplinas do curriculares da educação em
fabricação de produtos químicos, os núcleo básico de Engenharia Química Engenharia em muitas instituições,
quais foram intimamente associados e tópicos adicionais de Biologia como a École des Arts, Manufactures
com a Engenharia Química durante Básica e Aplicada. Constitui uma et Mines, em Liège na Bélgica e o
a
os 50 anos seguintes (CHEM E , preparação para estudantes de Massachusetts Institute of Technology
2013). Engenharia Biomédica e Escola de em Cambridge (Mass.), nos Estados
No início do século XX, William H. Medicina. Unidos da América, a Technische
Walker modificou o currículo de tal Curso 10 ENG: Bacharel em Hochschule Karlsruhe (1825), a
modo que possibilitou distinguir a Ciência na Engenharia com Polytechnische Schule Stutgart
Engenharia Química como uma

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(1840), na Alemanha e a No Brasil, o primeiro curso de distintos - as Escolas de Química e as
Eidgenössische Polytechnische graduação em Engenharia Química Escolas Politécnicas - e isso influiu,
Schule Zürich (1855) na Suíça”. foi criado em 1925 na Escola também, nas concepções do
No Brasil, a reforma do ensino da Politécnica da Universidade de São Conselho Federal de Química (CFQ-
Engenharia determinada pelo Decreto Paulo (EP-USP) e resultou da CRQs) e do Conselho Federal de
o
n 2.116, de 1º de março de 1858, evolução de três outros cursos: o de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
determinou que a Escola Militar de Engenheiros Industriais, ministrado de (CONFEA-CREAs). A Química é a
Engenharia passasse a se denominar 1893 a 1926, em que se formaram 27 ciência central que caracteriza um
Escola Central, destinada ao ensino engenheiros, o de Químicos, elenco de vários cursos de graduação
das Matemáticas e Ciências Físicas e oferecido no período de 1918 a 1928, da UFRJ (Figura 1).
Naturais, além das doutrinas próprias que graduou 9 profissionais, e o de Nos últimos anos foram criados
da Engenharia Civil, sendo o nome Químicos Industriais que, de 1920 a cursos de graduação em
claramente inspirado na instituição 1935, formou 34 profissionais (DEQ- Nanotecnologia (ou tecnologia em
francesa (STRAUCH, 2010). EPUSP, 2013). escala micrométrica) para
Strauch (2010) também constatou O curso de Química Industrial foi acompanhar o desenvolvimento
que os primeiros engenheiros também o precursor do curso de tecnológico de países do Hemisfério
químicos brasileiros (oito), Engenharia Química da Escola Norte. Não se pensou no mercado de
graduaram-se entre 1842 e 1878, na Nacional de Química da Universidade trabalho fora das universidades e nos
École Centrale des Arts et do Brasil (ENQ-UB) em 1952, cuja conselhos profissionais. As escalas
Manufacture, com o título de estrutura didática perdurou até os micrométricas e nanométricas das
Engenheiros Civis, modalidade anos 80. Em 1991, por influência dos substâncias, dos cristais e das
Química. Encontros Brasileiros de Ensino de moléculas são acessíveis e
Engenharia Química (ENBEQs), compreensíveis pelo uso de
Origens e ofertas dos cursos reduziu-se e substituiu-se a carga sofisticados aparelhos e
horária das Químicas e Físicas no equipamentos de análise
de Engenharia Química no Ciclo Básico da atual Escola de instrumental, nem sempre
Brasil Química da Universidade Federal do desenvolvidos e construídos no Brasil.
Rio de Janeiro (EQ-UFRJ) por outras As nanotecnologias são
Na primeira metade do século XX, de Matemática, Computação e especialidades de mestrado e
existia apenas um tipo de diploma de Cálculos de Balanços e Processos, doutorado para graduados
Engenheiro Químico (pleno) no Brasil. excluindo os alunos da visão amadurecidos com as escalas
Também foram criadas a Engenharia laboratorial das Químicas Analíticas, naturais, laboratoriais e industriais
Metalúrgica (e de Materiais) e a indispensável para a compreensão de vinculadas aos cursos plenos em
Engenharia de Alimentos, que fenômenos explorados pelos Química, Física, Geociências,
constituem grandes especialidades da processos químicos industriais Biologia e Engenharias. Em geral, as
Química Aplicada. Hoje, existem envolvendo recursos minerais. Em engenharias transformam ciências em
vários diplomas de graduação de 2004, sofreu modificações de tecnologias (ZAKON, SZAINBERG e
Engenharia Química aceitos no conteúdo e duração para ser NASCIMENTO, 2001). Portanto, as
mercado de trabalho e nos Conselhos equiparado com os cursos de nanotecnologias representam
Profissionais, que antes eram órgãos Engenharia Química, o que incentivou produtos que dependem da base
diretamente subordinados ao vários alunos a migrarem para os conceitual e prática das engenharias.
Ministério do Trabalho e hoje são cursos de Engenharia Química, pois o E os nanotecnólogos em formação
autarquias especiais federais, dotados tempo de curso é de cinco anos. dependerão de uma desconhecida
de personalidade jurídica de direito Os cursos brasileiros de ancoragem jurídico-profissional para
público, autonomia administrativa e Engenharia Química foram criados exercer suas profissões.
patrimonial. em dois ambientes acadêmicos

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Química com Atribuições Tecnológicas
e Bacharelado em Química

Farmácia*
Farmácia Bioquímica em Análise de Alimentos
Farmácia Bioquímica em Análises Clínicas
Farmácia Industrial

Química Industrial e Ambiental**

Engenharia Ambiental**
Engenharia Química Industrial**
Engenharia Química (Engenharia de Processos Químicos**)
Engenharia de Gestão Tecnológica Química**
Engenharia (Química) de Alimentos
Engenharia (Química) de Bioprocessos
Engenharia (Química) Metalúrgica
Engenharia (Química) de Materiais
Engenharia (Química) de Polímeros**
Engenharia (Química) Farmacêutica**

* Química Medicinal ** em discussão.

Figura 1 – Cursos de graduação embasados em Química existentes e propostos na UFRJ

Grande parte dos cursos de Bases conceituais da ou de composição...". Consideraram


Engenharia Química no Brasil é textualmente "tal definição, bastante
disputa pelo registro de
oferecida por escolas ou institutos de vaga e intencionalmente ampla e
Química e departamentos engenheiros químicos no indefinida, pois realça o processo e
específicos, ligados aos centros de Brasil os equipamentos de processo.
ciências exatas ou centros de Possivelmente, será tão satisfatória
tecnologia das universidades. Outra Desde a década de 1930, a quanto qualquer outra definição
parte é oferecida por departamentos definição do American Institute of apresentada por um engenheiro
internos às escolas politécnicas ou Chemical Engineers – AIChE é a de químico prático. Deve-se observar
de Engenharia. No Rio de Janeiro, que “a Engenharia Química é o ramo que se realçam, de forma
alguns cursos de Engenharia da Engenharia relacionado com o considerável, os processos e os
Química são oferecidos pela Escola desenvolvimento e a aplicação de equipamentos de processo. O
de Química da UFRJ, pelo Instituto processos de transformação em que trabalho de muitos engenheiros
de Química da UERJ, pelo estão envolvidas modificações químicos seria denominado, com
Departamento de Química do Centro químicas e algumas alterações maior propriedade, de engenharia de
de Ciências Exatas da Pontifícia físicas de materiais” (ALEVATO, processo.”
Universidade Católica do Rio de 2005). Assim exposto, o engenheiro
Janeiro (PUC-RJ), pelo Foust, Wenzel, Clump, Maus e químico é um profissional capaz de
Departamento de Engenharia Andersen (1980) transcreveram a abordar e resolver problemas de
Química do Instituto de Tecnologia definição de Engenharia Química Engenharia, nos quais os aspectos
da Universidade Federal Rural do oriunda da Constitution of the químicos e físico-químicos são os
Rio de Janeiro (UFRRJ). Na American Institute of Chemical mais relevantes, tanto em termos de
Universidade Federal Fluminense Engineers (AIChE), que menciona processo, quanto de produto
(UFF), o Departamento de Química "... a aplicação dos princípios das (PORTO, 2000 – apud ALEVATO,
está ligado à Escola de Engenharia. ciências físicas, juntamente com os 2005).
O Instituto Militar de Engenharia princípios da economia e das Porém, o registro e a fiscalização
(IME) tem seu Departamento de relações humanas, aos campos que profissional dos profissionais das
Engenharia Química. Outros cursos são diretamente pertinentes aos Engenharias Químicas são
estão integrados às Escolas de processos e aos equipamentos de disputados juridicamente por duas
Engenharia (ALEVATO, 2005). processos nos quais se tratam entidades no Brasil: o Conselho
substâncias, visando a provocar Federal de Química (CFQ) e o
modificações de estado, de energia Conselho Federal de Engenharia,

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Arquitetura e Agronomia (CONFEA, No entanto, a Academia naturais que regem a transformação
atualmente sem os arquitetos). Brasileira de Ciências (ABC) da matéria; a tecnologia química,
O CONFEA criou em dezembro congrega desde 1916 os mais que dela decorre, é a soma de
de 1998 um GT Química, adotando eminentes cientistas nas Ciências conhecimentos que permite a
as Ciências Físicas como referência Matemáticas, Físicas, Químicas, da promoção e o domínio dos
básica da Engenharia. Seu relator, Terra, Biológicas, Biomédicas, da fenômenos que obedecem a essas
Conselheiro Federal Prof. Cezar Saúde, Agrárias, da Engenharia e leis...” (CFQ, 1970).
Wagner de A. Thober (2013), Sociais (ABC, 2009-2013). A É necessário considerar, ainda,
considerou que, “do ponto de vista Química é a ciência que estuda as que “... a Física é em muitos
formal, a definição de Engenharia substâncias de origens mineral e sentidos a mais fundamental das
Química é o ramo da Engenharia biológica: suas estruturas, suas Ciências Naturais (Figura 2), e é
que trata das aplicações dos propriedades e as reações também aquela cuja formulação
princípios e demais decorrências das (químicas) que as transformam da atingiu o maior grau de refinamento”
ciências físicas, da economia e das condição de reagentes para (NUSSENZVEIG, 1992). As Ciências
relações humanas ao processo onde produtos. Essa definição de Química Físicas são descritas por Novais e
a matéria sofre transformações de é simultaneamente muito restrita e Magalhães (1976) como
conteúdo energético, estado físico muito ampla, porque o profissional “preocupadas com o universo físico,
ou composição, tudo isto com o fim da Química, ao estudar substâncias, tanto a Química quanto a Física
de atender as necessidades ou as também precisa estudar energia estudam a matéria, e por esse
aspirações humanas". No entanto, radiante – luz, raios-X e ondas motivo, interpenetram-se em alguns
essa definição é uma versão da hertzianas – e sua interação com as pontos. Mas suas áreas são bem
descrita pelo AIChE. Dessa forma, o substâncias. É muito ampla porque definidas: para a Química interessam
CONFEA julgou as “Ciências as demais Ciências Naturais (Física, a composição da matéria e as
Físicas” como sinônimas de “todas Biologia e Geociências) podem nela reações entre as várias formas de
as Ciências Naturais que tratam do ser incluídas (adaptado de matéria; já a Física ocupa-se da
mundo palpável ou físico, tais como PAULING, 1992). relação existente entre a matéria e a
a Física propriamente dita, a A Química, pode ser definida energia”.
Química, a Biologia, a Mineralogia, como “... a Ciência que tende a
etc.” favorecer o progresso da
humanidade, desvendando as leis

Minerais
sólidos e
fluidos

GEOLOGIA

Paleontologia
Geofísica

Biodiversidade
animal e vegetal
Formas
de Geoquímica
energia BIOLOGIA
Biofísica Bioquímica

FÍSICA
QUÍMICA

Físico-química

Substâncias
naturais e sintéticas

Fonte: Zakon e Strauch, 2005 (adaptado de Howell, 1959).

Figura 2 - Ciências e recursos naturais essenciais às indústrias químicas

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Percepções sobre a Engenharias Mecânica, Elétrica e Engenharia Química: “Art. 2º – O
Civil. exercício da profissão de químico
formação e atuação dos
A Union Nationale des compreende: ... d) engenharia
engenheiros químicos Associations Françaises d’Ingenieurs química”.
o
Chimistes (UNAFIC) agrega ex- ii - O Decreto-Lei n 5.452 de
Cremasco (2005) descreveu a alunos de Engenharia Química, 01/05/1943 da Presidência da
Engenharia Química como “o ramo diplomados pelas 19 Escolas República, instituindo a
da Engenharia envolvido com Francesas de Química e Engenharia Consolidação das Leis do Trabalho
processos, em que as matérias- Química da Federação Gay-Lussac (CLT), dedica a Seção XIII, do Título
primas sofrem modificações na sua e pelas escolas generalistas III, Capítulo I, exclusivamente aos
composição, conteúdo energético ou (politécnicas), e considera que o Químicos, e revoga o Decreto n
o

estado físico, por meio de engenheiro químico atua “em todo 24.6983 de 1934. Assim, o Artigo n
o

processamento, no qual os produtos lugar, porque a Química é universal; 325 da CLT especifica: “É livre o
resultantes venham a atender a um investiga, descreve, estuda as leis exercício da profissão de químico em
determinado fim. A essência da da matéria e da vida; busca todo o território da República,
Engenharia Química, segundo compreender e explicar os observadas as condições de
Scriven (1987) está na concepção ou fenômenos da natureza; permite capacidade técnica e outras
síntese, no projeto, teste, scale-up, inovar e criar, por meio das exigências previstas na presente
operação, controle e otimização de transformações da matéria e da vida Seção: a) aos possuidores de
processos químicos que mudam o respondendo às necessidades atuais diploma de químico, químico
estado e a microestrutura, mais e futuras, e, através da engenharia industrial, químico industrial agrícola
tipicamente a composição química, de processos, pesquisa e ou engenheiro químico, concedido,
de materiais por meio de separações desenvolve, assegurando a no Brasil, por escola oficial ou
físico-químicas, tais como destilação, realização industrial dos produtos oficialmente reconhecida. Além
extração, adsorção, cristalização, (adaptado de UNAFIC, 2013).
o
disso, no seu Artigo n 334, enfatiza:
filtração, secagem e por reações A Química baseia-se “O exercício da profissão de química
químicas, incluindo bioquímicas e metodologicamente na compreende: ... d) a engenharia
eletroquímicas”. Olvidando as experimentação. Constitui uma química”.
reações termoquímicas escola de aprendizagem sobre o
o
iii - O Decreto-Lei n 5.452/1943
(pirometalúrgicas e cerâmicas, ele (mundo) concreto. Contribui para o incumbiu como órgão fiscalizador do
destaca que ... “o engenheiro progresso e o bem-estar do homem exercício profissional da Química o
químico, originalmente, foi concebido pela criação de novas estruturas e Departamento Nacional do Trabalho
para atuar exclusivamente na substâncias (moléculas, cristais, do Ministério do Trabalho e
Indústria Química, diferenciando-se polímeros, nanomateriais). Está Previdência Social, o qual estendia
de um químico por trabalhar com presente em vários itens da vida essa função a outras categorias
transformações em nível cotidiana (microprocessadores, profissionais, pois ainda não haviam
macroscópico, larga escala e princípios ativos farmacêuticos, sido criados os Conselhos das
operações contínuas”. E acrescenta: cosméticos, vestuário.), sendo Profissões Regulamentadas tais
“... hoje em dia, a sua formação que indispensável. Os engenheiros como existem hoje.
combina princípios da Matemática, químicos são, frequentemente, iv - O Decreto-Lei n 8.620 de
o

Química, Física e Biologia, com pesquisadores, criadores, 10/01/1946 da Presidência da


ciências e técnicas da Engenharia, pedagogos, e industriais (adaptado República dispõe sobre a
permite que o engenheiro químico de UNAFIC, 2013). regulamentação do exercício das
resolva problemas relacionados a profissões de engenheiro, arquiteto e
projeto, construção e operação de Parte 2 – A legislação agrimensor, regida pelo Decreto nº
instalações (plantas), onde ocorre 23.569 de 11/12/1933, que criou o
praticamente qualquer tipo de para as Engenharias
Conselho Federal de Engenharia e
transformação de materiais em Químicas Arquitetura e seus Conselhos
níveis moleculares ou Regionais. Apenas no seu Artigo n
o

macroscópicos, em pequena ou A regulamentação 16, o Decreto-Lei autoriza o


larga escala e em operações Conselho Federal de Engenharia e
profissional da Engenharia
contínuas ou em batelada”. Arquitetura a estabelecer as
O MIT Chemical Engineering Química no Brasil atribuições, entre outros, dos
Department (CHEM E, 2013) engenheiros químicos. Dessa forma,
destaca: “We put molecules to work”. O reconhecimento gover- na década de 1950, alguns
E acrescenta: A Engenharia Química namental e jurídico em âmbito engenheiros químicos registraram-se
ocupa uma posição única na federal no Brasil sobre a importância nos CREA's, antes da promulgação
interface entre as ciências da Engenharia Química foi descrito o
da Lei n 2.800/1956.
moleculares e a Engenharia. Está por Alevato (2005) que enumerou os 5º - Em 18 de junho de 1956 foi
intimamente ligada com as matérias seguintes instrumentos legais. promulgada a Lei 2.800 que criou os
fundamentais da Química, Biologia, i - O primeiro documento regulatório Conselhos Federal e Regionais de
Matemática e Física em colaboração sobre o exercício da profissão de Química e regulamentou a profissão
o
próxima entre disciplinas afins da Químico no Brasil é o Decreto n do químico. No seu Artigo 1º, a Lei
Engenharia tais como Ciência dos 24.693 de 12/07/1934, que em seu 2.800 transferiu o poder de
Materiais, Ciência da Computação, e artigo 2º assim se refere à fiscalização sobre o exercício da

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profissão de químico para os acrescentado o Decreto nº19.890,
Conselhos de Química e manteve Em 1930, foi criado o Ministério sobre a organização do ensino
em vigor toda a regulação da Educação e Saúde Pública. Em secundário. Em 30 de julho de 1931,
profissional definida no Decreto-Lei 1931, foi instituída a Reforma o Decreto nº 20.158 organizou o
o
n 5.452/1943 (CLT). Francisco Campos que incluiu os ensino comercial e regulamentou a
o
Assim, no caso brasileiro, na Decretos de 11 de abril, a saber: n profissão de contador. O Decreto nº
sequência lógica do processo de 19.850 (criando o Conselho Nacional 21.241, de 14 de abril de 1932,
formação profissional e dos diplomas de Educação e os Conselhos consolidou as disposições sobre o
legais, no caso da Engenharia Estaduais de Educação, que só ensino secundário (BELLO, 1998).
o
Química, a Química configura o operaram em 1934), n 19.851 (que O Decreto nº 19.851/1931
aspecto predominante e o instituiu o “Estatuto das consagrou os cursos de ensino
Engenheiro Químico passa a ser Universidades Brasileiras”, definindo superior de Engenharia Industrial
conceitualmente definido, conforme a organização do ensino superior no Metalúrgica e Engenharia Industrial
o
a lei, como Químico. Brasil), e n 19.852 (que delineou a Química como indiscutivelmente
organização da Universidade do Rio vinculados à Química Industrial e
de Janeiro, precursora da precursores da Engenharia Química,
A regulamentação
Universidade do Brasil e da por meio de diversas disciplinas
curricular da graduação de Universidade Federal do Rio de apresentadas na Tabela 1.
Engenharia Química Janeiro). Em 18 de abril de 1931, foi

Tabela 1 – Disciplinas de Engenharia Industrial Metalúrgica e Química


o
relacionadas no Decreto n 19.851/1931

Curso de Disciplinas típicas da Química Industrial


graduação e das Engenharias Químicas (atuais e futuras)

Engenharia Química inorgânica, Química orgânica e elementos de Bioquímica, Química


Industrial Analítica, Química Industrial, Geologia Econômica e Noções de Metalurgia,
Metalúrgica Hidráulica teórica e aplicada, Materiais de Construção e Tecnologia e
e Química Processos Gerais de Construção, Bombas e Motores Hidráulicos, Resistência
dos Materiais. Física Industrial; Termodinâmica. Motores Térmicos;
(5 anos) Organização das Indústrias, Metalurgia com desenvolvimento da Siderurgia,
Química Física e Eletroquímica, Química Tecnológica e Analítica,

Farmácia Física aplicada à Farmácia, Microbiologia, Química Analítica, Química


Toxicológica e Bromatológica, Farmácia Galênica, Farmácia Química,
(3 anos) Farmacologia, Higiene e Legislação Farmacêutica, Química Industrial
Farmacêutica. Química Orgânica e Biológica

O curso de Engenharia Química, A Escola Nacional de Química A grade curricular de Engenharia


criado em 1925, sofreu alterações criou seu curso de Engenharia Química, de modo geral, até os anos
substanciais de sua estrutura em Química em 1952 com base no 80, compreendia como disciplinas,
1931, 1932, 1940, 1955, 1963 e curso de Química Industrial, criado ou tópicos destas, os conteúdos das
1970. Em 1969, com a implantação em 1933, incorporando os operações unitárias e das chamadas
da reforma universitária na USP, conhecimentos de Termodinâmica, conversões químicas, além de
foram criados os institutos básicos Operações Unitárias, Cinética dos matérias como, Eletrotécnica,
de Matemática, Física e Química e, Reatores Químicos, Teoria de Resistência dos Materiais, Economia
com isso, as disciplinas Controle de Processos, e Projetos de Processos da Indústria
correspondentes foram transferidas Eletrotécnica, Mecânica dos Química e da Indústria de
para esses institutos, ficando no Materiais, Desenho Técnico e Fermentação e daquelas constantes
departamento apenas as disciplinas Engenharia Bioquímica. Na Praia do ciclo básico, comum ao curso de
relativas a Fundamentos de Vermelha, quase metade das aulas Química Industrial, como, Química
Engenharia Química, Química da graduação de Engenharia Geral, Analítica, Inorgânica e
Industrial e Bioquímica Industrial. Química incluía práticas Orgânica, Físico-Química, Física,
Com todas essas alterações, laboratoriais, incluindo o ensino Matemática, de acordo com os
estabeleceu-se um novo currículo, equilibrado das Matemáticas, Físicas ditames do Conselho Nacional de
que foi sendo implementado até e Químicas. Seus egressos Educação e com a Resolução
1974. Nos anos seguintes, fizeram- obtinham aprovação majoritária nos Ordinária nº 1.511 de 12/12/1975 e a
se mais reformas no curso, concursos da Petrobras. O curso Resolução Normativa nº 36 de
procurando adequá-lo às atendia ao mercado de trabalho: 14/11/73, ambas do Conselho
necessidades industriais da época indústrias, firmas de Engenharia e Federal de Química. Com o advento
(DEQ-EPUSP, 2013). órgãos públicos. da Computação, ocorreram
mudanças curriculares (Figura 3).

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1ª FASE DAS ENGENHARIAS QUIMICAS – ANTES DA COMPUTAÇÃO

ENGENHARIA  FÍSICAS + MATEMÁTICAS +


DESENHO + ELETROTÉCNICA + RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS

QUÍMICAS = INORGÂNICA + ORGÂNICA + BIOQUÍMICA+ FÍSICO-QUÍMICA +


MICROBIOLOGIA INDUSTRIAL

ENGENHARIA QUÍMICA CLÁSSICA = (MUITA) ENGENHARIA + (MUITAS) QUÍMICAS.

2ª FASE DAS ENGENHARIAS QUÍMICAS – APÓS O ADVENTO DOS MICROCOMPUTADORES

ENGENHARIA QUIMICA COMPUTACIONAL = FÍSICAS + (POUCAS) QUÍMICAS +


FÍSICO-QUÍMICAS + OPERAÇÕES UNITÁRIAS +
CIÊNCIA E SELEÇÃO DOS MATERIAIS +
(POUCOS) PROCESSOS QUÍMICOS INDUSTRIAIS +
(MUITA) MODELAGEM + COMPUTAÇÃO + SIMULAÇÃO

Fonte: Zakon, I Ciclo de Debates do DAEQ-UFRJ, 2009


Figura 3 – Conteúdo dos cursos de graduação de Engenharia Química na Escola de Química da UFRJ

Instituições envolvidas com uma de suas modalidades: o os seus anais editados, verifica-se a
o ensino e a profissão de Ministério da Educação (MEC) e os influência crescente do modelo
conselhos federais das profissões curricular “mecanicista” americano,
engenheiro químico (CFQ e CONFEA). Os legisladores exposto por docentes universitários
do MEC atuavam no antigo dos Estados Unidos da América
Desde a sua criação, o Sistema Conselho Federal de Educação para (EUA) especialmente convidados.
CFQ/CRQs congrega representantes aprovar propostas de criação de No início dos anos 90, iniciou-se a
das associações profissionais, dos cursos de graduação e pós- redução das cargas horárias das
sindicatos e das universidades e graduação universitários. No Químicas Fundamentais e
escolas técnicas, eleitos por um Conselho Nacional de Educação Tecnológicas na EQ-UFRJ (ZAKON,
processo eleitoral indireto, e hoje foram instituídas em 1999 as VALLADÃO e DWECK, 2001).
anacrônico, pois é o único conselho Diretrizes curriculares para as O Professor Fathi Habashi
profissional, dos 28 existentes no Químicas e Engenharias. (1992), engenheiro químico e
Brasil que ainda não elege seus Durante os anos 50 do século renomado pesquisador e autor da
presidentes de regionais e XX, o registro profissional da Engenharia Metalúrgica, considerou
conselheiros federais e regionais, “Engenharia Química” tornou-se pivô que duas linhas de formação de
por eleições diretas. Ainda assim, os de questões legais envolvendo os (engenheiros) químicos se
conselhos regionais de Química Conselhos Federais e Regionais de estabeleceram: uma com “enfoque
contam em seus quadros com Química e Engenharia, Arquitetura e europeu” – de Química Industrial
profissionais da indústria, docentes, Agronomia. Além disso, a Aplicada, isto é, tecnologia química;
profissionais ligados aos sindicatos e desativação do curso de graduação e outra com “enfoque norte-
empresários. de Química Industrial pela Escola de americano” – de Engenharia Qímica
Outras entidades surgiram ainda Química da UFRJ entre 1970 e 1996 ou Físico-química aplicada. Assim,
no século XX na forma de gerou uma lacuna de mercado os “engenheiros de processo” se
associações profissionais, sendo profissional e possibilitou que fosse equivalem aos “químicos industriais”
interessante destacar: Associação implementada a formação de na condução e no aprimoramento de
Brasileira de Química, Sociedade Bacharéis em Química com processos da indústria química.
Brasileira de Química, Associação Atribuições Tecnológicas. Daí, A lógica operacional para a
Brasileira de Engenharia Química, surgiram semelhanças e algumas criação de novos diplomas de cursos
Associação Brasileira de Metais diferenças curriculares entre ambos superiores entre os sistemas de
(hoje Metalurgia e Materiais), os cursos de graduação e formação e credenciamento de
Associação Brasileira de Cerâmica, discussões que tendem a ser profissionais da Química revela a
Associação Brasileira de Polímeros, passageiras porque vem seguinte tendência: se uma
Associação Brasileira de Ensino de prevalecendo a absorção daqueles faculdade, escola, centro
Engenharia, sem o intuito de profissionais por um mercado universitário ou universidade decidir
fiscalizar o exercício profissional dos inovador, crescente e carente de formar um novo tipo ou modalidade
seus associados, no entanto, novas modalidades de de profissional, cria-se uma
discutindo em vários casos as especialização. expectativa de regulamentação por
questões curriculares nos cursos de A Associação Brasileira de parte do conselho federal normativo
graduação. Engenharia Química criou o e fiscalizador, (e uma ação política)
Nas áreas das profissões de Encontro Brasileiro de Ensino de no sentido de acolher a proposição.
Química e Engenharia, coexistiram Engenharia Química – ENBEQ em Porém, o processo de
(desde os anos 90) duas fontes de 1981 em Campinas. Sua segunda reconhecimento das novas
propostas regulamentadoras dos edição ocorreu na capital paulista. A especialidades profissionais é lento.
cursos formadores de profissionais e partir da terceira edição, tornou-se E a aprovação das novas grades ou
das limitações e direitos de cada bianual (ENBEQ 2009). Consultando malhas curriculares dos cursos de

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graduação em Engenharia Química, registro (licenciamento) de todos os cada candidato conheça os
anteriormente inspiradas na Lei dos engenheiros que ofereçam serviços requisitos (exigências) para
Químicos sofreu e ainda sofre as diretamente ao público. licenciamento em seu estado ou
influências do MEC e do ENBEQ, Também, diversas agências jurisdição (NCEES, 2001).
apesar da existência dos reguladoras, cortes jurídicas, clientes No caso brasileiro, um registro
Congressos Brasileiros de Educação e empregadores requerem ou num Conselho Profissional depende
(antes, Ensino) de Engenharia recomendam evidências de registros apenas do diploma universitário, e a
(COBENGEs). da competência em Engenharia, e o principal razão dessa simplificação
O MEC por meio do CFE adotou número de entidades que assim consiste na grade curricular ampla e
“currículos mínimos entendendo que procede é crescente. bem fundamentada de cada curso
a Engenharia Química é uma área O registro é um caminho para universitário brasileiro, que
da Engenharia” (SESU/MEC, CFE definir o nível de competência do possibilita formar profissionais de
o
Parecer n 253, 1977). Também engenheiro, e provê garantia ao alta qualidade. Essa situação,
adotou diretrizes curriculares para os público que aqueles possuidores do diferente nos dois países, resulta de
Químicos, englobando os Bacharéis título de “Engenheiro Profissional cursos de Engenharia Química de
em Química, em Química Industrial e Registrado” ou “Engenheiro cinco anos no Brasil e de grades
em Química Tecnológica. Profissional Licenciado” conseguiram curriculares de quatro anos para
Por outro lado, é próprio enfatizar obter certos requisitos mínimos num graduação nos EUA, o que se traduz
que os Conselhos de Química, por ponto de suas carreiras. na credibilidade e aceitação de
o
força da Lei n 2.800/56, são Considerando-se esses fatos, o engenheiros químicos no mercado
constituídos por profissionais das AIChE recomenda que seus de trabalho nacional e no
diferentes categorias químicas, com membros se registrem em seus estrangeiro.
peso ponderável para os respectivos estados tão logo quanto Assim, as circunstâncias
engenheiros químicos, o que, possível após ingressar na profissão. institucionais do Brasil e dos EUA
evidencia a prevalência desses Ao concretizar essa recomendação, diferem muito em termos de
conselhos para o seu registro o AIChE reconhece que o registro entidades, de cursos de graduação e
profissional. não substitui a responsabilidade de exigências profissionais, porque a
A Escola de Química da UFRJ profissional individual para o trabalho legislação brasileira é federal e
continua graduando e diplomando de Engenharia, ou seja, uma única, e não existe embasamento
químicos industriais em seu curso “responsabilidade” que é baseada jurídico para que a fiscalização das
tradicional, hoje ampliado para cinco sobre conhecimentos adequados, profissões regulamentadas seja
anos pelo fato de focarem a Química experiência e integridade moral, e realizada por entidade privada.
e atenderem a demandas contínuas que se estende ao longo de toda a
do mercado de trabalho. Assim, no carreira de cada engenheiro (AIChE, Parte 3 – Áreas de
caso da Escola (Nacional) de 2001).
Química, o MEC e o CFQ delineiam Nos EUA, segundo o Conselho atividade para
juridicamente a formação, a Nacional de Examinadores para engenheiros químicos
concessão de diplomas, a Engenharia e Agrimensura (National
fiscalização, o exercício da profissão Council of Examiners for Engineering
Funções profissionais e
na área das Engenharias Químicas, and Surveying); ... os profissionais
e a ABEQ e a Associação dos Ex- licenciados são aqueles que segmentos industriais
Alunos da Escola de Química satisfazem um número de requisitos
(EXAEQ) colaboram para melhorar a importantes na sua vivência para Existem atividades executivas ou
qualidade do ensino de graduação. obter o licenciamento profissional. cargos funcionais no cenário
Enquanto que os requisitos para o profissional de todas as
licenciamento possam variar de Engenharias. A UNAFIC (2013)
Influências estrangeiras
estado para estado (americano), entende que o engenheiro químico
para formar e registrar existe um grande acordo de exerce uma ou mais de suas funções
engenheiros químicos similaridade entre aqueles. Na ao longo de sua vida profissional,
maioria dos casos, um candidato pois sua formação o permite. Essa
Há quem considere que a ABEQ bem-sucedido é aquele que variedade, essa liberdade de escolha
deveria congregar os engenheiros completou um elenco mínimo de e de evolução torna o trabalho muito
químicos como ocorre nos EUA, (disciplinas de) educação de atraente e pouco monótono. Assim,
onde o exercício da profissão é graduação universitária e que foi em início de carreira, o químico tem
fiscalizado pelo AIChE ou Instituto aprovado num exame de por vocação trabalhar em pesquisa,
Americano dos Engenheiros Fundamentos. A maioria das em desenvolvimento, em estudos, na
Químicos. O Conselho de Diretores jurisdições, então, requer que o produção. Com sua própria
para o AIChE aprovou em 19 de candidato possua quatro anos de experiência, irá adquirir confiança
março de 1977 e, reafirmou em 7 de experiência profissional sob a para responsabilidades em matéria
junho de 1980, a seguinte posição supervisão de um profissional de segurança, higiene, certificação
sobre o registro (licenciamento ou licenciado, seguido de um exame de qualidade e gestão do ambiente.
credenciamento) para os sobre Princípios e Prática aplicado Os de temperamento mais
engenheiros químicos individuais: ao candidato, que deverá comunicativo abraçarão as
todas as legislações estaduais demonstrar conhecimentos para ser responsabilidades de marketing e
(americanas) agora requerem o aprovado. É muito importante que comerciais.

Revista Brasileira de Engenharia Química I 1º quadrimestre 2014 www.abeq.org.br 19


O trabalho do engenheiro reciclagem de produtos químicos são como fatores da criação de novos
químico não tolera a solidão e ele estreitamente abordados pela cursos de graduação, sem a
trabalha em equipe, quando não a legislação e por uma necessidade de estudos de pós-
dirige. Por outro lado, o saber, a regulamentação europeia, muitas graduação (mestrado ou doutorado)
competência e a experiência, suas vezes, robusta e complexa. O para qualificação da formação
qualidades de liderança o conduzirão trabalho exige, pois rigor e domínio profissional (MARTELLI, 1979).
aos postos de direção, e mesmo de do arsenal regulamentador. O O AIChE também distingue os
direção geral. Certamente, ele irá engenheiro químico atua também em engenheiros químicos por atividades
integrar as novas disciplinas tais manutenção, instrumentação, ou funções profissionais (Tabela 2) e
como gestão de negócios, legislação automatizações, na regulação e no especialidades químicas industriais
social, gestão financeira e comercial. controle e na integração informática (Tabela 3).
Mais que em outras atividades, a (UNAFIC, 2013).
pesquisa, a produção, o transporte, a No caso das Engenharias
comercialização e o campo mais Químicas podemos considerar as
importante, a eliminação ou a especialidades industriais químicas

Tabela 2 – Atividades ou funções profissionais dos engenheiros químicos

ATIVIDADES DE ENGENHARIA QUÍMICA DESCRIÇÃO DA AIChE PARA OS E.U.A.


NO BRASIL E NA FRANÇA

Projeto de Processo (Développement)* Process Design Engineer


Engenharia Ambiental (Environnement) Environmental Engineer
Engenharia de Planta de Processo Plant Process Engineer
Engenharia de Segurança de Processo (Securite, Hygiene) Process Safety Engineer
Engenharia de Projeto (Ingénierie) Project Engineer
Consultoria Consultant
Engenharia de Produto (Formulation) Product Engineer
Engenharia de Produção Fabril (Production) Manufacturing Production Engineer
Eng. Pesquisa e Desenvolvimento (Recherche)* Research & Development Engineer
Gerente de Projeto Project Manager
Procurador em Propriedade Industrial (Propriété Industrielle) Attorney
Engenharia Biomédica Biomedical Specialist
Engenharia de Automação e Controle Computer Applications & Technology Engineer
Gerencia Técnica Technical Manager
Coordenação de Negócios Business Coordinator
Docência Professor
Controle da Qualidade Industrial (Assurance Qualité) Quality Control Engineer
Vendas e Mercado (Commercial – Marketing) Sales and Marketing Engineer
Análises e Caracterização Tecnológica (Analyse)
Eng. Tecnologia Antiga (Veille Technologique)
Eng. Normas Técnicas Antigas (Veille Reglementaire)
Logística (Logistique)
Diretoria (Direction)

Fontes: AIChE, 2001 (abordadas por Zakon e Manhães, 2001) e UNAFIC, 2013.
* As concepções francesa e americana diferem, embora possam superpor-se.

administrativa, que encontraria de produção e conhecimento de


Em maio de 1990, a Escola condições ideais de trabalho apenas organização empresarial e
Politécnica da USP empreendeu um em empresas especializadas, do tipo organizacional, capaz de trabalhar
conjunto de visitas acadêmicas, design-house (firmas de em administração e gerenciamento.
realizado por uma comitiva de seus engenharia). O “engenheiro- Deveria ter habilidade para trabalhar
docentes em universidades cientista” com capacitação em grupo e lidar com funcionários. O
estrangeiras, para modernizar a tecnológica poderia desenvolver “engenheiro-sistêmico”, (ou
oferta de cursos de Engenharia e produtos e processos, atuar em “engenheiro-empresarial”) seria um
especialistas no seu ensino de pesquisa e desenvolvimento, em gestor envolvido com o balanço de
graduação. Concluiu que para cada especial nas universidades, além fim de ano, a economia e as finanças
(grande área ou) especialidade da dos centros de pesquisas federais, da empresa e preocupado com o
Engenharia três tipos de estaduais e privados. O “engenheiro- negócio da Engenharia. Na verdade,
engenheiros eram necessários: o de sistêmico” seria voltado para a área os engenheiros de produção são
projetos, o cientista e o sistêmico. de planejamento, operação e hoje os que recebem formação mais
controle, direcionando seu sistêmica (adaptado da Comissão de
O “engenheiro-projetista” seria conhecimento técnico para a Modernização Curricular da Escola
aquele com um profundo produção, dotado de visão Politécnica da USP, 1990).
conhecimento tecnológico em uma multidisciplinar das engenharias,
área específica, com pequena abordagem integrada dos sistemas
habilidade organizacional e

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Tabela 3 – Especialidades industriais e habilitações das Engenharias Químicas

Especialidades químicas industriais consideradas pelo AIChE (2001) Diplomas existentes e em discussão

Indústrias de Processos Químicos (Chemical Process Industries – CPI): Químico Industrial (QI),
Agrominerais e Fertilizantes, Tintas, Vernizes, Pigmentos, Óleos, Gorduras, Lacas e Tintas de Engenheiro Químico (especialista),
Escrever, Sabões e Detergentes, Perfumes e Cosméticos, Celulose e Papel, Fibras Sintéticas e Engenheiro Químico Industrial,
Têxteis, Películas, Borracha e Derivados, Especialidades Químicas (Essências, Fragrâncias e outras Engenheiro Industrial Químico
substâncias), Gases Industriais, Produtos de Petróleo (Petroquímicos), Polímeros, Plásticos,
Resinas Sintéticas e Compósitos, Catalisadores*
Biotecnologia (Biotechnology) Engenheiro de Bioprocessos
Projeto e Construção (Design & Construction) Engenheiro Químico (especialista)
Ambiente, Segurança e Saúde no Trabalho (Environmental, Safety & Health) Engenheiro Ambiental
Químico Industrial e Ambiental (proposto)
Engenheiro de Alimentos,
Alimentos e Bebidas (Food & Beverages) Engenheiro Químico (especialista)
Químico Industrial (especialista)
Engenheiro Químico,
Combustíveis (Fuels): Fósseis e Nucleares Engenheiro de (Extração de) Petróleo
Engenheiro Nuclear

Materiais Avançados (Advanced Materials), Catalisadores, Eletrônica (Electronics)*: Engenheiro de Materiais


Aeroespaciais, Automotivos, Aglomerantes Minerais (Gesso, Cal e Cimento Portland), Vidros, Engenheiro Químico (especialista)
Cerâmicos, Refratários, Eletrônicos, Metais e Ligas e Artefatos, Processamento de Minerais, Químico Industrial (especialista)
Produtos Fotográficos

* O AIChE destacou Eletrônica e Catalisadores; porém, são materiais avançados que utilizam processos de tecnologias mineral,
metalúrgica e cerâmica avançados.

As responsabilidades específicas especialidade química industrial curricular do único curso de


dos engenheiros químicos, embora (industry profile) a existência do Engenharia Química até 2004. E
variem entre diversos segmentos profissional engenheiro ambiental reduziram as cargas horárias das
industriais e mesmo dentro de uma (environmental engineer)”. disciplinas das Físicas, das
mesma empresa, podem ser Químicas Fundamentais (Geral,
categorizadas em termos genéricos. As Engenharias Químicas Analíticas, Orgânicas, Inorgânicas,
Títulos como “engenheiro de projeto Físico-Químicas) e Tecnológicas
de processo” e “engenheiro de
adotadas na Escola (Industriais) Inorgânicas e
projeto” descrevem cargos (Nacional) de Química Orgânicas. Inspiraram-se nos
industriais e nas empresas de modelos americanos de ensino
Engenharia. A Escola Nacional de Química da trimestral, centrados nas Ciências da
Além disso, existem as funções Universidade do Brasil formava Engenharia Química e na
profissionais pertinentes (AIChE, químicos industriais, e gerou, em 70 Computação expostos no Encontro
2001) apresentadas na Tabela 2. anos de existência, três cursos de Brasileiro de Ensino de Engenharia
Porém, muitas funções descritas em graduação na área das Engenharias Química (ENBEQ) de 1977. E
separado são especialidades válidas Químicas (Figura 4). converteram duas disciplinas de
em grandes refinarias, siderúrgicas e Após a conversão do regime Operações Unitárias em três
indústrias químicas. No caso de seriado em sistema de créditos e disciplinas de Fenômenos de
instalações médias, ocorre a requisitos no início dos anos 70 e até Transporte na graduação: Mecânica
concentração de responsabilidades os anos 80, a graduação de dos Fluidos, Transferência de Calor
sobre um ou poucos profissionais. Engenharia Química ainda tinha uma e Transferência de Massa.
Percebe-se que a nomenclatura forte influência curricular oriunda do Se um curso de graduação de
descritiva do AIChE destaca ou curso de Química Industrial, cujas Engenharia Química elimina da sua
prioriza o termo “engenheiro” em disciplinas seriais foram divididas em sequência curricular as disciplinas
várias funções profissionais, e que duas ou quatro semestrais teóricas e experimentais de
corresponde a vários cursos novos (dependendo da carga horária Químicas Fundamentais e Aplicadas,
adotados por escolas politécnicas e experimental anual l) e a presença torna-se uma versão atípica de um
os recentes institutos de educação dos antigos catedráticos e de suas curso de Engenharia Mecânica, que
tecnológica no Brasil. O título e a equipes docentes. foi o segundo precursor do Curso X.
descrição original em inglês do Com o advento e crescimento do Tem de haver equilíbrio curricular
“engenheiro de produção de Programa de Engenharia Química entre as Químicas, Físicas e
manufatura”, além da redundância (PEQ) da COPPE-UFRJ, introduziu- Matemáticas.
dos termos, sugerem que se trata de se o ensino de Fenômenos de O ensino de Modelagem e
um “engenheiro operacional ou de Transporte na graduação nas Simulação Computacional e dos
operação”, formado em cursos de disciplinas de Operações Unitárias, Métodos Matemáticos Numéricos foi
três anos, categoria criada no Brasil porque novas gerações de mestres e implantado desde 1977. E subsidiou
nos anos 60 e extinta na década doutores vieram substituir os a inserção da disciplina Engenharia
seguinte após ações do sistema professores de tempo parcial que de Processos Químicos, adotada
CONFEA-CREA e que não atingiram tinham outro emprego em indústrias, como paradigma da reforma
a área da Engenharia Química, pois firmas de Engenharia ou serviços curricular da graduação em 2004,
nesta não existiram cursos de públicos e se aposentaram. que moldou o atual curso de
“engenharia operacional”. Os docentes pós-graduados, Engenharia Química (muito diferente
O AIChE em 2001 admitia atuando em tempo integral, do modelo até os anos 80) e os de
simultaneamente como atividade ou empenharam-se em mudar a Engenharia de Alimentos,
função profissional (job function) e distribuição das disciplinas e a carga Engenharia de Bioprocessos e o de

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Química Industrial (com um ciclo A graduação de Química inadequado, pois equivale a
básico igual ao dos demais cursos Industrial foi reformada em 2004, Engenharia Química Industrial.
de Engenharia). adotou uma grade curricular de cinco
anos e manteve um nome

Predomínio
dos QUÍMICA INDUSTRIAL, QI - anos 33 a 73 e desde 1996
químicos QUÍMICA INDUSTRIAL AGRÍCOLA
industriais 4 anos
e
professores
atuantes fora EQ - desde 1952 até 2012
da ENGENHARIA QUÍMICA,
Universidade 5 anos

Áreas da graduação da Engenharia Química desde 1952 na ENQ-UB

MICROBIOLOGIA INDUSTRIAL E
ENGENHARIA QUÍMICA TECNOLOGIA DAS FERMENTAÇÕES +
DE PROCESSO PROCESSOS UNITÁRIOS DA INDÚSTRIA DE FERMENTAÇÃO
(DESENVOLVIMENTO E OPERAÇÃO) 
ENGENHARIA BIOQUÍMICA

ENGENHARIA QUÍMICA
DE PROJETO
(BÁSICO E DE DETALHAMENTO)

Implantação parcial do Regime de Créditos Áreas novas da Engenharia Química


e Requisitos em 1969 e plena em 1971. desde 1977 na EQ-UFRJ

Graduação desde 1977


Graduação
Influência ENGENHARIA DE desde 1989
crescente PROCESSOS QUÍMICOS
dos (PESQUISA E PROJETO GESTÃO TECNOLÓGICA
docentes e ASSISTIDOS PARA OS MERCADOS DAS
egressos POR COMPUTADOR) INDÚSTRIAS QUÍMICAS
do
PEQ-COPPE

Áreas atuais da pós-graduação da


Engenharia Química e Química Industrial

PG desde 1993 PG desde 1993 PG desde 1974 PG desde 1995

ENGENHARIA DE TECNOLOGIA TECNOLOGIA GESTÃO


PROCESSOS DE DE TECNOLÓGICA
QUÍMICOS PROCESSOS QUÍMICOS PROCESSOS BIOQUÍMICOS QUÍMICA

Cursos atuais da EQ-UFRJ


G desde 2004 G desde 2004 G desde 2004 G desde 2004

ENGENHARIA (ENGENHARIA) ENGENHARIA ENGENHARIA


QUÍMICA QUÍMICA INDUSTRIAL (QUÍMICA) DE (QUÍMICA) DE
5 anos 5 anos BIOPROCESSOS ALIMENTOS
5 anos 5 anos

Inovações necessárias

ENGENHARIA DE QUÍMICA ENGENHARIA ENGENHARIA DE


PROCESSOS QUÍMICOS*, INDUSTRIAL E AMBIENTAL* QUÍMICA INDUSTRIAL* GESTÃO TECNOLÓGICA
5 anos 5 anos 5 anos QUÍMICA**, 5 anos

* Novas denominações e/ou configurações curriculares ** Novo curso de graduação

Fonte: Zakon, I Ciclo de Debates do DAEQ-UFRJ, 2009 - após Moritz, 1967.

Figura 4 – Evolução e perspectivas dos cursos de graduação da Escola de Química da UFRJ

22 Revista Brasileira de Engenharia Química I 1º quadrimestre 2014 www.abeq.org.br


A área de Gestão Tecnológica industrial. Constitui uma das mais áreas de Negócios e Direitos
Química surgiu na graduação em fortes áreas do curso de pós- Comerciais, Ambientais e
1989, coincidindo com a criação de graduação em Tecnologia de Internacionais. A área de gestão
alguns laboratórios de computação e Processos Químicos e Bioquímicos tecnológica química caracteriza-se
da rede interna de informática da da Escola de Química da UFRJ, mas por avaliar cenários estratégicos e
Escola de Química da UFRJ, porém, ainda não gerou um curso de produzir documentos que podem
direcionada para os Processos graduação pertinente. definir a estratégia a ser adotada por
Químicos Industriais. Suas sementes Considerando-se que o atual um (grupo) gestor: relatórios
foram implantadas na graduação curso de Engenharia Química da técnicos, jurídicos, econômicos e
pelos docentes do Departamento de EQ-UFRJ tem um perfil políticos, além de manuais e normas
Processos Orgânicos e de computacional, isto é, envolvendo técnicas de Engenharia e Ambientais
Engenharia Química que mesclaram trabalhos em gabinetes e bibliotecas, (Figura 5).
em suas disciplinas as abordagens seria de se esperar a criação de um
tecnológicas com a visão do setor novo curso que interaja com as

CIÊNCIAS

Dados físicos e químicos


de processos naturais
e laboratoriais
ENGENHARIAS

Normas técnicas
Patentes e projetos de Manuais
e especificações
equipamentos, de de engenharia
aparelhos, instrumentos, operação qualidade e
fábricas e veículos
segurança

Matérias- primas e Relatórios de


insumos * INDÚSTRIAS suprimentos,
QUÍMICAS: manutenção,
Recicláveis
segurança e
Utilidades * operação,
qualidade
manutenção,
segurança e
controle da qualidade

TRATAMENTOS Produtos
Rejeitos e químicos *
despejos *

MERCADOS
E
MEIO AMBIENTE

Relatórios
técnicos, econômicos, Normas técnicas
jurídicos, políticos ambientais
e estratégicos

* e folhas de dados analíticos

Fonte: (Zakon, 2008)

Figura 5 - A gestão das tecnologias químicas

A proposta do engenheiro pode incluir a área de Vendas e químicos e biológicos independem


empresarial da EPUSP somada com Mercado (Figura 5). da noção de espaço físico para
as atividades relativas a patentes de O curso de Engenharia Ambiental existir.
procurador ou assessor jurídico oferecido pela Escola Politécnica da A grade curricular de Engenharia
(attorney) da AIChE respalda a UFRJ, com a participação da Escola Ambiental excluiu o ensino de
necessidade de criar a especialidade de Química e da COPPE-UFRJ, a Termodinâmica, Operações Unitárias
engenheiro de gestão tecnológica partir de 2004, mantém a das Indústrias Químicas,
química porque é uma especialidade coexistência de dois enfoques - Siderúrgicas, Metalúrgicas,
na qual existem vários engenheiros Territórios e Química - que merecem Cerâmicas e afins e a Cinética e
químicos atuando no Brasil, e que abordagens em graduações Cálculos de Reatores Químicos. As
separadas, pois os poluentes cargas horárias são pequenas nas

Revista Brasileira de Engenharia Química I 1º quadrimestre 2014 www.abeq.org.br 23


disciplinas embasadas em Química e O cenário exposto justifica que de Engenharia de Processos
algumas são lecionadas por dois ou sejam reincorporadas e mantidas as Químicos para a atual Engenharia
mais docentes altamente Químicas Analíticas Clássicas Química oferecida na Escola de
qualificados. O curso resultou de um teóricas e experimentais em dois Química da UFRJ, incluindo o
acordo político, é compactado e anos ou oito períodos semestrais conhecimento de linguagens de
insuficiente nas disciplinas de letivos no Ciclo Básico das programação (ex.: Fortran), planilhas
Químicas Tecnológicas, ou Engenharias Químicas, porque eletrônicas, além de softwares de
Processos Químicos Industriais. A constituem a referência laboratorial modelagem e simulação
Reciclagem de Plásticos não consta dos processos químicos reais em computacional, que é uma demanda
do elenco obrigatório de disciplinas. escala de bancada para os alunos e intrínseca do mercado de trabalho e
Admite-se que o enfoque “território” futuros profissionais. dos próprios alunos que querem
permeia e caracteriza outros cursos A Química Industrial ainda é um aprender a programar. Engenharia
de Engenharia Ambiental. Na UFRJ, curso próximo das Engenharias Química é (há vários anos) uma
as cargas horárias das Químicas, Químicas e deveria ser elencada denominação genérica para vários
Físico-Química, Operações Unitárias junto destas pelo MEC para diplomas, análoga às Engenharias
e Processos Químicos são questões de avaliação de alunos e Físicas das Escolas Politécnicas,
insuficientes para abordar a poluição desempenho institucional, pois seu onde predomina o ensino de
com resíduos, despejos e emissões. enfoque predominante é o Matemáticas e Físicas Aplicadas.
O viés predominante é o da “Gestão tecnológico ao invés do científico dos Diante das demandas de
Ambiental” envolvendo territórios. Institutos de Química e constitui a planejamento estratégico em setores
ponte de integração profissional e da gestão governamental e da
acadêmica entre as Químicas dependência do crescimento
CONSTATAÇÕES
Científicas e as Engenharias. econômico de uma nação com o
ADICIONAIS E As disciplinas Mineralogia desempenho de sua indústria
CONCLUSÕES. Industrial, Energética e Ambiental, química, é imperioso criar cursos de
Biodiversidade Industrial e Ambiental graduação de Engenharia de Gestão
O MIT oferece quatro cursos de (a ser criada) e Microbiologia Tecnológica Química.
graduação de Engenharia Química e Industrial e Enzimática devem
a Escola (Nacional) de Química (EQ- constar de um novo ciclo básico de Agradecimentos (Thanks to)
UFRJ) oferece três, o que confirma a três anos para as Engenharias
existência da grande área das Químicas conforme sugerido na Químico Industrial Dilson Rosalvo
Engenharias Químicas. Novos revista Química & Derivados dos Santos, Presidente do CRQ-3
cursos podem e devem ser criados (ZAKON, AMORIM, SÁ, ROCHA (1984-1990).
para atender às demandas do NETO, PORTO, LIMA e PINHEIRO, Dr. Barry S. Johnston, Senior
mercado de trabalho para 2002) e na REBEQ (ZAKON, 2009). Lecturer, Undergraduate Officer,
graduandos, pois um mestrado, ou É necessário assumir as Department of Chemical
doutorado, visa qualificar o identidades de Engenharia Química Engineering, Massachussets Institute
profissional em áreas emergentes. Industrial para o atual curso de of Technology, MIT.
Química Industrial em cinco anos e

Referências:

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a a
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das Leis do Trabalho - Título III, Capítulo I, nfea.htm#PROFISSÃO. Acessos em 1998 e Engenharia Química na EQ-UFRJ - III
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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA - Decreto-Lei rs.org.br/site/index.php?p=estudogt Acesso em: Instituições de Ensino de Engenharia - ASIBEI
o
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sobre a regulamentação do exercício das UNION NATIONALE DES ASSOCIATIONS Engenharia, Instituto Militar de Engenharia, Rio
profissões de engenheiro, de arquiteto e de FRANÇAISES D´INGÉNIEURS CHIMISTES – de Janeiro, 02 a 05 de dezembro de 2001.
_______________________________________________________________________

ABRAHAM ZAKON1
1
Engenheiro Químico em 1971 e Mestre em Ciências em Tecnologia de Processos Bioquímicos pela Escola de Química da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (EQ-UFRJ) em 1980; Doutor em Engenharia pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EP-USP) em 1991. Professor Associado
do Departamento de Processos Inorgânicos, Escola de Química, Centro de Tecnologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
zakon@eq.ufrj.br e www.ambientesquímicos.eq.ufrj.br

SERGIO DE JESUS ALEVATO2


2
Engenheiro Químico pela Escola Nacional de Química da Universidade do Brasil (ENQ-UB) em 1967; Mestre em Ciências em Química pelo
Departamento de Química da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (DQ-PUC/RJ), 1980. Departamento Nacional da Produção Mineral do
Ministério das Minas e Energia (DNPM-MME) de 1967 a 1972; TELERJ/TELEBRÁS – 1972-1995. Consultor. Conselheiro do Conselho Regional de
Química (CRQ-3) – 1994-2000. Vice-Presidente do CRQ-3 – 1996-1999. sergioalevato@gmail.com

Revista Brasileira de Engenharia Química I 1º quadrimestre 2014 www.abeq.org.br 25


ARTIGO

Análise da recuperação adicional de


óleo em reservatórios de petróleo
utilizando solução polimérica
por Maria do Socorro Bezerra da Silva*

RESUMO: O aumento progressivo da demanda energética mundial é motivo para a busca, também crescente, do aprimoramento das
técnicas de produção de petróleo. Os métodos químicos representam as principais alternativas para melhorar significativamente a recu-
peração de óleo residual, gerado pela injeção de água. Entre eles a injeção de soluções poliméricas é um método já utilizado com sucesso
na indústria. Essa técnica consiste em aumentar a viscosidade do fluido injetado mediante a dissolução de polímeros na água. Mesmo
em pequenas concentrações, esses produtos fazem com que a viscosidade da água (fluido deslocante) seja aumentada e aproxime-se
da viscosidade do óleo (fluido deslocado). Dessa forma, a solução polimérica injetada no reservatório promoverá um deslocamento uni-
forme em relação à fase óleo. O resultado é o retardamento da invasão de água nos poços produtores e, portanto, uma maximização da
eficiência de recuperação.

Palavras-chave: viscosidade, injeção de água e injeção de solução polimérica.

Introdução injeção de água, porém aditivada com (Enhanced Oil Recovery – EOR), classi-
polímeros hidrossolúveis de elevada mas- ficado como um método químico, e tem
Os reservatórios de petróleo que retêm sa molar. Este artigo tem como objetivo o objetivo de aumentar a viscosidade
grandes quantidades de hidrocarbonetos a análise da produção adicional de óleo da água de injeção e melhorar a razão
após a diminuição da sua energia natural quando é utilizado o método de injeção de de mobilidades água/óleo. Esse método
são candidatos ao emprego de processos solução polimérica. visa recuperar o óleo móvel remanes-
que visam à obtenção de uma recupera- cente que a injeção de água não des-
ção adicional de óleo. O desenvolvimento Injeção de água locou, mas também pode ser aplicado
de técnicas que possibilitem extrair mais desde o início do desenvolvimento de
desse óleo residual permite aumentar a A água e o óleo são imiscíveis sob um reservatório. Além de aumentar a
rentabilidade dos campos petrolíferos e praticamente todas as condições de eficiência de varrido, esse método busca
estender sua vida útil (SEGUNDO et al., pressão e temperatura de reservatório reduzir a quantidade de água injetada e
2007). Dentre as várias dificuldades que e de superfície porque as solubilidades consequentemente produzida (ROSA,
afetam a produção do petróleo a partir do óleo na água e da água no óleo são 2006). Este método faz com que seja
dos reservatórios, uma em especial tem a baixas (WILLHITE, 1986). A interface minimizada a formação de caminhos
ver com a imiscibilidade e a diferença de óleo–água é extremamente instável e preferenciais no reservatório.
viscosidade entre os fluidos presentes na existe uma tendência de formação de ca-
jazida. Com base nessas observações, vá- nais de escoamento preferenciais (VAN Comportamento do
rias propostas têm sido apresentadas com MEURS & VAN DER POEL, 1958). Este polímero no reservatório
o intuito de atenuar os danos sobre a recu- efeito tem por consequência a redução da
peração. Esses métodos são chamados de eficiência de varrido do método, já que, O transporte do polímero (soluto)
recuperação suplementar. Eles consistem como a água percorre caminhos preferen- através da água (solvente) se dá por
na injeção de produtos que geralmente ciais, ela não atinge todo o reservatório. meio dos fenômenos físicos e físico-
não estão presentes no reservatório e mo- Logo, o óleo não é todo deslocado. químicos da equação de transporte,
dificam as características do meio poroso. que são: fluxos advectivos, fluxo di-
Para reservatórios em que o petróleo não Injeção de polímeros fusivo, fluxo dispersivo e adsorção do
é do tipo “pesado” e apresenta mobilida- soluto da fase sólida causando retarda-
de, uma proposta foi a utilização do mé- Injeção de polímeros é um método mento. O controle de mobilidade é um
todo convencional de recuperação por de recuperação avançada de petróleo dos parâmetros mais importantes, pois

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o polímero atua basicamente na vis- de 8 cp e 43 cp utilizando o mesmo re- observações, foi realizada uma análise
cosidade da água injetada, permitindo servatório, o que foi possível de ser reali- da variação da produção acumulada
um aumento na eficiência de varrido. zado variando as frações dos hidrocarbo- para os dois tipos de óleo estudados,
netos presentes no reservatório. A vazão analisando o comportamento da solu-
Metodologia do estudo de água injetada variou entre 25 m3/dia, ção polimérica quando aplicada a um
50 m3/dia e 75 m3/dia. Foram realizados determinado tipo de óleo.
A análise do processo deu-se por processos de injeção contínua de solu-
meio da simulação numérica, utilizan- ção polimérica (20% polímero e 80% de Análise da variação da produção
do o simulador STARS que é o simu- água) e a injeção contínua de água, a fim acumulada para os dois
lador térmico-composicional e de pro- de verificar o comportamento da solução processos simulados
cessos avançados de reservatório mais polimérica em cada um deles. O projeto
utilizado pela indústria. teve duração de 20 anos. A fim de avaliar a eficiência da re-
cuperação de óleo com o processo de
Modelagem do reservatório Resultados e discussão injeção de polímeros, realizou-se pela
Equação (1) o cálculo dos processos
Para facilitar a implementação do Comparativo da injeção continua
simulados de injeção contínua da so-
modelo, assim como a compreensão do da solução polimérica com a
lução polimérica, comparando com a
processo de deslocamento do óleo e a injeção contínua de água
interpretação dos resultados, a geome- injeção de água, com o objetivo de ve-
tria do reservatório foi definida como Pela análise da Figura 2, o mé- rificar o incremento na produção quan-
sendo a correspondente a um quarto todo de injeção contínua de solução do se utiliza o método.
do five-spot, que é constituída por um polimérica apresenta uma melhor pro-
poço injetor e um produtor; esse mode- dução de óleo quando comparado à |Np (Solução polimérica) - Np (Injeção de água)|
∆Np = x 100
lo está apresentado na Figura 1. injeção de água. Isso está ocorrendo Np (Injeção de água)

devido à viscosificação da água com a


Os processos simulados adição do polímero; esta apresentará
uma mobilidade menor, assim conse- A Tabela 1 mostra o incremento na
Para o estudo do processo de injeção guindo varrer uma área maior no re- produção de óleo quando é utilizada a
de solução polimérica, foram criados 2 ti- servatório e consequentemente des- injeção contínua de solução polimérica
pos de óleos sintéticos com viscosidades locando mais óleo. Com base nessas e a injeção contínua de água.

Tipo de informação Parâmetro Valor

Profundidade 687 m
Porosidade 0,23
Propriedades da
Compressibilidade da formação 30x10-5(1/psi)
100 m formação
100 m Temperatura 50 °C
Pressão de referência 28,5 psi

Viscosidade do óleo 43 (cP@50 ºC)


Propriedades do óleo
Grau API 28.66

Pressão crítica 29 psi


Temperatura crítica 300 F
Propriedades do políme-
30 m Peso molecular 10000lb/lbmol
ro utilizado
Densidade 0.0062lb/ft3
Viscosidade 20cp

Vazão máxima no poço injetor 500 (m3std/dia)


Condições operacionais Pressão mínima no poço produtor 28,5 psi
Pressão máxima no poço injetor 2500 psi

Figura 1. Modelo composicional do reservatório.

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Produção acumulada (m3)

Produção acumulada (m3)


20,000 20,000

15,000 15,000

10,000 10,000

5,000 5,000

2005 2010 2015 2020 2005 2010 2015 2020


Tempo (Date) Tempo (Date)

NP_Inj_Cont_água Inj_Cont_Solução polimérica_Qinj_25m3/dia NP_Inj_Cont_água Inj_Cont_Solução polimérica_Qinj_25m3/dia


NP_Inj_Cont_água Inj_Cont_Solução polimérica_Qinj_50m3/dia NP_Inj_Cont_água Inj_Cont_Solução polimérica_Qinj_50m3/dia
NP_Inj_Cont_água Inj_Cont_Solução polimérica_Qinj_75m3/dia NP_Inj_Cont_água Inj_Cont_Solução polimérica_Qinj_75m3/dia

As curvas em vermelho, verde e azul apresentam a produção acumulada de óleo injetando água de forma contínua nas vazões de
25 m3/dia, 50 m3/dia e 75 m3/dia respectivamente. As curvas pontilhadas em azul, lilás e amarelo apresentam a produção acumulada
de óleo injetando a solução polimérica de forma contínua nas vazões de 25 m3/dia, 50 m3/dia e 75 m3/dia respectivamente

Figura 2. Curvas de produção acumulada comparando a injeção contínua de solução polimérica com a injeção contínua de água.
(A) Óleo com viscosidade de 8 cp e (B) Óleo com viscosidade de 43 cp.

Tabela 1. ΔNp em 20 anos de produção.


(A) (B)
Inj. de solu- Inj. de água ∆Np Inj. de solu- Inj. de água
Qinj. Água Qinj. Água ∆Np (% em
ção poliméri- sem polímero (% em 20 ção poliméri- sem polímero
(m3/dia) (m3/dia) 20 anos)
ca (20 anos) (20 anos) anos) ca (20 anos) (20 anos)

25 20.613 19.841 3,89 25 15.542 14.166 9,7

50 21.150 20.848 1,45 50 16.852 15.559 8,35

75 21.264 21.197 0,32 75 17.531 16.379 7,03

NP: produção acumulada; Inj.: injeção; Cont.: continua; Qinj.: vazão injetada; ∆Np: variação da produção acumulada.

Da análise do incremento na pro- do reservatório, assim fazendo com óleo de forma mais eficiente dentro do
dução de óleo, observa-se que, quan- que a água tarde a chegar ao poço meio poroso. O incremento significati-
do o método é utilizado em um óleo produtor, o que acarreta uma melhor vo na produção de óleo foi observado
bem leve 8 cp, apresenta níveis bai- produção de óleo ao fim dos 20 anos no óleo de viscosidade 43 cp; como
xos, o que pode ser atribuído à vis- de projeto. esse óleo é um pouco mais viscoso, a
cosidade do óleo, que é muito leve, solução injetada acaba se difundindo
ocorrendo então a chegada de uma Conclusões mais no meio poroso, varrendo a
grande produção de água junto com maior área possível e consequente-
óleo, dificultando, assim, a produção Com a utilização do método de in- mente produzindo menos água e mais
do último. No óleo de viscosidade jeção de solução polimérica, pode-se óleo. Quando o método foi aplicado a
43 cp, é observado um incremento concluir que houve um incremento na um óleo de viscosidade 8 cp, obteve-
na produção bastante significativo produção de óleo do reservatório em se um incremento no fator de recupe-
em todas as vazões utilizadas, o que estudo. O percentual adicional de óleo ração em relação à produção primá-
pode ser atribuído ao fato de que a obtido após a varredura do reservató- ria, consequentemente também houve
solução polimérica pode estar com rio com a água foi pequeno, indicando altas vazões de água, o que não é in-
uma viscosidade próxima da do óleo que o polímero conseguiu deslocar o teressante para o projeto.

28 Revista Brasileira de Engenharia Química I 1º quadrimestre 2014 www.abeq.org.br


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SEGUNDO, A. R. S. e S.; da SILVA, W.
Drive Process Involving Viscous *Graduada em Licenciatura em Química;
C.; VALENTIM, A. C. M.; MEDEIROS, A. Pós-Graduada em Ciência e Engenharia de
C. R.; GARCIA, R. B. Caracterização de Fingering. In: Petroleum Transactions, Petróleo – Universidade Federal do Rio Grande do
poliacrilamidas comerciais visando sua AIME, 1958, p. 103-112. Norte (UFRN) – E-mail: socorromarya@gmail.com

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engenharia química e o futuro da profissão no Brasil

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De todas
as formações
profissionais,
a formação do
engenheiro químico
é uma das mais
polivalentes e
apreciadas no mercado
de trabalho. São muitas
as ramificações em
que ele pode atuar

Personalidade de destaque no Os avanços são numerosos e fica oportunidades para os profissionais


cenário químico e petroquímico, até difícil citar todos. Quando se fala que estão se formando?
Albert Hahn atuou em importan- em produção de matérias primas, são De todas as formações profissio-
tes empresas do setor, participan- inúmeros os progressos que vêm sen- nais, a formação do engenheiro quí-
do de diversos projetos e estudos. do realizados. São somatórias de de- mico é uma das mais polivalentes e
Juntamente com sua considerá- zenas de pequenas coisas. A partir de apreciadas no mercado de trabalho.
vel experiência acumulada, pos- 1965, a tecnologia de craqueamento São muitas as ramificações em que ele
sui sólida formação acadêmica, de nafta era abominada, e aí se inicia- pode atuar. Outro dia estava no metrô
que inclui os títulos de M.Sc. em ram melhorias significativas. É difícil de Londres e encontrei uma amiga en-
Engenharia Química e Economia escolher uma. Um dos grandes de- genheira química. Ela me disse que
pelo MIT (Massachusetts Institute senvolvimentos, por exemplo, foi a es- estava trabalhando em uma empresa
of Technology). Nos anos 1970, colha de operar a temperaturas mais de consultoria de catástrofes, e isso
publicou o livro “The Petrochemical elevadas, para que as matérias pas- mostra o quanto a profissão é diversi-
Industry – Market and Economics” sassem pelos tubos com mais rapidez. ficada. A engenharia química parece
(Mc Graw-Hill), que serviu de refe- O que é necessário para que a in- se relacionar muito com o sistema de
rência para várias gerações de pro- dústria química possa se desenvolver ­feedback, e a economia do pais tam-
fissionais em todo o mundo. de forma mais abrangente no Brasil? bém é um sistema de retroalimenta-
Em entrevista à Revista Brasileira O problema é que a engenharia ções. Por isso os melhores economistas
de Engenharia Química, Albert falou química brasileira não está voltada à têm formação em engenharia química.
sobre o desenvolvimento da indús- produção de novos processos. Quase Quais países encontram-se mais à
tria química e os avanços nos pro- sempre vem de fora. O que se desen- frente nas inovações tecnológicas da
cessos industriais. volveu muito no Brasil é o processo de indústria química em geral?
Do seu ponto de vista, quais fo- desengargalamento, que praticamente Estados Unidos, Alemanha, França,
ram os principais avanços da enge- foi elevado a uma arte. Inglaterra e Japão são os países mais
nharia química nos últimos anos, no Com relação ao mercado de adiantados. A engenharia química nas-
que se refere à melhoria dos proces- trabalho do engenheiro químico ceu nos Estados Unidos e lá o desenvol-
sos industriais? no Brasil, é possível dizer que há vimento de processos é constante.

Revista Brasileira de Engenharia Química I 1º quadrimestre 2014 www.abeq.org.br 31


NOTA

Projeto Beta EQ

C
riado com o intuito de dar Devido ao grande número de aces-
apoio e preencher uma la- sos ao blog e no Facebook, o Beta Devido ao grande
cuna informativa na área EQ passou a ser um portal de con- número de acessos ao
de Engenharia Química, com foco teúdo sobre Engenharia Química. blog e no Facebook, o
nos estudantes que planejam pres- Então, pouco tempo depois Kaíque Beta EQ passou a ser
tar vestibular, que já cursam ou que passou a recrutar estudantes ou en-
já estão formados, o Projeto Beta genheiros formados para contribuir
um portal de conteúdo
EQ conta com um portal gratuito, de forma voluntária para o portal. sobre Engenharia
que fornece conteúdo exclusivo so- Fornecendo informações essen- Química
bre palestras, divulgação e cobertu- ciais sobre o cenário da Engenharia
ra de eventos acadêmicos. Química nacional e uma rigorosa se-
O projeto começou como um leção de representantes Beta EQ, o auxiliando e oferecendo suporte
blog, criado pelo estudante de En- projeto busca sua popularização e para o Beta EQ. Também é possível
genharia Química pela Universida- consolidação por meio de um conta- visualizar os eventos que estão
de Federal Rural do Rio de Janeiro, to mais íntimo e uma maior troca de para acontecer, mantendo o inter-
Kaíque Santos Teixeira. Em 2013, experiências entre os profissionais e nauta constantemente atualizado
criou o projeto Beta EQ — cujo os estudantes do ramo. Além disso, sobre as novidades.
nome faz referência às versões Beta o portal do projeto conta com um
de aplicativos e softwares. A ideia portfólio por meio do qual é possí- Portal de Conteúdo: http://betaeq.blogs-
de Kaíque era que aquela fosse vel visualizar não somente os obje- pot.com.br/
uma ferramenta de aprimoramen- tivos e metas da equipe, mas tam- Página de fãs: www.facebook.com/betaeq
to informativo contínuo para a área. bém os parceiros que estão Contato: betaeq@outlook.com

32 Revista Brasileira de Engenharia Química I 1º quadrimestre 2014 www.abeq.org.br


NOTA

Brasileiros são premiados


em evento internacional

D
urante o evento de abertura Honeywell para mostrar como emis- e modelar processos em unidades em
do Honeywell user Group sões de gases podem ser convertidas todo o mundo.
(HUG), 2014, realizado em em energia elétrica. Por meio da ferramenta, os brasilei-
San Antonio, no Texas, entre os dias Vimal Kapur, presidente da ros mostraram como o oxigênio, ali-
2 e 6 de junho, o estudante Herbert Honeywell Process Solutions, anun- mentado junto com o gás expandido,
Senzano Lopes, do mestrado em ciou a conquista e destacou o fato pode ser usado para aumentar a potên-
Engenharia Química da Universidade de que, pela primeira vez, o Brasil cia elétrica dos compostos orgânicos
Federal do Rio Grande do Norte tinha sido escolhido por essa premia- voláteis lançados no ar através de um
(UFRN), foi o primeiro brasileiro a ção. A competição UniSim Design queimador. A simulação gerou 2.126
vencer a competição UniSim Designs Challenge abre espaço para que estu- MW de potência elétrica e revelou um
Challenge, promovida pela Honeywell dantes de engenharia de universida- grande potencial para ajudar a reduzir
Process Solutions. Seu trabalho, des das Américas do Norte e Latina o lançamento de dejetos orgânicos e
“Recuperação de Gás Expandido para apresentem suas soluções para pro- óxidos na atmosfera. O evento, que
Geração de Eletricidade”, foi reali- blemas reais enfrentados por plantas reúne cerca de 1500 pessoas, entre
zado juntamente com a professora industriais, a partir da utilização da colaboradores, clientes e parceiros da
Vanja Maria de França Bezerra. Ele suíte UniSim Design, plataforma Honeywell, é voltado para todos os paí-
utilizou o software de simulação da da Honeywell utilizada para projetar ses das três Américas.

Revista Brasileira de Engenharia Química I 1º quadrimestre 2014 www.abeq.org.br 33


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MECHANICAL Chemical Reaction Engineering Module LiveLink™ for Revit®
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Structural Mechanics Module Electrodeposition Module LiveLink™ for PTC® Pro/ENGINEER®
Nonlinear Structural Materials Module Corrosion Module LiveLink™ for Solid Edge®
Geomechanics Module Electrochemistry Module File Import for CATIA® V5
Fatigue Module
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