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Mediadores de Leitura Caperno Comp.Lementar 2 Organizadores Eliane Aparecida Galvao Ribeiro Ferreira Juvenal Zanchetta Junior Ricardo Magalhées Bulhées Rony Farto Pereira Thiago Alves Valente 52 MEDIAGAO DA APRECIACAO MUSICAL NA ESCOLA Paulo Constantino Doutorando UNESP ~ Marilia/SP Introdugio O texto propde-se apresentar um possivel percurso para a mediagio da apreciagio musical na educagdo basica, especialmente no segundo ciclo do ensino “fudarhental e no ensino médio ‘A relevancia da proposta ¢ justificada pela oportunidade de subsidiar as atividades de mediagiio na escola, que ganharam evidéncia com a aprovasio da Lei n° 11.769, de 18 de agosto de 2008 (BRASIL, 2008). Essa normativa alterou “a Lei n” 9394/96 [...] estabelecendo a Misica como conteiido obrigatério, mas nfo exclusive” (BRASIL, 2013, p. 01) da educagao basica. ‘As “Diretrizes para a operacionalizagdio do ensino de misica na educagio basica” (BRASIL, 2013) também indicam que a pritica da musica na escola “deve ser estendida a todos os estudantes” (BRASIL, 2013, p. 05), e “compreendida como direito humano, promotora de cidadania e de maior qualidade social na educagio”. (BRASIL, 2013, p. 08). A perspectiva 6 que esta mediagao das atividades musicais ocorra no ambito escolar, permitindo que os conhecimentos sobre os géneros musicais € sua apreciagao sejam sistematizados, promovendo a aproximagao das instituigGes, escolares, locais permanentemente perpassados pela diversidade musical existente, com os babitos sociais ¢ culturais de seus participantes, oferendo uma contribuigao para o envolvimento efetivo dos alunos. : Os eixos fundamentais desta abordagem seguem, para além dos recursos estritamente musicais, um trabalho relacionado as diferentes tematicas sugeridas por Gonnet (2004, p.55) para 0 estudo das midias: 0 emprego das diferentes linguagens, desconstruindo os discursos musicais ¢ visuais; 0 uso das tecnologias, tentando compreender 0 funcionamento das grandes tecnologias midiaticas, dessacralizando as ferramentas; as tipologias, caracterizando os diferentes géneros musicais trabalhados em salas de aula e as representagdes possiveis; os pliblicos-alvo destas manifestagdes ¢ os produtores destas midias. 53 Finalmente, o texto procura “reconhecer, acolher ¢ trabalhar com a diversidade no processo pedagégico” (PENNA, 2008, p.79), por meio de sugestdes de processos, permitindo que 0 mediador transite com desenvoltura por diferentes culturas musicais, se assim o desejar. Mediar a apreciacao de misica na escola? Por que mediar a apreciagio da miisica na escola? Koellrreuter (1997) defendeu a ideia de que 0 processo justificaria-se como uma contribuicao para o “alargamento da consciéneia e para a modificagéo do homem e da sociedade, entendendo como consciéneia a capacidade do homem de aprender os sistemas de relagdes que atuam sobre ele, o influenciam e o determinam”. (KOELLREUTTER, 1997, p. 69). Rita Fucci-Amato (2012) elenca, entre os desafios da escola brasileira, a valorizagao do ensino de musica na educagio bisica (FUCCI-AMATO, 2012, p.96), uma vez que a misica e as artes sfio normalmente legadas ao segundo plano entre as disciplinas consideradas mais importantes, em razo de uma oposigao entre aquilo que seria essencial — Portugués, Matemitica e Ciéncias — e um micleo supostamente descartével ou dispensavel, que incluiria a Misica e outras manifestagbes artisticas. Parece-nos, que do ponto de vista das politicas publicas, as mediagdes das artes AA na escola deveriam “ser incorporadas a cultura democratica, nfo por si mesmas, mas em nome da democracia” (ROSS, 2011, p. 269). Assim os nossos alunos poderiam obter f f ' b “uma compreensio mais profunda do mundo olhando para ele do ponto de vista peculiar de uma obra de arte” (ROSS, 2011, p. 269). O autor nos lembra que estes novos olhares reveladores ¢ imaginativos que a miisica pode proporcionar, permitem que as criangas € aide jovens aprendam a [J notar detalhes surpreendentes que ajudam a destruir um cstereétipo popular; elas passam a tolerar a diferenga, acostumam-se com as idiossincrasias. Elas também podem experimentar um choque de percepgio que Ihes mostre possibilidades alternativas em sua vida, tenham ou nao essas possibilidades e essa vida uma relagao Obvia com a obra de arte em questio. (ROSS, 2011, p. 269)

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