Lembremo-nos do símile da Linha Dividida1.

Comparemos o mundo a um segmento de

linha: chamemo-la AB. Dividamo-la, em um primeiro momento, em duas partes
desiguais: resultam os segmentos AC e CB. Admitamos que o segmento AC (i) seja
inferior ao segmento CB e (ii) seja a imagem do segmento CB. Então, ao segmento AC
chamemos “mundo visível” e ao segmento CB chamemos “mundo inteligível”.
Dividamos, agora, em um segundo momento, cada um desses dois segmentos em duas
partes desiguais: temos então os segmentos AD, DC, CE e EB. Os segmentos AD e DC,
por definição, correspondem às duas partes do mundo visível. Admitamos que o segmento
AD (i) seja inferior ao segmento DC e (ii) seja a imagem do segmento DC. Chamemos,
então, AD “zona das sombras” e DC “zona dos corpos”. Por outro lado, os segmentos CE
e EB são, por definição, as duas partes do mundo inteligível. Admitamos que o segmento
CE (i) seja inferior ao segmento EB e (ii) seja a imagem do segmento EB. Definamos,
então, o segmento CE como “zona dos entes matemáticos” e o segmento EB como “zona
das Ideias”.

1
República, VI, 509d-511e.