Você está na página 1de 23
aprrure # « oe légica da distribuigao de riqueza ei distribuigao de riscos eda Na modernidade tardia, a produgio social de riqueza € acompanhada «rematicamente pela produgao social de riscos. Consequentemente, aos pro- simfnas e conlitos distributivos da sociedade da eseasser sobreptene ce og lems ¢ conflitos surgidos a partir da prod £0 1 f lucdo, definicao e distribuigao Pecos cientifico-tecnologicamente produzidos, de ti Essa passagem da Idgica da distribuicao de riqueza na sociedade da es- sex para a logica da distribuicdo de riscos na modernidade tardia esta Ih. ia historicamente a (pelo menos) duas condigées. Ela consuma-se, em pri- nejro lugar — como se pode reconhecer atualmente —, quando ¢ a medi. aoa que, através do nivel alcangado pelas forgas produtivas humanas e tec- se logicas, assim.como pelas garantias ¢ regras juridicas ¢ do Extado Social, é objetivamente reduzida e socialmente solada a auténtica caréncia material. fm segundo lugar, essa mudanga categorial deve-se simultancamente xe fato de que, a reboque das forcas produtivas €xponencialmente crescentes no pro- ‘o de modernizacao, so desencadeados riscos e potenciais de autoameaga ceo medida até entio desconhecida.! num® ja medida em que essas condigdes se impdem, ocorre que um tipo his- térico de pensamento ¢ ago € relativizado ou recoberto por um outro, O conceito de “sociedade industrial” ou “de classes” (na mais ampla vertente 1 Modernizagao significa o salto tecnolégico de racion. trabalho e da organizacao, englobando para além disto muito mais: a mudangn doe carerenen sociais ¢ das biografias padrao, dos estilos e formas de vida, das estruturas de poder ¢ com, trole, das formas politicas de opressio € participagao, das concepgdes de realidade ¢ das nen. mas cognitivas. O arado, a locomotiva a vapor ¢ 0 microchip sao, na concepgao sociocienti. fica da modernizacao, indicadores visiveis de um processo de alcance muito mais profundo, que abrange reconfigura toda a trama social, no qual se alteram, em «iltima instancia, ag fontes da certeza das quais se nutre a vida (Koselleck, 1977; Lepsius, 1977; Eisenstadt, 1999), Normalmente, distingue-se entre modernizacao e industrializagao. Aqui, por razdes de sim. plificacao da linguagem, utilizaremos preponderantemente “modernizagao” como um con- ceito generalizante. alizagdo e a transformagao do Sobre a légica da distribuigdo de riqueza 23 Weber) gira em torno da questi0 de como a riqueza soe de Mara = Wee buds de forma soialmente desigua ile juzida po a is Bie prod vregitima”. 1st0 coincide com o novo paradigma da sociedage 4° aa se apoia fundamentalmente na solugao de um problema similge, Tis. 0, 4 ie é possi € c ne inteiramente distinto. Como € possivel que as ameagas ¢ Tiscog no ental . i ernizacd, Sis. ea eamente coproduZidos no POSS tardio de modernizacio sen re i tados, minimiza\ dos, dramatizados, canalizados e, quando vindos a luz g . fe de “efeitos colaterais latentes”, isolados e redistribuidos de modo ol eames coy processo de modernizagao € Nem as Frontir, al que nao compromeri? © psicoldgica ou socialmente) “aceitavel”? Sdo que € (ecoldgica, mee icinal, p: ‘a mais exclusi ? ‘Nao se trata mals, portanto, ou nao se trata ma clusivamente de uma mica da natureza para libertar as pessoas de sujeicdes tragi. cionais, mas ta! je problemas decorrentes do préprio de. srovolvimento técnico-econdmico. O Proceso de oe torna-se “reflexivo”, convertendo-se a si mesmo em tema ¢ pecisinren, Ba questdes do desenvolvimento e do emprego de tecnologias (no ambito da natureza, da sociedade e da personalidade) sobrepem-s¢ questdes do “manejo” politico e cientifico — administraga0, descoberta, integrag4o, prevengao, acober- tamento — dos riscos de tecnologias efetiva ou potencialmente empregaveis, tendo em vista horizontes de relevancia a serem especificamente definidos, ‘A promessa de seguranga avanga com 0s riscos € precisa ser, diante de uma esfera publica alerta e critica, continuamente reforgada por meio de interven- des cosméticas ou efetivas no desenvolvimento técnico-economico. ‘Ambos 0s “paradigmas” de desigualdade social estado sistematicamente relacionados a fases especificas do processo de modernizagio. A distribuigio 0s conflitos distributivos em torno da riqueza socialmente produzida ocupa- rio o primeiro plano enquanto em paises e sociedades (atualmente, em gran- de parte do assim chamado Terceiro Mundo) 0 pensamento a acio das pes- soas forem dominados pela evidéncia da caréncia material, pela “ditadura da escassez”, Em tais circunstancias, na sociedade da escassez, 0 processo de mo- utilizagdo econ mbém e sobretudo di ‘0 de abrir com as chaves dernizacio encontra-se e consuma-se sob a preten: do desenvolvimento cientifico-tecnol6gico os portdes que levam as recéndi- tas fontes da riqueza social. Essas promessas de libertagao da pobreza e da sujeigdo imerecidas esto na base da agao, do pensamento e da investigagao com as categorias da desigualdade social, abarcando, na verdade, desde a sociedade de classes, passando pela sociedade estratificada, até a sociedade individualizada. am Nos Estados de Bem-Estar altamente desenvolvidos do Ocidente, ocorte Processo duplo: de um lado, a luta pelo “pao de cada dia” — em comr 24 No vulcao civilizatorio com a subsisténcia m, 740 patie Terceiro Mundo, ame terial até a pri €4 primeira me; ; i agado. Pela fome —_ di rar com ulema basico que langa sombra sob, > make Ee pre para muitas pessoag oon ns mem su plema da “nova pobreza”. y Problema: 0 PFO“. modernizagao é Privado de e550 oe te: © combate a mi. 130 Vibe in certos efeitos colaterais (j4 14 arcat ralelamente, dissemin, scontaminadas” por esto do século XX e er a urgéncia de indo © mais. Em lugae de fome, S* do “excesse P- 133 ss.) © de peso” (sobre mais forcas jas, em tal medida que » j, sencadeadas Ambas as fontes alimenen uma cresce; oe ee dante ee ruidosa e conflitivamente, define os rumos da sao, B-gumentando sistematicamente convergir na continuidade dos ae nflitos sociais de uma soc edad. 0s Sade “que distribui riscos”. Ng Repuibi socie minha tese —, pelo menos desde os anos seten esta ‘Quer dizer: sobrepécm-se Aqui ambos os tipos 820-7) yivemos numa Sociedade dat flicos distributivos das socie. critica da moderniza- da: S discussdes piiblicas. 's Cedo ou tarde Processos de m. na histéria social come- le “que distribui ‘odernizacao as situacdes. tiqueza” com os de uma lica Federal, encontramo-nos ta, no inicio dessa transi- de temas € conflitos. Ain de risco, mas fampouco somente em meio ‘dades da igdo se consuma, chega-se ent transit iatancia das categori, BEG conceito de assin: escassez. N. 0, com efeito, a uma tra as € trajetdrias habituais de p. risco tem realmente o da? Nao se trata de éaq a importanei ? Nao serio 0s riscos just ana? Na huma fa medida em que essa nsformagio social cnsamento € agdio. a socio-histéri: um fendme; va: a que the NO originario de qualquer agio amente uma marca da era industrial, eon yo 4 qual deveriam 80 isolado: bee eee oaotmmodera uma 8? E certo que os riscos nao sao a. Quem — como Colombo — saiu em busca de no- terras e continentes por descobrir assumiu recy aga global § humanidade com a fissao nucle palavra “ris Ao situagdes de ame. sssoais, € NAO Si cos pess Estes cram, porém, ris + COMO as que surgem para toda ar ou com o acumulc co” tinha, no contexto d: > de lixo nuclear. A aquela época, um tom de ira, € no © da possivel autodestruics SN CTambém as florestas sio dean através de sua conversao em p, ousadia e€ aven- o da vida na Terra. atadas h: A Muitos séculos — inicialmente astos ¢ em seguida através da exploragao in- Sobre a logica da ¢ buigao de riqueza 25

Você também pode gostar