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s&. CONHECIMENTO A MACONARIA EA IGREJA CATOLICA or volta de 1390, conforme registrado no Manuscriptus Regius, 0 relacionamento entre & Igteja Catélica ¢ a Magonaria era bom. Naquela época, a Magonaria operati- va prestava servigos a Igreja, construindo catedrais. O chefe de cantaria normalmente era um clérigo, que orientava os obreiros, inclusive nos assuntos re~ ligiosos, No que se refere ao Brasil, no final do século XIX, os padres defendiam abértamente idéias libe- rais, identifieando-se com os magons da época. Em conseqléncia, muitos deles foram admitidos na ma- onaria, alguns com o consentimento € outros con- tando apenas com a tolerdncia de seus Bispos. “A paz termina quando, numa homenagem pres- tada pelas Lojas magGnicas do Rio de Janeiro 20 seu grdo-mestre, Visconde do Rio Branco, registra- -se um ineidente de maior monta, O padre Almeida Martins, que também é magom, se apresenta na ce~ rimOnia em seus trajes de sacerdote ¢ faz um dis- 68. smwuniversomaconicecombe curso de saudagilo, representando a Loja do Grande Oriente do Lavradio, recebendo, por isso, uma pu- nig&o do bispo diocesano, D. Pedro Maria de Lacer- da. Reincidente em sua atuagio, é, ento, suspenso das ordens sacras. Comega aqui uma guerra surda fem que os magons passam a hostilizar a Igreja, en- quanto esta, por seus bispos, age duro contra os re- ligiosos renitentes na pritica da maconaria. Ocorre, entéo, um incidente mais grave. O bispo de Olinda, D. Vital Maria Gongalves de Oliveira, jovem de vin- te e poucos anos, resolveu aplicar, na area sob sua jurisdigdo, as recomendagdes da Enciclica de 1864, do papa Pio IX, proibindo 0 clero de participar de ceriménias patrocinadas por magons. O bispo chama particularmente cada um dos sacerdotes envolvidos € ordena-Ihes que se dediquem téo somente & vida religiosa, afastando-se de atividades estranhas aos conventos. Encontrando oposigio, D. Vital acabou por suspender as irmandades recalcitrantes, impe- dindo-as de receber novos membros, de participar de offcios religiosos ¢ até de vestir os seus hébitos. Al- gumas dessas irmandades recorrem a0 Governo e D. Vital, por sua parte, recorre ao Papa que Ihe dé po- deres para agir com rigor contra os rebelados. Esté formado 0 embrulho, provocado pela esptiria unio, entre o Estado e a Igreja. O acordo entre 0 Governo © 0 Vaticano determinava que todas as bulas papais, para serem cumpridas no pafs, deveriam primeiro re- ceber 0 execute-se do Governo brasileiro 0 que nfo acontecera com a Encfclica cujas recomendagoes © bispo insistia em aplicar. A crise agrava-se mais ainda quando 0 bispo do Paré, D. AntOnio Macedo Costa, faz. um protesto formal contra a magonaria € se solidariza com D. Vital Foi a conta. © Governo apresenta ago criminal contra os dois religiosos, perante o Supremo Tribu- nal de Justiga, por des- respeito aos poderes do Império. Presos, os dois bispos so levados ao Rio de Janeiro, julgados © condenados 2 dois anos de prisdo com trabalhos forgados, sendo instau- rados processos também contra outros padres que Ihes deram apoio. Isto ocorreu em 1° de julho de 1873 e $6 ao final da pena € que os dois bispos foram anistiados, por decreto do Gabinete presidido pelo Duque de Caxias. Mas © desastre ja acontecera e seus efeitos so irreme- diiveis. Jé no infcio do século XVII, a magonaria, trabalhava no sentido de separar a igreja do estado; instituir 0 casamento civil; introduzir 0 sistema re- publicano de governo; instituir a liberdade religiosa, ete. As enciclicas papais que atacaram a Magonaria explicitam estas questdes: O Papa Leo XII disse em sua encfclica de 13/03/1825, “as obras sobre religifo © sobre a repiblica que seus membros ousam dar a luz & publicidade...” A semente da repiblica estava sendo langada; 0s Ifderes religiosos da época come- garam a se preocupar com a possibilidade de perder © poder temporal. © Papa Leo XIII em sua enciclica de 20/04/1884 disse: “os magons defendem a idéia de que os chefes do governo tém poder sobre o vinculo conjugal. Na educacio dos filhos nfo ha nada a Ihes prescrever em matéria de religifo. A cada um deles compete, quando estiver em idade, escolher a religitio que Ihe aprouver. Jé em muitos paises, mesmos os catdlicos, estd estabelecido que fora do casamento civil no hé fo legitima”. Nesta encfclica, 0 papa protestava, veementemente contra a magonaria, por estar defen- — AIGREJA CATOLICA DEFENDIA O PENSAMENTO CONSERVADOR EA MACONARIA O LIBERAL. dlendo a liberdade de religido e a instituigio do casa- mento civil. Isto poderia ser traduzido em perda de influéncia da igreja sobre os féis. Ledo XIII também disse nesta encfclica que: “segundo os macons, todo poder est no povo livre; os que exercem poder 86 s80 detentores pelo mandato ou pela concessifo do povo”. A mesma enefclica afirmava que 0 poder pertencia « DEUS, o qual transferiu a igreja a res- onsabilidade de governar, ou de indicar alguém que fosse capaz. de faz8-lo. Esta questi ¢ hoje traduzida pelo abuso da televisto que redundow na liberdade sexual, na degeneragio da familia, no poder atrib do 20 dinheiro, ete Outro fato digno de nota, € que, no final do sécu- lo XIX e infcio do séeulo XX os esforgos para a evo- lugio social e politica eram divididos entre os ca- t6licos eonservadores, os liberais e os “cientificis- tas”. A Igreja catélica de- fendia o pensamento con- servador a magonaria 0 liberal. A Igreja tinha nas rmios as escolas que edu- cavam somente of ricos; a magonaria agiv no senti- do de mudar esta situago. Criow escolas notumas ¢ conseguiu diminuir o custo do ensino, tornando-o mais acessivel as classes menos abastadas. Isto frustrou 0 objetivo da igeeja, que era manter 0 status quo da época, ou seja, impedir que o poder mudasse de mfos. Do infeio do século XX até os dias de hoje nfo se tem noticias de grandes conflitos entre a Igreja Catélica e a Magonaria. Aliés,é inte~ ressante mencionar que entre os membros da mago- naria esto inimeros eatélicos praticantes © evan- sélicos. Em 1984 apés a publicagio do novo eédigo canbnico, a Loja de Pesquisa Quatro Coroados de Londres fez uma pesquisa no Vaticano no sentido de saber como era vista a Magonaria entre os Cléri- g08. 0 resultado mostrou que a maioria achava que somente a magonaria que tinha tirado Deus de seus Postulados Fundamentais é que era condenével, ou seja, 0 Grande Oriente da Franga; nfo havia nenhu- ma restrigo quanto & maconaria que exigia que seus membros acreditassem em Deus. Entretanto, esta nfo era uma posi¢do oficial, pois, nao tinha a aprovado das autoridades religio- sas do Vaticano. m Fonte: Lio "O Que Voce Prec Saber Scbre Magonaria"™ ‘Autre. lias Mansur Neto CClabecag: Ir. Renato Bunty vnmuniversomaconicecombs 69)

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