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Andlise de um ambiente dindmico de geometria dinamica - Cabri-Géométre II Isabel Cabrite DDTE - Universidade de Aveiro icabrito@dte.va.pt Renate Silva 82/3 Escultor Antonio Fernandes de Sé - Oliveira de Douro renatasiiva@netcabo.pt 1 Introdugao Ainevitabilidade da uiilizagéo de software em contexto' educative e a facilidade da sua produgéo fazem com que proliferem no mercado documentos, especificamente concebidos com fins educativos ou que ‘0s professores transferem para esse contexto , que apostam em aspectos técnicos e estéticos em deirimento de valéncios cientficas e didécticas, a que o elevado poder econémico das empresas produtoras, que visam essencialmente o lucro, e a homogeneidade da composicéo dos equipas, no geral constituidas por informéticos profissionais de design, ndo sdo alheios. Tal situacéo e, no sentido de apoiar os professores na érdua tarela de selecgio de software a usar em ambiente de formagéo, tem impulsionade a criagGo de inémeros instrumentos (alguns deles propostos pelos préprias empresas produtoras de sofiware), habitualmente na forma de lstas de verificagéo ov de grelhas, ditos de'avaliagéo! No enianio, fais documentos, geralmente, s6 so adaptados ao sofware existente na aliura, tendo, portanto, que sofreralteracSes para se ajustarem a novos tipologias que véo aparecendo. Além disso, ¢ @ semelhanca do que acontece com o préprio software, assentam, no geral, em paréimetros #écnicos e esiéticos; ndo obstante a sua extensdo, néo permite evidenciar diferencas significativas enire software, nomeadamente porque propdem a atribuigéo do mesmo peso (quantitative) a todos os parémetros, independentemente dos objectivos que se perseguem e néo distinguem os processos de ‘revisio', ‘seleccéo'e ‘avaliagdo', com lodas as vantagens que dat advém, como veremos mais adiante. Neste contexio, surge uma proposta avancada por David Squires & Anne McDougall (1994, 2001) que, segundo os mesmos autores: disiingue, nitidamente, aqueles varios processos - revisi,'seleccdo' e ‘avaliagio'- de software a explorar em contexto educativo, centrando-se nestes 2 ultimos; 6 resisiente a qualquer tipo de software; nao é datado; coloca a énfase em aspectos educativos e permite evidenciar importantes diferencas entre software, principalmente por sugerir uma descrigéo dos aspectos contemplades. Tal proposia é centrada no paradigma da interacgGo entre as perspectivas dos principais intervenientes na utlizagéo de software em contexto educativo, a saber o ‘designer, o ‘professor e 0 ‘estudanie’. Por outro lado, « Geometria é uma érea que tem levaniado muitos problemas ao nivel quer do processo de ensino quer do processo de aprendizagem. Tol situagéo e, no sentido, nomeadamente, dea minorar, tem levado ao surgimento de software especifico para a sua cbordagem, clgum dele criado por equipas multvelenciais. E © caso do Cabri-Géométre cujo desenvolvimento conta, presentemente, com informaticos, mateméticos, didactos e, inclusivamente, alunos, numa perspectiva do 'User Centered Design’ (Cox & Walker, 1993; Shneiderman & Plaisant, 1998; Katz-Haas) ou mesmo de Participatory Design’ (Schuler & Nomioka, 1993). Nao obstante os estudos de que tem sido alvo e que poderdo levar & consideragio do seu potencial valor educativo, em Portugal tem havido escassa investigac6o ‘com, ‘sobre’ e ‘para’ o Cabri-Géomatre, principalmente ao nivel do 9° ano de escolaridade e principalmente integrando a proposta de Squires & McGougall. Neste cortexto, © estudo que se desenvolveu persegue como principais finclidades: anclisar o Cabri-Géomitre, versdo II para portugués, & luz do paradigma de inloracydo des perspectivas do 'designer-aluno’,designer-professar, professor-aluna(): © ificar proposta de Squires & McGougall; ayelior o impacto da utilizagée de Cabri-Géomatre Il junto do pablico-alvo’ . Por outras palavras, confirmar ou rejeitaras hipéteses levantadas na elapaanterior. Exte taxcto Incidird, essenclalmente, sobre os primalros objectives referides. Consideragées teéricas Importa, num primeiro momento, explicilar qual a distingio, segundo Squires & McGougall (1994), entre os processos de reviséo, selecofio e avaliagio: “By selection we meon the exsessmet of sofware by teachers in anicipation ofits use with groups of students in classrooms or with individual students. Far practical reasons sofware selection (...) is usually done with/out the ‘opportunily of seeing students use the materials (...) We shell descnbe as reviewng educatianal sofwore the pracess af assessing Ho waite a summary of ts features ‘ond characteristics for the information of cihrs wa are involved in software selection. in this sense reviews is 0 form of selection. To complete a review, the reviewer goes through a process similar to that undertaken during ‘selection, bu review is carried cut with much larger and more diverse avdionos in mind. Reviews can be used asa {rt stop in selection." (2/4), Oc maames auteras disfinguam dues favas da proceste avaliative - durante o detonvelvimanio do préipria sofware (formetiva), ou durante « exploragéo da versio definitiva (sumotiva). Ea esta segunda stapa que, no ‘mbito deste trabalho, nos vamos referireque os outores define como: “Summative evelvation, after publication, Is cancerred with the qually and rarity of experiences that the sofware can supper...) evaluation Involves abservatian of he actual use ofthe package by students" (ic: 4). Assim, co nivel da aelecgSo ov anilize, © principalmante no que respeita aos aspectos diddcticos, aqueles que 32 Indo valortzar neste texto, ndio se poder avangar multe para além de suposigées, expectativas, acerca do Impacto do sofware junto do péblico-alvo. Tals suposictes ou axpectatlvas poderdo ser mais ou menos fortes, maiz ou menes fundamentedas, depardendo duma séria de laciors, romeadamenis - conhecimanto profunde desse a de quires soliwares; conhecimento s6lide acerca do piblice-alvo; experiéincia co nfvelde sue explomcao noutras situagoes @ conientos. Seré 0 proceso avaliativo (sumotive) que permitiné contfirmar ou recusaros hip6tesesavancadas. £ primordial fazer-se esin distingdo. © paradigma que aqui se adopta evidencia as interacgbes: ‘designer-professor, ‘designer-estudante’, ¢ 'professor-estudante’, tal camo retratado na figura 1: eainer Fig. 1 Pamuigra da interact ante ox parspectivas do designer do profeasore de esivdants [profess estudante {Ne Guar dt dene nglsbom ous exe wer omkos me pln, £0 wend daseohnu-x emetorna do $210 de eclatdads, 4 propia da unidede dtc - Cranfvtnda» pligeos: ecb Por estudante 'we mean the person or persons whose leaning is fo be in some way facilitated or enhanced by interaction with the environment in which software is used. (...) itis possible to consider the woys in which students use software in more general functional terms. This way of thinking, about the general of typical student, is used by software designers in planning learner interfaces and other features of programs, It must also, to some extend, be used by teachers in selecting compuler/based learning materials for student use."(Squires & McDougall, 1994: 68/69). Também professor é aqui entendido em sentido lato, - "the person who guides, in whatever way and to whatever extent, the learning taking place in o computer/assisted learning environment. (..) As with students, although there is enormous variely among teachers and the way in which they interact with educational software, itis possible - and offen helpful - to think in a functional way about a generalized teacher in the computer/assisied learning environment" (i: ib.) Finalmente, designer inclui Yall of the functions associated with design of educational software, from its conception to its completion. These include devising the initial idea for a program, designing the user interface ‘and screen disploys, writing the program code, preparing the documentation, trialling and so one. "id: ib.) Relativamente & interaccéo ‘designer-aluno’, o que esié em couse, no proceso de anélise ou seleccéo, é verilicar qual foi « teoria ou perspectiva de aprendizagem que o designer, intencional ou inconscientemente, explicita ou implicitamente adoptou na criagéo do software - se uma tendéncia mais behaviorisia ou de pendor consirutivisto. Beichner and Schwartz (1999) apresentam uma proposta que, embora inlegrando uma taxonomia de software muito redutora, relaciono o uso de algum tipo de software com a teoria de ‘oprendizagem subjacente, que designam de filosofia de ensino (ver figura 2). Use of Technology Integrated learning systems Drill Games Simulations. Microworlds Behaviorism CConstructviem Teaching Philosophy FFig.2 Relacdo entre o uso de sofivare ea teoria de aprendizagem subjacente, segundo Beichner and Schwartz Pora facilitar a dificil tarefa de determinar a predomindncia de uma teoria em detrimento de outro, Squires & McDougall sugerem a consideracéo, simuliénea, de heuristicas baseadas em trés aspecios do design - controlo, complexidade e desatio. Assim, um nulo ou reduzido controlo do software por parte do utilizador, que ‘ossume, assim, uma posicéo exiremamente passiva; um material muito estruturado, apresentado em formatos muito simples, passo 0 passo, que potencia « possibilidade de obtendo de reforco positive e recompensas orificiis extrinsecos para uma accéo pouco ou nada desafiante, apontam uma tendéncia behavioristo. O ‘posto destas afirmacées, remelem para uma posture consirutvista. Embora Squires & McDougall nao explicitem as variantes que se poderdo integrar no construtivismo, poderemos analisor, mais especificomente, em que medida € que o software permite uma exploragdo condizente com um paradigma: cognitivista, defendido, nomeadamente, por Piaget; consirucionista, tal como. explicitado por Papert; s6cio-consirutvista, expresséo que, inevitavelmente, remele para Vigolsky e, pela consideracdo de outros faciores, para Lave, ov mesmo consirutivista-comunel, segundo Bryn Holmes (ver figura 3). Grande parte da oprendizagem resulta de actividades envolvendo interacc6es sociais. No que respeita & relacéo professor-estudante' 0 foco principal da onélise serdo as interacgdes que o software pode suscilar, quer ‘equando da sue exploracéo ov a propésito dela, entre o professore of) alunos(s) e entre estes.

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