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AstrofObser Kohl PDF
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30 de janeiro de 2004
Prefácio
Filme: “O Santo Graal” do grupo inglês Monty Python. Cena: uma das últimas. Ação:
Rei Arthur e seus cavaleiros alcançam uma ponte diante da qual um ancião se coloca.
“Alto lá”, diz o velho. “Eu sou o guardião dessa ponte acima do vale do inferno. Para
cruzá-la cada um deve responder a uma pergunta minha. Se acertar poderá passar, do
contrário será sugado até o quinto dos infernos”. Diante disso, cada um do séquito do
rei vai passando ou vai sendo condenado respondendo certo ou errado as perguntas,
às vezes absurdas, às vezes infames do velho1 . Lancelot foi sugado porque titubeou
em responder qual era sua cor preferida. Outro cavaleiro não sabia a altura exata do
monte Everest, e assim por diante.
Na vez do rei Arthur, o velho repete a ladainha e pergunta: “Qual é a velocidade de
cruzeiro da andorinha?”, ao que o rei retruca com: “A andorinha africana ou européia?”.
O ancião, surpreendido pela questão, responde: “Ora! Isso eu não sei!” E zum! O
próprio guardião da ponte é sugado pelo inferno.
O cavaleiro que acompanha o rei Arthur (e se vê livre de seu desafio pois o velho
tinha se ido) pergunta, curioso: “Como Vossa Alteza sabia que existem dois tipos de
andorinha?”. O rei responde, fleumaticamente:
- São coisas que um rei deve saber.
Astrônomo não é rei. Pelo menos, não necessariamente. É dito que o imperador D.
Pedro II era um amante da astronomia. E que o Observatório Nacional, antes, Imperial
Observatório, teve seus dias de glória sob o seu reinado. Sob a república, o que só se
tenta é acabar com ele, o Observatório. De início, por conta da imagem que ele tinha
ligada com o antigo regime. Hoje, sabe-se lá por que...
Voltando ao assunto, se astrônomo não é rei, ele, mesmo assim, carrega o “sacrifício
do cargo”, como o rei. E dele cobram-se as coisas que um astrônomo observacional deve
saber. Algumas dessas coisas, eu tento ensinar nesse curso. É claro que o que vou
expor aqui não é exaustivo. O que um observacional deve saber é muito mais do que se
pode encontrar nessas páginas. O tempo e a limitação de papel determinam o que deve
ser ensinado nesse curso. É o mínimo necessário, o minimum minimorum.
Mesmo assim, quando o leitor, no futuro, em discussão científica com alguém, ti-
ver, na ponta da língua, a magnitude limite de um telescópio ou a resolução em com-
primento de onda de um dado espectrógrafo e for questionado sobre esse seu saber,
poderá assumir a fleuma e declarar:
-São coisas que um observacional deve saber.
................................................................................................
Esse curso é dividido em três partes definidas pelas regiões do espectro eletromagnético.
Cada região dessas determina diferentes técnicas observacionais, motivo pelo qual as
partes foram separadas. No entanto, isso não significa que a leitura de cada uma das
partes seja independente. Muitos conceitos definidos em uma parte são aproveitados
em outras, de forma que, a sequência com que as partes são apresentadas representa
a sugestão de roteiro para o leitor seguir. As partes se nomeiam:
1 Essa cena, obviamente, se inspira na polícia de fronteira do aeroporto de Heathrow, em Londres, onde o
infeliz estrangeiro, para obter a autorização de ingresso em solo inglês, é obrigado a responder as perguntas
mais estapafúrdias que se pode imaginar.
i
ii
3. Domínio das altas energias: onde são passadas as técnicas de detecção de radia-
ção de alta energia, desde o neutrino até o raio X, passando pelos raios cósmicos
e raios gama.
Softwares de Apoio
O astrônomo moderno não pode prescindir de instrumentos computacionais. Um fí-
sico teórico brasileiro, na época lotado no Observatório Nacional, teria comentado que
os astrônomos “não saem da frente do computador”. “Quando eles fazem ciência?”
teria perguntado o indignado pesquisador. Dentro de nossa área, já pude detectar
sérias preocupações de alguns professores de que estaríamos formando gerações de
“bons usuários” de pacotes computacionais, deixando entrever que os novos astrôno-
mos apresentam deficiências de formação. Independente da motivação que levou esses
professores deixarem transparecer suas inquietações, creio que iniciativas pedagógi-
cas, como essa que ora apresento nesse manuscrito, devem ser incentivadas no sentido
de tentar preencher as lacunas que tanto incomodam os professores mais experientes.
Mas não se deve deixar de “treinar” os estudantes nos bons softwares de apoio. Mais do
que fazer, é preciso fazer direito, de forma normalizada, de maneira que os resultados
sejam facilmente comparados e testados, e isso só é possível utilizando-se as ferramen-
tas consagradas pela comunidade. Fazer direito é ter conhecimento de todas as etapas
que as caixas pretas dos softwares de apoio executam. Somente assim o aluno terá a
formação ideal. Por essa razão não posso omitir, aqui, a apresentação da informática
corrente na astronomia. Eu diria que essa nossa ciência é privilegiada pois servindo-se
apenas dos pacotes de domínio público pode-se cumprir todas as etapas do tratamento
de dados. Por isso, sinto-me a vontade em apresentar os softwares sem me preocupar
com royalties e outros procedimentos legais comuns nos pacotes comerciais. Todos os
softwares tratados aqui funcionam sob a plataforma UNIX-X11.
Podemos dividir os softwares de apoio em dois tipos: aqueles que auxiliam a prepa-
ração das observações e aqueles que apoiam o tratamento e análise dessas observações.
Nesse último tipo encontramos dois pacotes: o MIDAS (Munich Image Data Analysis
System) e o IRAF (Image Reduction and Analysis Facility). O MIDAS foi desenvolvido e
é mantido pelo ESO (European Southern Observatory) sediado em Munique, Alemanha,
enquanto que o IRAF foi desenvolvido e é mantido pelo NOAO (National Optical Astro-
nomical Observatories), Arizona, EUA. Cada um tem vantagens e desvantagens. O mais
utilizado no Brasil, por enquanto, é o IRAF sobretudo depois que o LNA (Laboratório
Nacional de Astrofísica) resolveu desenvolver todas os pacotes de aquisição de dados
sob esse software. O MIDAS é utilizado por aqueles que obtém seus dados no telescó-
pio de 1.52m do ESO, no Chile, na fase de pré-redução. Contudo, tão logo os dados são
pré-reduzidos a imensa maioria dos usuários transferem-nos para o IRAF para a ob-
tenção dos dados finais. Essa prática é levada não só por hábito como também porque
esse último pacote oferece mais ferramentas.
iii
Trigonometria Esférica
Não é concebível um observacional sem um mínimo de conhecimento de trigonometria
esférica, sistemas de medida de tempo, enfim, o básico de astronomia fundamental.
Todos esses conceitos não serão ensinados aqui. Admite-se que o leitor já conheça
o essencial da matéria. Para aqueles que querem recordar ou aprender o que será
necessário nesse curso, recomendo o clássico Astronomie Générale de A. Danjon ([3])
ou, se quiser um texto em português, o excelente resumo de R. Boscko no antigo Curso
de Astronomia do IAG-USP.
iv
Agradecimentos
A Pierre Bourget pelas dicas e discussões a respeito dos assuntos relacionados à óptica
e também por ter oferecido uma extensa bibliografia a respeito.
v
vi
Sumário
I Domínio Óptico 1
1 Teoria do Telescópio 3
1.1 Introdução à Óptica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1.1 Lei de Snell-Descartes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1.2 Reflexão Total . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.1.3 Simetria de Revolução e Eixo Óptico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.1.4 Caminho Óptico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.1.5 Conjugação Óptica, Objetos e Imagens . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.1.6 Traçado de Raios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1.7 Aproximação de 1a. Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1.8 Convenções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.1.9 Superfícies côncavas e convexas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.1.10Aumento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.1.11Potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.1.12Características Ópticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.1.13Características dos Raios de Luz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.1.14Sistemas Ópticos Compostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2 Domínio Não Paraxial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.3 Princípio de Huyghens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.4 Polarização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.4.1 Bi-refringência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.5 Transmissibilidade e Refletividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.6 Reflexão múltipla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.7 Lunetas e Telescópios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.8 Escala de Imagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.9 Difração de Fraunhofer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.9.1 Poder de Resolução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.10 Tipos de Dispositivos Ópticos Astronômicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.10.1Telescópios a Dois Espelhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.10.2Câmara Schmidt . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.11 Oculares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.12 Retículos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.13 Dispositivos Ópticos Auxiliares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.13.1Câmaras auxiliares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.13.2Semi-espelhos ou Beam Splitters . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.14 Óptica Ativa e Óptica Adaptativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.15 Características Observacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.15.1Fator de Aproximação ou Aumento Angular . . . . . . . . . . . . . . 28
1.15.2Fator de Concentração de Luz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.15.3Magnitude Limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.15.4Velocidade da Objetiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.15.5Campo do Telescópio e Campo de Visão . . . . . . . . . . . . . . . . 29
vii
viii SUMÁRIO
1.15.6Buscadora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.15.7Offset Guider . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.16 Tipos de Montagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.16.1Montagem Equatorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.16.2Montagem Azimutal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
1.16.3Montagem Meridiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
1.16.4Montagem Zenital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
1.17 Domos e Cúpulas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
1.18 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2 Astronomia Fundamental 39
2.1 Equador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.2 Eclíptica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.3 Equinócio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.4 Coordenadas Equatoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.5 Coordenadas Eclípticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.6 Coordenadas Geográficas Locais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.7 Tempo Sideral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.8 Ângulo Horário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
2.9 Precessão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
2.10 Coordenadas Galáticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.11 Catálogos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.12 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4 Fotometria 47
4.1 Unidades Fotométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.2 Filtros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.2.1 Filtros de Banda Larga (Broad Band) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.2.2 Filtros de Banda Estreita (Narrow Band) . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.3 Fotometria Fotográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.4 Fotômetros Fotoelétricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.5 Detetores CCD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.5.1 Fotometria Relativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.5.2 Análise de Objetos Extensos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
5 Espectroscopia e Espectrofotometria 51
5.1 Redes de Difração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
5.2 Calibração em Comprimento de Onda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
5.3 Calibração em Fluxo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
5.4 Índices Fotométricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
5.5 Largura Equivalente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
6 Roteiro Observacional 53
6.1 Descrição de um Observatório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
6.2 Surveys . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
SUMÁRIO ix
xi
xii LISTA DE FIGURAS
Lista de Tabelas
xiii
Parte I
Domínio Óptico
1
Capítulo 1
Teoria do Telescópio
Lei da reflexão
A lei da reflexão, historicamente, tem um enunciado independente feito por Arquimedes:
os raios incidente e refletido estão no mesmo plano, são opostos em relação à normal à
superfície e os ângulos que eles formam com essa normal possuem módulos iguais.
Matematicamente, no entanto, a reflexão pode ser tratada como um caso particular
da lei da refração inpondo-se nr = −ni .
3
4 CAPÍTULO 1. TEORIA DO TELESCÓPIO
raio incidente
Meio do raio
i
incidente
Índice de Superfície refratora
r
refração: n i
raio refratado
Meio do raio
refratado
Índice de refração: n r
Figura 1.2: Prisma dianteiro da Astrolábio A. Danjon.
Imagem Imagem
real virtual
B C
P
P
1 2
dois pontos são iguais. Como consequência dessa definição, surge um lugar geométrico
chamado superfícies cartesianas. Consideremos que entre dois pontos conjugados os
raios sejam submetidos a apenas uma refração ou reflexão.
Tomemos o caso da reflexão. Sejam os pontos P1 e P2 (Figura 1.4). O caminho óptico
é: P1 A + AP2 deve ser igual ao caminho óptico P1 B + BP2 , e assim, sucessivamente.
Geometricamente, essa propriedade vem a ser a “propriedade focal da elipse” ([2,
Bronstein & Semendiaev (1973)]), portanto, no plano do papel, os pontos conjugados
P1 e P2 definem uma elipse com focos nesses pontos. Como estamos tratando de
simetria cilíndrica, a superfície cartesiana definida é um elipsóide de revolução. No caso
particular em que P2 estiver no infinito, a superfície cartesiana será um parabolóide de
revolução. No caso em que P2 for um ponto virtual (imagem atrás da superfície refletora)
a superfície cartesiana será um hiperbolóide de revolução.
No caso da refração, pode-se provar que os pontos conjugados definirão elipsóides
de revolução com características que dependem dos índices de refração dos meios e
da posição relativa dos pontos, salvo no caso em que P2 está no infinito, quando a
superfície cartesiana será um hiperbolóide de revolução.
As superfícies cartesianas não possuem interesse na prática porque são capazes
de conjugar apenas dois pontos. O que precisamos, na realidade, são conjugações de
campos, isto é, de objetos extensos. Nesse aspecto, pode-se mostrar que as superfícies
cartesianas estão longe do ideal. Contudo, no caso particular de objetos no infinito, os
parabolóides de revolução tem bastante interesse. Uma aplicação imediata são as an-
tenas receptoras, tanto de objetos astronômicos, quanto de satélites de comunicação.
Como veremos adiante, os espelhos parabólicos podem ser aproveitados na astronomia
óptica, desde que sejam introduzidos mais elementos ópticos que permitam a observa-
ção de campos extensos no céu.
1.1.8 Convenções
São adotadas algumas convenções no que se refere à representação dos traçados de
raios dentro do domínio da óptica paraxial. Algumas dessas convenções são listadas a
seguir.
3. Adota-se a direção positiva como sendo aquela em que a luz vem da esquerda e
vai para a direita;
4. O eixo óptico não pode ser defletido, de forma que, no traçado de raios, a reflexão
é tratada como um caso particular de refração.
Lentes
convexa-convexa
plano-convexa
convexa-plana
convexa-côncava
plano-côncava
côncava-plana
côncava-convexa
côncava-côncava
H H’
Foco
imagem Imagem
Objeto
Foco
objeto
Pupila de
Pupila de saída
entrada Pontos
nodais
1.1.10 Aumento
Um dispositivo óptico tem por objetivo transportar imagens ou propiciar um aumento
ou diminuição de um objeto. Aumento é definido como sendo a razão entre a exten-
são de uma imagem e a extensão do objeto conjugado. O aumento linear é razão das
extensões lineares e o aumento angular é a razão das extensões medidas em ângulos.
1.1.11 Potência
Esse termo é normalmente consagrado para lentes ou suas combinações. Define-se
potência de uma lente, simples ou composta, como sendo o inverso da distância focal
dada em metros:
1
P=
F [m]
e sua unidade é definida como dioptria. A óptica fisiológica costuma dar à potência a
unidade de graus.
Focos: São pontos no eixo óptico em que conjugam seus pares no infinito. O foco
objeto conjuga uma imagem no infinito e o foco imagem é conjugado de um objeto
no infinito;
Planos focais: São planos perpendiculares ao eixo óptico posicionados nos focos do
dispositivo óptico;
10 CAPÍTULO 1. TEORIA DO TELESCÓPIO
##"# H
"#"#"
H’
Raio principal
##"#"
"#"#"
##"#"
"#"#"
#"##" Raio principal
#""#"#
!!!! "" Pupila de
Pupila de saída
entrada
Planos principais: São planos perpendiculares ao eixo óptico posicionados de tal forma
que o aumento linear é unitário. Existe o plano principal objeto, posicionado no
espaço objeto e o plano principal imagem.
Pontos nodais:: São pontos conjugados no eixo óptico em que o aumento angular é
unitário. Como no caso dos planos principais, existe o ponto nodal objeto e o
ponto nodal imagem. Quando os índices de refração dos meios no espaço objeto
e imagem são iguais, os pontos nodais coincidem com a intersecção dos planos
principais com o eixo óptico.
Distância focal: Usualmente é a distância entre o foco imagem e o plano principal
imagem.
Veja uma ilustração dessas características na Figura 1.6. A distância focal para uma
lente fina (espessura nula) no domínio paraxial é:
1 1 1
= (n − 1)( − )
Fl r1 r2
onde n é o índice de refração do vidro e r1 e r2 os raios de curvatura nos vértices das
superfícies refratoras (no ponto de cruzamento com o eixo óptico). Já a distância focal
de um espelho é:
1 2
=− .
Fe r
O sinal negativo nesse último caso procede porque o espelho côncavo necessariamente
terá o centro de curvatura a esquerda da superfície, o que, de acordo com as regras de
notação, fará com que r tenha sinal negativo. Assim, o valor final de Fe será positivo
para espelhos côncavos.
Raio Principal: é aquele que sai do objeto e encontra o centro da pupila de entrada,
isto é, o ponto em que o eixo óptico cruza a pupila de entrada. Seu caminho é tal
que vai sair do sistema óptico a partir do centro da pupila de saída (Figura 1.7).
Anteparo
PE PS
para o tratamento são impares: 3a. ordem, 5a. ordem, etc. A introdução desses termos
ao tratamento fazem aparecer “manchas” nas imagens, onde se devia esperar objetos
pontuais. Por isso os termos de ordens superiores são chamados de aberrações geo-
métricas, ou simplesmente aberrações. São as aberrações de 3a. ordem, 5a. ordem,
etc.
Atualmente os projetos dos dispositivos ópticos contam com poderosos softwares
que auxiliam o projetista no seu trabalho, fornecendo elementos para que o projeto
seja bem sucedido. Um dos programas mais famosos é o Code V (pronuncia-se “code
five”). Seu preço atinge a cifra de milhares de dólares e o preço da manutenção da
licença de ordem semelhante. A preocupação com a segurança do software é tanta que,
mensalmente, nos laboratórios onde está instalado, um técnico do fabricante autoriza
o seu uso para o período.
Visando a compreensão do comportamento das aberrações, vamos discutir breve-
mente as aberrações de 3a. ordem, suas componentes e suas dependências. Os termos
das aberrações de 3a. ordem para lentes são chamados Somas de Seidel e são:
Aberração esférica: Decorre do fato das superfícies da lente serem esféricas. Nos ex-
tremos das lentes vê-se que há uma variação da espessura dessas, como decor-
rência da curvatura da superfície. Isso faz com que, em cada ponto, exista um foco
diferente para a lente (Figura 1.9). A região do espaço formada pelos pontos ima-
gens, distribuidos longitudinalmente, como decorrência da aberração esférica é
demarcada pela chamada superfície cáustica (ver Figura 1.9). A principal depen-
dência da aberração esférica nos dispositivos ópticos é com a abertura da pupila
ao cubo e com as curvaturas dos elementos tanto de lentes quanto de espelhos,
também ao cubo. Bem menor é a dependência com as distâncias entre os elemen-
tos do dispositivo. Por isso, visto que pouco se pode fazer com as curvaturas, uma
vez que os elementos do dispositivo óptico foram manufaturados, a solução é “fe-
char” o diafragma da pupila de entrada para que a mancha da aberração esférica
seja menor.
Coma: É chamada assim porque sua aparência no plano focal aproxima-se de uma
“vírgula” (coma em inglês). A imagem de um objeto pontual gera uma coma em
que o “vértice” está apontado para o centro de campo e a “cauda” no lado oposto,
como um pequeno “cometa” apontando para um “sol” no centro do campo. A
imagem de um campo de estrelas no plano focal, de um dispositivo gerando coma
é de pequenos “cometas” voltados para o centro do campo. A coma é decorrente
do fato dos raios não serem paralelos ao eixo óptico. Aqueles que chegam na
1.2. DOMÍNIO NÃO PARAXIAL 13
parte inferior da pupila vão percorrer um caminho óptico diferente daqueles que
chegam na parte superior. A coma tem dependência quadrática com a abertura
da pupila de entrada e linear com a distância do objeto do eixo óptico. É nula no
centro do campo. Sua dependência com a posição relativa dos elementos ópticos
do dispositivo é maior do que a da aberração esférica, de forma que é válido se
fazer pequenos deslocamentos relativos entre as lentes e espelhos do dispositivo
óptico para melhorar a imagem com respeito a essa aberração. “Fechar” um pouco
o diafragma da pupila de entrada e limitar o campo perto do centro são boas
medidas para dispositivos sem correção da coma.
“agullheiro” não parece boa. Rigorosamente pincushion é aquela pequena peça que as costureiras e alfaites
utilizam afixada no antebraço onde espetam e retiram os alfinetes e agulhas, de acordo com suas necessida-
des.
14 CAPÍTULO 1. TEORIA DO TELESCÓPIO
Uma vez conhecidos os diferentes termos das aberrações, podemos verificar que os
projetos de construção de todos os tipos de dispositivos ópticos dependem de cálculos
de forma a que essas aberrações sejam reduzidas ao mínimo possível. Nesse ponto é que
se lança mão de softwares dos quais o “Code V” é o mais completo. Além de promover
cálculos interativos, e de outras facilidades, o “Code V” faz um estudo da sensibilidade
do sistema a cada curvatura dos elementos ópticos para que, na confecção, os técnicos
possam saber quais elementos são “críticos”.
Não é possível projetar-se dispositivos completamente corrigidos de todas as aber-
rações. De acordo com sua aplicação, “sacrifica-se” algumas qualidades em prol de
outras. Na astronomia, é de especial interesse os chamados dispositivos aplanáticos
que apresentam a aberração esférica e a coma corrigidas, mas que sua curvatura de
campo e astimatismo são consideráveis. A limitação das observações para pequenas re-
giões do céu ajudam a minimizar os efeitos dessas últimas aberrações, graças às suas
dependências com o quadrado do campo.
Considerando que a aberração esférica em lentes decorre da variação da espessura
dessas entre seu centro e extremidade, Augustin Fresnell, físico francês, desenvolveu
no final do século XVIII uma lente que levou o seu nome. Essa lente encontrou grande
utilidade nos antigos faróis marinhos. Hoje sua aplicação restringe-se aos projetores
de transparências. Fresnell talhou o vidro de forma que, em diferentes alturas a partir
do centro, a curvatura era retomada partindo da mesma espessura. Fresnell esperava,
com isso, reduzir a aberração esférica, o que conseguiu. No entanto, no caso de óptica
de precisão, essa técnica de construção introduz um termo muito mais difícil de corrigir
pois é descontínuo.
A idéia é simples. Uma vez que a onda se propaga por um meio, implicitamente
estabelece-se que esse é meio é constituido de pontos que interagem com a onda sendo
propagada. Esse ponto é excitado e, de certa forma, passa a vibrar com o mesmo modo
de vibração da onda, independente de seus pontos vizinhos. Se pudermos isolar esse
1.4. POLARIZAÇÃO 15
ponto, veremos que ele se comporta exatamente como sendo ele a fonte de uma onda
das mesmas características.
Uma frente de onda observada, portanto, pode ser interpretada como a soma de
todas as frentes de onda geradas pelos pontos por onde essa onda passou. A frente
de onda resultante será determinda pela geometria dos pontos geradores de frentes de
onda sob a mesma fase. Uma frente de onda plana é a composição das frentes de onda
de todos os pontos planares alinhados na mesma fase. Uma frente de onda esférica,
será a resultante dos pontos na mesma fase alinhados segundo uma esfera concêntrica,
etc.
Esse princípio será importante quando examinarmos propriedades da óptica física
em telescópios e redes de difração (ver 1.9 e 5.1).
1.4 Polarização
A radiação eletromagnética, como é sabido, é composta de uma onda elétrica que gera
uma onda magnética perpendicular a essa, e vice-versa. No entanto, as equações de
Maxwell não impõe qualquer vínculo sobre em que direção se encontram a onda elétrica
ou magnética. Isso significa que não há direção privilegiada para a onda eletromagné-
tica vibrar no espaço. Em conseqüência, o que temos é que, se nada modifica esse
estado, encontra-se a onda vibrando em todas as direções. Quando isso ocorre, diz-se
que a luz não é polarizada. Quando a luz atravessa certos meios ou reflete-se em certos
materiais, é frequente verificar-se que ela foi sujeita a vibrar sob certas condições. A
mais radical dela é que a onda (representada pelo seu componente elétrico) vibre em
apenas um dado plano, ao que chamamos polarização linear. É dada outra condição
em que esse plano vai girando conforme a onda avança. Essa condição é chamada po-
larização circular. Outras vezes encontra-se esse plano balançando de um lado para
o outro, o que configura a polarização elíptica. A polarização da luz, apesar de pos-
suir enorme riqueza de informação, não tem muita popularidade entre os astrônomos
observacionais. Sua presença aporta dados dos meios que a luz atravessou, seja por
plasma ou outras regiões das atmosferas estelares e meios interestelares. A explicação
para esse desinteresse, talvez seja a enorme dificuldade de modelar os meios segundo
suas propriedades polarizadoras. Contudo, essa área talvez seja uma brecha por onde
possamos investigar aspectos ainda não estudados completamente na área da física
estelar.
1.4.1 Bi-refringência
Esse é um fenômeno presente sobretudo em cristais transparentes. Um raio de luz
incidente não sofre apenas uma refração, mas, além da ordinária, uma outra refração
adicional chamada “extraordinária”. A característica principal da bi-refringência é o
caráter polarizado dos raios extraordinários. Geralmente a intensidade dos raios extra-
ordinários é bem inferior à dos raios ordinários. Há casos em que a intensidade dos
raios se equivalem e mesmo que os extraordinários superam à dos raios ordinários.
Entre os muitos exemplos de aplicação desse fenômeno, temos o chamado “prisma
de Wollaston”, usado no astrolábio A. Danjon. Sua função é permitir unir as duas ima-
gens da estrela antes delas se cruzarem no ponto habitual e mantê-las unidas por um
curto período de tempo de forma a tranformar um evento instantâneo em um experi-
mento prolongado onde pode-se fazer uma estatística no tempo. O primsa de Wollaston
se caracteriza por gerar uma bi-refringência de intensidades equivalentes para os raios
incidentes (Figura 1.11). Aproveita-se apenas, os raios “Sb” e “Ia”, como os mostrados
na figura. Ajusta-se a posição longitudinal do prisma de forma a fazer com que as
imagens da estrelas se superponham. Em seguida, movimenta-se longitudinalmente
16 CAPÍTULO 1. TEORIA DO TELESCÓPIO
Prisma de Wollaston Sa
Raio Superior S
Sb
Ia
Ib
Raio Inferior I
Ir
σR = .
Ii
Quando, por outro lado, existe pelo menos uma lente ou lâmina refratora (filtro, por
exemplo), devemos ter em conta o seu índice de transmissão, ou transmissibilidade.
É a razão entre a intensidade de radiação incidente no vidro e a que é refratada 2 :
Ir
σT = .
Ii
Além desses parâmetros ainda existe o índice de polarização da radiação resultante.
Como, na astrofísica, as medidas são feitas, via de regra, relativamente a padrões,
utilizando-se os mesmos dispositivos, esses parâmetros não têm interesse. Tais núme-
ros são importantes quando somos obrigados a tirar medidas de nossos padrões com
outros dispositivos e no momento de discutir a concepção de novos equipamentos.
A razão entre a luz resultante e a incidente para um sistema telescópio + dispositivos
ópticos intermediários é obtida de forma multiplicativa desses parâmetros:
N
Y
Σ= σi
i=1
Objetiva
Pupila de
fo fe saída
Pupila de
entrada
uma reflexão. No caso de meios transparentes, o grosso da luz sofrerá a refração. Con-
tudo, sempre, uma pequena parte da luz refletirá. Esse fenômeno chama-se reflexão
secundária.
Se o objeto observado for muito brilhante, a reflexão secundária, multi-refletida nas
diferentes interfaces refratoras podem gerar imagens secundárias, definidas, impro-
priamente, como artefatos. O termo, com conotação diferente em português, ganha
um novo significado em português através de um anglicismo: artifact em inglês tem o
significado de algo indesejado, produzido pela mão do homem. Já em português, seu
significado original é o de armamento ou dispositivo usando explosivos.
Pupila
e
f
1mm
Plano imagem
2J1 (Z0 )
a(ρ, θ) = πR2
Z0
sendo R o raio da pupila de entrada, ρ e θ são as coordenadas no plano imagem e J1 a
função de Bessel de 1a ordem. A variável Z0 é
2πR
Z0 = ρ
λf
r = 1.22λn
1.10. TIPOS DE DISPOSITIVOS ÓPTICOS ASTRONÔMICOS 19
onde n é a abertura. Se um telescópio possui f /10, então esse raio terá o valor r f /10 =
12.2λ.
Interessante é saber, referindo-se à escala da imagem, o quanto esse raio significa
em segundos de arco:
λ
r00 = 0.25 (1.4)
D
aqui, λ é dado em µm e D, em metros.
O valor do raio da mancha de difração determina o raio mínimo do poder de resolu-
ção do telescópio, pois dois objetos distantes entre si de uma distância inferior a essa
tornam-se indistingüíveis no plano imagem do telescópio. No domínio óptico é perfei-
tamente digerível usarmos uma luneta de 10cm para obersvarmos o céu, visto que o
comprimento de onda típico do visível é 5500Å=0.55µm, então r 00 = 1.4arcseg. Sendo o
poder de resolução do olho humano da ordem de 1arcmin, imagem parecerá excelente
para um observador.
No domínio do rádio, no entanto, o valor do raio mínimo da difração em segundos é
crítico. Uma antena parabólica de diâmetro de 1m, por exemplo, na faixa de 21cm, vai
produzir uma mancha de difração de 14.5 graus de raio! Para obtermos uma imagem
de 1arcmin de raio seria necessário uma antena de 875 metros de diâmetro (Arecibo
possui 300 metros). Essa é a razão para a técnica de “Linhas de Longa Base” adotados
nos rádios telescópios de todo o mundo, pois faz-se necessário usar a interferometria a
nosso favor diante dessa desvantagem geométrica.
obstrucao
Obstrução
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
2
0
C
210 102 2
. . 32 . 32 . 32 . .
./ /. /. /. /. .
/////
&&&
S
0.5
'& '& '& DE ED ED ED ED D
EEEEE =< =< =< =< =< +* +* *+ +* +* +*
%$ %$ %$ %$ %$ %$
)( )( )(
-, -, -,
1
HH
IH IH
Espaçamento
espacamento
G
GF GF GF GF GF GF F
1.5
NNN NNN
98 ;: 89 ;: 98 ON ON ON ON ON ON
λ=
0
m=
1
LL L
2
primário. A região “acima” dessa reta é aquela em que a imagem forma-se atrás do
espelho primário. Por outro lado, a região em que m > 1 é aquela que fica “abaixo” da
reta m = 1, enquanto que a região em que m < 1 é a que fica “acima” dessa reta. No
pequeno triângulo determinado por 0 < e < 0.5, λ > 0 e m > 1, temos a configuração de
Cassegrain, que veremos abaixo. Em toda a região caracterizada por m < 1 e λ < 0 temos
o chamado telescópio gregoriano, em homenagem a seu inventor, um matemático inglês
chamado Gregory. Seus trabalhos não passaram dos projetos, contudo, a homenagem
fica pela sua idéia. A região definida pelo triângulo ω > 0, m > 1 e λ < 0 é chamada
configuração de Schwarzschild pelos seus estudos dedicados a ela entre 1905 e 1906.
A configuração “Cassegrain”, caracterizada por λ > 0, m > 1, e 0 < ω < 1. Con-
temporâneo de Newton, como Gregory, Cassegrain criou essa configuração sem saber
direito quais seriam suas vantagens e desvantagens sobre outras configurações. Com o
tempo, as três configurações foram convivendo e, graças às modernas teorias ópticas,
sabe-se exatamente as vantagens e desvantagens delas. É frequente, nos observatórios,
encontrarmos grandes telescópios capazes de serem convertidos em um e outro tipo,
sobretudo entre a configuração newtoniana e a de Cassegrain. O telescópios de 5m
do Monte Palomar é um exemplo. O telescópio newtoniano se presta muito bem para
espectroscopia de baixa resolução de objetos fracos, graças a sua baixa razão focal.
Observemos a relação e/F = (1 − ω)/m. Em qualquer caso essa relação determina
a extensão do tubo do telescópio. Para a configuração Cassegrain, em que ω é positivo
e sempre inferior à unidade, enquanto que m é sempre superior a 1, essa relação será
sempre inferior à unidade. Tipicamente ω se situa entre 0.25 e 0.35, enquanto que m
fica entre 2 e 3. De forma que a extensão do tubo de um telescópio Cassegrain fica
entre 22% a 38% da distância focal nominal. Essa propriedade não é a mesma em
outras configurações. Em particular a configuração newtoniana possui um tubo entre
65% e 75% da distância focal e a gregoriana podendo chegar a mínimo de 43%. Embora
o valor seja sugestivo, não podemos esquecer que esse telescópio exige que coloquemos
os equipamentos de detecção no interior do tubo.
Entre as vantagens da configuração Cassegrain, temos:
Objetiva
Foco
PQPQRQPRQP RQPRQP RQPRQP RQPRQP RQPRQP RQPRQP RQPRQP RQPRQP RQPRQP RQPRQP RQPRQP RQPRQP RQPRQP RQPRQP RQPRQP RQPRQP RQPRQP RQPRQP RQPRQP RPRP
PQRQP RQP RQP RQP RQP RQP RQP RQP RQP RQP RQP RQP RQP RQP RQP RQP RQP RQP RQP RP Espelho esférico
2. Espelho esférico, distância focal de 3m, f/2 e diâmetro de cerca de 2.5m. Dessa
forma, garante-se exposição plena do campo total de 10◦ sem vignetting;
1.11 Oculares
As oculares são dispositivos desenhados para adaptar a vista humana à imagem for-
mada no plano focal da objetiva. Apesar de diminuta, as oculares exigem um razoável
esforço de cálculo dos projetistas. Sua função é conjugar a imagem gerada pela objetiva
no infinito pois essa é a condição de melhor acomodação do olho. Uma outra caracterís-
tica decorre do tamanho típico do olho humano: 6mm. Como consequência as oculares
têm, via de regra, 6mm de diâmetro.
Por se tratar de um sistema de lentes compostas, usa-se definir a potência de uma
ocular (ver 1.1.11). Se a distância focal de uma ocular é dada em mm, a potência de
uma ocular é dada como:
1000
Pocu =
focu [mm]
Uma ocular de 25mm de distância focal possui, portanto, 40 dioptrias de potência.
1.12 Retículos
Os retículos são destinados a auxiliar o astrônomo observacional a cumprir uma tarefa,
via de regra, de definição de posição de objetos astronômicos. Há duas formas de um
retículo se apresentar, ambas utilizam uma lâmina de vidro fina disposta verticalmente
ao eixo óptico, na altura do foco do telescópio.
A primeira forma é através de ranhuras desenhadas na lâmina de vidro com o auxílio
de uma frezadeira, de maneira a dar impressão ao observador de se tratar de “riscos”
dispostos em cruz.
A segunda forma é mais precisa. Trata-se da deposição de um fio muito fino no
lugar das ranhuras na lâmina. O fio mais utilizado é o da teia de aranha. Não faz muito
tempo, tais retículos eram fabricados no Observatório Nacional, com o auxílio de um
pequeno dispositivo. Uma aranha “viúva negra”3 era aprisionada nesse dispositivo de
forma a permitir que o operador provocasse a glândula produtora do fio da teia, que
3A raça da aranha é contestada. No entanto prefiro mantê-la por fidelidade à história como me foi contada.
1.13. DISPOSITIVOS ÓPTICOS AUXILIARES 25
c) câmara planetária
a) corretor
Pupila de saída
Esses são dispositivos ópticos introduzidos a cerca de 30cm antes do plano focal do
telescópio. São, essencialmente, sistemas de tipos equivalentes, salvo pela modifica-
ção da razão focal final do telescópio. Por se apresentarem como espécies de “caixas
pretas”, pois são construidos por empresas especializadas, geralmente esses sistemas
são apelidados de câmaras. As câmaras são concebidas especialmente para cada te-
lescópio. Não é possível, em tese, utilizar uma câmara em um telescópio que não seja
aquele para o qual ela foi construida. Deve-se considerar também que existe um limite
de validade em função do comprimento de onda utilizado. O mais prudente é consultar
o manual do fabricante para saber os limites de tais sistemas.
Primeiramente temos câmaras corretoras (Figura 1.16a). Em princípio esses siste-
mas possuem focos no infinito. Em outras palavras, o aumento desses sistemas é muito
próximo do unitário. São concebidos para corrigir seja a curvatura de campo e astigma-
tismo dos sistemas aplanáticos, seja para, além disso, corrigir a coma em telescópios
newtonianos ou Cassegrain. A maior parte de seus componentes ópticos visa corrigir
as próprias aberrações geométricas e cromáticas. Deve-se levar em consideração que
tais sistemas absorvem a luz, mesmo que muito pouco.
26 CAPÍTULO 1. TEORIA DO TELESCÓPIO
espelhos primários compostos por um certo número de “células” de, tipicamente, 10cm
de diâmetro cuja função era a de acompanhar o movimento errático dos feixes de luz
devido à turbulência. Essa técnica limitava o diâmetro do conjunto dada a quantidade
bestial de conexões, motores independentes e equações a serem resolvidas no compu-
tador ou computadores.
Ambas as técnicas baseiam-se na observação de uma estrela de “prova” como en-
trada para a solução final. Atualmente elas foram integradas em uma só e a técnica de
deformação dos espelhos primários e secundários já não apresenta dificuldade. Hoje,
no lugar dos pesadíssimos espelhos supostos rígidos, encontramos enormes peças per-
feitamente deformáveis e de uma leveza surpreendente.
A óptica ativa-adaptativa é usada nos telescópios da projeto “Gemini”. Contudo,
a estrela de “prova” é “virtual”. Um feixe de raio laser é projetado na direção onde
se está obervando. A emissão é na frequência fundamental do sódio, encontrado na
estratosfera, o que faz com que um ponto passe a brilhar no céu. A vantagem dessa
técnica é a dispensa dos incômodos mecanismos de posicionamento do sistema com
respeito à estrela de prova além de eliminar o problema introduzido pelo “offset-guider”
durante as tentativas deste em corrigir o posicionamento e movimento do telescópio.
Fobj
G=
focu
1.15.6 Buscadora
Todo telescópio profissional possui uma “buscadora”. Trata-se, na maioria dos casos,
de uma luneta, afixada rigidamente ao telescópio principal, caracterizada por possuir
um campo de visão superior a este. O objetivo da buscadora é auxiliar a procura
30 CAPÍTULO 1. TEORIA DO TELESCÓPIO
Eixo N−S
Eixo N−S
Alemã: Esse tipo de montagem permite tanto utilizar-se o telescópio refletor quanto o
refrator. É caso do telescópio 1.60m do LNA em Brasópolis e da luneta Cook 46cm
do Observatório Nacional. No lugar do “garfo”, é introduzido o eixo da declinação
diretamente ao eixo da ascenção reta (Figura 1.20). Contra-pesos são colocados na
extremidade oposta ao do tubo do telescópio, no eixo da declinação, para permitir
o equilíbrio de peso. O material utilizado na construção do eixo da ascenção reta é
concebido especialmente para corrigir efeitos de flexões. O motor de acompanha-
mento, a exemplo da montagem garfo, é colocado no suporte superior do eixo de
ascenção reta. Alguns sistemas não admitem, por exemplo, que o contra-peso seja
colocado “acima” do tubo, pois compromete seu equilíbrio e o acompanhamento
fica prejudicado. É o caso da luneta 46cm do ON. Nesses casos é necessário in-
verter a posição do tubo, colocando-o a leste ou a oeste do eixo de ascenção reta,
tal qual o sistema de montagem inglesa. Essa montagem tem vantagens sobre as
outras. Permite uma razoável economia de espaço na cúpula e, quando bem utili-
zada, é bastante condencendente com o espaço necessário para o equipamento de
aquisição. Por outro lado, exige a inclusão de plataformas eleváveis para permitir
a observação, tanto pela presença do operador no manuseio do equipamento de
aquisição, calagem e centragem da buscadora, quanto para colocar equipamentos
fixos auxiliares àqueles que estão acoplados ao telescópio. Na luneta Cook 46cm
do ON existe a clássica solução de uma plataforma em escada, que se desloca em
círculos em torno do eixo vertical. No telescópio 1.60m do LNA, uma plataforma
sobe e desce sob a ação de um motor elétrico. A utilização dessas plataformas
nessas montagens é origem de acidentes, alguns graves, envolvendo astrônomos e
técnicos, em função de se submeter as cúpulas a um profundo breu (luzes são mal
vistas pelos astrônomos). Não raro, astrônomos despencam nos fossos deixados
pelas plataformas eleváveis, ou são atropelados pelas plataformas móveis. Alguns
chegam a fraturar ossos. A despeito da insalubridade, a montagem alemã é das
mais utilizadas nos telescópios modernos de médio porte.
1.16. TIPOS DE MONTAGEM 33
Eixo N−S
O círculo definido por z ≤ zmin é conhecido por região proibida para o telescópio.
Um caso particular de montagem azimutal é a do astrolábio A. Danjon. No entanto,
não há grau de liberdade em altura que é determinada pelo ângulo do prisma que se
situa à frente da objetiva. Esquematicamente o tubo da luneta é disposta horizontal-
mente. Como o ângulo do prisma é fixo, o astrolábio determina um lugar geométrico de
alturas iguais no céu chamado almucântara.
solicitado ajuda, alarmado, porque, a despeito do céu completamente aberto, o seu objeto de observação
desapareceu do campo do telescópio de 1m daquele Observatório. O assistente notou, imediatamente, a
inadvertência do pesquisador: ele tinha esquecido de corrigir a posição da cúpula.
36 CAPÍTULO 1. TEORIA DO TELESCÓPIO
z A−A 0 C
θ
S
desse eixo. Nessa coroa, coloca-se a abertura de 2m de maneira que essa, quando em
sua maior elevação com respeito à coroa, possa ser posicionada no zenith. Obviamente
é preciso manter esse sistema sob o controle de um computador. O posicionamento é
feito resolvendo um problema de trigonometria esférica, cujo esquema podemos ver à
direita da Figura 1.24. Na figura, S é o centro da abertura e C, o eixo de rotação da
coroa. Temos que encontrar A0 , o azimute do ponto C, e θ, a atitude do ponto S, no
sistema de referência da coroa. Das equações da trigonometria esférica 8 , temos
d cos SC
cos z = cos ZC d + sin ZC
d sin SC
d cos θ
d = cos z cos ZC
cos SC d + sin z sin ZC
d cos A − A0 (1.10)
d
sin z sin A − A0 = sin SC sin θ
1.18 Exercícios
1. Imagine que a distância entre dois objetos no céu seja inferior a 2r onde r é o raio
de difração obtido da equação 1.4. Que aspecto a imagem resultante teria? Que
tipo de objeto um algorítmo de detecção classificaria tal imagem?
2. O que significa dizer que alguém usa óculos para miopia de grau 2 21 ?
3. Você está diante de uma loja de óptica e vê a embalagem de um telescópio portátil
onde se lê, em letras garrafais: Aproxima 150 vezes. Um pouco abaixo
dessas letras você vê uma observação: Oculares de até 25mm. A partir dessas
informações, que distância focal você pode deduzir que esse telescópio tenha?
4. Na questão anterior, a embalagem também possui escrito em um canto: f /15. Que
diâmetro você pode deduzir que esse telescópio possui?
5. Você compra o telescópio da questão 3. Abrindo a caixa você constata que exis-
tem três oculares. Uma apresenta a inscrição em seu tubo: 30×, outra, 75× e
finalmente a última com a inscrição 150×. O que isso quer dizer?
6. Qual é a resolução mínima desse telescópio que você comprou? Qual é a escala?
7. Que magnitude você espera poder observar com um telescópio desses?
8. Um astrônomo amador possui uma pequena luneta de 1m de distância focal. Ele
quer observar com o auxílio de um retículo marcado de 10 em 10 minutos de arco.
Sabendo-se que o campo de visão de sua luneta é de 3◦ , pergunta-se. Qual deve
8 Ver [3, Danjon (1952)].
38 CAPÍTULO 1. TEORIA DO TELESCÓPIO
ser o diâmetro da lâmina de vidro que ele deve comprar? Qual a distância entre
as ranhuras no vidro que ele deve pedir para o torneiro mecânico fazer?
9. Demonstrar a fórmula da equação 1.3.
10. Uma objetiva é f/3.5. Qual é o ângulo de abertura de saída dos raios dessa obje-
tiva?
11. Examinando as equações 1.10 qual é o valor máximo de |A0 |?
Capítulo 2
Astronomia Fundamental
2.1 Equador
Linha que determina a divisão da terra em duas partes iguais e é perpendicular ao
eixo de rotação da terra. Projetado no céu temos o chamado equador celeste. Uma
estrela posicionada no equador celeste descreve o maior círculo possível em relação ao
movimento diurno.
2.2 Eclíptica
É o grande círculo definido pelo movimento anual aparente do sol. Visto que existe a
nutação, define-se a eclpítica média.
2.3 Equinócio
Define-se equinócio vernal o ponto de cruzamento da eclíptica com o equador em que
o sol passa do hemisfério sul para o norte, e equinócio outonal o ponto em que o sol
passa do hemisfério norte para o sul. Tradicionalmente chama-se instante do equinócio
aquele em que o sol encontra-se nesse ponto.
39
40 CAPÍTULO 2. ASTRONOMIA FUNDAMENTAL
366.25
× 24h
365.25
TS0L = TS0G − λ
2.8. ÂNGULO HORÁRIO 41
2.9 Precessão
A correção da precessão chega a ser 48 segundos de arco por ano. Para astros cata-
logados na época de 1950 ou 1900 essa correção é crucial. Para épocas próximas ao
do ano de observação essa diferença émenos importante. De qualquer forma a tarefa
noao.astutil.precess permite a correção da precessão reduzindo as coordenadas ao
dia da observação ou, vice-versa, fixando as coordenadas à época de referência que se
deseja.
1 Correção de nutação ainda não tem interesse ao astrofísico observacional.
42 CAPÍTULO 2. ASTRONOMIA FUNDAMENTAL
2.11 Catálogos
A construção e consulta a catálogos representam um capítulo a parte no que tange a
astronomia observacional. Não há de se desenvolver um trabalho nesse campo sem o
auxílio de pelo menos um catálogo. Existem os catálogos de uso público e o de uso
privativo. Os de uso privativo são aqueles construidos como sub-conjunto de um ou
mais catálogos públicos ou são decorrentes de um survey, ambos com vistas a um
trabalho mais aprofundado. Além disso, os catálogos públicos fornecem informações
padronizadas que nos servirão como referência e calibração de nossos resultados.
Para a confecção desses catálogos, projetos de survey são realizados. É preciso fi-
nanciamento de longo prazo e se se quer cobrir toda a esfera celeste são necessários
acordos entre observatórios nos dois hemisférios. Esse é o caso do assim chamado
SAO e derivados. O SAO foi elaborado sob a supervisão do Smithsonian Astrophysi-
cal Observatory e envolveu esforços de vários Observatórios no mundo, inclusive o de
Córdoba, Argentina.
Um outro catálogo importante é o HD ou Catálogo Henri Drapper, um astrônomo
americano que promoveu um survey de 20 anos, catalogando as estrelas segundo sua
classificação espectral. Um catálogo equivalente na área de extra-galática é o de de
Vaucouleurs com a morfologia das galáxias.
Tanto o SAO, impreciso na posição, quanto o HD, impreciso na classificação es-
pectral, foram fontes importantes de informação para a pesquisa e ainda representam
referência para os astrônomos.
Existe o BSC5 ou Bright Stars Catalog, version 5, essa definitiva, que aporta infor-
mações precisas para os astrônomos utilizarem como referência.
Além desses, existem centenas de catálogos, uns obsoletos, outros ainda não reu-
nidos em uma só publicação, contendo informações sobre objetos galáticos, extragalá-
ticos, classes de estrelas, galáxias, aglomerados, asteróides, linhas de emissão, espec-
tros, padrões para a fotometria, etc. Isso sem contar com o crescente manancial de
catálogos e banco de dados “on line”, que permitem acessa à informação via Internet
(ver [5, Kohl Moreira, 2000] para revisão). Entre os mais tradicionais destacam-se o
SIMBAD http://www.simbad.ust.fr e o NED http://www.ned.ipac.edu.
Os usuários do IRAF e aqueles que tem acesso ao CDROM do ADC (Astrophysical
Data Center), distribuido gratuitamente pela NASA, versão FITS, podem se servir das
facilidades do pacote ADCCDROM a ser capturado do site do IRAF http://iraf.noao.
edu e ser instalado a posteriori (não vem com a distribuição padrão). Os comandos
adccdrom.catalog e adccdrom.spectra permitem acessar à informação tanto dos
catálogos disponíveis, entre eles os mais conhecidos dos astrônomos, quanto dos seus
dados. Consultas simples podem ser feitas facilitando enormemente o trabalho do
astrônomo na elaboração de campanhas observacionais, projetos de pesquisa, etc.
2.12. EXERCÍCIOS 43
2.12 Exercícios
1. Calcular o tempo sideral local no Rio de Janeiro para o dia 18/02/2001 às 2 horas
da manhã.
2. Calcular a precessão de um astro cujas coordenadas são: α = 23h 28m 35s e δ =
−45◦130 0500 , época 1950.0 para o dia 18/02/2001.
3. Usar a tarefa IRAF precess para obter as coordenadas do centro galático.
44 CAPÍTULO 2. ASTRONOMIA FUNDAMENTAL
Capítulo 3
Atmosfera e Condições
Observacionais
3.1 Refração
3.3 Turbulência
45
46 CAPÍTULO 3. ATMOSFERA E CONDIÇÕES OBSERVACIONAIS
Capítulo 4
Fotometria
• a medidada distribuição espacial da luz emitida pelos objetos celestes nas diferen-
tes regiões espectrais;
• o monitoramento, numa região espectral específica, das variações do brilho desses
objetos;
• a compreensão do significado astrofísico desses conhecimentos.
A fotometria foi inaugurada pelo astrônomo, físico e matemático francês Pierre Bouguer
que publicou um livro sobre a “gradação da luz” em 1729. Seu trabalho foi seguido pelo
também francês, Jean-Henri Lambert, que em 1760 desenvolveu o sistema fotométrico
básico, estabelecendo conceitos e nomenglatura.
47
48 CAPÍTULO 4. FOTOMETRIA
k
υ
da
da cos υ
estudada.
A iluminância possui a característica de depender da distância do fonte. Imagine-
mos uma fonte pontual emitindo luz homogênea em todas as direções. As frentes
de onda serão, então, esferas concêntricas na fonte de luz. É fácil entender que
quanto mais distante colocamos a superfície receptora, a quantidade de fótons vai
diminuir por conta da diluição geométrica, dependente de 1/r 2 onde r é a distância,
ou o raio da esfera contendo o receptor.
dI d2 F
L= =
da cos ϑ dΩda cos ϑ
As unidades usadas são W sr −1 m−2 , erg s−1 sr−1 cm−2 , cd m−2 , ou ainda o lambert =
104 /π cd m−2 . A unidade cd m−2 , às vezes também é chamada de nit1 . Uma carac-
terística da radiância (brilho superficial) é a sua invariância ao longo do feixe de
luz, isto é, independe da distâncias entre o emissor e o receptor.
4.2 Filtros
4.2.1 Filtros de Banda Larga (Broad Band)
4.2.2 Filtros de Banda Estreita (Narrow Band)
Espectroscopia e
Espectrofotometria
51
52 CAPÍTULO 5. ESPECTROSCOPIA E ESPECTROFOTOMETRIA
Capítulo 6
Roteiro Observacional
6.2 Surveys
53
54 CAPÍTULO 6. ROTEIRO OBSERVACIONAL
Referências Bibliográficas
[4] Miles K. Klein. Optics. John Wille & Sons, Inc, New York, 1970.
[5] João Luiz Kohl Moreira. Um Banco de Dados para a Cosmologia Observacional. PhD
thesis, 2000.
[6] Abrahão Koogan and Antônio Houaiss. Enciclopédia e Dicionário Ilustrado. Edições
Delta, Rua do Ouvidor, 11, Rio de Janeiro, RJ, 1993.
[7] Henri Reboul. Introduction à la Théorie de L’Observation en Astrophysique, Instru-
ments et Méthodes de Mesure. Masson, Paris, 1979.
[8] J. Sterken, Chr. & Manfroid. Astronomical Photometry. Kluwer Academic Publishers,
P.O. Box 17, 3300 AA Dordrecht, The Netherlands, 1992.
[9] S. Strom. "new frontiers in ground-based optical astronomy". Sky & Telescope,
82:18–23, July 1991.
55
56 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Apêndice A
57
Índice Remissivo
58
ÍNDICE REMISSIVO 59
Radiância, 49
Raios, Traçado de, 6
Razão Focal, 10
razão focal, 22
real, imagem, 5
realimentação, 30
redutor, 26
refletividade, 16
refletor, telescópio, 17
reflexão secundária, 17
reflexão, lei da, 3
refração, índice de, 3
refração, lei da, 3
refrator, telescópio, 17
refratora, superfície, 3
resolução, poder de, 19
retículo, 30
retículos, 24
Ritchey-Chrétien, 22
talbot, 47
tangencial, plano, 13
telescópio de Newton, 20