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Afirma-se que a fiança é um contrato formal porque exige a forma escrita (art. 819 do CC).

Logo, não é válida


a fiança verbal.
O fiador responde somente por aquilo que declarou no contrato de fiança.
SIM. É lícita (e, portanto, válida) cláusula em contrato de mútuo bancário que preveja expressamente que a
fiança prestada prorroga-se automaticamente com a prorrogação do contrato principal.
O STJ decidiu que é válido que o contrato preveja uma cláusula dizendo que, em caso de prorrogação do
contrato principal, a fiança (pacto acessório) também será prorrogada.
Havendo expressa e clara previsão contratual da manutenção da fiança, em caso de prorrogação do contrato
principal, o pacto acessório também é prorrogado automaticamente, seguindo a sorte do principal.

Essa cláusula não viola o art. 819 do CC, que afirma que a fiança não pode ser interpretada extensivamente?
NÃO. Realmente, na fiança não se admite a interpretação extensiva de suas cláusulas. No entanto, no caso
acima explicado não houve interpretação extensiva.
"Não admitir interpretação extensiva" significa que o fiador deve responder, exatamente, por aquilo que
declarou no instrumento da fiança. Ele não pode responder por nada a mais do que aquilo que ele aceitou no
contrato de fiança.
Na situação concreta, o fiador concordou com todos os termos do contrato, inclusive com a cláusula que previa
a prorrogação automática da fiança em caso de prorrogação do contrato principal.
Logo, a cláusula era muito clara e o fiador aceitou. Ao aplicar essa cláusula de prorrogação automática não se
está fazendo interpretação extensiva. Ao contrário, está sendo interpretada a cláusula literalmente.
Ele tem o direito de, no período de prorrogação contratual, notificar o credor afirmando que não mais deseja ser
fiador. A isso se dá o nome de “notificação resilitória”, estando prevista no art. 835 do CC:
Havendo expressa e clara previsão contratual da manutenção da fiança prestada em contrato de mútuo
bancário em caso de prorrogação do contrato principal, o pacto acessório também é prorrogado
automaticamente. O contrato de mútuo bancário tem por característica ser, em regra, de adesão e de longa
duração, vigendo e renovando-se periodicamente por longo período. A fiança, elemento essencial para a
manutenção do equilíbrio contratual do mútuo bancário, tem como características a acessoriedade, a
unilateralidade, a gratuidade e a subsidiariedade. Além disso, não se admite, na fiança, interpretação extensiva
de suas cláusulas, a fim de assegurar que o fiador esteja ciente de todos os termos do contrato de fiança
firmado, inclusive do sistema de prorrogação automática da garantia. Esclareça-se, por oportuno, que não
admitir interpretação extensiva significa tão somente que o fiador responde, precisamente, por aquilo que
declarou no instrumento da fiança. Nesse contexto, não há ilegalidade na previsão contratual expressa de que
a fiança prorroga-se automaticamente com a prorrogação do contrato principal. Com efeito, como a fiança
tem o propósito de transferir para o fiador o risco do inadimplemento, tendo o pacto contratual previsto, em
caso de prorrogação da avença principal, a sua prorrogação automática – sem que tenha havido notificação
resilitória, novação, transação ou concessão de moratória relativamente à obrigação principal – , não há falar
em extinção da garantia pessoal. Ressalte-se, nesse ponto, que poderá o fiador, querendo, promover a
notificação resilitória nos moldes do disposto no art. 835 do CC, a fim de se exonerar da fiança. REsp
1.374.836-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 3/10/2013.

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